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A IMPORTÂNCIA DE JOGOS, CONTOS E BRINCADEIRAS PARA ALFABETIZAR, LETRAR E CONTAR. COMO EXPLORAR O UNIVERSO LÚDICO PARA ENSINAR

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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
Lynda Wayne do Nascimento Magalhães 
Márcia Martins de Oliveira 
Tamara Siqueira Tavares de Góes 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DE JOGOS, CONTOS E BRINCADEIRAS PARA 
ALFABETIZAR, LETRAR E CONTAR 
 
 
 
Apresentação do Projeto Integrador – vídeo: 
https://youtu.be/FiPTow00NhQ 
 
 
Cabreúva – SP 
2019 
https://youtu.be/FiPTow00NhQ
 
 
 
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DE JOGOS, CONTOS E BRINCADEIRAS PARA 
ALFABETIZAR, LETRAR E CONTAR 
 
COMO EXPLORAR O UNIVERSO LÚDICO PARA ENSINAR 
 
 
 
 
Relatório Técnico - Científico apresentado na 
disciplina de Projeto Integrador para o curso de 
Licenciatura em Pedagogia da Fundação 
Universidade Virtual do Estado de São Paulo – 
UNIVESP 
 
 
 
Tutor: Thiago Figueira Boim 
 
Cabreúva – SP 
2019 
 
 
 
 
MAGALHÃES, Lynda Wayne do Nascimento; OLIVEIRA, Márcia Martins de; 
DURÃES, GÓES, Tamara Siqueira Tavares de. A importância de Jogos, contos 
e brincadeiras para alfabetizar, letrar e contar – COMO EXPLORAR O 
UNIVERSO LÚDICO PARA ENSINAR. Relatório Técnico-Científico (Licenciatura 
em Pedagogia) – Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Thiago 
Figueira Boim. Polo Cabreúva-SP, 2019 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por finalidade abordar a importância da ludicidade na 
educação infantil, os estudos destacam a influência do brincar e como a ação 
lúdica estimula a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo das crianças. Visa 
também identificar e especificar as definições de infância, o desenvolvimento 
infantil em si, analisar os referenciais e as diretrizes nacionais voltadas para essa 
fase, brincadeiras, jogos e contos. As referências teóricas feitas neste trabalho 
foram precedentes para os resultados obtidos. Buscamos conceitos em torno do 
brincar que justificasse sua importância para as crianças no seu 
desenvolvimento, levando-as a se aprimorar diversas capacidades do âmbito 
cognitivo, motor, emocional e social, bem como se apropriar da linguagem, da 
contação e da língua escrita através de brincadeiras utilizadas com 
intencionalidade pedagógica. E por fim, as ações lúdicas empregadas como 
finalidade do processo de construção desses conhecimentos. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil; Desenvolvimento; Ludicidade; Linguagem; 
Alfabetização; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAGALHÃES, Lynda Wayne do Nascimento; OLIVEIRA, Márcia Martins de; GÓES, 
Tamara Siqueira Tavares de. A importância de Jogos, contos e brincadeiras 
para alfabetizar, letrar e contar – COMO EXPLORAR O UNIVERSO LÚDICO 
PARA ENSINAR. Relatório Técnico-Científico (Licenciatura em Pedagogia) – 
Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Thiago Figueira Boim. Polo 
Cabreúva-SP, 2019 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The purpose of this work is to address the importance of playfulness in early 
childhood education, studies highlight the influence of play and how the playful 
action stimulates the learning and cognitive development of children. It also seeks 
to identify and specify the definitions of childhood, and how they develop, analyze 
the referential and national guidelines which determine the use of play, games, and 
children's storytelling during this school phase.The theoretical references made in 
this work were precedents for the results obtained. We seek concepts about play 
that justify their importance to the child during their development process, leading 
them to improve various capacities of the cognitive, motor, emotional and social 
scope, as well as appropriating the language, of the contation and written language 
through pranks used with pedagogical intentionality. Finally, the ludic actions 
employed as the purpose of the process of constructing this knowledge. 
 
 
KEYWORDS: Early childhood education; Development; Playfulness; Language; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 01 – Crachás com nomes.................................................42 
Figura 02 – Brincadeira Montada.................................................42 
Figura 03 - Brincadeira Montada..................................................42 
Figura 04 - Brincadeira Montada..................................................42 
Figura 05 – Modelo da Atividade Escrita......................................43 
Figura 06 – Atividade Alice...........................................................44 
Figura 07 – Atividade Arthur.........................................................45 
Figura 08 – Atividade Davi...........................................................46 
Figura 09 – Atividade Letícia........................................................47 
Figura 10 – Atividade Lívia...........................................................48 
Figura 11 – Atividade Maria Clara................................................49 
Figura 12 – Atividade Melissa......................................................50 
Figura 13 – Atividade Miguel........................................................51 
Figura 14 – Atividade Murilo.........................................................52 
Figura 15 – Atividade Olívia..........................................................53 
Figura 16 – Atividade Stella..........................................................54 
Figura 17 – Atividade Thales........................................................55 
Figura 18 – Atividade Theodoro....................................................56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7 
1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: CONCEITO DE INFÂNCIA .......................... 8 
1.1– Infância na atualidade ................................................................................ 11 
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: OS TEÓRICOS DA INFÂNCIA ........... 12 
3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: LEGISLAÇÃO E DIRETRIZES DA 
EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................................................................... 18 
3.1 – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) ....... 20 
3.2- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) ..... 21 
4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: RESPONSABILIDADE DOCENTE NA 
PRIMEIRA INFÂNCIA .......................................................................................... 22 
4.1 – A importância da Formação Docente ...................................................... 24 
5 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO 
AMBIENTE ESCOLAR: Só brincadeiras? ......................................................... 25 
5.1 – Desenvolvimento Infantil: Cognição, Afeto, Gestos .............................. 29 
6 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ............................................................ 35 
6.1 - Uma breve reflexão sobre alfabetização do Brasil .................................. 35 
6.2 - Diferentes Linguagens ............................................................................... 36 
6.3 - A comparação de linguagem entre Piaget e Vigotsky ............................ 37 
6.4 - Brincadeiras ............................................................................................... 38 
6.5 - Desenhos .................................................................................................... 38 
6.6 - Escrita ......................................................................................................... 39 
6.7 - Implicações Pedagógicas .......................................................................... 40 
7 - APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS: PROPOSTA PEDAGÓGICA 
DE BRINCAR ....................................................................................................... 41 
MATERIAIS E MÉTODOS DE PESQUISA .......................................................... 57 
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E BIBLIOGRAFIA:..................................... 61 
 
 
 
7 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A intenção deste trabalho, é iniciar nossos conhecimentos práticos docentes, 
acerca de um dos primeiros aspectos que tange à educação, que trata do ingresso 
da criança na Educação Infantil, à partir da ideia de que a primeira sociedade a qual 
a criança está inserida é a família e a segunda, a que se tornará porta para o 
mundo, é a escola; Juntamente a essa nova relação, nos é mister abordar a 
definição de infância, o desenvolvimento nessa fase: cognitivos, motor/sensoriais, 
emocionais e afetivos e sócio-interacionais e quais são os seus impactos na 
sociedade, através da interação escolar. Ainda na trilha da infância discorreremos 
sobre a importância da ludicidade - do brincar e da brincadeira - no 
desenvolvimento das relações, na observação e aplicação de brincadeiras com 
esse enfoque. 
PROBLEMA: 
Como explorar o universo lúdico no ambiente escolar, para estabelecer uma 
relação entre sentido e ensino-aprendizagem para o desenvolvimento infantil, 
através das brincadeiras? 
Esse trabalho visa identificar, através dos conteúdos e disciplinas desse 
semestre, como os professores da Educação Infantil, podem se instrumentalizar de 
teorias, técnicas e práxis de sucesso, para que se estabeleça uma relação afetiva, 
acolhedora e educativa com as crianças e suas famílias na primeira experiência 
escolar dos pequeninos, utilizando o cuidar e o brincar com intencionalidade 
pedagógica a fim de se obter sucesso no desenvolvimento humano dessa fase. 
 
OBJETIVO: 
O objetivo do presente trabalho foi inicialmente observar crianças até 6 
anos e, considerar práticas de convívio social, a afetividade, o brincar, o cuidar e 
o educar e entender “como eles aprendem”, nos seguintes aspectos: 
- Relembrar a definição de infância; 
- Relembrar o conceito de Desenvolvimento Infantil em seus desdobramentos: 
8 
 
 
Cognitivo, Motor, Sensorial, Emocional, Afetivo e Social; 
- Relembrar legislação e diretrizes voltadas à Educação Infantil; 
- Articular a importância e a responsabilidade docente na Educação Infantil e seu 
impacto na sociedade; 
- Vincular a ludicidade de brincar e cantar no auxílio para ensinar; 
- Propor jogo que estimule a criança a aprender a ler, escrever e contar e 
desenvolver um senso crítico, ou seja, pensar sobre o que estão fazendo. 
 
