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Aula 04 - Direito Processual Penal - Curso Estágio Ministério Público Estadual

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AULA 04 – DIREITO PROCESSUAL PENAL
Mi
	
	CURSO: Ministério Público Estadual
Estagiando Direito
@estagiando_direito_
Considerações iniciais
Vamos terminar a parte de ação penal, vamos na última e pequena que falta, a ação civil ex delicto. Passado esse tópico, iniciaremos as regras de competência que são estabelecidas em no CPP, essa parte da matéria é um pouco mais de decoreba, mas não significa que não seja importante, pelo contrário. É de extrema importância a leitura dos artigos referentes as regras de definição de competência, pois muitas questões caem de forma idêntica a lei seca. Por fim, deixamos alguns comentários de doutrinas para facilitar a compreensão do conteúdo e aprofundar ainda mais o nosso conhecimento. Qualquer dúvida, elogio, reclamação pode nos enviar no direct do nosso Instagram, será um grande prazer em conversar com vocês.
Ação Civil ex delicto
Conceito: 
Trata-se da ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, para obter indenização pelo dano causado pela infração penal, quando existente. 
Essas ações que nascem do crime e que seriam a ação penal, para a inflição de pena e a ação civil, para restituição, ressarcimento e reparação. Com fundamento em um mesmo fato, que se afirmar delituoso, cuja prática se imputa à determinada pessoa, podem ser exercidas duas pretensões distintas: a chamada pretensão punitiva, ou seja, a pretensão à imposição de pena cominada em lei, e a pretensão à reparação do dano que o suposto delito haja causado. 
· Mesmo Fato;
· Pretensão punitiva;
· Pretensão reparatória;
Sistemas da ação civil ex delicto: 
· Confusão: mesma ação visa à imposição da pena e à reparação. 
· Solidariedade: há duas ações diferentes, uma penal, outra civil, mas no mesmo processo, e diante do mesmo juiz, o criminal”. 
· Livre escolha: neste é facultativo cumular as ações no processo penal ou fazê-las correr nas sedes civil e penal, respectivamente. 
· Independência: duas ações podem ser propostas de maneira independente, uma no juízo cível, outra no âmbito penal. No Brasil, o sistema adotado está previsto no art. 935 do Código Civil, podemos concluir que adotamos o sistema da independência, não sendo absoluta esse sistema em nosso ordenamento. 
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais 
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal. 
 
Competências 
Jurisdição  
· Conceito: é a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei, por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la praticamente efetiva. 
· Não se confunde com competência, pois essa em breve analise é a medida da jurisdição, ou seja, competência é o conjunto de regras que vai definir qual é o juiz que poderá examinar determinado litígio, sendo concreta e objetiva. Logo, apresenta-se a competência como uma limitação ao exercício da jurisdição. 
Para exemplificar, vejamos o esquema abaixo: 
 
 Princípios da jurisdição: 
São diversas versões doutrinarias que tratam sobre o tema, por isso, não encontramos um rol taxativo sobre o tema, havendo assim, diversas divergências. Vamos aqui apontar apenas aquelas que estão presente na maioria da doutrina e principalmente nas questões. 
· Substitutividade: Traduz a ideia de que o Estado atua por outrem (em substituição), normalmente a parte ou a vítima que, na maioria das situações, está proibida de impor sua própria justiça;
· Unidade: é única, pertencente ao Poder Judiciário, exercida com a finalidade de aplicar o direito ao caso concreto, por órgãos do Poder Judiciário; 
· Inércia: atividade jurisdicional só pode se desenvolver quando provocada e, nesse sentido, nenhuma tutela pode ser concedida por iniciativa do próprio julgador;
· Indeclinabilidade: é um dever do órgão jurisdicional, não podendo nenhum juiz se eximir da prestação; 
· Juiz natural: direito que toda pessoa tem de saber, previamente, por qual juiz será julgada caso venha a ser submetida a um processo judicial;
· Indelegabilidade: as atribuições jurisdicionais somente podem ser exercidas, segundo a discriminação constitucional, pelos órgãos previamente estabelecidos, por meio de seus membros legalmente investidos, sendo proibida a abdicação dessas funções em favor de outros órgãos ou autoridades. 
 
