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SUMÁRIO 1. Radiologia do abdome ............................................. 3 2. Radiografia abdome ................................................. 3 3. Ordenamento da avaliação ................................... 4 4. Distribuição dos gases ............................................. 4 5. Avaliação das vísceras ........................................... 5 6. Estruturas ósseas ..................................................... 7 7. Calcificações ................................................................ 8 8. Sondas ........................................................................12 9. Patologia de alças ....................................................13 10. Patologias vísceras sólidas ...............................15 11. Tomografia de abdome .......................................17 12. Patologias intestinais ...........................................24 13. Patologias hepáticas ............................................30 14. Patologias pancreáticas .....................................38 15. Patologias renais ...................................................42 16. Patologias abdominais vasculares .................48 17. Trauma abdominal ................................................53 Referências bibliográficas ........................................63 3RADIOLOGIA DO ABDOME 1. RADIOLOGIA DO ABDOME Este material tem objetivo de introdu- zir a avaliação radiológica da cavida- de abdominal, por meio da demons- tração dos métodos utilizados e de seus achados sugestivos. Nessa pri- meira parte do material, iremos focar nas particularidades da radiografia de abdome, abordando suas aplicações para diagnóstico e acompanhamento. Em sequência, abordaremos a tomo- grafia computadorizada e seguiremos com alguns achados típicos de certas patologias. 2. RADIOGRAFIA ABDOME Radiografia A radiografia de abdome é um exame que não propicia a melhor sensibili- dade ou especificidade dentro do ar- senal de exames de imagem que dis- pomos atualmente. No entanto, por se tratar de um exame de alta dispo- nibilidade e de baixo custo, deve-se entender os sinais presentes nesse exame para definir condutas na abor- dagem ao paciente. O exame de radiografia é feito utili- zando radiação ionizante, que é emi- tida em direção a região a ser exami- nada, atravessando o alvo e deixando uma impressão na chapa radiográfica contraposta à fonte emissora de ra- diação. Cada estrutura corporal tem um nível de absorção de tal radiação, formando imagens em tonalidades diferentes na radiografia. As estrutu- ras que contém maior absorção não permitem a passagem da radiação até a placa de captação, tornando as áreas mais claras; enquanto aquelas que tem menor captação de radiação, permitem a passagem da radiação para placa, tornando-a mais escu- ra. Nesse contexto, a radiografia tem aproximadamente 4 tons que variam do mais radiopaco (que não permi- te a passagem da radiação), até o mais radiotransparente (que permite a passagem da radiação). Estes tons são divididos em: tons próximos ao ar, mais radiotransparentes; tons próxi- mos a Gordura; tons próximos a par- tes moles; e tons próximos a ossos, mais radiopacos. DENSIDADE ABSORVIÇÃO IMAGEM TERMINOLOGIA Metal Total Muito Clara Radiopaco Cálcio Grande Branca Radiopaco Água (partes moles) Média Cinza Hipotransparente Gordura Baixa Quase Preta Transparente Ar Nenhuma Preta Hipertransparente Figura 1. Quadro de densidades radiológicas, retirado do Radiologia Básica Lange 2ª ed 4RADIOLOGIA DO ABDOME HORA DA REVISÃO: Anatomia A cavidade abdominal abriga diversos órgãos dos Sistema Digestório, Sistema Linfático, Sistema Endócrino e Sistema Urinário. Para um entendimento satis- fatório da radiografia de abdome, deve- mos relembrar a localização de algumas dessas estruturas: Figura 2. Anatomia Sistema Digestório, retirado do site www.planetabiologia.com Como pode ser visto nessa ilustração da vista frontal da cavidade abdominal, há grande sobreposição de órgãos na ca- vidade, de forma que, certos órgãos não são visíveis. Dentre os órgãos visíveis na vista frontal estão: Fígado, superior- mente a direita; Estômago, em posição central; Baço, superiormente na extre- midade esquerda da cavidade; Intestino Grosso e suas estruturas, situadas peri- fericamente na cavidade, abaixo dos ór- gãos supracitados; e Intestino Delgado, emaranhado e alocado centralmente na cavidade. Dentre os órgãos não visíveis podemos citar: Rins, localizados poste- riormente as Flexuras do Colón direito e esquerdo; Pâncreas, alocado profun- damente ao Estômago; Glândulas Su- prarrenais, alocadas superiormente aos Rins; dentre outros. 3. ORDENAMENTO DA AVALIAÇÃO A radiografia de abdome, assim como qualquer método de imagem, apre- senta uma sistematização de avalia- ção, que visa garantir a análise com- pleta de todo exame, sendo composto pelas fases: • Observação da distribuição de ga- ses nas vísceras ocas e na cavida- de abdominal • Avalição de órgãos Sólidos • Caracterização das estruturas ósseas. 4. DISTRIBUIÇÃO DOS GASES Para uma melhor avaliação da distri- buição dos gases na cavidade abdo- minal, é importante estar habituado com a distribuição normal dos gases: Figura 3. Radiologia de Abdome, retirada do https:// www.sanarflix.com.br 5RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 4. Radiologia de Abdome, retirada https://www. sanarflix.com.br/ Como podemos observar nas radio- grafias normais acima, a densidade gasosa (radiotransparência) é visível dentro da cavidade abdominal, confi- nada dentro de alças intestinais, e na cavidade gástrica. Por conta de sua radiotransparência, o meio gasoso possibilita a visualização das pregas estomacais, haustrações do colón e do padrão radiológico conhecido como miolo de pão, caracterizado pela mistura das fezes com os gases intestinais. Quando é possível obser- var a presença de gás localizado ex- ternamente às vísceras ocas, se con- figura o quadro patológico conhecido como pneumoperitôneo. 5. AVALIAÇÃO DAS VÍSCERAS A segunda etapa da avaliação da ra- diografia Simples de abdome é com- posta pela caracterização de vísceras sólidas, por meio da visualização de suas sombras e de seus limites. Po- demos visualizar as sombras dos se- guintes órgãos: Fígado, Baço, Rins e Músculo Iliopsoas. Figura 5. Radiologia de Abdome, retirada do https:// www.sanarflix.com.br/. 6RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 6. Vísceras abdominais , retirada do https:// www.sanarflix.com.br/ Também é possível visualizar, na por- ção inferior da Radiografia, a imagem radiológica da Bexiga, preenchida por líquido. Figura 7. Radiologia pélvica, retirada do site https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 8. Radiologia pélvica evidenciando a bexiga, retirada do site https://www.sanarflix.com.br/ SE LIGA! LINHA DO MÚSCULO PSOAS Na radiografia simples, é possível ob- servar a Linha do Músculo Psoas, deli- mitada bilateralmente pelos Músculos Iliopsoas. Sua importância se deve ao fato de seu borramento ser um indicati- vo, ainda que inespecífico, de processos inflamatórios abdominais Figura 9. Radiologia de Abdome, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br 7RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 10. Radiologia de Abdome evidenciando a linha do psoas, retirada do https://www.sanarflix.com.br/ 6. ESTRUTURAS ÓSSEAS O último passo da avaliação de uma radiografia simples é a observação de suas estruturas ósseas, compostas pelos ossos pélvicos: Juntas Sacroilí- acas, Ossos Pélvicos, Articulação do Quadril, Ossos Sacro, Cóccix e Fêmur. A caracterização de tais estruturas é importante em diversos cenários, como no contexto de trauma; as- sim como, na busca por metástases ósseas; e na pesquisa de processos inflamatórios intestinais, como Crohn e Retocolite Ulcerativa, que costu- mam conduzir a sacroileíte. Figura 11. Radiologia pélvica, retirada do site https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 12. Radiologia pélvica, evidenciando as estrutu- ras, retirada do site https://www.sanarflix.com.br/8RADIOLOGIA DO ABDOME SAIBA MAIS: FRATURAS PÉLVICAS Os mecanismos de trauma dos ossos pélvicos são divididos pelo ATLS em 4 categorias de padrão de força: Compressão Lateral, Compressão Anteroposterior, Cisalhamento Vertical e Fraturas Combinadas. Cada um desses padrões de trauma leva a uma conformação óssea diferente: Figura 13. Fraturas