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DESIGN DE LOJA E VISUAL MERCHANDISING AULA 1 Prof.ª Raquel de Araújo 2 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo(a) à nossa aula! Falaremos sobre os aspectos introdutórios do design de lojas e visual merchandising, abordando os seguintes tópicos: 1. História do visual merchandising. 2. Semiótica. 3. Conceitos básicos. 4. Objetivos do design de loja e do visual merchandising. 5. Tendências do design de loja e do visual merchandising. CONTEXTUALIZANDO Os estudos e técnicas de design de loja e visual merchandising vêm sendo difundidos como nunca entre as empresas de comércio varejista pelo mundo. Num cenário competitivo e com clientes cada vez mais exigentes com ambiente, estilo, preço e posicionamento da marca, é preciso preocupar-se com a forma como é planejada a exposição dos produtos, vitrines, iluminação, ambiente da loja e em como criar um espaço realmente vendedor. TEMA 1 – HISTÓRIA DO VISUAL MERCHANDISING O início do varejo se deu quando o homem deixou de ser nômade e tornou-se sedentário, construindo núcleos sociais mais complexos do que acampamentos. Os indivíduos começaram a fazer trocas e logo perceberam a necessidade de produtos diversificados para a sua sobrevivência e que, ao serem especialistas na produção de bens, teriam maior vantagem em suas trocas, tanto em função de qualidade como da quantidade produzida. Foi a partir do século XI, com as Cruzadas, quando novos territórios foram sendo ocupados, que o varejo como conhecemos hoje teve início, por meio do comércio de mercadorias entre Ocidente e Oriente. Nesta época, as pessoas puderam, de fato, obter lucro com o comércio. Os comerciantes, até o final do século XVIII, não se importavam com a aparência de suas lojas e a apresentação das mercadorias à venda. Os produtos eram expostos em pequenas quantidades e a venda era feita por trás de um balcão e com um atendente, que direcionava as vendas conforme seus interesses. 3 A evolução do visual merchandising ocorreu junto à evolução do varejo (Bhalla; Singhal, 2010). Quando as pequenas e obscuras lojas, em vez de manterem suas mercadorias guardadas em salas, começaram a mostrá-las ao público, surgiu a necessidade de expor melhor, o primeiro passo na evolução do visual merchandising. 1.1 Vitrines Em 1840, com o desenvolvimento de novas tecnologias, foi possível a fabricação de vidros com dimensões maiores que seriam utilizados para montar as primeiras vitrines, permitindo aos proprietários das lojas exporem seus produtos com mais destaque. No início do século XIX, na Europa, ocorreu o desenvolvimento das arcadas, também chamadas de passagens, que eram ruas cobertas com estruturas de ferro e vidro (uma espécie de claraboia). Elas se estendiam por todo o comprimento do corredor, proporcionando um ambiente completamente fechado e visualmente estimulante para as compras (Morgan, 2011). Figura 1 – Strand Arcade Sydney Mail, 1892 FONTE: NEW SOUTH WALES,PHOTO TAKEN BY NEW SOUTH WALES POLICE DEPARTMENT, 1937. 1.2 Exposições universais O surgimento das exposições universais – as grandes feiras –, no início do século XIX, nas quais muitos países apresentavam suas novidades, fez 4 acentuar a necessidade de melhorias na exposição, orientação e sinalização de produtos para a comercialização (Barbuy,1999). A primeira das grandes exposições universais surgiu em Londres, no ano de 1851, com o nome de Great Exhibition of the Works of Industry of All Nations. Concebida inicialmente como exposição industrial e comercial, em um clima aquecido pela recente Revolução Industrial, trouxe novidades que precisavam ser apresentadas de forma valorizada ao público. “As Exposições Universais venderam mais do que simplesmente produtos, venderam valores. O que se vendia era – sim – um gênero de vida, uma construção política e ideológica, e visões de uma sociedade futura idealizada” (Barbuy,1999, p. 40). Figura 2 – Crystal Palace, Londres, 1851 CRÉDITO: EVERETT HISTORICALSHUTTERSTOCK Os expositores começaram a perceber que seriam mais bem-sucedidos se mostrassem suas mercadorias de forma aberta e estratégica para o público. Os objetos, então, passaram a ser colocados sobre plataformas ou pedestais, e não mais diretamente sobre o chão, elevando a mercadoria à altura dos olhos do espectador. A exposição era muitas vezes temática, criando uma atmosfera de terra distante e exótica. A Exposição de Paris de 1899, por exemplo, incluía uma réplica de uma rua no Cairo (Egito), com dançarinas do ventre. Os expositores queriam que as pessoas pudessem se sentir como se tivessem acabado de entrar em outro mundo (Silva, 2011). 