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WBA0158_v2.0 APRENDIZAGEM EM FOCO A CRIANÇA COMO PRODUTORA CULTURAL 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Marta Regina Furlan de Oliveira Leitura crítica: Verônica Belfi Roncetti Paulino Esta disciplina objetiva refletir sobre a criança enquanto produtora de cultura e as formas de conexões com as mudanças sociais, históricas, políticas e formativas. É fato que essa discussão é necessária e pertinente, principalmente para profissionais educacionais que têm intenções de trabalhar com as crianças pequenas. A luta por uma educação de qualidade e que garanta os direitos fundamentais das crianças inspiram a pensar em novos direcionamentos pedagógicos e formativos em prol de acolher a criança e sua forma individual e subjetiva de ser e estar no mundo. Diante disso, para uma melhor organização estrutural dos conteúdos e objetivos de aprendizagem, essa disciplina será dividida em quatro unidades, os quais estão dispostos em conteúdos programáticos. A primeira traz a discussão sobre A construção cultural da infância no Brasil como marco histórico e social para compreender a infância em dias atuais. A segunda unidade discorre sobre Criança, produção cultural e educação da infância, bem como direciona para o entendimento sobre o conceito de criança e de infância enquanto potência de cultura. A terceira unidade busca analisar e refletir sobre A criança contemporânea: consume, tecnologia, mídia e lúdico e, de forma ampla, a criança está envolvida por um universo mercadológico e capitalista, que tem como prioridade o consume, a disseminação da tecnologia em longa escala, o fortalecimento da cultura midiática e da indústria do brincar. Na quarta unidade, a discussão envolve O sentido de educar a criança na contemporaneidade: proposições pedagógicas, direcionando o olhar para a educação infantil e o sentido de educar 3 a criança, apresentando proposições pedagógicas sobre o tempo, espaço e interações. Logo, os assuntos abordados nesta disciplina potencializam um olhar mais crítico e reflexivo sobre as nossas crianças até 5 anos, no sentido de melhor compreender a infância e o sentido de educar a criança desde a mais tenra idade. O convite é para que você, estudante, aproveite essa oportunidade de estudar e aprender um pouco mais sobre esse universo da criança e da cultura envolvida. INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! A construção cultural da infância no Brasil ______________________________________________________________ Autoria: Marta Regina Furlan de Oliveira Leitura crítica: Verônica Belfi Roncetti Paulino TEMA 1 5 DIRETO AO PONTO A infância é uma construção social, histórica e cultural e se encontra em contínuo processo de mudança mediante aos fatores que a constrói e das dimensões de que se compõem. Reconhecer a criança como o ser social que ela é significa considerar sua história e sua forma peculiar de ser e estar no mundo, visto que diante das situações sociais mais amplas em cada contexto social, a criança vai expressando esses ditames. Sobre isso, temos as crianças contemporâneas que revelam em sua cotidianidade a cultura mercadológica, tecnológica, midiática e lúdica da infância. Ainda, a infância expressa linguagens e experiências que merece um olhar educacional apurado em consonância com possíveis implicações pedagógicas. Nesta percepção sobre a infância e a diversidade estabelecida pelas condições sociais, culturais, históricas, econômicas e educativas, é mister reconhecer as crianças indígenas, afrodescendentes, asiáticas, europeias e americanas. A partir disso, reconhecer, valorizar o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas africanas, afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e à discriminação. Nesta empreitada, as crianças, filhos de agricultores familiares, camponeses, indígenas, pescadores, quilombolas, entre outros grupos culturais, precisam ter os mesmos direitos e o mesmo respeito das outras crianças. As concepções de infância mudam historicamente, revelando diversas maneiras de olhar e perceber a criança em sua individualidade. Portanto, a infância é um atributo cultural e não natural, ou seja, uma construção dialética, uma vez que o desenvolvimento humano avança para além da evolução biológica da espécie. 6 A partir disso, ao tratar da infância nos dias atuais, defende-se a imagem da criança cidadã, cabendo a ela direitos e deveres. Em relação aos direitos da criança, pode-se pensar no direito ao respeito da sua forma peculiar de ser e estar no mundo, suas experiências e percepções de mundo; também pela sua forma afetiva de se expressar, de sentir e de ser o que ela é. Para que isso aconteça, é importante atentar para as lutas e conquistas na história, principalmente no que tange ao período da Idade Média, Moderna e Pós-Moderna, conforme a figura seguir. Figura 1 - A infância na história: lutas e conquistas Fonte: elaborada pela autora. É preciso reviver um mundo da infância diferente do que aconteceu em tempos anteriores, que precisa ser realmente vislumbrado por um sentimento de sensibilidade e de responsabilidade pela criança que trouxemos ao mundo. Para isso, as crianças precisam ser olhadas por meio de sentimentos, alegrias, tristezas e, também, por causa das dificuldades em que muitas crianças têm de estar nesta terra comum chamada mundo. Essas crianças, infelizmente, são, em sua maioria, esquecidas e sem voz. Nesse sentido, ainda, a criança não é um vir a ser pois já é, está. E, diante disso, não deve carregar os fardos de adultos frustrados que acabam depositando uma avalanche de responsabilidade para as crianças além do que é possível para a sua infância, a citar crianças com agendas superlotadas e que ainda carregam marcas adultizadas. 7 Logo, ao conceber a infância de direitos, é notória a necessidade de que a sociedade e o mundo adulto olhem as crianças pela acolhida, sensibilidade, escuta, memória do vivido, potência em falar, narrar, expressar seus medos, suas angústias, suas certezas e incertezas. Enfim, deixar que as palavras das crianças dilucidam em seus lábios que se movimentam entre sorrisos e espontaneidade saboreando o gosto suculento da existência e da vida humana. Referências bibliográficas FARIA, A. L. G. de; DEMARTINI, Z. de B. F.; PRADO, P. D. (orgs.). Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças. 3. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009. PARA SABER MAIS Em pleno século XXI, embora se tenha um discurso ferrenho em relação a criança cidadã, de direitos e deveres, há ainda uma materialidade que é vivida por uma maioria de nossas crianças que tem sua infância roubada pela adultização e erotização infantil, pela exploração do trabalho escravo infantil, pela tecnologia que lhe rouba a infância lúdica, imaginativa e fantasiosa, e onde a criança passa a ser receptora da ludicidade dos outros do outro lado da tela. Da criança que ainda é refém de uma sociedade negligente que é impotente em lhe garantir a preservação de uma vida digna e de proteção, como é o caso de tantas crianças que se vão por falta de cuidados, alimentos, que são violentadas pela própria família, abusadas de todas as formas. Nesse feito, a problemática é: “Nossas crianças realmente estão melhores?” Sobre isso, é urgente e desafiador pensar que as concepções que se tem hoje de infância e ser criança precisam ser emancipadas a 8 todos os pequenos de diferentes culturas e realidade, bem como as crianças precisam construir suas identidades de modo a diferenciar dos adultos e que, de certa forma, precisam ocupar seu lugar de crianças e vivenciar ativamente sua infância com dignidade e respeito. Isto posto, a criança deve ser protagonistana instigante tarefa de ler e descobrir o mundo que a espera, na fascinante busca do novo e na reconstrução do velho, no conhecer e conhecer-se. Referências bibliográficas BARBOSA, M. C. S. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100-Especial, p. 1059-1083, out. 2007. TEORIA EM PRÁTICA Ao pensar a criança no solo contemporâneo, embora haja um discurso bem-organizado de valorização à infância, tem-se ainda a necessidade de trilhar novos direcionamentos que considere as crianças em suas diferentes linguagens e contextos. Sobre isso, é preciso direcionar um olhar humanizador e formativo para que a criança seja respeitada na sua especificidade humana, considerando que ela não é um adulto em miniatura, mas um ser humano que se desenvolver em todas as áreas da vida, sejam elas: social, afetiva, psíquica, física, cultural, cognitiva etc. Diante disso, o que os adultos, seja na qualidade família ou professores, podem fazer para que as crianças tenham o direito de ser criança em sua peculiaridade e de expressar suas leituras de mundo? 9 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O texto indicado objetiva apresentar algumas considerações sobre a infância sob a ótica histórica e sociológica, centrando-se na concepção voltada a sociologia da infância. Por meio de uma breve retomada histórica do conceito sobre infância traz até a modernidade perpassando por elementos mais efetivos para a compreensão deste processo acerca da infância e da criança. Indicações de leitura 10 NASCIMENTO, C. T.; BRANCHER, V. R.; OLIVEIRA, V. F. A Construção Social do Conceito de Infância: algumas interlocuções históricas e sociológicas. Contexto e Educação, Ijuí, ano 23, n. 79, p. 47-63, jan./jun. 2008. Indicação 2 O artigo de Manuel Jacinto Sarmento traz uma discussão atual e relevante, levando o leitor a pensar sobre as representações históricas e sociais acerca das infâncias percebidas e não percebidas na cultura, bem como as formas peculiares de ser/estar crianças. SARMENTO, M. J. Visibilidade Social e estudo da infância. In: VASCONCELLOS, V. M. R; SARMENTO, M. J. (org.). Infância (in)visível. Araraquara: Junqueira & Marin, 2007. p. 25-49. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Sarmento (2005, p. 365) que afirma que a “infância é historicamente construída a partir de um processo de longa duração que lhe atribuiu um estatuto social e que elaborou as bases ideológicas, normativas e referenciais do seu lugar na sociedade”. A partir destes preceitos, analise as alternativas que 11 melhor expressam a concepção de infância e criança que estão de acordo com o autor. Fonte: SARMENTO, M. J. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, p. 361-378, maio/ago. 2005. a. A infância é um dado biológico e a criança um ser histórico. b. A infância é o próprio desenvolvimento da criança. c. A infância é uma fase da inocência em que a criança não tem voz. d. A infância é uma construção histórica e a criança sujeito de direitos. e. A infância é uma construção cultural e a criança um ser frágil e inocente. 2. Para Dahlberg et al. (2003, p.72) a criança “é entendida e reconhecida como sendo parte da sociedade”. Entretanto, no século XXI, embora tenhamos um discurso e lutas pela infância de direitos, ainda é possível perceber que tal busca não tem sido efetivamente materializada pela sociedade de modo geral e pelo mundo adulto responsável pelos pequenos. Analise as alternativas em relação ao que pode ser feito que podem garantir que: a criança é criança, independente do contexto social, histórico, político e econômico. Fonte: DAHLBERG, G. et al. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2003. a. A criança é criança, independente do contexto social, histórico, político e cultural. 12 b. A criança é criança e depende do contexto social, histórico, político e econômico. c. A criança é criança de acordo com o contexto social e de acordo condição ideal de infância. d. A criança é criança em detrimento do contexto social, no sentido de valorizar a infância tecnológica. e. A criança é criança e está articulada com o contexto social, político, cultural e religioso. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A infância não é somente um dado biológico, tão pouco reduzida a uma fase do desenvolvimento da criança. Ainda, não se pode afirmar que a infância está limitada a uma fase da inocência e que a criança não tem voz, mas como uma construção histórica, social e cultural e a criança um ser de direitos, que tem leituras e percepções sobre o mundo ao seu redor. Questão 2 - Resposta A Resolução: Um dos princípios básicos para garantir os direitos das crianças a uma vida com mais dignidade é respeitar e valorizar os diversos tipos de infâncias e crianças, desconsiderando um olhar homogeneizado em prol da heterogeneidade infantil e ou diversidade. Nessa condição, a criança é criança independente do contexto social, histórico, político e cultural. Nesse sentido, em decorrência desses elementos há a infância tecnológica, indígena, camponesa, tecnológica, consumista etc. Diante disso, entendemos que não se fecha em uma concepção única de infância, mas infâncias e, que não há uma concepção universal de crianças, mas crianças. Criança, produção cultural e educação da infância ______________________________________________________________ Autoria: Marta Regina Furlan de Oliveira Leitura crítica: Verônica Belfi Roncetti Paulino TEMA 2 14 DIRETO AO PONTO A criação de sucessivas representações da infância e das crianças ao longo da história tem produzido um efeito de visibilidade e invisibilidade social. No que tange ao efeito de invisibilidade, o trabalho imaginativo e idealista da infância provocou a redução da complexidade real de como nossas crianças têm constituído suas infâncias em detrimento da divinização das realidades e de interpretações para fins normativos da criança ideal. O trabalho de imaginação social da criança está relacionado a concepção de um sujeito infantil e como uma entidade singular e abstrata como estratégia de exclusão do próprio contexto social enquanto produtor de condições de existência e de formação simbólica e humana. Na maioria das situações contemporâneas, a criança, embora seja produtora de cultura, ainda há uma certa visibilidade dessa infância em detrimento das suas condições sociais e econômicas, ou seja, a criançamá é vislumbrada nas imagens produzidas sobre as crianças das classes menos favorecidas e mobilizada por uma ideologia de estar associada ao contexto familiar desestruturado. Ora, desta condição, duas situações são emergentes: a) vitimização da infância pelas condições vividas; b) demonização da infância atrelada aos perigos das crianças submetidas a este tipo de vida e de constituição humana (SARMENTO, 2007). A novidade ainda maior, hoje, é que a infância, em algumas situações, está envolvida em um contexto de barbárie, de opressão com que são tratadas as crianças e suas formas de viver na sociedade. A preocupação com as crianças tem sofrido influências de todos os cantos, seja pela sociedade industrial e mercadológica que em sua égide tem perpetuado cada vez mais uma concepção de infância consumidora e tecnológica. Ainda, a influência da família 15 que, de certa forma, por desconhecer as peculiaridades da infância, tem constituído uma educação pautada em ideologias, padrões de criança e outras formas equivocadas de pensar e agir acerca dos pequenos. Por conseguinte, a escola é uma proposta de antítese ao que tem se constituído veemente na sociedade contemporânea, no sentido de educar a criança para outros tipos de experiências que não sejam apenas as que estão condicionadas a uma vida capitalista e de utilidade. Basicamente, a sociedade anula a infância em suas infâncias e espera dos espaços educativos e dos profissionais que atendem as crianças que sejam capazes de reverter esse quadro depreciativo e de desconsideração à criança pequena em sua peculiaridade. A infância real (está envolvida por crianças de diversas condições humanas e, não necessariamente, as que idealizamos a partir de uma concepção) ou as muitas infâncias estão desmontando uma cômoda ilusão da sociedade e, os profissionais escolares estão indispostos, em sua maioria, de perpetuar e reprodução essa infância idealizada na sociedade. Sobre isso, ousa-se questionar: a responsabilidade não seria coletiva? Ou seja, da sociedade, dos governos, da família, da escola e outras possibilidades formativas? O que cabe a todos afinal? Uma certeza há: as condições a que são condenadas milhões de crianças exigem responsabilidades das políticas públicas e de todas as instituições da sociedade e dos profissionais de múltiplas áreas. O trabalho infantil ainda é uma das formas mais cruéis de se negar a criança a formação de sua humanidade, uma vez que muitas perdem sua infância para ajudar no sustento da família, deixando de estudar e de viver ludicamente sua infância via o direito de ser apenas criança. 16 Figura 1 - Trabalho infantil Fonte: pixelfusion3d/iStock.com. Aos espaços formativos escolares e aos professores cabe parte dessas responsabilidades na especificidade de seu papel docente e educativo, mas não cabe a única responsabilidade. Redefinir responsabilidades sociais não é fácil, porém, é urgente. Dos condomínios residenciais às inexistentes moradias efetivas, as crianças têm construído suas formas de viver e agir no mundo, sendo que negar essa realidade é desconsiderar a criança enquanto produtora cultural e sua infância como reflexo e expressão de suas relações humanas e sociais. Nesta ótica, a compreensão de ser criança hoje se torna um dos desafios para a sociedade, governos, instituições familiares e escolares, como é o caso; visto que ser criança significa, antes de qualquer coisa, ser pessoa, se gente que se alegra e se entristece, que chora e que sorri, que brinca, que fantasia, que se cansa e que se anima, um sujeito único, complexo e individual. 17 Assim, refletir sobre as crianças hoje se torna a mola propulsora para qualquer ação que se firme no propósito de corroborar para a sua formação humana. Então, significa pensar a infância e a cultura, bem como a construção de subjetividade no mundo, entendendo a cultura como produção e criação de linguagens relacionados aos instrumentos de trabalho, de convivência, de formas de lazer, entre outros, e que são partilhadas por adultos e crianças. Referências bibliográficas SARMENTO, M. J. Visibilidade social e estudo da infância. In: VASCONCELLOS, V. M. R.; SARMENTO, M. J. (orgs.). Infância (in)visível. Araraquara, SP: Junqueira & Marin Editores, 2007. PARA SABER MAIS Ao considerar o campo de invisibilidade social da infância, é importante reputar que, apesar de oficialmente proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, o trabalho infantil é ainda uma triste realidade do Brasil, considerando que há milhões de pequenos brasileiros que desconhecem a educação e o lazer. São meninos e meninas que não podem brincar, ir à escola, que não podem ser crianças (BRASIL, 1990). A obra intitulada de Trabalho infantil: o difícil sonho de ser criança, publicada em 2004 pelos autores Cristina Porto, ficcionista; Iolanda Huzak, fotógrafa e Jô Azevedo, jornalista revelam, com base em pesquisa feita por meio de artigos de revistas e jornais, teses e outras publicações e reportagens e fotos feitas entre 1993 e 2000 acerca da realidade social das diversas crianças que enfrentam jornadas de trabalho em diversas instâncias, como o lixão, lavoura de cana-de-açúcar, lavoura de café, extração de resina em condições quase desumanas. 