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TCC Marcos Vinicius PDF

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UNICESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL: REFLEXOS JURÍDICOS NO BRASIL 
 
 
 
Marcos Vinícius Batista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ – PR 
2020
MARCOS VINÍCIUS BATISTA 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL: REFLEXOS JURÍDICOS NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado ao Curso de 
Graduação em Direito da UniCesumar – 
Centro Universitário de Maringá como 
requisito parcial para a obtenção do 
título de Bacharel(a) em Direito, sob a 
orientação da Prof. Dr. Tatiane Riqueti. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARINGÁ – PR 
2020
FOLHA DE APROVAÇÃO 
Marcos Vinícius Batista 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL: REFLEXOS JURÍDICOS NO BRASIL 
 
 
 
Artigo apresentado ao Curso de Graduação em Direito da UniCesumar – Centro 
Universitário de Maringá como requisito parcial para a obtenção do título de 
Bacharel(a) em Direito, sob a orientação da Prof. Dra. Tatiana Riqueti. 
 
 
Aprovado em: ____ de _______ de _____. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
__________________________________________ 
Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição) 
 
 
__________________________________________ 
Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição) 
 
 
__________________________________________ 
Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição) 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL: REFLEXOS JURÍDICOS NO BRASIL 
 
Marcos Vinícius Batista 
 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa tem como objetivo verificar o papel do Estado em casos de 
alienação parental, e evidenciar quem são os detentores da obrigação de zelar pelo 
cuidado e desenvolvimento da criança e do adolescente, assim como refletir a 
respeito de possíveis formas de evitar as consequências da alienação parental 
diante desse fenômeno. Deste modo, este estudo apresenta o conceito de alienação 
parental, sua historicidade, bem como maneiras de identificação, efeitos e 
consequências da alienação parental para o alienante, o alienado e para a criança 
ou adolescente. Assim, o estudo versa sobre a Lei nº 12.318/2010, Lei de Alienação 
Parental, que prevê medidas de proteção à criança e ao adolescente, em casos de 
Alienação Parental, além de verificar como o Estatuto da Criança e do Adolescente 
e a Constituição Federal de 1988 abordam a questão. 
 
Palavras-chave: Lei. 12.318/2010; Criança ou Adolescente; Família. 
 
 
PARENTAL ALIENATION LEGAL REFLECTIONS IN BRAZIL 
 
ABSTRACT 
 
This research aims to verify the role of the State in cases of parental alienation, and 
to highlight who are the ones who have the obligation to care for the care and 
development of children and adolescents, as well as reflect on possible ways to 
avoid the consequences of parental alienation in the face of this phenomenon. In 
this way, this study presents the concept of parental alienation, its historicity, as well 
as ways of identifying, effects and consequences of parental alienation for the 
alienating, the alienated and for the child or adolescent. Thus, the study deals with 
Law No. 12,318 / 2010, Parental Alienation Law, which provides protection 
measures for children and adolescents, in cases of Parental Alienation, in addition 
to verifying how the Child and Adolescent Statute and the Federal Constitution 1988 
address the issue. 
 
 
Keywords: Law. 12.318 / 2010; Child or Adolescent; Family. 
SUMÁRIO 
1- INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 
2- ALIENAÇÃO PARENTAL: CONCEITO HISTÓRICO NO BRASIL .............................. 5 
3- CONDUTAS DO ALIENANTE E DO ALIENADO ........................................................... 7 
5- IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL .......................................................... 10 
6- ASPECTOS DOUTRINÁRIOS E LEGAIS ..................................................................... 12 
7- IMPLICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL, NO ÂMBITO JURÍDICO .................... 13 
8- O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIANTE DA ALIENAÇÃO 
PARENTAL ........................................................................................................................... 16 
9- LEI Nº 12.318/2010: A LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL .......................................... 17 
 
5 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa fora feita com o intuito de abordar um assunto que, 
embora não seja novo no ordenamento jurídico brasileiro, encontra-se em 
evidência, devido ao aumento de casos significativos nos últimos anos. Por esse 
motivo, este estudo realizado a partir de doutrinas e artigos científicos objetiva 
evidenciar a relevância de se abordar, hoje em dia, a questão da Alienação Parental. 
Portanto, este estudo aborda, de forma geral, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a Lei da Alienação Parental e os princípios constitucionais outorgados 
pela Constituição Federal de 1988. Parte-se do princípio de que é importante 
entender a historicidade da alienação parental, no Brasil, bem como compreender 
os motivos pelos quais esse fenômeno jurídico tem tamanha relevância no 
ordenamento jurídico brasileiro. 
O intuito desta pesquisa é verificar o papel do Estado em casos de alienação 
parental, e evidenciar quem são os detentores da obrigação de zelar pelo cuidado 
e desenvolvimento da criança e do adolescente, assim como refletir a respeito de 
possíveis formas de evitar as consequências da alienação parental. Para tanto, este 
estudo discorrerá acerca da importância da criação da Lei 12.318/2010 e sobre o 
que ela dispõe em seu texto, que permite aos juízes uma eficácia ainda maior para 
solucionar casos de alienação parental. Além disso, o estudo mostrará como surge 
a alienação parental nos núcleos familiares existentes, no país, atualmente. 
2- ALIENAÇÃO PARENTAL: CONCEITO HISTÓRICO NO BRASIL 
 
