Buscar

Direito ao meio ambiente EQUILIBRADO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO E 
LEGISLAÇÃO 
AMBIENTAL
Cinthia Louzada
Direito ao meio ambiente 
equilibrado como 
direito fundamental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Comparar o conceito de meio ambiente ecologicamente equilibrado 
com o de direito fundamental.
  Relacionar a positivação dos direitos fundamentais em relação ao 
seu contexto histórico.
  Descrever o conteúdo do direito fundamental ao meio ambiente 
equilibrado no ordenamento jurídico.
Introdução
No Brasil, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado foi 
alçado como direito fundamental na Constituição Federal de 1988. Esses 
direitos são espécies de garantias constitucionais positivadas para definir 
os valores de determinado Estado. Esses valores são fruto do contexto 
histórico e social de determinado período, e refletem as condições da 
sociedade em preocupar-se em garantir determinados valores.
Neste capítulo, você vai ler sobre o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado como um produto de nossa época e sobre o conteúdo dos 
direitos fundamentais de terceira geração em nosso ordenamento jurídico.
Direitos fundamentais e as suas gerações
O direito a um meio ambiente equilibrado é alçado à categoria de direito 
fundamental no ordenamento jurídico brasileiro no art. 225 da Constituição 
Federal, integrando um sistema de direitos fundamentais constitucionais 
juntamente aos arts. 5º, 7º e 170 da Carta Magna.
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 1 18/12/2017 17:16:53
O que são direitos fundamentais e qual é o seu papel no ordenamento 
jurídico? Segundo a lição de Bobbio (2004, p. 54):
No Preâmbulo ao Estatuto das Nações Unidas, emanado depois da tragédia 
da Segunda Guerra Mundial, afirma-se que doravante deverão ser protegidos 
os direitos do homem fora e acima dos Estados particulares, “se se quer evitar 
que o homem seja obrigado, como última instância, a rebelar-se contra a tira-
nia e a opressão”. Três anos depois, foi solenemente aprovada a Declaração 
Universal dos Direitos do Homem, através da qual todos os homens da Terra, 
tornando-se idealmente sujeitos do direito internacional, adquiriram uma nova 
cidadania, a cidadania mundial, e, enquanto tais, tornaram-se potencialmente 
titulares do direito de exigir o respeito aos direitos fundamentais contra o seu 
próprio Estado. Naquele luminoso opúsculo que é a paz perpétua, Kant traça 
as linhas de um direito que vai além do direito público interno e do direito 
pública externo, chamando-o de “direito cosmopolita”. É o direito do futuro, 
que deveria regular não mais o direito entre Estados e súditos, não mais aquele 
entre os Estados particulares, mas o direito entre os cidadãos dos diversos 
Estados entre si, um direito que, para Kant, não é “uma representação fantástica 
de mentes exaltadas”, mas uma das condições necessárias para a busca da 
paz perpétua, numa época da história em que “a violação do direito ocorrida 
num ponto da Terra é percebida em todos os outros pontos”.
Dessa forma, os direitos fundamentais são direitos garantidos pelo Es-
tado nas suas Constituições. Emergem dos direitos humanos como uma 
categoria contra todos, inclusive contra o próprio Estado em relação aos 
seus súditos no âmbito internacional, em um primeiro princípio emanando 
dos princípios da Revolução Francesa contra a tirania e a opressão, e, mais 
tarde, em busca de termos gerais para obtenção da paz, como consagrado 
no período pós-guerra na carta da Organização das Nações Unidas (ONU) 
dos Direitos Humanos.
Essa positivação de valores humanos, no entanto, não é estanque, como 
ensina o autor:
[...] os direitos do homem constituem uma classe variável, como a história 
destes últimos séculos demonstra suficientemente. O elenco dos direitos 
do homem se modificou, e continua a se modificar, com a mudança das 
condições históricas, ou seja, dos carecimentos e dos interesses, das classes 
no poder, dos meios disponíveis para a realização dos mesmos, das transfor-
mações técnicas, etc. Direitos que foram declarados absolutos no final do 
século XVIII, como a propriedade sacre et inviolable, foram submetidos a 
radicais limitações nas declarações contemporâneas; direitos que as decla-
rações do século XVIII nem sequer mencionavam, como os direitos sociais, 
são agora proclamados com grande ostentação nas recentes declarações 
(BOBBIO, 2004, p. 12).
Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental2
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 2 18/12/2017 17:16:54
Assim, é possível compreender que, nas suas origens remotas, a Declaração 
dos Direitos dos Homens e do Cidadão, de 1789, proveniente da Revolução 
Francesa, possui um escopo de liberdade e proteção contra as ações do Es-
tado — portanto, declara direitos do cidadão privados e abstenção da ação 
estatal, que configura a propriedade sagrada e inviolável como uma forma 
de o cidadão proteger o domínio da intervenção outrora abusiva de um Estado 
totalitário. Por sua vez, os direitos tutelados pela declaração da ONU de 1948 
tinham conteúdo de liberdade originado dos princípios da Revolução Francesa 
como uma reafirmação da sua importância, mas também direitos contra a 
arbitrariedade do tratamento dos cidadãos, que refletiram o período das duas 
guerras mundiais que a antecederam. Em continuidade a esse panorama, 
Bobbio (2004, p. 12) declara que:
Não é difícil prever que, no futuro, poderão emergir novas pretensões que no 
momento nem sequer podemos imaginar, como o direito a não portar armas 
contra a própria vontade, ou o direito de respeitar a vida também dos animais 
e não só dos homens. O que prova que não existem direitos fundamentais por 
natureza. O que parece fundamental numa época histórica e numa determi-
nada civilização não é fundamental em outras épocas e em outras culturas.
Não se concebe como seja possível atribuir um fundamento absoluto a direitos 
historicamente relativos. De resto, não há por que ter medo do relativismo. A 
constatada pluralidade das concepções religiosas e morais é um fato histórico, 
também ele sujeito a modificação. O relativismo que deriva dessa pluralidade 
é também relativo. E, além do mais, é precisamente esse relativismo o mais 
forte argumento em favor de alguns direitos do homem, dos mais celebrados, 
como a liberdade de religião e, em geral, a liberdade de pensamento. Se não 
estivéssemos convencidos da irresistível pluralidade das concepções últimas, 
e se, ao contrário, estivéssemos convencidos de que asserções religiosas, 
éticas e políticas são demonstráveis como teoremas (e essa era, mais uma 
vez, a ilusão dos jusnaturalistas, de um Hobbes, por exemplo, que chamava 
as leis naturais de “teoremas”).
Dessa forma, em que pese os direitos fundamentais serem uma proteção 
forte de direitos tutelados pelo Estado ou contra a atividade estatal em prol 
da liberdade privada, eles são dinâmicos, o que explica a sua evolução em 
gerações, conforme desenvolvido por Bobbio. Segundo o autor:
[...] os direitos não nascem todos de uma vez. Nascem quando devem ou 
podem nascer. Nascem quando o aumento do poder do homem sobre o 
homem — que acompanha inevitavelmente o progresso técnico, isto é, 
o progresso da capacidade do homem de dominar a natureza e os outros 
homens — ou cria novas ameaças à liberdade do indivíduo ou permite novos 
remédios para as suas indigências: ameaças que são enfrentadas através 
3Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 3 18/12/2017 17:16:54
de demandas de limitações do poder; remédios que são providenciados 
através da exigência de que o mesmo poder intervenha de modo protetor. 
As primeiras correspondem os direitos de liberdade, ou um não agir do 
Estado; aos segundos, os direitos sociais, ou uma ação positiva do Estado. 
Embora as exigências de direitos possam estar dispostas cronologicamente 
em diversas fases ou gerações, suas espécies são sempre — com relação 
aos poderes constituídos,apenas duas: ou impedir os malefícios de tais 
poderes ou obter seus benefícios. Nos direitos de terceira e de quarta 
geração, podem existir direitos tanto de uma quanto de outra espécie 
(BOBBIO, 2004, p. 8).
Assim, conforme a sociedade evolui da proteção de direitos à liberdade, 
é possível refletir e exigir direitos sociais e, a partir do cumprimento desses 
postulados, podemos observar direitos que fogem da esfera individual para 
uma perspectiva difusa, como os direitos de terceira geração, ou mesmo em 
relação a outros seres, ou à constituição biológica do ser humano, como o 
autor prevê em relação aos direitos de quarta geração:
Ao lado dos direitos sociais, que foram chamados de direitos de segunda 
geração, emergiram hoje os chamados direitos de terceira geração, que 
constituem uma categoria, para dizer a verdade, ainda excessivamente 
heterogênea e vaga, o que nos impede de compreender do que efetivamente 
se trata. O mais importante deles é o reivindicado pelos movimentos ecoló-
gicos: o direito de viver num ambiente não poluído. Mas já se apresentam 
novas exigências que só poderiam chamar-se de direitos de quarta geração, 
referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica, 
que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo 
(BOBBIO, 2004, p. 8).