JUSTIFICATIVA: 
Na vida agitada da atualidade, com pais ou responsáveis legais 
trabalhadores em tempo integral, as crianças passam no mínimo 5 horas na escola 
em companhia dos professores, tornando imperioso ajustar assim a lente do olhar 
desse profissional de forma mais atenta e contínua, sobre o comportamento, 
desenvolvimento e evolução infantil que lhe seja característico à idade. Em muitos 
casos, devido essa longa permanência da criança na escola, acabam sendo os 
professores, a mais valiosa referência na construção humana desses indivíduos. 
 A partir de um currículo reelaborado, ou melhor, adaptado, o professor 
poderá calcar muitas das propostas pedagógicas focadas ao tema das relações 
humanas, de empatia e respeito, priorizando a boa convivência e o respeito mútuos, 
através da linguagem lúdica e subjetiva. 
1 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: CONCEITO DE INFÂNCIA 
 
Ao considerar infância e o lugar social que a criança ocupa na sociedade é 
importante analisar as diferentes mudanças que ocorreram e destacar que a visão 
de criança é algo que foi historicamente construído ao longo dos anos. Cada época 
irá proferir um discurso e defender seus ideais e expectativas em relação às 
crianças. A intenção, então, é revelar as transformações do sentimento de infância 
presente em determinados momentos da história, para, a partir do conceito 
9 
 
 
histórico, analisar a experiência da criança em seus contatos iniciais com o mundo 
contemporâneo que a influência. 
Segundo Neto e Silva (2007) a palavra infância refere-se a Enfant o qual 
significa "aquele que não fala", nesse processo de construção da infância na 
sociedade, notamos que a figura da criança era vista como aquele que não tem um 
espaço na sociedade, sem valor e sendo moldado pelo adulto de acordo com suas 
determinações. Ainda nesse contexto observamos que segundo Paula (2005) antes 
"a criança inexistia ou ficava adstrita a escassos momentos". (p.1). Não existia no 
sentido que a criança não era encarada como criança no modo como ela é hoje e 
até mesmo sendo isolada do meio em que vivia. 
Ariès (1979) fala que "na sociedade medieval a criança a partir do momento em 
que passava a agir sem solicitude de sua mãe, ingressava na sociedade dos 
adultos e não se distinguia mais destes". (p.156). Ou seja, as crianças eram 
tratadas como adultos em tamanho menor e até mesmo não havia acomodação ou 
vestimenta especial para elas. Uma outra característica é que na sociedade 
europeia medieval as crianças não eram retratadas em quadros e quando isso 
ocorriam elas estavam representadas em roupas semelhantes de adultos. Não 
existia uma definição clara entre o que era adequado para crianças e o que seria 
específico para vivência dos adultos. A ausência de privacidade e de segredos 
faziam com que as crianças participassem da vida como se fossem adultos. Essa 
falta de consciência da Idade Média é descrita por Ariès: 
Na sociedade medieval o sentimento de infância, não existia – o que não 
quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou 
desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição 
pelas crianças: corresponde a consciência da particularidade infantil, essa 
particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo 
jovem. Essa consciência não existia (ARIÈS, 1979 p. 156). 
 
A concepção de infância tem uma estreita ligação com à cultura e a 
sociedade que vivemos, sendo assim, Ariès (1979) diz que "a 'aparição' da infância 
se dá a partir do século XVI e XVII na Europa, quando o mercantilismo, altera o 
sentimento e as relações frente à infância, modificado conforme a própria estrutura 
social". (p.14). Uma vez que há transformações na estrutura social começa a se 
10 
 
 
mudar também o conceito de infância, e a própria percepção da família; porque até 
então não se sabia o que representava ser criança. Com o passar do tempo e em 
cada época se criava um sentimento, um modo de perceber a infância, e foi o que 
ocorreu ao fim da Idade Média e após, uma busca para entender quem era a 
criança, e em que lugar colocá-la na sociedade. 
Em épocas mais atuais observamos um reconhecimento que segundo 
Paula: 
Com o estabelecimento de uma nova ordem política, social e econômica, 
impulsionada por diversos fatores, dentre os quais o capitalismo industrial, 
o neoliberalismo e suas consequências (migrações, surgimento da família 
nuclear e burguesa, adstrição da criança à família e ideia de escola), 
ocorreram transformações que influenciaram a organização da estrutura 
familiar e, consequentemente a vida das crianças. (Paula, 2005 p.1). 
 
A criança é vista como um sujeito despreparado para tal sociedade, e desta 
forma surge a questão de escolarizar as crianças, prepará-la para o futuro. Aos 
poucos cresce o pensamento de como inserir as crianças nessa mudança social. 
Em consequência no século XVIII começaram a serem reconhecidas em suas 
particularidades, obtendo determinações específica e adequada para idade, 
ocupando assim um espaço maior. Portanto a concepção de infância muda 
conforme a sociedade passa a ver a criança como indivíduo que pertence ao meio 
social, inserido em sua cultura com o seu próprio modo de entender o mundo. 
Nascia assim a concepção de infância. 
No decorrer dos anos vemos que houve uma variação da percepção de infância 
e para Fernandes e Kuhlmann Júnior (2004) “a infância seria um conceito, umarepresentação, um tipo ideal a caracterizar elementos comuns a diferentes 
crianças” (p. 28). Para os Referenciais curriculares (1998) "a concepção de criança 
é uma noção historicamente construída e consequentemente vem mudando ao 
longo dos tempos, não se apresentando de forma homogênea nem mesmo no 
interior de uma mesma sociedade e época". (p.21). Sendo assim, a infância muda 
com o tempo e com as transformações dos diferentes contextos sociais, porém, 
nos resta ainda saber, o que seria infância nos tempos contemporâneos? 
11 
 
 
1.1– Infância na atualidade 
Desde 1959, a ONU (Organização Das Nações Unidas), aprovou a "Declaração 
Universal dos Direitos Da Criança" que visa incluir os direitos a igualdade, 
alimentação e escolaridade gratuita para todos, ou seja, com isso a criança passou 
a ocupar seu lugar na sociedade. 
Mas se analisarmos essa questão, ainda há muitas crianças fora da escola, 
principalmente as que vivem em classes mais pobres, pois, infelizmente muitas 
delas ajudam no sustento da família, deixando assim de lado sua educação. 
Quando falamos sobre o conceito de infância na atualidade, podemos destacar 
que a globalização trouxe várias mudanças graduais, ou seja, aos poucos 
brinquedos como: carrinhos ou bonecas ficaram mais acessíveis, mas com o tempo 
foram deixados de lado, dando espaço para os aparelhos eletrônicos e em seguida 
a internet. 
Podemos destacar que em nosso país a influência da mídia está cada vez mais 
poderosa, em virtude do sistema precário da educação, pois ao invés de ajudar no 
ensino, ela garante a distração das crianças, possibilitando-as a obter acesso ao 
que quiserem. 
Observa-se que as crianças de hoje passam a se comportar e se vestir de modo 
adulto, assim como eram as do século XVIII, por isso os pais devem se atentar a 
isso, não deixando que seus filhos percam a infância. É claro que hoje a tecnologia 
ajuda de um modo geral, porém deve se tomar muito cuidado com isso, pois tanto 
pode ser bom, como também trazer o mal para uma família, se não souberem fazer 
uso de um modo correto. 
A escola como intermédio família-criança tem um papel fundamental na 
valorização da infância, pois sabe-se que é direito de toda criança aprender e ela 
tem como principal papel educar e ajudar na inserção do cidadão na sociedade. Ou 
seja, a educação para as crianças deve promover a integração entre os diversos 
aspectos que as norteiam, como o aspecto físico, emocional, cognitivo, entre 
outros. 
12 
 
 
A partir do momento em que a escola passa a proporcionar um trabalho onde 
a criança tem seu espaço, participa das atividades escolares fazendo escolhas, ela 
passa a proporcionar que esta se torne criadora de uma cultura própria. Nesta 
perspectiva, a escola passa a ressignificar seu trabalho, e isto ao estabelecer que 
este tenha a opinião delas, e a visão de mundo que elas têm em sua “interpretação 
infantil”. 
Este é um trabalho que, como diz Jobim e Souza (1994) et al. Andrade (2007), 
“faz-se uma ruptura com a representação desqualificadora de que a criança é 
alguém incompleto, alguém que constitui em um vir a ser no futuro”. Pois segundo 
estes autores ressaltam “a criança não se constitui no amanhã; ela é hoje, no seu 
presente, um ser que participa da construção da história e da cultura de seu tempo”. 
(p.4). 
Portanto, a educação da criança, pode ser destacada como um trabalho 
conjunto entre família-escola, pois é através dos dois que a criança formará base 
para o seu desenvolvimento. Ou seja, não basta somente a escola estar fazendo 
seu papel, se a família por outro lado não estar participando, devem ter sempre em 
mente de que todos têm o direito a educação e a criança desde bem cedo passa a 
aprender o que é ser cidadão e valorizar seu espaço na sociedade. 
 
