Buscar

EBOOK_Autoria e Plagio - Marcelo Krokosc EBOOK

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 168 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 168 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 168 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

4a Prova
AUTORIA 
e PLÁGIO
MARCELO
KROKOSCZ
UM GUIA PARA ESTUDANTES, PROFESSORES, 
PESQUISADORES E EDITORES
4a Prova
AUTORIA e PLÁGIO
4a Prova
MARCELO KROKOSCZ
AUTORIA e PLÁGIO
Um Guia para Estudantes, 
Professores, Pesquisadores e Editores
4a Prova
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, 
de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor 
(Lei no 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal.
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Lei no 10.994, de 14 de dezembro de 2004.
Capa: 
David de Oliveira Lemes
Foto: 
Andrian Valeanu 
CC0 Creative Commons
Grátis para uso comercial 
Atribuição não requerida
pixabay.com
4a Prova
Para Ana Clara e Larissa, minhas filhas, 
as maiores e mais importantes criações de minha vida, e 
para Daniella, minha esposa, 
companheira e coautora indispensável nesta dádiva divina!
4a Prova
4a Prova
Esta obra resulta do trabalho de pesquisa e leitura do autor, o qual 
declara que alguns trechos ou partes já foram utilizados literalmen-
te pelo mesmo na elaboração do website www.plagio.net.br e em 
conteúdo preparado para orientação da comunidade educativa da 
Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP. 
O Autor
4a Prova
Apresentação, xi
Prefácio, xv
Introdução, 1
1 O Que é Plágio?, 9
1.1 Origem, 10
1.2 Definição, 11
1.3 Envolvidos, 12
Reflexão, 20
2 Por Que Acontece Plágio?, 22
2.1 Razão acidental (desconhecimento técnico), 22
2.2 Facilidade de acesso à informação eletrônica (Internet) e de 
uso de recursos de edição de texto, 24
2.3 Falta de tempo, 24
2.4 Dificuldade de escrita acadêmica e hábito de reprodução 
textual, 27
2.5 Interesse em aumentar o número de publicações, 30
2.6 Falta de ética, 31
Reflexão, 38
3 Tipos de Plágio no Âmbito Educacional, 39
3.1 Plágio direto (word-for-word), 39
3.2 Plágio indireto (paráfrase, mosaico e apt phrase), 43
3.2.1 Uso de paráfrase sem atribuição de crédito, 43
Sumário
x AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
3.2.2 Elaboração de mosaico, 44
3.2.3 Uso inadequado de chavões (apt phrase), 46
3.3 Plágio de fontes (reprodução de citações), 47
3.4 Plágio consentido (conluio), 50
3.4.1 Conluio entre colaboradores, 50
3.4.2 Conluio comercial, 53
3.5 Autoplágio, 53
Reflexão, 61
4 Como o Plágio pode ser Evitado?, 63
4.1 Conscientização ética, 64
4.2 Atualização das formas de solicitação de trabalhos 
acadêmicos, 66
4.3 Capacitação metodológica, 72
4.3.1 Referências, 72
4.3.2 Citações, 79
4.3.2.1 Citação direta curta, 80
4.3.2.2 Citação direta longa, 81
4.3.2.3 Citação indireta, 82
4.4 Uso de programas de detecção eletrônica de plágio, 83
4.5 Institucionalização político-normativa, 84
4.5.1 Leis, 85
4.5.2 Regras institucionais, 86
4.5.3 Sanções, 87
Reflexão, 91
5 Nem Tudo é Plágio, 92
5.1 Conhecimento comum, 94
5.2 Paródia, 99
Reflexão, 107
6 Exercícios, 108
6.1 Teste seus conhecimentos sobre o plágio, 108
6.2 Correção comentada dos exercícios, 130
Referências, 141
Este livro é uma obra de apoio didático que visa auxiliar estu-dantes, professores, pesquisadores, autores e instituições no 
que se refere à apresentação de conteúdos científicos por meio 
de projetos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses, 
artigos, relatórios, livros etc. Portanto, trata-se de um material de 
apoio e orientação destinado principalmente ao meio acadêmico 
cuja finalidade principal é instrumentalizar os sujeitos de pesquisa 
no que se refere à exatidão na forma de apresentação de trabalhos 
científicos por meio da escrita.
É por meio da redação científica que o pesquisador conven-
cionalmente apresenta e compartilha com seus pares os resulta-
dos obtidos durante seu processo de investigação. Esta tarefa de 
descrição de um percurso científico requer a adequação a certas 
convenções acadêmicas que permitem à comunidade científica 
compreender e aceitar no debate as ideias apresentadas.
Um dos aspectos fundamentais que caracterizam um novo 
discurso que se apresenta à discussão científica, seja ele um traba-
lho de conclusão de curso ou um artigo científico, é que ele tenha 
sido concebido e apresentado de forma honesta, pois esta é uma 
pressuposição tácita da comunidade acadêmica.
Um texto honesto é aquele que apresenta argumentos e ideias 
no debate científico respeitando e dialogando com a diversidade 
Apresentação
xii AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
de outras vozes envolvidas no assunto. Isto é viabilizado quando 
as fontes utilizadas na construção de um discurso são adequada-
mente reconhecidas.
No trabalho de redação científica isto acontece por meio do 
uso correto de citações e referências, ou seja, quando a descrição 
de um conteúdo em um texto é uma cópia ou síntese das ideias de 
outrem é preciso INDICAR (citar) no parágrafo redigido quem são 
o autor e a obra original e, além disso, devem ser IDENTIFICADAS 
(referenciadas), no final do trabalho, todas as informações rela-
cionadas a tal citação, de forma que a obra possa ser recuperada 
por qualquer leitor.
Fundamentalmente, a exatidão no reconhecimento das fontes 
utilizadas em um trabalho acadêmico assegura boa parte da au-
tenticidade e credibilidade da argumentação científica proposta. 
Ao contrário, quando a este aspecto não é dispensado o devido 
cuidado e atenção acaba ocorrendo plágio.
Por origem histórica e definição plágio é a apropriação e apre-
sentação de obra alheia como se fosse própria. Embora em algumas 
situações isto possa acontecer de modo deliberado (quando há 
intenção do redator em cometer uma fraude intelectual), supõe-se 
que em muitos casos o plágio acontece de forma acidental, ou seja, 
ocorre na redação científica simplesmente por desconhecimento 
por parte do redator das diretrizes de escrita acadêmica, o que 
resulta na inaplicação de regras básicas e eficazes que evitam a 
ocorrência do plágio.
A forma de utilização de citações e referências em trabalhos 
científicos varia de acordo com determinadas convenções, como, 
por exemplo, da The American Psychological Association (APA), do 
International Committee of Medical Journal Editors e da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entre outras.
Todas estas padronizações tratam da elaboração de citações e 
referências, reservando-se a cada uma delas pequenas alterações no 
que se refere à forma e apresentação de alguns elementos relaciona-
dos ao reconhecimento de uma fonte, como o modo de apresentar 
o(s) autor(es) ou a posição da indicação do ano de publicação.
APRESENTAÇÃO xiii
4a Prova
Embora neste livro sejam privilegiadas as diretrizes da ABNT, 
as orientações relacionadas à prevenção da ocorrência do plágio 
são aplicáveis às diferentes normalizações porque o conteúdo 
aqui apresentado visa instrumentalizar o redator para identificar 
as diferentes situações em que se faz necessária a indicação e 
identificação da fonte consultada. Sabendo-se isto, a forma de se 
fazerem as citações e as referências pode ser adequada às diretrizes 
de qualquer convenção.
Embora a principal característica desta obra seja auxiliar de 
forma prática o trabalho de redação científica, na introdução é 
desenvolvida uma reflexão sobre aspectos teóricos subjacentes à 
temática do plágio, cujo intuito fundamental é fomentar o aprofun-
damento e o debate com a comunidade interessada. Considerando 
este escopo, o incômodo e provocação contidos nas indagações 
certamente exercerão um papel fundamental. Em tudo isto, que 
prevaleça o desenvolvimento do conhecimento que torne a vida 
humana cada vez melhor.
O tema está na ordem do dia. A cobrança pela produção de resultados de pesquisa é cada vez mais intensa. Estudantes, 
professores, jovens pesquisadores ou pesquisadores seniores, todos 
são afetados. Aqui, como em outros países, publish or perish é a 
mensagem sub-reptícia que anima a vida acadêmica. 
A pressão parece legítima. A pesquisa científica é dispendiosa. 
Os financiamentos são alimentados pela expectativa de frutos, de 
transbordamentode resultados para a comunidade científica e 
para a sociedade em que se insere. O primeiro passo para isso é a 
divulgação dos resultados em veículos respeitáveis. A quantificação 
da produção acadêmica tem sido a regra geral. Muito mais que 
o conteúdo específico do que se produz, a quantidade de papers 
produzidos tem sido um indicador especialmente valorizado. 
A síndrome de tal produtivismo, no entanto, tem sido associada 
com frequência crescente a algumas distorções sérias na avaliação 
do mérito do que se publica. Artifícios diversos para maquiar os 
números e inflar os resultados têm sido frequentes. Fatiamento 
de trabalhos para publicações parceladas, reiteração de artigos, 
coautorias fictícias são alguns deles. Estatisticamente, no entanto, 
desvios de conduta relativos à efetiva autoria dos trabalhos publi-
cados estão na moda. 
Em intervalos de tempo cada vez mais curtos, manchetes 
oportunas ou oportunistas na grande imprensa têm provocado 
Prefácio
xvi AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
marolinhas, tempestades, furacões, terremotos ou tsunamis no 
meio acadêmico. Levantam suspeitas, tingem reputações, maculam 
carreiras. Injustamente, induzem generalizações indevidas. No 
epicentro do fenômeno situa-se a ideia de plágio. 
Não se trata de uma ideia simples. As redes informacionais 
amplificaram a ideia bakhtiniana de polifonia e fizeram ressoar 
mais fortemente ainda a dúvida foucaultiana sobre o significado 
da autoria. As fecundas e relevantes questões teóricas envolvidas 
não podem, no entanto, elidir os aspectos técnicos e a dimensão 
ética associada ao plágio. 
