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CENTRO UNIVERSITÁRIO BRASILEIRO - UNIBRA CURSO DE GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA RHAYLLA SHIRLEY LIMA SANTOS VALDEIR SILVA MENDONÇA EQUOTERAPIA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN RECIFE/2020 RHAYLLA SHIRLEY LIMA SANTOS VALDEIR SILVA MENDONÇA EQUOTERAPIA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Artigo apresentado ao Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Fisioterapia. Professora Orientadora: Dra. Noranege Epifânio Accioly RECIFE/2020 RHAYLLA SHIRLEY LIMA SANTOS VALDEIR SILVA MENDONÇA EQUOTERAPIA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Artigo aprovado como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Fisioterapia, pelo Centro Universitário Brasileiro – UNIBRA, por uma comissão examinadora formada pelos seguintes professores: ______________________________________________________________ Profaº M.ª Helena Medeiros Rocha Professora Examinadora ______________________________________________________________ Profaº Esp. Andrea Lima da Silva Professora Examinadora ______________________________________________________________ Profaº Dra. Noranege Epifânio Accioly Professora Orientadora Recife, ___/___/____ NOTA:_______________ Dedicamos este trabalho a nossos pais e irmãs AGRADECIMENTOS Fica aqui nosso sentimento de gratidão a Deus por ter nos concedido o privilégio de nos dedicarmos aos estudos, sempre nos honrando com garra, sabedoria e conhecimento para chegar até aqui. Agradecemos também a nossos pais, padrasto, irmãs e amigos por todo apoio e compreensão, durante esse processo de graduação. À nossa orientadora Noranege Epifânio Accioly pelo seu tempo dedicado a nós, paciência, suporte e correções, por todas as palavras, ensinamentos e conselhos ficarão para sempre guardados. Também ficamos gratos aos coordenadores e professores da UNIBRA que durante toda nossa graduação se dedicaram para nos dar o melhor. “Não busque o conhecimento por causa dos aplausos, ou para lhe capacitar a discutir com os outros, mas para o benefício de sua alma.” (Jonathan Edwards) EQUOTERAPIA EM CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Rhaylla Shirley Lima Santos Valdeir Silva Mendonça Noranege Epifânio Accioly1 Resumo: A Síndrome de Down (SD) é uma das síndromes genéticas mais conhecidas em todo o mundo, é caracterizada por deficiências intelectual e motora. Portadores da síndrome, necessitam de assistência multidisciplinar, incluindo da fisioterapia. A equoterapia é um tratamento lúdico que utiliza o cavalo para conseguir ganhos biomecânicos e sociais. Objetivo: Revisar na literatura atual evidências científicas sobre a utilização da equoterapia para o tratamento de crianças portadoras da SD. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas seguintes bases de dados: Medline/Pubmed, Lilacs/BVS e Scielo e Pedro. Foram incluídos artigos científicos que contemplassem o tema proposto nos idiomas português e inglês, entre 2010 a 2020. Resultados: Observou-se melhoria significativa no alinhamento postural após sessões de equoterapia em crianças com SD, assim como ganhos motores e equilíbrio. Conclusão: A equoterapia promoveu ganhos posturais de membros inferiores e ganhos motores. Palavras-chave: Equoterapia. Síndrome de Down. Criança. Fisioterapia. Reabilitação ____________________ 1Professora da UNIBRA. Doutora em Fisiologia e Bioquímica. E-mail para contato: noranege@gmail.com SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 11 2.1 Síndrome de Down.............................................................................. 11 2.1.2 Etiologia ............................................................................................ 11 2.1.3 Diagnóstico ...................................................................................... 11 2.1.4 Quadro clínico .................................................................................. 12 2.1.5 Alterações sensório-motoras .......................................................... 12 2.2 Equoterapia ......................................................................................... 13 2.2.2 Biomecânica do cavalo e do praticante ......................................... 14 2.2.3 Benefícios ......................................................................................... 15 2.2.4 Indicações e contraindicações ....................................................... 16 3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO ........................................................... 17 3.1 Desenho e período de estudo ............................................................ 17 3.3 Critérios de Elegibilidade ................................................................... 18 4 RESULTADOS ............................................................................................. 19 5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 29 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 32 REFERÊNCIAS ............................................................................................... 