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CADERNO DIREITO PENAL MATERIAL - 2 FASE DA OAB

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Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
AULA 01 
EU PRECISO FAZER TRÊS PERGUNTAS PARA FAZER QUALQUER QUESTÃO: TÍCIO ENTROU NO 
MERCADO E FURTOU UM ESPEQUE DE FRANGO DE 2 REAIS. O QUE ALEGAR PARA EVITAR A 
RESPONSABILIZAÇÃO DE TÍCIO? 
• O que? Princípio da insignificância 
• Por quê? Explicar o princípio 
• Segundo o que? Embasamento legal ou jurisprudencial (nem sempre tem). 
DICA: Colocar o artigo o diploma legal é MUITO IMPORTANTE. Escrever por extenso “Código Penal”. 
DIREITO PENAL 
FINALIDADES 
Quais são as finalidades do Direito Penal? Para que que serve o Direito Penal? Via de regra, a OAB não cobra muito 
teoria. Geralmente ela cobra dentro de um caso. Existem duas concepções distintas com relação às finalidades do Direito Penal. 
A primeira delas, na qual a doutrina majoritária se filia, é a de Claus Roxin. Através do seu funcionalismo, ele entende 
que o DP se serve para a proteção de bens jurídicos, ou seja, o DP é preventivo. Uma conduta para ser criminalizada ela precisa 
ser perigosa. Quando o legislador diz que furto é pena, é uma ameaça de pena para que você tenha medo de fazer. Essa proteção 
de bens jurídicos legitima, inclusive, o princípio da insignificância. Isso quer dizer que mesmo que uma conduta esteja prevista 
como crime, se no caso concreto a conduta não tenha lesividade, ela não vai ser crime, porque não haverá tipicidade material. 
De outro lado, Gunther Jakobs entende diferente de Roxin. Jakobs afirma que o direito penal serve para proteger o 
sistema, a norma, a estabilidade do sistema. A partir do momento em que o indivíduo comete um crime, ele nega a vigência da 
norma. A partir que a norma é criada, há uma expectativa de que ela seja cumprida. A partir do momento em que eu cometo um 
crime, eu nego a vigência da norma, de modo que o Estado deve me punir, para negar a negativa da norma. Porque ao negar a 
negativa da norma, eu estou reafirmando a norma. 
PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER DE PUNIR 
O princípio serve de norte de interpretação das leis. No Direito Penal, a importância é ainda maior, porque princípio no 
direito penal serve para limitar o poder de punir do Estado. O poder corrompe. A partir do momento que nós constituímos 
um Estado, nós, segundo Beccaria, perdemos a nossa soberania. Concordando ou não com as normas, nós devemos obediência ao 
Estado. A partir do momento que demos ao Estado o poder de punir, é poder demais. Mas o Estado não pode punir de qualquer 
jeito, em qualquer lugar, a qualquer preço. 
O princípio da legalidade quer dizer que não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia cominação 
legal. Quando a lei fala “crime”, pode ampliar para contravenção penal também. Para criminalizar ou entender algo como 
contravenção penal, tem de ter uma lei. Quando fala pena, eu englobo também a medida de segurança. Então para ter uma pena, 
para ter uma medida de segurança, crime ou contravenção penal, é preciso lei. 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Mas por que lei? Medida Provisória tem força de lei, então ela pode criar crime? Não. Quando eu falo “lei”, eu falo lei 
em sentido estrito. Para criar crime é preciso ser lei, ordinária ou complementar, federal. Mas por que lei? Por que não pode ser 
um decreto ou MP? Justamente porque é mais fácil para ser aprovado. O processo legislativo é mais seguro, mais demorado, mais 
moroso, com mais opiniões. Tem de ser votado nas duas casas do congresso, tem comissões etc. 
A lei tem de ter algumas peculiaridades, algumas características, quem muitos autores tratam como subprincípios. Dentro 
do princípio da legalidade, a lei, para dar segurança jurídica, ela precisa ter algumas características: 
• A lei precisa ser escrita. Costume não cria crime. 
• A lei deve ser estrita e certa. 
Quando eu falo que a lei tem de ser escrita ou certa, primeiro, cabe analogia no Direito Penal? Cabe, apenas se for para 
beneficiar o réu. Analogia é a ausência de norma, não é interpretar, é integrar o ordenamento. O legislador não tem como ter 
previsão de todos os casos concretos. Mas no direito penal só cabe analogia se for para beneficiar o réu. 
Exemplo: Art. 235 do CP, bigamia. Tecnicamente, bigamia é um crime contra a família, especificamente a instituição 
matrimonial. O novo cônjuge pode ser punido. Vamos supor que Caio se casou com Amanda e Bianca. Ele é bígamo. Bianca 
comete crime? Pode cometer bigamia privilegiada. Se ela não sabe, ela é vítima. Mas se ela sabe, ela comete crime de bigamia 
privilegiada. Outro ponto é a prescrição. O crime de bigamia a prescrição foge à regra. Via de regra a prescrição começa a contar 
da consumação. O crime de bigamia a prescrição só começa a contar quando o fato se torna conhecido. 
Bigamia é contrair casado novo casamento. Se eu sou casado e contraio uma união estável, reconhecida em cartório, eu 
cometo o crime de bigamia? Não, por conta do princípio da legalidade. A lei não fala em união estável, mas tão somente o 
casamento. Não pode fazer analogia in mala partem. São institutos diferentes. 
ESCUSAS/IMUNIDADES ABSOLUTÓRIAS 
As imunidades, chamadas também de escusas, estão previstas do art. 181 ao artigo 183 do CP e dizem respeito aos crimes 
patrimoniais. Dentro dos crimes patrimoniais, o legislador ponderou que muitas vezes um processo penal por um crime patrimonial 
familiar, é mais danoso do que a própria lesão patrimonial. Ele falou então que a depender da proximidade do parentesco, eu lavo 
as minhas mãos (responde no direito civil). Então o direito penal lava as mãos. 
O art. 181 (imunidade absoluta) diz que “vai ser isento de pena o agente que comete o crime em desfavor de cônjuge, 
na constância da sociedade conjugal e de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”. 
Logo, por ser uma imunidade absoluta, o agente é isento de pena. 
O art. 182 traz uma imunidade relativa: somente se procede mediante representação, se o crime é cometido em prejuízo 
de cônjuge desquitado ou judicialmente separado, irmão, legítimo ou ilegítimo, tio ou sobrinho com que o agente coabita. A 
consequência aqui é a mudança da ação penal e não a isenção: pública condicionada à representação. Quem vai ponderar se a 
lesão patrimonial é maior ou menor do que a lesão familiar é a vítima. Então nas hipóteses da imunidade relativa só muda a ação 
penal. 
O art. 183 traz as exceções: mesmo sendo parente, NÃO TEM IMUNIDADE se o crime é cometido com violência ou 
grave ameaça à pessoa (A COISA PODE TER UM DANO, À PESSOA, NÃO). 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Também não tem imunidade se a vítima tem 60 anos ou mais. 
O ponto principal, a imunidade é PESSOAL. Ou seja, ela não se aplica ao terceiro estranho ao parentesco. 
Vamos supor que a questão fale: Caio não é casado, mas está em uma união estável. A namorada está dormindo e Caio 
sem dinheiro. Vai lá na bolsa dela e furta 190k. Caio vai ter imunidade? Não está na lei, mas se eu ampliar o conceito de cônjuge 
e englobar também a união estável (analogia), isso será benéfico ao réu. Então é mais uma hipótese que não vai se punir. A 
analogia benéfica é possível. Eu posso interpretar casamento como união estável para beneficiar, mas não para prejudicar. 
Logo, não cabe analogia para prejudicar e a lei não pode ter expressões vagas, ambíguas, que dê margem à diversas 
interpretações. 
• Por fim, a lei precisa ser anterior ao crime. 
Aqui entra um assunto importante que é a lei penal no tempo. 
LEI PENAL NO TEMPO 
Três são as possíveis teorias a respeito do tempo do crime: 
Teoria da atividade (ADOTADA PELO BRASIL PARA O MOMENTO DO CRIME: o momento do crime é aquele 
em que ocorreu a ação ou omissão. Essa foi a teoria acolhida no Brasil, no art. 4º do Código Penal. Considera-se a prática do 
crime no momento da conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o momento do resultado. Então é importanteanalisar o 
momento da conduta e não do resultado. 
Exemplo: Um garoto, com 17 anos e 11 meses de idade, deflagra disparos na vítima, com intenção de matar. A vítima, 
atingida pelos projéteis, fica em estado de coma, e falece dois meses depois dos disparos. Assim, o atirador sofreria a medida 
socioeducativa, na medida em que o momento do crime foi o momento da ação (disparos). 
Exemplo: importunação sexual entrou no CP em 2018, antes era uma contravenção penal. Vai estar lá a data anterior à 
lei. Vai dizer que o agente praticou a conduta em 2012, foi denunciado em 2018. No momento da conduta, o crime já existia? Já 
tinha uma causa de aumento? Qualificadora? Ele era maior? Então se a prova deu uma data, isso provavelmente vai ter alguma 
coisa a ver com a resposta. ANALISA A DATA DO FATO. O sujeito foi denunciado por crime de importunação sexual. O que 
pode ser alegado em defesa do agente? Lei penal do tempo. Não era crime. 
Então os passos são: 
• Data da conduta? 
• Data/momento da nova lei? Essa lei é mais benéfica ou prejudicial? 
PECULIARIDADES DA LEI PENAL NO TEMPO: Os crimes permanentes (se prolonga no tempo), continuados (mesma 
coisa, do mesmo jeito) e habituais (aquele que não pune o ato isolado, mas sim a sucessão de condutas). Súmula 711 do STF: Se 
a lei mudar durante a permanência, durante a continuidade, eu aplico a última lei, ainda que mais gravosa. (A doutrina também 
engloba o habitual). 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Exemplo: o sujeito praticou o crime de sequestro em 03/2005. Soltei em 05/2007. No momento do sequestro, era uma 
pena de 1 a 3 anos. No meio, aumentou de 5 a 15 anos. Aplica-se a última, com base na súmula. 