Dessa forma, podemos caracterizar os direitos fundamentais como um 
reflexo do tempo e dos valores de determinada nação a partir dos avanços tec-
nológicos e da reflexão que determinada sociedade emprega sobre o conteúdo 
mínimo dos direitos a serem tutelados pelo Estado ou contra o Estado. A sua 
previsão se encontra normalmente na Constituição, no âmbito interno e nos 
tratados internacionais de direitos humanos da ONU no âmbito internacional, 
tendo abrangência dinâmica desde a sua criação conceitual.
Trata-se de direitos positivos, uma vez que estão escritos e ratificados 
no âmbito interno de cada Estado, mas com relação íntima do conteúdo 
filosófico do que se consideram direitos naturais do homem em determinado 
contexto e discussão acerca das influências entre o Estado, a ciência, o 
homem e a natureza.
Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental4
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 4 18/12/2017 17:16:54
Os direitos fundamentais evoluem conforme as sociedades se reorganizam em perí-
odos históricos. Os direitos de primeira geração, contextualizados no final do regime 
absolutista e da revolução burguesa, tinham como condão os chamados direitos de 
liberdade; já os direitos de segunda geração, após as discussões políticas entre esquerda 
e direita durante a Guerra Fria, determinaram os chamados direitos sociais. Por fim, os 
direitos atuais, que focam na afirmação de determinados grupos e titulares sem voz, 
compõem os direitos de solidariedade ou direitos de terceira geração, sendo esse 
processo dinâmico quanto à história e às mudanças sociais enfrentadas por todos os 
povos e por povos específicos dentro do seu Estado nacional.
Direito a um meio ambiente 
equilibrado e o seu contexto histórico
Conforme vimos, o direito a um meio ambiente equilibrado, assim como os 
demais direitos fundamentais, é produto do seu tempo, de modo que Bobbio 
(2004, p. 10) afi rma que:
Os direitos de terceira geração, como o de viver num ambiente não polu-
ído, não poderiam ter sido sequer imaginados quando foram propostos os 
de Segunda geração, do mesmo modo como estes últimos (por exemplo, o 
direito à instrução ou à assistência) não eram sequer concebíveis quando 
foram promulgadas as primeiras declarações setecentistas. Essas exigências 
nascem somente quando nascem determinados carecimentos. Novos care-
cimentos nascem em função da mudança das condições sociais e quando o 
desenvolvimento técnico permite satisfazê-los. Falar de direitos naturais ou 
fundamentais, inalienáveis ou invioláveis, é usar fórmulas de uma linguagem 
persuasiva, que podem ter uma função prática num documento político, a 
de dar maior força à exigência, mas não têm nenhum valor teórico, sendo, 
portanto, completamente irrelevantes numa discussão de teoria do direito.
Assim, para compreendermos o conteúdo do direito a um meio ambiente 
equilibrado, devemos observar o seu contexto de criação, a sua evolução e o 
contexto histórico em que vivemos para que ele ganhe relevância prática, e 
consequentemente, jurídica.
A pedra fundamental para o desenvolvimento de um direito humano ao 
meio ambiente equilibrado foi lançada na Conferência das Nações Unidas de 
1972, em Estocolmo, onde foi formulado o seguinte texto:
5Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 5 18/12/2017 17:16:54
1. O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o cerca, 
o qual lhe dá sustento material e lhe oferece oportunidade para desenvolver-se 
intelectual, moral, social e espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da 
raça humana neste planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida 
aceleração da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de trans-
formar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem precedentes, tudo que o 
cerca. Os dois aspectos do meio ambiente humano, o natural e o artificial, são 
essenciais para o bem-estar do homem e para o gozo dos direitos humanos 
fundamentais, inclusive o direito à vida mesma.