18 Em um dos relatos publicados na obra, há o de um menino de 13 anos que diz: Comecei a cortar cana com 8 anos. Não podia, e os fiscais davam em cima. Aí, eu corria para dentro dos canaviais e trabalhava assim mesmo. Um dia, o facão pegou no meu dedo com tanta forma que quase tirou fora. Quebrei o braço. Papai tentou uma indenização com o fornecedor, mas não conseguiu. Minha mão ficou defeituosa. (PORTO; HUZAK; AZEVEDO, 2004, p. 23) Além de ser evidente a exploração da criança por meio do trabalho infantil, principalmente essas em condições economicamente desfavoráveis; há uma contramão nesta complexidade com as crianças advindas de situações economicamente confortáveis e que, na contemporaneidade, estão postas a todas as formas de vida e exploração do trabalho infantil, principalmente por causa dos contextos midiáticos e virtuais que tem perpetuada a erotização infantil, a vida adulta de maneira precoce, as identidades construídas sobre os youtubers mirins que, de certa forma, revelam modos de ser e estar no mundo. Da criança explorada em sua força física à criança em suas imagens, todas tem constituído seus modos de viver e interagir em um contexto marcado pela contradição, ou seja, um discurso previamente preparado de acolhimento às infâncias brasileiras, mas que em sua cotidianidade se vê perpetuar a descrença de que esse tempo é primordial para seu desenvolvimento e para seu construto humano. Referências bibliográficas BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1990]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil03/leis/l8069. htm. Acesso em: 25 jun. 2021. 19 PORTO, C.; HUZAK, I.; AZEVEDO, J. Trabalho infantil: o difícil sonho de ser criança. Rio de Janeiro: Ática, 2004. TEORIA EM PRÁTICA Sobre as infâncias, pode-se destacar o relato de Madalena (PORTO; HUZAK; AZEVEDO, 2004, p. 11) que afirma: [...] se pensasse um pouco mais, minha mãe, que me conhece tão bem, diria que nasci muito curiosa, com uma vontade enorme de conhecer, descobrir, investigar, querer saber o porquê de tudo. Se pudesse, teria mais dois olhos atrás da cabeça e dois do lado, perto das orelhas, para enxergar tudo ao mesmo tempo. Isso sem falar em mais mãos para poder pegar um monte de coisas, e mais pernas e pés, para andar mais rápido. A partir do relato de Madalena, vê-se uma criança ativa, interativa, curiosa, inventiva que é capaz de construir e reconstruir história. Nesse sentido, de qual maneira as instituições formativas, sejam elas, a família e escola, devem agir para que o universo da infância seja priorizadoenquanto potência para a aprendizagem e desenvolvimento integral da criança? Referências bibliográficas PORTO, C.; HUZAK, I.; AZEVEDO, J. Trabalho infantil: o difícil sonho de ser criança. Rio de Janeiro: Ática, 2004. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 20 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 O texto objetiva apresentar algumas considerações das crianças e adolescentes que desenvolvem atividades na mídia por meio de canais do Youtube. Enfatiza que as identidades possuem diferentes formas de se engajar, pois existem diferentes ecologias de pertencimento, experiências, subjetividades e contextos, dirigindo, desse modo, para um olhar crítico sobre os limites e possibilidades desta infância tecnológica. ARAÚJO, E. B. Meu nome é Liv: youtubers mirins e seus engajamentos identitários na relação com as infâncias contemporâneas. Dossiê temático. Revista Sociais & Humanas, [s. l.], v. 33, n. 2, p. 25-44, 2020. Indicações de leitura 21 Indicação 2 O respectivo documento do Ministério da Educação é composto por duas partes: 1) contém critérios relativos à organização e ao funcionamento interno das creches, como organização e funcionamento; 2) explicita os critérios relativos à definição de diretrizes e normas políticas, programas e sistemas de financiamento das crianças, dando atenção aos direitos da criança a uma educação digna e de qualidade. CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 6. ed. Brasília: MEC; SEB, 2009. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O documento produzido por Campos e Rosemberg (2009) em parceria com o Ministério da Educação objetiva desenvolver um trabalho de contribuição aos gestores e professores em relação a organização, financiamento, normas e programas de financiamento. Para tanto, analise as alternativas considerando o que é necessário para a realização de tais objetivos. 22 Fonte: CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F. Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças. 6. ed. Brasília: MEC; SEB, 2009. a. Estabelecer uma formação continuada de professores para atendimento às crianças. b. Compreender os critérios para um atendimento em creches que respeita os direitos fundamentais das crianças. c. Buscar alternativas para ajudar a criança explorada e erotizada por meio da abertura de espaço que lhe garanta expressar seus sentimentos. d. Propor avaliações concedidas pelo Ministério da Educação a fim de que seja observado in loco como anda o atendimento às crianças. e. Buscar melhorias na infraestrutura, com criação de espaços internos e externos para a criança desenvolver o brincar pelo brincar. 