Conforme estudos de Fonseca (2007), no Brasil, a questão da alienação 
parental surgiu simultaneamente ao seu surgimento na Europa, ou seja, em 2002, 
embora já fosse objeto de estudos e pesquisas em países como Estados Unidos. 
No entanto, somente em 2008, ocorreu a criação de um projeto de Lei referente à 
temática, isto é, o projeto de lei 4053/08 que, em 2009, teve seu substitutivo 
aprovado pela Comissão de Seguridade Social e Família, o que foi considerado um 
grande avanço, no que concerne ao tema. De acordo com o substitutivo, é 
considerada alienação parental a desqualificação de um dos genitores exercida pelo 
outro genitor, bem como o impedimento do contato da criança com o genitor, a 
6 
 
omissão de informações pessoais sobre o filho, com o intuito de dificultar a 
convivência da criança ou adolescente com a outra parte e seus familiares. 
No ano de 2010, ocorreu a promulgação da Lei nº12.318/2010, que 
caracterizou a Alienação Parental como crime; essa lei recebeu o nome de Lei da 
Alienação Parental, de modo que tem como principal intenção a proteção da saúde 
psíquica da criança e do adolescente. 
No Brasil, é muito comum que ocorra casos de alienação parental em famílias 
que estejam passando por procedimentos de dissolução, como divórcios, ou em 
famílias em que já ocorreu o divórcio; no entanto, é importante salientar que o 
divórcio não é uma característica determinante para os casos de alienação parental, 
embora seja uma das características mais comuns. 
Tendo em vista o artigo 227 da Constituição Federal de 1988, a alienação 
parental fere o direito fundamental que as crianças e adolescentes têm de ter uma 
convivência familiar saudável, uma vez que: 
 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária,além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão (BRASIL, 1988). 
 
As disposições da Constituição Federal levam ao entendimento de que a 
alienação parental é uma responsabilidade da família, pois são os membros da 
família que impedem que haja uma convivência familiar saudável. Por constituir um 
abuso moral contra a criança e o adolescente, a alienação parental gera uma 
responsabilidade civil para quem a provoca. Quando constatada a alienação 
parental, o Ministério Público como força do Estado deve ser ouvido, para que possa 
auxiliar na decisão que o juiz irá tomar, a fim de preservar a integridade psicológica 
da criança ou adolescente, assim como assegurar a convivência com o genitor ou 
viabilizar a reaproximação afetiva entre a criança ou adolescente e seu genitor. 
A alienação parental é uma forma modalidade de manipulação feita por um 
dos genitores, normalmente pelo que detém a guarda dos filhos, com o intuito de 
criar conflitos entre a criança ou adolescente e o outro genitor. Essa prática resulta 
na criação de barreiras que impedem o convívio saudável e frequente com o 
7 
 
alienado, o que ocasiona problemas emocionais e o distanciamento afetivo entre o 
genitor afetado e a criança ou adolescente. 
A quebra do vínculo familiar entre a criança ou adolescente e um de seus 
genitores é entendida como o início da alienação parental. Segundo, normalmente, 
esse rompimento é decorrente do processo de separação dos pais/responsáveis 
pelas crianças ou adolescentes, de maneira que, após a dissolução do casamento, 
os pais entram em disputa pela guarda dos filhos; após o divórcio, em muitos casos, 
ambos os pais não se sentem à vontade ou não se conformam com o sistema de 
visitas imposto no processo de divórcio, de modo que buscam garantir os seus 
direitos de guarda e convívio com os filhos por meios não convencionais, porém 
sem medir as consequências, o que normalmente produz efeitos indesejados nas 
crianças, com base no entendimento doutrinário de (DIAS 2015). 
Por ser um fenômeno jurídico, a Alienação Parental tem previsão legal na Lei 
12.318/2010, que traz as definições e previsões legais quanto às atitudes e 
consequências desse fato jurídico. O artigo 2º da Lei nº 12.318/2010 (BRASIL, 
2010) descreve a alienação parental conforme está disposto a seguir: 
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou 
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a 
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância 
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento 
ou à manutenção de vínculos com este. 
 
Tendo em vista que a alienação parental é considerada uma atitude que gera 
prejuízos notórios ao desenvolvimento da criança ou adolescente, os quais têm 
garantido pelo Estado o direito ao desenvolvimento social, cabe ao judiciário garantir 
a proteção da criança ou adolescente que seja vítima dessa prática que já se faz 
frequente. 
 