5 1.3 Lojas de departamentos Em 1909, o empresário norte-americano Gordon Selfridge inaugurou em Londres a Selfridges, uma moderna loja de departamentos, que se converteu em referência do comércio britânico (Morgan 2011, p.13). As exposições mundiais serviram de inspiração para as lojas de departamento, e nelas iniciou-se o conceito de visual merchandising, técnicas de exposição que direcionam o consumidor a ter experiência durante a compra. E o melhor exemplo de loja foi a Selfridges. Figura 3 – Loja Selfridges, Londres CRÉDITO: PETER JACKSON COLLECTION / BRIDGEMAN IMAGES/FOTOARENA As vitrines da Selfridges sempre chamaram a atenção, principalmente durante à noite, porque eram iluminadas e isso não era comum, e por serem inovadoras para a época. Nessa linha de tempo da história do visual merchandising, o uso do luxo no design de interiores, em um esforço para trazer a beleza e conforto do exterior ao interior, foi decisivo em seu fortalecimento. “As lojas de departamentos, sempre precursoras, se esforçaram para exalar um sentimento de luxo, mesmo que fosse só uma impressão. Havia enormes lustres, vitrais, mármores, tapetes orientais, pisos de madeira polida, obras de arte e varandas” (Silva, 2011). 1.4 Consumo on-line “Comprar sempre foi uma atividade social e a emoção envolvida continuará sendo a principal parte da experiência do consumidor” (Morgan, 2011, 6 p.15). O maior desafio enfrentado pelas lojas atualmente são as compras online, pois a comodidade é um critério de escolha ao consumidor. Mais do que nunca, lojas físicas precisam que os consumidores entrem e comprem, e o visual merchandising, neste processo, é fundamental para atrair e prender a atenção. Novas tecnologias, como RFID (identificação por rádio frequência), são empregadas para tornar a experiência real o mais agradável e simples possível. A tecnologia está se tornando cada vez mais avançada e sofisticada, o que torna as experiências de compra mais rápidas, inteligentes, informadas, interativas e, acima de tudo, mais cativantes. A tecnologia nos leva não só ao mundo virtual, mas também aumenta a experiência na loja física (Bailey; Baker, 2014, p. 162). O consumidor pode ir às lojas para ver as liquidações, buscar certo artigo, ou simplesmente encontrar amigos e ver vitrines. De qualquer forma, o papel do lojista é garantir que o consumidor não apenas compre, mas tenha uma experiência positiva dentro da loja. Com as novas tecnologias e um bom visual merchandising, esse objetivo é facilmente alcançado (Morgan, 2011). Sugestão de filme Assista à série Mr Selfridge, na Netflix, e conheça um pouco mais sobre a história do visual merchandising. FONTE: MR SELFRIDGE, PRODUTORES:CHRISSY SKINS, REINO UNIDO, 2013-2016. TEMA 2 – SEMIÓTICA A nossa mente tem acesso ao mundo externo por meio de representações. Quando vemos uma rosa vermelha, por exemplo, criamos uma 7 imagem mental, que é uma cópia daquele objeto original, mas que não é o objeto original, pois não é a rosa vermelha que está dentro de nossa cabeça. Conseguimos ter uma noção de que ela existe graças à representação que nossa mente cria parasi mesma. Esta criação – a representação de determinada coisa – é chamada de signo. A palavra semiótica vem do grego, em que semeion significa signo, e ótica, ciência. Semiótica, portanto, é o estudo dos signos e de como os percebemos em nossa vida. E, como disse Décio Pignatari (1979), semiótica é uma coisa que representa outra coisa. A semiótica é a ciência do funcionamento do pensamento, destinada a explicar como o ser humano interpreta o entorno/ambiente envolvente, cria conhecimento e o partilha. Sua importância para a comunicação, para o design e para a arquitetura é fundamental, pois estudá-la, entendê-la