OUTRA PECULIARIDADE: Crimes ou normas temporárias e normas excepcionais (art. 3º, CP). Quando a legislação é 
criada, ela surge com a ideia de durar para sempre. Algumas normas são diferentes. Elas não são feitas para durar para sempre, 
mas sim num determinado período. A norma temporária tem o período predeterminado de vigência. A excepcional não tem o dia 
preestabelecido para acabar. Ela dura enquanto perdurar o estado de exceção (a calamidade pública, por exemplo). A similaridade 
entre elas é a consequência jurídica: se o agente praticou a conduta durante a vigência, vai “grudar” nela e não vai sair mais, ou 
seja, essas normas têm o que se chama de ultratividade, valendo mesmo após a vigência da norma. 
Exemplo: crime sair sem máscara de janeiro de 2020 até março de 2021. É uma norma temporária, porque diz quando 
acaba. Eu pratiquei esse crime em fevereiro de 2021. Teoria da atividade, é crime. O art. 3º diz que vai valer mesmo após a 
cessação da vigência. Ou seja, em mar/2021 a lei vai acabar. Se eu levasse em consideração a regra, haveria a abolitio criminis e 
retroagiria para beneficiar. Mas, nesse caso, não vai retroagir, porque a lei precisa ter coercitividade. Ela precisa ser respeitada. 
• A última pergunta: eu posso combinar as leis? 
Em regra, não. Eu posso dizer que o art. não veda. Numa tese de defesa, não impede que eu peça a utilização da 
combinação. É súmula do STJ e, portanto, não é vinculante. 
Teoria do resultado (do evento ou do efeito): conforme o nome já indica, para tal teoria, o momento do crime seria 
aquele em que teria ocorrido o resultado criminoso. 
Teoria da ubiquidade (mista): neste caso, o momento do crime seria o da ação ou omissão, bem como o do resultado, 
de forma indiferente. 
CONFLITO DAS LEIS PENAIS NO TEMPO 
Como regra, a lei que deve ser aplicada é aquela que se encontra em vigor no momento do fato (tempus regit actum). 
Contudo, no Direito Penal, a lei que beneficia o réu deverá retroagir. Fala-se, assim, na retroatividade da lei benéfica e na 
irretroatividade lei maléfica. 
Em verdade, o que ocorre é uma extra-atividade benéfica. Trata-se de gênero, de que são espécies: a retroatividade e a 
ultra-atividade. Assim, tem-se que: 
Retroatividade: possibilidade de a lei penal ser aplicada antes do seu período de atividade. 
Exemplo: na antiga Lei de Drogas, o crime de porte de drogas para consumo pessoal era punido com pena privativa de 
liberdade. Na atual legislação, o usuário não pode ser preso. Imagine-se uma situação em que o usuário cometeu a conduta em 
2005, o juiz irá proferir sentença em 2007. Neste caso, resta claro que caberá ao julgador aplicar a lei nova. Essa lei nova irá, 
portanto, retroagir, isto é, será aplicada a um fato que ocorreu antes de sua vigência. 
Ultra-atividade: em sentido oposto, corresponde à possibilidade de aplicar-se a lei penal em momento posterior à 
cessação de sua vigência. Para tanto, será necessário que o fato tenha ocorrido durante o seu período de atividade, e que, por 
ocasião do julgamento do fato, esteja vigente uma lei maléfica. 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Exemplo: na antiga Lei de Drogas, o crime de tráfico de drogas era punido com pena de reclusão de 3 a 15 anos. Na atual 
legislação, o traficante será punido com uma pena que varia de 5 a 15 anos. Imagine-se uma situação em que o traficante cometeu 
a conduta em 2005, e o juiz irá proferir sentença em 2007. Neste caso, resta claro que caberá ao julgador aplicar a lei antiga, pois 
a lei nova que piora a situação do réu não pode retroagir, isto é, não pode alcançar fatos anteriores. Se a lei nova não retroage, é 
porque a lei mais antiga é ultra-ativa, vale dizer, será aplicada agora, mesmo que já não esteja vigente. 
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS 
Abolitio criminis e revogação de tipo penal 
Não se pode confundir a abolitio criminis com a mera revogação do tipo penal. Se houver revogação do tipo penal, mas 
a conduta continua a ser considerada criminosa por outro tipo penal, estaremos diante do princípio da continuidade normativa (ou 
continuidade normativo-típica ou típico-normativa), razão pela qual não haverá os efeitos da abolitio criminis. 
Em sentido contrário, pode haver abolitio criminis, sem que haja a revogação do tipo penal. Basta que ocorra uma alteração 
legislativa, alterando o tipo penal, deixando de considerar uma conduta como criminosa, mantendo a criminalização de alguma 
outra. 
Efeitos da abolitio criminis 
Faz cessar a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Assim, não faz cessar todos os efeitos da sentença 
condenatória, MAS TÃO SOMENTE OS EFEITOS PENAIS. São mantidos incólumes, portanto, os efeitos extrapenais (arts. 91 
e 92 do Código Penal). 
Lei penal benéfica 
A lei penal benéfica retroage a qualquer tempo: a retroatividade benéfica, no Brasil, não respeita, sequer, a coisa julgada 
material em matéria penal. Sobrevindo lei penal benéfica não importa se já havia iniciado inquérito, ação penal, se estes se 
encontravam em andamento, se o processo se encontrava em grau de recurso, se já havia ocorrido o trânsito em julgado etc. 
Juízo competente para aplicação da nova lei penal benéfica 
Quatro situações: 
Não há investigação criminal ou ação penal em andamento: neste caso, o fato ocorreu, mas nem sequer há investigação 
em andamento. Em casos como este, sobrevindo nova lei que beneficie o autor do fato, caberá ao juízo de primeira instância, ao 
apreciar o caso, aplicar a nova lei. 
Há investigação criminal ou ação penal em andamento: da mesma forma, caberá ao juízo de primeiro grau, que tomar 
conhecimento da causa, aplicar a nova lei benéfica. 
O processo está em grau de recurso: se o processo, por exemplo, já foi sentenciado, e se encontra em grau de recurso, 
caberá ao Tribunal que irá proferir a decisão aplicar a lei nova que beneficie o réu. 
Condenação transitada em julgado: aqui, há divergências doutrinárias. Uma primeira corrente entende que a competência 
ficaria a cargo do Tribunal, mediante ajuizamento de revisão criminal. Por outro lado, uma segunda corrente entende que a 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
competência deve ser do juízo da execução penal.Este é o entendimento majoritário, e que foi acolhido pelo STF, através do 
verbete sumular vinculante nº 611: “transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação 
de lei mais benigna”. 
Lei penal possui aspectos mais graves e outros benéficos: combinação de leis? 
Exemplo: uma primeira lei comina a determinado crime uma pena de 3 a 6 anos de reclusão. Sob a égide dessa lei, 
determinada pessoa pratica a conduta nela descrita, mas, antes do julgamento, é aprovada uma segunda lei, estabelecendo para o 
mesmo fato a pena de 2 a 8 anos. 
O STF e o STJ pacificaram o entendimento de que não é possível a combinação de leis. Súmula 501/STJ: “É cabível 
a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais 
favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”. 
Para o STF, permitir a combinação de leis afrontaria a separação de poderes, na medida em que permitiria que o julgador 
criasse uma terceira lei (lex tertia). 
Portanto, é preciso analisar, no acaso concreto, se é mais benéfico ao réu a aplicação da Lei A ou da Lei B. 
Crime permanente e crime continuado 
Crime permanente: é aquele cuja conduta se prolonga no tempo. Trata-se de uma conduta única, que perdura por algum 
lapso de tempo. Exemplo: sequestro e cárcere privado. No caso do crime permanente, aplica-se a lei penal que se encontrava 
em vigor no momento da cessação da conduta, ainda que se trate de lei mais gravosa do que a existente no momento em 
que a conduta se iniciara. 
Crime continuado: o crime continuado está previsto no art. 71 do CP. Para que se configure, teremos mais de um crime, 
praticado mediante mais de uma ação ou omissão, da mesma espécie, e, pelas condições te tempo, lugar e maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. 
Exemplo: agente que trabalha em um mercado e costuma subtrair produtos. Se restar comprovado que o agente furtou 
mercadoria todos os dias, de segunda a sexta feira, teremos um crime continuado. Se, nesse caso, sobrevier uma lei, na quarta-
feira, que recrudesce o tratamento penal ao crime de furto, como seria a aplicação? 
Haveria a aplicação da lei maléfica, pois o pensamento será o mesmo do crime permanente. Súmula 711 STF: A lei penal 
mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
Lei penal intermediária 
Pode acontecer de, no caso concreto, dever ser aplicada uma lei intermediária, isto é, uma lei que não se encontrava em 
vigor na data do fato nem na data do julgamento, mas que vigorou entre um e outro evento. 
Exemplo: o agente pratica um fato criminoso para o qual a Lei A previa a pena de 4 a 8 anos. Logo em seguida, essa lei 
foi revogada pela Lei B, que passa a prever, para o mesmo crime, uma pena de 3 a 6 anos. Quando o juiz vai julgar o crime, a Lei 
B já havia sido revogada pela Lei C, que passa a prever uma pena de 6 a 12 anos. Nesse caso, o julgador deve aplicar a Lei B, 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
mais benéfica ao réu. Isso porque a Lei B retroagiria em relação à Lei A e, por outro lado, a Lei C não poderia aplicar-se ao fato, 
vez que haveria uma retroatividade maléfica. 
Retroatividade e lei penal em branco 
Há quatro correntes para essa hipótese, mas a acolhida pelo STF é a de que a retroatividade depende da normalidade ou 
anormalidade do complemento. Vale dizer, no caso de normalidade, a alteração do complemento revelaria que a conduta tida 
como criminosa merece tratamento mais brando, razão pela qual haveria a retroatividade. É o que ocorre, por exemplo, quando a 
ANVISA deixa de considerar determinada substância como droga ilícita. Assim, haveria a abolitio criminis para essa droga. 
Por outro lado, na hipótese de anormalidade ou excepcionalidade, a modificação do complemento não retroagirá, tal como 
ocorre com a lei excepcional ou temporária. O STF acolheu esse entendimento no julgamento do caso do cloreto de etila (lança-
perfume). 
AULA 02 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
Quando se fala em princípio da territorialidade, não possui importância outras informações, tais como nacionalidade do 
sujeito ativo, do sujeito passivo ou do bem jurídico. 
