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Universidade Federal da Bahia –UFBa Microbiologia ICSA97 ESTUDO ORIENTADO - SÍFILIS 1.Qual o agente etiológico da doença sífilis? Caracterizar esse microrganismo do ponto de vista morfológico e fisiológico. R= MORFOLOGIA: O T. pallidum é uma espiroqueta que possui filamento em espiral enrolado sobre o próprio eixo, com 6 a 14 espirais regulares e iguais, medindo cerca de 0,10 a 0,18 µm em diâmetro e 6 a 20 m de comprimento. Possui membrana citoplasmática, membrana externa, uma fina camada de peptideoglicano e um movimento característico repetitivo e ondulante, motilidade em saca-rolhas, devido à presença de um endoflagelo ou flagelo periplasmático, localizado entre a membrana citoplasmática e a externa. FISIOLOGIA: O T. pallidum tem capacidade metabólica limitada para síntese de aminoácidos e carboidratos, requerendo múltiplos nutrientes do hospedeiro. Esta bactéria é capaz de realizar a glicólise como via para a obtenção de adenosina trifosfato (ATP); no entanto, carece de enzimas do ciclo do ácido tricarboxílico e de cadeia de transporte de elétrons. A limitação metabólica desta bactéria, associada à sensibilidade ao oxigênio e ao calor, o que provavelmente dificultam sua cultura in vitro, faz desse microrganismo uma das poucas bactérias de importância médica que não tem sido cultivada continuamente in vitro e da qual pouco se conhece sobre seus mecanismos imunopatogênicos. 2. Quais as vias de transmissão da sífilis? R= A sífilis é transmitida por meio das relações sexuais desprotegidas, sangue ou produtos sanguíneos (agulhas contaminadas ou transfusão com sangue não testado), da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no momento do parto (sífilis congênita) e pela amamentação. 3. Sabendo que as lesões teciduais na sífilis são decorrentes da resposta imunológica do hospedeiro a infecção, descreva o curso clínico da sífilis dando ênfase aos principais achados clínicos em cada fase. R= SÍFILIS PRIMÁRIA: primeiro estágio da sífilis; no local de penetração da bactéria se estabelece uma lesão chamada de cancro duro; o tempo de incubação dura de 10 a 90 dias; não possui processo inflamatório; é uma lesão única e indolor; regride espontaneamente entre 1 e 2 meses (não significa a cura. SÍFILIS SECUNDÁRIA: segundo estágio da sífilis; caracterizada pela disseminação da bactéria e pela variabilidade da sintomatologia; pode afetar diversos órgãos; sintomas gerais e inespecíficos (dor de garganta, mialgia, mal-estar, perda de peso); atinge apenas 50% dos pacientes; surge de 3 a 10 semanas após o cancro duro; caracterizada por exantema disseminado; replicação bacteriana nos nódulos linfáticos, fígado, articulações musculares, pele. SÍFILIS TERCIÁRIA: surge de 3 a 12 anos após infecção inicial; não infecciosa (acredita-se ser causada por uma resposta imunológica); pode causar destruições devastadoras em qualquer órgão ou tecido; responsável pela maioria da morbidade e mortalidade. 4. Quando o agente etiológico da sífilis é transmitido por via transplacentária pode ocorrer infecção do tipo latente, crianças podem nascer sem evidência clinica ou pode apresentar malformação de vários órgãos ou até mesmo morte e aborto do feto. Comente sobre os principais achados em uma criança acometida pela doença congênita recente ou pela doença congênita tardia. R= Quando não natimorto ou morre no neonatal, o bebê filho de uma mãe que tenha Sífilis pode manifestar traços da doença de forma precoce ou tardia. Quando ocorrem manifestações precoces, são infecciosas e a sintomatologia é similar à fase secundária da doença (grave em adultos), como rinite, lesões monocutâneas, alterações ósseas. Já quando são tardias, as manifestações não são infecciosas e variam entre surdez, derrame no joelho, dentes de Hutchson, nariz em seta e maxila pouco desenvolvida. 