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ÂNGELA VIEIRA- Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP 0687- 20ª região. TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO – TCC CURSO: DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR ALUNO: ANDRÉ VIEIRA FILHO TURMA:DC076-A ANO:2018 TEMA: PLANO DE ENSINO E APOSTILA TEMATICA 2 COORDENAÇAO DE EDUCAÇÃO. PROJETO BÁSICO PARA TCC. ALUNO: André Vieira Filho TURMA: DC076-A ANO:2017/2018 SUMÁRIO PÁG 1. PLANO DE ENSINO...................................................................................................................04 2. NOTA DE AULA........................................................................................................................05 3. MÓDULO I - INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE.............................................................................07 3.1. Sistema de Medida e Sistema Internacional de Unidades (SI)................................................07 3.2. Conceitos Fundamentais da Eletricidade...............................................................................10 3.2 Grandezas Elétricas................................................................................................................13 3.4. Choque Elétrico.....................................................................................................................16 4. MÓDULO II –CONCEITOS BÁSICOS E LEIS FUNDAMENTAIS DA ELETRICIDADE...........................19 4.1. Conceitos Básicos de Circuitos...............................................................................................19 4.2. Lei de Ohm............................................................................................................................22 4.3. 1° Lei de Kirchhoff (corente)..................................................................................................25 4.4. 2° Lei de Kirchhoff (tensão)...................................................................................................29 5. MÓDULO III – CONCEITOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS.............................................................33 5.1. Corrente Contínua e Corrente Alternada...............................................................................33 5.2. Senoides e Fasores................................................................................................................36 5.3. Potência CC e CA....................................................................................................................39 5.4. Equipamentos de Medida.....................................................................................................42 6. MÓDULO IV – SEGURANÇA COM ELETRICIDADE – NR10......................................................... 46 6.1. Fundamentos da Proteção Contra Choques Elétricos............................................................46 6.2. Aterramento e Equipotencialização......................................................................................49 6.3. Proteção Básica contra Contatos Diretos..............................................................................52 6.4. Noções Básicas de Segurança em Instalações Elétricas..........................................................54 7. BIBLIOGRAFIAS UTILIZADAS. 3 7.1- ALEXANDER, Charles K.; SADIKU, Matthew N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos. 5° Ed. AMGH Editora. 2013. 7.2- COTRIM, Ademaro. Instalações elétricas. 5° Ed. São Paulo. Pearson Education. 2008. 7.3 - CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 15° Ed. Rio de Janeiro. LTC. 2007. 7.4 - FLARYS, Francisco. Eletrotécnica Geral: Teoria e Exercícios Resolvidos. 2° Ed. Manole. 2013. 7.5 - NILSON, James. W.; RIEDEL, Susan A. Circuitos Elétricos. 8° Ed. São Paulo. Pearson Education. 2008. 