3- CONDUTAS DO ALIENANTE E DO ALIENADO 
 
Ordinariamente, define-se como alienante o genitor que comete os atos que 
se configuram como alienação, a fim de afetar a outra parte, ou seja, o outro genitor. 
Conforme já foi citado, geralmente, o início da alienação parental ocorre, a partir da 
separação do casal. Nesse sentido, as circunstâncias da separação comumente 
resultam em raiva, mágoa, rancor, rejeição e desejo de vingança e esses 
8 
 
sentimentos geram danos aos filhos que não têm culpa alguma dos problemas do 
relacionamento entre os seus pais; entretanto, são os filhos que indiretamente 
sofrem com toda essa magoa que resulta na alienação parental (DIAS 2015). 
Por todo o sentimento gerado durante o processo de separação, o alienante 
passa a promover situações e comportamentos, a fim de manchar a imagem do seu 
ex-cônjuge, com o intuito de afetar o relacionamento entre o antigo companheiro/a 
e o filho, de modo que pode até mesmo de causar prejuízos emocionais ao ex-
cônjuge de forma direta. 
Souza (2014) descreve o convívio familiar como um direito fundamental que 
tem como principal fundamentação a Constituição Federal de 1988. A autora 
pondera sobre a motivação do genitor, no que tange à prática da alienação parental: 
Referindo-se a esses comportamentos, não há dúvida de que a 
finalidade do genitor alienador é evitar ou dificultar, por todos os 
meios possíveis, o contato dos filhos com o outro cônjuge. No 
entanto, os pais ou responsáveis não percebem que o direito à 
convivência familiar é direito fundamental previsto não apenas na 
CF/1988 e no ECA, mas também na Lei 12.318/2010 (Lei de 
Alienação Parental) (SOUZA, 2014, p. 128). 
 
Ao destinar toda sua revolta ao seu ex-cônjuge, o alienante não percebe ou 
simplesmente ignora que suas atitudes são nocivas e influenciam de forma negativa 
a criança ou adolescente, o que faz destes as maiores vítimas de todo o conflito. 
 O alienante não compreende que, ao destruir a imagem do outro genitor, 
está afastando um pai ou mãe do convívio com o filho, o que ocasiona sofrimento e 
pode gerar consequências irreversíveis no alienado; desta forma, os efeitos desta 
atitude podem acabar refletindo no futuro da criança ou adolescente e implicar em 
prejuízos para sua saúde mental e física. 
A falta de consciência do alienante em relação aos malefícios de seus atos 
alcança o ordenamento jurídico, afetando diretamente tanto os princípios 
constitucionais fundamentais quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 
8.069/90, ao não zelar pelo bem-estar, saúde física e emocional e melhor interesse 
dos menores. Assim, no art. 3º da Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental), está 
disposto o seguinte: 
Art. 3o A prática de ato de alienação parental fere direito 
fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar 
saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor 
e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o 
adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade 
parental ou decorrentes de tutela ou guarda (BRASIL, 2010). 
9 
 
 
Diante dos descumprimentos dos deveres inerentes ao poder familiar, que 
deve zelar pelo bem-estar dos menores, pode entender-se que o abuso de 
autoridade exercido por um dos genitores demonstra que o alienante comporta-se 
de forma que excede os limites impostos pelo ordenamento jurídico, o que segundo 
Souza (2008, p. 7), “(...) compromete o exercício da autoridade parental pelo genitor 
alienado, causando grandes danos aos filhos (...)”, uma vez que isso ocasiona o 
crescimento da criança ou adolescente sem a referência e convivência com um dos 
genitores. 
Existem duas hipóteses de definição da pessoa que se enquadra como 
agente passivo no âmbito jurídico, isto é, parte da doutrina defende que o termo não 
se enquadra ao genitor afetado, mas somente à criança ou adolescente, de maneira 
que o genitor afetado é concebido como uma vítima. Por outro lado, a legislação 
vigente aplicada sob a alienação parental define que alienado é todo aquele que, 
após a separação conjugal, não detém a guarda e sofre com as condutas 
irresponsáveis praticadas pelo alienante, as quais resultam no afastamento do 
menor e um dos genitores. Portanto, o termo alienado é utilizado para denominar 
aquele que sofre ou é alvo da alienação parental exercida pelo ex-parceiro ou 
parceira. 
A partir desse entendimento, pode se dizer que o indivíduo alienado se vê 
obrigado a enfrentar uma verdadeira disputa contra o alienante, fazendo grandes 
esforços, a fim de manter o vínculo afetivo e familiar com o filho, ao passo que 
enfrenta forte resistência às suas tentativas de manutenção do vínculo familiar. 
No que se refere a essa quebra de vínculo que resulta no afastamento 
afetivo, Silva (2009, p. 59) assegura que: 
Contrariamenteao que o senso comum gostaria de crer, o tempo é 
um inimigo implacável. Quando os filhos começam a recursar-se a 
ver um de seus dois pais, a rejeitá-lo, a contagem regressiva se 
inicia. Se ninguém vier ajudar essa família no momento preciso, a 
situação só poderá agravar-se. Mas frequentemente entorno 
intervém nesse caso para minimizar o problema e lembrar que o 
tempo resolve tudo, o que efetivamente não acontece. Quanto mais 
o tempo escoa, mais o conflito se cristaliza e é mais difícil voltar 
atrás; mesmo que não haja recuo, os filhos podem acabar por ver o 
pai que haviam rejeitado anteriormente, mas mesmo neste caso, em 
10 anos, 20 anos, ver 40 anos depois. O tempo realmente modificou 
os fatos, mas a que preço? 
 