33 1 INTRODUÇÃO A SD é geneticamente causada pela trissomia 21 que leva distribuição de cromossomos durante a fase de meiose de maneira desordenada. Em um indivíduo normal cada uma de suas células há 46 cromossomos (TORQUATO et al., 2013). Segundo Bonomo e Rossetti (2010) ainda na fase de infância as habilidades motoras global são formadas, facilitando o desenvolvimento do indivíduo. Quando se trata de uma criança com SD as habilidades motoras são afetadas devidos aos fatores associados fazendo com que tenham o aprendizado motor prejudicado. (SANTOS, WEISS E ALMEIDA, 2010). De acordo com o censo de 2010 do Brasil Instituto de Geografia e Estatística, 23,9% da população possui deficiência ou incapacidade intelectual, entretanto não há um número específico de brasileiros com Síndrome de Down, mas com base na proporção de 1 por cada 700 nascidos vivos, cerca de 270 mil pessoas possuem a Síndrome no Brasil (COSTA, 2015). No mundo, a cada minuto 18 bebês nascem com essa deficiência caracterizada pelo funcionamento intelectual inferior à média, ou seja, é equivalente a 9,8 milhões de bebês com deficiência por ano (COSTA, VALÉRIA et al., 2017). De acordo com Moreira e Gusmão (2002), conforme citado por Costa (2017), a Síndrome acarreta atraso no desenvolvimento motor e mental, por exemplo afeta diretamente as habilidades motoras. Em um estudo realizado por Polastri e Barela (2005) apud (COSTA, 2017) destaca que as disfunções no controle posturais são predominantes em indivíduos que possuem SD, tais como, problemas com a integração sensório-motora, dificuldades na coordenação motora que, leva os indivíduos com SD apresentarem movimentos lentos, dificultando a adaptação a mudanças de tarefas. Dentre as particularidades citadas acima, indivíduos com SD possuem hipotonia que pode acarretar força muscular reduzida, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e déficit de equilíbrio, interferindo diretamente na realização de tarefas, interação com o meio ambiente e compromete as habilidades motoras e cognitivas, possibilitando a redução de espaço, oque dificulta a integração sensorial e suas vivências (AMARAL, 2019) Chaves (2018) afirma que é necessária uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos, médicos e outros profissionais. Segundo Torquato (2013), o tratamento da fisioterapia é elaborado de acordo com as necessidades dos pacientes e os problemas relacionados as alterações posturais constantes na SD, como os atrasos motores. Dentre os diversos recursos da fisioterapia está a equoterapia que é um método terapêutico que utiliza o movimento do cavalo para atingir objetivos funcionais. O movimento tridimensional do cavalo possibilita ao praticante estímulos que desencadeiam exercícios posturais coordenados e reações de equilíbrio (RIBEIRO et al., 2016). Portanto, o objetivo do presente trabalho é revisar na literatura atual se há comprovação científica que a equoterapia pode ser recomendada para o tratamento de crianças portadoras da SD. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Síndrome de Down 2.1.1 Definição A Síndrome de Down, também conhecida como mongolismo, trissomia do 21 ou trissomia do cromossomo 21, é uma síndrome bastante comum, de origem genética, caracterizada pela diminuição do tônus muscular e deficiência intelectual intervindo diretamente na percepção de impulsos sensoriais e motores (CHAVES, 2018). 2.1.2 Etiologia A SD possui uma incidência de 1:800 nascidos no mundo. Já nos Estados Unidos, a síndrome atinge 500 nascidos vivos por ano e mais de 200.000 individuos possuem a trissomia do cromossomo 21 (BULL, 2020). A prevalência está aumentando à medida que a população cresce, nos Estados Unidos por exemplo, a prevalência da SD aumentou de 50.000 em 1950 (3,3 para 10.000 individuos) para 212.000 em 2013 (6,7 para 10.000 individuos), principalmente por causa da melhoria de sobrevivência na infância. Em 2013 a prevalência também foi registrada na Europa (4,9 de 10.000 individuos). Porém é necessário de uma estimativa mais precisa, até que sejam registrados mais nascimentos e mais dados de sobrevivência coletados, em diferentes partes do mundo, de individuos com síndrome de down (ANTONARAKIS et al., 2020). Entretanto, vale ressaltar que o fator idade aumenta o risco para incidência da SD, uma vez que, a idade avançada da mãe, mais de 35 anos é um fator de risco importante para o aumento da trissomia 21 devido a disjunção meiótica (FILHO, 2017). 2.1.3 Diagnóstico Ainda durante a gestação o diagnóstico para identificar a síndrome pode ser feito pelo fato de existir exames cada vez mais precisos, impactando diretamente toda a família. Logo após ao nascimento o diagnóstico é feito de maneira fácil, pelo fato de suas características serem peculiares, e assim podendo ser dada a notícia aos pais durante os primeiros momentos do recém-nascido. A expectativa gerada pelos pais pode gerar respostas negativas ou de aceitação quando a imagem do bebê não corresponde à idealizada, podendo repercutir diretamente no desenvolvimento do bebê (OLIVEIRA et al., 2011). Chaves (2018), afirma que é de extrema importância informar a família que a síndrome é irreversível, porém há tratamentos que podem oferecer uma qualidade de vida melhor a criança. 