2. A proteção e o melhoramento do meio ambiente humano são uma questão 
fundamental que afeta o bem-estar dos povos e o desenvolvimento econômico 
do mundo inteiro, um desejo urgente dos povos de todo o mundo e um dever 
de todos os governos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1972).
Como depreendemos da leitura dos dois primeiros postulados da declaração 
de Estocolmo, a preocupação com a qualidade ambiental dava-se primeira-
mente em relação à saúde e ao bem-estar humano, e, portanto, à proteção de 
um meio ambiente humano. Essa tendência seguia os direitos de primeira e 
segunda gerações, em que a tutela dos direitos humanos tinha como sujeitos 
de direitos o indivíduo e a coletividade de seres que compunham o Estado e 
a comunidade internacional.
Na sua origem, a discussão sobre um meio ambiente saudável, conforme 
descreve o postulado primeiro da conferência, dá-se pela crescente intervenção 
do desenvolvimento industrial no meio ambiente em que o homem se insere e 
no desenvolvimento de doenças vinculadas a essa relação unilateral. O pos-
tulado segundo, por sua vez, estabelece a necessidade de mudança de postura 
do homem em relação à natureza (para o seu próprio bem) e da postura dos 
seus respectivos governos, a fim de estabelecerem políticas para controlar as 
suas atividades.
A Conferência Rio-92 avança sobre essa matéria de forma significativa, 
colocando ao lado do homem enquanto sujeito de restrições o próprio Estado, 
reafirmando a sua função de garantidor de qualidade ambiental. Também 
retira o termo ambiente humano para privilegiar a harmonia com a natureza 
ao lado de uma vida saudável e produtiva, portanto alargando o conceito de 
meio ambiente para os seres não humanos, e estabelece o conceito de desen-
volvimento sustentável nos seus princípios 1 e 2:
Princípio 1
Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento 
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com 
a natureza. 
Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental6
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 6 18/12/2017 17:16:54
Princípio 2 
Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do 
direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recur-
sos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, 
e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu 
controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas 
além dos limites da jurisdição nacional (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES 
UNIDAS, 1992). 
Além disso, o princípio 3 da Conferência Rio-92 traz a inovação dares-
ponsabilidade intergeracional em relação ao bem meio ambiente:
Princípio 3 
O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam 
atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio 
ambiente das gerações presentes e futuras (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES 
UNIDAS, 1992). 
Em Johanesburgo, no ano de 2002, em comemoração aos 10 anos da Con-
ferência Rio-92, foi realizada a Conferência Rio+10, que tentou solidificar o 
conceito de desenvolvimento sustentável a partir do tripé econômico, social 
e ambiental. 
A Rio+10 colocou ao lado da preservação ambiental conceitos como a erradicação da 
pobreza, o desenvolvimento regional e os programas de habitação de forma harmônica, 
construindo uma ponte entre as diferentes gerações de direitos fundamentais, em 
especial os direitos de segunda e terceira gerações, no seu plano de ações. 
A Convenção de Johanesburgo chama a atenção para a necessidade da 
sustentabilidade do consumo e da mudança de postura individual em relação 
ao meio ambiente como catalizador de mudanças (ORGANIZAÇÃO DAS 
NAÇÕES UNIDAS, 2002).
A conferência mais impactante da atualidade, a Rio+20, realizada em 2012, 
reafirmou diversos aspectos das conferências anteriores, cristalizando a inter-
conectividade dos direitos de segunda e terceira gerações nos seus postulados:
7Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 7 18/12/2017 17:16:54
1. Nós, Chefes de Estado e de Governo, e representantes de alto nível, reu-
nidos no Rio de Janeiro, Brasil, de 20 a 22 de junho de 2012, com a plena 
participação da sociedade civil, renovamos o nosso compromisso com o 
desenvolvimento sustentável e com a promoção de um futuro econômico, 
social e ambientalmente sustentável para o nosso planeta e para as atuais 
e futuras gerações.
2. Erradicar a pobreza é o maior desafio global que o mundo enfrenta hoje, e 
um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Neste sentido 
temos o compromisso de libertar a humanidade, urgentemente, da pobreza 
e da fome.
3. Afirmamos, portanto, a necessidade de uma melhor integração dos aspectos 
econômicos, sociais e ambientais do desenvolvimento sustentável em todos 
os níveis, e reconhecemos as relações existentes entre esses diversos aspectos 
para se alcançar o desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões.
