Buscar

2 - CIBERCULTURA E REDES INTERATIVAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Cibercultura e 
Redes Interativas
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Rosângela Paulino de OLiveira
Revisão Textual:
Porf.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
• Introdução: Ciberespaço e Virtualidade;
• Cultura e Cibercultura;
• Cibercultura e Inovação;
• Sociedade em Rede;
• Nativos digitais.
 · Introduzir aos alunos os conceitos básicos da nova geografia do 
ciberespaço, suas características e possibilidades de interação e 
produção de saberes.
 · Entender o que é a cibercultura e proporcionar um panorama de 
como o ciberespaço está sendo utilizado pela sociedade global, 
apresentando uma visão analítica e crítica da produção gerada a 
partir dos novos dispositivos tecnológicos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Cibercultura E Ciberespaço:
Contextualização Conceitual
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Contextualização
Seja bem-vindo(a) a mais uma aula sobre o ciberespaço e as redes interativas.
Nesta unidade, desvendaremos um pouco mais sobre a evolução tecnológica e 
sua relação direta com o ciberespaço e a cibercultura, conceitos tão presentes na 
atualidade. Esse conteúdo completa nossa visão sobre o papel das tecnologias na 
sociedade moderna e sua importância em nossa vida tanto acadêmica quanto pessoal.
Boa sorte. E vamos lá!
8
9
Introdução: Ciberespaço e Virtualidade
Um dos fenômenos de comunicação mais marcantes do século XX é a internet. 
Ela propiciou uma das mais importantes revoluções nos conceitos e paradigmas de 
comunicação criados pelo ser humano ao longo da história. Através das redes de 
comunicação, o mundo concreto que conhecemos em grande parte se deslocou 
para o espaço virtual. 
Paradigma é um modelo ou padrão 
a seguir.
Figura1
Fonte: iStock/Getty Images
A internet concretizou a aldeia global preconizada por Marshal McLuhan nos 
anos 1960. O mundo passou a ser uma aldeia onde, nas redes, todos passamos a 
ser vizinhos. Ou seja, alguém que mora na Rússia ou na Tailândia pode interagir 
com alguém que mora em São Paulo ou no Rio Grande do Sul instantaneamente, 
sem precisar juntar suas economias, comprar uma passagem de avião e aguardar 
as férias para viajar, bem como podemos visitar o museu do Louvre, em Paris, 
a Biblioteca de Alexandria, no Egito, a Grécia antiga no portal da Grécia ou ir a 
qualquer parte do mundo sem sair do conforto da sala da nossa casa.
Aldeia global é um termo criado pelo fi lósofo canadense Herbert Marshall McLuhan. 
Ele tinha o objetivo de indicar que as novas tecnologias eletrônicas tendem a encurtar 
distâncias e o progresso tecnológico tende a reduzir todo o planeta à mesma situação 
que ocorre em uma aldeia.
Ex
pl
or
9
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Esse novo fenômeno de comunicação com seu fluxo de informações virtual 
tem como característica principal a convergência da técnica e da cultura, onde 
os diversos setores da vida contemporânea estão sendo deslocados, mediados ou 
articulados pelas tecnologias digitais e propiciando novas formas de interação social 
e uma busca constante pela renovação e inovação.
Nesta fase do desenvolvimento tecnológico, a novidade fica por conta da 
possibilidade da tradução de dados tanto analógicos quanto digitais, que dá origem 
ao espaço virtual denominado de ciberespaço. Uma realidade onde tudo o que 
é produzido e veiculado na sociedade está disponível dentro desse espaço, onde 
virtualidade, internet e ciberespaço passaram a ser sinônimos.
O termo ciberespaço foi utilizado pela primeira vez pelo autor de ficção científica William 
Gibson, em 1984, no livro “Neuromancer”, para designar um ambiente artificial onde 
trafegam dados e informações sociais de forma indiscriminada.