4 PLANO DE ENSINO CURSO ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA ELETRICIDADE APLICADA PROFESSOR ANDRÉ VIEIRA FILHO Nº DE CRÉDITOS 4 CARGA HORÁRIA 80 HORAS MARCO REFERENCIAL PERFIL DO EGRESSO A disciplina “Eletricidade Aplicada” deve capacitar o discente para compreender os fundamentos da eletricidade e a ocorrência de fenômenos elétricos, assim como, adquirir conhecimentos técnicos e assimilar as leis da eletricidade. CONTEXTUALI- ZAÇÃO DA DISCIPLINA O conteúdo trata das teorias da eletricidade possibilitando ao aluno construir conhecimento indispensável para futuro engenheiro elétrico que precisa de uma base sólida na formação desse profissional. EMENTA 1- Introdução à eletricidade 2 – Conceitos Básicos e Leis Fundamentais da Eletricidade 3 – Conceitos Técnicos Fundamentais 4 – Segurança com Eletricidade – NR 10 MARCO OPERACIONAL OBJETIVO GERAL DA DISCIPLINA Relacionar os conhecimentos teóricos e práticos na eletricidade. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA DISCIPLINA Compreender os principais aspectos da eletricidade Analisar e aplicar conceitos teóricos da eletricidade Listar as principais referências da eletricidade Pesquisar as principais aplicações da eletricidade MÉTODOS Aulas expositivas, análise de cálculos e discussão sobre os temas estudados. RECURSOS Computador, Datashow, slides, lousa, pincel, apresentação de instrumentos de medidas elétricas e roteiros de estudo. U N D ASSUNTO 5 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO I UNIDADE I: Introdução a Eletricidade II UNIDADE II: Conceitos Básicos e Leis Fundamentais da Eletricidade III UNIDADE III: Conceitos Técnicos Fundamentais I V UNIDADE IV: Segurança com Eletricidade – NR 10 AVALIAÇÃO a) PARCIAL 1- Trabalho de pesquisa b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 – Múltipla escolha/discursiva c) PARCIAL 2 – Apresentação de seminário d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 – Múltipla escolha/discursiva REFERÊNCIAS BÁSICAS COTRIM, Ademaro. Instalações elétricas. 5° Ed. São Paulo. Pearson Education. 2008. CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 15° Ed. Rio de Janeiro. LTC. 2007. REFERÊNCIAS COMPLEMEN TARES FLARYS, Francisco. Eletrotécnica Geral: Teoria e Exercícios Resolvidos. 2° Ed. Manole. 2013. FONTES INTERNET https://www.institutosc.com.br/web/blog/nr-10-como-evitar-choque-eletrico-no- trabalho https://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_el%C3%A9trico. https://www.infoescola.com/eletricidade/processos-de-eletrizacao/ http://www.ccb.usp.br/arquivos/arqpessoal/1360237189_nr10atualizada.pdf https://www.institutosc.com.br/web/blog/nr-10-como-evitar-choque-eletrico-no-trabalho https://www.institutosc.com.br/web/blog/nr-10-como-evitar-choque-eletrico-no-trabalho https://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_el%C3%A9trico https://www.infoescola.com/eletricidade/processos-de-eletrizacao/ http://www.ccb.usp.br/arquivos/arqpessoal/1360237189_nr10atualizada.pdf 6 RESUMO DE AULA Para começarmos o estudo da disciplina de Eletricidade Aplicada, o aluno do curso de Engenharia Elétrica deve estar capacitado para: 1. Compreender a teoria, conceito e as Leis da Eletricidade. 2. Analisar todo sistema elétrico e seu funcionamento. 3. Conhecer o perigo e os danos sofridos pela eletricidade. 4. Aprender a analisar os circuitos elétricos, cálculos matemáticos e compreender os gráficos de corrente elétrica. 5. Conhecer os equipamentos de medição da eletricidade. 6. Analisar e aplicar as normas de segurança. 7 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À ELETRICIDADE 1.1. Sistema de Medidas e Sistema Internacional de Unidades (SI) Como em qualquer outro ramo profissional, técnicos e engenheiros eletricistas lidam com quantidades mensuráveis a todo o momento. Com isso, para facilitar a leitura de valores medidos e/ou calculados,foi estabelecido um padrão internacional de unidades. Esse padrão chama-se Sistema Internacional de Unidades (SI). O Sistema Internacional de Unidades é usado por todas as principais sociedades de engenharia do mundo. Tabela 1: Sistema Internacional de Unidades. Quantidade Unidade básica Símbolo Comprimento Metro M Massa Quilograma Kg Tempo Segundo S Corrente Elétrica Ampere A Temp. Termodinâmica Kelvin K Carga Coulomb C Intensidade Luminosa Candela Cd Tensão Volt V Quant. de Substância Mol Mol Fonte: Sadiku (2013, p. 05). Figura 01: Ilustração sistemas de medidas. Fonte: Google imagens (2016) 8 Em alguns casos, as unidades do SI são muito pequenas e precisam ser representadas por prefixos padronizados, correspondentes a