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ORÇAMENTO EMPRESARIAL Walter Alves de Sousa Júnior Pablo Rojas Coordenador S719o Sousa Júnior, Walter Alves de. Orçamento empresarial [recurso eletrônico] / Walter Alves de Sousa Júnior; coordenação: Pablo Rojas. – Porto Alegre : SAGAH, 2016. Editado como livro impresso em 2016. ISBN 978-85-69726-10-4 1. Contabilidade. 2. Orçamento - Empresas. I. Título. CDU 657 Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 © SAGAH EDUCAÇÃO S.A., 2016 Colaboraram nesta edição: Coordenador técnico: Pablo Rojas Capa e projeto gráfico: Equipe SAGAH Imagem da capa: Shutterstock Editoração: Renata Goulart Reservados todos os direitos de publicação à SAGAH EDUCAÇÃO S.A., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 - Porto Alegre, RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da empresa. 15 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Ao final da unidade você deverá ser capaz de: • Identificar o conceito e a importância do Orçamento Empresarial; • Reconhecer as principais finalidades do Orçamento na Gestão da Empresa; • Identificar os principais elementos na composição do Orçamento. O ORÇAMENTO COMO FERRAMENTA DE GESTÃO O Orçamento fundamentalmente serve como importante balizador na verificação acompanhamento e análise dos gastos realizados pela empresa periodicamente, sobretudo no objetivo de cumprir as metas orçamentárias pré-estabelecidas. Contudo, um Orçamento bem elaborado nas mãos de um gestor qualificado torna-se uma importante e eficaz ferramenta de gestão corporativa. Como ferramenta de gestão, um Orçamento bem elaborado permite: 1. O mapeamento das diversas fontes de receitas, considerando novas fontes de receita advindas de novos negócios, ou recursos provenientes de clientes existentes; 2. O detalhamento das receitas originadas de outras frentes de negócios e parcerias; 3. Detalhar o custo da mercadoria ou serviço vendido, além de possibilitar o monitoramento das tendências de aumento ou queda dos componentes formadores do custo; 4. Estabelecer junto aos clientes a margem de contribuição média que o setor de vendas deverá observar nos processos de negociação; 5. Estabelecer as despesas fixas relacionadas à matriz da corporação; 6. Estabelece os provisionamentos que podem ser, por exemplo: variação cambial, devedores duvidosos, encargos financeiros, financiamentos, juros relativos a empréstimos; 7. Definir a necessidade de capital de giro e as melhores alternativas para o financiamento da corporação; 16 8. Estabelecer a estratégia empresarial para gerar caixa, que é fator fundamental na apresentação da rentabilidade; 9. Planejar as ações de investimento em projetos estratégicos, táticos e operacionais; 10. Definir a remuneração por meritocracia através de bônus e remunerar o acionista através dos dividendos. O Orçamento é uma atividade permanente de previsão e assertividade, devendo sofrer revisões sistemáticas no objetivo de garantir que as metas definidas sejam atingidas e superadas. A Revisão Orçamentária e sua finalidade Toda rotina empresarial necessita ser revisada no objetivo de manter sua eficácia, corrigir possíveis distorções, implantar inovações, redefinir metas, etc. O mesmo ocorre com o Orçamento. A revisão Orçamentária poderá determinar, por exemplo: 1. A aquisição de mais capacidade produtiva como máquinas, equipamentos e novas tecnologias; supondo que a projeção das vendas esteja acima da meta; 2. Nova composição de capital de giro necessário para sustentar o crescimento da empresa; 3. A diminuição da capacidade, nas situações em que o volume de vendas apresente declínio abaixo das projeções. Outro benefício do Orçamento é estabelecer as ações dos gestores que conduzirão a empresa no decorrer do ano fiscal. O processo de tomada de decisão se torna mais assertivo quando amparado por um Orçamento bem estruturado. Por outro lado, a má interpretação do Orçamento pode gerar um ciclo vicioso perigoso, colocando a empresa em risco. Quando isso acontece, as evidências de que a empresa está em perigo ocorre quando: 17 1. O gestor paralisa seu raciocínio estratégico e se ancora ao Orçamento que passa a servir de desculpas para não empreender. O Orçamento tem a função de orientar e não de punir; 2. O capital de giro vira dívida. Não havendo firme gestão na aplicação dos recursos do caixa, a empresa contrai novos empréstimos para honrar antigos compromissos financeiros. A empresa, em hipótese alguma, deve permitir que o financiamento sobre capital de giro se torne uma dívida. Quando isso acontece, a empresa corre o risco de entrar numa rota de insolvência de difícil recuperação, provocando outros prejuízos que contribuirão para a deteriorização da imagem da empresa no mercado. Outras finalidades do Orçamento Dentre as várias finalidades do Orçamento encontramos ainda a previsão dos resultados a serem alcançados pela organização. A previsão dos resultados possibilita à administração iniciar o planejamento das metas como: a margem de participação no mercado, inovação