Ex
pl
or
No entanto, o termo ciberespaço tem sido cada vez mais usado nas discussões 
que envolvem novas tecnologias. Pois ele abrange muito mais que a internet, 
envolve toda uma infraestrutura das redes de telecomunicações compostas por 
cabos, fios, computadores, a massa de informação que circula por eles e também 
o ser humano que faz uso desta tecnologia.
Figura1
Fonte: iStock/Getty Images
10
11
O ciberespaço, conforme Lévy (1999), 
[...] é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos 
computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material 
de comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações 
que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam 
esse universo. (p.17.)
É importante entendermos que apesar de sinônimos, existe uma diferença 
fundamental entre internet e ciberespaço, pois “as grandes tecnologias digitais surgiram 
como a infraestrutura do ciberespaço, no espaço de comunicação, de sociabilidade, 
de organização e de transação, mas também novo mercado de informação e do 
conhecimento.” (LÉVY, 1999). Portanto, a internet é apenas uma parte dessas 
tecnologias digitais, que com sua amplitude consegue sustentar o ciberespaço, abrindo 
janela para a montagem de diversos ambientes por onde trafegam as informações, 
como a web, as home pages, o YouTube e toda a infraestrutura de informação 
que acessamos e manipulamos diariamente. Assim sendo, podemos definir que o 
ciberespaço é o ambiente virtual e a internet é uma das estruturas desse ambiente.
De acordo com Castells (2000), 
A internet é o coração de um novo paradigma sociotécnico, que constitui 
na realidade a base material de nossas vidas e de nossas formas de 
relação, de trabalho e de comunicação. O que a Internet faz é processar a 
virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade 
em rede, que é a sociedade em que vivemos. (CASTELLS, 2000: p, 287.)
Assim sendo, o ciberespaço configura-se como um elemento cada dia mais 
presente e necessário no cotidiano das grandes cidades. E apesar de mostrar-se ao 
usuário sob uma ótica virtual, ele não se opõe ao real, mas apresenta-se como seu 
grande potencial, um lugar onde tudo é potencialmente possível, onde tudo pode 
acontecer, só depende da criatividade e acessibilidade do internauta. 
Neste ambiente o virtual e o real são complementares. Enquantoo virtual é o 
espaço da representação da imagem para o internauta, o ciberespaço se apresenta 
como o meio por onde os internautas se relacionam através de interfaces. E o 
ciberespaço necessita da virtualidade para o tráfego de dados e de informações em 
suas interfaces. 
As relações desenvolvidas virtualmente no ciberespaço dão origem à chamada 
cibercultura, definida conforme Lévy (1999) como a cultura dotada de técnicas, 
valores, pensamentos e atitudes das pessoas que se articulam nesse novo espaço.
Os diferentes povos com suas expressões artísticas e culturais não estão mais 
isolados e fazem parte desse universo virtual, formando uma cultura universalizada, 
conforme veremos mais adiante.
11
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Cultura e Cibercultura
Até pouco tempo atrás, o termo cultura ficava restrito ao seu sentido antro-
pológico, de crenças e costumes de um povo passados de uma geração a outra, 
cujo comportamento era regido por um conjunto de leis, de regras simbólicas, de 
hierarquia de poder que ditavam os rumos da sociedade. Crenças e costumes que 
tanto nos ajudaram a compreender o comportamento social dos diferentes povos 
e mesmo das diferentes regiões de um mesmo país. 
No entanto, conforme vimos anteriormente, a internet vem modificando a 
sociedade aceleradamente e o comportamento humano dentro da realidade virtual 
ganha uma outra essência, a da cibercultura, que é o resultado da relação entre a 
sociedade, a cultura e o espaço eletrônico virtual em plena sinergia. A cibercultura 
é uma realidade aberta a todas as possibilidades de ação e interação, onde todos 
os povos e culturas são muito bem-vindos. É onde cabem todas as tribos urbanas, 
todas as subjetividades e tudo o que é diferenciado.