2. A partir da situação brasileira acerca das crianças trabalhadoras precoces, há imagens fortes que resultam de um processo histórico de luta para que nossos pequenos possam ter a dignidade de ser criança. Em uma das pesquisas realizadas por Porto, Huzak e Azevedo (2004), na obra Trabalho infantil: o difícil sonho de ser criança, afirmam que o que mais lhes impressionaram foi a “expressão de infinita tristeza que havia nos olhos da grande maioria das crianças retratadas. Poucos sorrisos, pouca manifestação de alegria. Fisionomias pesadas, fechadas, às vezes alheias, ausentes”. Com base nisso, analise as alternativas em relação aos tipos de trabalho infantil desenvolvidos pelas crianças na respectiva obra. 23 Fonte: PORTO, C.; HUZAK, I.; AZEVEDO, J. Trabalho infantil: o difícil sonho de ser criança. Rio de Janeiro: Ática, 2004. a. Lixão, doméstico e lavoura de café e de soja. b. Doméstico, lavoura de soja, erotização e lixão. c. Lixão, lavoura de cana-de-açúcar, de café e extração de resina. d. Lavoura de cana-de-açúcar, extração de resina e youtuber mirim. e. Erotização infantil, youtuber mirim, doméstico e lavoura de café. GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: Para que todos os objetivos do documento sejam alcançados, é crucial que haja a compreensão acerca dos critérios estabelecidos pelas autoras em parceria com o MEC em consonância com o atendimento em creches respeitando, desse modo, os direitos fundamentais das crianças. Questão 2 - Resposta C Resolução: A tristeza revelada no rosto das crianças marca uma herança história no país brasileiro de trabalho infantil. Há 20 anos, com a migração intensa dos brasileiros da área rural para as cidades, muitas crianças tiveram que se submeter as diversas formas de trabalho. Desse modo, tanto as crianças que ficaram nos campos quanto as que foram para as cidades, tiveram suas infâncias marcadas pelos trabalhos no lixão, na lavoura de cana-de-açúcar, lavoura de café e extração de resina. A criança contemporânea: consumo, tecnologia, mídia e lúdico ______________________________________________________________ Autoria: Marta Regina Furlan de Oliveira Leitura crítica: Verônica Belfi Roncetti Paulino TEMA 3 25 DIRETO AO PONTO Os brinquedos fabricados pelas indústrias são lançados no mercado por meio de propagandas veiculadas nos diversos tipos de mídias (televisão, canais fechados específicos para o público infantil, redes sociais, entre outras) que aguçam o desejo das crianças para a aquisição desses produtos. Dessa forma, as crianças cujos responsáveis possuem um poder de compra e, que muitas das vezes não conseguem perceber, favorecem o consumismo. A longo prazo, essa imersão das crianças na cultura comercial traz consequências que vão muito além do que elas compram ou não. O marketing é organizado e planejado para influenciar mais do que preferências por alimentos específicos ou escolhas de roupas. A partir do marketing infantil, há a manipulação sensível que agrada aos sentidos das crianças, a fim de excitar nelas o desejo de posse e motivá-las à compra de mercadorias por meio do consumismo desmedido. Há, de certa forma, a exposição sem medida das crianças em relação aos apelativos publicitários e midiáticos, principalmente, forjando situações cotidianas em que crianças são induzidas à compra do lanche para ter o determinado brinquedo, assim, identificado como brinquedo fast food. Há aqui um poder de persuasão que monopoliza a criança e até os adultos para a possibilidade de criar uma nova necessidade, a fim de obrigá-los, por meio da sedução e fetiche, a um novo sacrifício, de impingir-lhe uma nova dependência. Nesse contexto social e econômico, adultos e crianças são inclinados para a busca da satisfação dos desejos que, de modo geral, tornam- se cada vez maiores, principalmente pela forte influência da mídia e da indústria cultural. Esses desejos são imediatos, sendo a cada momento substituído por novos desejos e, consequentemente,gerando o desapego e o aumento do consumo. 26 Assim, a mídia e a publicidade, de modo geral, trabalham juntas no intuito de promover cada vez mais o consumo infantil na sociedade, desconsiderando as questões relacionadas a individualidade do sujeito, principalmente a mídia que se destina ao conteúdo infantil, por meio dos desenhos animados, jogos virtuais etc. Nas economias neoliberais que visam o acúmulo de capital, as indústrias seguem a lógica dessa política e, para isso, se utilizam de todos os meios para que as crianças se tornem cada vez mais consumistas. O mundo infantil é conduzido para um processo de padronização da criança pelos mesmos programas de televisão, assim como as lojas de roupa, revistas, salão de beleza, entre outros. As empresas de publicidade infantil são motivadas ao processo de criação de propaganda, principalmente no que tange aos produtos relacionados aos brinquedos tecnológicos, a fim de gerar a estandardização da mercadoria. Ao buscar no site Google Brasil, em 2021, que tratam de apresentar pesquisas realizadas por outras bases sobre os brinquedos mais acessados e, também em endereços de lojas infantis, pode- se perceber uma variação diversificada de novos brinquedos produzidos para as crianças para todas as idades, gêneros, sexo, nível econômico, cultural etc. Foram encontrados 80 (oitenta) brinquedos mais procurados pelas crianças do Brasil, envolvendo objetos lúdicos e atuais e, também, brinquedos que marcaram época. Vários são brinquedos atuais mais acessados para compras, em que destacamos 5 (cinco) mais procurados: 27 Figura 1 - Brinquedos atuais mais acessados para compras Fonte: Victoria Denisova; fieldwork; Ekaterina79/iStock.com; https://www.amazon. com.br/Boneca-Alive-Lanchinhos-Divertidos-Hasbro/dp/B071ZLXHKD; https://www. amazon.com.br/Lan%C3%A7ador-Beyblade-Burst-Spryzen-Inicial/dp/B08NWGNC9H/ ref=sr_1_8?dchild=1&keywords=beyblades&qid=1631550990&sr=8-8&ufe=app_ do%3Aamzn1.fos.4bddec23-2dcf-4403-8597-e1a02442043d. Acesso em: 13 set. 2021. Em relação aos brinquedos de época (década de 1980 e 1990), destaca-se: 28 Figura 2 - Brinquedos das décadas de 1980 e 1990 Fonte: martince2; AlexLMX; CTRPhotos; Boogich/iStock.com; https://www.amazon. com.br/Jg-Batalha-Dos-Baloes-Dic5055/dp/B07MJ3WX66. Acesso em: 13 set. 2021. A partir disso, há a necessidade de analisar criticamente até que ponto essa avalanche industrial e de consumo é adequada para as crianças, uma vez que a publicidade intensa voltada às crianças pode estar corroendo os seus alicerces humanos. PARA SABER MAIS Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) alertam para os riscos de crianças expostas a telas, principalmente nos últimos anos. A justificativa para isso se deve aos variados fatores que operam na vida social, cultural, econômica e afetiva. No caso das instituições familiares, há a percepção dos pesquisadores que discutem sobre a infância, como Ana Friedman, Tizuko Kishimoto, José