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PATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA Sandra Muttoni Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 Revisão técnica: Juliana S. Closs Correia Nutricionista (Centro Universitário São Camilo) Mestre em Biologia Odontológica (UNITAU) Especialista em Metodologia do Ensino Superior (UniSL) Coordenadora do Curso de Nutrição do UniSL Secretária da Associação Brasileira de Educação em Nutrição (ABENUT) M992p Muttoni, Sandra. Patologia da nutrição e dietoterapia / Sandra Muttoni ; revisão técnica: Juliana S. Closs Correia. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. 373 p. : il. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-100-6 1. Nutrição - Doença. 2. Dietoterapia. 3. Nutrição – Alimentação I. Título. CDU 616.39 Iniciais_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 2 27/06/2017 17:40:07 Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular: doença aterosclerótica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer como se dá o processo � siopatológico da doença aterosclerótica. Identi� car os fatores de risco relacionados com a prevenção de eventos cardiovasculares. Descrever as recomendações dietéticas adequadas para a prevenção de doenças cardiovasculares. Introdução A doença aterosclerótica se desenvolve através de um processo lento e complexo, que culmina com a ocorrência dos eventos cardiovasculares. As doenças cardiovasculares estão entre as maiores causas de morte da atualidade, e a prevenção é o elemento-chave para a modificação deste cenário. Neste texto, você vai estudar como acontece a fisiopatologia da doença aterosclerótica, e quais são as recomendações de conduta de assistência em saúde para a prevenção deste processo, enfatizando os cuidados nutricionais adequados a essas patologias. U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 215 23/06/2017 15:35:08 Fisiopatologia da doença aterosclerótica A doença aterosclerótica está relacionada com a maior causa de morte na atualidade no mundo ocidental. Estima-se que um terço dos indivíduos do sexo masculino após os 65 anos, por exemplo, irão morrer devido a um evento cardiovascular, que será causado pela doença aterosclerótica. Além da alta prevalência, a doença aterosclerótica muitas vezes apresenta uma evolução silenciosa e, então, quando se manifesta, pode ser fatal. A elevada prevalência desta doença ocorre pela alta frequência em que seus fatores de riscosão en- contrados na população, tais como: tabagismo, hipertensão arterial, obesidade, diabetes e dislipidemia. O processo da arteriosclerose em relação à placa aterosclerótica pode ser dividido em três fases: formação; desenvolvimento; agudização da placa. Cada uma dessas fases possui uma fisiologia que envolve fatores próprios, que devem ser reconhecidas em cada paciente, para que seja montada uma estratégia de atenção adequada à fase específica do processo em que o paciente se encontra. Formação e desenvolvimento da placa aterosclerótica O processo inicia quando acontece uma lesão no endotélio, que constitui a camada interna dos vasos sanguíneos. Com a ocorrência da lesão, existe uma perda no equilíbrio funcional do endotélio, que possui várias funções, entre elas, através da produção de óxido nítrico, a inibição da agregação plaquetária e a proliferação de células de músculo liso, além de reduzir a aderência de monócitos. Vale constar que níveis reduzidos de óxido nítrico estão relacio- nados com diabetes, hipertensão arterial, e tabagismo. Além disso, a agressão endotelial é mediada por diversos fatores, tais como: produtos do tabagismo, glicação endotelial no diabético, presença de hipercolesterolemia e formas de LDL oxidado, ou denso e pequeno. Distúrbios do fl uxo sanguíneo também podem estar envolvidos com a lesão aterosclerótica. Em essência, o LDL-colesterol entra em contato com a superfície íntima da artéria, através dos seus receptores, e sofre oxidação. Ao penetrar no subendotélio, as ações de enzimas provocam a peroxidação lipídica. Assim, Patologia da nutrição e dietoterapia216 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 216 23/06/2017 15:35:09 a LDL oxidada age como um estímulo para que o subendotélio libere uma série de mediadores de resposta inflamatória, as chamadas citocinas, que por sua vez, promovem a ativação do macrófago presente no subendotélio, que inicia a fagocitose do LDL. O macrófago ativado, juntamente com o endotélio, através da liberação de determinados fatores na circulação sistêmica, promovem a atração de monócitos circulantes. Nesse processo