Segundo Lemos (2008), existem três leis que definem a cibercultura:
1. A liberação do polo de emissão: que está presente nas novas formas de 
relacionamento social, de disponibilização da informação e na opinião 
e movimentação social da rede, onde chats, sites, e-mails, comunidades 
virtuais, weblogs podem ser compreendidos por essa lei. 
2. O princípio da conexão generalizada: que é a participação e a colaboração 
de pessoas nos conteúdos.
3. A reconfiguração da paisagem comunicacional da indústria cultural, que 
se refere à ideia de modificação dos fundamentos das instituições sociais e 
das práticas comunicacionais.
Por isso dizemos que este é um espaço que se apresenta como o maior espaço 
plural e democrático da atualidade. Capaz de modificar significativamente a relação 
que temos como os meios de comunicação e de produção. Contudo, isso não 
significa que os internautas, sendo capazes de desenvolver uma multiplicidade de 
ações via rede, irão acabar com a indústria cultural massiva. Mexem sim em sua 
estrutura, absorvem o que ela oferece, modificam seu conteúdo de várias formas, 
constroem memes, interferem, mas não destroem o que há nela. São processos 
que, conforme Lemos (2008), coexistem e, longe do que se imagina, não há 
possibilidade de a indústria cultural absorver e massificar a cultura digital, pois ela é 
mais ampla do que podemos imaginar.
Enquanto Lemos (2008) fala em Leis da cibercultura, Pierre Lévy (1999), no 
mesmo sentido, fala em três pulsões na cibercultura, a saber:
1. Interconexão: a integração de computadores e pessoas dispostos pelas 
redes e caminhos do ciberespaço.
12
13
2. Comunidades virtuais: coletividade gerada pela interconexão de pessoas, 
computadores e informações, seja por afi nidade, projetos comuns ou 
sentidos de pertença desenvolvidos na rede.
3. Inteligência coletiva: a construção colaborativa de saberes compartilhados 
produzidos no ciberespaço graças à interconexão e à coletividade das 
comunidades virtuais, cuja meta é a melhoria do ambiente em rede e metas 
de progresso contínuo.
É importante sabermos que existem vários conceitos que procuram definir essa 
nova realidade mediada pelas redes de computadores e ampliadas pela ação 
humana. Isso nos ajuda a ir desenhando o perfil da sociedade contemporânea e 
a minimamente entender o que nos trouxe até aqui.
Nesse sentido, é válido apontar que a cibercultura é a configuração na qual se 
alterarão as relações sociais, econômicas, políticas, culturais de forma sensível, 
dando margens ao surgimento das mais variadas experiências sensoriais. E quando 
falamos de cibercultura nos vem à mente experiências artísticas presentes no 
ciberespaço, a exemplo da web art, a música eletrônica, também chamada de 
tecno, a arte robótica, a ciber arte, que tem reunido artistas e fãs de diferentes 
lugares do planeta.
No cenário musical, é muito comum artistas divulgarem vídeos com performances 
pelo YouTube e viralizarem. De um mero desconhecido, passam a fazer sucesso 
mundialmente, a exemplo do vídeo de “Gangnam style”, do rapper sul-coreano 
Psy. O vídeo teve mais de 220 milhões de visualizações no YouTube. Uma explosão 
de acessos que levou o rapper para a grande mídia mundial, virando um modelo de 
sucesso, pois não era necessária nenhuma habilidade em língua coreana para cantar e 
dançar o “cavalo-maluco” desse rapper até então desconhecido por nós e pela maioria 
dos cidadãos de diversas partes do mundo onde ele chegou. O sucesso começa 
no ciberespaço e só depois vira fenômeno nos outros meios de comunicação, 
é apropriado pela indústria cultural, por isso falamos numa possível coexistência 
entre esses fenômenos da modernidade. 