potência de 10. Engenheiros e técnicos costumam somente utilizar os que representam potência divisível por 3. Tabela 2: Prefixos do Sistema Internacional de Unidades. Multiplicador Prefixo Símbolo 10 18 exa E 10 15 peta P 10 12 tera T 10 9 giga G 10 6 mega M 10 3 quilo K 10 2 hecto H 10 deka Da 10 -1 deci D 10 -2 centi C 10 -3 mili M 10 -6 micro µ 10 -9 nano N 10 -12 pico P 10 -15 fento F 10 -18 atto A Fonte: Sadiku (2013, p. 05) Por exemplo, para ilustrar a utilização dos prefixos do Sistema Internacional de Unidades, a seguir temos números expressos com prefixos diferentes, mas com valores iguais: 300 000 000 mm = 300 000 m = 300 km 5 000 mA = 5 A 1000 µC = 1 mC 1 kV = 1000 V 9 A utilização desses prefixos facilita muito a leitura de valores e medidas no dia-a-dia de um profissional, além de manter um relatório ou folha de anotações organizada esteticamente. Exercícios Resolvidos 1) Utilize os prefixos do Sistema Internacional de Unidades para simplificar os valores dados abaixo: a) 45 000 000 000 m b) 0,0005 A c) 10 000 V d) 0,0007 C e) 90 000 A Solução: a) Podemos representar o valor 45 000 000 000 m com o prefixo 109, pois 109 é igual a 1000 000 000. Ou seja, 45 000 000 000 m = 45 x 10 9 m = 45 Gm b) Podemos representar o valor 0,0005 A com o prefixo 10-6, de forma a ficar representado como 500 x 10 -6 = 500 µA. c) Podemos representar o valor 10 000 V com o prefixo 103, de forma a ficar representado como 10 x 10 3 V = 10 kV. d) Podemos representar o valor 0,0007 C com o prefixo 10-4, de forma a ficar representado como 7 x 10 -4 . Observe que a potência utilizada não é múltipla de 3, o que não faz da representação um erro. Porém, é muito mais comum encontrar representações com prefixos de potência múltipla de 3. e) Podemos representar o valor 90 000A com o prefixo 103, de forma a ficar representado como 90 x 10 3 A = 90 kA. 10 1.2. Conceitos Fundamentais da Eletricidade Ao longo dos séculos, diversos cientistas notaram que os fenômenos elétricos se comportam de maneira constante e previsível quando submetidos a determinadas condições. Carga elétrica. O conceito de carga elétrica é fundamental para explicar todos os fenômenos elétricos. Segundo o autor Matthew Sadiku, “Carga é uma propriedade elétrica das partículas atômicas que compõem a matéria, medida em coulombs (C)” (Sadiku, 2013). Existem 3 tipos principais de cargas elétricas: A primeira delas é a carga positiva, ou próton. A segunda delas é a carga elétrica negativa, ou elétron. A última, mas não menos importante é a carga neutra, o nêutron. A carga elétrica elementar é a menor quantidade de carga encontrada na natureza cujo valor em coulomb é dado por: 𝑒 = 1,6 × 10−19 C É importante também saber que cargas elétricas de sinais iguais se repelem e cargas elétricas de sinais diferentes se atraem. Esse comportamento das cargas elétricas é fundamental para explicar os principais fenômenos da eletricidade. Figura 02 - Comportamento de cargas elétricas. Fonte: Própria. 11 De acordo com o autor Francisco Flarys, “Se um corpo tem mais elétrons do que prótons, diz-se que ele está negativamente carregado ou com excesso de elétrons. Quando um corpo contem mais prótons que elétrons, diz-se que ele está positivamente carregado.” Deste modo, o conceito de carga elétrica de um corpo está relacionado a diferença de cargas positivas e negativas contidas no corpo. Como já dito anteriormente, um corpo está eletricamente carregado quando há um desequilíbrio de cargas. Existem, no entanto, três formas de se eletrizar um corpo. A primeira delas é a eletrização por atrito, que ocorre quando dois corpos de substâncias diferentes (ou não) são atritados um ao outro. Inicialmente neutros, há uma transferência de elétrons de um corpo para o outro, de tal forma que o corpo que cedeu elétrons fique positivamente carregado e o corpo que recebeu elétrons fique negativamente carregado. Note que um corpo que cede elétrons fica com falta de elétrons, ou seja, fica com mais cargas positivas que negativas, ficando assim positivamente carregado. Já o corpo que recebe elétrons, recebe cargas negativas, ficando negativamente carregado. Figura 03 - Processo de eletrização por atrito. Fonte: Infoescola (2014) A segunda forma de se eletrizar um corpo é a eletrização por contato. Considere dois corpos A e B, onda A é um corpo neutro e B é eletrizado negativamente, ou seja, com excesso de elétrons. Quando encostamos o corpo A ao corpo B, os elétrons em excesso do corpo B passam espontaneamente para o corpo A, tornando ambos os corpos negativamente carregados. Na eletrização por contato a troca de cargas depende das dimensões e das formas dos corpos. Caso ambos os corpos tenham dimensões iguais e formas iguais, após o contato ambos os corpos terão cargas iguais. 