2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: OS TEÓRICOS DA INFÂNCIA 
 
Destacamos aqui, alguns teóricos da infância, que defendiam a afetividade, 
o diálogo, a liberdade de desenvolvimento e expressão, os estímulos ao 
desenvolvimento dos sentidos, a educação transformadora, e a aprendizagem e 
desenvolvimento infantil. Aspectos os quais se cruzam com a intenção de abordar 
Educação Infantil, a ludicidade em forma de jogos, contos e cantos para estímulo à 
aprendizagem. 
João Amós Comênio (1592 – 1657), pai da didática moderna, destacam-se 
em sua época o respeito aos estágios da educação infantil no seu processo de 
13 
 
 
aprendizagem e construção do conhecimento através das experiências da 
observação e da ação, uma educação sem punição e sim diálogo. 
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), seguidor do protestantismo e das 
ideias de Rousseau. Antecipando as concepções da Escola Nova, Pestalozzi 
pregou que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolverem 
habilidades naturais e inatas. Considerou que o ato de educar “deveria ocorrer em 
um ambiente o mais natural possível, num clima de disciplina estrita, mas amorosa, 
e pôr em ação o que a criança já possui dentro de si, contribuindo para o 
desenvolvimento do caráter infantil”. Seu projeto educativo tinha também, a 
“intuição” como fundamento básico para se atingir o conhecimento. Assim sendo, 
sua educação se fundamenta na percepção, no desenvolvimento dos sentidos 
da criança e o ensino deveria priorizar a utilização de objetos, não de palavras. 
Friedrich Fröebel (1782 – 1852), educador alemão, considerado o primeiro 
educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica e o apreender do significado 
da família nas relações humanas. Sua teoria salientou a importância do desenho e 
das atividades que envolvessem movimentos e ritmos. 
Inspirado pelo amor as crianças e a natureza, sua ideia de atividade e liberdade 
reformularam a educação, embora seja conhecida apenas como fundador dos 
jardins da infância ou por sua metodologia de educação infantil. 
Apesar de ter trabalhado com Pestalozzi, de forma independente e crítica, 
formalizou seus próprios princípios educacionais enfocando o período da infância, 
insistindo para que as necessidades infantis fossem plenamente desenvolvidas. Ao 
abrir o primeiro jardim de infância, as crianças poderiam se expressar por meio de 
diferentes atividades envolvendo percepção sensorial, linguagem oral associada a 
natureza e à vida e dos brinquedos. Paralelamente dedicou-se a fundação de 
outros jardins, à formação de professores e elaboração de métodos e 
equipamentos pedagógicos. 
Henry Paul H. Wallon foi um filósofo, médico, psicólogo e político francês. ( 
1879 - 1962, Paris) em sua concepção, toda atividade da criança é lúdica. Para a 
14 
 
 
criança de um ano o ato de andar é uma atividade-fim, que se exerce por si mesma, 
diferente do adulto que anda para algo. Este ato de andar, parar, cair, levantar, 
normal de uma criança desta idade, é uma atividade lúdica, criando a sua própria 
ludicidade sobre esta ação. Podemos dizer que toda a atividade motora é lúdica, 
pois a própria incontinência motora infantil transmite para nós adultos, uma certa 
alegria, bastando observar os gestos que as crianças fazem quando estão 
comendo, sendo gestos de expressão emocional: alegria, tristeza, excitação, etc. 
Cabe ao adulto respeitar a ludicidade da motricidade infantil. 
A ludicidade também está presente no uso da linguagem, marcado pelo ritmo 
e a rima, sendo um grande estímulo poético: 
“Na chácara do Chico Bolacha, o que se procura nunca acha.” 
 
Para Kishimoto (2000), a brincadeira passa por uma evolução interligada aos 
aspectos do desenvolvimento infantil. O recém-nascido brinca com suas 
possibilidades sensoriais nascentes; brinca de gorjear, de olhar; as suas reações 
não passam de brincadeiras funcionais, criando uma sensação agradável. A 
criança busca recuperar estas sensações, tornando-se intenção, criando um círculo 
intenção – ato – efeito. Este círculo gera grande importância na atividade livre, 
estimulando cada vez mais a criança em buscado novo. 
O mesmo processo lúdico se repete várias vezes no desenvolvimento 
infantil. O grafismo é outro exemplo do gesto em relação à intenção: 
“A criança de três a quatro anos dirá que ainda não sabe o que está 
desenhando, porque ainda não acabou... o gesto-prazer, lúdico, 
transforma-se em gesto-trabalho, meio para realizar um designo”. 
(Kishimoto, 2000 p. 116). 
 
Para Wallon, em educação é importante introduzir a cada nova atividade o 
lúdico, ou seja, a primeira etapa da atividade tem que ser em forma de brincadeira. 
Brincar livremente, manusear, antes de dar um caráter instrumental. Com a 
linguagem, ocorre o mesmo processo, utilizando a melodia. Brincar com linguagem, 
com o gesto, para posteriormente usá-los intencionalmente. 
15 
 
 
Entre um e três anos, a criança tem “fome de espaço explorável” para 
permitir os avanços da autonomia motora. Brincar de andar, pular, subir, descer, 
pôr, tirar, empilhar, derrubar, etc., não tendo limites para o espaço. É necessário 
educar a criança para brincar no espaço adequado, o “espaço brincável”. 
No estágio personalista, segundo a teoria de Wallon, a criança brinca de 
dançar, brinca de pintar, brinca de ouvir histórias sobre si mesma. Nesta fase, 
brincar se aproxima com fazer arte e, segundo Kishimoto (2000), reforça a ideia de 
arte como forma do adulto expressar o lúdico, mantendo a liberdade, antes 
reprimida. Educar, neste período é sugestivo, conciliar com a própria natureza 
artística como música, pintura, escultura, dança, poesia, narrativa, teatro, etc. 
Maria Montessori (1870 – 1952), médica psiquiatra iniciou seus estudos e 
trabalho com crianças com deficiência mental em uma clínica psiquiatra de Roma. 
Contrapondo-se aos métodos tradicionais que não respeitavam as necessidades e 
processo evolutivo do desenvolvimento da criança, a pedagogia montessoriana se 
insere no movimento Escola Nova, ocupando papel de destaque devido as técnicas 
aplicadas na educação infantil e primeiras séries do ensino formal. 
Montessori defendia que a função da educação é favorecer o progresso 
infantil de acordo com os aspectos biológicos de cada criança. Em sua concepção, 
como os estímulos externos formam o espírito infantil, eles precisam ser 
determinados. Dessa forma além de propor que, em sala de aula, a criança fosse 
livre para agir sobre os objetos sujeito a sua ação, desenvolveu jogos e outros 
materiais didáticos que passaram a ter um papel predominante no trabalho 
educativo. 
Esses materiais tinham a função de estimular e desenvolver a criança 
numa busca detalhada do conteúdo a ser trabalhado, prevendo exercícios 
destinados a evolução das diversas funções psicológicas. Criou instrumentos 
elaborados para educação motora, e para educação dos sentidos e da inteligência. 
 Celestin Freinet (1896 – 1966), foi um dos educadores que renovou as 
práticas pedagógicas de seu tempo. Crítico da escola tradicional, não poupou a 
escola tradicional se mostrando contra o autoritarismo do sistema educacional 
16 
 
 
tradicional, expresso nas regras rígidas, no conteúdo arbitrário, fragmentado 
disfarçado em relação social e ao progresso da ciência. Sua corrente pedagógica 
partia do respeito mútuo entre professor e aluno, a ordem e a disciplina em sala de 
aula se estabeleciam naturalmente. 
Suas técnicas: “o jornal escolar, correspondência interescolar, desenho 
livre, a livre expressão, as aulas-passeio, o livro da vida”, têm como objetivo 
favorecer o desenvolvimento de métodos naturais da linguagem, da matemática, 
das ciências naturais e das ciências sociais num contexto de atividades 
significativas. Desse modo, possibilita às crianças sentirem-se sujeitos do processo 
de aprendizagem e a partir do seu interesse estabelecer condições da apropriação 
do conhecimento. 
Jean Piaget (1896 – 1980), biólogo e psicólogo, foi o formulador da teoria 
do desenvolvimento da inteligência humana e é hoje considerado como o mais 
importante teórico da área cognitiva. Piaget não propôs um método de ensino, a 
partir da observação cuidadosa de seus próprios filhos e de outras crianças, 
elaborou uma teoria do conhecimento e desenvolveu investigações cujos 
resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. Em suas pesquisas, 
concebeu a criança como ser dinâmico, que a todo o momento interage com a 
realidade, utilização de objetos e pessoas. 
Criador da “epistemologia genética”, Piaget mostra que todas as crianças 
passam por estágios estáveis de estruturação de pensamento, procurou investigar 
como se dava à construção do conhecimento no campo social, afetivo, fisiológico 
e cognitivo. 
Fazendo uma investigação em suas obras literárias constataremos que 
Piaget desenvolveu longos estudos e pesquisas nos mais diversos campos do 
saber, contribuindo com um valioso legado de informações e conhecimento a 
respeito da gênese e desenvolvimento e aprendizagem infantil. 
Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934), habilitado em direito, filosofia, 
medicina e psicologia, foi professor de pedagogia. Vygotsky traz a ideia do ser 
17 
 
 
humano como “fruto” do contexto histórico e cita a pedagogia como sendo a ciência 
básica para o estudo do desenvolvimento humano por se tratar de uma síntese das 
disciplinas que estudam a criança integrando os aspectos biológico, psicológico e 
antropológico do desenvolvimento. 
É importante ressaltar que a principal preocupação de Vygotsky não foi 
elaborar uma teoria do desenvolvimento infantil, mas de compreender 
desenvolvimento psicológico do ser humano. Utilizando-se dos pressupostos 
elaborados por Marx e Engels, Vygotsky buscou compreender o homem sempre 
como agente produtor de conhecimento de acordo as interações sociais. 
Vygotsky destaca-se também pelas contribuições de sua teoria com relação 
ao desenvolvimento e aprendizagem do homem, ao apresentar as “zonas de 
desenvolvimento”. Para Vygotsky desenvolvimento e aprendizagem são 
processos interativos, ou seja, ao aprender em um contexto social específico o 
indivíduo está se desenvolvendo. Partindo dessa concepção ele afirma que “o 
aprendizado humano pressupõe uma natureza social específica e um processo 
através do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” 
(VYGOTSKY, 2007, p. 100). 
Diante de tantos teóricos e suas contribuições no processo histórico e 
evolutivo da educação na infância, conclui-se que os estudos com relação à 
educação, metodologias, recursos didáticos e pedagógicos não se esgotam apenas 
nestes teóricos. Porém vale ressalta que cada um deles diante de seus estudos e 
pesquisas procurou compreender o período da infância e dar suas contribuições no 
campo da Educação Infantil. 
Paulo Freire (1921 – 1997), nasceu em Recife e faleceu em São Paulo. Foi 
um renomado educador brasileiro conhecido mundialmente pela visão que defendia 
uma educação de transformação, onde objetivo da escola é ensinar o aluno a ler 
o mundo. Também ficou conhecido pela alfabetização dos adultos, aplicado pela 
primeira vez na região de Angicos (RN) em 1963, onde uma região que era marcada 
por trabalhadores rurais, pedreiros, domestica, que acreditavam na importância de 
aprender a ler para “mudar a vida”. 
18 
 
