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Vigilância Sanitária, 
Saúde Ambiental e 
Saúde do Trabalhador
Vigilância Sanitária
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Glauteice Freitas Guedes
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Histórico da Vigilância Sanitária no Brasil;
• Programas de Vigilância Sanitária;
• Áreas de Atuação da Vigilância Sanitária.
Vigilância Sanitária
Fonte: Getty Im
ages
Objetivo
• Compreender as interfaces que envolvem a atuação da Vigilância Sanitária e identificar o 
papel dos profissionais da saúde dentro dessas interfaces.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material 
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você 
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns 
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões 
de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e 
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de 
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de 
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de 
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE 
Vigilância Sanitária
Contextualização 
Avalie a foto abaixo:
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
Essa foto representa uma cena típica em muitos lugares no Brasil, a comida de rua. 
Essa situação é muito comum em algumas regiões do país. Muitas pessoas acabam 
comprando alimentos de rua, sem saber exatamente a procedência do alimento, por 
serem mais baratos. Qual o risco? Você sabe dizer qual o papel da Vigilância Sanitária 
nessa situação? 
Vamos compreender então o papel da Vigilância Sanitária?
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Histórico da Vigilância Sanitária no Brasil
O trabalho da Vigilância Sanitária tem início nos países europeus com a chamada “polí-
cia sanitária”, que exercia um papel de combater o charlatanismo e atuar no saneamento das 
cidades, fiscalizar as embarcações, os cemitérios e o comércio de alimentos, com objetivo 
de evitar a propagação das doenças na comunidade (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014). 
O controle sanitário, no Brasil, em seus primórdios, baseava-se no modelo português 
com enfoque em legitimar o trabalho de físicos, cirurgiões e boticários e de se arrecadar 
taxas sobre os custos de serviços prestados. A limpeza das cidades, controles de água 
e esgotos, comércio de alimentos, abates de animais e controle das regiões portuá-
rias ficavam a cargo das Câmaras Municipais que estabeleciam as medidas de controle 
(ROSENFELD et al., 2000).
Com a chegada da família real portuguesa, o Brasil começou a fazer parte das rotas 
comerciais de outros países europeus, intensificando o fluxo de embarcações e de circu-
lação de passageiros e mercadorias. Este fato, exigiu do Brasil uma maior intensificação 
do controle sanitário para evitar as doenças epidêmicas. Assim, as atividades sanitárias 
se mantiveram com caráter fiscalizador, julgador e punitivo. Cerca de 1810 tem início 
o Regimento da Provedoria, que dava forma a uma nova prática, muito parecida com 
a “polícia sanitária” aplicada no modelo europeu. É por meio deste tipo de regimento 
que a população passava a ser objeto de regulamentação médica e a saúde se torna-
va um problema social. Assim, estabelece normas para o controle sanitário das regi-
ões portuárias, institui quarentena para o controle das moléstias infecciosas, o controle 
de alimentos, a inspeção de matadouros, açougues, boticas, drogas e medicamentos 
(ROSENFELD et al., 2000).
Muitos acontecimentos históricos foram influenciando mudanças nesses controles e 
na gestão da vigilância sanitária no Brasil. A independência e a instauração da República 
Federativa do Brasil marcam historicamente o início das organizações sanitárias estaduais 
e a constituição de órgãos de Vigilância Sanitárias nas Unidades de Federação. Mesmo 
com muitos esforços para mudanças e melhor controle sanitário, a persistência de graves 
problemas sanitários, principalmente as doenças epidêmicas, transformava o Brasil em 
objeto de pressões internacionais. Considerado pelas classes dominantes um problema 
sério, pois comprometia o comércio portuário e o mercado consumidor. A intervenção 
no estado do Rio de Janeiro, no período de Oswaldo Cruz, e o episódio da revolta da 
vacina ilustram o primeiro período da república com muitas divergências e contradições 
na legislação sanitária (ROSENFELD et al., 2000).
Ao longo da história do Brasil a vigilância sanitária veio sofrendo muitas mudanças 
no ponto de vista de atuação e gestão da vigilância sanitária. Mas um dos marcos mais 
importantes aconteceu após a Constituição Federal de 1988, em que o Estado assume 
o papel de provedor, e a saúde se torna um direito fundamental do ser humano, e a sua 
definição passa a ser considerada como: 
Art. 6º. [...]
§ 1º. Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir ris-
cos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio 
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de 
interesse da saúde, abrangendo:
I – o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se re-
lacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da 
produção ao consumo; e
II – o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou in-
diretamente com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos. 
