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Amebíase: Protozoário Patogênico

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AMEBÍASE: Entamoeba histolytica e E. díspar 
Obs.: E.histolytica é patogênica e E.dipar é não patogênica --> são protozoários monoxemicos 
- Amebas de vida livre potencialmente patogênicas (anfizóicos) 
- Acanthamoeba ssp 
- Naegleria ssp. 
- Todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos ou animais, com 
exceção da Entamoeba moshkoviskii (é uma ameba de vida livre) 
 
➔ Amebas 
- Protozoários com inúmeros habitats: 
---> Vida livre: vários gêneros e espécies ---> água doce, mar, solo 
---> Parasitas: Entamoeba histolytica 
---> Comensais: Entaboeba coli, E. díspar, E. hortmani, E. gengivalis, Endolimax nana 
---> Vida livre eventualmente parasitas: Aconthamoeba ssp., Naegleria ssp. 
- Esse gênero se caracteriza por possuir núcleo esférico ou arredondado, com a cromatina 
periférica, formando 
 
Obs.: entamoeba de cistos com 4 núcleos ---> E. histolytica (homem), E. díspar (homem), E. 
moshkoskii (vida livre) 
 Entamoeba com cistos não conhecidos ou sem cistos --> E. gingivalis (humanos e macacos) 
 Entamoeba contendo cistos com 8 núcleos ---> E. coli (homem) 
 
** A E. histolytica é a única que em determinadas situações pode ser patogênica 
- Os trofozoítos de Entamoeba histolytica/ díspar são: 
 pleomórficos, 
 de tamanho entre 15 e 20 μ,m 
 com movimentação por pseudópodes, tipo lobópodes 
 divisão assexuada por fissão binária simples 
 um único núcleo 
 
- Os pré- cistos são intermediários entre trofozoítos e cistos, com um núcleo 
- Os núcleos são esféricos ou ovais de tamanho 10 a 15 μ,m e parede cística rígida (apresentam 
divisão múltiplas por esquizogonia) 
 
 
➔ Epidemiologia 
- 500 milhões de infectados: 1% formas invasivas 
- Óbito anual: 100.000 pessoas 
- Regiões tropicais/subtropicais: condições precárias de higiene e estado nutricional deficiente 
- Áreas endêmicas: índia, Bangladesh, África, Tailândia, Américas (México, Colômbia) 
- Cosmopolita: varia de acordo com a região, 5 a 50% pessoas infectadas 
- 3ª doença mais importante do mundo em óbitos 
 
 
➔ E. histolytica: 
- Espécie patogênica (nem sempre) 
- Potencial invasivo 
- Virulência dependente de cepa 
- Resposta do hospedeiro 
- Prevalente no México 
- Trofozoíto: geralmente tem so um núcleo 
- Pré- núcleo: é uma fase intermediaria entre o trofozoíto e o cisto (núcleo semelhante ao do 
trofozoíto) 
- Metacisto: é uma forma multinucleada que emerge do cisto no intestino delgado, onde sofre 
divisões, dando origem aos trofozoítos 
- Cistos: esféricos ou ovai, com núcleos que variam de um a quatro, se caracterizam pela ausência 
de mitocôndria, aparelho de golgi, reticulo endoplasmático, centríolos e microtúbulos 
 
➔ E. díspar: 
- Espécie geralmente não patogênica 
- Pode causar formas intestinais graves (mais frequente na África) 
- Brasil: portadores assintomáticos 
 
 
➔ E. moshkovskii: comum na Austrália 
- E. histolytica e E. díspar eram consideradas as únicas espécies 
- Foram diferenciadas por marcadores: Bioquímicos (perfis isoenzimas); Imunológicos (anticorpos 
monoclonais contra proteínas de superfície); Genotípicos (vários genes); Clínicos 
- Quando não tem confirmação da espécie, refere-se E. histolytica/E.dispar 
 
 
➔ Amebas 
- O habitat de E. histolytica e E. díspar é o intestino grosso 
- Eucariotos peculiares 
- Não tem mitocôndrias, aparelho de golgi e microtúbulos 
---> Trofozoíto da E. histolytica: 
- Um núcleo (pleomórfico) 
- Normalmente vivem na luz do intestino grosso (são essencialmente anaeróbicos), podendo, 
ocasionalmente, penetrar, na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do 
organismo, como fígado, pulmao, rim e cérebro 
- Membrana plasmática: encontra-se carboidratos, lipídios e proteínas 
- Citoplasma: ectoplasma e endoplasma 
- Ingestão: a ingestão de alimentos acontece por fagocitose (partículas solidas- hemácias, bactérias 
ou restos celulares) e por pinocitose (ingestão de partículas liquidas) 
- Multiplicação: divisão binária simples 
- Aeróbico facultativo: microaerófila 
- Ativo: a locomoção se dá através de pseudópodes 
 