No presente trabalho, a ideia de plágio é examinada de modo 
a contemplar todos os aspectos anteriormente referidos. O centro 
de gravidade das questões tratadas é a prática efetiva da escrita 
acadêmica. Após uma caracterização inicial do que se considera 
plágio, o autor realiza um esforço de compreensão das razões de 
sua ocorrência em diferentes contextos. Sem qualquer resquício de 
moralismo, apresenta os fundamentos teóricos da ideia de autoria, 
ao mesmo tempo em que aborda as questões de natureza técnica 
envolvidas. Articula constantemente a complexidade da noção de 
autoria com os aspectos pragmáticos relacionados com a produção 
do texto científico. Com discernimento teórico e competência didá-
tica, esboça não somente uma tipologia dos plágios, como também 
um repertório de ações práticas para evitá-los. 
O modo equilibrado como o autor trata das três vertentes da 
ocorrência do plágio – a incompreensão teórica, as falhas técnicas 
ou os desvios éticos – parece adequado tanto para a leitura de 
estudantes universitários que se iniciam na pesquisa nas diversas 
áreas da atividade acadêmica, quanto para facilitar a vida de 
pesquisadores em atividade, especialmente no que tange às ativi-
dades de orientação. O trabalho realizado apresenta, portanto, as 
características de um verdadeiro manual antiplágio. 
 São Paulo, agosto de 2011
Nílson José Machado
Professor Titular da Faculdade de 
Educação da Universidade de São Paulo
Parodiando uma famosa frase de Isaac Newton, se nesta obra vi melhor, foi porque contei com o olhar de dois amigos que 
tenho ao meu lado na atividade acadêmica:
Ao professor Nílson José Machado, Livre-Docente na área de 
Epistemologia e Didática da Faculdade de Educação da Universi-
dade de São Paulo, instituição na qual é professor titular, agradeço 
pela gentileza e elegância das orientações teóricas no processo de 
entendimento das relações entre autoria, criação e plágio.
À bibliotecária Gisele Brito, membro efetivo da Comissão de 
Estudo de Documentação, da Associação Brasileira de Normas 
Técnicas e mestranda em Ciência da Informação pela Universidade 
de São Paulo, agradeço pelas contribuições quanto à precisão na 
indicação de autoria, identificação de documentos e normalização 
de trabalhos acadêmicos em geral.
A generosa e competente contribuição destes dois colabora-
dores ajudou no aperfeiçoamento conceitual e técnico deste livro.
Agradecimentos
“Somos sempre menos originais do que pensamos 
e menos plagiários do que cremos.”
(SCHNEIDER, 1990, p. 348).
Apesar de a prática do plágio remontar à antiguidade romana, 
no contexto brasileiro trata-se de um assunto que merece ser mais 
bem explorado, principalmente considerando-se o impacto negativo 
que pode ter na produção científica no meio acadêmico.
A pesquisa científica relacionada especificamente ao plágio e, 
de forma geral, à integridade acadêmica no país é praticamente 
inexistente e, por consequência, a produção bibliográfica relacionada 
também é incipiente. Até mesmo a preocupação nos manuais de 
formação científica ou nos códices e diretrizes institucionais com o 
objetivo de evitar ou reduzir a prática do plágio é pouco verificada 
no cotidiano acadêmico. Isso ocorre de forma diversa nas comu-
nidades científicas internacionais. Como exemplo, instituições de 
ensino de países como África do Sul, Inglaterra, Austrália e Estados 
Unidos, por meio de seus websites, divulgam amplamente orien-
tações e disponibilizam treinamentos para que seus estudantes e 
pesquisadores conheçam as padronizações de escrita e aprimorem 
a prática de redação científica.
Introdução
2 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Além disso, revisando a literatura internacional, constata-se 
a existência da preocupação no campo da investigação científica 
com o fenômeno do plágio e da ética na produção do conhecimen-
to. O trabalho de pesquisa relacionado a este assunto é veiculado 
por periódicos especializados como o International Journal for 
Educational Integrity e discutido em eventos científicos como o 
International Plagiarism Conference.
No Brasil, a problemática vem obtendo visibilidade na mídia 
e recentemente a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
Nível Superior (CAPES), seguindo uma orientação do Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), recomendou 
a todas as instituições de ensino superior nacionais que “adotem 
políticas de conscientização e informação sobre a propriedade 
intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir 
a prática do plágio quando da redação de teses, monografias, arti-
gos e outros textos por parte de alunos e outros membros de suas 
comunidades” (CAPES, 2011).
Destaca-se também a publicação do Código de Boas Práticas 
Científicas elaborado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado 
de São Paulo (FAPESP). O documento apresenta orientações para 
pesquisadores visando à prevenção de práticas de más condutas 
relacionadas à pesquisa científica, como a fabricação e falsificação 
de resultados e plágio (FAPESP, 2011).
Essas iniciativas são passos importantes que não podem ser 
ignorados pelo meio acadêmico brasileiro. Ainda não há índices 
de estimação da ocorrência do plágio em trabalhos científicos no 
Brasil, mas é possível supor que não sejam dos menores. Em países 
em que o fenômeno vem sendo enfrentado de forma sistemática há 
décadas, as estimativas coincidem em números em torno de 30% 
a 40% da incidência de plágio em trabalhos acadêmicos (PLAGIA-
RISM.ORG, 2009; POSNER, 2007).
Considerando-se a inclinação cultural do brasileiro de confundir 
corrupção com jeitinho, uma forma diferenciada de favor, somada 
à inexistência de reflexão, orientação ou normatização difundida 
INTRODUÇÃO 3
4a Prova
sobre o plágio, é possível imaginar que os índices nacionais sejam 
bem maiores.
Muitos casos de plágio podem ser categorizados como ocorrên-
cia acidental devido à falha técnica ou negligência procedimental 
de quem redige um trabalho científico. Uma ideia de outro autor 
deixada para ser documentada depois ou a falta de clareza sobre 
o que é plágio e o que não é acabam sendo motivos despercebidos 
para que o redator cometa plágio acidental.
Contudo, de uma forma dissimulada ou talvez por serem 
pouco discutidas, outras formas de plágio (com um sentido mais 
carregado de eufemismo: modos de apresentação de conteúdo 
com ausência de originalidadeou fragilidade de autoria) também 
poderiam ser debatidas como passíveis desse enquadramento.
O que dizer de artigos publicados em periódicos com vários 
nomes de autores que na realidade nem mesmo foram coadju-
vantes no trabalho de pesquisa, mas, em conluio com colegas, 
compartilham a autoria com o escopo de incrementar o próprio 
currículo acadêmico ou aumentar as possibilidades de serem citados 
pelos pares? E, também, o que pensar da originalidade da autoria 
quando orientadores pegam carona na publicação de trabalhos de 
alunos de graduação, mestrado e doutorado simplesmente porque 
exercem o papel de tutoria acadêmica? Em suma, a temática que 
se impõe neste debate é a reflexão sobre o papel da autoria em 
trabalhos científicos.
Os limites para a arena da discussão que essas indagações 
provocam são a compreensão sobre o que de fato é um autor, ori-
ginalidade, obra e escrita no campo da divulgação científica. Além 
disso, há de ser considerado imprescindível para o debate justo 
de tais questões a consideração de que o piso de sustentação para 
o enfrentamento dessas ideias seja a reflexão ética subjacente ao 
desenvolvimento do conhecimento.
Certamente cada um destes tópicos merece um tratamento 
suficientemente pormenorizado para esclarecer sua compreensão. 
4 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Nesta breve introdução, são apresentados apenas alguns aspectos 
iniciais que minimamente permitem sustentar a reflexão proposta.
Sobre a autoria pode-se partir da convicção de que na realidade 
o que existe são processos de instauração de discursividades nos 
quais o papel ou a função do autor é ser o agente originário do 
texto e alguém que ao mesmo tempo tende a ser desconsiderado 
(FOUCAULT, 2002). Nesta perspectiva depreende-se que o que se 
tem a dizer sobrepõe-se a quem o disse. Desta maneira, o conteúdo 
é mais importante que seu emissor, pois a finalidade da discursivi-
dade é o fomento do debate.
Nesta indiferença ao autor, Foucault (2002) entende que subjaz 
o princípio ético da escrita contemporânea na qual o autor não está 
vinculado a uma escrita e, portanto, desaparece. E isso é aceitável 
em relação ao autor que nada mais é do que uma função entendida 
como uma “característica do modo de existência, de circulação e de 
funcionamento de alguns discursos no interior de uma sociedade” 
(FOUCAULT, 2002, p. 46).
Mas então, por que indicar o autor (citá-lo, como feito acima), 
se o mais importante é a discursividade?
Inicialmente, o próprio Foucault (2002) apresenta um motivo 
que justifica a atribuição de autoria de uma ideia a alguém. Para 
ele, em certas circunstâncias, essa é uma forma de indicar que se 
trata de um discurso diferenciado e que deve ser recebido com 
certo status. Além disso, a nomeação do autor em algumas áreas, 
como, por exemplo, na biologia e na medicina, tem o papel de 
dar indícios de “fiabilidade” metodológica ao que é apresentado 
para discussão.
A indicação do autor também é importante porque é uma forma 
de se respeitar o interlocutor numa discussão, reconhecendo-o como 
o agente emissor da ideia que está sendo apresentada. Ademais, 
é um ato de honestidade do redator, que reconhece os limites do 
alcance que tem o próprio conhecimento. Ao indicar a autoria de 
determinada ideia o redator deixa de parecer aos olhos do leitor 
alguém exclusivamente – ou mesmo brilhantemente – responsável 
pelo que está sendo apresentado.
INTRODUÇÃO 5
4a Prova
A atribuição da autoria no trabalho de redação é uma maneira, 
portanto, de se assegurar a originalidade do texto que está sendo 
escrito e se evitar dessa forma a ocorrência do plágio. Desse ponto 
de vista, originalidade não significa absolutamente dizer o que 
ninguém disse ainda. Isto corresponde àquilo que é inédito. Mas 
se é original na maneira como são articuladas e apresentadas as 
ideias e conteúdos que podem ser próprios ou alheios.
Assim, um autor pode ser brilhante porque é capaz de apre-
sentar ideias por meio de personagens por ele criados, como o 
que acontece nas obras literárias em geral, mas também pode ser 
surpreendente na capacidade de elaborar textos teóricos sobre 
outros autores. Neste caso, a originalidade está menos aliada sobre 
o que se fala e mais relacionada ao modo como se fala, a maneira 
como cada autor em particular desenvolve o debate sobre ideias e 
pessoas comuns ou inéditas.