(BRASIL, 1990 )
Com essa lei, inaugura-se uma nova condição jurídica-formal para a vigilância sanitá-
ria, destacando sua abrangência de atuação ao incluir entre as competências do SUS, a 
vigilância de produtos, de serviços, dos ambientes e dos processos de trabalho, por meio 
da execução direta ou mediante a participação de outros setores. Ademais, atribui-se à 
Vigilância o papel de coordenar a Rede Nacional de Laboratórios para a Qualidade em 
Saúde (ROSENFELD et al., 2000).
Infelizmente, essas mudanças nas leis e o aperfeiçoamento da Vigilância Sanitária e sua 
evolução normativa não acompanharam as transformações profundas das ações dos go-
vernos na esfera federal, estadual e municipal. Com o passar do tempo, a demanda produ-
tiva e de serviços foi aumentando e a percepção da importância social e sanitária também. 
Porém, sem muitas intervenções dos governos, a atuação da vigilância foi enfraquecendo, 
trazendo uma imagem frágil da instituição. Nessa época, cria-se a Agência Nacional de 
Vigilância Sanitária (ANVS), que tem como objetivo promover a saúde da população 
realizando o controle sanitário da produção e comercialização de serviços e produtos 
que são submetidos à Vigilância Sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos 
insumos e das tecnologias a eles relacionados. Também fica com a responsabilidade do 
controle de portos, aeroportos e fronteiras (ROSENFELD et al., 2000).
Vigilância Sanitária
É fundamental que você entenda que o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária 
compreende o conjunto de ações que são executadas por instituições da administração 
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
Esses exercem atividades de regulação, normatização, controle e fiscalização na área de 
vigilância sanitária (BRASIL,1999). Assim, a Anvisa é considerada uma autarquia que se 
caracteriza por independência administrativa, financeira e estabilidade de seus dirigentes 
no período de mandato.
Entenda onde se encontra a ANVISA dentro da estrutura do Ministério da Saúde.
Estrutura Organizacional Básicado Ministério da Saúde, entenda onde se encontra a ANVISA 
dentro da estrutura do Ministério da Saúde com a “Estrutura Organizacional Básica do 
Ministério da Saúde”, na página 14. Disponível em: https://bit.ly/3xDAFQD
Agora, veja como está estruturado o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária na figura 
 a seguir:
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ANVISA
Coordenação do 
SNVS (INCQS)
Esfera
Federal
Esfera
Estadual
Esfera
Municipal
Secretarias
Estaduais de Saúde
VISAs Estaduais
SNVS
Secretarias 
Municipais de Saúde
VISAs Municipais
Figura 3 – Estrutura do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
Fonte: Adaptada de saude.pr.gov.br
Assim, temos: 
• Em âmbito federal: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – autar-
quia sob regime especial, com independência administrativa, autonomia financeira 
e estabilidade de dirigentes. É vinculada ao Ministério da Saúde (MS), com quem 
estabelece contrato de gestão e é o órgão que coordena o SNVS e o Instituto Nacio-
nal de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) – unidade vinculada administra-
tivamente à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e tecnicamente à ANVISA, com as 
atribuições de executar análises laboratoriais, definir padrões analíticos e coordenar 
a rede de laboratórios de saúde pública estaduais;
• Em âmbito estadual: a Vigilância Sanitária das Secretarias de Estado de Saúde 
(SESA) e do Distrito Federal (DF) e os Laboratórios Centrais (LACEN);
• Em âmbito municipal: a Vigilância Sanitária das Secretarias Municipais de Saú-
de (SMS).
Cada entidade federativa recebe atribuições para o desenvolvimento das atividades e 
processos de trabalho do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Na Tabela a seguir, 
encontra-se uma síntese dessas atribuições de acordo com o órgão responsável 
Tabela 1 – Ações e seus respectivos órgãos responsáveis
Ações Órgão Responsável
• Autorização de funcionamento;
• Anuência de Importação/Exportação.
• ANVISA
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
Ações Órgão Responsável
• Elaboração de Normas;
• Cadastramento;
• Inspeção;
• Atividades Educativas;
• Monitoramento de produtos e serviços;
• Investigação de Surtos e Agravos;
• Atendimentos a denúncias.
• ANVISA;
• Vigilância Sanitária Estadual;
• Vigilância Sanitária Municipal.
• Licenciamento
• Vigilância Sanitária Estadual;
• Vigilância Sanitária Municipal.