o endotélio expressa vários subtipos de receptores para a adesão, rolamento e penetração do monócito circulante no endotélio. Após estar fixado a estes receptores, o monócito altera o seu formato de circular para fusiforme, enquanto vai deslizando sobre o endotélio vascular, até ocorrer a penetração pelo ponto de ligação das células endoteliais. Este processo acarreta uma disjunção das células endoteliais e uma disfunção funcional do endotélio vascular. Quando alcança o subendotélio, o monócito circulante diferencia-se em macrófago e potencializa a fagocitose do LDL. O LDL do subendotélio necessário para as atividades metabólicas usuais não é fagocitado, pois os macrófagos identificam, através de receptores, somente o LDL oxidado para ser fagocitado. Este processo de fagocitose vai permitindo a aglomeração de macrófagos ativados, que agora estão aumentados e com forma circular. Este conglomerado de macrófagos formam as células espu- mosas no subendotélio vascular, que se apresentam na luz vascular formando as estrias gordurosas. As estrias gordurosas são as primeiras lesões na aterosclerose, sendo células não obstrutivas, cheias de lipídios, que se formam nas curvas das artérias em resposta à lesão crônica no endotélio arterial. Com a manutenção do estímulo, ocorre a amplificação do estímulo infla- matório, onde há liberação de citocinas pró-inflamatórias, como a TNF alfa, interferon gama e interleucinas 1 e 6, que ativam os linfócitos T, potenciali- zando a atuação dos macrófagos e liberação de citocinas. Além das citocinas, os macrófagos também liberam fator de crescimento plaquetário (PDGF), que atua sobre a célula muscular lisa da média da artéria, promovendo sua proliferação e migração, e acelerando também a sua morte através da apoptose. O PDGF é o fator beta de crescimento (produzido por linfócitos e macró- fagos) estimula a produção de colágeno pelas células musculares lisas, e com isso ocasionaem um aumento na matriz extracelular, servindo de base para a formação da cápsula fibrosa. Além do aumento da produção de colágeno, a célula muscular lisa também produz as metaloproteinases, que são enzimas proteolíticas responsáveis pela degradação de colágeno, fibrina e elastina. Além disso, as metaloproteinases facilitam a migração de células musculares lisas para o subendotélio, através da degradação da elastina. Adicionado a 217Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 217 23/06/2017 15:35:09 estas modificações estruturais, têm-se uma migração e proliferação de células endoteliais em direção ao subendotélio para que em torno da lesão inflamatória seja formada a neovascularização. A cápsula fibrosa que foi formada pelo colágeno e migração das células musculares irá envolver o conteúdo lipídico, que ficará isolado e será mantido pela neovascularização. O conteúdo lipídico é formado por partículas de LDL, células inflamatórias ativas e macrófagos em degradação, ricos em LDL. Na cápsula fibrosa também pode haver o depósito de cálcio, devido a sua produção pelos macrófagos ou também por um sequestro do cálcio circulante. Uma lesão aterosclerótica madura ou estável é caracterizada por uma capa fibrosa rica em células musculares lisas, que envolvem um conteúdo lipídico com poucascélulas inflamatórias e pouca atividade proteolítica das metaloproteinases. O estabelecimento da lesão e formação da placa ateroscle- rótica leva anos para ser desenvolvido. Estas alterações na estrutura da artéria mudam a conformação geométrica da mesma, mas não alteram o lúmen da artéria, isto é, o seu espaço interno. Esta modificação geométrica é chamada remodelagem positiva, pois o crescimento da lesão aterogênica não reduz o calibre da artéria, mas a partir do momento que esta alteração progredir em direção ao endotélio vascular, acarretará em uma diminuição progressiva do lúmen arterial, levando a uma lesão aterosclerótica estenótica, denominada remodelagem vascular negativa. A partir deste raciocínio, é possível entender porque a lesão aterosclerótica pode se encontrar em diversos níveis e, por- tanto, explicar como grande parte da população não apresenta sintomas de insuficiência coronariana, mesmo portando a doença. Na verdade, os sintomas poderão aparecer após a lesão ocasionar estreitamento superior a 70%, mas como este processo é muito lento, o sistema coronariano circulatório acaba desenvolvendo uma extensa rede de colaterais para a região que está sendo afetada, reduzindo as repercussões da redução de fluxo sanguíneo pela artéria, evitando o desenvolvimento de áreas de necrose ou infarto do miocárdio. Quando a