No vídeo “Gangnam style”, do rapper sul-coreano Psy, aparecem imagens da sociedade 
tecnológica moderna e vários aparatos cibernéticos. Vale a pena observar e se divertir um 
pouco. Link do YouTube: https://youtu.be/9bZkp7q19f0
Ex
pl
or
 Segundo Castells (2013), a rede foi primordial também para a ocorrência de 
diversos movimentos sociais contemporâneos, pois permite a criação de uma rede 
de reivindicações e denúncias sem fronteiras, furando o domínio da mídia local e 
o controle do Estado. O autor cita como exemplo o movimento Primavera Árabe, 
no Oriente Médio e no norte da África, que teve as redes sociais como forte aliada 
na organização de suas lutas.
13
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Em São Paulo, em 2013, um grupo de jovens, ao protestar contra o aumento 
do valor da passagem dos coletivos, deflagrou uma série de protestos pelo país 
afora com bandeiras contra as várias injustiças que ocorriam no momento, tendo as 
redes como principal aliada. Foi essa conexão cibercultual que possibilitou que os 
grupos que se formaram a partir desse levante pudessem interagir e se comunicar, 
mobilizando pessoas, divulgando estratégias, produzindo informações, organizando 
debates on-line e movendo a massa.
Em várias partes da América Latina e da Europa, as redes sociais estão sendo 
fortes aliadas da população contra governos, empresas e grupos extremistas.
Com isso concluímos que o ciberespaço se apresenta como um espaço de 
representação e reconhecimento em âmbito global, que favorece o surgimento de 
uma cultura sem fronteiras facilmente consumível, mas também como instrumento 
de organização e poder transformador.
Uma forma de cultura contemporânea que tem como forte aliada as tecnologias 
digitais e, apesar de todas as críticas e desafios, não há como negar que facilitam 
as nossas relações através dos home banking, pagamento com cartões eletrônicos, 
cursos em EAD, compras online e uma série de outros serviços sem os quais não 
imaginamos sobreviver.
 Segundo Duarte (1998), 
Seria ingênuo dizer que apenas a partir da internet, onde podemos 
nos colocar em contato com inúmeros grupos sem nos encontrarmos 
fisicamente, é que adquirimos a capacidade de desenvolver diferentes 
personas, adequando-as a cada situação. Sempre desempenhamos vários 
papéis sociais distintos, em diferentes contextos. Poderíamos até dizer que 
as nossas personas por vezes nem se (nos) reconhecem. Mas o ambiente 
global da Internet apresenta outros valores que nos farão reinterpretar o 
Eu. Podemosescolher com quem conversar, o que fazer e quando, sem 
as limitações do tempo cronológico ou do espaço concreto. As afinidades 
no universo contemporâneo digital não são mais pautadas por princípios 
geográficos, de fuso horário [...], ou sociais; são traçadas por interesses 
informacionais. (p. 44-45.)
Essa é a realidade que vivemos hoje e que em muitos momentos nos dá a 
sensação de estarmos na Matrix, onde o real e o imaginário nos envolvem e se 
confundem a ponto de nos deixar em dúvida, assim como o personagem Neo, da 
trilogia Matrix, que num dado momento não sabe mais o que é o mundo real e o 
virtual. Fica uma interrogação que questiona o próprio telespectador.
Matrix é uma trilogia norte-americana de ficção científica escrita e realizada pelos irmãos 
Andy e Larry Wachowski. O primeiro filme, The Matrix, surgiu em 1999 e os dois subsequentes 
estrearam em 2003 - primeiro The Matrix Reloaded e finalmente The Matrix Revolutions.
Ex
pl
or
14
15
Cibercultura e Inovação
Uma das marcas dessa nova era da informação é a presença maciça das TICs 
na organização e no processo produtivo da sociedade. Elas auxiliam na gestão 
da informação e do conhecimento, criando um novo perfil capitalista que afeta 
todas as atividades econômicas e setores industriais, incluindo os setores públicos, 
privados e individuais.