Sabendo que pode haver a extraterritorialidade, de forma excepcional, diz-se que o Brasil adota o princípio da 
territorialidade mitigada (regrada, moderada ou temperada). 
O art. 4º do CP traz uma regra expressa de que o crime é praticado no momento da ação ou omissão, adotando-se, portanto, 
a teoria da atividade. As teorias, em geral, que CP poderia adotar são: 
Teoria da Atividade: considera-se o crime praticado no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado. Ou seja, na hora de definir o momento do crime, o resultado não tem importância nenhuma. O que interessa para definir 
o momento do crime é a atividade. 
Teoria do Resultado; 
Teoria Mista/Ubiquidade. 
Em todas as hipóteses que ele poderia usar uma dessas teorias, ele repetiu sempre a teoria da atividade? Não, apenas para 
o momento do crime. O resultado tem relevância, por exemplo, para o início da contagem do prazo prescricional. 
Exemplo: o sujeito dá os tiros em janeiro, a vítima morre em dezembro. Homicídio consumado. Esse homicídio 
consumado, que ocorreu em janeiro, quando começa a prescrição? Em dezembro, pois começa a contar do resultado e não da 
atividade. 
Para definir o momento do crime, o CP adotou a teoria da atividade, mas qual a teoria foi adotada pelo CP para definir o 
lugar do crime? Onde o crime foi praticado? 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Imagina que determinada pessoa toma um tiro na Venezuela, consegue fugir do seu algoz, atravessa a fronteira e vai para 
hospital no Brasil e morre lá. A ação foi praticada na Venezuela e se consumou no Brasil. Onde o crime foi praticado? Ou o 
contrário. 
A primeira coisa que precisa definir é: quando um crime é praticado no Brasil? Quando eu posso dizer que um crime 
ocorreu no Brasil? 
Imagine que sobrevoando o espaço aéreo brasileiro, um francês mata um cidadão de Portugal, dentro de uma aeronave 
holandesa, onde o crime foi praticado? Qual o ordenamento jurídico é utilizado? 
Se o crime foi praticado no Brasil e eu vou aplicar a lei brasileira, o princípio que está regendo é o da territorialidade. 
E se o crime foi praticado fora do território brasileiro e mesmo assim eu quero aplicar a lei brasileira, o princípio que vai 
reger a lei brasileira nesse caso é o da extraterritorialidade. 
Então a primeira resposta que preciso encontrar é onde o crime foi praticado. 
A teoria utilizada pelo artigo 6º do CP para definir o lugar do crime é a teoria da ubiquidade. É teoria diferente da 
utilizada para o momento do crime. Ou seja, está dizendo que pode haver um duplo lugar do crime, vale dizer, tanto o local onde 
a atividade ocorreu, como o local onde o resultado ocorreu são lugar do crime para o Direito Penal. 
O Código Penal só trata de conflito de competência em se tratando de Estados soberanos distintos. Se for dentro do Brasil, 
será tratado pelo processo penal. 
O CP, no art. 6º, diz que “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte (SE TODA A AÇÃO OU PARTE DA AÇÃO OCORREU NO BRASIL, O CRIME FOI PRATICADO NO BRASIL, 
APLICANDO-SE A LEI BRASILEIRA, PORTANTO), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (ENTÃO 
SE A AÇÃO OU OMISSÃO OCORREU EM TERRITÓRIO ESTRANGEIRO E O RESULTADO OCORREU NO BRASIL, O 
CRIME FOI PRATICADO NO BRASIL. SE A AÇÃO OU OMISSÃO OCORREU DENTRO DO BRASIL E O RESULTADO 
FORA, AINDA ASSIM APLICA-SE A LEI BRASILEIRA, POIS TAMBÉM SE CONSIDERA TAMBÉM NAS HIPÓTESES 
EM QUE O TERRITÓRIO BRASILEIROERA O LOCAL ONDE DEVERIA OCORRER O RESULTADO)”. 
A adoção dessa teoria é para evitar que ocorra uma anomalia jurídica, pois se um adota a teoria da ação e o outro a teoria 
do resultado, pode acabar que nenhum dos ordenamentos sejam competentes para julgar o crime. 
OBS: Se eu for aplicar a lei brasileira, é pelo princípio da territorialidade. Exemplo: João envia uma carta bomba dos EUA 
ao Brasil. Antes que a carta bomba conseguisse cruzar a fronteira, ela foi interceptada pelas autoridades e João foi preso. Aplica 
a lei brasileira? Sim, pelo princípio da territorialidade (E NÃO DA EXTRATERRITORIALIDADE), na medida em que o 
resultado deveria ter ocorrido no Brasil. 
CONCEITO DE TERRITÓRIO 
O que é o meu território para fins de aplicação da lei penal brasileira? 
Ou seja, o que é o território do Brasil? Quais são os limites do Brasil para fins de aplicação da lei penal? 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Toda a faixa de terra delimitada por suas fronteiras físicas, 12 milhas do mar territorial (200 milhas é a lei civil e não a 
lei penal), todo o espaço aéreo e o subsolo correspondente a isso. Isso é Brasil. 
Mas ainda há outras coisas que considera-se Brasil: 
As embarcações ou as aeronaves que pertençam ao governo brasileiro ou que estejam a serviço dele, em qualquer lugar 
da via láctea; 
As embarcações ou aeronaves mercantes ou de propriedade privada que estejam em alto-mar; 
AQUI A APLICAÇÃO É PELO PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE. 
OBS: Se uma aeronave estrangeira privada estiver sobrevoando o Brasil, ainda que não seja aqui o destino, e embora haja 
tratado internacional de encontro a essa regra, o crime, por entendimento do STF, será praticado no território brasileiro, por força 
do Código Penal. 
OBS: Nós aplicamos o princípio da territorialidade temperada ou moderada E NÃO ABSOLUTA. Isso porque o art. 5º 
fala que aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido 
no território nacional. Então se houver uma regra do direito internacional mandando fazer diferente, tem de fazer diferente. 
Exemplo: embaixador da França matou cidadão brasileiro no Brasil. Aplica-se a lei da França, pois esse sujeito tem 
imunidade diplomática à lei brasileira, por força de regra internacional. O mesmo ocorre se embaixador brasileiro cometer crime 
na França (reciprocidade). 
Então, por exceção, pode ocorrer um crime no Brasil e não ser aplicada a lei brasileira. Rogério Sanches chama isso de 
intraterritorialidade (regras excepcionais onde se permite que uma lei do estado estrangeiro se aplique a um crime praticado no 
território brasileiro). 
O art. 7º do CP, encontra-se regras para uma situação inversa. A regra do art. 5º é que eu aplique a lei brasileira para um 
crime cometido no território brasileiro. Mas o art. 7º inverte a ideia: e se o crime não ocorrer no Brasil, pode (OU SEJA, NÃO 
É A REGRA) ser que eu aplique a lei brasileira. 
Exemplo: crime ocorreu nas ruas de NY. Aplica a lei brasileira? Como regra, não. Excepcionalmente, sim, se um dos 
requisitos do art. 7º estiverem presentes. Quais são as hipóteses? 
OBS: A REGRA DA EXTRATERRITORIALIDADE SÓ É VÁLIDA AOS CRIMES E 
NÃO ÀS CONTRAVENÇÕES PENAIS, NA MEDIDA EM QUE PARA ESTAS, A LEI 
BRASILEIRO SÓ É APLICÁVEL SE PRATICADA NO TERRITÓRIO NACIONAL. 
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (INCISO I): 
Contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (APENAS O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MAIS 
NINGUÉM). 
OBS: ABORTO NÃO É CRIME CONTRA A VIDA DE PRESIDENTE MULHER, PORQUE O ABORTO É CRIME 
CONTRA A VIDA INTRAUTERINA. 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
OBS: Crimes contra a liberdade é do art. 146 ao 149-A do CP. Ameaça é crime contra a liberdade, assim como 
constrangimento ilegal, sequestro, redução à condição análoga de escravo e tráfico de pessoas. 
Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
Exemplo aprofundado: um cidadão japonês, em território da Coréia do sul, falsificou dólar. Nesse caso, aplica a lei 
brasileira de forma incondicionada? SIM. (NÃO ENTENDI). 
Contra a AP, por quem está a seu serviço (art. 312 até o final do CP); 
De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil (É POSSÍVEL QUE ALGUÉM SEJA ENTREGUE 
AO TPI POR CRIME DE GENOCÍDIO PRATICADO PELO BRASIL? A HIPÓTESE QUE ESTÁ SENDO TRATADA 
ATUALMENTE É ESSA). Juridicamente falando é possível, pois o Brasil é signatário do Tratado de Roma, que criou o TPI. 
Então é possível que um brasileiro nato que cometa um crime de genocídio no Brasil seja enviado ao TPI, em área na Holanda, 
para ser julgado lá pelas regras do Direito Internacional. Isso não é extradição, pois extraditar é entregar a outro país para ser 
julgado. Entregar a um organismo internacional não é extraditar. O que o STF pensa disso? Nunca julgou, porque nunca teve. 
Nunca houve decisão judicial. Se a prova perguntar, ela vai perguntar com base na doutrina, que é pacífico que se o TPI requisitar 
o envio de um brasileiro nato por um crime de genocídio cometido no território brasileiro, o governo brasileiro tem de enviar. 
EXTRATERRORIALIDADE CONDICIONADA (INCISO II): 
Só se aplica se as condições, em concurso, estiverem presentes. 
i. Entrar o agente no território nacional; 
ii. Ser o fato punível também no país em que foi praticado (ESSE É O PONTO MAIS COBRADO NAS PROVAS). 
Exemplo: determinada pessoa foi flagrado em um jogo da seleção brasileira, na Argentina, usando lança perfume. Ele 
pode ser punível no Brasil? Não, pois na Argentina a substância é lícita. 
iii. Crime tem de estar incluído entre aqueles pelas quais a lei brasileira autoriza a extradição (BRASIL SÓ 
AUTORIZA PARA CRIMES COM PENA MÍNIMA DE DOIS ANOS OU MAIS); 
iv. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
v. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não (completar) 
É PRECISO QUE TODAS AS HIPÓTESES ESTEJAM PRESENTES. 
Os crimes são: 
Por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (SÃO MUITOS). 