placa aterosclerótica apresenta uma rápida alteração da sua morfologia, ocasionada pela agudização do processo da arteriosclerose, onde ocorre uma rápida redução do lúmen vascular, o sistema coronariano não tem tempo para se adaptar para proteger a área em sofrimento, e assim tem-se a necrose miocárdica ou infarto agudo do miocárdio. Agudização da lesão aterosclerótica A combinação de placa e paciente vulnerável ocasiona na agudização da doença aterosclerótica. A placa vulnerável é caracterizada pela presença de Patologia da nutrição e dietoterapia218 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 218 23/06/2017 15:35:09 um intenso infi ltrado infl amatório junto ao conteúdo lipídico, especialmente nas extremidades laterais, onde as metaloproteinases estão degradando a capa fi brosa e, assim, estão reduzindo o arcabouço de sustentação de colágeno. Além disso, as citocinas potencializam a ação das metaloproteinases na redução do povoamento celular, através da apoptose das células musculares lisas. Os macrófagos também produzem o fator tecidual, que aumenta o potencial trombogênico. A atividade infl amatória local, associada à liberação de fatores quimiotáticos pelos monócitos circulantes amplifi ca a agressão infl amatória. No local da infl amação, as citocinas promovem um aumento na expressão da proteína C-reativa, que também exercerá ação potencializadora na expressão dos receptores de superfície da infl amação. Em resumo, a placa vulnerável é caracterizada por uma cápsula fi brosa fi na, com poucas células musculares lisas, seguido de uma intensa atividade infl amatória local, hipercoagulabi- lidade, e presença de um volume lipídico em seu núcleo superior a 50% do volume total da placa. Já o paciente vulnerável é aquele que possui uma condição inflamatória sistêmica aumentada, o que pode ocorrer em razão da agressão de um agente infeccioso, ou também por ativação da placa aterosclerótica secundária à agressão pelo tabagismo, diabetes, alimentação rica em gordura saturada que ocasiona oxidação do LDL-colesterol, promovendo a ativação inflamatória, entre outros fatores. Neste cenário, o paciente vulnerável também apresenta uma condição de hipercoagulabilidade, também em função de fatores de risco, como tabagismo, diabetes, dislipidemia, etc. Enfim, a união das condições do paciente vulnerável com a placa vulne- rável proporcionam condições para a agudização da placa aterosclerótica, onde acontece a ruptura ou erosão da cápsula fibrosa e por consequênciaa exposição do material trombogênico da matrix celular, associados ao núcleo lipídico rico em fator tecidual que acarretam no desenvolvimento de trombose local suboclusiva ou oclusiva. Por fim, como você pode perceber, as distintas fases de evolução da doença aterosclerótica proporcionam um maior ou menor risco no desenvolvimento de eventos cardiovasculares. O entendimento da fisiopatologia e dos fatores envolvidos com a agudização da placa é fundamental para o estabelecimento de estratégias terapêuticas eficazes e adequadas para cada paciente. 219Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 219 23/06/2017 15:35:10 A doença arterial coronariana acontece quando o fluxo de sangue que vai para a rede de vasos sanguíneos que circundam o coração está prejudicado, e a principal causa disso é a aterosclerose. Esta promove alterações na estrutura e composição das camadas mais íntimas das artérias, impactando negativamente sobre o fluxo sanguíneo. Assim, nas artérias coronárias, a aterosclerose pode causar angina ou infarto do miocárdio. Se a aterosclerose estiver presente nas artérias cerebrais, poderá causar acidentes vasculares cerebrais, e se estiver na circulação periférica, poderá causar claudicação intermitente e gangrena. Você não pode esquecer que os rins também podem ser afetados pela aterosclerose. Metas para redução do risco de doenças cardiovasculares O risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares pode ser reduzido de forma signifi cativa com a adesão de mudanças alimentares e do estilo de vida. Como você pode ver, o processo da doença aterosclerótica leva anos para se desenvolver, e muitos fatores contribuem para esta situação, o que faz com que a sua prevenção seja a palavra-chave. Atualmente, acredita-se que manter uma alimentação e estilo de vida saudável é a conduta que oferece o maior potencial preventivo para os eventos cardiovasculares no âmbito da saúde pública. Embora se tenha avançado muito em relação aos tratamentos e procedimentos medicamentosos, as mudanças comportamentais no estilo de vida permanecem como a base