Essa nova era da informação deu origem a uma nova ordem econômica, onde 
a cibercultura viu e abriu um leque de possibilidades no mundo dos negócios que 
não é simplesmente o deslocamento dos antigos modelos comerciais para os 
novos modelos, mas aliadas às TICs foram sendo criadas novas oportunidades, 
inovação, a busca de eficiência na gerência, desenvolvimento de projetos baseados 
na internet e em novos processos empresariais de sucesso, que além de aumentar 
a produtividade e competitividade em diversas áreas, deu um boom no mercado de 
trabalho. A economia moderna é a economia globalizada e de alta produtividade 
baseada em redes (CASTELLS, 2010).
A sociedade caminha cada vez mais para o trabalho informatizado, mecanizado, 
robotizado e que exige um número cada vez menor de pessoas para seu 
desenvolvimento. Grandes empresas já trabalham com linhas de produção 
totalmente robotizadas, onde poucos técnicos ligam e desligam botões, eliminando 
assim o risco de acidentes e a massa humana. Para atender o agronegócio, 
foram criados tratores e maquinários que trabalham sem um operador humano. 
Funcionam por comandos eletrônicos e alguns via satélite. Há bastante tempo 
já compramos medicamentos, refeições, fazemos compras pelo sistema delivery. 
Locamos carros, compramos passagens de ônibus e avião, fazemos o check-in, 
tudo mediado pelas máquinas conectadas à rede mundial de computadores. Hoje 
em dia até mesmo o pipoqueiro tem uma máquina de cartões para recebimento, 
investimento necessário para ampliar seus negócios.
A economia globalizada e de alta produtividade baseada nas redes nos coloca 
em contato com unidades de negócios, universidades, centros de produção e 
distribuição os mais variados possíveis. Fazer um curso na universidade de Harvard 
(EUA) era um sonho muito distante, difícil de ser realizado para a maioria de 
nós mortais. Hoje, com as TICs, a universidade disponibiliza cursos online para 
interessados de qualquer parte do mundo, com direito a certificado. Essa é uma das 
transformações influenciadas por esse contexto cibercultural que entrou em todas 
as instituições.
No espaço cibernético cabem todos os modelos de negócios, mas para opera-
cionalizar nesse espaço é necessário muito mais que boa vontade e curiosidade, 
é preciso investimento e se apropriar da linguagem dos softwares e dos sistemas 
operacionais para obter minimamente sucesso.
15
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Sociedade em Rede
A denominação Sociedade em Rede apareceu nos anos 1970 como título de um 
estudo do sociólogo espanhol Manuel Castells sobre o impacto que as tecnologias 
então emergentes tinham na economia e na sociedade.
Portanto, a sociedade em rede é considerada uma realidade peculiar do mundo 
globalizado, que permite a interação de pessoas, por intermédio da rede de 
computadores conectados à internet, possibilitando a construção de conhecimentos 
partilhados, que vai do entretenimento à política, envolvendo todas as estruturas da 
sociedade, como a economia, saúde e educação, segurança, caracterizando uma 
verdadeira transformação na relação do ser humano com o tempo e o espaço, que 
perde totalmente sua linearidade.
Ela exige do ser humano uma nova maneira de se relacionar com a sociedade e 
suas estruturas e aprender a lidar, por exemplo, com as mudanças que são recorrentes 
no sistema educativo, nas relações de trabalho, no sistema de justiça, mas também 
nos conteúdos e organização do processo de aprendizagem e apreensão das 
linguagens que as TICs imprimem. As sociedades que não forem capazes de lidar 
com este e outros aspetos irão enfrentar grandes problemas econômicos e sociais.