Crimes em geral praticados por brasileiros; 
Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados; (SE O CRIME ERA PARA TER SIDO JULGADO NO ESTRANGEIRO E LÁ NÃO FOI 
JULGADO, PODE SER JULGADO AQUI) 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Exemplo: brasileiro comete homicídio nos EUA e corre para o Brasil, ele será julgado pela lei brasileira. 
E quando o sujeito já foi punido no exterior, faz o que? Se ele foi absolvido? A nossa ordem jurídica não admite bis in 
idem. Existe regras para evitar isso. Quais são elas? O art. 8º do CP. Diz que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena 
imposta no Brasil (SEGUNDA FASE DO SISTEMA TRIFÁSICO), desde que elas sejam diversas (LÁ ELE FOI CONDENADO 
A UMA PENA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE, AQUI SERÁ PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. 
ESSA PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO, ATENUA A PENA AQUI DO BRASIL), ou nela é computada, quando 
idênticas (ABATE). 
Então é possível que o sujeito seja condenado e punido no estrangeiro e no Brasil, nos termos do art. 8º do CP. 
O art. 9º traz hipóteses em que vai ser preciso homologar uma sentença estrangeira no Brasil. Existem duas hipóteses em 
que é preciso homologar (NAS DEMAIS HIPÓTESES PODE USAR SEM HOMOLOGAR). Quem homologa é o STJ e não mais 
o STF, por alteração de EC. A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas 
consequências, pode ser homologada no brasil para obrigar a reparação do dano ou sujeitá-lo à medida de segurança. O STJ NÃO 
ANALISA O MÉRITO, MAS TÃO SOMENTE OS ASPECTOS FORMAIS. 
E se ele quer sujeitar o sujeito quecometeu o crime no estrangeiro a uma medida de segurança no Brasil, ele também 
precisa homologar. 
A homologação depende de: 
Para reparação do dano, de pedido da parte interessada; 
Para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, 
ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
O art. 12 do CP diz que as regras gerais do CP aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de 
modo diverso. 
AULA 03 
CONCEITO DE CRIME 
O conceito de crime não é algo acabado, não é algo concluído. Majoritariamente, adotamos determinada teoria. A doutrina 
majoritária adota o conceito tripartido de crime (também chamado de estratificado). Então, o que é um crime? 
Crime é um fato típico, ilícito e culpável. NÃO É UNÂNIME. Então para que eu descubra o que é um crime, eu preciso 
saber o que está dentro desses elementos. 
Adotamos um conceito tripartido de crime, mas um conceito bipartido de ilícito penal, pois temos duas infrações penais 
no Brasil. Há, portanto, duas espécies de ilícito penal no Brasil: crime e contravenção. Infração penal = um fato típico, ilícito e 
culpável. Infração penal abarcam os crimes e as contravenções. 
CONSIDERAÇÕES GERAIS 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Compõem o fato típico os seguintes elementos: 
i. Conduta = ação ou omissão 
ii. Resultado; 
iii. Nexo de causalidade; 
iv. Tipicidade = é a relação de perfeita adequação da conduta humana ao tipo. 
Se é fato típico, não quer dizer que é crime, mas pode-se dizer que é provável que seja crime. Tipicidade não é sinônimo 
de crime, é apenas um dos elementos. Mas preenchido ele, pode-se afirmar que é provável que seja crime. Então quando não vai 
ser crime o fato típico? Quando ele não for ilícito. E quais as circunstâncias que afastam essa ilicitude? (CAUSAS DE 
JUSTIFICAÇÃO, ART 23 CP): 
i. Legitima defesa; 
ii. Estrito cumprimento do dever legal; 
iii. Estado de necessidade; 
iv. Exercício regular do direito; 
v. Consentimento do ofendido (supralegal). 
OBS: Não existem só elas. Essas são causas gerais de exclusão da ilicitude. Mas há causas especiais. Exemplo: art. 128 
do CP. 
OBS: Além disso, há uma causa de justificação supralegal (não prevista em lei), que é o consentimento do ofendido (não 
aplicável a todos os crimes). 
É preciso, também, que o fato seja culpável. Quais são os elementos que compõem? 
i. Imputabilidade; 
ii. Potencial consciência da ilicitude; 
iii. Exigibilidade de conduta diversa. 
FATO TÍPICO 
Conduta 
É preciso haver uma conduta que interesse ao Direito Penal. Não é toda conduta que importa para o direito penal. E o que 
precisa para que ela importe ao direito penal? 
A conduta deve ser humana. (A PJ SÓ TEM RESPONSABILIDADE PENAL POR CRIMES AMBIENTAIS). Ainda 
assim, para responsabilizar a PJ, é necessário que a conduta tenha sido praticada por decisão de seu representante legal, do 
representante contatual ou dos membros de seu órgão colegiado. Se a prova disser que houve a prática de crime ambiental, mas 
deixar claro que não houve participação de nenhuma dessas três pessoas, a PJ não poderá ser responsabilizada criminalmente (art. 
3º, da lei de crimes ambientais). Então a conduta tem de ser humana, ainda que seja para punir a PJ. Nesse caso, será punida 
a pessoa responsável pela decisão e a pessoa jurídica. 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
Há alguns anos, havia jurisprudência de que não poderia denunciar exclusivamente a PJ, só podendo denunciar se 
representar também o responsável pela decisão. Era chamado de dupla imputação passiva pelo STJ. Essa jurisprudência foi 
mudando, ao ponto de que os STJ e STF entenderem hoje que não precisa denunciar as pessoas humanas, bastando que denuncie 
a PJ, mas provando que a conduta foi humana e que foi de uma daquelas três pessoas. 
O STJ entendeu isso num caso em que o responsável tinha morrido. 
Ainda, o art. 32 do CP traz quais são as espécies de pena previstas. Para a PJ só não pode aplicar a pena privativa de 
liberdade, podendo a restritiva de direito e a multa. Como consequência disso, NÃO CABE HABEAS CORPUS PARA 
TUTELAR INTERESSE DE PESSOA JURÍDICA NO PROCESSO PENAL. 
Exemplo: MP ofereceu denúncia por um fato escancaradamente atípico, o juiz recebeu a denúncia. Pode entrar com HC 
para o trancamento do processo penal? Sim. Mas o MP ofereceu denúncia absurda de atipicidade contra uma PJ e o juiz 
recebeu a denúncia. Posso entrar com HC? NÃO, porque não cabe HC para tutelar interesse de PJ. 
 A CF/88, no art. 5º, traz alguns remédios constitucionais, dentre eles o Mandado de Segurança. Nesse caso, caberá à PJ 
impetrar um MS. 
Outra hipótese em que caberá o MS é se o crime não tem pena privativa de liberdade. Nesse caso, também não caberá 
HC, mas sim MS. 
A conduta deve ser voluntária. As condutas involuntárias não importam ao direito penal. Não confundir voluntariedade 
com espontaneidade. Quando é que foi voluntário? Quando o agente agiu sem coação, ainda que sem o desejo de fazer. Quando 
foi espontâneo? Quando ele quis fazer, quando era o desejo dele fazer. Então a conduta não precisa ser espontânea, basta que 
seja voluntária. 
Ela é involuntária quando há, por exemplo, uma coação física. A coação física afasta a voluntariedade e, portanto, é fato 
atípico. 
Exemplo: alguém ponha a arma na minha mão, põe meu dedo no gatilho e força o meu dedo. É fato atípico para mim, 
pois houve uma coação física. 
OBS: A coação moral NÃO exclui a voluntariedade. Esta funciona na culpabilidade. Exemplo: eu digo que sequestrei os 
pais de João e mando João matar Ivan e ele vai lá e mata. Nesse caso, João matou por ato voluntário, de modo que é fato típico 
(isso não quer dizer, necessariamente, que seja crime). 
Exemplo: sonambulismo. Biologicamente falando, sonambulismo é uma doença mental. Se é uma doença mental, seria 
causa de inimputabilidade, porque as doenças mentais atuam no âmbito da imputabilidade penal. Essa é uma exceção. Ele é doença 
mental, mas não atua no âmbito da culpabilidade, pois ele afasta a voluntariedade, de modo que afasta a própria tipicidade. 
É A ÚNICA DOENÇA MENTAL QUE AFASTA O FATO TÍPICO. 
A conduta também precisa ser analisada para que se possa identificar se foi uma ação ou uma omissão. Isso para 
que se possa pensar também na tipicidade. A conduta relevante vai ser uma ação ou omissão e, a partir dela, vai ver como tipificar 
essas condutas. A ação se tipifica de um jeito e a omissão de outro. 
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Quando lesiona um bem jurídico por uma ação é, em regra, mais grave do que quando se deixa de fazer algo que deveria 
ter feito. Então os crimes praticados por ação são crimes punidos, em regra, com mais rigorosidade no CP. 
AÇÃO: responde por crime que é comissivo, que é aquele praticado mediante uma ação. 
OMISSÃO: divide-se em duas espécies: omissão própria e omissão imprópria (ou comissivo por omissão). O crime 
omissivo próprio é aquele que tem como núcleo do tipo penal uma omissão. Exemplo: art. 135 do CP, que é deixar de prestar 
assistência. Outro exemplo: art. 246 CP. 
 OBS: Um garantidor, ao se omitir, responde pelo crime comissivo que ele se omitiu, porque a omissão dele não é a 
omissão de qualquer pessoa. É a chamada de omissão imprópria, levando a um crime chamado de comissivo por omissão. Ele 
assume o dever de agir diante de determinadas circunstâncias. 
Exemplo: policial que se omitiu, numa situação em que deveria agir, diante de um crime de roubo. Ele vai responder pelo 
crime de roubo, como se tivesse lesionado diretamente o bem jurídico. Vai responder pelo crime mais grave que nós temos, que 
são os crimes comissivos. ART. 13, § 2º, DO CÓDIGO PENAL TRAZ ESSA REGRA. 
O § 2º diz que a omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia (É PRECISO HAVER OSDOIS) agir 
para evitar o resultado. O dever (O CÓDIGO FALA QUEM TEM O DEVER, QUEM PODE É PRECISO ANALISAR NO 
CASO CONCRETO) de agir incumbe a quem: 
i. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (EXEMPLO: POLICIAIS, BOMBEIROS, 
FUNCIONÁRIOS DA DEFESA CIVIL, PAIS E AVÓS EM RELAÇÃO AOS FILHOS MENORES); 
ii. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (EXEMPLO: BABÁ, SEGURANÇA 
PRIVADO, SALVA-VIDAS PRIVADO, PORTEIRO); 
iii. Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (EXEMPLO: JOGAR O BÊBADO 
NA PISCINA). 