dos produtos ou serviços, estratégias de comercialização, volume de faturamento, etc. Outro aspecto importante é a definição dos limites de investimentos, metas para redução dos custos e despesas. A elaboração do Orçamento deve envolver tosos os setores da empresa, sendo fundamental a discussão do planejamento com todos os níveis hierárquicos. Outro importante fator; é a integração e o comprometimento dos funcionários, pois são eles os principais responsáveis pelos resultados esperados. Para que o Orçamento atinja os resultados e possa ser considerado bem sucedido, é necessário considerar os seguintes aspectos: • Ser realista: Apresentar objetivos elevados, porém realizáveis; • Ser detalhista: Especificar as metas cada uma das etapas do orçamento: Quem é o responsável? Como será feito? Quando? • Ser participativo: Todos os funcionários chave devem estar plenamente envolvidos em todas as fases da elaboração do orçamento, definição das metas e dos mecanismos de controle. 18 • Ser controlado: Não há finalidade ou benefício na utilização dessa ferramenta caso a empresa não reúna condições de acompanhar o seu cumprimento, analisando constantemente o resultado orçado versus o realizado, e apresentando as razões para as variações. O Orçamento empresarial deve ser elaborado alguns meses com antecedência do fim do exercício e passará pelas fases de revisão, planejamento, estabelecimento das metas, organização das informações, setorização, consolidação, discussão com os envolvidos, aprovação, implantação e controle. Os principais pontos a serem considerados na elaboração do Orçamento são: • A previsão de vendas: Com base nessa variável será definido o volume de produção, a necessidade de mão de obra, o lote econômico de compras de estoque, investimentos e outros gastos; • Os fatores internos: Capacidade produtiva e níveis de investimento; • Os fatores externos: Concorrência, expansão e ou retração do mercado, variações de preços, outros. Importante ressaltar que dentre as principais falhas dos orçamentos é que, após todo o rigoroso processo de criação e implantação, a administração age de forma displicente não monitorando os resultados, e não exigindo seu cumprimento pelos setores envolvidos. Um Orçamento bem administrado pode proporcionar: • Diminuição das despesas; • Controle e manutenção dos níveis de endividamento; e • Implantação de uma cultura de controle. Um Orçamento deve prever os volumes de vendas, e indicar o provisionamento das matérias-primas levando em conta elementos como Lead time, Dead line, e outras condições logísticas. Essa estratégia de gestão com base no Orçamento possibilita planejar com maior eficiência a área de suprimentos,que passa a reunir condições de negociar contratos maiores, com entregas fracionadas, obtendo vantagem 19 de preço com redução do tempo de estocagem, além de otimizar o espaço físico dos armazéns e maior eficácia no planejamento na programação e controle da produção. Procedimentos desta natureza são indispensáveis para a obtenção dos resultados de uma empresa preparada para o mercado. Nestas condições à menor alteração percebida, todos os envolvidos, comprometidos e com absoluto controle no negócio, podem decidir e agir de forma rápida e eficaz, corrigindo possíveis desvios e mantendo a empresa no rumo estabelecido. O ORÇAMENTO E A ATUALIDADE Após a crise econômica global de 2008, a área financeira passou a ser alvo das atenções em todo o globo. O que sempre foi uma constatação para as empresas, materializou-se para o resto do mundo. Seja no ambiente corporativo ou familiar, o orçamento empresarial é a principal chave para o sucesso. O orçamento normalmente é elaborado duas vezes por ano e espelha as expectativas de entrada de receitas bem como as saídas de caixa em função dos gastos da organização. O Orçamento é consolidado e controlado por um departamento de apoio que presta suporte a outros setores da organização, estando subordinado diretamente à sua diretoria e presidência, respectivamente. Sem o orçamento, seria comum a empresa adquirir um empréstimo e permanecer por vários meses pagando juros até que o investimento fosse efetivamente implantado na empresa. Desta forma, a empresa pode definir metas e traçar seu crescimento dentro de parâmetros relativamente confiáveis. Sem o orçamento a organização perde a capacidade de antever e se preparar para as constantes mudanças no cenário econômico, ficando exposta aos riscos e sem poder de reação. Atualmente o mundo corporativo é regido pelas mudanças rápidas e constantes. Portanto, o Orçamento é dinâmico e tem como qualidade projetar seus valores com flexibilidade. 