De acordo com esta concepção, o plagiário – este epíteto in-
famante, como assevera Schneider (1990) –, além de não ser um 
autor, isto é, não ter um estilo, uma personalidade intelectual ou 
literária, ao reproduzir ou associar-se às ideias ou palavras alheias 
apropria-se da forma e do conteúdo de outro alguém passando-se 
por ele, ou pelo menos ficando à sombra dele.
O plagiário pretende-se autor, mas falta-lhe a obra e esta existe 
sob a condição de um ato de criação, que é sempre pessoal. Esta 
afirmação encontra fundamento na reflexão desenvolvida por 
Moles (1971), para quem o processo de criação científica é resul-
tado do modo particular como cada cientista percorre uma rede 
de caminhos metodológicos, faz associações e estabelece implica-
ções, bem como das interações que cada indivíduo cultiva com a 
sociedade e seus modos de representação míticos e científicos, ou 
seja, narrativos e lógicos.
Nesta rede de possibilidades e motivações, cada pesquisador 
traça um percurso com a experiência pessoal que tem e isso confere 
ao conhecimento criado uma singularidade estética que permite 
equiparar o cientista ao artista que cria de forma gratuita, apai-
xonada e lúdica.
6 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Portanto, a autoria entendida como processo de criação do 
conhecimento está mais associada a uma experiência íntima na 
qual a obra resultante é produto pessoal. Sendo assim, é indevido 
o compartilhamento desse crédito com outras pessoas que não 
fizeram parte da composição da obra.
Naturalmente, nada é criado a partir do nada. Steiner (2003) 
argumenta que somente Deus é capaz de tal proeza. Em geral, no 
processo de criação humana todas as obras estão fadadas à influência 
ou inspiração de tal forma que toda obra sempre tem uma caracte-
rística de déjà vu. Contudo, é na intimidade da persona que subjaz 
a potencialidade da criação, entendida como um ato de poiesis, na 
qual o sentimento mais profundo do autor é deixar como legado 
uma obra que tenha o status de criação imortal cujo intuito é que 
seja reconhecida como única no modo como aborda ou vislumbra 
o que em geral é visto de forma comum (STEINER, 2003).
O reconhecimento e respeito a esta individualidade criativa 
é algo que depende, imperativamente, do compartilhamento do 
princípio de que interesses particulares não devem fazer do outro 
um meio se se admite por princípio e dever moral que a virtude de 
qualquer escolha depende da incondicionalidade de ser universa-
lizada, da preservação da dignidade humana e da capacidade de 
decisão racional e livre pelo bem (KANT, 1980).
Portanto, desse ponto de vista ético, o crédito de autoria não 
pode ser algo compartilhável entre quem não é criador de uma 
discursividade implícita em um trabalho científico, mesmo que 
tenha orientado ou inspirado as reflexões apresentadas, pois o 
que subsiste a um autor é minimamente o fato de ter seu nome 
atribuído a sua obra e desta relação, ainda que de forma incons-
ciente, depreende-se um desejo íntimo e, portanto, pessoal de ser 
reconhecido como único e imortalizado por meio de seu estilo 
criativo. E isso é algo singular e indivisível porque é condição de 
afirmação de autenticidade e constituição de singularidade.
Nesse sentido, esta obra, ainda que apresentada como recurso 
pragmático, é um instrumento que, em última instância, visa: à 
preservação de identidades obtidas pelo processo de autoria de 
INTRODUÇÃO 7
4a Prova
quem já a alcançou; ao auxílio àqueles que buscam o desenvolvi-
mento da capacidade de autoria; e, no caso especificamente desta 
introdução, à oportunidade de reflexão e esclarecimento de todosos que a partir de agora passam a admitir que “somos sempre me-
nos originais do que pensamos e menos plagiários do que cremos” 
(SCHNEIDER, 1990, p. 348).
Na obra Ladrões de palavras, Schneider (1990, p. 49) diz que 
“o plágio tem uma história. Mas essa história é complexa e contra-
ditória: como tudo o que concerne à concepção, ela não tem mais 
desenlaces que começos”. Essa ideia faz sentido na perspectiva em 
que o assunto passa a ser abordado a partir deste capítulo.
Embora o plágio seja entendido como o uso ou a reprodução 
desautorizada de obras alheias (livros, músicas, imagens etc.) e 
possa ser enquadrado nos códigos jurídicos, há certas especificidades 
do ponto de vista educacional que tornam o plágio nos ambientes 
de ensino e aprendizagem uma prática que requer análises mais 
complexas.
Essa tarefa passa a ser cumprida a partir da compreensão da 
origem, legislação, definição e envolvidos com a prática do plágio 
apresentados a seguir. Dois elementos novos serão apresentados 
e merecerão aprofundamento:
a) no ambiente educacional, o plágio envolve um terceiro 
sujeito além do criador e do reprodutor: o espectador;
b) a peculiaridade do plágio no ambiente educacional 
escapa de possíveis enquadramentos judiciais, o que 
requer formas diferenciadas de abordagem.
1
O Que é Plágio?
10 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
1.1 ORIGEM
A ocorrência do plágio é verificada desde a antiguidade. No 
século II a. C. a Lex Fabia de Plarigriis do Direito Romano usava a 
expressão latina plagium para se referir a um crime que consistia 
no sequestro de um homem livre para fazê-lo de escravo a fim de 
comercialização ou uso doméstico. Parece que foi o poeta roma-
no Marcus Valerius Marcialis (40? d. C. – 104? d. C) quem fez a 
associação entre essa prática criminosa e o uso ou apresentação 
de obras de outros como própria, referindo-se a essa pessoa como 
plagiário (MANSO, 1987).
No Epigrama 53, o poeta declama
Commendo tibi, Quinctiane, nostros, 
nostros dicere si tamen libellos 
possim, quos recitat tuus poeta. 
Si de servitio gravi queruntur, 
assertor venias, satisque praestes, 
et cum se dominum vocabit ille, 
dicas esse meos, manuque missos. 
Hoc si terque quaterque clamitaris, 
impones plagiario pudorem.1 (MARTIALIS, 1867).
Essa reivindicação do poeta romano passou a ser representada 
nos códigos jurídicos pelos chamados direitos autorais (copyrights). 
Na legislação brasileira, tais direitos podem ser identificados na 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o, parágrafo XVII, o 
qual declara que “aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
ção, publicação ou reprodução de suas obras [...]” (BRASIL, 1988). 
A legislação específica sobre o assunto está na Lei 9.610/1998, que 
trata dos direitos autorais e considera contrafação a reprodução não 
1 “Eu lhe recomendo meus versos, Quintiano, se é que eu posso denominá-los 
assim, desde que eles são recitados por certo poeta que se diz seu amigo. Se (meus 
versos) se queixam de sua penosa escravidão, seja o seu defensor e o seu apoio; 
e se esse outro (poeta) se diz ser seu dono, declare que (os versos) são meus e 
que eu os publiquei. Se isto é proclamado repetidas vezes, você imporá vergonha 
ao plagiário” (MANSO, 1987, p. 11-12).
O QUE É PLÁGIO? 11
4a Prova
autorizada de uma obra, sendo seus infratores sujeitos às sanções 
civis e penais cabíveis (BRASIL, 1998).
Cabe destacar ainda a observação de Furtado (2002), de que
“no Código Penal em vigor, no Título que trata dos Crimes Contra 
a Propriedade Intelectual, nós nos deparamos com a previsão 
de crime de violação de direito autoral – artigo 184 – que traz o 
seguinte teor: ‘Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) 
meses a 1 (um) ano, ou multa’ ”.
1.2 DEFINIÇÃO
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (HOUAISS, 2009), 
plágio é definido como “ato ou efeito de plagiar; apresentação 
feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra 
intelectual etc. produzido por outrem”. Para o Novo Dicionário da 
Língua Portuguesa, plágio é “ato ou efeito de plagiar” e o verbete 
plagiar significa “assinar ou apresentar como seu (obra artística 
ou científica de outrem). Imitar (trabalho alheio)” (FERREIRA, 
1986, p. 1343).
Trata-se de qualquer conteúdo (artístico, intelectual, comercial 
etc.) que tenha sido produzido ou já apresentado originalmente 
por alguém e que é reapresentado por outra pessoa como se fosse 
próprio ou inédito.
No campo artístico e comercial, o direito autoral é protegido por 
lei e qualquer tipo de reprodução pode ser questionada e submetida 
ao crivo judicial, sendo os responsáveis pela cópia penalizados de 
acordo com a legislação vigente.
Entretanto, em relação aos conteúdos intelectuais (ideias, 
textos, trabalhos, atividades etc.) o plágio ocorre não por causa 
da reprodução, mas porque os créditos não foram atribuídos ao 
responsável original.
Diferentemente dos produtos artísticos e comerciais, o conhe-
cimento não tem um valor material e seu incremento depende do 
12 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
que já foi apresentado, portanto, seu aumento se faz a partir do que 
já foi dito. Entretanto, o conhecimento antigo que serve de base ou 
ponto de partida para o novo conhecimento precisa ser reconheci-
do por meio da indicação dos seus autores e identificação de sua 
localização (fonte). Se isso não é feito, ocorre o plágio acadêmico.
1.3 ENVOLVIDOS
Convencionalmente o plágio é identificado quando envolve dois 
sujeitos: o responsável original pela obra (o autor) e a pessoa que o 
copia (o redator). Porém, no ambiente educacional a constituição 
de alguns tipos de plágio ocorre devido ao envolvimento de um 
terceiro sujeito que é aquele que recebe o conteúdo intelectual (o 
leitor).
O caso de trabalhos escolares ou acadêmicos integralmente 
ou com partes copiadas literalmente de páginas da Internet ou de 
livros são configurados como plágio porque o redator (o plagiário) 
reapresentou conteúdos de outros autores como sendo próprios, 
mas não atribuiu os créditos.