Pélvicas, retirada do ATLS 9ª edição como imagens calcificadas com cen- tro radiotransparente. Figura 14. Calcificações na Radiologia de Abdome, retirada do site https://www.sanarflix.com.br/ 7. CALCIFICAÇÕES As calcificações são achados muito frequentes nas radiologias de abdo- me, visto a facilidade de visualização dessas estruturas no exame. Deve- -se ressaltar que ao falarmos sobre a presença de calcificações nas radio- grafias de abdome, é importante res- saltar que tais achados não são, ne- cessariamente, patológicos. Existem achados como calcificações costo- condrais e flebólitos, que são fisiolo- gicamente encontrados no envelheci- mento. As calcificações costocondrais são calcificações normais das car- tilagens das costelas, visualizáveis como calcificações lineares; enquan- to os flebólitos são calcificações de veias escleróticas, que se apresentam 9RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 15. Calcificações na Radiologia de Abdome, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Como podemos ver nas imagens aci- ma, dentre as estruturas calcificadas, é possível citar os linfonodos calcifi- cados, cálculos biliares calcificados e clipes cirúrgicos deixados após cirurgias. As calcificações são bastante co- muns no Sistema Urinário, existindo uma grande variedade de patologias que conduzem a formação de tais es- truturas. Dentre elas, podemos cita os cálculos urinários, representados por estruturas calcificadas arredondadas, que podem estar alocadas em qual- quer lugar do sistema coletor; além de cálculos coraliformes, estruturas com morfologia semelhante à pelve renal. Ademais, é possível a observação da calcificação típica da nefrocalcinose, que se apresenta como cálculo amor- fo, infiltrado no parênquima. Figura 16. Cálculo ureteral, retirada do site https:// www.sanarflix.com.br Figura 17. Cálculo ureteral, retirada do site https:// www.sanarflix.com.br/ 10RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 18. Cálculos urinários, retirada do site https:// www.sanarflix.com.br/. Figura 19. Cálculos urinários, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 20. Cálculo Coraliforme, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br Figura 21. Cálculo Coraliforme, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 22. Nefrocalcinose, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/. Figura 23. Nefrocalcinose, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ 11RADIOLOGIA DO ABDOME Ademais, é possível observar, nas radiografias, órgãos inteiros com pa- drão de calcificação, como pode ser visto na calcificação de Aorta decor- rente da Ateromatose do vaso. Tal padrão pode ser visto também na Pancreatite Crônica, na qual o parên- quima pancreático é tomado por cal- cificações. Além disso, vale destacar a rara presença da calcificação das Glândulas Suprarrenais, que ocorre em decorrência de diversas patolo- gias, como infecções fúngicas, tuber- culose e falência adrenal. Figura 24. Calcificações no trajeto da Aorta abdominal,, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 25. Calcificações no trajeto da Aorta abdominal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 26. Calcificações pancreáticas e no trajeto da Aorta abdominal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 27. Calcificações pancreáticas e no trajeto da Aorta abdominal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 12RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 28. Calcificações na Radiologia de Abdome, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 29. Calcificações nas Glândulas adrenais, retira- da do site. https://www.sanarflix.com.br/ 8. SONDAS Após a colocação de sondas e cate- teres, é comum a realização de radio- grafias para que haja confirmação do posicionamento correto dos disposi- tivos. Como é possível observar nas imagens abaixo: Figura 30. Sondas nasoenteral, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 31. Sonda nasoenteral com desenho esquema- tizando as estruturas relevantes, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 32. Sonda ureteral. https://www.sanarflix.com.br/ 13RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 33. Sonda ureteral com desenho esquemático, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 34. Filtro de veia cava, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 35. Filtro de veia cava, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ As sondas nasoenterais são utilizadas como uma forma de alimentação pa- renteral, enquanto o filtro de veia cava inferior serve como profilaxia para trom- boembolismo venoso. No que tange ao cateter duplo J, tal dispositivo é coloca- do para manutenção do fluxo urinário. 9. PATOLOGIA DE ALÇAS Quanto a observação das patologias intestinais, deve-se ter atenção re- dobrada na avaliação dos sinais de obstrução intestinal, com enfoque principal na diferenciação de suas lo- calizações de origem. As obstruções de Intestino Delgado geralmente se localizam centralmente e apresentam o sinal radiológico conhecido como 14RADIOLOGIA DO ABDOME empilhamento de moedas; enquan- to as obstruções de Intestino Grosso se localizam perifericamente e apre- sentam dilatações mais grosseiras. Figura 36. Obstrução Intestino Delgado, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 37. Obstrução Intestino Grosso, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ SAIBA MAIS: DOENÇA DE CROHN A Doença de Crohn é uma doença intestinal crônica, de caráter inflamatório, que afeta a mu- cosa do trato intestinal, tendo como diagnóstico diferencial a Retocolite Ulcerativa. Apesar de ser um achado pouco comum, é possível observar na radiografia a presença de ilhas de mu- cosa, que indicam a presença de Doença de Crohn. Já a Retocolite Ulcerativa tem como acha- do a ausência de pregas na mucosa intestinal, conhecida como Cólon em cano de chumbo. Figura 38. Ilhas de mucosa, retirada do site. https://www.sanarflix. com.br/ Figura 39. Ilhas de muco- sa, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 40. Colón em Cano de Chumbo, retirada do site. https://www.sanarflix.com. br/ Figura 41. Colón em Cano de Chumbo, retirada do site. https://www.sanarflix.com. br/ 15RADIOLOGIA DO ABDOME 10. PATOLOGIAS VÍSCERAS SÓLIDAS Entre as patologias de vísceras sóli- das, podemos observar a hepatome- galia, esplenomegalia e nefromegalia, por meio da observação dos limites desses órgãos, deslocamento do co- lón ou sobreposição dos órgãos au- mentados sobre ele. Figura 42. Hepatoesplenomegalia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 43. Hepatoesplenomegalia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 44. Hepatomegalia, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 45. Hepatomegalia, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ 16RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 46. Nefromegalia, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ Figura 47. Nefromegalia, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ Além disso, é válido demonstrar o principal achado radiológico da ascite, que é a presença de um padrão difu- so de densidade de partes moles. Figura 48. Ascite, retirada do site. https://www.sanar- flix.com.br/ Figura 49. Ascite, retirada do site. https://www.sanar- flix.com.br/ 17RADIOLOGIA DO ABDOME 11. TOMOGRAFIA DE ABDOME A Tomografia Computadorizada (TC) é um método de imagem que também utiliza radiação ionizante em seu pro- cesso de obtenção de imagem. Nes- te exame o paciente adentra em um tubo, no qual se localiza a fonte emis- sora de radiação, que irá irradiar o pa- ciente em diversos planos, obtendo uma imagem tridimensional da área pesquisada,após processamento das diversas imagens obtidas. Este exa- me possibilita também a observação das estruturas por diversos cortes: corte axial, corte sagital e corte coro- nal. O corte axial é o corte clássico da TC, no qual podemos observar diver- sos níveis da região pesquisada, com uma boa visão de suas adjacências. O corte sagital é um corte no qual pode- mos ter visualização de toda a coluna vertebral, ramos anteriores da Aorta e Bexiga, em suas faces laterais. Já no corte coronal, podemos observar uma visão próxima ao que encontramos classicamente nos atlas anatômicos, FLUXOGRAMA 1 – RADIOGRAFIA DE ABDOME GASES E VÍSCERAS OCAS ANÁLISE VÍSCERAS SÓLIDAS ESTRUTURAS OSSEAS OBSTRUÇÃO INTESTINO DELGADO VISCEROMEGALIAS ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS OBSTRUÇÃO INTESTINO GROSSO CALCIFICAÇÕES OSSOS PÉLVICOS PNEUMOPERITÔNIO DOENÇA DE CROHN FONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição 18RADIOLOGIA DO ABDOME com uma excelente visualização dos rins, por exemplo. Figura 50. Plano Axial da Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 51. Plano Coronal da Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 52. Plano Sagital da Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Quanto as densidades visíveis no exame, a Tomografia apresenta se- melhanças com a Radiografia Sim- ples, embora consiga ter maior varie- dade de colorações. Nesse sentido, a tabela abaixo estabelece valores de atenuação importantes para diferen- ciação de certas estruturas, e, conse- quentemente, do diagnóstico dado. DENSIDADE ATENUAÇÃO IMAGEM TERMINOLOGIA Contraste +100 a +1000 Muito Clara Hiperatenuante Osso 100 Branca Hiperatenuante Água (partes moles) 0 - 100 Cinza Médio Isoatenuante Gordura -60 Cinza Escuro Hipoatenuante Ar -120 a -1000 Preta Hipoatenuante Figura 53. Quadro de densidades tomográficas, retirado do Radiologia Básica Lange 2ª ed A realização da Tomografia pode ser feita com ou sem contraste, a de- pender de qual patologia esteja sen- do pesquisada. Por exemplo, a TC não contrastada é a indicação para pesquisa de nefrolitíase, visto que a utilização de contraste dificulta a identificação dos cálculos urinários. Já outras patologias necessitam da utilização de contraste para melhor 19RADIOLOGIA DO ABDOME visualização de estruturas e obser- vação das propriedades de certos achados, como veremos a frente no material. A administração de contras- te pode ser feita de diversas formas: Via Oral (VO), Via Retal (VR) ou Via Endovenosa (EV). A Via Oral é utiliza- da com o intuito de observar o trato digestivo como um todo, por meio do realce deste com contraste; tal méto- do de administração está em desuso, visto que a administração de água consegue distender as alças, funcio- nando como um “realce negativo”. A Via Retal é utilizada para observação da ampola retal e cólon sigmoide, com a finalidade de observação de possí- veis patologias na região. Figura 54. Contraste VO Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 55. Água na Tomografia, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 56. Contraste Retal Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Quanto a Via Endovenosa (ou intra- venosa), a via mais utilizada, é impor- tante salientar a presença das fases do contraste no organismo, que po- dem ser divididas em 4 fases tem- porais, em ordem: Fase Arterial, Fase Portal, Fase de Equilíbrio e Fase Ex- cretora. A Fase Arterial é a primeira fase, dando destaque a estruturas vasculares arteriais. A Fase Portal é a fase posterior, na qual a Veia Porta e os componentes venosos se realçam. Em sequência, existe a Fase de Equi- líbrio, no qual o parênquima dos ór- gãos está equilibrado em relação ao realce. Por último, existe a Fase Ex- cretória, ou Fase de Equilíbrio, na qual é possível observar todo o sistema coletor urinário. 20RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 57. Fase Arterial Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 58. Fase Portal Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 59. Fase de Equilíbrio Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 60. Fase excretora Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 21RADIOLOGIA DO ABDOME SE LIGA! VISUALIZAÇÃO DOS RINS Como dito anteriormente, a visualização dos rins é muito favorecida na TC com corte coronal, visto que o exame con- segue demonstrar a anatomia renal em detalhes, a partir da observação das fa- ses de contraste. Figura 61. Anatomia Renal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Na Fase Arterial da Tomografia, por exemplo, é possível diferenciar o Córtex Renal em relação a Medula Renal, visto que o córtex se cora mais rapidamente que a medula. Figura 62. Fase Arterial da Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Já na fase tardia, ou excretora, é possi- bilitada a visualização de todo o sistema coletor em realce, visto que, nessa fase, o contraste está sendo excretado. Figura 63. Fase Tardia Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br Além disso, também é importan- te elucidar a respeito das janelas da Tomografia Computadorizada. Tais janelas são ajustes de contraste e brilho, feitas no processamento da imagem, que possibilitam a visualiza- ção de diferentes estruturas no exa- me. As mais utilizadas na Tomografia Abdominal são: janela de partes mo- les, janela de estruturas ósseas e ja- nela de parênquima hepático. Figura 64. Janela de Partes Moles Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 22RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 65. Janela Óssea Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 66. Janela Hepática Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Para o melhor entendimento da To- mografia Computadorizada, é de vital importância a observação de um exa- me normal, em seus diversos níveis, com observação de suas estruturas anatômicas. Nos andares superiores do abdome, é possível observar o Fí- gado, Estômago, Baço e Recessos Pulmonares, além de estruturas vas- culares, como Aorta Abdominal e Veia Cava Inferior. À medida que os cortes vão em direção caudal, outras estru- turas começam a ser visualizadas, como Rins, Suprarrenais, Pâncreas, Intestino Delgado e Intestino Gros- so. A seguir, observe as imagens nos planos coronal e sagital identificando o nível de visualização das estruturas. Figura 67. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 23RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 68. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 70. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 69. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 24RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 71. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 72. Tomografia, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 12. PATOLOGIAS INTESTINAIS Apendicite A apendicite é a inflamação aguda do Apêndice Vermiforme, que tem sin- tomatologia clássica com a presen- ça de dor abdominal em quadrante inferior direito, anorexia e febre. Tem sua etiologia derivada da obstrução do lúmen do apêndice, seja por hi- perplasia linfoide, corpos estranhos ou fecálito, conhecido como apendi- colito, nesse quadro. Seu diagnóstico é basicamente clínico, suplementado pela realização de Tomografia Com- putadorizada, na qual, podem ser en- contrados os achados clássicos de uma inflamação abdominal: aumento do tamanho do órgão (diâmetro > 6mm), com presença de borramen- to da gordura subjacente; além da possível presença do apendicolito. Além disso, é importante salientar que outro achado marcante se deve ao fato de o Apêndice Vermiforme, quando inflamado, não se corar com o contraste, devido ao espessamento 25RADIOLOGIA DO ABDOME da parede. Uma das principais com- plicações da Apendicite se tratada formação de abscessos, que podem ser observados na TC como coleções com conteúdo de densidade próxima a líquidos. Figura 73. Apendicite, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ SE LIGA! DIFERENCIAÇÃO DE ABS- CESSOS E ALÇAS INTESTINAIS: Um dos possíveis equívocos na identifi- cação de abscessos se deve a dificulda- de de diferenciação entre tais estruturas e alças intestinais. Para sanar tal dúvida, é necessária a observação dos outros níveis de corte da tomografia. Se a es- trutura se continua nos outros planos, é provável que seja uma alça; porém, se a estrutura se limita a alguns planos, ten- de a ser um abscesso. Figura 74. Apendicite complicada, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br Diverticulite A diverticulite é a inflamação ou in- fecção dos divertículos, estruturas presentes no quadro chamado de di- verticulose. Os divertículos são sacu- lações compostas pela mucosa e sub- mucosa do cólon, que se projetam em direção a camada muscular do órgão. O quadro de diverticulose é assinto- mático, enquanto o da diverticulite é composto por dor em quadrante infe- rior esquerdo ou em região suprapú- bica, desconforto abdominal, febre e náuseas; sendo necessária, para con- firmação do diagnóstico, a realização de Tomografia Computadorizada. O padrão de imagem dos divertículos não inflamados é de bolsas arredon- dadas ocas, preenchidas por ar, en- quanto os divertículos inflamados se apresentam com os sinais clássicos de inflamação: espessamento da pa- rede intestinal e borramento da gor- dura adjacente. 26RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 75. Diverticulite, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ SE LIGA! DIVERTICULITE COMPLICADA Uma das possíveis complicações da Di- verticulite é o quadro conhecido como diverticulite complicada, que é composto pela lesão da parede intestinal, que leva a saída dos gases e fezes na cavidade abdominal. Seu aparecimento na Tomo- grafia Computadorizada se dá pela ob- servação de pneumoperitônio e da pre- sença de fezes fora das alças intestinais. Figura 76. Diverticulite complicada, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br Pneumoperitônio Como já visto anteriormente neste material, a avalição de pneumoperitô- nio é feita, classicamente, com reali- zação de Radiografia Simples de Ab- dome, em incidência anteroposterior. Alguns sinais importantes devem ser reforçados, como o Sinal de Rigler. Tal sinal é observável devido ao des- taque de estruturas mais claras (alça intestinal), quando localizadas entre dois meios mais escuros (lúmen in- testinal e ar na cavidade abdominal). Figura 77. Pneumoperitônio, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 78. Sinal de Rigle, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ 27RADIOLOGIA DO ABDOME Pneumatose A pneumatose intestinal, presença de gás na parede do trato gastrointestinal (TGI), é um sinal clínico-radiológico de uma série de morbidades intestinais que promovem sofrimento ou isque- mia de alças. Tal quadro é sugerido pela observação, na TC, da presença de ar periférico dentro da alça intesti- nal, e confirmado com a observação de pequenos pontos hipoatenuantes difusos nos ramos hepáticos da Veia Porta no Parênquima Hepático. Tais estruturas puntiformes representam a presença de gases no Sistema Por- ta, sendo também visualizáveis na Radiografia Simples de Abdome. Figura 79. Radiografia Pneumatose Intestinal na Ra- diografial, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 80. Tomografia Computadorizada com Pneuma- tose Intestinal, retirada do site. https://www.sanarflix. com.br/ Obstrução intestinal A obstrução intestinal é constituída pelo bloqueio mecânico significati- vo ou total do trato gastrointestinal (TGI), tendo como etiologias mais co- muns a presença de aderências, hér- nias, tumores ou torções intestinais, conhecidas como vólvulos. Tal qua- dro pode ocorrer tanto no Intestino Delgado quanto no Intestino Grosso, tendo sua sintomatologia relaciona- da a parte acometida. Obstruções de Intestino Delgado resultam em sintomas mais fortes, com ocorrên- cia de vômitos, cólicas, obstipação e dor em região umbilical ou epigástri- ca; enquanto obstruções de Intestino 28RADIOLOGIA DO ABDOME Grosso cursam com sintomatologia mais pobre e gradual, composta por distensão abdominal e obstipação. O diagnóstico de tal morbidade é clíni- co, com complementação radiológica necessária, feita por meio de Radio- grafia e Tomografia. Na obstrução de Intestino Delgado, há dilatação de alças intestinais centrais, com padrão conhecido como empi- lhamento de moedas. Enquanto na obstrução de Intestino Grosso, há di- latação de alças intestinais periféri- cas, com dilatações mais grosseiras. Além disso, também é mostrada a patologia conhecida como vólvulo de sigmoide, composta pela torção do Cólon Sigmoide, podendo observar a presença do sinal do grão de café. Figura 81. TC Obstrução Intestino Delgado, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 82. Radiografia Obstrução Intestino Delgado, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 83. Radiografia Obstrução Intestino Grosso, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 29RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 84. Radiografia Vólvulo de Sigmoide, retira- da do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 85. Vólvulo de Sigmoide, sinal do grão de café. retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ FLUXOGRAMA 2 PATOLOGIAS INTESTINAIS APENDICITE DIVERTICULITE PNEUMOPERITÔNIO ABDOME OBSTRUTIVO AUMENTO DO ORGÃO AUMENTO DO DIVERTÍCULO SINAL DE RIGLE INTESTINO DELGADO BORRAMENTO DA GORDURA ADJACENTE BORRAMENTO DE GORDURA ADJACENTE AR NO RECESSO SUBFRÊNICO EMPILHAMENTO DE MOEDAS E POSICIONAMENTO CENTRAL APENDICOLITO DIVERTICULITE COMPLICADA INTESTINO GROSSO APENDICITE COMPLICADA DILATAÇÕES GROSSEIRAS E POSICIONAMENTO PERIFÉRICO VOLVO SIGMÓIDE SINAL DO GRÃO DE CAFÉFONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição 30RADIOLOGIA DO ABDOME 13. PATOLOGIAS HEPÁTICAS Lesões císticas Cistos simples Os cistos simples são as lesões hepá- ticas mais comuns do fígado, sendo caracterizados como lesões arredon- dadas, preenchidas por conteúdo líqui- do. Tais lesões são assintomáticas, têm origem congênita, evolução benigna e podem ser detectadas em qualquer fai- xa etária, afetando 1-7% da população. Seu padrão de aparecimento na Tomo- grafia Computadorizada é de uma le- são hipoatenuante, com densidade lí- quida, que não apresenta realce na TC com contraste em nenhuma fase. Figura 86. Cisto hepático simples, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Hamartoma O hamartoma biliar, também conheci- do como complexo de Von Meyenburg, representa uma má-formação be- nigna congênita da arquitetura dos ductos biliares, que geralmente é as- sintomática. Seu diagnóstico normal- mente é insidioso, podendo ser con- fundido com metástases hepáticas, por conta de sua morfologia. Dessa forma, sua caracterização em exames de imagem deve ser reforçada. Na Ul- trassonografia, tal lesão se apresenta como lesões de pequena dimensão, com padrão hiperecogênico. Na TC, sua apresentação se assemelha a apresentação de um cisto simples, devido ao padrão hipoatenuante. To- davia, tais lesões se diferenciam pelo fato de os hamartomas apresentarem realce periférico na TC contrastada. Figura 87. USG Hamartoma Biliar, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 88. TC Hamartoma Biliar, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br/ 31RADIOLOGIA DO ABDOME SAIBA MAIS: CLASSIFICAÇÃO DE TODANI A classificação de Todani é a classificação mais aceita para a conformação dos cistos biliares, sendo composta pelos tipos: • Todani Normal – Paciente com padrão normal • Todani I – Paciente apresenta cisto alocado na via biliar extra-hepática • Todani II – Paciente apresenta divertículo de ducto extra-hepático • Todani III – Paciente apresenta dilatação daporção intraduodenal do ducto biliar comum • Todani IV – Paciente apresenta cistos nas vias intra-hepáticas e extra-hepáticas • Todani V – Paciente apresenta cistos apenas na via intra-hepática – condição também conhecida como Doença de Caroli. Figura 89. Classificação de Todani, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Doença de caroli A Doença de Caroli é uma doença he- pática rara, de caráter genético, com padrão autossômico recessivo, carac- terizada pela dilatação segmentar dos ductos biliares intra-hepáticos, que se dilatam e formam cistos. Tal doença costuma ter seu quadro clínico rela- cionado com a ocorrência de diversas colangites de repetição, geradas pela formação de cálculos biliares, promo- vida pelo acúmulo e redução do fluxo de bile. Seu padrão de aparecimento em Tomografias conta com a presen- ça de um sinal radiológico conhecido como Central Dot Sign, caracterizado pela presença de lesões hipoatenu- antes com área central de densidade hiperatenuada, durante a Fase Portal do exame contratado. 32RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 90. Central Dot Sign, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 91. Doença de Caroli, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Doença policística do adulto A Doença Policística Autossômica Dominante do Adulto se trata de uma anomalia genética rara, que evolui com aparecimento de cistos de ta- manho variável em diversas vísce- ras sólidas, principalmente Fígado e Rins. Seu padrão de aparecimento na Tomografia Computadorizada é ca- racterizado pela presença de cistos difusos no parênquima de diversos órgãos abdominais. Figura 92. Doença Policística Autossômica Dominante do Adulto, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Lesões hipervasculares Hemangioma Os hemangiomas hepáticos são as principais lesões benignas que aco- metem o parênquima hepático, sen- do compostos pelo enovelamento de vasos sanguíneos. Acometem cerca 3 - 20% de toda a população, sendo múltiplos em 70% dos casos. Geralmente, tais lesões são assinto- máticas. Seu padrão de aparecimen- to na TC sem contraste é hipoatenu- ante, enquanto na TC com contraste apresenta comportamento singular com aparecimento de um realce glo- buliforme periférico na Fase Arterial, que segue em direção centrípeta na Fase Portal do exame. Ao adentrar na Fase de Equilíbrio, as lesões passam a apresentar padrão isoatenuante ou hipoatenuante. 33RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 93. TC sem contraste Hemangioma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 94. TC (Fase Arterial) Hemangioma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 95. TC (Fase Portal) Hemangioma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 96. TC ( Fase de Equilíbrio) Hemangioma, retira- da do site. https://www.sanarflix.com.br/ Hiperplasia nodular focal A Hiperplasia Nodular Focal (HNF) é a segunda lesão hepática benigna mais comum, com prevalência de 2,5 – 8%, sendo mais frequente em mu- lheres (8:1). Tal tumor é considerado como uma proliferação hiperplásica de hepatócitos secundária a malfor- mações vasculares, que conduzem a modificações de perfusão. Sua apre- sentação na TC sem contraste é de padrão isoatenuante. Porém, na Fase Arterial de uma TC contrastada, a le- são apresenta um padrão conheci- do como cicatriz central, no qual sua periferia é realçada, apresentando densidade hiperatenuante, enquan- to sua porção central não se realça, apresentando densidade hipoatenu- ante. Na Fase Portal da Tomografia, o padrão da periferia da lesão volta a ser isoatenuante, enquanto a porção central se mantém hipoatenuante. Já ao adentrar na Fase de Equilíbrio, a porção periférica da lesão permane- ce isoatenuante, enquanto a cicatriz 34RADIOLOGIA DO ABDOME central se realça, tomando densidade hiperatenuante. Figura 97. TC sem contraste HNF, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 98. TC (Fase Arterial) HNF, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 99. TC (Fase Portal) HNF, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br/ Figura 100. TC (Fase de Equilíbrio) HNF, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Adenoma hepático O Adenoma Hepático é a terceira neoplasia benigna mais comum do Fígado, apresentando aparecimento mais comum em mulheres do que em homens (4:1), sendo relacionado ao uso de anticoncepcionais orais com estrogênio. Geralmente, tais tumores se apresentam assintomáticos e úni- cos (70 – 80% dos casos), tendo bom prognóstico. Seu aparecimento na TC não contrastada é de padrão hipoa- tenuante. Porém, na TC contrastada, em Fase Arterial, apresenta padrão hiperatenuante, que começa a se mostrar isoatenuante a partir da Fase Portal, mostrando-se com densida- de isoatenuante completa na Fase de Equilíbrio. 35RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 101. TC sem contraste Adenoma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 102.TC (Fase Arterial) Adenoma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 103.TC (Fase Portal) Adenoma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 104.TC (Fase de Equilíbrio) Adenoma, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Carcinoma hepatocelular Em relação ao Carcinoma Hepatoce- lular (CHC), lesão maligna mais pre- valente do Fígado, devemos estar atentos a maior incidência relaciona- da a pacientes cirróticos e pacientes infectados pelos vírus da Hepatite B e C. Geralmente, tais tumores apre- sentam sintomatologia inespecífica, com presença de dor abdominal no quadrante superior direito com pre- sença de massa, perda ponderal e deterioração clínica aguda. O padrão de aparecimento de tais tumores em Tomografias Computadorizadas sem contraste é de densidade hipo ou iso- atenuada. Já em TC contrastadas, na Fase Arterial, tais lesões se realçam bem, em um padrão conhecido como Wash In. Porém, nas Fases Portal e de Equilíbrio, a lesão perde o realce, adquirindo densidade hipoatenuante, em um processo denominado Wash Out. Além disso, é relativamente co- mum a presença de uma pseudocáp- sula envolvendo o tumor. 36RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 105. TC sem contraste CHC, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 106. TC (Fase Arterial) CHC, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 107. TC (Fase Venosa) CHC, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 108. TC (Fase Equilíbrio) CHC, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Padrão cirrótico A Cirrose é uma doença hepática constituída por um processo de fibro- se hepática, sendo caracterizada pela presença de nódulos de regeneração cercados por fibrose. Tal patologia conduz ao quadro chamado de Hi- pertensão Portal, caracterizado pela estase sanguínea no Sistema Porta, que pode evoluir com ascite. Sua vi- sualização na Tomografia é possível com a observação de um fígado atro- fiado, com limites serrilhados, envolto por ascite, observável por sua den- sidade líquida. Além disso, como si- nal de Hipertensão Portal, é possível observar aumento do calibre do Hilo Esplênico. 37RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 109. TC Cirrose, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ Figura 110. TC Cirrose, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ Padrão esteatose A Esteatose Hepática é uma doença caracterizada pelo excesso de lipídios nas células do Fígado, os hepatócitos. Tal condição pode ter diversas etiolo- gias, como a hepatopatia alcoólica e a esteatohepatite decorrente da gesta- ção. Seu padrão de aparecimento na TC é feito com base na comparação das densidades hepáticas e esplêni- cas. Na esteatose hepática, o Fígado se apresenta com parênquima hipo- atenuante em relação ao Baço. Já na USG, a comparação deve ser feita em relação ao Rim Direito. O Fígado este- atótico se apresenta hiperecóico em relação ao parênquima renal. Figura 111. TC Esteatose hepática, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 112. USG Esteatose hepática,retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 38RADIOLOGIA DO ABDOME 14. PATOLOGIAS PANCREÁTICAS Pancreatite aguda A pancreatite aguda é a inflamação aguda do Pâncreas, caracterizada pela lesão auto digestiva da glândula, efetuada pelas enzimas pancreáticas, que danificam o parênquima, causan- do inflamação. Sua sintomatologia in- clui dor em faixa localizada no abdo- me superior, febre, náusea e vômitos. Apresenta etiologia derivada, em aproximadamente 70% dos casos, de coledocolitíase e alcoolismo. Tal quadro tem diagnóstico clínico e la- boratorial, porém é importante a rea- lização de uma Tomografia Computa- dorizada para avaliação de possíveis complicações. O padrão de imagem da Pancreatite Aguda na TC, assim como o de qualquer patologia infla- matória, se apresenta com a presença de dois sinais clássicos: densificação FLUXOGRAMA 3 PATOLOGIAS HEPÁTICAS LESÕES CISTICAS LESÕES HIPERVASCULARES CIRROSE ESTEATOSE CISTOS SIMPLES HEMANGIOMA ASCITE, FIGADO SERRILHADO, AUMENTO DO HILO ESPLÊNICO TC: FÍGADO MAIS ESCURO QUE BAÇO HAMARTOMA HIPERPLASIA NODULAR FOCAL USG: FÍGADO MAIS CLARO QUE RIM DIREITO DOENÇA DE CAROLI ADENOMA HEPATICO DOENÇA AUTOSSÔMICA DOMINANTE DO ADULTO FONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição CARCINOMA HEPATOCELULAR 39RADIOLOGIA DO ABDOME (também conhecida como borra- mento) da gordura adjacente, que se apresenta mais hiperatenuante; e o aumento das dimensões do órgão. Além disso, é comum observar dila- tação do ducto pancreático. Figura 113. Pancreatite Aguda, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Como complicações pode apresen- tar a formação de um pseudocisto pancreático ou a condição conhecida como pancreatite necrotizante. O pseudocisto pancreático se apre- senta, na TC, como um achado arre- dondado, preenchido por conteúdo líquido. Enquanto a pancreatite ne- crotizante tem padrão de imagem, na Tomografia, de parênquima com densidade hipoatenuante, próxima a faixa líquida, caracterizando necrose pancreática. Figura 114. Pseudocisto Pancreático, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ SAIBA MAIS: CRITÉRIO DE BALTHAZAR A classificação radiológica conhecida como Critérios de Balthazar utiliza os achados da To- mografia Computadorizada, como grau da lesão e área de necrose, para dar uma visão prog- nóstica da