5. Por que não utilizamos da coloração de Gram e/ ou cultura microbiana para auxiliar no diagnóstico da sífilis? R= São espiroquetas de formato helicoidal, delgadas, móveis e dificilmente coradas pelo método de Gram, porém possuem algumas estruturas semelhantes as bactérias gram-negativas. Por serem delgadas, a coloração e a microscopia se tornam quase ineficazes nesses casos, porque vai ser difícil de visualizar a bactéria, porque elas são muito finas. 6. Quais as vantagens e desvantagens devem ser levadas em consideração no momento de solicitação de um teste sorológico tipo não treponêmico e um teste treponêmico? Quais as indicações do teste não treponêmico e as do treponemicos? R= Os testes não treponêmicos vão pesquisar os anticorpos reagentes, que são IgG e IgM, que vão ser liberados por células que foram danificadas no início da doença. Os dois principais testes que usamos no dia a dia são o VDRL (veneral disease research laboratory) e o RPR (teste reagina plasmática rápida), eles vão medir a floculação de cardiolipina no soro do paciente. Esses testes possuem alta 7 sensibilidade e alta especificidade. Já os treponêmicos utilizam como antígeno o Treponema pallidum. O mais comum utilizado é o FTA-ABS, que é um teste de imunofluorescência indireta. Porém, atualmente, um outro teste ganhou espaço nos laboratórios que é o TP-PA (teste de aglutinação de partículas para T. pallidum), assim como os ensaios por enzimas específicas (EIAs). 7. O que significa memória" ou "cicatriz" sorológica para sífilis? R= Cicatriz sorológica é o termo utilizado para as situações nas quais o indivíduo, comprovadamente tratado, mas ainda apresenta reatividade nos testes. Nestes casos, os testes treponêmicos tendem a ser reagentes, e os testes não treponêmicos quantitativos apresentam baixos títulos. É um erro considerar títulos baixos apenas como cicatriz sorológica ou como reação falsamente positiva. 8. O que é efeito prozona? R= O efeito prozona é um fenômeno que ocorre quando existe excesso de anticorpos no soro testado, o qual interfere na formação do complexo antígeno-anticorpo necessário para que aconteça a reação de floculação. Para evitar o efeito prozona, o profissional de laboratório que executa o exame deve proceder à diluição da amostra testada, até 1:4 ou 1:8. A amostra reatora deve ser titulada até a diluição de ponto final (quando ficar não-reatora). O fenômeno pode estar presente em 1% a 2% dos pacientes, especialmente no estágio de sífilis recente e durante a gravidez. 9. Sob suspeita de sífilis congênita, por que solicitar VDRL para mãe e filho(a)? FTA-ABS? IgM-FTA-ABS? R= O VDLR (Venereal Disease Research Laboratory ou em portugês: Estudo Laboratorial para Doenças Venéreas) sendo um teste generalizado, é feito em um primeiro momento para se diagnosticar a presença ou não de uma doença venérea, como o próprio nome indica. Porém, por ser um teste inespecífico, torna-se necessário uma investigação aprofundada, em caso de constatação positiva para o exame citado acima. Nesse caso, inicia-se a busca através do FTA-ABS. FTA-ABS é um teste utilizado para a confirmação da infecção pelo T. pallidum, permitindo a exclusão dos resultados falso positivos dos testes não-treponêmicos, tendo em vista a sua elevada especificidade. O FTA-Abs/IgG, quando reagente em material do recém-nascido, não significa infecção pré-natal, pois os anticorpos IgG maternos ultrapassam a barreira placentária. O FTA-Abs/IgM por sua vez não ultrapassa a barreira placentária, significando, quando reagente no material do recém-nascido, infecção fetal. Porém, tem baixa sensibilidade, podendo resultar em exames falsos negativos.