das intervenções clínicas para prevenção. A American Heart Association – AHA (Associação Americana do Coração) propôs algumas metas com o objetivo de prevenir o risco cardiovascular. Estas metas funcionam como guias para adultos e crianças acima de dois anos de idade. Observe as metas a seguir: Consumir, de modo geral, uma alimentação saudável: padrões de alimentação saudáveis estão associados com uma redução significativa do risco cardiovascular, e também dos fatores de risco para a doença cardiovascular. A dieta, de modo geral, deve garantir o suporte adequado de nutrientes, assim como a sua quantidade energética adequada. Patologia da nutrição e dietoterapia220 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 220 23/06/2017 15:35:10 Manter um peso saudável: a obesidade é um alto fator de risco para doenças cardiovasculares, além disso, o excesso de peso também tem relação com outros fatores de risco, como o aumento dos níveis de colesterol, de LDL, triglicerídeos, pressão arterial, glicemia, além de reduzir os níveis de HDL. Por esta razão, a intensificação dos esforços para evitar o ganho de peso excessivo (fora dos padrões adequados) é fundamental, especialmente durante a infância. Manter um perfil lipídico desejável: a lipoproteína LDL é o maior carregador de colesterol no plasma sanguíneo, e como você já viu, as suas concentrações estão intimamente associadas com a ocorrência da doença aterosclerótica. O consumo de gorduras saturadas e gorduras trans são as características da dieta com maior impacto sobre as concen- trações de LDL, embora o consumo de colesterol e o excesso de peso também estejam relacionados com o aumento de LDL, mas com uma força um pouco menor. Já a HDL atua como uma proteção para o risco cardiovascular, devido aoseu papel no transporte reverso do colesterol. Os fatores da dieta conhecidos por mais afetarem negativamente o HDL incluem dietas compouca quantidade de gordura (< 15% das calorias totais da dieta advindas de gorduras), e o excesso de peso. Manter níveis de pressão arterial normais: uma pressão arterial sis- tólica menor que 120 mmHg é considerada normal, enquanto a pressão arterial diastólica normal deve ser menor que 80 mmHg. A pressão arterial é um fator de risco extremamente relevante para a prevenção de doenças cardiovasculares. Uma alimentação que tenha como obje- tivo reduzir o excesso de peso, controlar a ingestão de sal, limitar o consumo excessivo de álcool, aumentar a ingestão de potássio, entre outras condutas dietéticas saudáveis, garantem uma redução da pressão arterial, promovendo níveis adequados. Manter uma glicemia normal: é considerada uma glicemia normal valores menores que 100 mg/dL, ao passo que o diabetes é definido por uma glicemia de jejum maior que 126 mg/dL. A hiperglicemia é frequentemente associada à resistência à insulina, que por sua vez está relacionada com uma série de complicações cardiovasculares. Mesmo uma redução modesta de peso, através do controle energético e atividade física, já contribui para uma melhora do controle glicêmico. Ser fisicamente ativo: atividades físicas regulares são essenciais para a perda de peso e para uma manutenção posterior desta perda uma vez que for atingida. A atividade física melhora os fatores de risco 221Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 221 23/06/2017 15:35:10 cardiovasculares e também diminui o risco de desenvolvimento de outras doenças crônicas. Evitar o uso e exposição de produtos do tabaco: são incontestáveis as evidências a respeito dos efeitos adversos dos produtos do tabaco e exposição passiva ao tabagismo sobre as doenças cardiovasculares, assim como o câncer e outras doenças graves. Isto faz com que as recomendações sejam para a eliminação do uso destes produtos e mi- nimizar a exposição passiva. Já está bem estabelecido na literatura que indivíduos com status socioeconômico mais baixo têm um maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares do que indivíduos com status socioeconômico mais alto. As explicações para esta disparidade são complexas e multifatoriais, porém, tem-se sugerido que mudanças na alimenta- ção e no estilo de vida são os meios para diminuir estas desigualdades. Orientações direcionadas para as minorias étnicas, e políticas que possibilitem a disponibilidade e o acesso a modificações do estilo de vida que você está tratando são imprescindíveis para a melhoria desta situação. Recomendações dietéticas e de estilo de vida para redução do risco cardiovascular Como já discutido, manter uma alimentação saudável é uma das medidas mais importantes