12 Figura 4 - Processo de eletrização por contato. Fonte: Infoescola (2014) A terceira e última forma de eletrização é a eletrização por indução, que ocorre quando dois corpos se aproximam um do outro e as cargas de um corpo repelem as cargas de mesmo sinal do outro para a extremidade oposta e atraem as cargas de sinal igual do outro corpo para a extremidade mais próxima. Por exemplo, sejam dois corpos A e B, onde B é um corpo neutro e A um corpo carregado negativamente. Ao se aproximar o corpo A ao corpo B, as cargas negativas do corpo B são repelidas pelas cargas negativas do corpo A, onde essas atraem as cargas positivas do corpo B para mais próximo, como ilustrado na figura abaixo. Figura 5 - Processo de eletrização por indução. Fonte: Infoescola (2014, p. 01) Esses três processos de eletrização podem parecer simples fenômenos somente vistos em laboratório, mas na verdade eles explicam diversos comportamentos elétricos que ocorrem no dia-a-dia, até mesmo o corpo humano pode ser eletricamente carregado. Por esse motivo em linhas de montagem de equipamentos eletrônicos usam-se equipamentos antiestáticos para a proteção de placas de circuitos eletrônicos. 13 1.3. Grandezas Elétricas Corrente Elétrica Quando um fio condutor é conectado a uma fonte de tensão (uma bateria, por exemplo), as cargas elétricas são obrigadas a se mover. A esse movimento das cargas elétricas dá-se o nome de corrente elétrica. Por definição, segundo o autor Matthew Sadiku, “Corrente elétrica é o fluxo de carga por unidade de tempo, medido em ampères (A).” (Sadiku, 2013). Ou seja, corrente elétrica é o fluxo ordenado de cargas elétricas por um condutor. Figura 06 - Corrente elétrica devido ao fluxo de cargas em um condutor. Fonte: Sadiku (2013, p. 06). Matematicamente, a relação da corrente I com a carga elétrica q e o tempo t é dada pela equação abaixo: 𝐼 = 𝑑𝑞 𝑑𝑡 A corrente elétrica é dada em ampères (A), ou seja: 1 ampère = 1 coulomb/segundo Em outras palavras, utilizando se o conceito matemático, a corrente elétrica I é a derivada da carga elétricaq em função do tempo t. Com isso, para entender bem o conceito matemático da corrente elétrica, assim como vários outros conceitos da eletricidade, é preciso saber o conceito de derivada e também o conceito de integral. Como o foco deste curso é somente a eletricidade, é preciso que o leitor domine bem esses dois temas, pois estes não serão comentados neste material. 14 Tensão Para deslocar o elétron em um condutor a determinado sentido é necessário algum trabalho ou transferência de energia. Esse trabalho é realizado por uma força eletromotriz (FEM) externa representada pela bateria na Figura 06. Essa FEM também é conhecida como tensão ou diferença de potencial. “A tensão Vab entre dois pontos a e b em um circuito elétrico é a energia (ou trabalho) necessária para deslocar uma carga unitária de a para b.” (Sadiku, 2013) Matematicamente a tensão elétrica entre dois pontos a e b pode ser expressa pela equação abaixo: 𝑉𝑎𝑏 = 𝑑𝑤 𝑑𝑞 Onde w é a energia em joules (J) e q é a carga elétrica em coulombs (C). A unidade de tensão elétrica é o volt (V), em homenagem ao físico italiano Alessandro Antônio Volta, que inventou a primeira pilha voltaica. A figura abaixo mostra a tensão através de um elemento (representado por um bloco). Figura 7 - Potencial elétrico (tensão) através de um elemento. Fonte: Sadiku (2013, p. 09) A tensão Vab pode ser representada de duas maneiras: (1) O ponto a se encontra a um potencial maior que b e (2) o ponto b se encontra a um potencial menor que o potencial do ponto a. Ou seja, 𝑉𝑎𝑏 = −𝑉𝑏𝑎 Corrente elétrica e tensão são duas grandezas elétricas fundamentais em circuitos elétricos. 