2.1.4 Quadro clínico Indivíduos com SD possuem baixa estatura, boca pequena, pregas palpebrais obliquas, excesso de tecido adiposo no dorso do pescoço, retrognatia, cabelo fino, hipotonia muscular, diástase dos músculos abdominais, hérnia umbilical, orelhas pequenas e de implantação baixa, pavilhão auricular pequeno, clinodactilia do 5º dedo da mão, braquidactilia, afastamento entre o 1º e o 2º dedos do pé, dentre outros, podendo ainda adquirir algumas condições de saúde, como apnéia, problemas auditivos, epilepsia e problemas de visão (CHAVES, 2018). Junior et al., (2016) destaca que a SD vem a ser a mais frequente das causas de deficiência intelectual e que acomete ao indivíduo várias peculiaridades, tais como motoras, físicas, cognitivas e socioafetivas. No âmbito motor esses indivíduos se mostram mais lentos e com menos habilidades para realizar movimentos complexos e seu desenvolvimento é acometido com um atraso importante no padrão motor. 2.1.5 Alterações sensório-motoras Entre as alterações no sistema nervoso, destacam-se o pequeno peso encefálico, pobre mielinização, redução do número de neurônios e conexões nervosas, o que acarreta atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Indivíduos portadores de SD podem, ainda, apresentar alterações neuromusculares como diminuição da força muscular e das reações posturais, e alterações osteoarticulares, como frouxidão ligamentar, hipermobilidade articular e deformidades ósseas que levam a implicações diretas sobre o desenvolvimento das funções motoras (PEREIRA et al, 2013). O desenvolvimento sensório-motor ocorre de maneira mais lenta em comparação aos parâmetros da população geral, com grande variabilidade na aquisição das etapas motoras (PEREIRA et al, 2013). 2.2 Equoterapia 2.2.1 Histórico e terminologia O termo “equoterapia” foi criado pela Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil) e tem sua origem no latim. Equus se refere à utilização do cavalo em técnicas de equitação e atividades equestres, e therapeia diz respeito à terapia. Portanto, a equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo para uma abordagem interdisciplinar dentro das áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou necessidades especiais através de suas quatros fases, Hipoterapia, Educação/Reeducação, Pré-Esportivo e Prática Esportiva Paraequestre (ANDE, 2010) De acordo com Koca et al., (2016) a equoterapia inicialmente foi citada nas obras de Hipócrates (458 – 377 a.C.), que recomendava a prática de equitação para regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas doenças, sobretudo para tratar insônia. Porém só em 1960 se tornou uma disciplina com protocolos, então na década de 1970 nos Estados Unidos da América a equoterapia foi padronizada por canadenses e terapeutas americanos. Em 1992 foi fundada a Associação Americana de Equoterapia (AHA), quando foi elaborado o protocolo oficial e internacional. O inciso ll do artigo 5o da Lei no. 6.316, de 17 de dezembro de 1975, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, considera válidas as evidências sobre equoterapia, através de resultados evidenciando a recuperação funcional, tendo como competência do fisioterapeuta e terapeuta ocupacional através de formação em disciplinas curricular, projetos de extensão, recurso terapêutico e pesquisa. Através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde, na Portaria n. 971, de 3 de maio de 2006 considera que as abordagens devem estimular a prevenção de agravos e recuperação de saúde por meios de tecnologia eficaz e segura: Resolve Art. 1* reconhece a equoterapia como recurso transdisciplinar que são utilizados por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Art. 2*, diz que o fisioterapeuta pode aplicar os princípios da equoterapia de acordo com o diagnóstico cinético-funcional e objetivos terapêuticos. Art. 3* dispõe que o terapeuta ocupacional pode ampliar profissionalmente a equoterapia de acordo com o diagnóstico cinético-funcional e de acordo com os objetivos terapêuticos específicos. O Art. 4* valida a resolução a partir data de sua publicação. (COFFITO, resolução no. 348, de 27 de março de 2008. Diário Oficial da União no. 63, Seção 1, em 02/04/2008, página 150). No mundo, o método recebe outras denominações, como: hipoterapia (Alemanha), terapia por meio do cavalo (Itália), equitação terapêutica (França), equitação para deficientes (Inglaterra) (CHAGAS, 2017). 2.2.2 Biomecânicado cavalo e do praticante O cavalo possui três andaduras naturais: passo, trote e galope. O passo do cavalo é um andadura ritmada, cadenciada e em quatro tempos. O trote do cavalo é uma caminhada acelerada, com velocidade entre o passo e o galope (CHAGAS, 2017). O movimento do cavalo produz e transmite ao praticante uma série de ações sequenciadas e simultâneas que resultam em um movimento tridimensional: no eixo vertical – movimento para cima e para baixo; no plano frontal – movimento para a direita e para a esquerda e no plano sagital – movimento para frente e para trás (DONALDSON et al, 2019). O movimento tridimensional é completado por uma pequena torção da bacia do praticante, provocada pela combinação da inflexão da coluna vertebral do cavalo com o abaixamento da anca do mesmo lado (DONALDSON et al, 2019). 