e aplicá-la nos faz ter um olhar mais apurado, crítico e sensível. Saber o porquê de as coisas estarem ali, em uma embalagem, comercial, vestimenta ou loja permite que saibamos utilizar os elementos e os signos apropriados para cada linguagem e para cada construção de sentido. Quando atribuímos significados por meio do conceito da semiótica, construímos marcas fortes e estruturadas, reconhecidas no mundo todo. 2.1 Os signos Significado é uma imagem que temos em nossa mente. Ao ouvirmos a palavra circo, por exemplo, nos vem à mente a imagem de um circo colorido qualquer. A esta imagem damos o nome de significado. À palavra circo, que nos fez criar a imagem em nossa mente, damos o nome de significante. E signo é a soma de significante e significado. Segundo Ferdinand de Saussure, linguista e filósofo suíço, “Nossa linguagem é um sistema de signos, altamente dinâmico, que constrói e desconstrói significados o tempo inteiro. Isso nos ajuda a entender como nosso vocabulário vai se transformando com o passar dos anos”. Os signos, por sua capacidade de unir significado e significante, são muito utilizados na comunicação, fazendo com que a mensagem a ser transmitida – marca, produto, anúncio ou loja – seja facilmente identificada e compreendida. 2.2 Índices 8 Índices são indicativos que comunicam as mensagens que não estão completas, apenas sugeridas. Pegadas na lama, por exemplo, significam que alguém passou por ali. O índice é compreendido, pois, mesmo sendo parte de uma mensagem, ela já foi experimentada pelo público anteriormente. 2.3 Sinais Os sinais transmitem uma informação que é percebida por todos de uma mesma maneira. São simples, de compreensão rápida e servem para informar ou identificar locais e serviços. É preciso, porém, que se conheça antecipadamente o código de sinal para que, a partir daí, se tenha o mesmo entendimento, como as placas de trânsito, que devem ser conhecidas e interpretadas por todos da mesma maneira. 2.4 Símbolos Os símbolos são imagens de marca e de identidade, e só são percebidos por quem os conhece. Não têm, necessariamente, uma relação com o que é representado. A cor branca, por exemplo, representa ou simboliza a paz para quem tem essa informação. Os símbolos, portanto, são a representação arbitrária (sem lógica ou explicação aparente) de um objeto por força de uma associação de ideias. As pessoas, por exemplo, simplesmente aceitam o símbolo x como a representação da multiplicação. Símbolos nos dão associações de ideias e, muitas vezes, provocam sensações emocionais. Essa é sua força: construir sentidos e transmitir sensações, não necessariamente nessa ordem. 2.5 Ícones Quando um signo tem relação visual direta com a imagem que representa, ele é chamado de ícone. Uma fotografia de uma casa ou uma escultura de um cavalo, por exemplo, podem exemplificar ícones, pois representam de forma direta a casa e o cavalo, os objetos a que se referem. 2.6 Semiótica e comunicação Aprendemos desde cedo como cada letra do alfabeto foi, arbitrariamente, 9 definida para ter um som. Esta arbitragem, diferente em cada idioma, define como as letras, que são símbolos, serão vistas e imaginadas. As palavras, formadas por letras, também são símbolos que, ao serem formadas, passam a significar na mente das pessoas aquilo que representam. Se pensarmos na palavra Volvo, por exemplo, é possível imaginarmos o desenho das letras que formam a marca e associá-la à imagem de um caminhão. Este poder de se imaginar a totalidade de uma marca por meio de um nome chamamos de força da marca. Ela proporciona a força no mercado, e a semiótica tem papel fundamental nesse processo. “Em vez de falar em portfólios de produtos, as empresas devem gerar portfólios de marcas, pois a marca não é o produto: ela define seu significado, define sua identidade no tempo e no espaço” (Kapferer, 2003). 2.7 Semiótica e o design A base da comunicação é formada por signos, os quais, organizados em códigos, formam o sistema de linguagem. Quando bem aplicada, a semiótica permite que ideias sejam transmitidas com sentido e facilidade. É preciso que os conceitos da semiótica sejam difundidos para que o design seja cada vez mais utilizado e eficiente. 