 
Competência absoluta e relativa  
Competência absoluta
· É aquela que não pode ser flexibilizada, que não admite prorrogação, ditada por critérios de ordem pública e que, por isso mesmo, não poderia ser alterada por questões circunstanciais ou razões de interesse particular. 
No código Civil art. 62 prevê as hipóteses: 
Art. 62 - A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é 
inderrogável por convenção das partes. 
Assim, são competências absolutas ratione materiae, ratione funcionae e competência funcional. 
Competência relativa:
· É aquela que admite prorrogação, pode ser ‘relativizada’; aquela regulamentada por regras que não são de interesse público – ao contrário, a disciplina é voltada a atender as pretensões das partes e dos interessados, devendo ser alegada em momento oportuno, em prazos definidos em lei, sob pena de preclusão, convalescimento do vício e prorrogação da competência. 
No Código Civil art. 63 prevê as hipóteses: 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. 
Assim, são competências relativas a ratione loci, competência por distribuição, competência por prevenção, conexão e continência. 
Classificação da competência  
No nosso Código de Processo Penal estão elencadas as previsões de competências no seu artigo 69, vejamos: 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração; FORO (ratione loci) 
II - o domicílio ou residência do réu; FORO (ratione loci) 
III - a natureza da infração; JUÍZO (ratione materiae) 
IV - a distribuição; JUÍZO 
V - a conexão ou continência; CAUSA DE DESLOCAMENTO 
VI - a prevenção; CAUSA DE DESLOCAMENTO 
VII - a prerrogativa de função. PESSOA (ratione personae/funcionae) 
 
 Competência territorial: 
Também chamada de ratione loci é aquela definida de acordo com o lugar onde ocorreu a infração penal ou, supletivamente, o lugar de residência do réu assim como previsto nos incisos I e II do supracitado artigo 69 CPP. 
Essa competência é a REGRA, assim como está expressamente previsto no art. 70  CPP; 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
Regra geral: lugar do crime, pois se torna mais fácil a produção de provas, é mais próximo dos elementos do delito.  
Devemos relembrar as aulas iniciais, pois aqui se aplica a regra baseada na teoria do resultado. 
Nos crimes tentados, será competente o foro em que foi realizado o último ato de execução. Já nos crimes à distância, o art. 6º Código Penal estabelece a teoria da ubiquidade, ou seja, estaria reservada para as situações em que um crime se iniciou no estrangeiro e se findou no Brasil ou vice-versa. 
Por fim, aplica-se o critério do domicílio ou residência do réu como foro supletivo. Vejamos o art. 72, CPP: Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 
 
Competência em razão da matéria: 
Também chamada de ratione materiae, este critério leva em conta a natureza dos fatos Incriminados.será a competente para o processo e julgamento da infração, ou seja, justiça especial militar, Justiça especial eleitoral, Justiça comum federal e Justiça comum estadual. A hipótese está referida no inciso III do art. 69 do CPP. 
· Justiça do Trabalho: 
Cuida-se de uma competência em matéria criminal muito restrita e pontual; não para julgar crimes de um modo geral, mas sim para apreciar ação autônoma defensiva que questiona ato coator que envolva matéria trabalhista (CF, art. 144, IV). 
· Justiça Militar Federal ou Estadual: 
Art. 124, CF. - À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
Já o art. 125, § 4º CF - Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.  
· Crime militar: 
São aqueles que se enquadram nas disposições/situações do art. 9º do Código Penal Militar, vejamos:  
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
        I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
       II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados:    
        a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; 
        b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
            c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil;  
        d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
        e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
        f) revogada.  
        III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: 
        a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar; 
        b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; 
        c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras; 
        d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. 
§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.    
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:      
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;      
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante; ou      
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais:       
 
· Justiça Federal: 
A competência da Justiça Federal está definida no art. 109 da Constituição Federal; 
Justiça Estadual: faz parte da Justiça Comum, cuja competência não é estabelecida em relação a matérias específicas, mas sim de forma residual ou subsidiária. Na falta de previsão normativa de qual seria o órgão jurisdicional encarregado de processar e julgar determinado crime, a competência ficará para a Justiça Estadual. 
 