• Concessão de Registro;
• Certificação de Boas Práticas;
• Monitoramento da Publicidade;
• ANVISA com atuação da Vigilância Sanitá-
ria Estadual .
• Monitoramento do mercado .
• ANVISA com atuação da Vigilância Sani-
tária Estadual e Municipal e Laboratórios 
Centrais de Saúde Pública .
Como você pode observar, existe uma estrutura instituída em todo território nacional 
com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde. As diretrizes para o desen-
volvimento de ações que visam à vigilância em saúde estão baseadas nos princípios 
expressos na Constituição Federal, na Constituição de cada Estado e nas Leis Orgânicas 
da Saúde, com as seguintes normas: 
• O município é o responsável pelos recursos, serviços e ações de saúde; atendimen-
to individual e coletivo adequado à realidade de cada região; 
• Deve ser garantida a participação da sociedade por meio de conferências, conse-
lhos, sindicatos e Organizações Não Governamentais (ONG) de saúde; 
• Trabalho conjunto entre e dentro das instituições que se relacionam com a área 
de saúde; 
• Divulgação para garantir o acesso da informação à população; 
• Privacidade da enfermidade do cidadão, desde que não afete a saúde pública.
A adequada estruturação da vigilância sanitária é fundamental à operacionalização do 
SUS. Nesse sentido, conhecer o papel designado a cada uma das unidades que compõem 
o SNVS é fundamental para que você, futuro gestor da assistência pública, tendo conhe-
cimento de onde quer chegar e quais estratégias políticas deverá adotar, possa atuar como 
executor e transformador desse projeto de construção de cidadania no espaço social da 
saúde (SILVA; COSTA; LUCHESE, 2018).
É de fundamental importância que você tenha conhecimento sobre o Código Sanitá-
rio de seu Município. A estruturação do Código Sanitário dos Municípios é constituída 
tendo como base à sua construção os princípios expressos na Constituição Federal, na 
Constituição do seu Estado, nas Leis Orgânicas da Saúde – especificamente as Leis Fe-
derais n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990 e n.º 8.142, de 28 de dezembro de 1990 
–, no Código de Defesa do Consumidor – Lei Federal n.º 8.078, de 11 de setembro de 
1990 –, no Código de Saúde de seu Estado e na Lei Orgânica de seu Município. Os Có-
digos Sanitários seguem os seguintes preceitos: 
• Descentralização preconizada nas Constituições Federal e Estadual, bem como na 
Lei Orgânica do Município, observando as seguintes diretrizes: 
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» Direção única no âmbito nacional; 
» Municipalização dos recursos, serviços e ações de saúde, estabelecendo-se em legis-
lação específica os critérios de repasse de verbas das esferas federal e estadual; 
» Integração das ações e serviços, com base na regionalização e hierarquização do 
atendimento individual e coletivo, adequado às diversas realidades epidemiológicas; 
» Universalização da assistência com igual qualidade e acesso da população urbana 
e rural a todos os níveis dos serviços de saúde. 
• Participação da sociedade, por meio de: 
» Conferências de saúde; 
» Conselhos de saúde; 
» Representações sindicais; 
» Movimentos e organizações não governamentais. 
• Articulação intra e interinstitucional, mediante o trabalho integrado e articulado 
entre os diversos órgãos que atuam ou se relacionam com a área de saúde; 
• Publicidade para garantir o direito à informação, facilitando o acesso por meio de 
divulgação ampla e motivação dos atos; 
• Privacidade, devendo as ações de vigilância sanitária e epidemiológica preservar 
esse direito do cidadão, que só poderá ser sacrificado quando não existir outra ma-
neira de evitar perigo atual ou iminente à saúde pública (BRASIL, 1999).
Na esfera estadual, no Estado de São Paulo, por exemplo, a vigilância sanitária dis-
põe do Sistema Estadual de Vigilância Sanitária (Sevisa). Conforme Decreto Estadual 
n.º 44.954, de 6 de junho de 2000, é coordenado pelo Centro de Vigilância Sanitária 
(CVS), que é composto por equipes estaduais e municipais de vigilância em todo o Es-
tado e que tem como objetivos do Centro de Vigilância Sanitária são: planejar; coorde-
nar; supervisionar; realizar estudos e propor normas e programas abrangendo quatro 
áreas fundamentais: 
• Controle de bens de consumo que direta ou indiretamente se relacionam à saúde, 
envolvendo todas as etapas e processos de produção até o consumo final; 
• Controle dirigido à prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente 
à saúde, abrangendo entre outros, a prestação de serviços; 
• Controle dirigido às ações de saneamento do meio; 
• Controle específico sobre o ambiente e processo de trabalho.