 
Mikhail Mikhailovich Bakhtin; (1895 - 1975, Moscou) foi um filósofo e 
pensador russo, teórico da cultura européia e das artes. Dedicou a vida à definição 
de noções, conceitos e categorias de análise da linguagem. Uns dos aspectos 
inovadores por qual ficou conhecido, foi enxergar a linguagem como um constante 
processo de interação mediado pelo diálogo. "A língua materna, seu vocabulário 
e sua estrutura gramatical, não conhecemos por meio de dicionários ou manuais 
de gramática, mas graças aos enunciados concretos que ouvimos e reproduzimos 
na comunicação efetiva com as pessoas que nos rodeiam", escreveu o filósofo. A 
linguagem só existe em função do uso (quem fala ou escreve) e de interlocutores(quem lê ou escuta) e fazem dela a comunicação. 
Nessa relação dialógica entre locutor e interlocutor no meio social, em que 
o verbal e o não-verbal influenciam de maneira determinante a construção dos 
enunciados, outro dado ganhou contornos de tese: a interação por meio da 
linguagem se dá num contexto em que todos participam em condição de igualdade. 
Aquele que enuncia seleciona palavras apropriadas para formular uma 
mensagem compreensível para seus destinatários. Por outro lado, o interlocutor 
interpreta e responde com postura ativa àquele enunciado, internamente (por meio 
de seus pensamentos) ou externamente (por meio de um novo enunciado oral ou 
escrito). 
3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: LEGISLAÇÃO E DIRETRIZES DA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
A concepção educação infantil no Brasil teve suas mudanças baseadas na 
inserção social da criança no contexto político e econômico do país. 
Foi com esse intuito de atender essas crianças que apareceram os primeiros 
estabelecimentos nomeados de creches e pré-escolas com a intenção de atender 
as crianças pequenas de 0 a 5 anos, contudo essa nova concepção de educação 
infantil estava voltada ao assistencialismo, pois eram atendimento direcionado às 
famílias de baixa renda, ou seja, aos pais que não tinham com quem deixar seus 
filhos. 
19 
 
 
Essas instituições começaram a serem vista de forma discriminada pela 
sociedade, e acabaram se transformando em depósito de crianças. Cartaxo (2011, 
p. 37) elucida que a educação infantil é taxada como caráter assistencialista e que 
esse tipo de atendimento passa ser visto como um favor as famílias menos 
abastadas. 
Somente no fim da década de 90 com a criação do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, em 1990 e com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(LDBEN), em 1996, é que as leis foram sendo revistas, juntamente com a 
elaboração de vários documentos é que a educação infantil passou a ser vista mais 
em caráter educacional e com isso houve mais qualidade no atendimento à criança. 
O direito a essa educação nas creches está prevista no inciso IV da CF/88 
no artigo 2008, onde diz que: “ - educação infantil, em creche e pré-escola, às 
crianças até 5 (cinco) anos de idade;”, porém é correto afirmar que infelizmente 
nem todos os pais que trabalham e necessitam desse apoio da escola pública 
conseguem uma vaga para seus filhos numa creche, mas é correto deixar claro que 
é um direito assegurado pela principal Lei do país que é Constituição Federal, a 
criança tem direito a educação desde seus primeiros anos de vida. 
Cartaxo (2011, p.47) destaca que tanto no campo de pesquisa como no 
legislativo a educação infantil passa a ser vista sob um novo prisma com a 
redemocratização e implementação de inovações políticas educacionais. A 
Constituição Federal de 1988 reconhece o direito da criança de ser atendida em 
creches e pré-escolas, mas enfatizando o atendimento para o campo educacional 
e não assistencialista, antes da CF/88 não havia nenhuma lei que assegurava o 
direito das crianças com menos de 7 anos a ter educação, nenhuma outra 
Constituição se preocupou com a importância da educação nos primeiros 6 anos 
de vida da criança, fase essa de importância para o desenvolvimento da inteligência 
e personalidade do indivíduo. 
No art.227, capitulo VII- Da Família, Da Criança, da Constituição Federal, 
encontramos a seguinte afirmação: É dever da família, da sociedade e do 
estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a 
20 
 
 
convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda 
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. (Brasil, 1988). 
O aprender a criança é uma experiência significativa que integra o que ela já 
conhece com o que é novo. Entendo que é uma construção social a qual envolve a 
criança como um todo, no contexto educativo. Isso fica claro na própria redação 
dada pela Lei nº 12.796, de 2013 em seu Art. 29 onde diz que “ A educação infantil, 
primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral 
da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e 
social, complementando a ação da família e da comunidade.” Com isso fica claro a 
importância da educação desde cedo e nessa fase que será estimulada boa parte 
da formação pessoal da criança, em convívio social, e as formas com que o 
professor, os pais, entre outros, vão abordar e incentivar no desenvolvimento da 
criança o aprender de uma forma sadia com brincadeiras transforma o jeito com 
que a criança irá se desenvolver. 
Portanto, ao relacionar-se com o adulto, a criança exerce variadas funções, 
tais como companheirismo, colaboração, mediação, intervenção, observação e 
tantas outras, tendo em vista o papel que o adulto tem no brincar. 
3.1 – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) 
Com o passar do tempo o Brasil ganhou novos projetos relacionados a 
educação, saindo da vertente da Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases, 
chegando assim a ser criado documentos para atender a determinação do 
ministério da Educação, indo em valor ao que está mencionado na Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96), cria-se a RCNEI (Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil). 
A RCNEI foi elaborada por vários profissionais especializados em crianças 
que buscaram por meio de vários debates, para criar um guia de cunho educacional 
para os professores e profissionais que atuam com crianças de zero a seis anos. 
21 
 
 
Essa proposta e considerado um avanço na educação infantil ao buscar 
soluções educativas para a superação, nas fases que se integra da creche e, a pré-
escolas. 
O RCNEI é composto por três volumes, o primeiro trata da Introdução, 
trazendo reflexões sobre creches e pré-escolas, infância, educação e 
profissionalização, além do referencial teórico que sustenta a obra, o segundo 
volume trata da formação pessoal e social da criança diz respeito aos processos 
de construção da identidade e autonomia, e por fim o terceiro volume traz seis 
documentos, relacionado ao: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e 
escrita, natureza e sociedade e matemática. Esses volumes surgem para ajudar na 
construção de propostas educativas que respondam às demandas das crianças e 
seus familiares nas diferentes regiões do Brasil. 
 
3.2- Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) 
As Diretrizes Curriculares Nacionais são um conjunto de definições 
doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica 
que servem para orientam as escolas na organização, articulação, 
desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas, tendo sua origem na 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996. 
Em 1998 e criado a DCNEI estabelece o que deve ser ensinado, e no ano 
de 2009 com a RESOLUÇÃO Nº 5, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009, ocorreu uma 
nítida mudança em relação a colocar a criança em foco e serviram como um uma 
fundamentação teórica para a base, esse documento traz a importância do aluno 
ter acesso ao conhecimento cultural, científico, e contato com a natureza, também 
e colocado em evidencia a importância da interação e na brincadeira como eixos 
estruturantes do currículo, além de considerar os princípios éticos, políticos e 
estéticos que deveriam nortear a produção do conhecimento nas escolas infantis, 
ajudando assim no desenvolvimento desde cedo das crianças para o convívio em 
sociedade. 
22 
 
 
Essa resolução deixa clara a importância que o aluno tenha acesso aos 
conhecimentos escolares, porém, preservando o modo de a criança aprender, 
deixando evidente a importância do cuidar e educar a maneira como isso será 
realizadopor parte dos profissionais da área. 
4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: RESPONSABILIDADE DOCENTE NA 
PRIMEIRA INFÂNCIA 
 