Se, por exemplo, ao apresentar um trabalho sobre o assunto 
o valor do conhecimento o redator transcreve em seu trabalho 
um parágrafo inteiro de outro autor, mas indica quem escreveu o 
texto e qual é a sua fonte, não há nada errado nisso, como neste 
exemplo:
A produção e a circulação de mercadorias baseiam-se em certos 
princípios que são apenas parcialmente aplicáveis ao conhecimento, 
ou então que são absolutamente impertinentes em tal universo. 
A materialidade, a fungibilidade, a objetivação, a estocabilidade, a 
confiança e a equivalência constituem alguns terrenos em que a 
“mercadoria” conhecimento parece derrapar.
De fato, se disponho de certo conhecimento e alguém se mostra 
interessado em comprá-lo, posso negociar o preço considerado 
justo e vendê-lo; no entanto, diferentemente de uma mercadoria 
em sentido industrial, o comprador fica com ele, mas não fico sem 
O QUE É PLÁGIO? 13
4a Prova
ele. Como se pode lidar com um “bem” que posso vender, ou mes-
mo dar ou trocar, sem ter que ficar sem ele? Esse caráter imaterial 
do conhecimento viola de modo inexorável certas expectativas 
mercantis (MACHADO, 2004, p. 28, grifo do autor).
Se o plágio envolvesse apenas autores e redatores, citações e 
referências seriam suficientes para evitar sua ocorrência. Contudo, 
há situações nas quais o redator entrega um trabalho formalmente 
benfeito, com citações e referências corretas, mas que foi feito 
por um amigo, comprado de piratas do conhecimento (pessoas 
ou empresas que vendem trabalhos acadêmicos) ou até mesmo é 
um trabalho idêntico a outro feito pelo redator há um tempo ou 
entregue a outra finalidade, mas apresentado como sendo original.
Nesses casos, nos quais há conluio entre amigos e prestadores 
de serviço ou o próprio redator entrega trabalhos idênticos em si-
tuações diferentes, também ocorrem formas de plágio que podem 
ser chamadas de plágio consentido e autoplágio.
Essas formas de ocorrência do plágio sãopossíveis porque há 
um sujeito envolvido (o leitor) que está sendo enganado nessa 
relação das pessoas com o conteúdo. Portanto, mesmo que um 
trabalho acadêmico seja pago para ser feito por outro, a partir do 
momento em que é apresentado para alguém como sendo próprio, 
constitui-se como plágio, pois o leitor está recebendo o produto 
intelectual do redator confiando que o trabalho foi originalmente 
escrito por ele. Trata-se de plágio consentido porque um amigo 
ou prestador de serviço foi quem na realidade fez o trabalho, mas 
consentiu que o mesmo fosse apresentado a um leitor como sendo 
próprio sem que ele tenha condições de saber sobre o envolvimento 
de outros no processo de produção.
Da mesma maneira, quando um trabalho escolar ou acadêmico 
foi produzido originalmente pelo redator, mas é apresentado para 
leitores diferentes como sendo inédito ou é reapresentado duas ou 
mais vezes como se fosse a primeira vez, configura-se como auto-
plágio. Neste caso, é o próprio autor-redator que está se copiando 
sem que o leitor o saiba.
14 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Portanto, o plágio no âmbito escolar e acadêmico não pode 
simplesmente ser atribuído a um determinado sujeito e deve ser 
analisado considerando-se todos os envolvidos no processo de 
produção da escrita: o autor, o redator e o leitor. Apesar dessa 
afirmação fomentar possível polêmica por ampliar o alcance do 
plágio também ao leitor, no aprofundamento a seguir essa questão 
pode ser melhor compreendida.
APROFUNDAMENTO
Polêmicas e dificuldades relacionadas ao plágio acadêmico
Do ponto de vista educacional o plágio pode ser considera-
do um assunto que envolve dificuldades e polêmicas. Uma 
das dificuldades refere-se ao enquadramento judicial do 
trabalho escolar considerado plágio. Um dos aspectos po-
lêmicos tem a ver com os envolvidos com o plágio, que em 
geral considera-se apenas o autor e o redator. Entretanto, 
um terceiro personagem tem uma participação importante 
nessa situação: o leitor.
Como no ambiente acadêmico os trabalhos plagiados são 
identificados por terceiros, sem que os autores originais 
sequer imaginem que suas obras foram reproduzidas e são 
eles quem de fato poderiam requerer direitos junto a justiça, 
é bem difícil que o plágio acadêmico seja considerado um 
crime.
Além disso, o jurista norte-americano Richard Posner (2007) 
observa que não se pode atribuir ao plagiário a pecha de 
“ladrão de palavras ou ideias”, pois no caso do roubo ou do 
furto a pessoa prejudicada fica sem o que é subtraído. Mas, 
no caso do plágio, o autor continua tendo suas ideias ou 
palavras, embora tenha sido copiado.
Portanto, tratar o plágio acadêmico apenas na perspectiva 
judicial ou criminosa acaba sendo uma forma reducionista e 
até mesmo equivocada de enfrentamento do problema. Há 
O QUE É PLÁGIO? 15
4a Prova
outros modos de enfrentamento desse problema que serão 
apresentados no decorrer deste livro e que têm se mostrado 
mais eficazes.
Quanto à polêmica indicada, cabe refletir que a focalização do 
problema sobre o redator e o autor é uma maneira simplista 
de analisar a ocorrência do plágio no ambiente educacional. 
O leitor também é corresponsável pela ocorrência do plágio, 
seja pela sua participação passiva ou ativa no processo de 
produção da cópia.
No ambiente acadêmico ou escolar os leitores de um texto 
plagiado invariavelmente são professores ou orientadores, 
ou seja, as pessoas que em nome da instituição de ensino 
recebem o trabalho do aluno. Esses leitores exercem um 
papel passivo em relação ao plágio de trabalhos educacionais 
quando são enganados com trabalhos que formalmente estão 
benfeitos: o conteúdo é consistente e coerente e as fontes 
estão indicadas e identificadas de acordo com a normaliza-
ção vigente. Contudo, se o trabalho tiver sido comprado, foi 
cedido por um colega que tinha feito o mesmo trabalho há 
um tempo ou até mesmo se trata de um trabalho feito pelo 
próprio redator, mas que já foi entregue para outro professor 
ou disciplina com partes ou integralmente semelhante, o leitor 
provavelmente terá dificuldades para identificar a fraude, 
mas é na intenção e atitude do redator de enganar o leitor 
que reside a materialidade do plágio em suas modalidades 
correspondentes: plágio consentido e autoplágio.
Mas o leitor também pode ter uma participação mais ativa 
no processo de produção do plágio no ambiente educacional, 
ainda que isso ocorra involuntariamente. Pode acontecer 
porque a forma como os trabalhos acadêmicos são solicitados 
é que muitas vezes determina ou oferece a oportunidade de 
o redator fazer o plágio.
A professora Nancy Stanlick, da University of Central Florida 
(EUA), observa que quando os professores conhecem mini-
mamente seus alunos, e sabem, por exemplo, qual é o seu 
16 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
estilo de escrita porque já solicitaram vários trabalhos escri-
tos por eles, quando esses alunos apresentam um trabalho 
com uma eloquência ou repertório conceitual diferente do 
conhecido fica flagrante o reconhecimento de problemas no 
processo de autoria (STANLICK, 2008).
Portanto, no ambiente escolar e acadêmico, o papel do leitor 
dos trabalhos produzidos pelos estudantes é importante para 
que o plágio seja mitigado. Como visto, há possibilidades 
e alternativas inovadoras quanto à forma de solicitação de 
trabalhos produzidos por alunos que professores e orienta-
dores envolvidos ativamente no processo de produção da 
escrita podem utilizar. Sem uma postura mais incisiva e par-
ticipativa dos educadores no processo de escrita acadêmica 
será difícil evitar a ocorrência do plágio nos trabalhos dos 
alunos, pois cada vez mais aumenta o número de informa-
ção disponível na Internet e há uma caixa de ferramentas 
eletrônicas diversificadas e eficientes que facilitam a edição 
de textos (colagens).
Obviamente, apenas o comprometimento do leitor não é su-
ficiente para que o plágio seja evitado, pois há outros fatores 
que influenciam sua ocorrência. É o que será aprofundado 
no próximo capítulo.
O QUE É PLÁGIO? 17
4a Prova
ATUALIDADES
Matéria publicada na página eletrônica da Secretaria de Comunicação 
da Universidade de Brasília, em 14 de julho de 2006.
Ideias Roubadas
CAMILA RABELO 
Estagiária da UnB Agência
Calouro de um curso da área de exatas, o estudante Marcos*, 
19 anos, mal ingressou na Universidade de Brasília (UnB) 
e já utilizou recursos inadequados para conseguir nota em 
uma disciplina. Ele confessa que, diante da falta de tempo, 
entregou ao professor um texto copiado da Internet. O plágio 
em trabalhos acadêmicos não é novidade em instituições 
de ensino superior, públicas ou particulares. Na graduação 
– quando as exigências quanto a referências e citações são 
menores que em cursos de pós-graduação – não é difícil en-
contrar professores que tenham recebido trabalhos como o 
de Marcos. Embora comum, copiar textos sem dar o devido 
crédito ao autor, além de antiético, é crime. O Código Penal, 
no artigo 184, prevê pena de detenção de três meses a um 
ano, ou pagamento de multa.
No entanto, conforme o professor da Faculdade de Direito 
(FD) da UnB Othon Azevedo Lopes, raramente casos de 
cópia sem o devido crédito ao autor evoluem para um pro-
cesso penal. “Esse tipo de pena (de três meses a um ano) 
dificilmente resulta em prisão. O mais efetivo nesses casos 
é o regimento da instituição”, explica. Segundo o decano de 
Ensino de Graduação (DEG) da UnB, Murilo Camargo, a ins-
tituição preza pela conduta ética do aluno. “Pedimos cuidado 
com referências e crédito aos autores originais nos materiais 
escritos”, diz. Mas quando o assunto é a pós-graduação, as 
medidas são mais severas. Isso porque as dissertações e te-
ses devem representar contribuições originais e inovadoras, 
como determina o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão 
(Cepe) da UnB, órgão regulador dos programas.