O Sevisa integra-se ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – SNVS, sob a coor-
denação federal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa/MS) e participação 
do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), comparti-
lhando responsabilidades nas áreas de serviços de saúde e de produtos de interesse da 
saúde situados em território estadual.
Para você ter uma ideia melhor de como o Sevisa se articula com outros órgãos, toma-
mos como exemplo o Sevisa do estado de São Paulo. Na condição de subsistema do SUS, 
articula-se com as áreas afins da Secretaria de Estado da Saúde e com outros órgãos e ins-
tituições, governamentais ou não, com o objetivo de promover a saúde e prevenir riscos 
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
de agravos à saúde da população, entre eles: a Coordenadoria de Controle de Doenças 
(CCD), os Laboratórios regionais e central do Instituto Adolfo Lutz (IAL), o Centro de 
Vigilância Epidemiológica (CVE) e seus serviços regionais (GVE), assim como os serviços 
municipais de Vigilância Epidemiológica,a Superintendência de Controle de Endemias 
(Sucen), o Conselho Estadual de Saúde de São Paulo (CES/SP), o Conselho de Secre-
tários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS-SP), os Centros de Re-
ferência em Saúde do Trabalhador (CEREST), os Centros de Atendimento Toxicológico 
(CEATOX), a Secretaria de Meio Ambiente (SMA), entre outros. 
Considerando o exposto até aqui, percebe-se que a Vigilância Sanitária se encontra 
dentro de uma estrutura complexa, porém, muito bem delimitada. Mantém ferramentas 
necessárias para o controle e vigilância sanitária contínua para manter o equilíbrio e 
adaptação do homem à natureza, sempre se preocupando com o melhor aproveitamento 
dos recursos naturais e proteção do ser humano contra os riscos decorrentes de toda sua 
ação, alcançando assim, a qualidade de vida do indivíduo.
Programas de Vigilância Sanitária
Para garantir bons resultados e cumprir o papel de promotora da saúde e de preven-
ção de danos, a Vigilância Sanitária organiza sua atuação por prioridades programáti-
cas. Como seu campo de atuação é amplo, podemos dividir em dois subsistemas: os 
programas de bens e serviços de saúde e os programas voltados para o meio ambiente 
(SOLLA; GALLEGUILLOS, 2014).
Compõem os programas de bens e serviços de saúde:
• as tecnologias de alimentos, referentes aos me t́odos e processos de produção de 
alimentos necessaŕios a ̀ nutricã̧o humana;
• as tecnologias de beleza, limpeza e higiene relativas aos métodos e processos de 
produca̧ õ de cosméticos, perfumes, produtos de higiene pessoal e saneantes;
• as tecnologias de produção industrial e agrícola, referentes à produção de outros 
bens necessaŕios à vida do ser humano, como produtos agrícolas, químicos, 
drogas veterinárias;
• as tecnologias médicas, que interferem diretamente no corpo humano, na busca 
da cura da doenca̧, ali v́io ou equilíbrio da saúde, e compreendem medicamentos, 
soros, vacinas, equipamentos médico-hospitalares, cuidados médicos e cirúrgicos e 
suas organizações de atencão á saúde;
• as tecnologias do lazer, alusivas aos processos e espaco̧s onde se exercem ativida-
des não médicas, mas que interferem na saúde dos usuários, como centros espor-
tivos, cabeleireiros, barbeiros, manicures, pedicuros, institutos de beleza, espaco̧s 
culturais, clubes, hotéis etc.;
• as tecnologias de educacã̧o e convivência, referentes aos processos e espaco̧s de 
producã̧o, englobando escolas, creches, asilos, orfanatos, presídios, cujas condicõ̧es 
de aglomeracões humanas interferem na saúde.