2.8 Semiótica e o visual merchandising O visual merchandising utiliza a semiótica para, ao construir arquétipos, atingir o público, consciente ou inconscientemente, naquilo que se propõe a transmitir. Os arquétipos podem ser formas, sons, gestos, símbolos, comportamentos, atitudes, situações, odores, toques, personalidades etc. (Couto, 2004). Esta utilização, entretanto, ainda é tímida. Muitos profissionais, se tivessem a informação, que envolve cultura e sociologia, e dominassem a técnica da comunicação e da arte com a criação de arquétipos, tornariam seus trabalhos mais vistos e melhor compreendidos com facilidade e agilidade. Saiba mais Leia sobre a semiótica aplicada no visual merchandising: <http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistaiara/wp- content/uploads/2015/04/60_Iara_artigo_ed-vol-8-n-1-ano-2015.pdf>. 10 TEMA 3 – CONCEITOS BÁSICOS 3.1 Marketing É um processo de planejamento, execução, preço, comunicação e distribuição de ideias, bens e serviços, de modo a criar trocas (comércio) que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais. A ação de marketing é mais ou menos ampla, conforme o enfoque de cada empresa (Blessa, 2015, p. 1). 3.2 Varejo “Varejo consiste nas atividades de negócios envolvidas na venda de qualquer produto ou prestação de qualquer serviço a consumidores finais, para utilização ou consumo pessoal, familiar ou residencial” (Frauze, 2011, p. 1). 3.3 PDV “PDV, ou Ponto de Venda, é qualquer estabelecimento comercial que exponha serviços ou produtos à venda aos consumidores” (Bessa, 2015, p. 5). 3.4 Marca A marca deve contar a cultura da empresa e do produto, articular o imaginário, comunicar os valores, o propósito, a estética e os desejos do consumidor. A marca cria uma conexão com consumidor e o PDV, ora mais acessível, quando é uma marca popular, ora mais restrita, quando é uma marca mais sofisticada. A comunicação no ponto de venda deve relacionar atributos da marca no espaço, os quais são: “identificação, apropriação, direito de propriedade, diferenciação e qualificação” (Ronnó, 2005). 3.5 Merchandising São ações desenvolvidas no ponto de venda com o objetivo de fornecer informações e visibilidade aos produtos, marcas e serviços, tendo como propósito influenciar as decisões de compra dos consumidores. 3.6 Visual merchandising Estratégia de vendas para ambientar o ponto de venda, adequando a 11 disposição dos mobiliários, equipamentos e produtos, visando funcionalidade, agilidade, harmonia e sedução do cliente. Visual merchandising significa saber qual a melhor forma de expor os produtos para vendê-los, o que será o diferencial entre uma loja e outra. É, portanto, fundamental identificar suas principais características e aplicá-las no visual da loja. O visual merchandising deve comunicar a identidade e enriquecer o perfil da marca, provocando impacto e atração visual, atraindo os clientes para dentro da loja, criando uma atmosfera, simplificandoa experiência de compra, gerando oportunidades de divulgações e maximizando o aproveitamento do espaço comercial para, consequentemente, aumentar as vendas. (Bailey, Baker, 2014). O visual merchandising é, portanto, a arte e a ciência de apresentar produtos visualmente mais atraentes, é a “linguagem da loja”, como o varejista se comunica com os consumidores. Saiba mais Leia sobre a importância do visual merchandising: <https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf /dbc3c224a2a4ec9fdc232a478b77a351/$File/4994.pdf>. TEMA 4 – OBJETIVOS DO DESIGN DE LOJA E VISUAL MERCHANDISING O design de loja e o visual merchandising preparam o ambiente para a compra, com o objetivo de chamar a atenção para o espaço em exposição, motivando e induzindo o consumidor a comprar, utilizando-se da decoração, do design e da arquitetura e provocando estímulos que fazem o consumidor perceber determinados produtos. “Não basta o consumidor conhecer os produtos e suas qualidades, ele tem que desejá-los” (Ronnó, 2005). Segundo Silva (2018), são várias as ferramentas do design de loja e visual merchandising que criam a ambientação e exposição dos produtos: • iluminação; • fachada; • arquitetura; • design de