O ser humano é a única criatura que nasce com forte dependência do adulto 
em seus cuidados por mais tempo, na infância, do que às demais criaturas, devido 
à complexidade de seu desenvolvimento físico e cognitivo. O bebê quando nasce 
carece de cuidados extremos de alimentação, higiene, aquecimento, abrigo, mas 
acima de tudo acolhimento e carinho por parte de sua família. E essa necessidade 
segue ao longo de sua existência, analisaremos aqui o momento em que a criança 
sai de seu meio social primário, a família, para ingressar na sociedade de educação 
escolar. Os professores da creche e da educação infantil serão como uma extensão 
familiar, sendo esses tutores responsáveis por seus cuidados integrais, em seus 
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família 
e da comunidade, na sua permanência na instituição escolar, pelo menos nos 
primeiros 5 anos. 
Tais cuidados, os chamados cuidados integrais, contemplam o cuidar e o 
educar, pois as crianças não possuem autonomia por um período de sua infância 
e é com o auxílio da escola que ela começa a ser desenvolvida. A escola nesse 
período infantil, de 0 a 5 anos, tem função de abrir as portas para a interação 
humana; e ao cuidar e educar a professora proporciona: interação entre as crianças 
e o objeto e entre as crianças com outras crianças e, através de situações de 
cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada, contribui 
com o desenvolvimento delas. 
E para que os profissionais da educação – os professores - possam atuar 
de forma eficiente na pedagogia da infância, é mister que se preparem através de 
sólida formação inicial e de forma continuada buscando aperfeiçoar-se cada vez 
23 
 
 
mais, pois além de complexa a pedagogia da infância é dinâmica e mutável. O 
mundo muda e a pedagogia muda, acompanhando as tendências humanas e 
sociais. 
Vimos que grandes mudanças vêm ocorrendo ao longo da história da 
humanidade, o reconhecimento da infância e suas características e necessidades 
e o reconhecimento da criança como um ser social e de direito (sujeito de direito), 
dotando-a do amparo de ordenamentos legais e políticas públicas. 
Os professores de Educação Infantil são sujeitos essenciais para o 
desenvolvimento de uma educação de qualidade, aplicando seus conhecimentos 
para educar e cuidar. O cuidado e a educação estão intrinsecamente relacionados 
ao ser humano, à existência humana. A educação é um fenômeno próprio dos seres 
humanos e, como ação humana, é prática social, expressão de certa concepção, 
uma visão de mundo. 
Além do cuidar outra forma de ensinar as crianças é através das 
brincadeiras, pois é pela ludicidade que a criança consegue compreender o mundo 
que a cerca, pois se utilizadas com intencionalidade pedagógica abrirá as 
perspectivas: social, histórica e cultural. É pelo brincar que as crianças 
compreendem o mundo e conseguem se expressar. 
"Toda criança que brinca se comporta como um poeta, pelo fato de criar 
um mundo só seu, ou, mais exatamente, por transpor as coisas do mundo 
em que vive para um universo novo em acordo com suas conveniências." 
Sigmund Freud, 1973 
 
O brincar e os jogos tem função séria na educação infantil, pois é através 
dela que a criança consegue organizar o caos de muitas informações recebidas ao 
mesmo tempo, é na brincadeira que ela organiza, classifica, reflete e imita, de 
maneira também subjetiva, como afirma Brougère, 1998. 
“... o jogo deixa menos marcas que a linguagem, e há os que pensam que 
ele só pode ser associado à subjetividade de um indivíduo que obedece 
ao princípio do prazer. Trata-se de fato de um ato social que produz uma 
cultura (um conjunto de significações) específica e, ao mesmo tempo, é 
produzido por uma cultura. “ 
 
 No entanto a criança não nasce sabendo brincar, como afirma Brougère, “a 
brincadeira não é inata. Mesmo que tenha elementos naturais, ela sempre é o 
24 
 
 
resultado de uma construção social. É algo que se aprende e se estrutura...” Logo, 
a criança aprende a partir de estímulos e brincadeiras desde a mais tenra idade, 
sendo a figura do professor perante atividades lúdicas a de estimulador, interventor, 
incentivador e avaliador. Pois ele será a figura a qual a criança será inspirada e 
tomada muitas vezes como paradigma. 
4.1 – A importância da Formação Docente 
 
 Um dos grandes desafios da área docente, é formar professores para a 
Educação Infantil, o que exige conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento 
e aprendizagem das crianças e sobre as condições adequadas de organização do 
trabalho nas creches e pré-escolas. 
O curso de Pedagogia surgiu em 1938, com a vocação de formar 
educadores, filósofos da educação, planejadores, pesquisadores em educação e 
para formar professores das escolas normais. A vocação não era para formar 
alfabetizadores somente. E desde então a Pedagogia vem se atualizando com o 
passar dos tempos e atualmente a formação do professor enseja que seja robusta, 
uma formação na qual o professor tenha clareza das metodologias, de como pensa 
a sala de aula, de como organizam o plano de trabalho, o plano de ensino para 
assim conduzir a um processo de aprendizagem de que garanta o mínimo de 
compreensão dos conteúdos que as crianças estão se apropriando e assim 
aprendendo. 
A importância da formação do professor, principalmente nos anos iniciais 
deve considerar o conjunto das disciplinas elementares, que fomentam o 
entendimento de qual é a dinâmica do processo de ensino e aprendizagem. 
A dialogia é a principal forma de se aplicar o processo de ensino e 
aprendizagem, pois é através do diálogo que se negocia um saber significativo com 
os sujeitos (alunos), considerando a múltiplas culturas, a comunidade a qual a 
escola está inserida e o cenário atual. 
25 
 
 
Tudo muda, o mundo, as crianças, a sociedade, a tecnologia e para isso a 
Pedagogia, na pessoa do professor, precisa se aperfeiçoar de modo que possa 
acompanhar essa tendência de frenética mudança, não podendo mais ficar 
aprisionado na instituição de antigamente que não dialoga com o mundo, com a 
linguagem e com a tecnologia de nossa sociedade. Entretanto não é tarefa isolada 
do professor, pois está associado a instituição, então juntos professor e escola tem 
a função de educar e acima de tudo fazer uma pedagogia do futuro, uma escola do 
futuro, como diz Libâneo: 
“ Seja falando de escola do presente, seja falando de escola do futuro, na 
minha maneira de ver a escola tem uma função que é específica dela, que 
é ensinar. E hoje ensinar significa ajudar os alunos a desenvolverem suas 
capacidades intelectuais, sua capacidade reflexiva”...”A escola precisa 
manter essa característica de ensinar, o bom professor é aquele que 
consegue organizar os seus conteúdos, levando em conta as 
características dos alunos. Os professores hoje, não podem desconhecer 
que os alunos vêm a escola com uma variedade muito grande de saberes 
que ele encontra fora da escola. A escola hoje não tem o monopólio do 
saber, então uma escola do futuro é uma escola, que ensina, mas é uma 
escola em que os professores saibam muito bem organizar o conteúdo, 
tendo em vista as características individuais, sociais, culturais que os 
alunos trazem à sala de aula.”” 
5 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO 
AMBIENTE ESCOLAR: Só brincadeiras? 
A criança, na escola, amplia seus interesses além do mundo infantil e dos 
objetos, expande as possibilidades de relações sociais, estabelece interações mais 
diversificadas com os adultos, compreende, gradativamente, as ações e as várias 
formas de atividades humanas: trabalho, lazer, produção cultural e científica. O 
jogo, a brincadeira, o desenho e formas diferentes formas de artes nessa etapa, 
são formas de expressão e apropriaçãodo mundo das relações, das atividades e 
dos papéis dos adultos. A criança, por intermédio das atividades lúdicas, atua, 
mesmo que simbolicamente, nas diferentes esferas humanas, reelaborando 
sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes (BISSOLI, 2005). Contudo 
é comum a concepção que atribui à brincadeira, jogos e artes a finalidade de ser 
“passatempo”, “desgaste de energia excedente”, quando, para a criança, brincar é 
algo essencial para suas aprendizagens e desenvolvimento. 
26 
 
 
Vygotsky (2001), ao analisar a relação entre o brinquedo e a escrita na 
prática escolar, ressalta que o primeiro pode ser visto como um componente da 
pré-história da escrita, considerando que a apropriação deste complexo código 
requer um nível elevado de desenvolvimento da capacidade simbólica. Para esse 
teórico, a diferença entre uma criança de três e outra de seis anos, nas situações 
lúdicas, está, principalmente, no modo pelo qual empregam as várias formas de 
representação, tornando-se cada vez mais complexas. Uma contribuição 
importante, portanto, da brincadeira, reside no aspecto de que, quanto mais a 
criança brinca, mais ela desenvolve a sua capacidade simbólica, e esta favorece a 
aprendizagem de códigos sociais mais complexos, neste caso específico, a escrita 
(LURIA, 1988). 
Até que a criança desenvolva a linguagem, é por meio das brincadeiras que 
ela se expressa (sentimentos e pensamentos). Ao brincar ela interage com o grupo 
e com o meio, ampliando assim sua autoimagem positiva e constituindo sua 
personalidade. Friedmann (1996) afirmou, ao dizer que, a afetividade é uma 
constante no processo de construção do conhecimento e é ela que, na verdade, irá 
influenciar o caminho da criança na escolha dos seus objetivos. 
Enquanto brinca, a criança está consciente de que está representando um 
objeto, situação ou fato, mas, ao mesmo tempo, está inconsciente de que esteja 
representando algo que lhe escapa por estar fora do campo de sua consciência no 
momento. A brincadeira simbólica, como as demais manifestações simbólicas, dá 
à criança condições de aprender a lidar com suas emoções e afetos. 
Para Piaget (1976), a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades 
intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou 
entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e 
enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma: 
"O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício 
sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade 
própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real 
em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos 
de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um 
material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as 
27 
 
 
realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à 
inteligência infantil". (Piaget 1976, p.160). 
 