10 
 
Com o passar do tempo, a intensificação dos atos alienantes ocasiona danos 
irreversíveis na relação afetiva entre genitor e sua prole, além de causar danos 
psicológicos aos afetados; sendo assim, logo que identifique os primeiros atos de 
alienação parental, o genitor alienado deve rapidamente buscar meios para 
solucionar o problema, a fim de impedir que a prática da alienação destrua sua 
relação afetiva com a criança ou adolescente; desta forma, é possível reverter os 
danos causados à criança e garantir tanto os direitos do pai/mãe como também o 
bem-estar do filho, ou seja, é possível zelar pelo cuidado afetivo com o filho e fazer 
valer o direito do genitor e os direitos de seus filhos. 
Embora exista mais de uma interpretação doutrinária correspondente aos 
conceitos de alienante e alienado, a maioria dos doutrinadores considera que as 
vítimas deste fenômeno nocivo são o genitor e também o filho, de forma que este é 
considerado pelo alienante como um instrumento usado contra o alienado. 
Souza (2008, V. 1) descreve que: 
O maior sofrimento da criança não advém da separação em si, mas 
do conflito, e do fato de se ver abruptamente privada do convívio 
com um de seus genitores, apenas porque o casamento deles 
fracassou. Os filhos são cruelmente penalizados pela imaturidade 
dos pais quando estes não sabem separar a morte conjugal da vida 
parental, atrelando o modo de viver dos filhos ao tipo de relação que 
eles, pais, conseguirão estabelecer entre si, pós-ruptura. 
 
O princípio do melhor interesse da criança ou adolescente deve ser 
enaltecido e preservado, pois, a criança e o adolescente necessitam de total 
proteção por serem a parte mais vulnerável de todo o conflito. 
Para Gonçalves (2003, V.1), é dever do juiz proteger e preservar os filhos 
menores de todo agravo que possa ser praticado contra eles pelos pais, porém será 
sempre dever da família a obrigação de guarda e de educação dos filhos menores. 
5- IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Para a identificação da alienação parental, é necessário atentar-se para os 
sinais apresentados pelas partes envolvidas, no que concerne a comportamentos 
inapropriados e, especialmente, algumas características específicas como: a 
construção de uma imagem negativa do outro genitor, a mudança, frequente ou não, 
para endereços que dificultem a visitação e o convívio com o outro genitor, a 
desqualificação da outra parte como pai ou mãe, além de outras atitudes de caráter 
11 
 
nocivo que tenham como objetivo instaurar e inflar o sentimento de repulsa ou 
rejeição da criança ou adolescente para com o outro genitor. 
A doutrinadora Priscila Maria Pereira Corrêa da Fonseca destaca algumas 
atitudes já citadas que se configuram como prática de alienação parental: 
[...] a) denigre a imagem da pessoa do outro genitor; b) organiza 
diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las 
desinteressantes ou mesmo inibi-las; c) não comunica ao outro 
genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (rendimento 
escolar, agendamento de consultas médicas, ocorrência de 
doenças etc.) d) toma decisões importantes sobre a vida dos filhos 
sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou 
mudança de escola, de pediatra etc.); e) viaja e deixa os filhos com 
terceiros sem comunicação ao outro genitor; f) apresenta o novo 
companheiro à criança como sendo seu novo pai ou mãe; g) faz 
comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo 
outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer por este oferecido 
ao filho; h) critica a competência profissional e a situação financeira 
do ex-cônjuge; i) obriga a criança a optar entre a mãe e o pai, 
ameaçando-a das consequências caso a escolha recaia sobre o 
outro genitor; j) transmite o seu desagrado diante da manifestação 
de contentamento externada pela criança em estar com o outro 
genitor; k) controla excessivamente os horários de visitas; l) recorda 
à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos pelos quais 
deverá ficar aborrecida com o outro genitor; m) transforma a criança 
em espiã da vida do ex-cônjuge; n) sugere à criança que o outro 
genitor é pessoa perigosa; o) emite falsas imputações de abuso 
sexual, uso de drogas e álcool; p) dá em dobro ou triplo o número 
de presentes que a criança recebe do outro genitor; q) quebra, 
esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao 
filho; r) não autoriza que a criança leve para a casa do genitor 
alienado os brinquedos e roupas de que mais gosta; s) ignora, em 
encontros casuais, quando junto com o filho, a presença do outro 
progenitor, levando a criança a também desconhecê-la; t) não 
permite que a criança esteja com o progenitor alienado em ocasiões 
outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas 
etc.(FONSECA. 2006 s.p) 
 