As relações que acontecem nos espaços virtuais da sociedade em rede são 
pautadas pela coexistência, sobreposição e conexão entre binômios fundamentais 
que afetam e são reconhecíveis em quaisquer das suas várias dimensões, social, 
política, financeira ou geográfica, e campos, como a educação, ciência, tecnologia, 
comunicação. Esses binômios, que são transversais, podem agrupar-se como:
 · Descentralização vs. Centralização – que se desdobra em outros binômios, 
como Horizontalidade vs. Verticalidade, Hierarquia vs. Distribuição;
 · Global vs. Local - que se desloca para o binômio Indivíduo vs. Grupo, 
Ativo vs. Passivo, Abertura vs. Fechamento, Inclusão vs. Exclusão;
 · Virtual vs. Físico - onde se redefinem as noções de Tempo e Espaço, 
compostas por binômios como Flexível vs. Inflexível ou Instantâneo 
vs. Diferido;
 · Público vs. Privado - relacionado com o binômio Conectividade vs. Isola-
mento e também com as noções de Espaço e Tempo;
 · Tecnologia vs. Humanização - num fluxo simbiótico e constante.
Longe de serem antagônicos, esses binômios criam sinergias e interações 
complexas, que mexem com as relações estabelecidas no ciberespaço, caracterizado 
por essa ausência de fronteiras, de regras cartesianas engessadas. Esses binômios 
enriquecem a experiência humana e se apresentam como Rizoma e Conectividade, 
que justificam que a sociedade possibilitada (mas não limitada) pela emergência e 
generalização da microeletrônica tenha sido cunhada como uma sociedade em 
rede com especificidades próprias.
16
17
Segundo Castells (2001), apesar de se apresentar como uma realidade que 
encanta pela possibilidade de interligar tudo e todos, a sociedade em rede “exclui a 
maior parte da humanidade, embora toda a humanidade seja afetada pela sua lógica, 
e pelas relações de poder que interagem nas redes globais da organização social.”
Este é um assunto que abordaremos mais para frente, mas há que se considerar 
que a sociedade em rede não inclui todos em sua malha de conectividade. As 
desigualdades sociais, políticas e econômicas causadas pela geopolítica mundial 
não favorecem a inclusão de todos no sistema de desenvolvimento global. Alguns 
sempre ficarão para trás. Esse é o lado perverso da globalização, conforme o 
geógrafo Milton Santos apontou.
A conclusão a que chegamos é que a sociedade em rede é uma realidade que faz 
parte do nosso quotidiano, que mesmo sem perceber nós acessamos portais na 
Internet em busca de informações, nos comunicamos através de redes sociais, 
partilhamos conhecimentos, xeretamos a vida dos outros, procuramos receitas, 
marcamos consulta médica, estudamos, assistimos a séries e assim por diante. Tudo 
isso já se tornou parte da nossa rotina. Estamos sempre dando uma olhadinha no 
que está acontecendo no mundo ou ao nosso redor. E isso é a sociedade em rede. 
É essa comunicação eletrônica que vai diminuindo cada vez mais as distâncias, 
eliminando o fuso horário e deixando o mundo à distância de apenas um clique.Nativos digitais
 Geração Z, Geração Internet ou simplesmente nativos digitais. É assim que são 
chamadas as pessoas que nasceram a partir da década de 1980 sob o signo da 
internet e das novas tecnologias.
Incapazes de pensar o mundo sem telefones celulares, smartphones, videogames, 
ipods, televisores e principalmente computadores, tudo o mais moderno possível, 
elas vivem 24 horas por dia conectados. Os meios de comunicação se tornaram, 
conforme McLuhan, uma extensão dos seus sentidos, no sentido mais real possível.
Vivem num mundo tecnológico e virtual onde tudo o que acontece é noticiado através 
das redes sociais, tiram e postam selfies o tempo todo para atualizar o perfil, têm uma 
rede enorme de seguidores e seguem também vários perfis diferentes. A obsolescência 
é uma característica comum nessa geração. Do mesmo jeito que aprendem rápido 
a mexer com aplicativos, com softwares, acessam dados inimagináveis por nós, 
também perdem o interesse rapidamente. Muitos têm problemas de interação social 
e sofrem com as cobranças que a família faz constantemente.