Manuel Sarmento e outros de que as crianças passam a maior parte do seu tempo no cotidiano dentro de casa 29 e expostas à equipamentos eletrônicos, como celulares, tablet, notebook, vídeo games etc. Os riscos são consideráveis a contar sobre a saúde mental e física das crianças que se vêm prejudicadas em detrimento da moldagem do corpo e da vida frente às telinhas; à solidão frente à tela, passando a maior parte do tempo ouvindo e vendo o que os “outros” fazem, menos a própria criança. Toda essa exposição da criança desde muito cedo serve para afirmar e reafirmar a cultura tecnológica digital e a chamada “geração net”, ou seja, as crianças, praticamente, nascem inseridas nesse contexto tecnológico da informação e comunicação e sua ação acaba sendo reduzida a dos polegares que, com um toque, abre o mundo sem sair do lugar. É como se fosse o mundo nas mãos da criança via aparelhos tecnológicos e, ao mesmo tempo, a criança refém do mundo. Desse modo, segundo Oliveira (2020), a cultural digital acaba sendo revelada por meio de diversas formas: filmes, livros digitais, desenhos animados, jogos de computador, games, aplicativos, site de histórias infantis, canal do Youtube Kids, brinquedos tecnológicos, celulares, tabletes, smartphone, entre outros aparatos. Referências bibliográficas OLIVEIRA, M. R. F. de. O (in)evitável acesso das crianças às novas tecnologias: tessituras formativas em tempos atuais. In: MELLO, D. E. (org.). Reflexões e experiências didáticas com tecnologias digitais. Londrina, PR: Madrepérola, 2020. p. 218-234. 30 TEORIA EM PRÁTICA O contato com as tecnologias digitais pelas crianças acontece desde muito cedo com as práticas de hiperestimulação, pressa, lógica de consumo e múltiplas práticas que conduzem a situações limites, ansiedade, obesidade, sedentarismo, pois tais mecanismos e inquietudes geram uma certa dispersão e supressão da condição humana. Esse contato precoce faz com que as crianças considerem os dispositivos tecnológicos como extensão de si mesmas, pois, se comunicam de maneira bastante natural com outras crianças de forma on-line, por exemplo, e a timidez é realçada em momentos reais de interação social com outros pares. Diante disso, quais os caminhos para a possível resistência da infância tecnológica em prol de experiências mais interativas, criativas e humanizadoras? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições Indicações de leitura 31 públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 A obra do pensador francês Michel Serres, intitulada Polegarzinha: uma nova forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber, objetiva desenvolver o movimento de pensar a atribuição da tecnologia no processo de educação, formação e socialização de adultos e crianças, bem como intencionar sobre os impactos tecnológicas na vida social e na condição humana dos indivíduos. Por meio dos polegares, crianças e adultos habitam o mundo e, consequentemente, são habitados por ele. Daí a necessidade de um olhar apurador das condições tecnológicas em detrimento do construto humano das pessoas (crianças e adultos). SERRES, M. Polegarzinha: Uma nova forma de viver em harmonia, de pensar as instituições, de ser e de saber. Tradução: Jorge Bastos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015. Indicação 2 O artigo indicado , de Oliveira, Souza e Araujo (2019), tem como propósito geral refletir sobre a indústria do brincar no contexto da infância contemporânea e, ainda, analisar criticamente sobre 32 o impacto do brinquedo tecnológico enquanto materialização do brincar por meio da lógico do consumo. A criança, na condição de consumidora, acumula coleções de brinquedos e objetos lúdicos em maior proporção do que efetivamente a experiência do brincar propriamente dito, ou seja, tem o brinquedo, mas isso não lhe garante a brincadeira. OLIVEIRA, M. R. F. de; SOUZA, R. H. de; ARAUJO, K. de T. Brinquedo sem brincadeira: reflexões sobre a indústria do brincar na infância contemporânea. Doxa: Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara, v. 21, n. 1, p. 28-43, jan./jun. 2019. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificaçãode leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Linn (2006, p. 23) ao tratar do consumo na infância, afirma que “criatividade, originalidade e integridade merecem ser nutridas e, todos os adultos têm a obrigação permanente de priorizar os interesses das crianças”. Diante disso, analise as alternativas considerando o que é necessário para a realização de tais objetivos concernentes aos interesses das crianças. Fonte: LINN, S. Crianças do consumo: a infância roubada. Tradução: Cristina Tognelli. São Paulo: Instituto Alana, 2006. 33 a. A criança deve ser moldada de acordo com a lógica do consumo para ser mais criativa e interativa. b. Os adultos precisam impor limites as crianças por meio de estratégias disciplinadoras e intimidadoras em relação ao consumo abusivo das crianças. c. As crianças têm o direito de serem orientadas e educadas para o consumo consciente em detrimento das suas necessidades humanas e vitais. d. O consumo na infância atinge uma proporção que não há mais controle, pois, a imagem é o que precisamos manter para se relacionar. e. O consumo de mercadorias atinge somente a classe economicamente favorecida na sociedade, portanto, há uma saída para as crianças burguesas. 2. Oliveira (2011, p. 103) afirma que os brinquedos tecnológicos têm construído a única finalidade que é a de “preparar a criança para o futuro estereotipado do mundo adulto, esquecendo o presente, ou seja, o ser criança que ela é”. Ainda, “a experiência de socialização da criança pelo brincar configura-se numa espécie de domesticação da infância para o gozo do capital, bem como a explosão do mundo lúdico em que as indústrias de brinquedos, sob a inspiração das teorias, sobretudo da psicologia, sugerem que o brincar não pode mais ser considerado como uma atividade fortuita, espontânea da criança, mas como algo que cabe aos adultos garantir” (OLIVERA, 2011, p. 103). A partir dessa relação entre o brincar e o consumo, analise as alternativas abaixo considerando a relação da criança e o seu papel frente ao uso dos brinquedos. Fonte: OLIVEIRA, M. R. F. de. A lógica do consumo na sociedade contemporânea e sua influência na mediação do professor 34 no processo de formação do pensamento infantil. 