Competência por prerrogativa de função:
Também chamada de ratione personae ou ratione funcionae, refere-se ao inciso VII do art. 69 do CPP, importando saber, para definição e deslocamento da competência, a função desempenhada pela pessoa, é o famoso foro por prerrogativa de função. Lembrando que o foro se refere ao cargo exercido e não a quem exerce. 
Competência de Juízo:
A competência funcional pode ser determinada de acordo com três critérios, tomando em conta: distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de instâncias diversas para, num mesmo processo, ou em um segmento ou fase do seu desenvolvimento, praticar determinados atos. Nesse caso, a competência é fixada conforme a função que cada um dos vários órgãos jurisdicionais exerce em um processo: 
· as fases do processo: de tal modo que, conforme a etapa ou fase do processo atuará este ou aquele juízo; 
· os graus de jurisdição: também se fala em competência funcional vertical e as instâncias, aqui, há um escalonamento entre os graus de jurisdição e isso é relevante para definir a competência funcional, seja de forma originária, seja em âmbito recursal. 
· os atos do processo ou objeto do juízo: aqui, importa saber qual o ato processual para definir a competência funcional. Assim, observadas as regras legais, existem atos de competência do relator, do revisor, do presidente em órgãos colegiados. 
 
Modificação de competência:  
Conexão:
Segundo Fernando da Costa Tourinho Filho “é o nexo, a dependência recíproca que a coisas e os fatos guardam entre si, existindo quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo que aconselha a junção dos processos, propiciando, assim, ao julgador perfeita visão do quadro probatório e, de consequência, melhor conhecimento dos fatos, de todos os fatos, de molde a poder entregar a prestação jurisdicional com firmeza e justiça”. Vejamos o artigo 76 CPP: 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:  
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 
Continência: 
Diferente de conexão, verificamos a continência quando houver uma causa contida na outra, não sendo devida a cisão. Vejamos o artigo 77: 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. 
· Efeitos da conexão e da continência: 
Art. 79. CPP. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento. Essa reunião dos casos, com eventual prorrogação de competência, para que sejam processados e julgados conjuntamente, por um único juízo, é uma consequência natural e adequada às próprias razões da criação e da existência dos institutos – não é por outro motivo que a legislação concebe a conexão e a continência, senão para viabilizar o julgamento simultâneo. 
· Juízo prevalente: 
Art.78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;
II - no concurso de jurisdições da mesma categoria; 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá está. 
· Há situações que necessariamente deve-se realizar a separação dos processos, vejamos o Art. 79, I e II, CPP - no concurso entre a jurisdição: 
· Jurisdição comum e a militar; 
· Jurisdição comum e a do juízo de menores.  
· Já no Art. 80, CPP há a previsão das separações facultativas dos processos - Será facultativa a separação dos processos quando: 
· Infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes; 
· Quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória; 
· Outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. 
 
LEI SECA
Volto a repetir, as questões muitas vezes caem é a lei seca, principalmente quando envolve prazos, por isso, é de EXTREMA NECESSIDADE a leitura pelo menos duas vezes dos artigos abaixo citados.
TÍTULO IV
DA AÇÃO CIVIL
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único.  Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido.          
Art. 64.  Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. 
Parágrafo único.  Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
Art. 65.  Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 66.  Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.
Art. 67.  Não impedirão igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime.
Art. 68.  Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
TÍTULO V
DA COMPETÊNCIA
Art. 69.  Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração:
II - o domicílio ou residência do réu;
III - a natureza da infração;
IV - a distribuição;
V - a conexão ou continência;
VI - a prevenção;
VII - a prerrogativa de função.
CAPÍTULO I
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO
Art. 70.  A competência será, de REGRA, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1o  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2o  Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3o  Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.   
Art. 71.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU
Art. 72.  Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.
§ 1o  Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2o  Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.
Art. 73.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
CAPÍTULO III
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO
Art. 74.  A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.               
§ 2o  Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3o  Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
Art. 75.  A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único.  A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 76.  A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; CONEXÃO INTERSUBJETIVA
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; CONEXÃO OBJETIVA.
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. CONEXÃO INSTRUMENTAL.
Art. 77.  A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:             
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;                   
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;                       
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;                  
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;                     
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;                        
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta (especial).                      
Art. 79.  A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, SALVO:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2o  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80.  Será FACULTATIVA a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81.  Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único.   Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente.
Art. 82.  Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas.
CAPÍTULO VI
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
Art. 83.  Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
CAPÍTULO VII
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.                       
Art. 85.  Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade.
Art. 86.  Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar:
I - os seus ministros, nos crimes comuns;
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República;
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade.
Art. 87.  Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público.
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