interiores; • vitrines; • exibitécnica; • elementos decorativos; • locação de espaço comercial; • layout de loja comercial; • marketing sensorial; • expositores visuais; • mobiliário visual; • sinalização; • material promocional; 12 • imagem da equipe de vendas; • cores. Essas ações de merchandising têm como meta (Bessa, 2015, p. 4): • induzir novos consumidores à experimentação e à compra; • influenciar os consumidores atuais, estimulando fidelidade à marca; • aumentar a participação de mercado; • apresentar inovações; • diferenciar a marca de seus concorrentes; Para que haja o encantamento do público por um produto e a consequente compra, é preciso que ele seja surpreendido, e isso começa pela visão. O visual merchandising tem papel fundamental no aumento da visibilidade do produto na loja. Por meio dele, o consumidor poderá se localizar e escolher qual a melhor opção. Este poder de escolha lhe confere a sensação de liberdade, e isto é o que ele precisa para se sentir bem no local e ter vontade de voltar ali. Algumas lojas oferecem um número reduzido de opções propositalmente, uma estratégia que segue o princípio da escassez: “quando objetos valiosos são raros, limitar artificialmente sua disponibilidade aumentará o valor percebido desses bens (Kardes, 2011). As mercadorias devem ser tangíveis e de fácil acesso para que os consumidores possam tocá-las. Embora a visão seja o sentido dominante para a coleta de informações, tocar no produto estabelece uma conexão emocional, e esta ainda é a maior vantagem das lojas físicas sobre as lojas online. O visual merchandising tem suas estratégias relacionadas ao marketing e à comunicação. A correta exposição dos produtos, de acordo com marca, categoria, uso e público, utilizando uma ou várias técnicas combinadas, além de tornar os produtos mais visíveis, os torna mais atraentes, produzindo seu destaque e acentuando seu valor ao público. Os objetivos do visual merchandising são: • favorecer o ato da compra; • facilitar o percurso do cliente por todo o PDV, por meio da setorização, trilhas e placas orientativas; • aumentar a legibilidade da oferta, sugerindo oportunidades e propondo comparação de preços; 13 • oferecer um serviço coerente com a imagem da marca, por meio da utilização de uniformes pela equipe de vendas, sinalização, provadores adequados, espaços de descanso e caixas rápidos. • dar a noção de qualidade total, com cuidados que valorizam os produtos; • eliminar estoques no PDV e provocar estoque do produto no lar; • gerar tráfego nas lojas e dar incentivo aos canais de distribuição. Pesquisas revelam que 85% da decisão de compra ocorre no PDV, pois é o momento em que todos os elementos da compra se encontram: produto, consumidor e dinheiro. Segundo pesquisa do Sebrae São Paulo (2013), pelo Programa Comércio Varejista aplicado em 157 cidades paulistas, a simples melhoria nos aspectos do visual merchandising amplia as vendas de 12% a 40%. A mercadoria, então, deve estar visível dentro do ponto de venda. Embora isso seja óbvio, muitas vezes não acontece – mercadorias ficam ocultas em displays ou estoques e não são repostas regularmente. TEMA 5 – EXEMPLOS DE TENDÊNCIAS PARA O VISUAL MERCHANDISING O grupo de tendências específico da área faz menção às alterações menos cíclicas que inferem em toda a ambientação do ponto de venda, a qual vai da superfície de materiais utilizados em equipamentos de exposição até o estilo dos manequins. O ciclo de vida das tendências de visual merchandising é maior uma vez que os custos para alteração de toda arquitetura comercial são muito elevados. De acordo com Vilas Bôas (2014), seguem exemplos de tendências: • PDV clean: os movimentos de diacronia e sincronia de tendências já apontam à alternância entre opostos, logo, após a overdose de lojas conceito, multicoisas e sobrecarregadas, surge a tendência de lojas mais clean, possibilitando que o consumidor mais apressado possa identificar com maior facilidade aquilo que precisa. • Brasilidade: criação de marcas com design focado no DNA nacional, que possam servir de espelho ou material de exportação para o varejo global. • Cromático: essa tendência abarca a gama de cores do arco-íris na construção das ambientações, porém sem se sobrepor aos produtos. O colorido energiza a personalidade da loja, seja como plano de fundo ou nos próprios equipamentos e displays. 