15 Potência e Energia Embora tensão e corrente sejam variáveis úteis na análise e no projeto de sistemas elétricos, em muitos casos o resultado útil do sistema não é expresso em termos de variáveis elétricas, mas em termos de potência e energia. Considere, por exemplo, uma lâmpada de 90W que fornece mais energia que uma lâmpada de 40W, ou mesmo quando pagamos nossas contas de luz estamos pagando pela energia que consumimos. “Potência é a velocidade com que se consome ou se absorve energia medida em watts (W)” (Sadiku, 2013, p. 10). Ou seja, matematicamente a potência pode ser expressa pela equação a seguir: 𝑃 = 𝑑𝑤 𝑑𝑡 Onde w é a energia em joules (J), p é a potência em watts (W) e t o tempo em segundos (s). A potência é dada pelo produto da tensão pela corrente, ou seja: 𝑃 = 𝑉 × 𝑖 Portanto, a potência absorvida ou fornecida por um elemento é o produto da tensão no elemento pela corrente através dele. Se a potência tem um sinal positivo, ela está sendo fornecida ao elemento ou sendo absorvida por ele. Caso a potência tenha um sinal negativo, ela está sendo fornecida pelo elemento. Exercício Resolvido 1) Um ferro de passar roupas está ligado a uma tomada de uso geral de 220 volts e consome uma corrente elétrica de 3,45 A. Qual a potência consumida por esse ferro de passar roupas? Solução: Utilizando a equação P = V x I para encontrar a potência, tem-se: 𝑃 = 𝑉 × 𝐼 → 𝑃 = 220 × 3,45 𝑃 = 759 𝑊 16 1.4. Choque Elétrico Choque elétrico é “a perturbação, de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no organismo humano ou animal quando este é percorrido por uma corrente elétrica”. (Cotrim, 2008, p. 07) Dependendo do tempo e da intensidade da corrente elétrica, o choque elétrico pode causar danos maiores e efeitos fisiopatológicos no homem, podendo muitas vezes levar a morte. Figura 08 - Choque elétrico. Fonte: Instituto Santa Catarina (ISC, 2018) Como já sabemos, os efeitos do choque elétrico depende de diversos fatores. O principal deles é a intensidade da corrente que passa pelo corpo humano ou animal. Na tabela abaixo podemos visualizar os efeitos do choque elétrico com alguns valores de corrente elétrica. 17 Tabela 3 - Efeitos da corrente no corpo humano. Corrente Elétrica (mA) Efeito no corpo humano 1 Sensação de Tremor 3 Formigamento 20 Contração Muscular 30 Falta de ar 100 Risco de o coração parar de bater 900 Queimaduras graves Fonte: IPT Engenharia (2015, p. 01) Quando se trata de choques elétricos podem-se considerar dois tipos: os de contato direto e os de contato indireto. Choques elétricos de contato direto: são aqueles em que a pessoa encosta diretamente nos condutores energizados. São causados geralmente por falha de isolamento, por ruptura ou remoção indevida de partes isolantes ou muitas vezes por imprudência. Figura 09 - Choque elétrico de contato direto. Fonte: Cotrim (2008, p. 08) Choques elétricos de contato indireto são aqueles em que a pessoa encosta em objetos que ficaram sob tensão devido a uma falha de isolamento. São causados por falha em 18 equipamentos, má isolação de cabos que eventualmente encostam em equipamentos com carcaça condutora, etc. Figura 10 - Choque elétrico de contato indireto. Fonte: Cotrim (2008, p. 08) A tensão não é um fator determinante para o fenômeno do choque elétrico. Em algumas situações, apesar da tensão ser relativamente alta, as cargas elétricas envolvidas são muito pequenas. Em outras palavras, apesar de se ter uma alta tensão, a corrente elétrica é baixa, e em consequência disso o choque elétrico produzido é baixo ou até mesmo nulo. Quanto maior a tensão maior é o risco de ocorrer dano físico à pessoa, tendo em vista que pela lei de Ohm o aumento da corrente é diretamente proporcional ao da tensão e inversamente proporcional ao da resistência, ou seja, para a resistência do corpo humano, que é relativamente constante (entre 1300 e 3000 ohms para a tensão de 127 V), se aumentarmos a tensão, consequentemente a corrente aumentará. Caso haja a ocorrência do choque elétrico, interrompa imediatamente o contato da vítima com a corrente elétrica: Desligue o interruptor ou chave elétrica. Afaste o cabo ou condutor elétrico com um material não condutor bem seco, como um plástico, pedaço de madeira, etc. Puxe a vítima pelo pé ou pela mão, sem lhe tocar a pele, com um material não condutor. Certifique de estar isolado do chão, caso o piso esteja molhado. 