ENTÃO QUEM TEM O DEVER É QUEM A LEI DIZ QUE TEM O DEVER, QUEM O CONTRATO DIZ QUE 
TEM O DEVER E QUEM ASSUMIU O RISCO TEM O DEVER. 
Mas além disso tudo, é preciso olhar se o sujeito podia impedir o resultado. 
Exemplo: Policial tem dever? Tem. Mas naquele dia ele estava desarmado e havia 3 bandidos armados. Ele podia? Nesse 
caso, não. Então não configura omissão do garantidor. 
Outro exemplo: o segurança da loja, ao ser contratado como segurança, ele passa a ter o dever de proteger o patrimônio 
da loja. Mas ele estava desarmado e o sujeito armado, ele podia? Não. Então não é omissão. 
Outro exemplo: médico de hospital público devia? Devia. Mas se ele não foi naquele dia, ele podia? Não. Então não tem 
omissão do garantidor. 
Outro exemplo: salva-vidas de clube particular. O sujeito saiu da piscina e foi dormir. Ele tinha o dever? Sim. Mas ele 
podia evitar a morte? Não. Então não tem omissão do garantidor. 
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Exemplo: salva-vidas da praia, justamente no momento em que ele viu alguém se afogar, ele começou a sentir câimbra 
na perna que o impediu de andar. Ele tinha o dever, mas ele não podia, de modo que ele não responde. 
Mas esse limiar do “podia” é que a prova coloca para confundir. Exemplo: o cara era médico de hospital público, ele 
fraldava o ponto e ia para casa. No dia que ele fez isso, chegou uma vítima de acidente e morreu. Ele devia, mas ele não podia, 
pois ele não estava lá. Só pode imputar se ele tivesse a possibilidade real e concreta de impedir o resultado. 
OBS 1: CABE OMISSÃO CULPOSA. Se eu me omito culposamente, respondo por crime culposo, se houver previsão 
legal. Exemplo: alguém pede para eu tomar conta do filho e eu, por negligência, não vejo ele ir correndo para a rua. É atropelado 
e morre. Eu respondo por homicídio culposo por omissão. 
OBS 2: CABE TENTATIVA, porque responde-se pelo resultado. Então se eu estou no hospital, sou médico e não dou 
socorro e outro médico foi lá e salvou a vida do sujeito. Eu respondo por tentativa de homicídio. 
OBS 3: ADMITE-SE CONCURSO DE PESSOA. Quem não é garantidor pode responder em concurso com um 
garantidor como se garantidor fosse. Exemplo: duas garotas foram à praia deserta, e chegar nesse local já era difícil. Chegando lá, 
só tinha um salva-vidas, que era pago pela prefeitura. Uma delas vai nadar a outra vai e começa a namorar com o salva-vidas. O 
salva-vidas percebe que a amiga dela estava se afogando, quando ele se levanta para tentar salvá-la, a outra chega lá e diz para ele 
não ir. O salva-vidas, induzido por ela, se omite. Nesse caso, os dois respondem pelo homicídio consumado, em concurso de 
pessoas, por omissão imprópria. ISSO NÃO É PACÍFICO, MAS É UMA POSIÇÃO QUE A FGV JÁ ADOTOU EM OUTRAS 
PROVAS NO EXAME DE ORDEM. 
A conduta deve ser dolosa ou culposa. Quando existe dolo ou culpa? Art. 18 do CP: diz-se o crime doloso, quando o 
agente quis o resultado (TEORIA DA VONTADE, DOLO DIRETO) ou assumiu o risco de produzi-lo (DOLO EVENTUAL) 
e culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. 
OBS: O dolo está dentro da conduta, logo está dentro do fato típico. Antes o dolo ficava dentro da culpabilidade, era 
chamado de “dolo normativo”, em 1906. Em 1930 ele foi para o fato típico, dentro da conduta, passando a ser “dolo natural”. 
Há, portanto, o dolo direto e o dolo eventual. Mas tem outra hipótese que é o chamado dolo geral. Dolo geral vai acontecer 
quando o agente não causa o resultado que ele queria com a primeira conduta, e na segunda conduta, quando ele não mais 
queria, ele acaba causando o resultado. 
Exemplo: o sujeito quer matar a mulher. Dá 5 tiros nela e ela cai desfalecida. Ele acredita que ela está morta. Para esconder 
o corpo, ele joga o corpo no rio. Na queda, ela bate a cabeça numa pedra e aí sim morre. Então ela morre com a segunda conduta 
dele. Então na primeira conduta ele tinha o dolo de matar, mas não matou. Na segunda conduta, ele queria ocultar o cadáver, mas 
acabou matando. Então ele vai responder pelo homicídio consumado por dolo geral, vez que no dolo geral, o dolo da primeira 
conduta alcança a segunda conduta. Ele responde por homicídio consumado e não por tentativa de homicídio + homicídio 
culposo. (ISSO É DOUTRINÁRIO). 
O dolo direto pode se dividir em dolo de primeiro grau ou dolo de segundo grau. (NÃO É TÃO IMPORTANTE PARA 
A SEGUNDA FASE). Dolo de primeiro grau está ligado aos resultados e a vítima direta que o agente queria. O dolo de segundo 
grau abarca resultados acessórios, mas necessários por conta dos meios escolhidos. Exemplo: quero matar João, e eu sei que João 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
vai estar no voo. Eu coloco a bomba no voo para matar João, mas da forma que eu escolhi para praticar a conduta, necessariamente 
outras mortes vão ocorrer. Para João, tenho o dolo direto de primeiro grau e, para as outras, dolo direto de segundo grau. 
REQUISITOS DO CRIME CULPOSO 
Quando tem culpa? 
Primeiramente, preciso ter uma inobservância de um dever de cuidado. Só existe culpa se houver inobservância de 
um dever de cuidado. Exemplo: piloto de lancha. A lancha está com a manutenção em dia, a previsão do tempo está legal, não fez 
nenhuma manobra perigosa, mas em determinado momento veio uma onda e a onda virou. Houve inobservância do dever de 
cuidado? Não. Então não tem crime culposo. 
Exemplo: médico vai realizar cirurgia no paciente, faz todos os exames que a medicina determina que sejam realizados e, 
ao aplicar a anestesia por algo que não era previsto, que ele não tinha como prever, a vítima sofre choque, entra em coma e morre. 
Esse médico agiu com inobservância do dever de cuidado? Não, então ele não responde. 
Essa ideia de inobservância do dever de cuidado é abarcada pela imprudência, negligência ou imperícia. 
Exemplo: casal de jovens, a garota engravidou e eles procuraram uma clínica clandestina de abortos, pagaram para realizar 
o procedimento, o médico fez todos os exames para saber se a garota poderia passar com segurança apelo procedimento, que tudo 
deu positivo, mas a vítima morreu. O médico responde pelo homicídio? Não, pois não houve inobservância do dever de cuidado 
para com a vida dela. 
Em segundo lugar, é preciso ter lesão ao bem jurídico. Não se admite tentativa de crime culposo. Exemplo: determinada 
pessoa perde o controle do carro, com inobservância do dever de cuidado (imprudente), subiu a calçada e bateu num ponto de 
ônibus, mas todos correram e ninguém se machucou. Ele responde pelo crime? Não, pois não houve lesão ao bem jurídico de 
ninguém. 
O inciso II diz que só tem crime culposo quando o agente deu causa ao RESULTADO. Por isso o requisito de dano a um 
bem jurídico, de modo que não cabe tentativa. 
Em terceiro lugar, é necessário que exista previsibilidade. Exemplo: eu vou culpar Pedro por um resultado que ocorreu. 
Se não era previsível, eu posso dizer que foi culpa de Pedro? Ele tinha como evitar o imprevisível? Não, então não pode culpar 
Pedro. 
Exemplo: dois caras estão brigando um com o outro na beira da praia. Nessa praia, geralmente só tem água e areia. Um 
joga o outro ao chão. Esse que caiu na areia, bate a cabeça numa pedra que estava oculta na areia e morre. Teve inobservância de 
dever de cuidado? Sim. Causou lesão ao bem jurídico?Sim. Era previsível que naquele lugar, que todo mundo só acredita onde 
tem pedra e areia, iria ter uma pedra justamente ali? Não. Então não há crime de homicídio culposo. 
Em quarto lugar, é preciso haver nexo de causalidade. Eu atiro no pé do cara e ele morre de traumatismo craniano, foi 
eu que causei o resultado? Não. Quem responde pelo resultado é quem causou o resultado. 
Por fim, é necessário que exista previsão legal. Só existe crime culposo se houver previsão legal (parágrafo único, art. 
18, CP). 
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OBS: É preciso haver dolo ou culpa para a qualificação dos crimes? Exemplo: eu quero lesionar, mas acabo matando. Eu 
respondo pela morte? Art. 19 do CP diz que “pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver 
causado ao menos culposamente”. 
CRIME PRETERDOLOSO E CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO = TIPO BÁSICO + UM 
RESULTADO QUE VAI AGRAVAR A PENA. ESSE RESULTADO MAIS GRAVE SÓ PODERÁ SER IMPUTADO SE 
HOUVER DOLO OU CULPA. 
Crime preterdoloso: dolo no antecedente, culpa no consequente. Então o crime preterdoloso é aquele que o resultado 
mais grave ocorre somente com culpa. 
Crime qualificado pelo resultado: nesse caso, o resultado mais grave pode ocorrer tanto de forma culposa, como de 
forma dolosa. 
Então se determinado tipo penal, previsto no artigo x tem um resultado mais grave, que pode ocorrer de forma dolosa ou 
culposa, ele é qualificado pelo resultado. Se determinado tipo penal, previsto no artigo y tem um resultado mais grave, que pode 
ocorrer somente de forma culposa, ele é preterdoloso. 
Exemplo: art. 129, § 3º é preterdoloso, pois o resultado mais grave só poderá ocorrer de forma culposa. 