18 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
CREDIBILIDADE – O decano de Pesquisa e Pós-graduação da 
instituição, Márcio Pimentel,afirma que os casos de plágio 
em trabalhos finais são raríssimos. “Na graduação, é mais 
comum devido a uma porção maior de revisão bibliográfica”, 
analisa Pimentel. Em caso de denúncia, a instituição instala 
uma comissão formada por professores qualificados em 
diferentes áreas para avaliar a suspeita. Quando a cópia é 
descoberta antes da defesa, o aluno é impedido de apresen-
tar; e se isso acontecer depois, o profissional perde o título.
A inadmissão do plágio no ambiente acadêmico deve-se, além 
da questão legal, à credibilidade dos trabalhos, fundamental 
para a evolução da ciência no país. “A academia baseia-se 
em sinceridade. É importante mostrar ao leitor como a pes-
quisa foi composta. Sem referências, o estudo perde todo 
o seu valor”, explica Lopes. O professor do Departamento 
de Ciência da Informação e Documentação (CID) da UnB, 
Murilo Bastos, afirma ser preciso mostrar aos estudantes que, 
sem honestidade intelectual, não existe evolução científica.
OBSERVAÇÃO – Mas os plagiadores, assim como Marcos*, 
têm a Internet como poderosa ferramenta para burlar as 
regras. Bastos acredita que a facilidade com que as informa-
ções são divulgadas na rede torna o problema ainda mais 
corriqueiro. “Com a Internet, ficou mais fácil preparar textos. 
Usa-se ‘ctrl c’ e ‘ctrl v’ (referência aos atalhos que copiam e 
colam trechos selecionados) e pronto”, lamenta Bastos. O 
coordenador do curso de Comunicação Social do Uniceub, 
Henrique Moreira Tavares, chegou a reprovar quatro alunos 
por plágio. Todos os casos ocorreram recentemente – entre 
2000 e 2005 –, embora Tavares lecione há aproximada-
mente 20 anos. “O plágio está virando uma praga no meio 
acadêmico. O professor até se sente inseguro ao corrigir os 
textos”, indigna-se.
Ainda que nem sempre seja fácil identificar a cópia no tra-
balho entregue pelos alunos, os professores também usam 
a Internet como ferramenta para conter a onda de plágios e 
O QUE É PLÁGIO? 19
4a Prova
verificar a autoria dos textos. “Conheço os alunos e como eles 
escrevem. Caso a redação esteja diferente, confiro”, revela 
Tavares. No entanto, a medida pode ser muito trabalhosa, 
como ocorreu com o professor da Faculdade de Agronomia 
e Medicina Veterinária (FAV) da UnB, Juan José Verdesio, 
que passava aos alunos trabalhos de 20 a 30 páginas como 
avaliação. Ele percebeu que havia textos copiados e resolveu 
adotar somente provas para compor a nota das disciplinas. 
“Já aconteceu de um aluno da graduação plagiar meu pró-
prio texto”, critica.
ESTRATÉGIAS – Mas mesmo com o esforço dos professores 
para monitorar essa prática, Fábio*, 20 anos, estudante do 
3o semestre da área de Saúde da UnB, mostra que não falta 
habilidade para driblar as medidas adotadas pelos docentes. 
“Tive um professor que pedia trabalhos escritos à mão para 
evitar plágio. Mas não adiantou muito. Imprimi os textos da 
Internet e copiei”, conta. Descobrir o plágio fica ainda mais 
difícil quando, para burlar as regras, são utilizados trabalhos 
de veteranos do curso. “Você pega um texto de um amigo e 
muda algumas palavras”, diz Marcos*, que usou a tática já 
no primeiro semestre de curso.
Prevendo momentos de aperto nas disciplinas, ele chegou a 
cogitar a compra dos trabalhos de todas as matérias de um 
estudante formando. “Ele tinha tudo gravado em um CD e 
estava vendendo por R$ 380,00. É muito dinheiro”, reclama. 
Tanto Fabio* quanto Marcos* nunca foram descobertos, 
sorte que a estudante Carolina*, do 6o semestre da área de 
Humanas do Uniceub, não teve. Ela foi reprovada em uma 
matéria no primeiro semestre de 2005 por entregar texto 
copiado da Internet. Segundo a estudante, a intenção não 
era plágio, mas sim utilizar a rede para obter informações 
adicionais para o trabalho. “Imprimi o arquivo errado e 
entreguei o texto na íntegra. É um caso isolado. Foi muito 
humilhante e depois disso resolvi não consultar mais a In-
ternet”, desabafa Carolina.
20 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
ALÍVIO – Para o professor do Instituto de Psicologia da UnB, 
Odair Furtado, os motivos que levam estudantes a utilizarem 
recursos inadequados em trabalhos acadêmicos são muitos 
e vão desde uma exigência, considerada desnecessária pelo 
aluno, passando por acúmulo de tarefas, insatisfação com o 
curso e até falta de caráter. Todos eles relacionados entre si. 
Fábio* diz tê-los usado apenas em disciplinas “secundárias”. 
“O conhecimento passado nessas matérias não é muito pro-
veitoso para a carreira”, justifica. Já no caso de Marcos*, a 
razão é a falta de estímulo com a avaliação do professor que 
o leva ao plágio: “Peguei um relatório de um amigo e copiei. 
O monitor dá zero para todo mundo mesmo.”
Para o mestrando em Psicologia na UnB Pablo Bergami, 27 
anos, que chegou a ministrar disciplinas na instituição, os 
estudantes estão muito despreparados em relação à escrita. 
“Eles têm dificuldade de sintetizar o que leram de um texto e 
expressarem com suas próprias palavras”, analisa. Uma das 
estratégias utilizadas por ele para evitar plágio nos trabalhos 
foi ensinar os alunos a fazerem referência e citações.
Já Marcelo*, formando na área de Humanas da UnB, esca-
pou de incorrer nessa prática pela atenção de sua professora 
orientadora. Ela identificou parágrafos idênticos a outras 
obras em sua monografia e sugeriu uma nova redação ou 
que ele utilizasse citações. “A revisão foi muito importante 
nesse ponto, senão acabaria deixando um parágrafo muito 
parecido com outro texto sem maldade”, alivia-se.
RABELO, Camila. Ideias roubadas. 2006. Disponível em: 
<http://www.secom.unb.br/unbagencia/ag0706-27.htm>. 
Acesso em: 1 mar. 2011.
REFLEXÃO
1. Dada a dificuldade de responsabilizar juridicamente o plagiário 
no âmbito educacional, cabe a indagação de Michel Schnei-
O QUE É PLÁGIO? 21
4a Prova
der (1990, p. 136): de que tem medo o plagiário? O próprio 
autor responde: “da vergonha de ser desmascarado. Você se 
dizia autor, criador e nada mais é além de um plagiário, de 
um copista. Você é nulo. Não é nada. Não é ninguém. Queria 
se dar um nome próprio, e aí está, reduzido ao estado comum 
de um epíteto infamante [uma característica depreciativa]”. 
Você concorda que a humilhação e a vergonha da descoberta 
intimidam o plagiário? Comente.
2. Em sua opinião, que estratégias diferentes das apresentadas, 
professores e orientadores poderiam utilizar para evitar a 
ocorrência do plágio nos trabalhos dos estudantes?
3. Algum dos motivos apresentados pelos alunos para cometerem 
plágio justificam essa prática? Comente.
Há uma lista de fatores que podem ser analisados visando à 
identificação das razões que levam um acadêmico a cometer plágio 
intencionalmente. Entre esses fatores, o advento da Internet e a 
facilidade de acesso e uso da informação vêm sendo considerados 
pelos estudiosos do assunto a principal razão para o aumento do 
plágio em trabalhos acadêmicos. Mas, também há situações em 
que o plágio acontece acidentalmente... Em todos os casos, a res-
ponsabilidade sempre recai primeiro sobre o redator.
2.1 RAZÃO ACIDENTAL (DESCONHECIMENTO TÉCNICO)
O processo de desenvolvimento do conhecimento intelec-
tual supõe a edificação contínua de ideias precedentes, que são 
confirmadas, aprofundadas, ampliadas ou negadas, modificadas, 
reduzidas etc. Portanto, em geral, o conhecimento produzido parte 
do que já existe, do que já foi dito, do que já aconteceu, do que já 
foi demonstrado.
Neste sentido, o plágio acidental pode ocorrer no processo 
de escrita acadêmica por descaso ou desconhecimento técnico do 
redator, ou seja, incompetência em relação à indicação de autores 
(citações) e negligência quanto à importância da identificação 
2
Por Que Acontece Plágio?
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 23
4a Prova
das fontes de informação (referências) que foram utilizadas como 
ponto de partida ou fundamentação da reflexão que se apresenta 
no texto decorrente.
Portanto, a precisão do processo de normalização do texto 
acadêmico é a prevenção técnica da ocorrência do plágio.Acon-
tece que as convenções normalizadoras em geral possuem muitos 
detalhes considerados pelos redatores exagerados, enfadonhos e 
desnecessários. De fato, mas quais são os enquadramentos norma-
tivos que não causam mal-estar a nossa civilização? O que seria 
do trânsito sem sinais, regras, obrigações etc.? E ao contrário, se 
todos seguissem adequadamente as normas de trânsito, quantos 
acidentes e mortes seriam evitados?
Da mesma maneira, o uso correto das normas de escrita aca-
dêmica é essencial para o perfeito desenvolvimento do conheci-
mento produzido. Além do mais, não são técnicas difíceis de serem 
aplicadas e que, com o hábito de uso, tornam-se uma prática tão 
espontânea quanto o uso do cinto de segurança em um automóvel.
No Capítulo 4 serão apresentadas algumas regras básicas de 
elaboração do texto acadêmico que conhecidas e usadas adequada-
mente evitam a ocorrência do plágio acidental e também de todos 
os outros tipos que serão apresentados no Capítulo 3.
Em tempo, uma observação importante: embora na circuns-
tância da ocorrência do plágio acidental possa haver o atenuante 
da involuntariedade, o mesmo continua caracterizado como tal, 
o que é extensivo aos casos nos quais é alegado desconhecimento 
do plágio praticado por colega que assina o mesmo trabalho ou 
publicação. “Foi sem querer” ou “eu não sabia” podem servir como 
explicação, mas não negam ou justificam o fato em si: a ocorrência 
do plágio. Toda atenção e corresponsabilidade é pouca...