19 Após isso aplique os procedimentos de primeiros socorros: Inicie a respiração de socorro, no caso de parada respiratória ou cardíaca. Imobilize os locais de fratura, se houver. Proteja as áreas de queimadura. Controle o estado de choque. Transporte a vítima para o hospital mais próximo ou ligue para o serviço de pronto atendimento o quanto antes. UNIDADE 2 – CONCEITOS BÁSICOS E LEIS FUNDAMENTAIS ELETRICIDADE 2.1. Conceitos Básicos de Circuitos Um circuito elétrico é a conexão de elementos elétricos de modo a formar um caminho fechado e propício para a passagem de corrente elétrica, como ilustrado na Figura 04. “Um circuito de uma instalação elétrica compreende, além dos condutores elétricos, todos os dispositivos nele ligados, isto é, no caso mais geral, os dispositivos de proteção, os dispositivos de comando, as tomadas de corrente etc” (Cotrim, 2008, p. 14). Figura 11 - Circuito elétrico. Fonte: Alunos online (2013, p. 01) Circuitos elétricos podem ser caracterizados por três tipos, sendo eles circuitos em série, circuitos em paralelo e circuitos mistos. 20 Circuitos em série é aquele em que as cargas estão conectadas sequencialmente e tem apenas um ponto em comum, ou seja, estão sendo percorridas pela mesma corrente elétrica. Circuito em paralelo é aquele em que as cargas estão conectadas com todos os pontos em comum, ou seja, as cargas possuem dois pontos em comum e possuem a mesma tensão. Circuitos série paralelo ou circuitos mistos são aqueles que possuem cargas em série e paralelo. Os três tipos de circuitos elétricos podem ser observados nas figuras abaixo, onde R1,R2, R3, R4, R5, R6 e R7 representam as cargas elétricas e V1, V2 e V3 são fontes de tensão. Figura 12 - Circuito elétrico série. Fonte: National Instruments Multisim (2014) Repare que no circuito série mostrado na figura acima as cargas R1 e R2 possuem somente um ponto de conexão em comum. Isso ocorre em todos os circuitos série. Figura 13 - Circuito elétrico em paralelo. Fonte: National Instruments Multisim (2014) 21 Reparem no circuito paralelo mostrado na figura acima as cargas R4 e R5 possuem dois pontos de conexão em comum. Isso ocorre em todos os circuitos paralelos. Figura 14 - Circuito elétrico misto. Fonte: National Instruments Multisim (2014) Repare que no circuito mostrado na figura acima as cargas R6 e R7 estão conectadas em paralelo, pois possuem dois pontos de conexão em comum e o equivalente destas cargas está em série com a carga R5, pois possui apenas um ponto de conexão em comum. É importante saber que em circuitos paralelos as cargas possuem o mesmo valor de tensão e é percorrida por correntes diferentes, a maioria das vezes. Em circuitos série as cargas são percorridas pela mesma corrente elétrica e possuem tensões diferentes, na maioria dos casos. Exercício Resolvido: 1) A iluminação da árvore de natal é um exemplo de circuito série. Vamos supor que temos lâmpadas de 12 V cada uma e queiramos ligar na tomada de 120 V de nossa residência. (a) Como disporemos as lâmpadas? (b) Qual a corrente que circula por elas se cada lâmpada consome 5W? Solução: (a) 10 lâmpadas de 12 V dão uma queda de tensão de 10 x 12 = 120 V. A disposição das lâmpadas pode ser vista na figura 15. 22 Figura 15 – Lâmpadas ligadas em série. Fonte: Creder (2005) (a) A potência consumida é 5 W, ou seja, 𝑉 × 𝐼 = 5 → 𝐼 = 5 12 = 0,416 𝐴 𝑜𝑢 416 𝑚𝐴 2.2. Lei de Ohm Para o entendimento da lei de Ohm é necessário ter em mente o significado de resistência elétrica, que é “a capacidade dos materiais de se opor ao fluxo de corrente elétrica, ou, mais especificamente, de se opor ao fluxo de cargas elétricas” (Riedel, 2008, p. 18). A resistência elétrica de um elemento depende de alguns fatores, como a área de seção transversal (A), o comprimento (L) e a resistividade do material (ρ). Podemos encontrar o valor da resistência por meio da equação a seguir: 𝑅 = 𝜌 𝐿 𝐴 Onde cada material possui um valor de resistividade específico. Vejamos na tabela abaixo o valor da resistividade para alguns materiais. 