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CASO
Eduardo dos Santos Monteiro, engenheiro civil, desde 2015 prestou serviços a uma empresa de Construção Civil, com vínculo empregatício, vindo a ser demitido sem justa causa em 2020 devido à crise econômica decorrente da pandemia do COVID-19. Desde 2019, para complementação da renda familiar fazia “bicos” como motorista da Uber aos finais de semana, e após sua demissão do emprego formal, passou a prestar seus serviços de motorista de aplicativo com maior intensidade de segunda à sábado das 8hs às 20hs. Em agosto de 2021, devido ao aumento dos combustíveis, e a política de preços praticada pela Plataforma Tecnológica, parou de prestar seus serviços, e no mês seguinte ingressou com reclamação trabalhista em face da Uber Technologies Inc. Em resumo, pretende o reconhecimento do vínculo empregatício entre 2019 e 2021, com pagamento dos consectários trabalhistas: 13º salário, férias + 1/13, FGTS, multa de 40%, Aviso Prévio, Horas Extras e Intervalo Intrajornada. Para efeito do pedido de reconhecimento de vínculo, e enquadramento nos elementos do art. 20 e 3º da CLT, alega que: (i) havia cadastramento prévio do motorista com vedação ao compartilhamento da conta, justificável no caso, pelos motivos de segurança; (ii) repasse de um percentual do valor pago pelo usuário final, definido pelo Uber; (iii) definição da política de preços exclusivamente pelo Uber; (iv) assunção pelo motorista de aplicativo dos custos fixos de: aquisição do veículo, manutenção do veículo e combustível; e, (v) avaliação pelo usuário da prestação de serviços pelo sistema de “rating”. Pretende o reconhecimento do vínculo com fundamento na “subordinação algorítmica”. Como advogado da Uber Technologies Inc adote as providências processuais adequadas para a promoção dos interesses do seu cliente.
 
 
AO DOUTO JUIZ DA -----VARA DO TRABALHO DA VARA DA CIDADE____
Processo N: xxxxxx
 A UBER TECHNOLOGIES INC, já qualificado nos autos, vem a presença de vossa excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado(procuração anexa) com escritório no endereço profissional, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 847 da CLT, oferecer:
CONTESTAÇÃO
á reclamação trabalhista que lhe move Eduardo do Santos Monteiro, já qualificado nos autos em epigrafe, pelas razoes de fatos e direitos a seguir expostas:
 
I-DOS FATOS:
Eduardo dos Santos Monteiro, engenheiro civil, desde 2015 prestou serviços a uma empresa de Construção Civil, com vínculo empregatício, vindo a ser demitido sem justa causa em 2020 devido à crise econômica decorrente da pandemia do COVID-19. Desde 2019, para complementação da renda familiar fazia “bicos” como motorista da Uber aos finais de semana, e após sua demissão do emprego formal, passou a prestar seus serviços de motorista de aplicativo com maior intensidade de segunda à sábado das 8hs às 20hs. 
Em resumo, pretende o reconhecimento do vínculo empregatício entre 2019 e 2021, com pagamento dos consectários trabalhistas: 13º salário, férias + 1/13, FGTS, multa de 40%, Aviso Prévio, Horas Extras e Intervalo Intrajornada.
 