para a prevenção do risco de eventos cardiovasculares. A seguir, será apresentado para você algumas recomendações para implementar os cuidados nutricionais: Balanço entre o consumo energético e atividade física para manter ou alcançar um peso saudável: a fim de evitar o ganho de peso, deve existir um equilíbrio entre a energia que é consumida, em relação à energia que é gasta. Para tanto, os pacientes devem ter conhecimento sobre a quantidade de energia dos alimentos e bebidas que consomem. Atividades físicas regulares são particularmente efetivas na manutenção da perda de peso, uma vez que alcançada. A recomendação de exercícios Patologia da nutrição e dietoterapia222 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 222 23/06/2017 15:35:10 para adultos é que estes façam mais de 30 minutos de atividades físicas, na maioria dos dias da semana. Consumo de uma alimentação rica em frutas e vegetais: o consumo regular de frutas e vegetais diminui o risco de desenvolvimento de do- enças cardiovasculares, especialmente os acidentes vasculares cerebrais. Devem-se privilegiar os vegetais coloridos. Já o consumo de sucos de frutas não são equivalentes ao consumo da fruta in natura em relação à quantidade de fibras, e talvez com isso também o seu potencial de saciedade, e por isso não deve ser enfatizado. Escolha de alimentos integrais e ricos em fibras alimentares: além de melhorar a qualidade da alimentação, as fibras reduzem de forma modesta os níveis de LDL, e têm sido associadas com menor risco para eventos cardiovasculares e menor progressão da doença aterosclerótica, além de poder contribuir para a saciedade. Consumo de peixe, especialmente os peixes gordurosos, pelo menos duas vezes por semana: os peixes, especialmente os mais gorduro- sos, são ricos em ácidos graxos poli-insaturados da série ômega-3. O consumo de duas porções de peixe por semana está associado com diminuição do risco tanto por morte súbita, quantopor morte dedoença coronariana em adultos. É importante cuidar para que o modo de preparo do peixe não agregue outros tipos de gordura, como a gordura trans. Controle do consumo de gordura saturada, gordura trans e coles- terol: a recomendação de consumo para prevenção de doenças cardio- vasculares é de que a gordura saturada represente menos que 7% das calorias da dieta, a gordura trans represente menos que 1% das calorias da dieta e o colesterol seja menos que 300mg/dia. Para atingir estas recomendações, deve-se optar por carnes magras, e preferir alimentos pobres em gordura, especialmente evitando aqueles que contêm gordura hidrogenada. A quantidade total de gordura da dieta deve ficar entre 25 a 35% do total de energia consumido. Diminuição do consumo de bebidas e alimentos com adição de açúcar: o consumo de alimentos e bebidas com adição de açúcar au- mentou drasticamente nas últimas décadas. A primeira razão para que se procure a redução do consumo destes alimentos diz respeito ao controle e diminuição do consumo energético, com vistas à uma nutrição adequada. Além disso, evidências sugerem que o consumo de calorias na forma líquida não garanta a mesma saciedade em comparação com os alimentos sólidos. 223Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 223 23/06/2017 15:35:10 Preparo de alimentos com pouco ou nenhum sal adicionado: o con- trole do consumo de sal pode prevenir a ocorrência de hipertensão arterial em indivíduos não hipertensos, e facilitar o controle da pressão arterial nestes indivíduos. A recomendação é que se reduza o consumo de sódio para 2,3 g/dia. Consumo moderado de álcool: estudos têm demonstrado que o con- sumo moderado de álcool está associado com diminuição do risco cardiovascular. Entretanto, o consumo de álcool pode ser viciante, e a sua ingestão em excesso está relacionada com uma série de consequ- ências adversas tanto em relação à saúde, quanto socialmente. Por isso, as recomendações especificam que, se existir o consumo de bebidas alcoólicas, que este esteja limitado a não mais do que 15 mL de álcool por dia para as mulheres, e 30 mL para os homens, e de preferência que seja acompanhado pelas refeições. Manutenção das recomendações dietéticas mesmo quando se con- sume alimentos fora de casa: é comum que refeições feitas fora de casa possuam porções maiores e mais calóricas, como em restaurantes, mercados, estabelecimentos de fast-food e outros locais. Muitos destes estabelecimentos, em especial aqueles que possuem serviço fast-food, oferecem alimentos ricos em gorduras saturadas, gorduras trans, co- lesterol, adição de açúcares, sódio, além de serem pobres