Pancreatite Aguda. PONTOS GRAU DE LESÃO NA TC 0 Normal 1 Aumento difuso do pâncreas 2 Alterações intrínsecas do pâncreas + alterações na gordura peri-pancreática 3 Presença de uma coleção mal definida 4 Presença de duas ou mais coleções líquidas mal definidas 40RADIOLOGIA DO ABDOME PONTOS GRAU DE NECROSE 0 0% 2 <30% 4 30-50% 6 >50% Figura 115. Pancreatite Crônica, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br/ Adenocarcinoma O Adenocarcinoma de Pâncreas é o tipo mais comum de tumor maligno do Pâncreas, correspondendo a 90% dos tumores pancreáticos. Sua locali- zação mais comum ocorre na região da cabeça do Pâncreas. Sua sinto- matologia geralmente é inespecífica e fraca, com presença de dor e perda ponderal; porém, devido a sua locali- zação habitual, o tumor pode condu- zir ao quadro de icterícia pela obstru- ção das vias biliares. Os achados na TC incluem lesões com padrão hipoa- tenuante, com localização na cabeça SOMA DOS PONTOS COMPLICAÇÕES (%) 0-3 0 4-6 35 7-10 92 Tabelas Critérios de Balthazar Pancreatite crônica A Pancreatite Crônica é a inflamação do Pâncreas, com padrão de fibrose e dano estrutural permanente, que leva ao declínio da funcionalidade do ór- gão. Dentre os fatores de risco para tal patologia se encontram o alcoo- lismo, tabagismo e histórico de pan- creatite aguda. Apresentam como sintomas dor abdominal pós-prandial em região epigástrica e insuficiência pancreática. Seu diagnóstico é difícil, visto que, geralmente, a sintomato- logia da doença é gradual e os exa- mes laboratoriais nem sempre estão alterados. Nesse sentido, a realização de exames de imagem facilita muito o diagnóstico da patologia. O padrão de imagem encontrado na TC é de um Pâncreas com dimensões reduzidas, devido a atrofia, calcificações difusas e dilatação do ducto pancreático 41RADIOLOGIA DO ABDOME do órgão, que podem levar a com- pressão das vias biliares, conduzindo a uma dilatação do ducto pancreático e vias biliares. Figura 116. Adenocarcinoma Pancreático, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ FLUXOGRAMA 4 FONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição PANCREATITE AGUDA RADIOGRAFIA PANCREÁTICAS PANCREATITE CRÔNICA ADENOCARCINOMA AUMENTO DO ORGÃO ATROFIA DO ORGÃO LESÃO HIPOATENUANTE BORRAMENTO DA GORDURA ADJACENTE CALCIFICAÇÕES LOCALIZAÇÃO NA CABEÇA DO PÂNCREAS PANCREATITE NECROTIZANTE DILATAÇÃO DO DUCTO PANCREÁTICO DILATAÇÃO DAS VIAS BILIARES 42RADIOLOGIA DO ABDOME 15. PATOLOGIAS RENAIS Nefrolitíase A nefrolitíase é uma patologia carac- terizada pela presença de cálculos no trato urinário. Tal patologia pode ser dividida em nefrolitíase obstrutiva, quando conduz a obstrução das vias urinárias; e não obstrutiva, quando há a presença de cálculos que não obs- truem o sistema coletor. Tais cálculos são estruturas mineralizadas, logo, de fácil visualização em diversos méto- dos de imagem. Os sintomas dessa morbidade são: cólica renal, disúria, náuseas, vômitos, hematúria e febre, decorrente de possível infecção se- cundária. Seu diagnóstico é feito com base na clínica, exames laboratoriais e de imagem. Para o diagnóstico de imagem, podem ser utilizadas as técnicas de Radiografia Simples de Abdome, Urografia Excretora, Ultras- sonografia ou Tomografia Compu- tadorizada, que representa o melhor exame para detecção. Na Radiografia Simples, é possível observar a estrutura do cálculo uriná- rio em seu trajeto no sistema coletor. Tal método apresenta uma sensibili- dade de apenas 20% no diagnóstico, visto que é limitada à visualização de cálculos relativamente grandes. Figura 117. Radiografia Nefrolitíase, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ A Urografia Excretora é uma modali- dade de Radiografia que visa avaliar as vias urinárias, por meio da avalia- ção do sistema coletor durante a ex- creção de contraste pelo sistema re- nal, após administração de contraste endovenoso. Tal exame possibilita a visualização da dilatação das vias uri- nárias, além de possibilitar a visuali- zação de cálculos. Apresenta sensibi- lidade de 60% 43RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 118. Urografia excretora, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Quanto a Ultrassonografia, é possível observar a presença de cálculo por meio da presença de uma figura hipe- recóica, que apresenta uma sombra acústica bem definida. Além disso, com a utilização do recurso Doppler, é possível observar a formação de um padrão de imagem conhecido como Twinkling Artifact, caracterizado pelo aparecimento de cores alterna- tivas no exame, demonstrando apa- recimento de achado com superfície reflexiva. Tal exame apresenta sensi- bilidade para detecção de cálculos de apenas 24%, sendo solicitado com o propósito principal de visualização de dilatações no sistema coletor. Figura 119. USG Nefrolitíase, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 120. Twinkle Nefrolitíase, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br/ No que tange a Tomografia Compu- tadorizada, deve-se ressaltar que o exame deve ser feito sem utilização de contraste, para facilitar a visualiza- ção do cálculo. Tal método possibilita a visualização de todo o sistema co- letor, demonstrando o padrão obser- vado na nefrolitíase com os possíveis achados de dilatação do sistema co- letor e visualização do cálculo urinário. 44RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 121. TC Nefrolitíase, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Pielonefrite A Pielonefrite é a infecção dos Rins, geralmente causada pela transição de bactérias advindas do trato uriná-rio inferior, como uma complicação de uma Infecção do Trato Urinário (ITU) Baixa. Apresenta sintomatologia ca- racterística, composta pela presença de sinal de Giordano positivo, febre, calafrios e disúria. Seu diagnóstico é tipicamente clínico e laboratorial, po- rém pacientes com quadros frequen- tes de pielonefrite devem realizar exame de imagem em busca de com- plicações. Os principais exames utili- zados são Tomografia Computadori- zada Contrastada e Ultrassonografia com uso do recurso Doppler. Na TC contrastada em Fase Portal, o padrão de imagem de uma Pielone- frite pode ser visto por meio de uma área hipoatenuante em relação ao parênquima hepático, que está re- alçado pelo contraste. Além disso, é possível observar o padrão típico de inflamação, composto pelo aumento do órgão e borramento da gordura subjacente. Figura 122. TC Pielonefrite, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 123. TC Pielonefrite, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ 45RADIOLOGIA DO ABDOME Na Ultrassonografia com uso de Do- ppler, é possível diagnosticar Pielo- nefrite por meio da observação de área que demonstra redução do fluxo sanguíneo. Tal fenômeno ocorre devi- do ao fato de a cápsula renal, quando inflamada, dificultar o retorno venoso. Figura 124. USG Pielonefrite, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ SAIBA MAIS: COMPLICAÇÕES DA PIELONEFRITE Como dito anteriormente, o principal propósito da indicação de exames de imagem para pa- cientes com quadro de pielonefrite é a busca por possíveis complicações, como a formação de abscessos renais e pielonefrite enfisematosa. Os abscessos renais podem ser vistos na Tomografia Computadorizada, por meio de uma coleção líquida adjacente ao parênquima renal. Já a pielonefrite enfisematosa é observável tanto na TC quanto na USG. Na TC, é pos- sível observar aumento expressivo das dimensões renais, acrescido à presença de achados hipoatenuantes, representativos de gás em seu parênquima. Já na USG, o padrão de imagem é composto por figuras hiperecóicas, que apresentam sombra acústica mal definida, sendo representativa de gás nos rins. Figura 125. TC Pielonefrite enfi- sematosa, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 126. USG Pielonefrite enfi- sematosa, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 127. Abcesso renal, retira- da do site. https://www.sanarflix. com.br/ 46RADIOLOGIA DO ABDOME são benignas, sendo as mais comuns os angiomiolipomas; enquanto lesões sem gordura macroscópica visível tendem a ser malignas. O próximo passo na avaliação consiste em ob- servar o padrão das lesões malignas para enquadrá-las em infiltrativas ou expansivas, que tendem a ter pior prognóstico. As lesões infiltrativas apresentam um padrão que aden- tra, ou seja, se infiltra no parênquima renal, sendo uma representação co- mum de linfomas; enquanto