 I-PRELIMINAR
1- Inépcia da Inicial
Na reclamação trabalhista, o reclamado postula o enquadramento no art. 3º e art. 20 da CLT.
Contudo, é cediço que o art. 20 da CLT, foi revogado pela lei 13.874 de 20.09.2019, portanto, nos termos do art. 330, paragrafo 1º, i do CPC, a petição inicial será inepta quando lhe faltar o pedido ou causa de pedir. O caso em tela reflete de maneira inconteste que é inexistente a causa de pedir. Portanto inepta.
neste sentido, de rigor o acolhimento da preliminar de inépcia da petição inicial, na forma do art.337,IV, do CPC.
Pelo exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos dos arts. 485,I, e 330, paragrafo 1º,I do CPC.
II-MERITO
1- Vinculo empregaticio
 Empregado é o trabalhador subordinado que recebe ordens, é pessoa física que trabalha todos os dias ou periodicamente e é assalariado, ou seja, não é um trabalhador que presta seus serviços apenas de vez em quando ou esporadicamente. Além do que, é um trabalhador que presta pessoalmente os serviços. Desse modo, a relação de emprego apresenta como requisitos: i) a subordinação, ii) pessoalidade, iii) a onerosidade, iv) a habitualidade (não-eventualidade. Tais requisitos, a fim de ser caracterizar uma relação de emprego, deverão ocorrer simultaneamente; de forma cumulativa.
 A Uberização do trabalho decorre da ideia de economia compartilhada, e se refere à uma nova forma de gerenciamento e organização do trabalho. A Uberização consiste em criar um modelo de negócio, que intermedia e conecta pessoas com interesses em comum, ou seja, aquela que quer prestar os serviços, a quem quer contratar esse serviço. Trata-se de um modelo de contratação de prestação de serviços que prevê um estilo mais informal, flexível e por demanda.
 No caso da Uberização, o entendimento dos tribunais trabalhistas se inclina no sentido de que não há relação de emprego entre a empresa e o prestador de serviço. Inclusive, a primeira decisão proferida pelo Tribunal Superior do Trabalho afastou, no caso em concreto, a relação de empregado pleiteada pelo motorista do Uber, pelo julgamento do RR - 1000123-89.2017.5.02.0038. Ao analisar o acórdão supramencionado, constata-se que o Tribunal Superior do Trabalho afastou a relação de emprego com base nos argumentos: 
(I) Que o motorista tinha autonomia para escolher o momento em que ficaria conectado à plataforma; 
(II) Que a Uber presta um serviço de mediação; 
(III) Que havia ampla flexibilidade do autor em determinar sua rotina, seus horários de trabalho, locais que deseja atuar e quantidade de clientes que pretende atender por dia, o que afasta o requisito da subordinação; 
(IV) Que o reclamante aderiu aos serviços de intermediação digital prestados pela reclamada, utilizando-se de aplicativo que oferece interface entre motoristas previamente cadastrados e usuários dos serviços; 
(V) Que a reserva ao motorista equivale a 75% a 80% do valor pago pelo usuário, configurando relação de parceria. Cumpre salientar que, para o TST, O recebimento de comissões no percentual de 50% a 60% dos serviços prestados é totalmente incompatível com a relação de emprego; 
(VI) Que a possibilidade de avaliação dos motoristas pelos usuários, e vice-versa, sequer tangencia com a presença de subordinação, consubstanciando, em verdade, ferramenta de feedback para os usuários finais quanto à qualidade da prestação de serviços do condutor, de interesse de todos os envolvidos; 
(VII) Que o fato da empresa se utilizar das avaliações, promovendo o descredenciamento do motorista mal avaliado, convém não apenas à reclamada para sua permanência no mercado, mas especialmente à coletividade de usuários, a quem melhor aproveita a confiabilidade e qualidade dos serviços prestados; 
(VIII) Que é de conhecimento geral a forma de funcionamento da relação empreendida entre os motoristas do aplicativo Uber e a referida empresa, a qual é de alcance mundial e tem se revelado como alternativa de trabalho e fonte de renda em tempos de desemprego (formal) crescente.
 Portanto, para que seja afastada eventual alegação de relação de emprego em casos de Uberização, é importante que os apontamentos acima relacionados sejam, estritamente, observados. Isso porque, embora a decisão em análise tenha sido exarada pela Corte Superior, a discussão sobre o reconhecimento ou não do vínculo no ramo da Uberização já gerou decisões controversas nas instâncias inferiores.
 Portanto não há de se falar em relação de emprego, visto não estar presentes os requisitos cumulativos do art. 3º da clt.
 Pelo exposto, requer a improcedência do pedido da reclamante.
 2-Honorarios advogaticios
 Requer a condenação do reclamante ao pagamento de honorários advogaticios, nos termos do art.791-A da CLT, no importe de 15%, sobre o valor que resultar da liquidação
III-REQUERIMENTOS FINAISPor todo o exposto, requer a produção de todos os meios de prova em direitos admitidos, especialmente pelo depoimento pessoal, prova documental, pericial e testemunhal, sob os efeitos da confissão.
 Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito, inépcia da inicial e, sucessivamente no mérito, requer a improcedência de todos os pedidos do reclamante, condenando-o ao pagamento de custas processuais e honorários advogaticios, no importe de 15%, nos termos do art.791-a da CLT.
Termos que
Pede deferimento
Cidade........, Data
Advogado
OAB/

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