293 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2011. a. A criança só pode assumir o papel de proprietária do brinquedo e é essa a nova configuração do brincar na contemporaneidade e que precisa ser respeitada. b. A criança, além de desenvolver o papel de proprietária do brinquedo, precisa vivenciar outras formas lúdicas que não seja associada a este contexto do consumo unicamente. c. A criança precisa ser educada longe dos ditames consumistas, por meio de restrições sociais em que faça uso somente de brinquedos e brincadeiras do contexto natural. d. A criança precisa desenvolver o brincar consumista como estratégia empreendedora para outras ações futuras, já que ela é um devir a ser, e não o agora. e. A criança é consumidora e isso está na sua origem, sendo que por mais que haja intervenções cada vez mais vão sendo domesticados pela indústria do brincar, o que é uma fatalidade. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: Independentemente da condição social, cultural e econômica, na arena do consumo, as crianças são moldadas a serem consumidoras, ou seja, umas mais que a outras, mas todas são alvo das empresas e indústrias de mercadoria, sendo induzidas para uma compreensão de que por meio do consumo são capazes de ser mais criativas e interativas, o que não procede. Ainda, a ação de alguns adultos, principalmente os pais, acabam prejudicando a criança no processo de 35 compreensão sobre a necessidade de uso consciente do consumo de produtos e mercadorias para fins vitais, ou seja, acabam utilizando, erroneamente, estratégias disciplinadoras e intimidadoras. Há, ainda, a possibilidade de que possamos resistir ao consumo em demasia, desde a pequena infância, visto que o consumo, hoje tem direcionado para todas as classes econômicas. Questão 2 - Resposta B Resolução: A criança não pode assumir somente o papel de proprietária do brinquedo, mas também precisa vivenciar outras formas lúdicas que não seja associada a esse contexto do consumo unicamente. Além disso, práticas educativas que exclui a criança do contexto social, a fim de que ela não participe desta configuração capitalista, não é a melhor solução, visto que em um determinado momento de sua vida terá que vivenciar isso e o choque social e cultural pode ser maior. Sendo a criança um ser hoje e não um devir, ela precisa compreender de maneira consciente sobre a sua relação com o brinquedo, a fim de ter outras experiências para além do brincar consumista. Assim, é necessário oferecer outras formas de experiências humanas que estão para além da utilidade, promovendo momentos em que a criança possa desenvolver a criatividade, a imaginação, o protagonismo seja por meio da construção de novos objetos lúdicos e ou brinquedos, reaproveitamento de materiais e outras formas criativas de resista a domesticação frente ao consumo. O sentido de educar a criança na contemporaneidade: proposições pedagógicas ______________________________________________________________ Autoria: Marta Regina Furlan de Oliveira Leitura crítica: Verônica Belfi Roncetti Paulino TEMA 4 37 DIRETO AO PONTO Ao tratar do sentido de educar a criança na contemporaneidade, depara-se com um conjunto de desafios relacionados ao processo de aprendizagem, desenvolvimento e interação infantil. As crianças precisam, desde a mais tenra idade, vivenciar experiências variadas e lúdicas. Assim, a organização do cotidiano educativo com as crianças precisa ser envolvido pelo processo de aprendizagem e desenvolvimento humano em sintonia com uma proposta educativa regida pelas concepções claras sobre o trabalho pedagógico com crianças, a rotina, o tempo e as interações. A partir disso, o professor efetivamente tem condições de desenvolver uma proposta que priorize a emancipação da criança por meio da curiosa descoberta do conhecimento, ampliando possibilidades para que tanto a criança quanto o professor venham experienciar a aventura fascinante pelo desconhecido e, quem sabe, possam até se molhar com a chuva da descoberta do saber compartilhado. Uma das possibilidades para tal conquista compartilhada entre professores e crianças está na trilha do brincar, enquanto possibilidade lúdica, criativa, inventiva e, ainda, fonte propulsora do conhecimento. O contentamento pedagógico está relacionado na viabilidade do brincar como linguagem privilegiada no trabalho pedagógico com a criança, haja vista que a ação lúdica é uma área priorizada na educação infantil e está envolvida por objetos lúdicos como os brinquedos, jogos, histórias infantis, músicas, danças, desenhos etc., os quais apoiam a aquisição e a organização de experiências da criança no mundo ao seu redor. 38 Figura 1 - A criança e o lúdico Fonte: FatCamera/iStock.com. A partir disso, indaga-se: a quem compete fazer isso? Ao adulto! Pais, parentes, professores, políticos, ou seja, todos são responsáveis por educar e cuidar das crianças e devem possibilitar e apoiar a ação lúdica em casa, na escola e nos diferentes espaços de convivência. A ação lúdica, nesse prisma, é desafiadora porque exige organizar o cotidiano para/com as crianças, projetando e realizando feitos que contribuam para uma amplitude do processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil. Nesse empreendimento, as crianças carecem de espelhar seus medos, suas inseguranças, as leiturasque faz sobre o mundo, suas impressões, suas hipóteses; além disso, precisam ter acesso aos espaços diversificados na educação infantil para conhecer, perguntar, elaborar ideias e hipóteses, estabelecer relações e aprender de maneira real e significativa. 