4. Reconhecemos que a erradicação da pobreza, a mudança dos modos de 
consumo e produção não viáveis para modos sustentáveis, bem como a proteção 
e gestão dos recursos naturais, que estruturam o desenvolvimento econômico 
e social, são objetivos fundamentais e requisitos essenciais para o desenvol-
vimento sustentável (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2012).
Dessa forma, em sintonia com a teoria de Bobbio, o direito a um meio 
ambiente equilibrado surge a partir da noção social de um alcance relativo 
dos direitos de liberdade e direitos sociais de primeira e segunda gerações, 
respectivamente. 
No entanto, a partir da evolução das discussões sobre a preservação do 
meio ambiente no cenário internacional (e de forma reflexa no cenário na-
cional), é possível observarmos a necessidade de desenvolvimento paralelo 
entre esses direitos, sendo reafirmados direitos básicos, como a erradicação 
da pobreza, como pressupostos para o alcance de direitos sociais e transindi-
viduais respectivamente. 
Dessa forma, o conceito-chave para estabelecer o conteúdo do direito a 
um meio ambiente equilibrado, conforme a evolução das conferências mun-
diais sobre o tema, encontra-se na noção de desenvolvimento sustentável 
nas suas esferas econômica (que pressupõe a liberdade privada para o seu 
alcance), social (que prevê ações positivas do Estado para a sua tutela) e 
ambiental (que deve incentivar ações econômicas para o desenvolvimento 
de inovações menos nocivas ao meio ambiente e para resolver problemas 
existentes). Ao mesmo tempo, é necessário o desenvolvimento de políticas 
de igualdade social para promover a possibilidade de ação e reflexão do 
povo em relação à tutela do meio ambiente como uma necessidade solidária 
da humanidade).
Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental8
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 8 18/12/2017 17:16:55
Direito a um meio ambiente 
equilibrado no âmbito interno
O art. 225 da Constituição Federal de 1988 positiva, no nosso ordenamento, o 
direito fundamental ao meio ambiente equilibrado, a partir do seguinte teor:
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). 
Dessa forma, é possível extrair do Texto Constitucional a evolução do 
conceito de meio ambiente humano para convivência com a natureza a 
partir da abstenção do termo “os seres humanos”, seguido do termo “to-
dos”, conforme defendido pela corrente biocêntrica da doutrina ambiental, a 
exemplo do reconhecimento da personalidade jurídica dos animais feito pelo 
Código Civil francês no art. 515 e pelo Código Civil português no art. 201-B, 
que reconhecem animais como seres vivos dotados de sensibilidade como 
titulares de direitos. O mesmo trecho, porém, é interpretado pela doutrina 
mais conservadora como restrito aos seres humanos como os seus detentores.
Em uma segunda leitura do texto, é possível extrair o conteúdo de um meio 
ambiente equilibrado, em conjunto com os trechos bem de uso comum do povo 
e essencial à sadia qualidade de vida. Nesse segundo trecho, extraímos a noção 
de bem coletivo enquanto de uso comum do povo, bem como o direito subjetivo 
entre cada sujeito que compõe esse povo, podendo esse meio ambiente se situar 
na sua propriedade privada ou em propriedade pública; mas o seu uso, gozo e 
fruição são coletivos. Já o segundo segmento compreende as partículas de uso 
comum vinculadas aos bens essenciais à sadia qualidade de vida; portanto, nem 
todos os elementos ambientais são de uso comum, somente aqueles elementos 
indispensáveis para a qualidade de vida (novamente, a Constituição não res-
tringe o texto à vida humana, podendo ser interpretada de maneira extensiva 
ou restritiva de acordo com a posição doutrinária adotada).
Finalmente, o caput emprega ao Poder Público e à coletividade o poder de 
tutelar esse direito, em nome da atual e das futuras gerações, absorvendo o 
postulado da Rio-92 quanto à responsabilidade multigeracional e do dever do 
Estado de garantir a tutela desse direito, em conjunto com os seus sujeitos, de-
tentores do direito subjetivo ao meio ambiente equilibrado nos seus elementos 
essenciais à saúde.
9Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 9 18/12/2017 17:16:55
Para tanto, o art. 225 dispõe, nos seus parágrafos, os deveres específicos 
e ferramentais do Poder Público como (BRASIL, 1988):
  preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e dos ecossistemas; 
  preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
  definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e os 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração 
e a supressão permitidas somente por meio de lei, vedada qualquer 
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem 
sua proteção; 
  exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencial-
mente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
  controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, mé-
todos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de 
vida e o meio ambiente; 
  promover a educação ambiental em todos os níveis deensino e a cons-
cientização pública para a preservação do meio ambiente; 
  proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco a sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais à crueldade.
Já o § 2º outorga ao ente público ou privado que explorar recursos 
minerais o dever de recuperação do ambiente degradado de acordo com 
a solução técnica exigida pelo órgão público competente, que, segundo 
a Lei Complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011, e o Código de 
Mineração, é a subseção do Departamento Nacional de Mineração mais 
próximo ou da prefeitura ou órgão do Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA) responsável pela expedição da licença ambiental do empreen-
dimento (BRASIL, 2011).
Já o § 3º estabelece a tríplice responsabilidade penal, administrativa e 
civil, que, conforme o caput, é de titularidade da coletividade (por meio de 
organizações não governamentais ou do Ministério Público) ou do Poder 
Público (por meio do SISNAMA) para buscar a reparação, retaliação ou pe-
nalização por danos, infrações e/ou crimes cometidos contra o meio ambiente 
(BRASIL, 1988).
Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental10
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 10 18/12/2017 17:16:55
O § 4º define como biomas de proteção especial (BRASIL, 1988):
 Floresta Amazônica brasileira;
 Mata Atlântica;
 Serra do Mar;
 Pantanal Mato-Grossense;
 zona costeira.
Já o § 5º torna indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas 
naturais (BRASIL, 1988). 
Finalmente, o § 6º vincula a operação de usinas com reator nuclear à defi-
nição da sua localização em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas, 
dado o potencial risco dessa atividade. Essas atividades possuem regramento 
especial dado pela Lei nº. 6.453, de 17 de outubro de 1977.
Por meio da leitura do caput do art. 225 e dos seus parágrafos, fica clara a 
amplitude do direito a um meio ambiente equilibrado, a partir da proteção de 
áreas especiais, biodiversidade, saúde humana, direitos de animais, plantas 
e outros seres vivos, tutela das atividades energéticas, minerárias e outras, 
além da responsabilidade civil, penal e administrativa, criando um verdadeiro 
subsistema jurídico centrado na proteção sistêmica dos direitos humanos a 
partir de um conceito de desenvolvimento sustentável das suas atividades. 
Esse sistema deve ser extraído em harmonia com os princípios internacionais 
de Direito Ambiental dados pelas diversas convenções ratificadas pelo Brasil, 
que, pela força do art. 5º, §§ 1º e 2º, contemplam os tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte, com aplicação imediata.
11Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 11 18/12/2017 17:16:56
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BRASIL. Lei complementar nº. 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos 
incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, 
para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas 
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à 
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate 
à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da 
flora; e altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. 2011. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp140.htm>. Acesso em: 11 dez. 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 
Senado Federal, 1988.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração final da conferência das nações 
unidas sobre desenvolvimento sustentável (Rio+20). 2012. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/O-Futuro-que-queremos1.pdf>. 
Acesso em: 11 dez. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Rio+10: o plano de ação de Joanesburgo. 2002. 
Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/
estudos-e-notas-tecnicas/arquivos-pdf/pdf/207993.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração sobre meio ambiente e desenvol-
vimento. 1992. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/
Meio-Ambiente/declaracao-sobre-meio-ambiente-e-desenvolvimento.html>. Acesso 
em: 11 dez. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração de Estocolmo sobre o ambiente 
humano. 1972. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/
Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html>. Acesso 
em: 11 dez. 2017. 
Leituras recomendadas
BRASIL. Lei nº. 6.453, de 17 de outubro de 1977. Dispõe sobre a responsabilidade civil por 
danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades 
nucleares e dá outras providências. 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/l6453.htm>. Acesso em: 12 dez. 2017.
MILARÉ, E. Direito do ambiente. 8. ed. São Paulo: Revistas dos Tribunais, 2013.
NARDY, A. et al. Princípios de direito ambiental: na dimensão internacional e comparada. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
13Direito ao meio ambiente equilibrado como direito fundamental
Cap_3_Direito_e_Legislacao_Ambiental.indd 13 18/12/2017 17:16:58
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

Outros materiais