A proposta de usar o Brincar e as Artes nas séries iniciais, especificamente 
na idade de 2 a 3 anos enfatizada aqui, desde cedo possibilita que os alunos 
desenvolvam habilidades corporais participando de atividades culturais, tais como 
jogos, esportes, músicas e danças, tendo como finalidades de lazer, expressão de 
sentimentos, afetos e emoções. 
O desenho é uma forma bastante importante de expressão infantil e sua 
representação de mundo, segundo Rosa Iavalberg, 
‘‘O desenho como linguagem da criança é um virtual humano que pode se 
desenvolver ou não a depender das experiências de aprendizagem 
positivas ou negativas do desenhista. “Um bloqueio para desenhar pode 
ser fruto de orientação equivocada em casa ou nas escolas, que não 
observa a lógica das ações dos desenhistas e de cada desenhista 
singular, didática que traz problemas à aprendizagem e ao avanço no 
desenho da criança.” 
A criança, por meio de seus desenhos, exibe indícios de sua realidade, 
trazendo à tona desejos interiores, emoções e sentimentos vividos por ela. Muitas 
delas expressam algo voltado para as experiências e as vivências do seu mundo. 
Por isso, o professor deve sempre incentivá-las a desenhar por meio de desafios 
que despertem sua curiosidade. 
Essa visão da autora nos remete à ideia de que as crianças possuem 
maneiras e ferramentas próprias de se expressar, buscam em suas observações 
ideias para apresentar suas manifestações artísticas. O desenho é uma forma de 
a criança comunicar e expressar seus sentimentos, tendo em vista ainda não poder 
expô-los pela linguagem oral e escrita. Assim, a arte na idade infantil, mais do que 
um entretenimento, é um entendimento significativo da criança, consigo mesma, é 
a seleção daqueles aspectos em que ela vive com os quais ela se identifica. 
O desenho da criança é importante não apenas no processo criativo, mas 
também no campo da comunicação, podendo ser tão importante quanto à 
linguagem verbal. É necessário olhar o desenho além do ato de brincar e passar a 
ver como um meio de comunicação. A maneira particular em que as crianças 
28 
 
 
observam o mundo e as coisas ao seu redor, é por vezes tão intensa que os adultos 
na maioria das vezes não podem compreender, por essa razão é necessário 
capacitar profissionais que sejam devidamente qualificados para assim decifrar as 
mensagens feitas por elas. 
Tendo em vista que a arte proporciona à criança uma vasta gama de 
possibilidades, sendo muito importante para o seu contínuo processo de 
crescimento perceptual e emocional. O desenho é indispensável para o 
desenvolvimento da criança, pois ela projeta no papel o seu esquema corporal, 
representando seus impulsos, seus desejos, suas emoções e seus sentimentos. 
Iavelberg (2013, p. 35) afirma: “As crianças de educação infantil agem com vigor 
ao desenhar. Experimentam movimentos e matérias oferecidos sem medo, 
fazendo-os variar por intermédio de suas ações”. Com base nessa afirmação 
podemos dizer que, a criança trabalha de modo concentrado em seu desenho, pois, 
desde cedo é influenciada em um contexto social. 
E é a partir dele, que elas vão construindo suas ideias sobre o que é o 
desenho e para que serve esse desenhar. É tamanha importância do desenho no 
processo de ambientar a criança em seu meio social, por contribuir de forma 
significativa e quantitativa no ou seu desenvolvimento cognitivo, bem como 
proporcionar interação com os demais indivíduos. Nesse momento criança percebe 
e corresponde a sociedade em que está inserida por meio de suas produções 
artísticas. O desenho lhe permite registrar muito dos conceitos que não podem ser 
realizados por outra forma de comunicação. Ainda quando pequenas tudo parecem 
ser objetos que lhe permitam realizar suas expressões, eles rabiscam o que têm à 
disposição, livros, paredes, aplicativos de computadores, celulares e até mesmo na 
areia. 
Desenhar é, sobretudo, uma diversão, uma brincadeira, um ato intuitivo. De 
acordo com Iavelberg “expressiva, livre e natural da infância”. (2013, p. 15). Essa 
importância do por que, nunca devemos corrigir as expressões naturais enquanto 
a criança estiver contente com criação. Pelo contrário, este se torna o momento 
ideal para encorajá-las e incentivá-las cada vez mais em se expressar pelos seus 
desenhos, fazendo com que entendam que são livres para expor com as ideias e 
29 
 
 
pensamentos obtidos da realidade e fantasia. Este processo promove e incentiva a 
progressão criativa das crianças a partir da vivência na qual estão inseridas. Bem 
como expressar seus gostos e seus olhares do ambiente social a qual estão 
inseridos, a fim fazer deles “criadores, inventores futuros e personalidade nova” 
(IAVELBERG, 2013, p. 19). A escola renovada defende que as crianças não 
precisam de orientação, não dando margem para o ensino tecnicista e repetitivo da 
escola tradicional. 
Em sua pesquisa, Iavelberg (2003) conclui que a criança na construçãode 
desenhos passa por quatro momentos conceituais, que estão baseados tanto pelas 
possibilidades do desenvolvimento estrutural intelectual ao qual a criança se 
encontra, criança, diretamente influenciados pelo ambiente escolar e social. 
Estes momentos são chamados: ação, imaginação, apropriação e 
proposição. No momento da ação, é caracterizado principalmente por pontos e 
traços desordenados. O desenho de imaginação é caracterizado em dois tempos, 
simbolismo desarticulado, e simbolismo articulado. Após surge o desenho de 
apropriação, é a fase em que a criança começa se interessar em fazer um desenho 
mais real possível daquilo que observa caracterizado pelas cópias interesse de 
mostrar sua individualidade e marcas e estilos próprios em seus desenhos. Deste 
modo Iavelberg (2003) alega que o período do ensino fundamental não é o tempo 
de bloqueio criativo, pois é a criança quem expressa seus interesses. É necessário 
levar em conta que o desenho é uma atividade do imaginário. A criança se apropria 
de conteúdos apresentados na forma de signos gráficos e reapresenta através da 
criação de novos significados. 
5.1 – Desenvolvimento Infantil: Cognição, Afeto, Gestos 
 
Pensar na importância da brincadeira para o desenvolvimento cognitivo da 
criança na infância é uma reflexão construtiva no âmbito social e educacional, pois 
ultimamente as crianças não brincam tanto como antigamente. Atualmente, a 
criança não tem tido tempo para aproveitar sua fase infantil tanto em casa como na 
escola, porque muitos adultos não têm certo conhecimento sobre o papel do 
30 
 
 
brincar, que não é apenas um passatempo. Inserir a criança em situações lúdica é 
importante para o seu desenvolvimento. 
A criança desenvolve-se principalmente pelas experiências as quais são 
expostas quando pequenas. Essas experiências da realidade são essenciais para 
que se obtenham uma visão mais ampla do mundo em que vive, para que se 
alcance uma relação satisfatória na infância, adquirindo novas descobertas. É por 
meio das brincadeiras que a criança principalmente desenvolve sua cognição, 
como: memória, o raciocínio, a criatividade, coordenação motora e intelectual, pois 
ela aprende brincando. 
Segundo Piaget não é possível falar sobre desenvolvimento cognitivo sem 
abordar o tema cognição, que está diretamente ligado a um conjunto de habilidades 
cerebrais/mentais, tais como; pensamento, raciocínio, abstração, memória, que são 
necessários para aquisição do conhecimento sobre as coisas que ocorrem no 
mundo. Os processos cognitivos são adquiridos de forma gradual desde o 
nascimento do sujeito, por este motivo relacionam-se diretamente no processo de 
aprendizagem. Um não ocorre sem o outro. Piaget (1982) explica que o indivíduo 
desde o nascimento constrói o seu conhecimento. Sua teoria nos faz pensar que 
as pessoas em modo geral tem uma capacidade de aprender de forma contínua 
desde as primeiras horas de vida. Em sua teoria os primeiros anos de vida de uma 
criança são essenciais e determinantes para um bom ou mau desenvolvimento 
cognitivo e social, estas experiências serão marcantes por toda a sua vida que 
refletiram no adulto que irá se tornar. 
A classificação do desenvolvimento cognitivo nos vários estágios aponta 
para o fato de que todos os indivíduos passam por várias mudanças previsíveis e 
ordenadas, ou seja, todos os indivíduos vivenciam todos os estágios do 
desenvolvimento cognitivo na mesma sequência, contudo, o início e o término dos 
estágios variam de indivíduo para indivíduo – devido às especificidades de cada 
um de ordem biológica ou ambiental. Cada estágio se desenvolve a partir do que 
foi construído nos estágios anteriores. A ordem ou sequência em que as crianças 
passam por cada etapa é sempre a mesma, variando apenas o ritmo de cada uma 
quando adquire suas novas habilidades. 
31 
 