2.2.3 Benefícios Chaves (2018) afirma que a equoterapia trabalha com a criança com uma abordagem lúdica, juntamente com o cavalo em um ambiente natural. Além do cavalo que é muito atrativo para crianças, pode-se usar nas sessões: cones, bolas com diferentes texturas e pesos, argolas de cores e tamanhos variados, bastões, brinquedos, bambolês, cestas de basquete. Portanto há benefícios observados também no comportamento e bem-estar social, cognitivo e emocional (STERGIOU et al, 2017). A equoterapia traz inúmeros benefícios, tanto biomecânico quanto social, permite uma sinergia muscular adequada, promovendo a otimização do equilíbrio, melhorando a performance motora em habilidades motoras essenciais, dessa maneira, facilita a construção de uma vida diária social e produtiva, através da realização independente de atividades laborais e de lazer (TORQUATO et al., 2013). Os movimentos combinados do cavalo se assemelham à marcha humana, estimulando simultaneamente os sistemas vestibular, somatossensorial, límbico e visual e promovendo ajustes posturais, orientação e aquisição do equilíbrio além de benefícios psicológicos, sociais e educacionais que serão evidenciados em padrões de comportamento usados em outros ambientes (GRANADOS e AGIS, 2011). De acordo com Koca et al., (2016) os movimentos realizados pelo cavalo proporcionam ao paciente efeitos sensoriais, através de ritmos, movimentos repetitivos e variáveis. Os movimentos lentos estimulam o desenvolvimento de músculos paraespinhais. O andar do cavalo foi cuidadosamente avaliado e mediante a isso, proporciona feedback para o paciente. A marcha e o tipo de passo do cavalo propõem-se melhorar equilíbrio, ajuste tônico da musculatura para melhoria da postura, coordenação motora geral e fina, possibilita também a melhora da respiração, da circulação, e a integração dos sentidos (CHAVES, 2018). 2.2.4 Indicações e contraindicações A equoterapia tem diversas indicações como por exemplo, para pacientes autistas, com distúrbios alimentares, paralisia cerebral, distrofia muscular, doença cerebrovascular, esclerose múltipla, doenças da medula espinhal (KOCA et al., 2016). Para indicação a pacientes pediátricos recomenda-se prévia avaliação radiológica do quadril, para verificação de alinhamento ósseo e a presença ou não de subluxação do quadril (CHAGAS, 2017) Dentre as particularidades que acometem portadores de SD, com prevalência de 10-30%, está a instabilidade atlantoaxial (IAA), diagnosticada por radiografia e consiste numa distância atlas-odontóide igual ou maior que 4,5 mm. Tal condição favorece um movimento maior que o normal da primeira e segunda vértebra (C1 e C2) do pescoço aumentando o risco de lesão medular, portanto há ressalvas na literatura para a prática da equoterapia para portadores de SD com IAA (RAO, 2010). De acordo com MARINHO et al., (2017), o uso da equoterapia é contraindicado em casos de alergias, pacientes que possuem fobias de animais, problemas respiratórios, pacientes com baixa imunidade, machucados abertos e pacientes que possuem um comportamento agressivo, para não machucar o cavalo. 3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO 3.1 Desenho e período de estudo O presente estudo trata-se de uma revisão narrativa, realizada no período de agosto a novembro de 2020. 3.2 Identificação e seleção dos estudos A etapa de identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados foi realizada por dois pesquisadores independentes, de modo a garantir um rigor científico. Para a seleção dos artigos que integraram a amostra, foi realizada uma busca nas bases de dados Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – MEDLINE via PUBMED, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS via Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, Cientific Electronic Library Online (SCIELO), Physiotherapy Evidence Database – (PEDRO). Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da saúde (DeCS) na língua portuguesa: Terapia Assistida por Cavalos, Síndrome de Down e de acordo com o Medical Subject Headings (Mesh): Equine-Assisted Therapy, Down Syndrome, os descritores foram utilizados para que remetessem a temática do nosso estudo através da construção de estratégias de busca pela combinação desses descritores usando o operador booleano AND em todas as bases de dados, conforme estratégia de busca descrita no Quadro 1. Quadro 1- Estratégias de buscas nas bases de dados BASE DE DADOS ESTRATÉGIAS DE BUSCA MEDLINE / PUBMED “Equine-Assisted Therapy” [Mesh] AND “Down Syndrome" [Mesh] BVS / LILACS “Terapia Assistida por Cavalos” AND “Síndrome de Down” SCIELO “Terapia Assistida por Cavalos” AND “Síndrome de Down” PEDRO “Equine-Assisted Therapy” AND “Down Syndrome" 3.3 Critérios de Elegibilidade Os critérios para inclusão dos estudos nesta revisão foram: artigos publicados em inglês, espanhol e português; disponibilizados online na íntegra; publicados entre os anos de 2010 a 2020; que utilizaram como tratamento da fisioterapia unicamente a equoterapia; apenas em crianças podendo ser de ambos os sexos; com idade de 0 a 14 anos e previamente diagnosticadas com SD. Foram excluídos artigos de revisão, que estudaram população acima de 14 anos, que associaram a equoterapia com mais alguma intervenção, que incluíram outra condição clínica além da equoterapia, que não estavam disponíveis completos ou que não se enquadraram nos objetivos deste trabalho. 