---> Cistos da E. histolytica: 
- Forma de resistência (esférico ou oval) 
- Eliminado nas fezes 
- Parede cística de quitina 
- 1 a 4 núcleos, vacúolos de glicogênio, corpos cromacóides --> agregados de ribossomos 
- Metacisto: emerge do cisto no intestino delgado (divisões --> 8 trofozoítos mononucleados) 
➔ E. histolytica: Mecanismos de Transmissão 
 
- Forma infectante: cistos 
- A ingestão de cistos maduros (forma oro-fecal) 
- Forma direta: pessoa --> pessoa 
- Forma indireta: água ou alimentos contaminados 
- Os trofozoítos são destruídos no estomago 
 
- Cistos: são viáveis por até uma média de 30 dias no meio exterior, são resistentes ao pH ácido, 
enzimas digestivas, pH alcalino (devido a parede de quitina) 
- Desencistamento: acontece no intestino delgado 
- Reprodução/ Encistamento: acontece no intestino grosso 
 
** A amebíase é a infecção do homem causada pela E. histolytica, com ou sem manifestação clinica 
 
*** Ciclo de Vida: 
- Monoxênico 
- Estágios: trofozoíto, pré-cisto, cisto, metacisto 
- O ciclo se inicia pela ingestão de cistos maduros (junto de alimentos e água contaminada) 
- Passam pelo estomago, resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou 
ao início do intestino grosso, onde ocorre o desencistamento (saída do metacisto) 
- Dos cistos são liberados, nos últimos segmentos do intestino delgado ou na parte anterior do 
intestino grosso, formas metacisticas 
- Após rápida divisão, transformam-se em oito trofozoítos que passam a colonizar a parede do 
intestino grosso (em geral, ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo como comensais, 
alimentando-se de detritos e bactérias) --> o metacisto sofre sucessivas divisões nucleares e 
citoplasmáticas, dando origem a quatro e depois oito trofozoítos 
-Sob certas circunstancias podem se desprender da parede e na luz do intestino (principalmente 
colón) sofrer desidratação, eliminar substancias nutritivas --> transformam- se em pré cistos --> Os 
trofozoítos multiplicam-se de modo assexuado (fissão binaria simples) 
- Se levados às últimas porções do intestino grosso, os trofozoítos progressivamente desenvolvem 
uma membrana cística, sendo liberados para o meio exterior 
- Contaminam a água e os alimentos, podendo atingir outros hospedeiros 
- Os cistos são a única forma de sobrevivência no ambiente externo, responsáveis pela transmissão 
- A transmissão é orofecal, por contaminação de água e alimentos com cistos, dependendo de hábitos 
culturais, idade, saneamento básico, aglomeração populacional e nível socioeconômico 
- Em seguida secretam uma membrana cística e se transformam em cistos mononucleados 
- Com divisões nucleares sucessivas, transformam-se em cistos tetranucleados e são eliminados nas 
fezes 
 
** (ingestão de cistos maduros com água e alimentos ---> desencistamento ---> multiplicação do cisto 
no intestino grosso ---> multiplicação nos tecidos ---> encistamento ---> eliminação de cistos nas 
fezes) 
 
*** Formas do parasita: cisto e trofozoíto 
 
 
*** O equilibro parasito- hospedeiro pode ser rompido e os trofozoítos invadem a submucosa 
intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem, através da circulação porta, 
atingir outros órgãos 
- Os trofozoítos presentes nestas úlceras são chamados de forma invasiva ou virulenta 
 
 
➔ Desencistamento (E. histolytica) 
- Acontece no intestino delgado 
- E 370C ---> anaerobiose 
- 1 cisto tem 4 núcleos 
- Habitat do trofozoíto: luz do intestino grosso 
- Encistamento: final do intestino grosso 
 
 
➔ Formas clínicas da Amebíase 
 
- Forma assintomática (90%): depende do genótipo e da resposta individual 
- Forma intestinal (não invasiva): dores abdominais e diarreias (pode ficar crônica) 
- Forma intestinal invasiva: colite amebiana aguda,disenteria grave (fezes liquidas), úlceras 
intestinais, abscessos 
- Formas extra- intestinal: fígado (mais comum, sem pus), pulmão, cérebro e cutânea (região 
perianal/vaginal) 
 
** Amebíase intestinal: 
- Diarreias 
- Colites 
- ulceras 
- Perfurações: peritonite, apendicite 
- Amebomas: bloqueio intestinal 
- Aguda: fulminante 
 