14 • Monocromático: a ideia é se apropriar de uma cor e seus tons e usá-las não só a favor do ambiente comercial, mas na apropriação das marcas, assim como o branco está para Apple, o azul para Tiffany, o laranja para Nextel e o amarelo para Saraiva. • Legado: é abarcar no passado, buscar algo que tenha um referencial real ou artificial que possa trazer ao cliente, por meio da decoração ou comunicação visual, algum significado especial e afetivo. • Imersão: é lembrar da Disney e mergulhar o cliente num universo como se ele fosse personagem de uma história. • Biomimética: é a ideia de se inspirar na natureza para criar design mais orgânico, como o de um inseto, uma célula, uma planta, as mais diversas e diferentes opções que a natureza nos fornece. • Ser local: levar a ideia e o conceito da comunidade local para a loja, sendo literal na reprodução da inspiração ou na própria conservação do espaço histórico que vai virar loja, o que passa pela valorização de artistas e momentos históricos locais. • Textura: incorporar a materialidade e o ritmo das texturas no PDV, em diversas formas e camadas, do chão aos equipamentos. • Hiperescala: utilizar-se de algo familiar de forma maximizada, podendo, muitas vezes, remeter ao humor. É uma das formas de trabalhar o processo de percepção do consumidor, surpreendendo com o resultado. • Repetição: repetição dos manequins (monocromático ou em dégradé) funciona bem para apresentar uma linha de produtos ou minicoleção. • Étnicos: diversidade cultural e forte influência negra e asiática (manequins). • Mix and match: mistura de materiais: tecido, couro, madeira, metal, resina (manequins). 5.1 Euroshop, Alemanha A Euroshop é a maior e mais importante feira de visual merchandising, que acontece a cada três anos em Düsseldorf, na Alemanha, e reúne mais de dois mil expositores. O espaço é dividido em quatro importantes segmentos: • EuroConcept – espaço dedicado a técnicas de iluminação, revestimento, Arquitetura & Design, móveis e equipamentos de refrigeração. 15 • EuroCis – oferece soluções de TI, segurança e logística. • EuroSales – voltada para o setor de visual merchandising, marketingpromocional e PDV. • EuroExpo – traz propostas para concepção de stands, sistemas de exposição e espaços comerciais (Vilas Bôas, 2014). 5.2 NRF, Estados Unidos A NRF é uma feira que acontece anualmente em Nova York. Além de ser uma grande oportunidade para conhecer as novas tendências do varejo para o ano seguinte, os visitantes participam de palestras e workshops e ainda têm uma grande oportunidade de networking. 5.3 Outros eventos Considerada o maior evento latino-americano voltado ao design de lojas, a Redesign é obrigatória para quem atua diretamente com o varejo brasileiro e/ou internacional. E, paralela a ela, acontece a FICSEL, uma feira Internacional de Conceitos em Serviços e Equipamentos para Loja. O RDI (Retail Design Institute) e o WGSN (Worth Global Style Network) também promovem painéis de tendências, anualmente, com base em pesquisas próprias – e de acesso pago. A busca visual é o futuro da compra por impulso (Vilas Bôas, 2014). Saiba mais Leia sobre a importância do visual merchandising: <https://revistapegn.globo.com/Administracao-de-empresas/noticia/2017/01/5- dicas-de-como-utilizar-o-visual-merchandising-na-sua-loja.html>. TROCANDO IDEIAS Leia o case (Sebrae, 2014) e responda às questões estabelecidas. Sônia Acessórios Sônia é uma comerciante alegre e carismática, que há 15 anos toca sua loja de acessórios femininos num bairro popular de sua cidade. Depois de muito trabalho e dedicação, conseguiu formar uma pequena clientela. 