23 Tabela 4 – Resistividade de alguns materiais. Material Resistividade (Ω . m) Tipo Cobre 1,72 × 10−8 Condutor Alumínio 2,8 × 10−8 Condutor Silício 6,4 × 102 Semicondutor Prata 1,64 × 10−8 Condutor Ouro 2,45 × 10−8 Condutor Carbono 4 × 10−5 Semicondutor Germânio 47 × 10−2 Semicondutor Papel 1 × 1010 Isolante Mica 5 × 1011 Isolante Vidro 1 × 1012 Isolante Teflon 3 × 1012 Isolante Fonte: Sadiku (2013, p. 27) Analisando a tabela acima, podemos perceber que materiais condutores tem resistividade muito baixa, fazendo com que sua resistência seja muito baixa. Já os materiais isolantes tem resistividade extremamente alta, fazendo com que sua resistência seja extremamente alta, impossibilitando a passagem de corrente elétrica. Com isso, podemos entender bem a lei de Ohm, que afirma que “a tensão V em um resistor (ou resistência de um material, chamada de R) é diretamente proporcional à corrente I através dele”. (Sadiku, 2013, p. 28) 𝑉 = 𝑅 × 𝐼 A lei de ohm é uma das principais leis da eletricidade e é fundamental para explicar alguns fenômenos elétricos. É muito poderosa pois pode ser aplicada a qualquer circuito em qualquer escala de tempo, ou seja, ela é aplicável tanto em circuitos de corrente alternada quanto a circuitos de corrente continua. 24 Figura 16 - Ilustração da Lei de Ohm. Fonte: Embarcados (2016) Quando se trata de circuito elétrico é importante saber os conceitos de circuito aberto e curto-circuito. “Curto-circuito é um elemento de circuito com resistência que se aproxima de zero” (Sadiku, 2013, p. 29). Ou seja, qualquer material condutor pode ser considerado um curto circuito pois possui resistência muito próxima de zero, como ilustrado na figura 17. “Circuito aberto é um elemento de circuito com resistência que se aproxima de infinito” (Sadiku, 2013, p. 29). Ou seja, qualquer material isolante pode ser usado como um circuito aberto, pois possui resistência próxima de infinito. Em um circuito elétrico, circuito aberto é quando algum elemento está desconectado do circuito, como ilustrado na figura 18. Figura 17 - Curto-circuito entre os pontos a e b. Fonte: National Instruments Multisim (2014) Repare que na figura acima há um curto-circuito entre os pontos a e b. Esse curto- circuito pode ser representado por um fio condutor, já que possui uma resistência quase nula. 25 Figura 18 - Circuito aberto entre os pontos a e b. Fonte: National Instruments Multisim (2014) Repare que na figura acima há um circuito aberto entre os pontos a e b. Quando um circuito está aberto, o meio é o ar, que possui resistência próxima de infinito, caracterizando um circuito aberto. 2.3. 1° Lei de Kirchhoff para Corrente A lei de Ohm não é suficiente para a análise de circuitos elétricos; contudo, quando associada as leis de Kirchhoff, tornam-se um grupo de ferramentas poderoso para a análise de circuitos elétricos. A primeira Lei de Kirchhoff, também chamada de Lei de Kirchoff das correntes, se baseia na conservação das cargas elétricas em um ponto, chamado nó. A Lei de Kirchoff para correntes (LKC) diz que “a soma algébrica das correntes que entram em um nó (ou limite fechado) é igual a zero” (Sadiku, 2013, p. 34) Antes de tudo precisamos saber os conceitos de nó, ramos e laços, enunciados a seguir: Ramo representa um elemento único, como um resistor ou uma fonte de tensão. Nó é o ponto de conexão entre dois ou mais ramos. Laço é qualquer caminho fechado em um circuito. 26 Na figura 19 podemos observar 5 correntes provindas de fios condutores diferentes e que se encontram em um ponto em comum, chamado nó. Algumas corrente “entram” no nó e outras “saem” do nó, mantendo, assim, a lei da conservação das cargas elétricas. Matematicamente a LKC pode ser descrita pela seguinte equação: ∑ 𝑖𝑛 𝑁 𝑛=1 = 0 Onde N é o número de ramos conectados ao nó e in é a enésima corrente que entra (ou sai) do nó. Em outras palavras, pode-se dizer que a soma das correntes que entram em um nó é igual a soma das correntes que saem desse nó. Esse resultado pode ser observado na equação abaixo, que nos ilustra a LKC para a figura abaixo. 