Muitos estudos têm sido feitos sobre os nascidos nessa geração, pois além dessa 
vivência conectada eles conseguem entender e desvendar as tramas e o novo ritmo 
das novas tecnologias como ninguém. São os que melhor entendem o processo 
criativo e organizacional nas redes. Quando entram em empresas de tecnologias são 
os mais propensos a criar, liderar, colaborar e compartilhar inovações. Mas também 
17
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
perdem o interesse rapidamente quando concluem um trabalho. Lugares como o 
Vale do Silício têm empresas cheias de nativos digitais trabalhando em tecnologias 
de alta velocidade, que a todo momento aparecem no mercado superando uma 
recém-descoberta.
O Vale do Silício é uma região localizada na Califórnia, que no início do século 20 já recebia 
empresas dedicadas ao desenvolvimento tecnológico. Após a Segunda Guerra Mundial, as 
indústrias locais passaram a fornecer transistores para mísseis e circuitos integrados para 
computadores da NASA. Hoje a área é conhecida por abrigar empresas de tecnologia que 
conduziram a revolução da informação nas últimas décadas. Apple, Google, AMD, HP, Facebook, 
eBay e centenas de outras têm sedes na região. A cultura corporativa que se desenvolveu no 
Vale serve de modelo para empresas e profissionais de qualquer lugar do planeta.
Ex
pl
or
Essa nova geração precisa de novos estímulos, de um novo olhar, e, conforme 
Tapscott (2010), o importante é que ao lidar com ela, devem ser consideradas 
diversas características que fazem parte de sua personalidade: 
 · rejeita a hierarquia tradicional de comando e controle;
 · precisa de liberdade para criar e quebrar paradigmas;
 · preza pela participação nas grandes decisões;
 · tem alta rejeição a processos burocráticos;
 · faz uso contínuo de tecnologia de ponta;
 · age com colaboracionismo;
 · possui alta velocidade de mudança e de tomada de decisões e, 
 · mais que tudo, a conectividade à internet faz parte de sua realidade 
praticamente o tempo todo.
Por tudo isso, esse grupo é alvo de várias críticas e preconceitos. No entanto, o 
autor afirma que aqueles que fazem parte dessa geração devem ser compreendidos 
e acima de tudo respeitados para ter seu potencial mais bem trabalhado e explorado, 
pois de um jeito ou de outro são eles que estão ditando o ritmo das TICs nas redes 
e na sociedade.
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Olhar Digital
Descrição da página.
https://goo.gl/Av4XAt
SCielo
Descrição da página.
https://goo.gl/1fDXwt
YouTube
Descrição da página.
https://goo.gl/QBLKXj
 Vídeos
Entenda a Trilogia Matrix
https://goo.gl/bQuHeF
 Filmes
A Origem – EUA/REINO UNIDO – 2010 – Direção: Christopher Nolan
É mais um filme que trata de uma maneira excelente a percepção da realidade, fazendo 
os personagens do filme e os próprios telespectadores se perguntarem sobre o que é o 
real e o que é virtual, representado no filme como o mundo dos sonhos.
 Leitura
A geração Y no mercado de trabalho: um estudo comparativo entre gerações
https://goo.gl/6sSxFV
19
UNIDADE Cibercultura e Ciberespaço: Contextualização Conceitual
Referências
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. In: A 
Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v. 1.
DUARTE, Fábio. Global e local no mundo contemporâneo: integração e conflito 
em escala global. 1ª. ed. São Paulo: Moderna, 1998.
LÉVY, Pierre. A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São 
Paulo: Edições Loyola, 1998.
________. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.
TAPSCOTT, DON. A hora da geração digital: como os jovens que cresceram 
usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: 
Agir Negócios, 2010.
WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ci. Inf., Brasília, 
v. 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago. 2000. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ci/
v29n2/a09v29n2.pdf. Acesso em: 02 abr. 2013.
20

Continue navegando