24 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
2.2 FACILIDADE DE ACESSO À INFORMAÇÃO 
ELETRÔNICA (INTERNET) E DE USO DE 
RECURSOS DE EDIÇÃO DE TEXTO
Para os pesquisadores do assunto, o avanço tecnológico das 
últimas duas décadas facilitou o acesso, compartilhamento e uso 
da informação e a integração entre as pessoas (BEASLEY, 2004, 
apud McCORD, 2008; PERISSÉ, 2006; VAZ, 2006). Pesquisar 
tornou-se muito fácil e instantâneo. Copiar e colar por meio de 
editores de texto e computadores, servindo-se da Internet como 
fonte de informação, requer apenas alguns cliques e “os estudantes 
podem [até] plagiar sem perceber, embora saibam que o plágio é 
eticamente errado” (KRAUS, 2002, apud McCORD, 2008, p. 41).
Além disso, o crescimento da aprendizagem virtual também 
tem sido observado como terreno propício para o aumento do 
plágio. Essa ponderação é feita por McCord (2008, p. 42), embora 
aponte estudos sugerindo que a facilidade de reproduzir textos da 
Internet contribui de forma semelhante para o aumento generali-
zado do plágio tanto no ambiente virtual quanto nas salas de aula 
tradicionais (STEVENS; YOUNG; CALABRESE, 2007).
Há poucos anos a produção textual exigia deslocamentos 
a livrarias e bibliotecas em busca das publicações necessárias à 
investigação, as pesquisas requeriam a prática de preenchimento 
manual de fichas de anotação, quando muito os privilegiados 
dispunham de máquinas de escrever mecanicamente.
Em suma, o plágio existe desde a antiguidade, mas copiar foi 
se tornando muito mais fácil no decorrer dos tempos e está muito 
facilitado pela automatização dos processos de pesquisa e escrita 
na atualidade.
2.3 FALTA DE TEMPO
Especialmente no Ensino Superior, grande parte dos estudantes 
conciliam os estudos com a jornada de trabalho. É uma carga de 
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 25
4a Prova
responsabilidades bastante exigente, pois, além do comprometimen-
to profissional, a pessoa deve cumprir as obrigações acadêmicas, 
tais como: frequência nas aulas, realização de trabalhos, submissão 
às avaliações disciplinares, manutenção das leituras obrigatórias, 
execução de atividades complementares etc.
Invariavelmente, a maioria dos alunos no ensino superior 
ainda precisa conciliar com isso seus compromissos familiares, 
conjugais, sociais e pessoais. Diante de uma carga tão grande de 
tarefas a serem realizadas, é que ocorre a tentativa ou o equívoco 
de querer simplificar algumas dessas atividades. É então que co-
meça a mediocridade, isto é, as coisas passam a serem feitas na 
média ou pela metade...
O volume de trabalho profissional cansa demais e o estudante 
falta nas aulas; os estudos se acumulam, e algumas atividades es-
colares são realizadas durante o expediente profissional; nos finais 
de semana, compromissos familiares e sociais são substituídos pela 
preparação para as provas ou realização de trabalho ou vice-versa, 
e assim por diante.
Nessas circunstâncias, o processo de realização e entrega de um 
trabalho acadêmico acaba sendo malfeito porque o tempo disponí-
vel para se fazer tantas coisas é escasso. O texto apresentado é um 
trabalho feito por outros ou contém trechos e até páginas inteiras 
copiadas literalmente da Internet; o conteúdo apresentado é ruim 
porque as fontes utilizadas foram as primeiras que apareceram nos 
resultados do buscador eletrônico e o aluno não sabe distinguir 
uma fonte de informação de uma fonte acadêmica.
Entretanto, esses trabalhos são facilmente reconhecidos por 
professores que conhecem o assunto que está sendo apresentado, 
conhecem os alunos que têm, utilizam técnicas de detecção do 
plágio ou leem e fazem arguição sobre os trabalhos entregues.
A experiência mostra que quando esses alunos são apanhados 
porque cometeram plágio procuram se justificar alegando que ti-
nham muita coisa para fazer e devido à falta de tempo acabaram 
reproduzindo trabalhos prontos.
26 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Em relação a isso, cabe uma observação quanto às exigências 
acadêmicas. De fato, a falta de interdisciplinaridade faz com que 
cada professor desenvolva seu programa de ensino e cobre a pro-
dução acadêmica de seus alunos como se eles tivessem apenas uma 
matéria a cada semestre ou ano letivo. A sobrecarga de trabalhos 
e atividades depositada sobre os estudantes é muitas vezes maior 
que a capacidade que eles possuem para as realizarem. Nesse caso, 
o resultado produzido acaba sendo um pouco de muito: um pouco 
para cada matéria.
Portanto, solicitar trabalhos escolares ou acadêmicos inter-
disciplinares diminui o volume de tarefas do estudante e então a 
qualidade da produtividade pode aumentar. Outra alternativa é 
seguir a estratégia indicada no Capítulo 1, solicitando trabalhos 
pequenos ou modificando a forma de realização e apresentação. 
Trabalhos em grupos de dois ou três alunos também pode facilitar 
e otimizar o processo de produção escolar, ao mesmo tempo em 
que diminui o trabalho de avaliação e correção do professor.
Mas também cabe observar aqui que a falta de tempo alegada 
pelo aluno que comete plágio no máximo chega a ser uma boa 
explicação, mas nunca uma justificativa.
Em termos gerais, pode-se argumentar que o volume de com-
promissos assumidos por pessoa implica em atribuições que fazem 
parte da rotina dessas atividades e são conhecidas. Entretanto, a 
impressão que se tem é que, em especial no Brasil, o traço cultural 
do “jeitinho brasileiro” se manifesta em todas as áreas, inclusive 
no ambiente educacional.
Então, quando o estudante não cumpre seu papel institucional 
e falta às aulas, não realiza as atividades requeridas, prepara-se 
mal para as avaliações e obtém um resultado negativo no final da 
etapa letiva, geralmente apresenta um rol de lamentações sobre 
suas dificuldades pessoais, problemas profissionais, histórico so-
cial desprivilegiado etc. Um discurso de “coitadinho” que apela 
à instituição educacional a complacência como se o processo de 
aprendizagem fosse ou deveria ser um favor educacional feito por 
professores, escolas e universidades ao estudante.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 27
4a Prova
Enfim, com relação à alegada “falta de tempo” como fator 
reconhecidamente relacionado ao plágio, as estratégias para a sua 
eliminação dependem de mudanças em diferentes aspectos: seja 
na forma de organização das demandas escolares, na maneira dos 
professores requererem a produção dos alunos, no comprometi-
mento dos alunos com a excelência dos seus estudos e, até mesmo, 
com a mudança da mentalidade social brasileira.2.4 DIFICULDADE DE ESCRITA ACADÊMICA E 
HÁBITO DE REPRODUÇÃO TEXTUAL
No livro Algumas razões para ser cientista, Vitaly L. Ginzburg, 
do Instituto de Física P. N. Lebedev, que fica em Moscou, apresenta 
o seguinte relato:
Minha linguagem é de certa forma pobre e minhas frases frequente-
mente não são muito literárias. Nessa linha de pensamento, eu me 
lembro da minha conversa com G. S. Gorelik. Ele tinha a habilidade 
de escrever bem, e para minha pergunta – O que o ajuda a escre-
ver tão bem? – ele respondeu com uma pergunta – Quantas vezes 
por semana você fazia redações na escola? – Eu respondi – Algo 
como uma vez por semana ou uma vez a cada duas semanas, não 
me lembro. – G. S. comentou que ele estudou na Suíça e escrevia 
redações todos os dias (GINZBURG, 2005, p. 28).
Qualquer semelhança do histórico educacional do cientista 
russo com a realidade nacional pode até ser uma mera coincidência, 
mas a mesma situação enfrentada por ele, em muitos casos, é fator 
determinante da prática do plágio pelos estudantes brasileiros.
Pesquisa realizada por Marta Oliveira (2007) demonstra como 
o plágio acadêmico resulta da dificuldade que o estudante univer-
sitário tem na produção de textos. A autora desenvolve seu estudo 
a partir do embasamento em autores que discutem e questionam 
uma formação educacional básica voltada para a reprodução textual 
(SALOMON, 2001), cujo escopo de avaliação limita-se à verificação 
de elementos formais, tais como apresentação de margens, tipo 
28 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
de caligrafia e adequação da apresentação (GARCEZ, 1998). Esse 
processo, inevitavelmente, acaba capacitando estudantes com 
habilidades limitadas a aspectos formais cuja capacidade de pro-
dução textual é apenas o preenchimento de modelos padronizados 
(PÉCORA, 2002).
Dessa forma, o estudante, premido pela necessidade de produ-
ção textual acadêmica, acaba repetindo uma prática de pesquisa 
aprendida na educação básica, que é a simples reprodução/apre-
sentação de textos prontos que estejam relacionados ao assunto 
estudado.
Se por um lado isso acontece por um hábito escolar sedimen-
tado, por outro lado acaba acontecendo porque o estudante não 
é capaz de produzir seu próprio texto, pois não foi desenvolvida 
nele a característica da autoria.
Analisando a dificuldade de escrita acadêmica como uma das 
razões para a prática do plágio nessa perspectiva, o enfrentamento 
desse fator relacionado ao plágio pode ser feito pelo menos em 
dois momentos (na escola e na universidade) e de duas maneiras 
(capacitação técnica e formação pessoal).
Durante o processo de aprendizagem educacional na escola 
básica, o estudante pode encontrar a primeira oportunidade para o 
desenvolvimento da capacidade técnica de escrita. Ainda que hoje 
a rapidez de acesso a informações na Internet e a facilidade de 
utilização das mesmas intensifiquem o processo de pesquisa como 
um simples hábito de cópia, isso deve ser abolido das práticas de 
ensino e aprendizagem escolares.
A mudança não precisa ser radical. Como sugestão, durante o 
processo de estudo de um determinado assunto, os alunos podem 
fazer o levantamento e busca de materiais e informações sobre 
o mesmo. Porém, o que pode ser feito a partir disso é pedir ao 
aluno que faça um relatório das diferentes fontes selecionadas, 
observando, obviamente, alguns procedimentos de técnica textual 
como o uso de paráfrases, sumarização e intertextualidade, atenção 
a procedimentos de normalização como elaboração de citações e 
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 29
4a Prova
referências; e, o mais importante, a utilização de modos de pen-
samento e raciocínio para o relacionamento e associação de ideias 
para a construção do próprio texto.