4 RESULTADOS Após pesquisa em bases de dados foram encontrados 6 artigos na base de dados Medline, 9 no Lilacs, 1 artigo no Scielo e nenhum no Pedro totalizando 16 artigos conforme fluxograma de seleção exposto na Figura 1. A equoterapia foi utilizada para tratamento das seguintes alterações: déficits de equilíbrio, desenvolvimento da função motora grossa, déficit postural, força muscular, coordenação motora e mobilidade funcional (SHERER et al., 2012; RIBEIRO et al., 2016; MIGUEL et al., 2018; MONTEJO et al., 2015; CHAVES et al., 2017; COSTA et al., 2017; CHAMPAGNE et al., 2010; ESPINDULA et al., 2016). O estudo de Costa et al. (2017) investigou 41 crianças divididas em dois grupos, sendo um grupo experimental (GE) com 20 pessoas (11 meninos e 9 meninas) que praticaram equoterapia e outro, grupo controle (GC) com 21 pessoas (12 meninos e 9 meninas). Nesse estudo, o objetivo foi analisar o efeito da equoterapia na coordenação motora global em pacientes com SD. Como maneira de avaliação de intervenção, foi utilizado o teste de coordenação motora KTK (Koperkoordination Teste furKinder) que consiste em quatro itens: BB- Balance Beam; LJ - salto lateral; MJ -Salto Monopedal e TP - Transferência em plataformas. Em individuos que possuem a síndrome, obteve ganhos de coordenação motora e equilibrio, mas no salto lateral que foi observado uma diferença significativa. No artigo de Champagne et al. (2010) foram avaliados 2 voluntários entre doise três anos de vida, submetidos ao seguinte protocolo de tratamento: 11 semanas, cada sessão durou 30min, na qual durante a sessão as crianças deveriam realizar três posições (rosto para frente, sentado de lado e rosto para trás), além de realizar atividades terapêuticas durante o movimento. Para a avaliação da função motora grossa, foi utilizado a escala GMFM- 88, antes e após da intervenção de fisioterapia. Notou-se evolução em alguns itens da escala GMFM, mas o item que se destacou foi o item E, que corresponde as atividades de correr, pular, caminhar e saltar. Espindula et al. (2016) investigou 20 indivíduos, mas ao final do estudo restaram apenas 5 pacientes. Teve como objetivo avaliar a postura antes e depois do tratamento. Foram 27 sessões de 30min, uma vez por semana, com rotinas realizada da seguinte forma: • Tempo 1 (T1) até 7 min e 30 s em pista de terra à direita da arena. • Tempo 2 (T2) de 7 min 30 s até15 min na grama, direto. • Tempo 3 (T3) de 15 min a 22min e 30s soalhados de solo na brita. • Tempo 4 (T4) de 22min 30 a 30 min em pista de terra na direção esquerda da arena. Observou-se melhorias na correção da protusão da cabeça e no alinhamento, diminuição da cifose, alinhamento do ombro, quadril e membros inferiores. No estudo de Moriello et al. (2019) foi analisado a função motora grossa, espaço-temporal, controle da bexiga e parâmetros de marcha. Foram avaliados 4 participantes (3 meninas e 1 menino) com idade entre 3 a 5 anos. Utilizaram as seguintes intervenções: Semanalmente, durante 30min (15-25min no equino e 5- 15min para o trabalho preparatório) por 8 semanas. O participante um recebeu terapia quatro vezes por semana durante seis semanas, já o participante dois recebeu serviços três vezes por semana por seis semanas, e os participantes três e quatro receberam serviços duas vezes por semana durante oito semanas. Foi encontrado melhorias em atividades que se necessita de locomoção como correr, pular e caminhar e melhor interação social, de acordo com a percepção dos pais. De acordo com Ribeiro et al. (2016) realizou 20 sessões de equoterapia com 5 crianças com de idade média de 12 anos que apresentavam alterações motoras que contribuíam para o desalinhamento subsequente dos membros inferiores. A terapia com o cavalo teve duração de 30 minutos, sendo as 10 primeiras sessões realizadas 1 vez por semana e as 10 sessões seguintes, 2 vezes por semana. Com o intuito de promover uma simetria dos estímulos proporcionados pelo cavalo durante a sessão, foi padronizada uma sequência de percurso durante os 30 minutos de atendimento, em três tipos de terrenos: • 10 passadas para o lado direito da pista de equoterapia em terreno de terra batida. • 10 passadas em linha reta no terreno de pedra brita e cimentado. • 10 passadas para o lado esquerdo da pista em terra batida. A hipoterapia proporcionou uma melhora no alinhamento dos membros inferiores, possibilitando o ajuste do alinhamento do joelho com o quadril e anteversão pélvica. No estudo de Torquato et al. (2013) foram selecionadas 33 crianças