57 O PLANO ESTRATÉGICO O planejamento Estratégico é uma peça fundamental para a gestão e para a sobrevivência das empresas, sobretudo em cenários de constantes mudanças e elevada competição. Uma organização não pode prescindir de um plano Estratégico sob o risco de sucumbir perante os desafios diários que o mercado apresenta aos gestores. O Plano Estratégico se constitui numa ferramenta de aspecto preventivo para a organização. Essa característica se deve ao fato de que o planejamento Estratégico é uma atividade na qual se toma decisões sobre os procedimentos a serem executados, sobre a forma como serão executados, de forma preventiva, ou seja; antes mesmo que uma ação se torne necessária. Analisando este conceito, conclui-se que planejar Estrategicamente é determinar antecipadamente as ações que serão realizadas. A tarefa de planejar vai além, pois também é de sua competência projetar os recursos que serão necessários e empregados. Também compete ao plano Estratégico, a definição das atribuições e das responsabilidades relativas a períodos futuros. Outro fato importante que justifica a necessidade de se elaborar um Planejamento Estratégico são os fatores externos. Fatores externos são aqueles sobre os quais a organização não possui domínio, mas que influenciam e afetam a empresa positiva ou negativamente. Uma empresa que conte com equipes qualificadas e lideradas por gestores capacitados e que conheçam a fundo a empresa e o negócio em que atuam, poderão através de um bom Plano Estratégico; minimizar ou até mesmo eliminar os impactos negativos que os fatores externos possam causar sobre a organização. O Planejamento Estratégico amplia as possibilidades de sucesso de uma organização, em um contexto econômico de profundas e rápidas transformações. 58 Neste sentido, o planejamento Estratégico deve alinhar as ameaças e oportunidades que o mercado apresenta, com os objetivos da empresa. Os objetivos da empresa, por sua vez; também precisam estar alinhados e serem coerentes com os preceitos de missão, visão e valores – estabelecidos em seu credo corporativo. O PLANO ORÇAMENTÁRIO Na Unidade I, vimos que a elaboração e a aplicação do Orçamento são vitais para a gestão e sobrevivência das empresas. Também verificamos que Orçamento vai além estabelecer os limites para o uso dos recursos financeiros disponíveis nas organizações. Além disso, um Orçamento bem elaborado facilita a gestão financeira, contribui para a melhoria das margens de negociação com os fornecedores, e permite avaliar e implantar programas de redução de custos, dentre outras importantes ações na gestão empresarial. Sintetizando, o Orçamento é a fase do trabalho de elaboração do Plano Estratégico onde é realizada a estimativa e estabelecida a otimização da relação entre as despesas e os resultados, e os objetivos e as reais necessidades da empresa por um período determinado. Finalmente, o Orçamento abrange funções e as atividades que englobam todas as áreas da organização e que necessitam de algum tipo de recurso financeiro, para fazer face às despesas de suas ações. Porém, elaborar um bom Planejamento Orçamentário não é suficiente. É necessário que haja um perfeito alinhamento entre o Plano Estratégico e a peça Orçamentária. O ALINHAMENTO ENTRE O PLANO ESTRATÉGICO E O PLANO ORÇAMENTÁRIO É impossível elaborar um planejamento estratégico de qualidade sem o alinhamento das metas e objetivos ao Orçamento. Como citado anteriormente, 59 o Orçamento traduz em números o plano Estratégico, e possibilita visualizar de forma mais precisa as situações futuras. O alinhamento entre os planos Estratégico e Orçamentário consiste na característica de transformar as ações estratégicas em metas financeiras. Podemos considerar que a peça Orçamentária atua como um elo entre a estratégia e o controle das operações. Neste contexto de alinhamento entre os planos, analisar o ambiente interno e externo, e construir cenários, são atribuições que compõem o escopo de informações do Planejamento Estratégico. Concomitantemente, o conteúdo e as informações do Planejamento Orçamentário são compostos pelas orientações básicas que permitirão iniciar a elaboração do Orçamento, conhecido como Premissas Orçamentárias. Quadro de Premissas Orçamentárias As premissas Orçamentárias se constituem em balizadores que vão orientar e definir as tolerâncias ou limites máximos e mínimos para as atividades dos gestores dentro do Plano Orçamentário. Isso é importante, pois permite aos gestores se orientarem da melhor forma dentro dos limites estabelecidos, para melhorar seus resultados e atingir as metas e resultados planejados pela empresa. As premissas se dividem em dois grupos: Premissas Internas – gerenciáveis, e as Premissas Externas – Não Gerenciáveis, conforme quadro abaixo: PREMISSAS INTERNAS - GERENCIÁVEIS Meta de Vendas Capacidade de Produção Política de Estocagem Disponibilidade de mão de obra Número máximo de horas extras Política de contas a pagar e receber Política de investimentos 20 REFERÊNCIAS SANVICENTE, A. Z; SANTOS, C. da C. Orçamento na administração de empresas: Planejamento e controle. 2.ed. – São Paulo Atlas, 2010. ISBN:978- 85-224-1626-4 VASCONCELLOS, M. A. S. de; GARCIA, M. E. - Fundamentos de economia. ed. esp., São Paulo: Saraiva, 2012. MCGUIAN, J. R.; MOYER, R. C.; HARRIS, F. H.Economia de empresas: aplicações, estratégia e táticas.São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.