Tudo isso requer domínio conceitual e procedimental do educa-
dor, o que deve acontecer no seu processo de formação profissional, 
mas que também pode ser obtido em cursos de capacitação e por 
meio de materiais de estudo como este. Em 4.3 são apresentadas 
algumas das técnicas mencionadas.
É importante reconhecer que essa mudança de prática pedagó-
gica quanto ao processo de elaboração textual implica diretamente 
outro aspecto que pode ser iniciado na escola básica: o processo 
de construção do sujeito autor.
Tornar-se autor é um modo de afirmação de identidade e isso 
requer uma escolha e tomada de decisão pessoal, pois se trata de 
um processo de individualização e de autoafirmação específico, mas 
não exclusivo. Tornar-se único e atuante na comunidade humana 
é algo que pode ser feito por diferentes vias e a autoria é apenas 
uma delas.
Contudo, considerando a instituição escolar como lugar de 
experiências de ensino e aprendizagem daquilo que faz parte da 
vida, instrumentalizar o aluno para ser alguém por meio da pro-
dução textual, que é uma forma de autoria, também é um escopo 
educacional, até porque
o contexto em que vivemos exige a formação de um aluno que, 
distando do lugar comum, seja sujeito-autor atuante, crítico, autô-
nomo e interventor, capaz de, a partir da sua autoria, interpretar 
e analisar a realidade, retirando-se da condição de sujeito aco-
modado e reprodutor de modelos textuais para um sujeito capaz 
e consciente do seu dizer/escrever (SILVA, 2008).
Mas ambos os processos apresentados, seja quanto à capaci-
tação técnica, seja quanto à formação de autores, embora sejam 
melhores se iniciados na escola durante o processo de educação 
básica, cabe à universidade aprofundar e potencializar essas duas 
características.
30 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
No âmbito universitário já existe de forma institucionalizada 
em praticamente todos os cursos, nas diferentes áreas de conhe-
cimento, um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas 
características, que é a disciplina de Metodologia Científica.
Em geral, os manuais com conteúdos de ensino dessa matéria 
limitam-se aos aspectos de técnicas de pesquisa e elementos de 
normalização. Cabe acrescentar no cotidiano de estudos atividades 
de produção textual com a devida orientação e acompanhamento 
técnico, bem como o incentivo ao desenvolvimento da capacidade 
de autoria.
2.5 INTERESSE EM AUMENTAR O NÚMERO DE 
PUBLICAÇÕES
Na obra intitulada Bouvard e Pecuchét, Gustave Flaubert 
apresenta dois personagens que se tornam amigos casualmente 
e por compartilharem algumas semelhanças, entre elas a função 
profissional de copistas e o desejo de parar de trabalhar para se 
dedicarem exclusivamente ao conhecimento. Conseguem realizar 
esse projeto após um deles receber uma herança inesperada.
Entretanto, a dedicação dos personagens aos estudos nas mais 
diferentes áreas de estudo, que vão da agronomia à astronomia, 
da medicina à filosofia, acaba resultando em um amontoado de 
fracassos e desilusões, o que leva ambos a retornarem à atividade 
de copistas: “Nada de refletir! Vamos copiar. A página deve ser 
preenchida [...]” (FLAUBERT, 2007, p. 353).
Considerando-se o interesse com o aumento numérico da 
produção científica nacional, a expressão de um dos personagens 
da obra citada poderia ser parodiada da seguinte forma: nada de 
pesquisa. Vamos publicar! A produção deve aumentar.
A relação entre a ocorrência de plágio e a produção científi-
ca brasileira ainda precisa ser mais bem estudada. Contudo, em 
matéria publicada na Revista da Associação dos Docentes da USP, 
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 31
4a Prova
alguns professores compartilham a ideia de que há vínculos entre 
a ocorrência de plágio de um lado e as exigências do aumento de 
publicação de outro lado (REVISTA ADUSP, 2011).
Para a professora Valéria de Marco (FFLCH – USP), “a pressão 
sobre professores e alunos, por uma produção muito rápida de teses 
e artigos, pode sim levar ao plágio”. Na opinião do professor Luiz 
Menna-Barreto (EACH-USP), “a produtividade se torna um convite 
para a não produção de trabalhos mais amplos”. Dessa maneira, o 
conhecimento se torna mais um produto de consumo apresentado 
na vitrine da “ciência shopping center” (BIONDI, 2011, p. 59-60).Portanto, trata-se de uma preocupação que também merece 
ser considerada. O interesse pelo produtivismo científico, seja pela 
pressão institucional que atrela concessão de vantagens ao tamanho 
do currículo do pesquisador, seja pela ambição pessoal do autor 
que deseja publicar a qualquer custo, representa um sério risco à 
originalidade e integridade da qualidade científica em todos os 
níveis acadêmicos.
2.6 FALTA DE ÉTICA
Quando o plágio acontece intencionalmente, pode ser de-
corrente de dificuldades e limitações do redator no processo de 
desenvolvimento de seu trabalho acadêmico. Entretanto, o plágio 
também ocorre porque se trata de algo que não tem muita impor-
tância ou valor para o redator.
Embora a universidade seja um ambiente caracterizado prin-
cipalmente pela produção de conhecimento (pesquisa), também 
é reservada às instituições de ensino superior a tarefa de ensinar. 
Essa característica acaba sobressaindo em muitas universidades, 
principalmente porque muitos estudantes procuram o ensino su-
perior com o objetivo de se qualificarem profissionalmente.
Como o objetivo neste caso não é desenvolver o conhecimento, 
mas simplesmente obter uma capacitação técnica, o comprometi-
32 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
mento com a produção de conhecimentos não é a prioridade desse 
estudante. Nesse caso, a realização de pesquisas e apresentação 
de resultados é apenas mais uma exigência a ser cumprida e que 
acaba sendo feito de qualquer jeito ou pelos meios mais fáceis.
Essa indiferença com o trabalho de pesquisa e avanço do co-
nhecimento tende a ser pior no caso dos estudantes que sequer 
estão preocupados apenas com o ensino. Para aqueles para quem 
a importância do ensino superior limita-se à obtenção de um título 
de graduação para atestar nível superior frente às exigências do 
mercado de trabalho, a preocupação com a integridade acadêmica 
no que diz respeito a produção de trabalhos universitários ilibados 
é uma quimera.
Isso pode ser entendido como uma “degradação quanto aos 
processos e aos procedimentos” característicos de um amoralismo 
acadêmico (SCHNEIDER, 1990, p. 61). Tal fenômeno pode ser 
verificado na reprodução literal de textos escritos por outros que 
são apresentados sem o menor escrúpulo de consciência.
Neste caso, o plágio na cabeça do acadêmico pode chegar a 
ser entendido no máximo como um “jeitinho” arrumado para se 
alcançar determinado objetivo. Em relação a isso, cabe observar 
que se trata de algo relativo ao próprio padrão cultural ao qual se 
pertence. No caso do Brasil, dar um jeito se trata de uma estraté-
gia de “navegação social” que é inclusive geralmente aceita pela 
sociedade como um padrão moral que permite alcançar direitos 
sociais, enfrentar a ineficiência das instituições e promover mobi-
lidade hierárquica (ALMEIDA, 2007).
Portanto, para aqueles para quem o conhecimento não é um 
valor em si, mas um meio para obtenção de outros fins, a decisão 
de cometer plágio é assumida deliberadamente e sem constrangi-
mentos, embora se saiba que é algo que não deve ser feito e como 
pode ser evitado. Sendo assim, este pode ser considerado o pior 
motivo para a ocorrência do plágio, pois se relaciona diretamente à 
ausência ou corrosão de valores acadêmicos como o compromisso 
com a inovação do conhecimento.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 33
4a Prova
APROFUNDAMENTO
Identidade e identificação
[...] É da representação do sujeito como autor que mais se 
cobra sua ilusão de ser origem e fonte de seu discurso. É 
nessa função que sua relação com a linguagem está mais 
sujeita ao controle social.
Assim, do autor se exige: coerência; respeito aos padrões 
estabelecidos, tanto quanto à forma do discurso como às 
formas gramaticais; explicitação; clareza; conhecimento 
das regras textuais; originalidade; relevância e, entre várias 
coisas, “unidade”, “não contradição”, “progressão” e duração 
do seu discurso.
Essas exigências têm uma direção: procuram tornar o sujeito 
visível (enquanto autor, com suas intenções, objetivos, direção 
argumentativa). Um sujeito visível é calculável, controlável, 
em uma palavra, identificável.
É, entre outras coisas, nesse “jogo” que o aluno entra quando 
começa a escrever.
Para que o sujeito se coloque como autor, ele tem de esta-
belecer uma relação com a exterioridade, ao mesmo tempo 
em que ele se remete à sua própria interioridade: ele cons-
trói assim sua identidade como autor. Isto é, ele aprende a 
assumir o papel de autor e aquilo que ele implica.
O autor é, pois, o sujeito que, tendo o domínio de certos 
mecanismos discursivos, representa, pela linguagem, esse 
papel, na ordem social em que está inserido.
Não basta “falar” para ser autor; falando, ele é apenas falan-
te. Não basta “dizer” para ser autor; dizendo, ele é apenas 
locutor. Também não basta enunciar algo para ser autor.
Papel social e responsabilidade
O que é preciso, então, para ser autor?
34 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
O que tem faltado, desse ponto de vista, quando se pensam as 
condições de produção da escrita, na escola, é compreender 
o processo em que se dá a assunção, por parte do sujeito, de 
seu papel de autor. Essa assunção implica, segundo o que 
estamos procurando mostrar, uma inserção (construção) do 
sujeito na cultura, uma posição dele no contexto histórico-
-social.
Aprender a se colocar – aqui: representar – como autor é 
assumir, diante da instituição-escola e fora dela (nas outras 
instâncias institucionais) esse papel social, na sua relação 
com a linguagem: constituir-se e mostrar-se autor.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Discurso & leitura. 5. ed. São Paulo: 
Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campi-
nas, 2000. p. 78-79. Grifo do autor. (Passando a Limpo).