 
A teoria de Piaget (1982), acerca do desenvolvimento da criança divide-se, 
basicamente, em quatro estágios, que ele próprio chama de fases de transição: 
- Sensório motor (0 – 2 anos), 
- Pré-operatório (2 - 7 anos), 
- Operações concretas (7 – 12 anos) e 
- O estágio das operações formais (a partir dos 11 ou 12 anos). 
A cognição humana se dá a partir da integração entre o corpo, a mente e o 
ambiente no qual a criança está inserida, isto é, o cérebro recebe e adere às 
informações do ambiente e as transmite através do corpo. É assim que ocorre com 
a linguagem, na qual primeiro ocorrem às emoções, posteriormente passam pela 
linguagem falada e finalmente chegam à linguagem escrita, ou seja, o processo de 
cognição é evolutivo. 
A educação infantil deve compreender o processo cognitivo evolutivo em que 
a criança passa, pois é um momento marcante em que ela precisa de afeto, o 
ambiente escolar deve ser estimulante e transmitir segurança e tranquilidade para 
que ela passe de forma saudável por esta fase, sentindo-se acolhida e protegida. 
Este é um momento em que a afetividade é fundamental, pois será um 
período de profundas mudanças e transformações físicas e sociais em que ela será 
que se adaptar. Ela ingressará em uma nova etapa de sua vida ficando fora do 
conforto de sua casa e seus familiares, começando a criar novos laços no espaço 
escolar. Ou seja, seu desenvolvimento ainda está conectado com o seu lado 
afetivo, ela teme sua relação com as novas crianças professores e funcionários que 
passaram a fazer parte de seu convívio diariamente. A afetividade é um estimulante 
natural para o desenvolvimento do saber e da autonomia, é por meio de suas 
relações que a criança passará a estabelecer suas conexões sociais, por este 
motivo deve ser respeitada na instituição escolar. Neste momento seu caráter 
estará em formação, passando a expressar sentimentos e emoções, que fazem 
parte de todo seu desenvolvimento moral e intelectual. Por esta razão, a relação 
entre professor e o aluno não pode ser neutra, a afetividade precisa estar presente 
32 
 
 
na formação desse vínculo quê visão uma relação de respeito para a obtenção de 
bons resultados no processo de ensino e aprendizagem. Ao professor cabe a 
tarefa de ser mediador no contexto da realidade escolar para que consiga exercer 
com êxito sua função de educar e consiga alcançar cada aluno, independente de 
sua necessidade e cultura. 
A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem 
permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são 
construídas e se modificam de um período a outro, pois à medida que o 
indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas 
(ALMEIDA, 1999, p.50). 
É realmente desafiador ao professor alcançar essa evolução, pois para tanto 
é necessário enxergar o aluno em sua individualidade, visto que ambos vivem em 
meios diferentes e precisam entender o contexto em que cada um está inserido. 
Torna-se importante conceder meios para que de fato a interação entre 
professor e aluno se torne um vínculo afetivo para o desenvolvimento da criança 
no processo de ensino-aprendizagem. 
O desenvolvimento do lado afetivo da criança depende de como as situações 
lhe serão abordadas no ambiente escolar, é preciso mostrar que ela está sendo 
vista, trabalhar com atividades que despertem sua atenção e, principalmente, dar 
oportunidade e autonomia para que a criança expresse seus sentimentos, sempre 
lembrando que uma criança é diferente da outra. 
Logo, devem-se levar em conta essas diferenças e se preciso for criar 
estratégias para acolher cada uma delas especificamente, mostrando-lhes que as 
diferenças existem e ensinando-as a respeitar a necessidade de cada um. Tão 
necessário quanto a questão do planejamento escolar, é imprescritível que nas 
instituições de educação infantil, sejam implementadas situações que ofereçam 
interação entre crianças e adultos, proporcionando a esses alunos a ampliação no 
seu campo de visão e percepção entre si mesmas e aosoutros se diferenciando, e 
fazendo prevalecer sua identidade. Isto é, proporcionar a partir do trabalho 
educativo a construção da autonomia, autocuidado, que as crianças relacionam-se 
33 
 
 
reciprocamente com o meio, e que tenham respeito às diferenças que nos 
constituem como seres humanos. 
 Estudando corpo gestos e movimentos; com o corpo as crianças exploram o 
mundo, o espaço e os objetos de seu entorno; nesta relação se expressam, brincam 
e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro e sobre o universo cultural e 
social. Portanto, devem ser utilizadas as diferentes linguagens, como: a música, 
teatro e as brincadeiras de faz de conta. Explorando e vivenciando um amplo 
repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, nos 
diferentes espaços e de diferentes formas. Assim tornam-se conscientes de sua 
corporeidade. 
É muito comum percebermos em contexto escolar, que visando garantir uma 
atmosfera de ordem e harmonia, algumas práticas educativas procurem 
simplesmente suprimir o movimento, impondo às crianças de diferentes idades, 
rígidas restrições posturais. Pensar no movimento humano é muito mais do que 
simplesmente pensar no deslocamento do corpo sobre o espaço. Compreender 
essa questão nos permite entender a linguagem em que as crianças agem sobre 
ou meio físico e atuam sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por suas 
ações expressivas. 
É dever das instituições de educação infantil fornecer um ambiente social e 
espaço adequado devidamente seguro para que as crianças possam explorar e 
fortalecer suas habilidades e motricidade. Toda aula ser devidamente elaborada 
com intuito da criança se sentir segura e protegida para explorar novos ambientes, 
se aventurando em novas descobertas, sendo desafiada e incentivadas para 
arriscar e vencer novos desafios nunca vistos ou nunca explorados. São aulas 
planejadas, que fujam do cotidiano, que fazem com os alunos usem suas 
habilidades já adquiridas e que busquem novas cognições para aquisição de novos 
conhecimentos. 
É a partir do movimento que a criança amplia o uso significativo de gestos e 
posturas corporais, que expressa sentimentos e ações. Ao observar toda 
importância de um ambiente devidamente planejado ao movimento das crianças 
34 
 
 
principalmente para as escolas atendem crianças de 0 a 05 anos o movimento e a 
ludicidade são fatores que atuam conjuntamente na sua educação. Por esta 
questão, o educador precisa ter um olhar diferenciado sempre levando em 
consideração as necessidades do universo infantil, é um momento de reflexões 
sobre as diversas práticas pedagógicas disponíveis que abordam as necessidades 
e funções atribuídas aos movimentos. Ainda para muitos professores alguns gestos 
ou mudanças repentinas de movimentos são muitas das vezes vistos com maus 
olhos, remetendo a imagem de desordem e indisciplina. 
Há também alguns educadores, que acreditam que algumas práticas sociais 
baseadas em repetições constantes sejam essenciais para o desenvolvimento dos 
alunos. Nesta percepção, Wallon (1975, apud, MALUF 1999), diz que as 
instituições, de uma maneira geral, persistem em imobilizar as crianças em uma 
carteira ou mesa, restringindo a fluidez das emoções e do pensamento, 
imprescindíveis para o desenvolvimento completo da pessoa. As instituições 
escolares, por sua vez devem assegurar às crianças jogos e brincadeiras que lhe 
permitam progressão continuada para com seus movimentos e equilíbrio. Os jogos 
são grandes aliados em sala de aula, por eles as crianças aprendem regras, a lidar 
com a questão da competição e trabalho em equipe, Você tirou válidos para 
formação de sua identidade dentro do contexto social. 
Ainda quando pequenas, o movimento para as crianças assume um papel 
importante, que significa muito mais do que movimentar partes do corpo ou 
deslocar-se no espaço; O movimento é a forma mais comum de comunicação, elas 
conseguem expressar por meio dele, sentimentos e frustrações. Por vezes se 
comunicam através de gestos e das mímicas faciais, e a todo instante usam 
fortemente o corpo para suas interações. É perigoso me entender esse modo de 
comunicação como bagunça e desordem, quando isso ocorre, todo potencial da 
criança de se expressar livremente através de várias dimensões é desvalorizado e 
o oprimido. Nessa perspectiva o RCNEI (1998, p.19), aponta que: 
[...] um grupo disciplinado não é aquele em que todos se 
mantêm quietos e calados, mas sim um grupo em que os 
35 
 
 
vários elementos se encontram envolvidos e mobilizados 
pelas atividades propostas. 
É fácil observar como o movimento é importante na vida de uma criança, 
exemplo quando uma criança aprende a andar ou subir um degrau é comum ela 
ficar repetindo o mesmo gesto a toda instante por diversas vezes ao longo do dia, 
sem uma finalidade específica. Na verdade, esse simples gesto de repetição está 
se conectando e amadurecendo seu sistema nervoso proporcionando o 
aperfeiçoamento dessa nova habilidade adquirida tornando-se cada vez mais 
seguro e estável, desdobrando-se nos atos de correr, pular e suas variantes; a 
criança dessa idade é aquela que não pára, mexe em tudo, explora, e pesquisa. 
O movimento como visto de fora e principalmente como quesito essencial 
para conhecimento do mundo quando vivenciado ajuda a criança adquirir novas 
habilidades através de seu corpo, de sua percepção e sensações. Por estar ligado 
a aspectos afetivo e relacional, o contato da criança com o adulto, com o ambiente 
físico e com outras crianças, dá condições para que ela se desenvolva 
favoravelmente em seu ambiente. O corpo, portanto, é uma forma da criança 
expressar a sua individualidade, e conhecer-se a si mesma e perceber as coisas 
que a cerca. 
6 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
6.1 - Uma breve reflexão sobre alfabetização do Brasil 
 Durante muito tempo, pensamos que alfabetização era somente aquele que 
sabia escrever. De um modo geral, muitas pessoas pensam assim. Porém, nos dias 
de hoje, isso não é mais suficiente. Na verdade, apensas saber ler e escrever (ou 
seja, decodificar) não é o suficiente para alguém ser considerado alfabetizado. 
De acordo com o IBGE (2007), a Unesco considera alfabetizada a pessoa 
capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece. 
Embora não esteja convencionado o que é um bilhete simples, essa definição nos 
remete a certeza de que, na sociedade contemporânea, para essa pessoa saiba 
ler, escrever e interpretar, ou seja, que compreenda o que lê. Que possa opinar 
36 
 
 
sobre o assunto, que possa utilizar a linguagem escrita como forma de 
comunicação para viver melhor. 
As práticas educativas devem ser organizadas de modos a garantir, 
progressivamente, que os alunos sejam capazes de: 
- Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas 
- Ler textos dos gêneros 
- Utilizar a linguagem oral 
- Participar de diferentes situações de comunicação oral 
- Produzir textos escritos 
- Escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo 
- Considerar a necessidade das várias versões 
 