Exemplo 2: § 2º do art. 213. Se o cara estupra uma mulher e depois, para impedir que ela o denuncie, ele a mata, como 
ele vai responder? Caso dois: se ele estupra uma mulher e, durante o estupro, ele dá um soco nela, ela cai, bate a cabeça no chão, 
sofre um traumatismo craniano e morre, como ele vai responder? No primeiro caso, a morte foi dolosa, num contexto de estupro. 
No segundo caso, a morte foi culposa, dentro de um contexto de estupro. No primeiro caso, ele vai responder pelo estupro e pelo 
homicídio como crimes apartados. No segundo caso, ele responderá pelo estupro com resultado morte. O § 2º traz um resultado 
mais grave que só se tipifica de forma culposa. Portanto, é um crime preterdoloso. 
Exemplo 3: art. 157, § 3º do CP. Se da violência, resulta lesão corporal grave = 7 a 18. Se resulta morte = 20 a 30. A 
doutrina majoritária e a jurisprudência majoritária entendem que a morte no contexto da subtração se tipifica como latrocínio, seja 
de forma dolosa ou culposa. Então latrocínio não é crime preterdoloso, mas sim crime qualificado pelo resultado. 
AULA 04 
ITER CRIMINIS 
É uma análise detida da conduta criminosa. São as fases da conduta. Masson divide em duas grandes fases: fase interna 
(cogitação) e fase externa (preparação, execução, consumação, exaurimento). 
O crime pode possuir até cinco fases, mas nem todo crime passará, necessariamente, por elas. Quais seja: cogitação, 
preparação, execução, consumação e exaurimento. 
COGITAÇÃO 
Cogitação é uma fase interna do crime. Ocorre na mente do pretenso criminoso, que, enquanto não exteriorizar essa 
vontade, será indiferente ao Direito Penal. A criminalização da cogitação feriria o princípio da lesividade, que proíbe a 
criminalização de condutas não exteriorizadas. 
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Todo crime tem cogitação? Sim. Cogitação é a mesma coisa que a premeditação. E se a prova me disser que o MP ofereceu 
denúncia por homicídio qualificado em razão da premeditação? A premeditação não qualifica o crime de homicídio, nem causa 
de aumento, nem agravante, pois essa é uma fase natural de todo e qualquer crime. 
Nós nos acostumamos a entender como mais grave, mais culpável o agente que premedita por mais tempo. Então não cair 
na pegadinha, pois TODO crime tem premeditação. 
A consequência para o réu da premeditação, no âmbito da tipicidade, NENHUMA. No entanto, o art. 68 do CP determina 
que o cálculo da pena vai se dar em três fases: pena-base (circunstâncias judiciais), pena-intermediária (agravantes e atenuantes), 
pena-final (majorantes e minorantes). Dentre as circunstâncias judiciais, tem uma que se chama de culpabilidade. Se o sujeito 
premeditou por um ano, a culpabilidade dele é mais alta. Então a premeditação pode ser usada com circunstância judicial negativa, 
na hora de se estabelecer a pena-base, mas a premeditação NÃO MUDA A TIPICIDADE DO CRIME. 
Isso vem do princípio da alteridade. Alter = outro. Só é punível a conduta que viola direito do outro. Essa cogitação, por 
si só, não fere o direito do outro, do alter. Então o princípio da alteridade impede que o direito penal tipifique as condutas internas 
do próprio agente. 
ATOS PREPARATÓRIOS 
Aqui se inicia a fase externa. Para que se possa falar em atos preparatórios, é necessário que se tenha a exteriorização da 
vontade do agente, refletida na prática de atos materiais, mas que, em contrapartida, não se tenha iniciado a execução do crime. 
Esse ato preparatório pode ter uma conduta considerada como crime autônomo. Então os atos preparatórios PODEM ser 
punidos. Em geral, os atos preparatórios não são puníveis, SALVO SE SE CONSTITUÍREM EM CRIMES 
AUTÔNOMOS. Esses atos preparatórios que constituem crimes autônomos são chamados de “crimes-obstáculo” pela doutrina. 
A preparação, em geral, não viola nenhum bem jurídico, mas, excepcionalmente, haverá atos preparatórios que podem ser 
punidos como crimes autônomos. 
OBS: Tecnicamente, o ato preparatório não é punível nunca, na medida em que se punirá ato executório de um crime B e 
não o ato preparatório do crime A. 
TER CUIDADO COM OS CRIMES ASSOCIATIVOS, QUE SÃO ATOS PREPARATÓRIOS, MAS ATOS 
PREPARATÓRIOS GRAVES. 
Exemplo: os crimes associativos. As associações. Quando três ou mais pessoas se unem com a finalidade de praticar 
roubos a banco, constitui crime. Essa associação é um ato preparatório para roubar o banco, mas já é punido como crime autônomo. 
Outros exemplos: Art. 35 da Lei de Drogas (Associação para o tráfico). A finalidade dele é traficar. Se dois ou mais se 
unem com a intenção de traficar, é associação para o tráfico. Não será organização criminosa se a finalidade é traficar, ainda que 
haja mais de quatro pessoas, com tarefas etc. Mas essa união tem de ser permanente, é uma união estável. A união eventual é um 
mero concurso de pessoas. Qualquer associação deve ser estável. 
Leonardo David – Revisão 2ª Fase OAB – Direito Penal – CEJAS 
No art. 288 do CP, são 3 ou mais com a finalidade de praticar crimes (CONTRAVENÇÃO SERÁ FATO ATÍPICO) em 
geral. Associação criminosa. Qualquer crime, desde que não seja tráfico, pois, neste caso, será associação para o tráfico. Aqui não 
precisa de divisão de tarefas. 
E a organização criminosa tem umas especificidades a mais. A lei 12.850/13 diz, no art. 1º, § 1º, que uma organização 
criminosa é a associação de quatro ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza (NÃO SÓ PECUNIÁRIA), 
mediante a prática de infrações penais (AQUI PODE SER TAMBÉM CONTRAVENÇÃO) cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou (INDEPENDENTEMENTE DA PENA MÁXIMA) que sejam de caráter transnacional. Exemplo: 
furto simples, mas o valor obtido é levado para fora do Brasil, fazem lavagem de dinheiro em outros países e retorna como produto 
lícito. Agora virou organização criminosa, pois tem caráter transnacional. 
Então ser quatro ou mais pessoas não necessariamente se caracteriza a organização criminosa. Se não houver divisão de 
tarefas, será o art. 288 do CP. 
Outro exemplo de ato preparatório punívelé o porte ilegal de arma. Em regra, o porte ilegal de arma não é punido, salvo 
se ele constituir crime autônomo. 
Ou seja, primeiro, previsão legal, segundo, deve ser praticado com dolo autônomo. Como eu digo que o ato preparatório 
não deve ser punido no caso concreto? Para que o ato preparatório seja crime autônomo, ele deve preencher dois requisitos: 
PREVISÃO LEGAL E PRATICADO COM DOLO AUTÔNOMO E NÃO COMO MEIO PARA PRATICAR OUTRO 
CRIME QUE O AGENTE JÁ TINHA IDEALIZADO. 
Exemplo: se eu portei a arma para matar e, após matar, descartei a arma, o porte ilegal de arma não foi praticado com dolo 
autônomo, foi um ato preparatório do homicídio. Mas se eu moro em um local e acho que preciso andar armado, porque o local é 
perigoso e passo a andar armado sem autorização, eu estou praticando crime de porte ilegal de arma. Se em um desses dias, eu 
discuto com alguém e mato a pessoa, eu estou praticando dois crimes, porque o porte ilegal de arma não foi ato preparatório do 
homicídio, mas sim crime autônomo. 
Exemplo: invasão de domicílio para roubar. A invasão é ato preparatório. Mas imagine que o sujeito tinha curiosidade 
para ver como é a casa do vizinho. Foi lá e entrou. É violação de domicílio. Aí, depois de entrar, ele resolve furtar uma televisão. 
Ele não violou o domicílio como ato preparatório, então é crime autônomo. 
Então para que o ato preparatório seja punido como crime, precisa ter previsão legal e ser praticado com dolo autônomo. 
O segundo requisito está ligado ao princípio da consunção. 
Princípio da consunção diz que o crime-meio será absorvido pelo crime-fim. 3Já viu algumas conceituações que diz que 
o crime menos grave seria absorvido pelo crime mais grave. ISSO ESTÁ ERRADO. O princípio não determina que o crime 
menos grave será absorvido pelo mais grave, mas sim que o crime-meio será absorvido pelo crime-fim, independentemente da 
gravidade deles. 
Exemplo: Art. 15 do estatuto do desarmamento. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas 
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime, é 
reclusão de 2 a 4 anos e multa. Então esse crime será absorvido pelo crime de homicídio, se este for praticado por arma de fogo, 
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aplicando-se o crime de consunção. Há aqui o porte ilegal de arma, o disparo e o homicídio. Dessas três condutas típicas, só 
responde pelo homicídio. 
Será que eu também faço isso mesmo que o crime-fim seja menos grave? Porque a pena do disparo de arma de fogo é de 
2 a 4 anos de reclusão. Então imagine que a prova disse que o meu cliente queria ameaçar. Então eu peguei a arma só porque eu 
queria ameaçar e não tenho porte de arma. Me certifiquei de que não atingiria ele, porque eu só queria ameaçar, e disparei para o 
lado. Então eu pratiquei o porte ilegal de arma, o disparo de arma e a ameaça. Aqui também se aplica o princípio da consunção, 
pois independe da gravidade. 
Como regra, não punimos o meio para atingir a finalidade, mas tem exceções, pois adotamos a teoria finalista da ação. 
Outro exemplo é a falsificação de documento para praticar o estelionato. O sujeito falsificou uma carteira de identidade 
para cometer um crime. Ele vai responder apenas pelo estelionato ou vai responder pelo estelionato e, também, pela falsificação, 
ou depende do caso concreto? Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, essa 
falsificação será por este absorvido. 
Então se a falsificação não lesionar mais nenhum bem jurídico após o estelionato, será absorvido. Exemplo: imagine que 
eu falsifico a xerox de uma carteira de identidade, vou a uma loja para abrir um crediário e xerox falsa ficou retida. Comprei um 
produto e fui embora. A xerox ainda está na minha mão? Eu posso utilizar ela para cometer mais delitos? Não. Então respondo 
apenas pelo estelionato. 