as lesões expansivas apresentam morfologia globuliforme, sendo o Carcinoma de Células Renais (CCR) a principal etio- logia de tais tumores. Massas renais Ao tratarmos sobre massas ou tu- mores renais, é fundamental ter em mente a importância da subdivisão de seus tipos com base na imaginolo- gia da Tomografia Computadorizada, como é possível observar no fluxogra- ma abaixo. O início da caracterização das lesões deve ser a respeito de sua possível malignidade. Assim, lesões que apresentam densidade de gor- dura em sua conformação geralmente MASSAS RENAIS BENIGNA MALIGNA INFILTRATIVA LOBULADA/EXPANSIVA Figura 128. Tumor Renal Benigno, retirada do site. https://www.sanar- flix.com.br/ Figura 129. Tumor Expansivo, reti- rada do site. https://www.sanarflix. com.br/ Figura 130. Tumor infiltrativo, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 47RADIOLOGIA DO ABDOME SE LIGA! Papel dos exames de imagem. O papel dos exames de imagem, em se tratando de lesões renais malignas, não é apenas de classificação em subti- pos de lesão, sendo de vital importância para o estadiamento de tumores renais, por meio da observação de estruturas subjacentes, como vasos ou outras par- tes do sistema coletor. FLUXOGRAMA 6 FONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição NEFROLITÍASE PATOLOGIAS RENAIS PIELONEFRITE TUMORES RENAIS RADIOGRAFIA SENSIBILIDADE 60% TOMOGRAFIA BENIGNOS USG SENSIBILIDADE 28% USG DOPPLER MALIGNOS EXPANSIVOS TOMOGRAFIA 90% PIELONEFRITE COMBINADA MALIGNOS INFILTRATIVOS NEFROLITIASE COMPLICADA Figura 131. Tumores Renais, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 48RADIOLOGIA DO ABDOME 16. PATOLOGIAS ABDOMINAIS VASCULARES Aneurismas aórticos Aneurismas aórticos são dilatações anormais da Artéria Aorta, ocasiona- das pelo enfraquecimento da camada média da parede arterial. Tem como principais etiologias hipertensão, aterosclerose e doenças do tecido conjuntivo. Podemos dividir tal mor- bidade em duas classes: aneurisma fusiforme (principal tipo de aneuris- ma), representado por um alargamen- to circunferencial da parede arterial/ e aneurisma sacular, representado por evaginações localizadas na parede da artéria. Figura 132. Aneurismas, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ Tal patologia tem como sítios mais co- muns a Aorta Abdominal e Torácica, apresentando clínica assintomáti- ca, com diagnóstico feito de manei- ra insidiosa, por meio da realização de Tomografias Computadorizadas Contrastadas em Fase Arterial. Seu padrão de imagem na TC é visualiza- do pela dilatação da Aorta, com a pre- sença de estrutura conhecida como Trombo Mural ou Laminar, que não é realçada com o contraste. Além dis- so, é possível observar calcificações na Aorta, representativas de placas de ateromatose calcificadas, localiza- das na camada íntima. Ademais, na Tomografia é possível identificar si- nais de complicação de aneurismas, como o extravasamento de contras- te, que representa um indicativo de sangramento ativo; além de presença de coleção de densidade líquida no retroperitônio, que indica acúmulo de sangue. Figura 133. Aneurisma de Aorta Abdominal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 49RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 134. Aneurisma com Trombo Mural identificado, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 135. Aneurisma, retirada do site. https://www. sanarflix.com.br/ HORA DA REVISÃO: CAMADAS AÓRTICAS A organização histológica da Aorta é di- vidida em 3 camadas: Camada Íntima, Camada Média e Camada Externa. A camada íntima é constituída por tecido epitelial pavimentoso simples, o endo- télio. Enquanto a camada média, túnica mais espessa, é composta por células musculares lisas entrepostas entre lâmi- nas elásticas. Por fim, a camada externa, ou adventícia, tem como composição te- cido conjuntivo frouxo. Figura 136. Túnicas Arteriais, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br Dissecção Para o entendimento da dissecção aórtica, é necessário entendimen- to prévio das camadas histológicas do vaso e das patologias da cama- da íntima. Dentre essas doenças se destacam o hematoma intramural e a dissecção da aorta, que são con- sideradas espectros de uma mesma doença. O hematoma é constituído por uma coleção sanguínea restrita à parede arterial, provocado por uma le- são de estruturas denominadas Vasa Vasorum. Enquanto na dissecção, há uma rotura na camada íntima, criando um caminho alternativo ao fluxo san- guíneo, o lúmen falso. Dessa forma, a diferença entre os dois quadros se dá pela presença de uma lesão da cama- da íntima na dissecção. 50RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 137. Diferenciação de dissec- ção de aorta e hematoma intramural. The Role of Imaging in Aortic Dissec- tion and Related Syndromes. Ragaven- dra R, et al. Figura 138. Dissecção de aorta, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Dissecção de aorta Hematoma intramural A classificação de tal patologia pode ser feita por meio de dois sistemas: Classificação de Stanford e DeBakey. A classificaçãode Stanford divide as dissecções em Tipo A, que acometem Aorta Ascendente, unicamente ou em conjunto com a Aorta Torácica; e Tipo B, que acometem apenas Aorta Descendente. Enquanto a Classifica- ção de DeBakey divide as dissecções em Tipo I, com dissecções localizadas na Aorta Ascendente e Descenden- te; Tipo II, com patologias localizadas apenas na Aorta Ascendente; e Tipo III, com morbidades localizadas na Aorta Descendente. 51RADIOLOGIA DO ABDOME O aspecto de imagem de uma dissecção aórtica na Tomografia Compu- tadorizada é dado pela observação de um lúmen verdadeiro, geralmente menor e hiperatenuado, e um lúmen falso, geral- mente menor e hipoate- nuado, separados por um septo constituído pela túnica íntima, conhecido como Flap. Figura 139. Dissecção aórtica, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ CLASSIFICAÇÃO DAS DISSECÇÕES AÓRTICAS DeBakey TIPO I TIPO II TIPO III CLASSIFICAÇÃO TIPO A TIPO B NORMAL 52RADIOLOGIA DO ABDOME Obstrução A obstrução da Aorta é uma pato- logia circulatória séria, com diversas etiologias possíveis, como a ateros- clerose e o tromboembolismo arterial, que cursa com redução do fluxo ar- terial, levando a isquemia das regiões supridas. Sua sintomatologia varia de acordo com a etiologia, mas ge- ralmente os pacientes cursam com sintomas isquêmicos de diversas re- giões. Sua observação na Tomografia Computadorizada em Fase Arterial é demonstrada pela ausência de realce no vaso. Artéria normal Artéria aterosclerótica estreitada Figura 140. Aterosclerose, retira- da http://www.drraphaelprins.com.br/ areadeatuacao/doenca-arterial-periferica/ Figura 141. Obstrução Aórtica, retirada do site. ht- tps://www.sanarflix.com.br/ 53RADIOLOGIA DO ABDOME 17. TRAUMA ABDOMINAL Organização geral No trauma abdominal, os exames de imagem têm importante papel na to- mada de decisões, visto que, a par- tir da observação dos órgãos aco- metidos e dos padrões de lesão, é possível definir qual a conduta a ser tomada. Como em qualquer situação de trauma, existem fluxogramas para guiar a tomada de decisões, como o apresentado abaixo, no qual são de- monstradas as condutas para exa- mes diagnósticos, intervenções cirúr- gicas ou tratamentos conservadores. FLUXOGRAMA 7 FONTE: Radiologia Básica 2ª edição; Fundamentos de Radiologia 3ª edição ANEURISMA PATOLOGIAS VASCULARES DISSECÇÃO OBSTRUÇÃO FUSIFORME DOENÇAS DA CAMADA INTIMAL ATEROMATOSE, TROMBOEMBOLISMO ARTERIAL SACULAR LÚMEN FALSO E VERDADEIRO NÃO CONTRASTAÇÃO DO VASO TROMBO MURAL CLASSIFICAÇÃO DE STANFORD DILATAÇÃO DA AORTA 54RADIOLOGIA DO ABDOME SE LIGA! PROTOCOLO DE CONTRASTE Em situações de trauma, a utilização de contraste para o exame de Tomografia Computadorizada deve seguir um protocolo, de- monstrado abaixo: Protocolo de TCMD Contraste VO Desnecessário Contraste vesical (250ml diluído a 5 – 10%) Se suspeita de lesão na bexiga Contraste IV Dose: 1 – 2ml/kg Vel injeção: 4 – 5ml Imprescindível Fases: • Sem contraste • Arterial • Portal • Equilíbrio ALTS, 10ª ed. TRAUMA ABDOMINAL FECHADO INSTÁVEL hemodinamicamente Sinais de peritonite ESTÁVEL hemodinamicamente TC DE ABDOME Lesão de órgão sólido Lesão de víscera oca Considerar possibilidade de tratamento conservador FAST ou LPD V X LAPAROTOMIA Procurar outra causa de instabilidade 55RADIOLOGIA DO ABDOME Quanto aos possíveis padrões de lesão encontrados na Tomografia Computa- dorizada