No entanto, os exemplos supracitados não são as únicas formas de 
alienação, visto que se trata apenas de uma exemplificação de atitudes 
consideradas alienantes e existem outras hipóteses que configuram alienação 
parental, as quais só podem ser detectadas por meio de perícias. 
Os atos mencionados são considerados por Fonseca (2006) como 
devastadores para as crianças e adolescentes, pois são atos silenciosos, difíceis de 
serem identificados. Esse caráter silencioso torna mais preocupante o conflito 
familiar, tendo em vista que, na maioria dos casos, a ocorrência da alienação 
12 
 
parental só é identificada quando se encontra em avançado estágio de influência e 
destruição da relação entre os afetados. 
Quando a ocorrência de alienação parental é identificada, deve-se 
imediatamente procurar ajuda de profissionais da área jurídica e da área 
psicológica, para que essa situação não se agrave e cause problemas ainda 
maiores e em níveis irreversíveis. 
6- ASPECTOS DOUTRINÁRIOS E LEGAIS 
 
“A alienação parental é uma forma de manipulação exercida por um dos 
genitores, via de regra cometida por aquele que detém a guarda dos filhos, com o 
intuito de criar conflitos entre a criança ou adolescente e um de seus genitores”. 
Conforme explica Dias (2015, p. 545), essa prática comumente gera barreiras para 
que exista um convívio saudável e frequente com o alienado, o que pode resultar 
em problemas emocionais e causar distanciamento afetivo entre o genitor afetado 
e a criança ou adolescente. Normalmente, a origem desse conflito está ligada ao 
processo de separação dos pais/responsáveis pelos menores. 
 Durante a dissolução da união conjugal, os pais entram em disputa pela 
guarda dos filhos, de forma que é comum a disputa se acirrar e produzir efeitos 
indesejados nas crianças. 
Dias (2015, p. 545) descreve a alienação parental como um resultado 
motivado por um dos genitores, comumente o que detém a guarda do filho, contra 
o outro genitor, e descreve a dissolução da união como uma espécie de óbito: 
Muitas vezes, quando da ruptura da vida conjugal, se um dos 
cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da 
separação, com o sentimento de rejeição, ou a raiva pela traição, 
surge o desejo de vingança que desencadeia um processo de 
destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-parceiro. Sentir-
se vencido, rejeitado, preterido, desqualificadocomo objeto de 
amor, pode fazer emergir impulsos destrutivos que ensejarão desejo 
de vingança, dinâmica que fará com que muitos pais se utilizem de 
seus filhos para o acerto de contas do débito conjugal. 
 
Esse sentimento de vingança que surge é o grande impulsionador das 
atitudes que ocasionam o fenômeno da alienação parental, e que torna os filhos 
meros objetos de vingança, acarretando danos não somente ao cônjuge alvo da 
vingança, mas principalmente à criança ou ao adolescente que está sendo usado 
para esse fim. 
13 
 
Como já dito e aqui reafirmado por Carlos Roberto Gonçalves os casos de 
alienação parental se tornam mais constantes com os divórcios que envolvem 
crianças ou adolescentes. Isso se deve ao fato de que, comumente, os genitores 
não conseguem resolver suas questões particulares de forma amigável e acabam 
direcionando sua revolta aos filhos, o que ocasiona grandes prejuízos, tanto em 
questões de saúde e rotina como também em questões sentimentais e afetivas, ao 
tentar atingir o outro lado da relação que se desfez. Nesse sentido, o teórico ainda 
afirma que: 
A situação é bastante comum no cotidiano dos casais que se 
separam: um deles, magoado com o fim do casamento e com a 
conduta do ex-cônjuge, procura afastá-lo da vida do filho menor, 
denegrindo a sua imagem perante este e prejudicando o direito de 
visitas (GONÇALVES, 2012, p. 259). 
Esse fenômeno não pode ser observado de maneira superficial, ao contrário, 
deve ser analisado como um todo, considerando principalmente entre seus fatores 
e como principal quesito o divórcio, citado acima; além disso, devem ser levadas 
em consideração as mudanças frequentes relacionadas com os tipos de 
composições familiares que, atualmente, têm se tornado um fator relevante para 
esse cenário. 
Portanto, tendo em vista que a Alienação Parental é um fenômeno legal e 
doutrinariamente definido, que tem desdobramentos que importam à seara jurídica, 
deve-se também proceder a análise dos elementos de identificação e 
caracterização de tal fenômeno. 
7- IMPLICAÇÃO DA ALIENAÇÃO PARENTAL, NO ÂMBITO JURÍDICO 
 
No que se refere ao âmbito jurídico, o Tribunal de Justiça do Paraná parte do 
princípio de que devem haver provas robustas, a fim de comprovar a ocorrência dos 
atos de alienação parental. Desta forma, em casos como pedido de inversão de 
guarda, os profissionais do Direito devem considerar as seguintes disposições 
legais (BRASIL, 2014): 
AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE INVERSÃO DE 
GUARDA – INDEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA – 
INCONFORMISMO – ALEGAÇÃO DE QUE RELAÇÃO DO 
GENITOR COM A PROLE É PREJUDICADA POR ATOS 
PRATICADOS PELA GENITORA FATOS QUE DEVEM SER 
ESCLARECIDOS COM O EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E 
14 
 