Mas suponha que eu falsifiquei a original da identidade. Fui até a loja, abri o crediário, peguei o produto e fui embora, 
com a identidade falsificada. Essa identidade eu ainda posso usar para cometer novos crimes, de modo que ainda tem potencial 
lesivo. Então eu respondo pelos dois crimes em concurso material. 
OBS: Nos crimes tributários, as falsificações SEMPRE serão absorvidas pela sonegação fiscal. Não se aplica a súmula 
17 do STJ, portanto. 
ATOS EXECUTÓRIOS 
Depois que eu me preparo, o ato seguinte é começar a executar o crime. Aqui existem algumas discussões. Não há um 
consenso exato sobre quando eu cruzo essa linha entre atos preparatórios e inicio a execução. Exemplo: se eu estou com a arma 
na cabeça da vítima, estou com o dedo no gatilho, prestes a puxar o gatilho, já há um risco grave para a vida da vítima. Isso já é 
execução ou ato preparatório? Se alguém toma a arma da minha mão é tentativa de homicídio ou nenhum crime? 
Ainda prevalece no Brasil, e é a nossa tese para a OAB, o início da execução só se dá quando ao agente começa a 
praticar a conduta descrita no tipo penal. Quando ele começa a matar com uma arma? Quando puxa o gatilho. Quando ele 
começa a matar com uma faca? Quando dá a primeira facada. Então sempre analisar o verbo. 
OBS: Também não posso dizer que houve o crime de ameaça, pois adotamos a teoria finalista da ação. A intenção, nesse 
caso, não foi a ameaça, então não houve crime. 
Ou seja, a fase de execução diz respeito ao momento em que a conduta exteriorizada inicia a agressão ao bem jurídico 
que se pretendia tutelar, por meio do início da realização do núcleo do tipo (verbo da conduta criminosa). 
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Os atos executórios, para que sejam considerados como tais, precisam ser idôneos e inequívocos. 
Ato idôneo é aquele que tem aptidão para produzir o resultado. Ato inequívoco ocorre quando não há dúvida de que a sua 
prática destinava-se à consumação do crime. 
Após o início dos atos executórios, pode haver: 
Consumação (art. 14, I, CP): ocorre quando o agente consegue reunir todos os elementos da definição legal do crime. O 
crime simples é aquele que possui uma única conduta típica. Exemplo: homicídio, furto. 
Mas o legislador, às vezes, une dois ou mais crimes autônomos para formar um terceiro crime (crime complexo). 
Exemplo: roubo é a junção do furto + ameaça/violência. Latrocínio é a junção do furto + a morte. Para os crimes simples, regra 
geral não tem grandes discussões acerca da consumação desses crimes. A discussão anda no âmbito dos crimes complexos. A 
súmula 610 do STF diz que “há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração 
de bens da vítima”. 
Então o STF está dizendo que fica consumado o crime complexo, quando nele se reúnem os elementos mais graves de 
sua definição legal. Isso fere o art. 14, I, do CP. 
Se aparecer na peça um caso de latrocínio e MP ofereça denúncia dizendo que está consumado, e o agente não tendo 
realizado a subtração, eu posso colocar como tese de defesa que foi tentativa? Pode. Ferir a súmula não impede suscitar na defesa. 
E essa súmula viola o art. 14, I, do CP. 
No âmbito do STJ também tem essa mesma ideia para o roubo. Se houver inversão da posse do bem mediante emprego 
de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa 
roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Então o que consuma o roubo é o emprego de violência ou 
grave ameaça. 
OBS: A súmula não fala em redução à impossibilidade de resistência da vítima. Portanto, essa pode ser uma tese defensiva. 
Tentativa (art. 14, II, CP): ocorre quando o agente inicia os atos de execução, mas o crime não se consuma por 
circunstâncias alheias à sua vontade. Ou seja, o agente inicia a terceira etapa (execução), mas não alcança a quarta etapa 
(consumação), muito embora pretendessefazê-lo. 
REQUISITOS DA TENTATIVA: 
• Início de execução. Se não houve o início da execução, não pode haver tentativa; 
• Dolo de consumar o crime. Se ele não tem dolo de consumar, não há tentativa. Se eu não tenho dolo de matar, 
não tem tentativa de homicídio. Se a minha intenção não era matar, mas sim expor a vida ao risco, eu não respondo 
por tentativa de homicídio, mas por outro crime; 
• Ser impedido por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
A tentativa tem duas naturezas jurídicas. Ela tem duas funções. No âmbito da tipicidade, ela é causa de adequação 
típica mediata/indireta. Exemplo: João, com dolo de matar, deu 5 tiros em Pedro. Este sobreviveu após ficar no hospital por 4 
meses. Essa conduta se encaixa na tentativa? Sim. Se o art. 14, II não existisse, era fato atípico, porque o legislador quando cria 
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os tipos penais, ele não cria “matar ou tentar matar alguém; difamar ou tentar difamar”. Ele cria só os tipos penais consumados, 
mas no art. 14, inciso II, ele criou uma fórmula geral de tentativa. 
Então o que é o art. 14, inciso II? É uma forma de tipificar a tentativa. Se eu tento matar e consigo, a tipificação é direta 
no art. 121. Mas se eu não consigo, a tipificação no 121 é indireta, porque para tipificar no art. 1212, eu preciso do art. 14, inciso 
II. Por isso, conclui-se que a tentativa não constitui crime autônomo, mas sim a realização incompleta da figura típica. 
A denúncia do MP vai dizer que João deu 5 tiros em Pedro e ele morreu, portanto ele praticou o art. 121 do cp. Mas se a 
denúncia falou que João, com dolo de matar, deu 5 tiros em Pedro e este não morreu, portanto ele praticou o crime do art. 121 c/c 
art. 14, inciso II do CP. Ou seja, para tipificar o crime consumado, eu tipifico direto; mas para tipificar o tentado, eu tipifico de 
forma indireta. 
Então a natureza jurídica da tentativa, no âmbito da tipicidade, é causa de adequação típica indireta ou mediata. 
Mas nem sempre vou precisar do art. 14, inciso II. Por exemplo: art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se. Aí a tentativa já 
é tipificada diretamente. Mas a grande maioria não é assim. 
Mas ela também tem uma natureza jurídica no âmbito da aplicação da pena, pois a pena da tentativa vai ser calculada na 
pena do crime consumado, diminuído de 1 a 2/3. Então no âmbito da aplicação da pena, a tentativa é causa de diminuição de pena. 
Sendo assim, o art. 68 do CP diz que é na terceira fase. 
Portanto, em suma, a tentativa é uma causa de diminuição de pena, no âmbito da aplicação da pena; e uma causa 
de adequação de tipicidade indireta, no âmbito da tipicidade. 
Se o juiz condenar o cliente e colocar a pena acima do mínimo, eu vou apelar. Por exemplo: quando o meu cliente for 
condenado por tentativa, ele pode reduzir de 1/3 a 2/3. Se ele diminuir só de um 1/3, eu vou apelar. 
Tecnicamente, para fundamentar, eu vou analisar no caso concreto o quão perto ou quão o longe o sujeito chegou para 
consumar o crime. Tentativa branca se diminui no máximo. 
OBS: Tentativa perfeita é aquela em que o agente conclui a execução, praticando todos os atos executórios, mas por 
motivos alheios à sua vontade, o crime não é consumado. A tentativa imperfeita, por sua vez, ocorre quando o agente não 
consegue praticar todos os atos executórios que planejou, por circunstâncias alheias à sua vontade. 
OBS: Em regra, não há tentativa em crimes culposos, mas há exceção. Admite-se tentativa na culpa imprópria (por 
extensão, por equiparação ou por assimilação). Exemplo: legítima defesa putativa. Nesse caso, o agente pratica uma conduta 
dolosa que, por razões de política criminal, é punida a título de culpa (art. 20, § 1º, CP). 
OBS: O crime impossível é uma tentativa, mas é uma tentativa que não se pune por ineficácia absoluta do meio (ARMA 
SEM MUNIÇÃO) ou por absoluta impropriedade do objeto (ISSO OCORRE QUANDO O BEM JURÍDICO NÃO ESTAVA 
PRESENTE. A VÍTIMA JÁ ESTAVA MORTA). Portanto, considera-se um fato atípico. O crime impossível preenche todos os 
requisitos da tentativa, mas é uma tentativa que eu vou considerar como fato atípico. Então o crime impossível é excludente de 
tipicidade, em que pese utilize-se a expressão “não se pune”. Isso porque a conduta está dentro do fato típico. Portanto, a natureza 
jurídica do crime impossível é uma tentativa que não se pune, porque não existe qualquer risco de lesão ao bem jurídico. 
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Tem-se que ter em mente que o que estamos analisando é a conduta do agente, que faz parte do fato típico. O que 
o CP está dizendo que a conduta não tem relevância, por ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto. 
Se a conduta não tem relevância para o CP, é fato atípico, de modo que o crime impossível é excludente de tipicidade. 
A súmula 145 do STF traz uma hipótese de aplicação do art. 17 do CP: não há crime, quando a preparação do flagrante 
pela polícia torna impossível a sua consumação. Ou seja, fato atípico por ineficácia absoluta do meio. 
OBS: No caso de flagrante preparado para tráfico de drogas, o STJ entende que pode, na medida em que o crime já estará 
consumado e o crime impossível é hipótese de tentativa. Quando o sujeito adquire a droga para vender ao policial, o crime já 
restará consumado e, assim, poderá ser preso em flagrante. 
Desistência voluntária (art. 15, CP): não é necessária a espontaneidade, mas tão somente a voluntariedade. “O agente 
que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos 
praticados”. Ocorre quando o agente inicia os atos de execução, mas desiste de prosseguir, muito embora fosse possível fazê-lo. 
Exemplo: sujeito, inicialmente, quer matar, mas apenas lesiona a pessoa e, no curso da execução, para de bater, por ato 
voluntário. Responderá pelas lesões causadas e não pela tentativa de homicídio. 
Arrependimento eficaz ou resipiscência (art. 15, CP): ocorre quando o agente exauriu o processo executório para, em 
seguida, arrependido, envidar esforços e conseguir evitar o resultado. Ou seja, o agente que impede que o resultado se produza, 
em razão de arrependimento. Exemplo: o agente atirou na vítima, mas a levou ao hospital e o delito não se consumou. A diferença 
da desistência voluntária, é que aqui ele esgotou os atos executórios (daí porque se faz analogia à tentativa acabada). 