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Compõe os programas voltados para o meio ambiente:
• o meio natural, correspondente à aǵua, solo, ar e atmosfera. Interessam ao controle 
sanitário as tecnologias utilizadas na construcão de sistemas de abastecimento de 
água potável para o consumo humano, na proteção de mananciais, no controle da 
poluicão do ar, na protecão do solo, no controle dos sistemas de esgoto sanitário 
e dos resíduos sólidos, entre outros, visando à protecã̧o dos recursos humanos e à 
garantia do equilíbrio ecológico e consequentemente da saúde humana;
• o meio construído, referentes às edificações e formas de uso e parcelamento do 
solo. Aqui o controle sanitário é exercido sobre as tecnologias na construção das 
edificações humanas (casas, edifícios, indústrias, estabelecimentos comerciais) e a 
forma de parcelamento do solo no ambiente urbano e rural; sobre os meios de loco-
moção e toda a infraestrutura urbana e de serviços, sobre o ruído urbano e outros 
fatores, no sentido de prevenir acidentes, danos individuais e coletivos e proteger o 
meio ambiente;
• o ambiente de trabalho, relativo às condições dos locais de trabalho, geralmente re-
sultantes de modelos de processos produtivos de alto risco ao ser humano. O contro-
le sanitário se dirige a esse ambiente, onde frequentemente encontram-se cidadãos 
que são obrigados a dedicar grande parte de seu tempo ao trabalho em condicões 
desagradáveis, em ambientes fechados e insalubres, em processos repetitivos, com-
petitivos e sob pressão, o que altera e põe em risco a saúde física e psicológica e a 
vida dos indivíduos e da comunidade.
Áreas de Atuação da Vigilância Sanitária
Vigilância Epidemiológica
Originalmente, a expressão vigilância epidemiológica significava “a observação sistemá-
tica e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus conta-
tos”. Tratava-se, portanto, da vigilância de pessoas, com base em medidas de isolamento 
ou de quarentena, aplicadas individualmente e não de forma coletiva. Com o programa 
de erradicação da varíola na década de 1960, foi também instituída uma fase de vigilância 
epidemiológica, que se seguia à de vacinação em massa da população. Simultaneamente, 
porém, o programa disseminou a aplicação de novos conceitos que se firmavam no âmbito 
internacional e não se vinculavam à prévia realização de uma fase de ataque. Pretendia-se, 
mediante busca ativa de casos de varíola, a detecção precoce de surtos e o bloqueio ime-
diato da transmissão da doença. Essa metodologia consagrou-se como fundamental para 
o êxito da erradicação da varíola em escala mundial e serviu de base para a organização 
de sistemas nacionais de vigilância epidemiológica (BRASIL, 2009).
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
Figura 3
Fonte: Getty Images
A informação para a vigilância epidemioloǵica destina-se à tomada de decisões, ou 
seja, se tem a informação para ser determinada a ação. Esse princípio deve reger as 
relacõ̧es entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes que podem ser utiliza-
das para o fornecimento de dados. Entre essas, a principal é a notificação, que consite 
na comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à auto-
ridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de 
medidas de intervenção pertinentes (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014).
Além da vigilância das doenças transmissíveis, a Vigilância Epidemiológica envolve 
outras áreas de atuação: emergências em saúde pública, núcleos hospitalares de epidemio-
logia, programa nacional de imunizações e vigilância de doenças e agravos não transmis-
síveis (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014). Vejamos brevemente cada uma dessas áreas:
• Emergências em saúde pública: trata-se da vigilância epidemiológica às doen-
ças emergentes e reemergentes, surtos e emergência em saúde pública. Exemplos: 
expansão da circulação do vírus da influenza, pandemia por síndrome respiratória 
aguda grave por coronavírus, uso do Antraz em ataques terroristas;
• Núcleos hospitalares de epidemiologia: o hospital é fonte para notificação das 
doenças de notificação compulsória e outros problemas de saúde, possibilitando o 
acompanhamento do perfil de morbimortalidade da população atendida, apoiando 
o planejamento do sistema de saúde;
• Programa Nacional de Imunização: criado em 1973 e, com os avanco̧s obtidos, 
o país convive com um cenário de reduzida ocorrência de óbitos por doenca̧s imu-
nopreveníveis. A oferta de imunobiológicos nos serviços públicos é cada dia mais 
abrangente, o que tem garantido o controle das doenca̧s imunopreveníveis;
• Vigilância de doenças e agravos não transmissíveis (DCNT): aqui ocorre a vi-
gilância da prevalência e características de adesão a fatores protetores e de risco já 
conhecidos, permitindo mensurar as exposicões atuais e as tendências futuras, possi-
bilitando a análise e construção de cenários de riscos prospectivos. Além disso, realiza 
a vigilância de acidentes e violências, identificando fatores associados e oferecendo 
evidências para a programas e políticas que auxiliam na promoção de saúde e pre-
venção de acidentes.