DILAÇÃO PROBATÓRIA – ALIENAÇÃO PARENTAL NÃO 
SUFICIENTEMENTE COMPROVADA DIREITO DE VISITAÇÃO 
QUE, A PRINCÍPIO, VEM SENDO EXERCIDO A CONTENTO – 
MANUTENÇÃO DO DECISUM. 1. Na condução da separação de 
um casal, os profissionais do Direito devem primar pelo cuidado do 
bem-estar da prole, devendo ser desprezadas as discussões 
desnecessárias entre os ex-cônjuges, e promovido o fortalecimento 
das relações afetivas entre filhos e genitores, com o objetivo de 
proporcionar àqueles as condições necessárias para um 
desenvolvimento sadio e harmonioso; os referidos profissionais 
devem evitar dar vazão ao lado passional que envolve as partes e 
agir de modo justo, no mais amplo significado deste termo. Com 
isso, o processo pode alcançar um objetivo humanizador, poupando 
os filhos da pesada carga de sofrimento moral imposto pelos atos 
irracionais nascidos da discórdia entre seus genitores, ao tempo em 
que orienta estes a um caminho de autossuperação, 
correspondente a um grau superior de civilização. 3. Recurso 
conhecido e desprovido. (TJPR - 11ª C. Cível - AI - 1113463-5 - Foz 
do Iguaçu - Rel.: Ruy Muggiati - Unânime - J. 05.02.2014). 
 
É importante ressaltar que, mesmo que o texto legal enfatize que meros 
indícios de alienação parental possam ser combatidos com as sanções previstas na 
lei, no momento do julgamento a realidade é outra, especialmente, quando se trata 
da aplicação de medidas mais radicais; por isso, exige-se um conjunto de provas 
amplas e claras, as quais possam ser vinculadas a outras medidas que sejam 
necessárias a uma melhor avaliação, tais como o acompanhamento psicológico. 
Ao se deparar com relatos de atos que possam caracterizar a alienação 
parental, o juiz não aguardará que ocorra todo o trâmite processual normal para 
proferir a decisão acerca da alteração ou inversão da guarda somente no final do 
processo; sendo assim, nesses casos, o juiz determina que sejam tomadas 
medidas de urgência, com o intuito de comprovar a suposta ocorrência de 
alienação. Tal situação pode ser compreendida, com base no julgado realizado pelo 
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (BRASIL, 2015), conforme se verifica a 
seguir: 
GUARDA. ALIENAÇÃO PARENTAL. ALTERAÇÃO. CABIMENTO. 
1. Em regra, as alterações de guarda são prejudiciais para a criança, 
devendo ser mantido a infante onde se encontra melhor cuidada, 
pois o interesse da criança é que deve ser protegido e privilegiado. 
2. A alteração de guarda reclama a máxima cautela por ser fato em 
si mesmo traumático, somente se justificando quando provada 
situação de risco atual ou iminente, o que ocorre na espécie. 4. 
Considera-se que a infante estava em situação de risco com sua 
genitora, quando demonstrado que ela vinha praticando alienação 
parental em relação ao genitor, o que justifica a alteração da guarda. 
5. A decisão é provisória e poderá ser revista no curso do processo, 
15 
 
caso venham aos autos elementos de convicção que sugiram a 
revisão. Recurso desprovido. (Agravo de Instrumento Nº 
70065115008, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 
13/07/2015) 
 
No caso supracitado, é possível observar que a decisão ocorreu antes de 
transcorrido trâmite do processo em sede de agravo de instrumento, de modo que 
a decisão fora baseada em laudo psiquiátrico elaborado pelo Departamento Médico 
Judiciário, o que permitiu ao juiz concluir que a guarda da menor deveria ser 
transferida ao pai, tendo em vista a comprovação da ocorrência da alienação 
parental por parte da mãe. 
Com o advento da Constituição Federal, em 1988, surgiram inúmeros 
avanços e aperfeiçoamentos em relação à proteção dos direitos da criança e do 
adolescente, que passaram a ser sujeitos de direito e dignos de usufruir dos 
mesmos direitos garantidos a todos pela Constituição Federal; ademais, foram 
atribuídos às crianças e aos adolescentes direitos especiais, os quais devem ser 
assegurados pela família, sociedade e pelo Estado. 
Conforme descrito no artigo 277, caput, da Constituição Federal (BRASIL, 
1988), está explicito que: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência 
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. 
 
Todos os direitos citados são de suma importância para as crianças e os 
adolescentes, mas aqui o principal ponto a ser debatido é o direito à convivência 
familiar, que é o direito mais violado em casos de alienação parental. Na alienação 
parental, há a quebra desse direito que é fundamental para a criança e o 
adolescente, visto que o objetivo principal da alienação é separar, distanciar, 
destruir vínculos afetivos e impedir qualquer tipo de convivência familiar que ainda 
restar entre o filho e o genitor alienado. 
Diniz (2003, P. 447) discorre sobre o dever de cuidado imposto pelo Estado 
e descrito no artigo 227, caput, que: 
O poder familiar consiste num conjunto de direitose obrigações, 
quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido 
em igualdade de condições por ambos os pais para que possam 
16 
 
desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo 
em vista o interesse e a proteção dos filhos. 
 