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 35
4a Prova
ATUALIDADES
Matéria publicada pela Folha de S. Paulo, em 4 de novembro de 
2009, que apresentou um caso de plágio na universidade.
Reitora da USP é acusada de plágio 
em estudo sobre vírus
EDUARDO GERAQUE 
da Folha de S. Paulo
A USP abriu uma sindicância interna para apurar uma acusa-
ção de plágio contra a reitora Suely Vilela e mais dez pessoas. 
Na prática, a universidade vai investigar sua própria reitora.
O grupo formado por bioquímicos e farmacêuticos publicou 
um trabalho em 2008 com três figuras idênticas a um outro 
estudo, que saiu em 2003. A pesquisa mais antiga está assi-
nada por um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio 
de Janeiro), autor da denúncia.
O estudo assinado pela microbiologista Angela Hampshire 
Soares e outros sete colaboradores é sobre a eventual apli-
cação de uma substância extraída da planta sacaca (típica 
da Amazônia) para o controle da leishmaniose – as imagens 
que geraram acusação de plágio retratam ação da substância.
Um dos objetivos da pesquisa da USP é investigar se uma 
substância isolada da jararaca é útil contra o vírus da dengue.
A reitora Suely, que é bioquímica, é uma das coautoras do 
trabalho. O principal autor da pesquisa é Andreimar Soa-
res, professor da USP de Ribeirão Preto. O grupo nega que 
houve má-fé.
A cópia não se resume às três imagens idênticas de micros-
copia eletrônica que aparecem nas duas pesquisas.
Dois trechos do texto do artigo de 2008, publicado pela revista 
“Biochemical Pharmacology”, são semelhantes a parágrafos 
que constam do artigo original, editado na revista americana 
“Antimicrobial Agents and Chemotherapy”.
36 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
No artigo científico do grupo da USP não existe nenhuma 
referência ao trabalho anterior, de 2003. As chamadas 
referências bibliográficas formam um item obrigatório, e 
elementar, de todo texto de pesquisa.
“Estamos todos chateados e perplexos [com o uso das 
imagens]”, diz Rodrigo Stábeli, pesquisador da Fundação 
Oswaldo Cruz em Porto Velho, Rondônia. Ele é um dos 11 
autores do trabalho suspeito de plágio. Especialista em es-
tudos de proteínas, Stábeli não participou diretamente das 
pesquisas realizadas em Ribeirão Preto.
O cientista é a favor dasindicância, que deverá mostrar, 
segundo ele, que o suposto plágio é fruto de um equívoco.
O artigo publicado em 2008, assinado pelas 11 pessoas e, 
portanto, sob responsabilidade de todos, surgiu a partir da 
tese de doutorado da, na época, aluna Carolina Sant’Ana.
Após ter obtido o título de doutora, a pesquisadora, hoje, 
não está mais na universidade. Segundo o grupo acusado de 
plágio, uma confusão da aluna, que teria usado as imagens 
em seminário interno na faculdade, é o que poderia explicar 
as cópias. Ela não foi localizada.
A USP possui um portal eletrônico exclusivo para as teses 
defendidas na universidade. O trabalho de Sant’Ana, depo-
sitado em 2008, não estava disponível para consulta ontem.
Na história recente da USP, não é a primeira vez que pes-
quisadores são acusados de plágio. Em 2008, Alejandro de 
Toledo, diretor do Instituto de Física da USP, e Nelson Carlin 
Filho, vice-diretor da Fuvest, foram investigados. O caso ter-
minou com uma moção de censura ética contra os cientistas.
Outro lado
A reitora Suely Vilela afirma que o eventual plágio será 
devidamente apurado. “Sobre as acusações referidas, de 
uso indevido de obra alheia anterior, já foi instaurada a 
competente sindicância administrativa para apuração dos 
fatos”, disse a reitora por meio de nota.
POR QUE ACONTECE PLÁGIO? 37
4a Prova
Apesar de 11 cientistas terem assinado o trabalho, como é 
comum na comunidade científica, cada um fez a sua parte. 
No caso das imagens que foram copiadas, Suely diz não ter 
nenhuma responsabilidade.
“O trabalho mencionado é resultado da tese de doutorado 
da aluna Carolina Dalaqua Sant’Ana, que foi orientada pelo 
professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão 
Preto Andreimar Martins Soares”, afirma a nota.
Segundo a reitora, a participação dela no estudo ocorreu em 
outra área. “Minha colaboração com o docente é na área de 
isolamento e purificação de toxinas animais, matéria distinta 
em relação às passagens e imagens questionadas.”
A Folha não conseguiu localizar a aluna. O professor Soares 
está na Costa Rica a trabalho e também não foi localizado. 
Segundo Rodrigo Stabeli, um dos coautores do trabalho, 
o pesquisador da USP de Ribeirão Preto estará de volta ao 
Brasil em dez dias aproximadamente para fazer a defesa 
do grupo na sindicância interna movida pela universidade.
Em casos de supostos plágios, o caminho mais usado para 
informar à comunidade científica o que ocorreu de fato é 
fazer uma espécie de autodenúncia. Isso costuma ser publi-
cado nas revistas que veicularam os trabalhos.
Stabeli afirmou que essa retratação, por escrito, já foi en-
viada para as duas publicações em questão. “E mandamos 
também isso para a professora Angela [Soares, da UFRJ]”, a 
principal autora do trabalho onde estavam as três imagens.
O grupo da UFRJ, autor da denúncia de plágio que gerou o 
processo na USP, não falou sobre o caso.
GERAQUE, Eduardo. Reitora da USP é acusada de plágio 
em estudo sobre vírus. Folha.com, 04 nov. 2009. Disponível 
em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ul-
t305u647429.shtml>. Acesso em: 24 fev. 2011. Grifo do autor.
38 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
REFLEXÃO
1. De acordo com o pensamento de Eni Puccinelli Orlandi, como 
se dá a constituição da identidade do autor?
2. Analise o caso de plágio ocorrido na Universidade de São 
Paulo, apesar da alegação dos envolvidos de não ter havido 
intencionalidade de reprodução.
3. Em sua opinião, qual é a principal razão para a ocorrência do 
plágio em trabalhos acadêmicos?
Nas publicações brasileiras que se referem ao plágio acadêmico 
ainda não existe um consenso sobre as modalidades nas quais ele 
se apresenta. Entretanto, propõe-se aqui uma classificação que 
corresponde ao padrão internacional encontrado nas orientações 
dadas pelas melhores universidades ao redor do mundo conforme 
estudo realizado recentemente (KROKOSCZ, 2011).
3.1 PLÁGIO DIRETO (WORD-FOR-WORD)
Quando o redator copia na íntegra (palavra por palavra) um 
conteúdo (ideia, texto, imagem, códigos de programação, entre 
outros) de outro autor sem a indicação (citação) do mesmo e a 
identificação (referência) da obra.
Chama-se de plágio direto porque, de acordo com a normali-
zação vigente no Brasil, cópias literais devem ser indicadas com 
citação direta (ver 4.3.2.1 e 4.3.2.2).
Por ser uma reprodução literal da fonte original, este tipo de 
plágio pode acontecer por incapacidade do redator no processo 
de interpretação do conteúdo original, devido à falta de criati-
vidade no processo de redação ou simplesmente desinteresse e 
comodismo do redator no processo de elaboração de um trabalho 
acadêmico que é feito pelo sistema de copiar e colar.
3
Tipos de Plágio no 
Âmbito Educacional
40 AUTORIA E PLÁGIO KROKOSCZ
4a Prova
Basicamente, copiar e colar não é algo proibido. No entanto, 
isso deve ser feito raramente e, de modo particular, no caso da 
necessidade de utilização de conteúdos em que o estilo de escrita 
original confere ao texto um significado muito peculiar, visto que 
interpretá-lo poderia comprometer a qualidade original. Quando 
esta cópia é feita é preciso indicar claramente a fonte original.
De acordo com a NBR 10520, da Associação Brasileira de Nor-
mas Técnicas, que trata da apresentação de citação em documentos, 
essa indicação deve ser feita nos trabalhos acadêmicos com o uso 
de aspas duplas, quando o texto copiado ocupa até três linhas no 
novo texto. Quando a cópia tem mais de três linhas, precisa ser 
destacada com um deslocamento de 4 cm da margem esquerda, 
o tamanho da letra do texto deve ser reduzido (10 pontos) e o 
espaçamento entrelinhas deve ser simples. Com isso, cria-se uma 
“mancha de texto”, o que permite a identificação visual do leitor 
de que se trata de uma parte copiada. Em ambos os casos, no texto 
reproduzido precisa ser indicado quem é o autor (que pode ser 
uma pessoa, instituição, empresa etc.), a data da publicação do 
documento e a página. A indicação da página é dispensada quando 
o texto do documento reproduzido é extraído de um website, filme, 
música etc. (ABNT, 2002b).
TIPOS DE PLÁGIO NO ÂMBITO EDUCACIONAL 41
4a Prova
EXEMPLO:
FONTE ORIGINAL
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão 
fugidio não é mais porque agora se tornou um novo instante-já que também 
não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é 
da coisa. Esses instantes que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício 
eles espocam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E quero 
capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdito: o presente me 
foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou eu sempre no já.
Fonte: LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 9.
CITAÇÃO DIRETA LONGA CORRETA
A permanente decorrência do tempo presente e de como a vida passa de forma 
tão fugaz tal qual a correnteza de um rio, são descritos por Clarice Lispector de 
forma bela e poética:
Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-
-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo 
instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante 
em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa. Esses instantes 
que decorrem no ar que respiro: em fogos de artifício eles espo-
cam mudos no espaço. Quero possuir os átomos do tempo. E que-
ro capturar o presente que pela sua própria natureza me é interdi-
to: o presente me foge, a atualidade me escapa, a atualidade sou 
eu sempre no já. (LISPECTOR, 1998, p. 9).
As palavras da autora provocam a reflexão do leitor... O protagonismo na vida 
seria esta busca permanentemente adiada de encontrar-se em um instante no 
tempo que ainda não é ou já foi? Pode ser mesmo que para os seres humanos o 
sentido da vida é o reconhecimento da provisoriedade de si e das coisas.
Referência:
LISPECTOR, Clarice. Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
O plágio direto pode acontecer de forma disfarçada, com partes 
copiadas

Outros materiais