16 Sônia tinha o hábito de ir ao shopping para atualizar seus preços e verificar os acessórios que estavam na moda. Gostava de dizer que seu maior sonho era reformar sua loja nos moldes das lojas de shopping. Há cerca de três anos, decidiu transformar o sonho em realidade, abriu uma poupança e juntou o dinheiro necessário para realizar a reforma. Ela acreditava que um espaço novo era suficiente para conquistar mais clientes e aumentar suas vendas. Ela mesma contratou os profissionais de construção e disse que desejava ampliar sua loja tendo como modelo a loja de shopping. Informou que a reforma seria feita tanto na parte externa e interna da loja. Sônia investiu numa decoração sofisticada para o espaço reformado, na modernização do mobiliário e na iluminação. Resolveu então expor todos os acessórios em vitrines. Apesar dos novos revestimentos no pisto, teto e parede, manteve os mesmos espaços da loja antiga, apenas sofisticando-a. Os custos fugiram do seu controle e teve de fazer empréstimos para completar a tão sonhada reforma. Contudo, após um mês da reforma, não houve aumento nas vendas. Havia um número maior de pessoas que olhavam as vitrines, mas não entravam na loja. • Por que a clientela não aumentou, mesmo a loja sendo reformada? • Que erros Sônia cometeu em relação ao visual de sua loja? • Que conselhos você daria para ajudar Sônia a aumentar suas vendas, tomando como base o visual da loja? NA PRÁTICA Todos esses aspectos do design de loja e visual merchandising ainda são pouco explorados, embora tenham se desenvolvido há muito tempo – desde os antigos comerciantes em 1840, com o invento das primeiras vitrines. Dada a necessidade de se manter eficiente no mercado e buscar mais estratégias de vendas no PDV, percebe-se que é fundamental o papel do design de loja e do visual merchandising. Aliados às boas práticas presentes nas grandes redes varejistas, eles trazem resultados positivos às vendas. O design de loja e o visual merchandising são ferramentas importantes e acessíveis para traçar planos, estratégias e utilizar técnicas, não mais como 17 diferencial, mas algo essencial para se criar um ambiente comercial atrativo aos clientes de hoje. Assista ao vídeo no link a seguir e veja como se dá a preocupação com a apresentação do produto dentro do espaço da loja: <https://www.youtube.com/watch?v=OHVqGExpbtM&t=15s>. Com base no vídeo, como você destacaria o papel do design de loja e do visual merchandising para o comércio varejista? FINALIZANDO Nesta aula conhecemos um pouco da história, do mundo que nos rodeia por meio da semiótica, e conceitos, objetivos e tendências do design de loja e do visual merchandising, pois esses conhecimentos serão fundamentais para embasar nossos próximos estudos. A loja física pode possibilitar uma experiência, por meio de estímulos e emoções vivenciadas na jornada de compra. Existem lojas que criam conexões com clientes e outras que, mesmo sendo bem planejadas, não despertam os mesmos desejos. O que difere umas das outras são elementos como: interação com o produto, ambientação, exposição, design, aprendizado, comunicação e atendimento. É possível incorporar estes elementos às lojas e, com eles, proporcionar experiência aos clientes, despertando o desejo de comprar e de voltar àquela loja. Saiba mais Leia sobre a experiência nas lojas reais: <http://alicewonders.ws/blog/2018/03/15/experiencia-de-compra-como-as-lojas- estao-evoluindo-para-encantar-o-consumidor/>. 18 REFERÊNCIAS BAILEY, S.; BAKER, J. Moda e visual merchandising. 1. ed. São Paulo: GG, 2014. BLESSA, R. Merchandising no ponto-de-venda. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MALHOTRA, N. Design de loja e visual merchandising. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. MATTAR, F. N. Administração de varejo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2011. MORGAN, T. Visual merchandising. 2. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. SERRENTINO, A. Varejo e Brasil. 1. ed. São Paulo: Varese, 2015. SILVA, J. E. V. B.; CRESCITELLI, E.; ALVAREZ, F. J. S. M. Evolução da atmosfera de loja e suas contribuições na ressignificação do visual merchandising de moda. Projética, Londrina, v. 9, n. 2, jul./dez. 2018. UNDERHILL, P. Vamos às compras. 2. ed. São Paulo: Campos, 1999. VILAS BÔAS, E. Tendências para o visual merchandising e varejo de moda. Disponível em: < http://www.mmdamoda.com.br/redesign2014-tendencias-para- o-visua/>. Acesso em: 14 maio 2019. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS
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