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Vigilância em Saúde Ambiental
A preocupação com o meio ambiente data de 1972 com a Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente Humano, na qual os problemas ambientais tornaram-se 
um dos assuntos mais importantes no âmbito internacional. O resultado foi a Declara-
ção de Estocolmo, que refletiu no conjunto das preocupações e concepçõesambientais 
voltadas ao aumento do conhecimento do meio ambiente, a melhoria da sua qualidade 
e sua preservação (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014).
Figura 4
Fonte: Adaptada de Freepik
A Vigilância Ambiental tem como objetivo identificar as situações de risco ou perigos no 
ambiente que possam causar doenças, incapacidades e até mortes. A partir dessa identifi-
cação, poderá traçar estratégias para a remoção ou redução da exposição a essas situações 
identificadas. A vigilância ambiental exige um esforço intersetorial, por se tratar de dados 
de outros setores, e não exclusivamente da saúde (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014).
Vigilância em Saúde do Trabalhador
O trabalho representa uma dimensão fundamental na estruturação do homem, tanto 
no âmbito individual como no coletivo, no que se refere ao desenvolvimento de suas 
capacidades cognitivas, psicológicas, espiritual, como também em relação à garantia 
das condições materiais de sobrevivência. Em contrapartida, ele tem sido, ao longo dos 
tempos, provocador de sofrimentos, adoecimentos e morte. Por isso a preocupação 
constante com a influência do trabalho na saúde do indivíduo, nas chamadas doenças 
ocupacionais (SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014).
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
Figura 5
Fonte: Freepik
Assista o filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin. Ele mostra de forma divertida a 
influência do trabalho na saúde do trabalhador e provoca muitas reflexões sobre como o 
mundo do trabalho tem impactado em nossas vidas. 
Disponível em: https://youtu.be/fCkFjlR7-JQ
Como os principais fatores de riscos (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, psicos-
sociais, mecânicos e de acidentes) devem ser identificados, as medidas de controle e 
monitoramento devem ser implantadas também, para promover a redução dos acidentes 
e das doenças do trabalho. Deve ser compreendida de uma forma mais ampla e estri-
tamente ligada à Saúde Púlica, compondo um conjunto de práticas sanitárias, articu-
ladas suprasetorialmente, cuja especificidade está centrada na relação da saúde com o 
ambiente e os processos de trabalho, e nela com a assistência, calcada nos princípios 
da vigilância em saúde, para a melhoria das condições de vida e saúde da população 
(SOLHA; GALLEGUILLOS, 2014).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA
https://youtu.be/2-VLsWhkyAg
Sala de Convidados – Saúde e Vigilância Sanitária na Agenda do Densenvolvimento
https://youtu.be/tVqrfpdwz14
Viva Mais SUS – Saúde do Trabalhador (Completo)
https://youtu.be/MarlHqr4Nd0
Ações de vigilância em saúde do trabalhador
https://youtu.be/lBet_Z_NYbk
Vigilância em Saúde Ambiental: indicador 5 – PQAVS
https://youtu.be/L-KinRh8GGw
 Leitura
Cartilha de Vigilância Sanitária 
https://bit.ly/3vLZSXJ
Vigilância Sanitária
https://bit.ly/3vPVJCa
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UNIDADE 
Vigilância Sanitária
Referências
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe 
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização 
e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, set. 
1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso 
em: 01/04/2021.
________. Lei n.º 9.782/99, define o sistema nacional de vigilância sanitária, cria a Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária e dá outras providências. Diário Oficial da União. 
Brasília, DF, 26 jan. 1999. Disponível em: <https://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1999/lei-9782-26-janeiro-1999-344896-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 
01/04/2021.
________. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de 
Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. Ministério da Saúde, 
Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. 7. ed. 
 Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf>. Acesso em: 01/04/2021.
________. Ministério da Saúde. Por dentro do Ministério: orientações para novos 
servidores. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 41 p. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/por_dentro_ministerio_saude_orientacoes_1edicao. pdf.> 
Acesso em: 01/04/2021.
ROSENFELD, S. et al. Fundamentos da Vigilância Sanitária. Rio de Janeiro: Fiocruz. 
2000. 301 p.
SILVA, J. A. A.; COSTA, E. A.; LUCHESE, G. SUS 30 anos: Vigilância Sanitária. 
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www.scielosp.org/pdf/csc/2018.v23n6/1953-1961/pt>. Acesso em: 01/04/2021.
SOLHA, R. K. T.; GALLEGUILLOS, T. G. B. Vigilância em saúde ambiental e san-
itaŕia. São Paulo: Eŕica, 2014.
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