de ambos os sexos com idade entre 4 e 13 anos que já realizavam fisioterapia convencional ou equoterapia. Dividiram em 2 grupos da seguinte forma: • Grupo 1 (equoterapia): foram incluídas 19 crianças, teve média de idade de 7,73. • Grupo 1 (fisioterapia convencional): foram incluídas 14 crianças, teve média de idade de 7,71. A escala de Desenvolvimento Motor foi utilizada para avaliar a motricidade global, e o equilíbrio estático e dinâmico. Para relatar a aquisição de marcos motores, prováveis alterações na acuidade auditiva, visual ou posturais, força muscular e o tempo de tratamento foi utilizado um questionário biopsicossocial. Ambos os grupos obtiveram melhorias em relação aos marcos motores, mas o grupo que realizou a fisioterapia convencional, apresentou melhores resultados referentes ao equilíbrio estático e dinâmico, no entanto tiveram mais tempo para o tratamento. Ribeiro et al. (2017) em seu artigo apresentou dois grupos de caso-controle ambos com participantes do sexo masculino, que foram divididos em dois grupos: o Grupo Down (GP) com 5 participantes portadores da SD e o Grupo saudável (GS) com 5 participantes que não apresentaram a síndrome. Os atendimentos foram padronizados em 10 sessões com 30 minutos de duração cada, com as seguintes tarefas: • Tarefa 1: o cavalo caminhou por 10 minutos para o lado direito da rotatória em uma trilha de terra. • Tarefa 2: o cavalo caminhou por 10 minutos em linha reta em um cascalho e cimento • Tarefa 3: o cavalo caminhou por 10 minutos para o lado esquerdo da rotatória em uma trilha de terra. O Registro eletromiográfico foi realizado na primeira sessão e na última. Os eletrodos foram posicionados nos seguintes músculos: glúteo médio, tensor fáscia lata, reto femoral, vasto medial, vasto lateral, bíceps femoral, tibial anterior e gastrocnêmico, já o eletrodo de referência foi colocado no lado esquerdo do maléolo. Alcançou-se resultados significativos em relação a ativação muscular e ação motora dos músculos estudados, independente da frequência semanal do atendimento realizado. O artigo publicado por Junior et al. (2016) investigou 6 crianças com idade entre 10 e 14 anos do sexo masculino. Para a medida da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi utilizado cardiofrequencímetro, os registros foram realizados em três momentos: em repouso na posição supina por 10 minutos (repouso inicial), durante toda a sessão de equoterapia por 30 minutos e após a sessão (repouso final), na posição supina por 10 minutos. Os participantes do estudo não faziam outro tipo de terapia física, não utilizavam medicamentos e não haviam realizado nenhum tipo de cirurgia cardíaca. Todos foram submetidos a 5 sessões de equoterapia com duração de 30 minutos uma vez por semana. no final das 5 sessões. No entanto, houve uma diminuição da variabilidade da frequência cardíaca. T ri a g e m In c lu s ã o E le g ib ili d a d e Id e n ti fi c a ç ã o Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos Base de Dados Scielo (n = 1) Artigos pré-selecionados após a remoção do duplicado (n=15) Estudos lidos na íntegra para avaliação de elegibilidade (n= 9) Não preencheu os critérios de inclusão (n=1) Artigos incluídos na síntese qualitativa (n= 8) Base de Dados Medline (n = 6) Base de dados Lilacs (n= 9) Artigos excluídos: (n=6) Base de dados Pedro (n= 0) Para a exposição dos resultados foi utilizado o Quadro 2 permitindo a organização das informações obtidas em coluna com nome dos autores, ano de publicação, características da amostra, objetivos, intervenções, resultados e conclusão. Quadro 2 – Descrição dos estudos selecionados Autor/ano Amostra Objetivo Intervenções Resultados e Conclusão MORIELLO et al., 2019 N= 04 Documentar a função motora grossa, espaço-temporal parâmetros de resultados de controle de marcha e bexiga após incorporação de fisioterapia equoterapia em quatro crianças com SD. Semanalmente, durante 30min (15-25min no equino e 5-15min para o trabalho preparatório) por oito semanas durante o mesmo período durante o verão. De acordo com as mães dos pacientes demonstraram melhora no caminhar, correr e pular, ajoelhado, em pé, coordenação e interações sociais. COSTA et al., 2017 N= 41 GE= 20 GC= 21 Analisar os efeitos de um programa de hipoterapia no motor global variáveis de coordenação em indivíduos com SD de ambos os sexos e comparar indivíduos com os mesmos síndrome que não prática hipoterapia. 