A partir da explicação dada por Diniz, é possível perceber que esse dever do 
poder familiar reforça ainda mais que os responsáveis pelas obrigações com os 
filhos são os genitores e cabe a eles executar esse papel, em igualdade de 
condições, independente dos vínculos afetivos entre o casal. 
 Além do direito ao convívio familiar, a Constituição Federal preceitua o 
princípio da dignidade da pessoa humana, princípio este que serve como base para 
a Constituição, pois engloba todos os direitos fundamentais, reforçando ainda mais 
a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. Desta forma, é entendido 
que o direito ao convívio familiar está legalmente explicitado na Constituição 
Federal. 
8- O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIANTE DA ALIENAÇÃO 
PARENTAL 
 
Não é somente a Constituição Federal de 1988 que garante os direitos 
fundamentais das crianças e dos adolescentes, pois existe ainda um estatuto 
específico para preservar e proteger os seus direitos, isto é, o Estatuto da Criança 
e do Adolescente, instituído pela Lei Federal nº 8.069/1990, promulgada em 13 de 
julho de 1990. 
Segundo Dezem, Fuller e Junior (2009, p. 21), “o Estatuto da Criança e do 
Adolescente é tido como um marco na positivação de leis do Brasil”, pois 
regulamenta e dá efetividade aos dispositivos constitucionais descritos na Carta 
Política de 1988. 
Nesta Lei/Estatuto, estão elencados os princípios que norteiam todos os 
direitos referentes às crianças e aos adolescentes, a fim de garantir a proteção de 
ambos. Assim, o Estatuto coloca em evidência a segurança dessa fase delicada da 
infância, momento que necessita de maior proteção, pois se trata de uma fase de 
desenvolvimento. 
O primeiro princípio abordado no Estatuto da Criança e do Adolescente é o 
da proteção integral à criança e ao adolescente, elencado no artigo 1º. Esse 
princípio visa tutelar os direitos da criança e do adolescente, por conta de sua 
fragilidade. Assim, Silva (2000, p. 1) discorre a respeito desse princípio: 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
17 
 
Entende-se por proteção integral a defesa, intransigente e 
prioritária, de todos os direitos da criança e do adolescente. 
 
Os direitos da criança e do adolescente são considerados a base para o ECA 
(BRASIL, 1990), juntamente com o princípio da prioridade absoluta, pois visam 
sempre a garantia dos direitos fundamentais. O princípio da prioridade absoluta leva 
em consideração a garantia da prioridade em relação à criança e ao adolescente, 
devido ao fato de possuírem como característica principal sua fragilidade e serem o 
futuro da sociedade. O princípio da prioridade absoluta está garantido pelo art. 4º 
do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990): 
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos 
direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao 
esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao 
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer 
circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de 
relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais 
públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas 
relacionadas com a proteção à infância e à juventude 
 
De acordo com o Estatuto, a criança e o adolescente devem estar em 
primeiro lugar, no que concerne aos direitos fundamentais, sobretudo no que diz 
respeito a níveis de preocupação dos governantes, pois são considerados e 
reconhecidos como o “patrimônio da nação e do povo”. Desse modo, a criança e o 
adolescente são considerados o futuro da sociedade e do país e, por isso, carecem 
de um olhar ainda mais protetivo. 
 
9- LEI Nº 12.318/2010: A LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Sancionada no dia 26 de agosto de 2010, a lei nº 12.318/2010 ficou 
conhecida como Lei de Alienação Parental, criada com o intuito de punir e inibir os 
autores da alienação parental, uma vez que essa prática fere um direito fundamental 
da criança e do adolescente. 
Além dos genitores que cometem o ato de alienação, essa lei engloba os 
avós ou qualquer outra pessoa que detenha a guarda da criança ou adolescente. 
18 
 
No artigo 2º, a Lei nº 12.380/2010 (BRASIL, 2010) conceitua o ato de alienação 
parental da seguinte forma: 
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou 
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a 
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância 
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento 
ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação 
parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados 
por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no 
exercício da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência 
familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais 
relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, 
médicas e alterações de endereço; 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste 
ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a 
criança ou adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando 
a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro 
genitor, com familiares deste ou com avós.” 
 
O artigo 2º explica como se inicia a alienação e apresenta alguns efeitos que 
a alienação parental pode causar na criança ou adolescente, além de descrever 
quais as práticas que podem ser realizadas pelo genitor alienante para que se 
caracterize a alienação parental. 
Haja vista que a prática desse delito fere o direito fundamental da criança e 
do adolescente ao convívio familiar, a lei estabelece de forma expressa em seu 
artigo 3º que a prática de alienação parental também constitui e se caracteriza como 
abuso moral. Sendo assim, quando identificada a alienação parental, o processo 
terá tramitação própria e em regime de urgência, de forma que o Ministério Público 
deverá deferir de ofício ou mediante provocação medidas provisórias para inibir tal 
conduta, para que não haja maior prejuízo à criança ou adolescente, sendo 
instaurada alguma medida provisória. 
 Ao genitor poderá ser concedida visitação assistida, salvo em casos que 
haja algum risco para a integridade da criança ou adolescente. Para que seja 
comprovado o ato de alienação parental e os efeitos causados à integridade física 
19 
 