após um trauma abdominal, temos: Laceração, que apresenta as- pecto linear, geralmente partindo da borda do órgão em direção ao parên- quima; Hematoma Subcapsular, que se apresenta como uma meia-lua em volta do órgão acometido, com den- sidade sanguínea; Hematoma, que é um acúmulo de sangue envolto pelo parênquimado órgão, apresentando densidade padrão de líquidos; e Con- tusão, que pertence ao mesmo es- pectro de lesão dos hematomas, visto que se apresenta como uma área hi- poatenuante envolta por parênquima normal, porém com densidade dife- rente da densidade de líquidos. Além disso, também existem outros sinais, que são indicativos de maior gravidade que podem modificar a conduta para abordagens cirúrgicas, como o Hemo- peritônio, representado pela presença de sangue na cavidade abdominal, em padrão de imagem que lembra a asci- te, porém com conteúdo de densidade sanguínea; Pneumoperitônio, repre- sentado pela presença de ar na cavida- de abdominal fora de alças intestinais; Desvascularização, que representa uma lesão vascular, na qual podemos observar a obstrução do vaso respon- sável pela irrigação do órgão e pela is- quemia deste; e Sangramento Ativo, representado pelo escape de contraste em regiões onde não existem vasos. O aspecto de imagem destas lesões está demonstrado na imagem abaixo: Figura 142. Padrões de lesão no trauma abdominal, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 56RADIOLOGIA DO ABDOME FAST O FAST (Focused Assessment with Sonography in Trauma) é um exa- me de ultrassonografia feito no con- texto de trauma, com o objetivo de uma rápida avaliação dos espaços peritoneais e epicárdicos em busca de locais de acúmulo de sangue. Tal método é feito em 4 janelas: Espaço Hepatorrenal, Espaço Esplenorrenal, Espaço do Fundo de Saco (Pélvico) e Espaço Pericárdico. SE LIGA! Não se esqueça que na USG, líquidos se mostram hiperecóicos. Espaço hepatorrenal Figura 143. FAST, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Espaço esplenorrenal Figura 144. FAST, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 57RADIOLOGIA DO ABDOME Espaço pericárdico Figura 145. FAST, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Espaço pélvico Figura 146. FAST, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 58RADIOLOGIA DO ABDOME Trauma esplênico Em traumas abdominais fechados, o órgão mais comumente lesionado é o Baço, sendo 75% de suas lesões tra- tadas com tratamento conservador. Os traumas nesse órgão resultam, em sua maioria, em lesão parenqui- matosa com ou sem rotura capsular. Os principais tipos de lesão de baço são: Hematoma, Laceração, Fratura e Desvascularização. CATEGORIA LESÃO I Avulsão capsular, laceração <1cm Hematoma subcapsular <10% área de superfície II Laceração de profundidade de 1 a 3cm Hematoma subcapsular 10-50% área ou central <5cm III Laceração de profundidade > 3cm Hematoma subcapsular >50% da área, central > 5cm, ou em expansão IV Laceração envolvendo de vasos hila- res ou segmentares com desvascula- rização >25% V Laceração completa do baço Lesão vascular hilar com desvascula- rização completa *Categorias em destaque necessitam de intervenção cirúrgica. Tabela retirada do site. https://www.sanarflix. com.br/ Figura 147. Laceração e contusão do Baço. Retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 148. Trauma Esplênico, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 149. Trauma Esplênico, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ SE LIGA! Apesar da grande quantidade de informações presentes nas tabelas para caracterização das lesões no Trau- ma Abdominal, existe certo padrão para guiar a interpretação de tais classifica- ções. Deve-se sempre buscar entender 3 pontos primordiais em tais tabelas: 1 – Padrão de lesão; 2 – Extensão da Lesão; 3 – Mudanças de condutas possíveis Trauma hepático O segundo órgão mais lesado durante o Trauma Abdominal Fechado é o Fígado, sendo que o seu lobo direito é acometi- do cerca de 3 vezes mais do que o lobo esquerdo (75 – 25%). Seu padrão de lesão mais frequente é lesão parenqui- matosa com ou sem rotura capsular. Os principais padrões de lesão são: Hema- toma, Laceração e Desvascularização. 59RADIOLOGIA DO ABDOME CATEGORIA LESÃO I Avulsão capsular, laceração <1cm Hematoma subcapsular <10% área de superfície II Laceração de profundidade de 1 a 3cm Hematoma subcapsular 10-50% área ou central <10m III Laceração de profundidade > 3cm Hematoma subcapsular >50% da área, central > 10cm,ou em expansão IV Laceração envolvendo de 25-75% de um lobo hepático ou de 1 a 3 seg- mentos do mesmo lobo V Laceração envolvendo >75% de um lobo hepático ou > 3 segmentos do mesmo lobo Lesão vascular venosa VI Avulsão vascular *Categorias em destaque necessitam de intervenção cirúr- gica. Tabela retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 150. Trauma Hepático, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 151. Trauma Hepático, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Trauma renal Os rins são acometidos em cerca de 10% dos traumas contusos ou pe- netrantes. Para realização de Tomo- grafia Computadorizada no Trauma Renal, o paciente deve se enquadrar em alguma das indicações a seguir: Hematúria Macroscópica; Hematú- ria Microscópica, com Pressão Arte- rial Sistólica menor que 90mmHg; ou Hematúria Microscópica, com lesões associadas. Os principais achados da TC no Trauma Renal são: Contusão, Hematoma, Laceração, Lesão Vascu- lar e Hematoma Subcapsular. CATEGORIA LESÃO I Contusão ou Hematoma subcapsular (não expansivo) II Laceração < 1cm Hematoma perirrenal III Laceração > 1cm sem extensão ao sistema coletor ou extravasamento IV Laceração do cortex à medula e sis- tema coletor Lesão da artéria ou veia renal com hematoma Trombose arterial segmentar V Lacerações com destruição renal; lesão do hilo com desvascularização, rotura arterial ou oclusão *Categorias em destaque necessitam de intervenção cirúrgica. Tabela retirada do site. https://www.sanarflix. com.br/ 60RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 152. Trauma Renal- Contusão, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 153. Trauma Renal- Hematoma subcapsular, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Figura 154. Trauma Renal-Laceração, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ 61RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 155. Trauma Renal- Infarto subsegmentar, retirada do site. https://www.sanarflix.com.br/ Trauma vesical O trauma vesical geralmente é in- vestigado quando ocorre fratura de ossos pélvicos. Seu padrão de lesão se divide em lesões intraperitoneais e extraperitoneais. As lesões extraperi- toneais são identificadas por extrava- samento do meio de contraste confi- nado ao espaço perivesical na pelve extraperitoneal; enquanto as lesões intraperitoneais ficam restritas a pe- riferia da bexiga, dentro da cavidade intraperitoneal. CATEGORIA LESÃO 1 Contusão vesical Lesão da mucosa 2 Rotura intraperitoneal Lesão do teto vesical com a bexiga distendida 3 Lesão intersticial Lesão intramural com serosa intacta 4 Rotura extraperitoneal simples (a) ou complexa (b) Determinada por fragmentos ósseos 5 Rotura combinada (intra e extraperitoneal) *Categorias em destaque necessitam de intervenção cirúrgica. Tabela retirada do site. https://www.sanarflix. com.br/ Figura 156. Trauma Vesical, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ 62RADIOLOGIA DO ABDOME Figura 157. Trauma Vesical, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ Figura 158. Trauma Vesical, retirada do site. https:// www.sanarflix.com.br/ TRAUMA ABDOMINAL FAST TRAUMA HEPÁTICO TRAUMA RENAL TRAUMA ESPLÊNICO TRAUMA VESICAL ESPAÇO HEPATORRENAL ESPAÇO ESPLENORRENAL ESPAÇO VESICAL ESPAÇO PERICÁRDICO HEMATOMA LACERAÇÃO FRATURA DESVASCULARIZAÇÃO ROTURA INTRAPERITONEAL ROTURA INTERSTICIAL ROTURA EXTRAPERITONEAL ROTURA COMBINADA HEMATOMA LACERAÇÃO DESVASCULARIZAÇÃO CONTUSÃO HEMATOMA LACERAÇÃO LESÃO VASCULAR ALTS, 10ª ed. 63RADIOLOGIA DO ABDOME REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHEN, Michel Y. M.; POPE, Thomas L.; OTT, David J.. Radiologia Básica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2012 BRANT, W.; HELMS, C. A. Fundamentos de Radiologia: diagnóstico por imagens. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009 JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 64RADIOLOGIA DO ABDOME
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