41 pacientes com Síndrome de Down, divididos em dois grupos, grupo experimental (GE) com 20pessoas (11 meninos e 9 meninas) que praticavam equoterapia e grupo controle (GC) com 21 pessoas (12 meninos e 9 meninas). Conclui-se que foi possível observar influência da equoterapia na coordenação motora grossa e houve mais resultados em individuos que apresentam síndrome de down, contudo apenas na tarefa de salto lateral houve diferença significativa. RIBEIRO et al., 2017 N= 10 GP= 05 GS= 05 Avaliar o comportamento da atividade muscular dos membros inferiores em praticantes com SD. Foram dez sessões de 30 minutos para ambos os grupos, 10 min com cavalo andando em rotatória para o lado direito, 10 min andando em linha reta e 10 min andando em rotatória para o lado esquerdo, sendo o movimento tridimensional do andar do cavalo o único estímulo aplicado. No estudo foi observado a ativação da musculatura de membros inferiores e mudança de aprendizado motor. Com ativação da musculatura os indivíduos saudáveis adaptaram-se ao movimento do cavalo e os indivíduos com SD usam a musculatura para permanecer na posição em cima do cavalo. ESPINDUL A et al., 2016 N= 05 Avaliar a postura antes e depois do tratamento de equoterapia em crianças com síndrome de down. Foram 27 sessões de 30min, uma vez por semana, com rotinas realizada da seguinte forma: - Tempo 1 (T1) até 7 min e 30 s em pista de terra à direita da arena. - Tempo 2 (T2) de 7 min 30 s até15 min na grama, direto. - Tempo 3 (T3) de 15 min a 22min e Houve uma melhora após as sessões, das distâncias: do acrômio direito para o direito espinha ilíaca ântero-superior e da acrômio esquerdo para a espinha ilíaca anterior superior esquerda. 30s soalhados de solo na brita. - Tempo 4 (T4) de 22min 30 a 30 min em pista de terra na direção esquerda da arena. JUNIOR et al., 2016 N= 06 Avaliar o comportamento da variabilidade da frequência cardíaca em indivíduos com síndrome de Down submetidos a tratamento equoterapia. 05 sessões de equoterapia de trinta minutos, uma vez por semana, com materiais de montaria de manta com pés fora do estribo. Nas sessões foram observadas uma tendência de aumento na atividade simpática e diminuição significativa da atividade parassimpática. RIBEIRO et al., 2016. N= 05 O objetivo deste estudo foi avaliar quantitativamente e qualitativamente as mudanças na postura de membros inferiores de praticantes com SD. Duração de 30 minutos, sendo as 10 primeiras sessões realizadas 1 vez por semana e as 10 sessões seguintes, 2 vezes por semana. Com o intuito de promover uma simetria dos estímulos proporcionados pelo cavalo durante a sessão, foi padronizada uma sequência de percurso durante Resultou na diminuição da anteversão pélvica, hiperextensão dos membros inferiores, anterior, inferior corpo e melhor alinhamento do joelho com o quadril. Houve mudanças posturais, proporcionando uma melhora do alinhamento dos membros os 30 minutos de atendimento, em três tipos de terrenos: 10’ para o lado direito da pista de equoterapia (redondel) em terreno de terra batida, 10’ em linha reta no terreno de pedra brita e cimentado, e 10’ para o lado esquerdo da pista em terra batida inferiores em individuos com SD. TORQUAT O et al., 2013 N=33 G1= 19 G2= 14 Verificar a aquisição de marcos motores em crianças portadoras de SD que realizam a equoterapia e fisioterapia convencional, e descrever as seguintes variáveis: aquisição de marcos motores, equilíbrio estático, equilíbrio dinâmico, força muscular e tempo de tratamento. Para determinar a idade motora e aquisição de marcos motores foi utilizada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM). Para equilíbrio estático e dinâmico foi utilizado teste para motricidade global. Para avaliar força muscular foi utilizada a escala de força de Daniels, o tempo de tratamento foi analisado de forma descritiva Observa-se que as aquisições de marcos motores nas crianças com SD apresentam atraso considerável em comparação com crianças com o desenvolviment o normal, também foi observado que as crianças que realizavam fisioterapia convencional obtém melhor equilíbrio estático e dinâmico do que com média e desvio padrão. os indivíduos que realizam a equoterapia. Em ambos os grupos houve melhoras, sendo mais evidente no grupo que realiza fisioterapia. CHAMPAG NE et al., 2010 N= 02 Determinar como o movimento do cavalo para a frente influenciou função motora da cabeça e controle do tronco em dois crianças com síndrome de Down após 11 semanas de hipoterapia. 11 semanas, cada sessão com duração de 30min, durante a sessão as crianças deveriam realizar três posições (rosto para frente, sentado de lado e rosto para trás), além de realizar atividades terapêuticas durante o movimento. Algumas dimensões avaliadas pelo GMFM demonstraram melhorias em ambas as crianças, o item E (correr, caminhar e pular) obteve as maiores melhorias em ambas. GC: Grupo controle; GE: Grupo experimental; GMFM: Mensuração da função motora grossa. 5 DISCUSSÃO Os artigos avaliados demonstraram diferentes benefícios que contribuem para a reabilitação de crianças com SD. Dentre esses benefícios, pode-se destacar o alinhamento postural, diminuição na anteversão pélvica, melhoria na coordenação e equilíbrio (ESPINDULA et al., 2016; RIBEIRO et al., 2016; COSTA et al., 2017; TORQUATO et al., 2013). O desenvolvimento motor é um processo de alterações complexas, onde ocorrem todos os aspectos de crescimento e maturidade, nas quais as mudanças acontecem nos primeiros anos de vida da criança. Apesar do desenvolvimento motor ser baixo em crianças com SD, a literatura apresenta que atividades de estimulação e intervenção, são eficientes para atingir níveis motores mais apropriados. O controle da cabeça é a primeira aquisição motora alcançada pela criança, mas indivíduos com