em fibras e micronutrientes. Para a prevenção das doenças cardiovasculares, é importante realizar escolhas inteligentes em relação ao consumo de refeições fora de casa. Patologia da nutrição e dietoterapia224 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 224 23/06/2017 15:35:11 Existem alguns fatores dietéticos que ainda não tiveram seus efeitos na prevenção do risco cardiovascular comprovados pela comunidade científica. Alguns deles parecem fornecerbenefícios, mas ainda é necessáriorealizar mais estudos para estabelecer definitivamente a sua relação com o risco cardiovascular. São exemplos destes fatores: Suplementos antioxidantes: suplementos de vitaminas antioxidantes ou outros como de selênio não são recomendados para prevenir doenças cardiovasculares. Por outro lado, como você já estudou, alimentos que são fontes de nutrientes antioxidantes, como frutas e vegetais, são recomendados. Proteína de soja: são insuficientes as evidências diretas sobre os benefícios do consumo de proteína de soja ou suplementos de isoflavonas, em comparação com derivados do leite ou outras proteínas. Folato e outras vitaminas do complexo B: não existem evidências para apoiar as recomendações de suplemento de vitaminas como folato ou outras do complexo B, com o intuito de reduzir risco cardiovascular. Fitoquímicos: flavonoides e compostos contendo enxofre são classes de compos- tos encontrados em frutas e vegetais. Até o momento, o modo mais prudente de garantir um consumo ótimo de macronutrientes, micronutrientes e seus associados compostos bioativos é através de uma alimentação condizente com as recomen- dações já documentadas até aqui. 225Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 225 23/06/2017 15:35:11 1. O que são as citocinas? a) São mediadores de resposta inflamatória. b) São a formação, desenvolvimento e agudização da placa aterosclerótica. c) São o mesmo que o endotélio. d) São estrias gordurosas. e) São enzimas proteolíticas responsáveis pela degradação de colágeno. 2. O que é caracterizada por cápsula fibrosa fina, com poucas células musculares lisas, intensa atividade inflamatória local, hipercoagulabilidade, e presença de um volume lipídico em seu núcleo superior a 50% do seu volume total? a) A proteína C-reativa. b) A placa aterosclerótica estável. c) O fator de crescimento plaquetário. d) Interferon gama. e) A placa aterosclerótica vulnerável. 3. Quais os fatores são conhecidos por mais afetarem negativamente o HDL? a) Consumo de colesterol. b) Melhora do controle glicêmico. c) Dietas com pouca quantidade de gordura, e o excesso de peso. d) Resistência à insulina. e) Manter níveis de pressão arterial normais. 4. Qual fator dietético tem sido relacionado por reduzir modestamente os níveis de LDL e contribuir para a saciedade? a) Consumo de peixe em adultos. b) Consumo de fibras. c) Bebidas e alimentos adicionados de açúcar. d) O controle do consumo de sal. e) Gorduras trans. 5. Em relação às metas que têm o objetivo de prevenir o risco cardiovascular: a) Deve-se procurar manter glicemias de 126 mg/dL. b) Não existe uma preocupação com a qualidade dos nutrientes da dieta, somente com a quantidade. c) A prática de exercícios físicos não tem relação com a perda de peso. d) Deve-se procurar manter os níveis de pressão arterial normais. e) Deve-se eliminar o uso de produtos de tabaco, mas não há nada que se possa fazer em relação ao fumo passivo. Patologia da nutrição e dietoterapia226 U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 226 23/06/2017 15:35:12 ABDALLA, D. S. P.; SENA, K. C. M. de. Biomarcadores de peroxidação lipídica na ateros- clerose. Revista Nutrição, Campinas, v. 21, n. 6, p. 749-756, nov./dez. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v21n6/a13v21n6.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2017. CUPPARI, L. Guia de nutrição: nutrição clínica no adulto. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2002. FARRET, J. F. 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Acesso em: 30 mar. 2017. 227Patologia da nutrição e dietoterapia nas enfermidades do sistema cardiovascular U3_C14_Patologia da nutrição e dietoterapia.indd 227 23/06/2017 15:35:12 http://www.scielo.br/pdf/rn/v21n6/a13v21n6.pdf http://circ.ahajournals.org/ http://www.scielo.br/pdf/abc/ http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v15n4/12. http://www.scielo.br/pdf/rbme/v16n5/v16n5a13.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2013004100001&script=sci_art- Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo:
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