➔ Amebíase: Patogenia 
- Amebíase intestinal: fase geralmente não patogênica 
- Forma invasiva: fase patogênica (maior número de casos em homens) 
 
➔ Mecanismos de invasão (E. histolytica) 
- As formas invasivas da amebíase são resultado de uma sequência de eventos bem caracterizados: 
 
- Adesão das amebas às células do epitélio intestinal, que levara a erosão. A E. histolytica tem efeito 
letal direto sobre a célula necessitando que haja inicialmente uma forte adesão entre a ameba e a 
célula que será lesada. Esta adesão parece estar mediada por lectinas contidas na superfície das 
amebas 
 
- Destruição tecidual: ação das enzimas proteases e mucopolissacaridases na formação de úlcera 
típica --> uma vez vencida a barreira epitelial (adesão), os movimentos das amebas e a liberação de 
enzimas proteolíticas (hialuronidase, protease e mucopolissacarídeo) favorecem a progressão e a 
destruição dos tecidos 
 
- Dispersão ameboide: trofozoíto cai na circulação e atinge o fígado via sistema porta ---> as amebas 
podem penetrar nos vasos sanguíneos e, através, da circulação porta, atingir primariamente o 
fígado (principal órgão de acometimento extra intestinal), formando abcessos 
 
- Abcessos, necrose e obstrução do sistema porta (pode levar a óbito) 
- Dispersão para outros órgãos (podem também atingir o pulmao, e mais raramente o cérebro, a 
pele e regiões perianais) 
 
** A proteína “amebapore” é formadora de poros e provoca citólise 
 
 
➔ Fatores Líticos 
1. Mecanismos Dependentes de Contato 
- Liberação de peptídeos ativos (“amebapores”) 
- Atividade citolítica 
 
2. Mecanismos independentes de contato 
- Liberação de colagenases e proteases 
- Degradação matriz extra- celular 
 
 
 
➔ Amebíase hepática (forma extra- intestinal): 
- Outros órgãos podem ser infectados secundariamente por E. histolytica --> o fígado pode ser 
atingido por disseminação sistêmica 
- O quadro clinico caracteriza-se por início súbito, com dor no hipocôndrio direito que aumenta à 
inspiração profunda, acompanhada de febre 
- Disfunção da microcirculação 
- Resposta imune exacerbada --> necrose 
- Abcessos no fígado podem levar à morte 
*** Amebíase extra- intestinal é causada exclusivamente por E. histolytica 
 
 
 
➔ Relação Parasita-Hospedeiro 
 ---> Mecanismos de defesa do hospedeiro: 
1. Camada mucosa (mucinas): gel aderente, previne adesão às células epiteliais e facilita a 
eliminação do parasita 
2. Glicosidases produzidas pelas bactérias da flora intestinal e Proteases do lúmen degradam a 
lectina da E. histolytica 
3. Resposta imune 
---> Fatores de virulência do parasita: 
- Mata/fagocita células do hospedeiro 
- Morte celular (apoptose) das células do hospedeiro --> limita inflamação e facilita a evasão da 
resposta imune 
- Moléculas da membrana trofozoíta: lectina (forte adesão) 
- Glicolipídios: lipofosfoglicanas (LPG) --> quantidade relacionada com a virulência 
- Fatores líticos 
 
➔ Diagnóstico 
 
- Quadro de diarreias: excluir outras fontes de sintomas comuns Escherichia coli, rotavírus) 
- Clinico: diarreia, síndrome do cólon irritável 
- Parasitológico de fezes: cistos em fezes solidas (diferenciar amebas não patogênicas); trofozoítos 
em fezes liquidas 
- Diagnóstico imunológico: ELISA para detecção de antígeno nas fezes; ELISA para detecção de Acs 
IgG soro (amebíase invasiva) 
- Diagnóstico molecular: PCR (distingue espécies) 
 
➔ Profilaxia e controle 
- Saneamento básico 
- Educação sanitária 
- Tratamento de água 
- Controle de alimentos 
- Tratamento das fontes de infecção 
- Cuidados de higiene pessoa (lavar as mãos) 
- Vacinas experimentais 
 
➔ Amebíase como doença oportunista 
- Amebas encontradas no solo e na água, bacteriógafas -> parasitas facultativos em vertebrados 
- Gênero Naegleria: meningoencefalite amebiana primaria (contato com água, contaminação via 
epitélio neurolfatório) 
- Gênero Acanthamoeba: úlcera de córnea ceratite, infecção cutânea crônica, encefalite amebiana 
granulomatosa (contato com água, uso de lentes de contato, contaminação local, via epitélio 
olfatório, via hematogênica) 
- Gênero Balamuthia: encefalite amebiana granulomatosa

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