39 Do parque de areia, com seus balanços construídos nas grandes árvores enquanto cenário lúdico para as crianças até as salas de referência (de aula), todas as organizações expressam como vemos, percebemos e pensamos ser a criança e sua aprendizagem. Referências bibliográficas HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004. PARA SABER MAIS Vale a pena conferir o artigo indicado, elaborado pelas autoras Heloisa Toshie Irie Saito e Marta Regina Furlan de Oliveira em 2018. O texto apresenta uma reflexão crítica sobre a importância do planejamento de ensinar enquanto materialização sistemática das intenções e ações docentes de modo geral e, em específico, na educação infantil. Referências bibliográficas SAITO, H. T. I.; OLIVEIRA, M. R. F. de. Trabalho docente na educação infantil: olhares reflexivos para a ação intencional e planejada do ensino. Imagens da Educação, [s. l.], v. 8, n. 1, e39210, p. 1-15, 2018. TEORIA EM PRÁTICA De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018), o processo de ensino e aprendizagem da educação infantil precisa acontecer por meio da inserção em práticas sociais e culturais criativas e interativas, gerando sentido ao arranjo curricular que está envolvido pelos 40 direitos de aprendizagem (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se) e aos campos de experiência que devem acontecer de maneira interligada e complexa. Diante disso, de que maneira podemos desenvolver o trabalho pedagógico com as crianças em favor da garantia dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência? Referências bibliográficas BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, Indicações de leitura 41 portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 A obra revela a necessidade de pensar sobre a organização do espaço na educação infantil como possibilidade de educação e aprendizagem da criança. A autora, ao considerar que o espaço é também possibilidade de estabelecer relações e experiências, acredita no papel mediador do professor em favor da construção de um ambiente rico e estimulante de aprendizagem. Assim, acredita- se que o espaço vai além da limitação de ser algo dado, mas deve ser construído como uma dimensão do trabalho pedagógico. HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004. Indicação 2 A obra discute sobre as perspectivas relacionadas a organização do tempo no cotidiano infantil, dividindo-se em três partes: na parte 1 procura pensar e refletir sobre o tempo na escola, bem como o processo do dia a dia educativo na educação infantil; a parte 2 revela a importância de pensar sobre o tempo constituído na relação casa e escola, aproximações e seus confrontos; e, por fim, na parte 3 busca discutir sobre o tempo na vida cotidiana das crianças e toda a complexidade envolvente. BONDIOLI, A. (org.). O tempo no cotidiano infantil: perspectiva de pesquisa e estudo de casos. São Paulo: Cortez, 2004. 42 QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Quando tratamos do planejamento de ensino, afirmamos que as ações precisam ser antecipadamente pensadas no plano das ideias e das propostas para tal fim. Em relação aos objetivos de aprendizagem, é importante atentarmos que, por meio deles, o professor poderá explicitar de maneira clara seus propósitos formativos com a precisão de métodos de ensino adequados. Sobre isso, considere as alternativas em relação aos procedimentos metodológicos na educação infantil e assinale a correta. a. Os procedimentos metodológicos adotados pelo professor estão diretamente relacionados à visão de homem, educação e sociedade. b. Dos elementos que compõem o planejamento de ensino, os procedimentos metodológicos são os recursos utilizados em sala de aula. c. Os procedimentos de ensino devem ser padronizados nas aulas de Educação infantil para se diferenciar de outras áreas. 43 d. Os objetivos de aprendizagem acontecem de maneira desarticulada dos procedimentos estratégicos de ensino. e. A avaliação deve anteceder os objetivos de aprendizagem e os métodos de ensino, e jamais sucedê-los.. 2. Leia o trecho a seguir. As atuais orientações sobre o desenvolvimento infantil consideram que a criança aprende pela relação com o meio e com o outro. Para tanto, esse ambiente deve ser fortalecido por ensino-aprendizagem e relações de afeto e humanização. A partir disso, analise a situação a seguir. “Em uma instituição de Educação Infantil, a professora, ao atender um bebê de quatro meses, procede da seguinte forma: procura deixá-lo a maior parte do tempo possível em seu berço, sem se ocupar dele, mas mantendo-o confortável em seu “ninho”. No momento da mamadeira, a oferece sem conversar com ele e sem acariciá-lo, evitando também segurá- lo no colo.” (OLIVEIRA, 2000, p. 12) Sobre os procedimentos adotados pela professora, é correto afirmar: Fonte: OLIVEIRA, Z. M. R (org.). A criança e seu desenvolvimento: perspectivas para discutir a educação infantil. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000. a. Ao nascer, a criança age de maneira involuntária, visto que não há ainda condições psíquicas para compreender o ambiente a sua volta, bem como os possíveis estímulos advindos da relação professora e bebê. 44 b. A professora tem uma postura rígida e mecânica da docência, desconsiderando a educação e o cuidado no berçário por meio das relações social, afetiva e corporal da criança em relação ao adulto. c. A criança, nessa faixa etária, precisa apenas de cuidados, visto que não tem compreensão clara de outro sujeito que não seja a referência materna, que é seu vínculo de afeto e estímulo. d. A professora tem uma atitude apenas técnica no exercício da profissão do magistério, de modo a garantir que a educação seja mediada de maneira adequada na relação entre ela e o bebê. e. A professora se utiliza de uma prática adequada e que se distancia da prática materna, visto que tem demasiadas crianças para o atendimento e cuidado. GABARITO Questão 1 - Resposta A Resolução: Em se tratando do trabalho docente, tem-se a compreensão de que é necessário pensar em: objetivos (para que ensino?); conteúdo (o que ensino?); procedimentos metodológicos (de que forma ensino?); recursos didáticos (o que é preciso para ensinar?); e avaliação (como avalio o que ensino?). Assim,são elementos norteadores que precisam estar interligados entre si e revelar uma concepção de homem, educação e sociedade. 45 Questão 2 - Resposta B Resolução: O processo de aprendizagem e o desenvolvimento só são possíveis por meio das interações sociais entre adultos e crianças, visto que, nesse período inicial da vida, o bebê tem condições psíquicas e afetivas de aprender por meio das relações com o ambiente que o cerca. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Quiz Gabarito Inicio 2: Botão TEMA 4: Botão TEMA 1: Botão TEMA 2: Botão TEMA 3: Botão TEMA 9: Inicio :
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