e psicológica da criança, o juiz poderá determinar que algumas medidas sejam 
tomadas, com base no art. 5º da Lei 12.318/2010 (BRASIL, 2010): 
Art. 5o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, 
em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário,determinará 
perícia psicológica ou biopsicossocial. 
§ 1o O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou 
biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, 
entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, 
histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de 
incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da 
forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de 
eventual acusação contra genitor. 
§ 2o A perícia será realizada por profissional ou equipe 
multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão 
comprovada por histórico profissional ou acadêmico para 
diagnosticar atos de alienação parental. 
§ 3o O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a 
ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias 
para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por 
autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada. 
 
O profissional ou equipe que forem designados para realizar os atos acima 
mencionados deverão ser habilitados e comprovar aptidão para poder avaliar e 
diagnosticar os atos de alienação parental. 
Após a realização do laudo e análise do laudo pelo juiz, este irá determinar 
se existe ou não o ato de alienação parental, e uma vez que seja confirmada a 
alienação parental, o juiz deverá e poderá tomar medidas para que tais atos sejam 
inibidos. 
São reconhecidas inúmeras medidas possíveis para a aplicação em casos 
de alienação parental, entre elas estão: advertir ou estipular multa ao alienante, 
implantar acompanhamento psicológico, fixar o convívio familiar em relação ao 
alienado, alterar a guarda para o outro genitor ou implantar a guarda compartilhada, 
manifestar a suspensão da autoridade parental, entre outros. 
Figueiredo e Alexandridis (2011, p. 72) salientam o modo de aplicação das 
medidas que podem ser empregadas pelo juiz: 
Acerca dos sete incisos previstos neste artigo, apesar de aparentar 
certa gradação quanto à gravidade da previsão imposta, não se 
deve partir do pressuposto que esta sequência seja 
necessariamente fixa e imposta para que seja seguida nessa ordem 
pelo juiz. O magistrado não está vinculado a obedecer 
progressivamente às medidas, ficando ao seu critério a análise de 
cada caso concreto e adaptação de qual dessas ou outras acredita 
ser necessária naquela determinada situação, ainda que possa 
aplicá-las cumulativamente. 
20 
 
 
É importante ressaltar que o juiz poderá cumular uma ou mais medidas, caso 
sejam necessárias para inibir a prática da alienação parental. Assim, deve-se levar 
em conta também que essas medidas não se enquadram como uma forma de 
punição ao alienante, mas sim uma forma de proteção à criança ou adolescente. 
Após a aplicação dessas medidas, o artigo 8º da Lei nº 12.380/2010 impõe 
que caso o genitor queira mudar o domicílio da criança ou adolescente, para 
dificultar o processo, isso será irrelevante para a determinação da competência. 
A criação dessa lei é considerada de suma importância, no que tange à 
proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo demasiadamente 
relevante para a aplicação de jurisdição nos casos de alienação parental, uma vez 
que visa auxiliar o judiciário brasileiro que até então não possuía legislação e meios 
específicos para julgar e lidar com situações referentes à alienação parental. Desse 
modo, a criação da lei 12.318/2010 tornou mais fácil para um magistrado tomar 
providências tanto para que haja maior proteção à criança e ao adolescente, quanto 
para punir e coibir as ações do alienante. 
 
10- CONCLUSÃO 
 
A partir de todo o exposto, é possível entender que a alienação parental é 
um problema ocasionado, via de regra, pelo processo de divórcio, quando um dos 
cônjuges não aceita o término do relacionamento ou, simplesmente, deseja vingar-
se do seu ex-companheiro ou ex-companheira, de maneira que usa os filhos como 
objeto para atacar o outro genitor, sem se preocupar com o dano que esse ataque 
pode produzir em seus filhos. 
Buscou-se com esta pesquisa mostrar a relevância e a importância da Lei 
12.318/2010 que, somada à Constituição Federal e ao Estatuto da Criança e do 
Adolescente, contribui para solucionar e interromper abusos relacionados com a 
Alienação Parental. 
Desta forma, entende-se que com o crescimento dos casos de alienação 
parental, no país, o Estado é procurado para resolver essa demanda, de forma que 
quando há indícios de alienação parental, o juiz deverá basear-se em provas, 
relatórios psicológicos e laudo pericial, para agir de ofício ou mediante provocação 
e adotar medidas que visem pôr um fim no abuso; essas medidas estão todas 
21 
 
descritas na Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental) e devem ser usadas de 
forma que busquem a reparação dos efeitos negativos gerados pelo genitor 
alienante. 
Por fim, deve-se entender que embora seja dever do Estado garantir um 
desenvolvimento de qualidade aos menores, cabe aos pais mesmo que separados 
garantir de forma consciente e humana a manutenção da relação entre pais e filhos, 
de forma que essa relação não sofra ataque, e que assim possam mesmo que 
separados suprir as necessidades de família que tanto as crianças como os 
adolescentes necessitam para sua formação como cidadãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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