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SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA (1)

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SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMUNITÁRIA
AUTORIA: MARIA EDUARDA LEÃO DE CASTRO
Para entender o surgimento da Psicologia Comunitária é impossível não mencionar a
Psicologia Social, considerando esta como o berço da Psicologia Comunitária. A Psicologia
Social surge no contexto Norte-Americano, inicialmente atravessada unicamente por uma
perspectiva positivista e individualista, logo, será sob esse olhar que o sujeito será estudado.
Esse modo de produzir conhecimento terá como um dos resultados o afastamento do sujeito
da sua realidade, visto que o contexto histórico-social é ignorado; em consequência disso, um
movimento dentro da Psicologia Social começa a emergir pondo em questão essa postura. Por
conseguinte, argumentos contra a suposta neutralidade, o deslocamento do sujeito da
realidade e o individualismo, ganham foco dentro da Psicologia Social. Este momento veio a
ser conhecido como o da crise na Psicologia Social, então, tópicos que até esse momento não
eram questionados, como a distância do profissional de psicologia dos problemas sociais, vão
se tornando objeto de discussão e ganhando importância.
É importante ressaltar que dentro da América Latina, na década de 60, esse
movimento ganhou um novo sentido devido a importação de teorias e práticas do contexto
Norte-Americano de forma indiscriminada, gerando um desencontro entre a teoria e a
realidade da América Latina. Assim, um olhar atento da psicologia para a realidade Latina foi
necessário, em busca de entender quais os problemas sociais existentes, a partir da implicação
profissional com a desigualdade social, tendo em vista uma atuação que busca a
transformação social baseada em um compromisso ético-político com a comunidade. Será a
partir desse caminho que surgem novas vertentes como a Psicologia Comunitária e a
Psicologia Social Crítica, com o empenho de profissionais como Silvia Lane, Ignácio
Martín-Baró e Maritza Monteiro.
A Psicologia Comunitária recebe fortes influências teóricas da Educação Popular,
Psicologia Sócio-Histórica, Teologia da Libertação, além da significativa participação dos
movimentos sociais, onde a reivindicação de melhores serviços tornou-se presente; destaca-se
também a importância do Movimento de Saúde Mental, no qual existia a demanda de um
novo olhar sobre a saúde mental, implicando em um desprendimento da prática tradicional
clínica, encontrando na comunidade a potencialidade para essa nova forma de atuação em
saúde mental, desvencilhando da ideia de uma psicologia apenas para a classe alta e média.
Não se pode perder de vista o contexto potencializador da eclosão dessas vertentes,
durante a década de 60 no Brasil estava posto um regime autoritário, em que o contexto urgia
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por um posicionamento ainda mais forte diante dos problemas sociais instaurados, que até
aquele instante haviam sido desprezados. Nessa perspectiva, são feitas tentativas de uma
prática mais perto da população mais pobre, as quais inicialmente foram feitas de forma
clandestina, em busca da garantia de direitos e transformação social; posteriormente em 1984,
a atuação comunitária perde sua natureza clandestina. É por essa trajetória que a Psicologia
Comunitária, entre a década de 80 e 90, vai ganhando mais estabilidade dentro da academia,
a partir do reconhecimento das especificidades da sua epistemologia e prática, no entanto, até
os dias de hoje ainda é uma área pouco reconhecida profissionalmente.
REFERÊNCIAS
VASCONCELOS, E.M. O que é Psicologia Comunitária. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985;
GÓIS, C.W.L. Psicologia Comunitária. In:____. Psicologia Comunitária: atividade e consciência. Fortaleza:
Publicações Instituto Paulo Freire de Estudos Psicossociais, 2005, p.19-54.

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