SÓ SE APLICA O ARREPENDIMENTO EFICAZ NOS CRIMES MATERIAIS, VEZ QUE NOS CRIMES 
FORMAIS E DE MERA CONDUTA OS CRIMES SE CONSUMAM COM A CONDUTA. 
OBS: A doutrina chama a desistência voluntária e o arrependimento eficaz de ponte de ouro, pois ele inicia os atos de 
execução, entrando na ilegalidade, e ele retorna à legalidade, por meio dessa “ponte de ouro”. 
OBS: A doutrina majoritária entende que a natureza jurídica desses institutos é uma causa de exclusão da adequação 
típica, vez que o agente só reponde pelos atos já praticados (art. 15, CP). Ou seja, desconsidera-se o dolo inicial do agente. 
PARÊNTESE: ARREPENDIMENTO POSTERIOR (NÃO TEM NADA A VER COM ESSE ASSUNTO. NÃO 
INTEGRA A TEORIA DO DELITO) 
Em geral, as provas colocam como pegadinha para confundir o arrependimento eficaz com o arrependimento posterior. É 
preciso compreender as diferenças. 
Arrependimento posterior é assunto da teoria da pena e não da teoria do crime, pois sua natureza jurídica é uma causa 
obrigatória de diminuição da pena. 
Os dois institutos impedem a consumação do crime. O arrependimento posterior é, por óbvio, posterior à consumação. É 
nos casos em que se arrepende depois de ter consumado. O arrependimento eficaz e na desistência voluntária ocorre antes da 
consumação. 
OBS: Há crimes que o arrependimento posterior não muda nada. Exemplo: homicídio. 
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OBS: Numa circunstância em que o agente inicia a conduta da prática criminosa,ele tem a opção de salvar a vítima e 
retornar à legalidade. Mas este prêmio não é instituído em favor do criminoso, mas sim da própria vítima. Isso pode ser aplicado 
a QUALQUER crime. 
Já no arrependimento posterior, como ocorre após a consumação, não vale para qualquer crime. Então cria-se logo um 
filtro no art. 16 do CP: só vale aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. 
OBS: Tem-se entendido que os crimes culposos admitem o benefício do arrependimento posterior, ainda que violentos 
(ex.: lesão corporal culposa). 
O art. 157 traz três maneiras de se cometer o crime de roubo: mediante violência (física), grave ameaça ou por algum 
meio que reduz à impossibilidade a resistência da vítima (exemplo: embriagar a vítima e subtrair a carteira). 
Logo, como tese de defesa, vamos dizer que cabe arrependimento posterior quando o roubo é praticado por algum 
meio que reduza à impossibilidade a resistência da vítima, na medida em que só não pode o arrependimento posterior se 
o crime for cometido com violência ou grave ameaça. 
E o que eu preciso fazer para me arrepender? Preciso reparar o dano ou devolver o objeto. O STF tem admitido a 
possibilidade de arrependimento posterior mesmo quando a reparação não é integral. Nesse caso, a quantidade de reparação 
deveria ser utilizada como parâmetro para quantificar a diminuição. O critério para diminuir mais ou menos é a celeridade da 
reparação do dano ou restituição da coisa e a integralidade da reparação ou restituição. 
OBS: É PRECISO QUE SEJA UM CRIME QUE TENHA CONOTAÇÃO PATRIMONIAL PARA QUE POSSA 
OCORRER ESSA REPARAÇÃO DO DANO. 
O ARREPENDIMENTO POSTERIOR SÓ É CONFIGURADO SE OCORRER ATÉ O RECEBIMENTO DA 
DENÚNCIA OU QUEIXA. Após este momento, o agente fará jus à circunstância atenuante prevista no art. 65, III, b, in 
fine, CP. 
Por fim, o ato precisa ser voluntário. 
O benefício é a redução da pena de 1/3 a 2/3. 
Art. 16 – Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o 
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
EXCEÇÕES AO ARREPENDIMENTO POSTERIOR (SÃO HIPÓTESES EM QUE CABE, MAS O 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR É DIFERENTE): 
Peculato (art. 312, § 2º CP): Prevê um arrependimento posterior diferente. No § 3º, que só se aplica ao peculato culposo, 
diz que “a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a 
pena imposta”. 
SEGUNDA EXCEÇÃO: CRIMES TRIBUTÁRIOS MATERIAIS (NÃO SE APLICA AOS CRIMES 
TRIBUTÁRIOS FORMAIS) 
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Aos crimes tributários materiais, o pagamento integral do tributo mais os acessórios, a qualquer tempo, extingue a 
punibilidade. Exemplo: sonegação fiscal de 20 milhões. O MP ofereceu denúncia, transcorreu o processo, sentença condenatória, 
transitou em julgado, expediu mandado de prisão e ele pagou. Extingue a punibilidade. 
OBS: Se ele pagar parcelado, suspende-se o processo penal e, também, o prazo prescricional. 
Exemplos de crimes tributários materiais: 
➢ Art. 168-A, CP (apropriação indébita previdenciária); e 
➢ Art. 337-A, CP (sonegação de contribuição previdenciária); 
➢ Art. 1º, da Lei 8.137/1990; 
➢ Art. 2º, II, Lei 8.137/1990. 
TERCEIRA EXCEÇÃO: Há outra exceção que está na súmula 554 do STF, que diz que “o pagamento de cheque emitido 
sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal” (art. 171, § 2º, VI, CP). A 
consumação se dá quando o banco recusa o pagamento. Se eu pagar o valor após esse momento, significa arrependimento 
posterior, SE A DEÚNCIA NÃO TIVER SIDO RECEBIDA. Nesse caso, extingue-se a punibilidade. Em outras palavras, se eu 
pago o cheque antes do recebimento da denúncia, obsta o prosseguimento da denúncia. 
OBS: Segundo a maior parte da doutrina, o exaurimento é posterior à consumação e, portanto, não integra o iter criminis. 
O exaurimento é obter a vantagem que o agente queria obter com a prática do crime. O exaurimento para o homicida depende do 
que ele queria ao matar. As vezes o exaurimento se confunde com a consumação: o agente só queria matar. Mas há outas situações 
que não. Imagine que eu matei porque me prometeram 50 mil reais para matar. Depois de eu ter consumado o crime e peço o 
dinheiro ao contratante. Esse momento em que eu estou obtendo a vantagem financeira é o exaurimento do crime. Não será 
necessariamente uma vantagem financeira. 
As provas vão pegar crimes formais e vão botar pegadinha com flagrante. Exemplo: crimes de corrupção. Imagine que 
um prefeito chegar para determinado empresário e diz “libera aí para mim 50 mil para eu fazer aquele pagamento que eu tenho 
para você”. O prefeito está solicitando e se consuma no ato da solicitação. Aí o empresário diz “eu te pago em 5 dias”. No 5º dia, 
o empresário avisou à polícia e ele é preso em flagrante. Ele está sendo preso no momento da consumação ou 5 dias após a 
consumação? 5 dias, então não há flagrante. O flagrante é ilegal, pois foi no momento do exaurimento. Tem de entrar com um 
pedido de relaxamento da prisão em flagrante. 
AULA 05 
TEORIA DO CRIME (REVISÃO E CONTINUAÇÃO) 
Dentro do iter criminis, temos a cogitação (não é crime), preparação (em regra, não é punível, mas às vezes há crimes 
autônomos), execução, consumação e exaurimento (pós-fato). 
Exaurimento é o esgotamento. É o “a mais”. Para a maioria da doutrina não está no iter criminis. Exemplo: concussão. 
Exigir vantagem indevida em razão da função, ainda que fora dela ou antes de assumi-la, mas em razão dela. A mera exigência 
da vantagem indevida já consuma o crime. A obtenção da vantagem é mero exaurimento do crime. 
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OBS: NO MOMENTO DO EXAURIMENTO, NÃO HÁ FLAGRANTE! 
Exemplo: o sujeito praticou crime de extorsão. Combinou a entrega para dia posterior. A vítima deixou o dinheiro. O 
autor deixou para pegar no outro dia. Não pode prender em flagrante, pois a vantagem é mero exaurimento. Dessa forma, deve-se 
pedir o relaxamento da prisão. 
No crime culposo, na culpa própria, eu tenho uma conduta, um resultado, um nexo causal entre conduta e resultado, há 
tipicidade expressa, a inobservância de um dever objetivo de cuidado (imprudência, imperícia ou negligência) e eu tenho a 
previsibilidade objetiva. Crime culposo é o crime do azarado. Eu não tenho intenção, então eu vou responder pelo resultado que 
eu causei, se eu causei. 
Exemplo: estou dirigindo meu carro, distraído, atropelo e mato alguém. Cometo crime de homicídio culposo na direção 
de veículo automotor. Faço três perguntas: 
i. Deu mole? (houve a inobservância de um dever objetivo de cuidado?); 
ii. Deu azar? (causou um resultado?); 
iii. Tem previsão em lei? (tipicidade expressa?) 
Exemplo: estou dirigindo, distraído, olho o celular, perco o controle e bato no carro do lado. Causei dano. Existe dano 
culposo? Não. Portanto, não é crime. 
Exemplo: estou dirigindo, distraído, olho o celular, não matei ninguém, não causei dano a ninguém. Dei mole, mas não 
dei azar. 
Crime doloso é diferente. Eu vou para a intenção. No crime doloso, preciso fazer algumas perguntas: 
Qual é a intenção? 
Conseguiu? Se for sim = responde pela intenção dele consumada; se não, pergunta: eu posso tentar e não conseguir? Se 
sim, responde pela tentativa. Se não, fato atípico. Por que eu não consegui? Por circunstâncias alheias 
RESULTADO 
Tem o resultado normativo (ofensa à norma, todos têm) e o resultado naturalístico (alteração no mundo externo). Tem os 
crimes materiais, formais e de mera conduta. 
• O crime material é aquele em que a lei exige um resultado naturalístico para a consumação. 
• O crime formal, em que não se exige o resultado e tem previsão. 
• O crime de mera conduta não tem resultado. 
OBS: No crime formal, o próprio tipo traz

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