SD, possuem fraqueza na musculatura do pescoço, não conseguindo vencer a força da gravidade, retardando essa aquisição motora (TORQUATO et al., 2013). Espindula et al., (2016) e Ribeiro et al., (2016) ambos encontraram melhorias em relação ao alinhamento postural da cabeça (com diminuição da cifose e protusão da cabeça), ombro, quadril e membros inferiores, diminuição da anteversão pélvica, hiperextensão de membros inferiores e melhoria no alinhamento postural do joelho com o quadril, ou seja, a equoterapia contribuiu para melhoria das mudanças posturais em portadores de SD. Já no estudo realizado por Costa et al., (2017) afirma que através de um estudo observacional, com 41 pacientes, foi obtido melhorias no equilíbrio, coordenação motora, força e lateralidade. Esse déficit de equilíbrio se dá justamente pelo fato de que indivíduos com SD, possuem dificuldade em captar estímulos sensoriais que estabelecem a posição do corpo no espaço-tempo à medida que o corpo está se movendo, compreendendo que para um melhor alinhamento postural necessita-se do equilíbrio dos três sistemas: visual, vestibular e somatossensorial (TORQUATO et al., 2013). Outro fator que interfere no equilíbrio, é a falta principalmente do controle de tronco. Tanto o déficit motor, quanto a falta de força muscular, pode interferir diretamente na aquisição da deambulação do paciente (TORQUATO et al., 2013). Em dois estudos Moriello et al., (2019) e Champagne et al., (2010) notou melhoria da função motora grossa, através da escala GMFM, melhorias ematividades como caminhar, saltar, correr, controle de tronco e coordenação. Ainda na pesquisa realizada por Torquato et al., (2013) foi notado uma melhora significativa no equilíbrio estático e dinâmico e na aquisição dos marcos motores através da equoterapia e da fisioterapia convencional, apesar do tratamento da fisioterapia convencional ter tido um tempo maior, a equoterapia obteve mais resultados [...] é notório que a fisioterapia convencional contribui bastante para a aprimoração do equilíbrio, porém o ambiente influência na terapia, e a equoterapia possibilita a criança, uma interação mais ampla com o animal e o ambiente, possibilitando uma interação maior do que na fisioterapia convencional, já que as sessões são mais individualizadas e permite apenas o contato do paciente com o terapeuta. Algumas dessas posturas incomuns presentes em indivíduos com SD, podem estar relacionadas a hipotonia, tornando uma das principais causas de disfunções motoras, possibilitando que ocorra uma contração muscular ineficaz ou lenta, pois a diminuição da velocidade do potencial de ação, acarreta problemas no controle sensório-motor do músculo (CORRÊA et al., 2011). Ribeiro et al., (2017) observou em seu estudo, mudanças satisfatórias no padrão de ativação da musculatura de membros inferiores, na aprendizagem e no comportamento motor do GD (grupo com Down). gerando um controle de ativação muscular durante as sessões. Alguns desses estudos possuem limitações, como por exemplo o baixo número de indivíduos avaliados e o pouco tempo de intervenção, influenciando nos benefícios da equoterapia em crianças com SD. No estudo de Junior et al., (2016) avaliou a alta variação da frequência cardíaca e foi feito em 5 sessões de equoterapia com duração de 30 minutos 2 vezes por semana, porém não houve resultados, no estudo foi visto que os participantes apresentaram uma diminuição da VFC. O autor salienta que na literatura não há levantamento sobre a Variação da Frequência Cardíaca. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se dessa forma que apesar da equoterapia necessitar de mais estudos comprovando seus benefícios, observou-se que a equoterapia trabalhando de maneira lúdica, foi muito importante na reabilitação de crianças com SD, pois a interação cavalo/praticante acarreta ganhos motores significativos como correr, pular, ganho de força, velocidade, sendo possível perceber uma grande melhora no alinhamento postural, possibilitando dessa maneira melhor controle de tronco. Outro ponto evidenciado, foi o aprimoramento do equilíbrio devido a sinergia muscular adequada e o desenvolvimento da função motora grossa, trazendo tanto benefícios biomecânicos quanto social, facilitando uma vida mais produtiva. REFERÊNCIAS AMARAL, I. et al. Perfil de independência no autocuidado da criança com Síndrome de Down e com cardiopatia congênita. Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 27, n. 3, p. 555-563, 2019. ANDE-Brasil. Associação Nacional de Equoterapia. Apostila do Curso Básico de Equoterapia. Brasília: Autor. 2010. ANTONARAKIS, S. et al. Down syndrome. Nat Rev Dis Primers. v. 6, n. 9, p. 1-20. 2020 BONOMO et al. Aspectos percepto-motores e cognitivos do desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down. Rev. Bras. Cresc. e Desenv. Hum. v. 20, n. 3, p. 723-734. 2010. BULL, M. Down Syndrome. The new england journal of medicine. p. 2344-52. 2020. CHAGAS, P.S.C. Equoterapia para o tratamento de pacientes pediátricos com disfunções motoras. Artmed. p. 121-143, 2017. 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