Para que estes objetivos sejam alcançados temos que ter uma visão do que 
venha a ser alfabetização. Temos que mudar as práticas das escolas e as ações 
dos professores. 
“a alfabetização é mais do que o simples domínio mecânico de técnicas 
de escrever e ler. É o domínio dessas técnicas, em termos conscientes. É 
entender que se lê e escrever o que se entende. É comunicar-se 
graficamente. ” Freire (1967, pag. 111) 
6.2 - Diferentes Linguagens 
 A linguagem para que serve? Quantos tipos existem? Vamos para algumas 
definições que encontramos: 
 Dicionário Houaiss (2001, p. 1.763) “ qualquer meio sistemático de 
comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, 
gráficos, gestuais, etc.” 
Dicionário Michaelis (2010), “conjunto de sinais falados (glótica), escritos 
(gráfica) ou gesticulados (mimica),de que se serve o homem para exprimir 
suas ideias e sentimentos [...] qualquer meio que sirva para exprimir 
sensações ou ideias. ” 
 
37 
 
 
 Então, linguagem é a forma que usamos para comunicar nossas ideias e, 
justamente por isso, ela pode se manifestar de muitas formas. Podemos nos 
comunicar de várias maneiras: por meio da linguagem oral, da linguagem não 
verbal, da linguagem escrita e, ainda, por meio da linguagem musical, entre outras. 
6.3 - A comparação de linguagem entre Piaget e Vigotsky 
Para Piaget o pensamento, o raciocínio, as estruturas lógicas é que fazem 
com que o sujeito seja capaz ou não de compreender a linguagem que vem do 
exterior. A linguagem é importante, mas não é o suficiente para fazer evoluir a 
construção do conhecimento. 
Para Vigotsky pensamento e linguagem caminham juntos na interiorização 
do mundo exterior. O outro é fundamental para a construção da consciência. E este 
papel é exercido pela linguagem. 
“A história da escrita na criança começa muito antes que o professor 
coloque pela primeira vez um lápis em sua mão e lhe ensine um modo de 
traçar as letras. Se não conhecemos a pré-história da escrita das crianças, 
não podemos compreender como a criança é capaz de dominar esse 
complexo de comportamento cultural.” 
Vygotsky á partir do questionamento de como a criança aprende e se 
expressa, quando começa tudo isso, no seu conceito da pré–história da 
alfabetização, situando-nos que a língua escrita parte da linguagem e seus 3 
grandes eixos: pelas brincadeiras que se faz com gestos, pelos desenhos que se 
faz com gestos ou com figuras ou imagens e por fim a escrita que se faz com signos 
ou com símbolos. 
A criança vai evoluindo, por diferentes caminhos e de forma não linear e vive 
grandes revoluções qualitativas de amadurecimento da compreensão do sistema 
de representações. 
Esse grande amadurecimento começa muito antes da criança entrar na 
escola, por várias formas de como a criança elabora os sistemas de simbologia e 
representação. 
38 
 
 
6.4 - Brincadeiras 
 “Para a criança tudo, pode ser tudo” 
Vygotsky 
Os gestos dão sentido à representação e incorporam funções substitutivas, 
por isso vemos algumas vezes uma criança dando sentido à algum objeto, como 
por exemplo, uma bolacha comem um pouco e dizem: “Olha tia, é um carro e de 
fato a utilizam por gestos como um carro”. 
6.5 - Desenhos 
A criança através de sua impressão entre papel e giz de cera, executa um 
gesto e sai um desenho aleatório e aí ela denomina o que esse desenho representa, 
algumas vezes esse desenho pode mudar quando perguntado posteriormente, do 
que se trata. 
Já há outras situações em que ela antecipa e diz previamente o que irá 
desenhar, executa o desenho à sua maneira e se perguntada depois, a mesma 
definição continua expressa. 
Em outro momento, em desenhar a figura humana, ela pode representar o 
que ela sente em relação à pessoa ou uma característica a qual lhe salta aos olhos, 
e os desenhos ao longo da jornada vão ficando mais elaborados, como por 
exemplo: 
- Desenho Radiográfico: é quando uma criança desenha o que se pode ver e o 
que não se pode, como por exemplo a parte submersa do casco de um navio, 
mostrando como a criança vai aprofundando seu sistema de representação a ponto 
de desenhar o que não se pode ver. 
- Escrita Topográfica: fase em que a criança distribui registros, rabiscos como 
manchas, linhas no “espaço do papel” “sem relação com o conteúdo das sentenças 
faladas, produzindo o que Luria chama de ‘marcas topográficas’: “[...] essas marcas 
ainda não são signos, mas fornecem pistas rudimentares que poderão auxiliar na 
recuperação da informação” (OLIVEIRA, 2010, p. 73). 
39 
 
 
Na fase topográfica da escrita as crianças começam a fazer relação da 
escrita com as sentenças faladas. Assim, para as frases curtas são registradas 
marcas curtas, frases longas identificadas por marcas longas. As marcas realizadas 
pela criança no papel são os primeiros rudimentos que mais tarde se tornarão a 
escrita (LURIA, 1988). 
- Escrita Pictórica/Pictográfica: Nessa fase o desenho ocupa o lugar da palavra 
e alguns elementos gráficos passam a ser incorporados nos registros da criança. 
Nesta fase a criança começa a utilizar outras marcas para representar a sua escrita. 
Passa a desenhar dizendo que está escrevendo e os desenhos passam a serem 
signos mediadores e representam determinado conteúdo, ou algo que a criança diz 
que escreveu. “O desenho transforma-se, passando de simples representação para 
um meio, e o intelecto adquire um instrumento novo e poderoso na forma da 
primeira escrita diferenciada” (LURIA, 1988, p. 166). 
- Escrita Ideográfica: É um sistema utilizado desde a antiguidade, onde símbolos 
e desenhos representam ideias, como por exemplo: placas de trânsito, placas 
informativas de locais como escadas, hidrantes, etc. Não é considerado como uma 
escrita em si, embora seja muito utilizada. 
6.6 - Escrita 
Para Vygotsky, de fato o desenho passa a ter um peso de escrita é na fase 
da Escrita Topográfica, momento o qual a criança marca (desenha), em pontos 
espaciais específicos do papel, e essa marca passar a ter um sentido, uma função 
que a permite recuperar ou recordar de uma frase dita ou de uma história contada. 
Essas marcas no papel podem instrumentalizar a criança no resgate da memória. 
Escrita simbólica – ou fase simbólica, é quando a criança tem noção de 
que as letras são usadas para expressar a fala, e o processo de elaboração mental 
dá sentido á ideia que se deseja expressar. Assim, a criança procura usar as letras 
que sabe, escrevendo da esquerda para a direita e todas as vezes em que lhe 
questionarem o que está escrito, será sempre a mesma coisa. 
40 
 
 
Assim, a partir da escrita topográfica, as crianças vão sofisticando a forma 
como elas representam as coisas, o mundo, de forma a organizar e sofisticar a 
forma como elas querem representar seus pensamentos e a suposta escrita. 
6.7 - Implicações Pedagógicas 
- Escola como locus de socialização do universo simbólico: O papel da escola 
já na Educação Infantil é explorar essas formas de representação, pois brincar é 
um reforço poderoso ao sistema de representação; 
- Criar o sentido do ler e escrever para fomentar o desejo de conhecer e usar 
a língua: Ao explorar as formas de representação você incentiva ao indivíduo a ter 
o desejo de aprender; 
- Aprendizagem como processo natural dada pela relação da língua na esfera 
social (“não se deve impor a escrita, mas cultivá-la”): Criar situações onde a 
escrita vai surgindo naturalmente a partir de propósitos e contextos significativos 
para as crianças, carregada de sentido; 
- Práticas contextualizadas, significativas e lúdicas: Ensinar a criança a ler, já 
na Educação Infantil é brincar, é usar sistemas de representação, é fazer com que 
ela perceba a complexidade da língua e seus usos; 
- Explorar o desenho e a brincadeira como mecanismos de representação 
simbólica: Se os desenhos pelos gestos, pelo figurativo, se as brincadeiras pelos 
gestos é antecessor da língua, é preciso que se fomente isso; 
- Repensar os modos de comunicação, ensino, aprendizagem e convivência 
na escola: A convivência na escola atualmente é mais ativa, as crianças são mais 
dinâmicas, então é a partir de situações lúdicas, situações problemas e de 
situações interativas que tudo vai ganhando sentido e 
- Repensar a própria concepção de língua escrita: Como um sistema simbólico 
complexo, que exige do sujeito um esforço cognitivo, pois além de ajudar a se 
comunicar ajuda também a organizar o pensamento. 
41 
 
 
7 - APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS: PROPOSTA PEDAGÓGICA 
DE BRINCAR 
 
Para a aplicação de nossa proposta pedagógica de brincadeira com foco em 
alfabetização, muitas ideias surgiram, algumas complexas e mirabolantes e, após 
discussões do grupo sobre a viabilidade, mas acima

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