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + 𝑖4 + 𝑖5 = 0 Observe que as correntes i2 e i5 saem do nó, ficando estas com sinal negativo na equação, como mostrado abaixo: 𝑖1 − 𝑖2 + 𝑖3 + 𝑖4 − 𝑖5 = 0 𝑖1 + 𝑖3 + 𝑖4 = 𝑖2 + 𝑖5 27 Figura 19 - Correntes em um nó ilustrando a LKC. Fonte: Sadiku (2013, p. 34) Note também que a LKC se aplica a um limite fechado de um circuito. Isso pode ser considerado um caso genérico, pois um nó pode ser uma superfície fechada reduzida a um ponto. Em duas dimensões, um limite fechado é o mesmo que um caminho fechado. Figura 20 - Aplicação da LKC a um circuito limite fechado. Fonte: Sadiku (2013, p. 34) Exercício Resolvido: 1) Considere o circuito ilustrado na figura abaixo. Determine os valores das correntes i1, i3, i4 e i5. 28 Figura 21 - Circuito para análise LKC. Fonte: EtE (2015, p. 01) Solução: Para determinar a corrente I1 devemos analisar o que ocorre no nó a. Repare que no ponto a I = 5 A entra no nó e as corrente I1 e I2 saem do nó. Com isso, tem-se: 𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 → 5 = 𝐼1 + 4 𝐼1 = 1 𝐴 Para determinar a corrente I4 devemos analisar o nó c. Repareque no nó c só existem duas correntes, a corrente I2 entrando no nó e a corrente I4 saindo do nó. Com isso, tem-se: 𝐼2 = 𝐼3 = 4 𝐴 Analisando o nó b podemos observar que: 𝐼1 = 𝐼3 = 1 𝐴 Para determinar a corrente I5 devemos analisar o no d. Repare que no nó c as correntes I3 e I4 entram no nó e a corrente I5 sai do nó. Sendo assim, tem-se: 𝐼5 = 𝐼3 + 𝐼4 → 𝐼5 = 1 + 4 𝐼5 = 5 𝐴 Exercícios: 1) Determine os valores e sentidos das correntes I3, I4, I6 e I7 mostradas no circuito da figura abaixo: 29 Figura 22 - Circuito a ser analisado no exercício 1. 2.4. 2° Lei de Kirchhoff para Tensão A segunda lei de Kirchhoff se baseia no princípio da conservação de energia, onde ela diz que “a soma algébrica de todas as tensões em torno de um caminho fechado (ou laço) é zero.” (Sadiku, 2013, p. 35) A LKT pode ser expressa matematicamente pela equação abaixo, onde M é o número de tensões no laço e VM é a m-ésima tensão: ∑ 𝑉𝑚 = 0 𝑀 𝑖𝑚=1 Em outras palavras, podemos dizer que a soma das quedas de tensão é igual a soma das elevações de tensão. A LKT pode ser aplicada de duas maneiras: percorrendo a malha no sentido horário ou no sentido anti-horário. Independentemente do sentido adotado, a soma das tensões no laço é zero. Considerando o circuito abaixo, podemos fazer a análise do mesmo por meio da LKT. Figura 23 - Aplicação da LKT em um circuito cc em série. Fonte: Boylestad (2012, p. 123) 30 Analisando o circuito da figura acima, onde tem-se uma fonte de tensão alimentando duas cargas elétricas em série, seguindo o sentido horário, temos: −𝐸 + 𝑉1 + 𝑉2 = 0 Aos sinais atribuídos a tensão na equação de análise será designada um sinal positivo ao proceder do potencial positivo para o negativo e designaremos um sinal negativo ao proceder do potencial negativo para o positivo. Para ilustrar melhor a LTK, considere o circuito da figura abaixo. O sinal de cada tensão é a polaridade do terminal encontrado primeiro à medida que percorremos o laço, partindo de qualquer ramo e percorrendo o laço no sentido horário ou anti-horário. Figura 24 - Circuito com um único laço ilustrando a LKT. Fonte: Sadiku (2013, p. 36) Consequentemente, a LKT resulta em: −𝑣1 + 𝑣2 + 𝑣3 − 𝑣4 + 𝑣5 = 0 Rearranjando os termos, obtermos: 𝑣2 + 𝑣3 + 𝑣5 = 𝑣1 + 𝑣4 Exercício Resolvido: 1) Use a lei de Kirchhoff das tensões para determinar a tensão desconhecida do circuito da figura abaixo: 31 Figura 25 - Circuito série a ser examinado. Fonte: Boylestad (2012, p. 124) Solução: Fazendo-se a LKT no laço do circuito da figura acima, percorrendo o laço no sentido horário, tem-se: −𝐸1 + 𝑉1 + 4,2 + 𝐸2 = 0 Substituindo os valores das fontes de tensão dados no circuito, tem-se: −16 + 𝑉1 + 4,2 + 9 = 0 Isolando o valor de V1 na equação acima, temos: 𝑉1 = 2,8 𝑉 Vejamos agora se a LKT se aplica também se percorrermos o laço no sentido anti-horário. 𝐸1 − 𝐸2 − 4,2 − 𝑉1 = 0 Após feita a LKT percorrendo o laço no sentido anti-horário, isole o valor de V1 e substitua os valores dados: 16 − 9 − 4,2 − 𝑉1 = 0 𝑉1 = 2,8 𝑉 Com isso, podemos observar que os sentidos em que percorremos o laço não importa, o resultado final é o mesmo. 2) Determine V0 e i no circuito mostrado na figura abaixo. 32 Figura 26 - Esquema para o exemplo 2. Fonte: Sadiku (2013, p. 37) Solução: Aplicamos LKT no laço, como mostrado na figura acima. −12 + 4𝑖 + 2𝑣0 − 4 − 6𝑖 = 0 Aplicando a lei de Ohm ao resistor de 6Ω, temos: 𝑣0 = −6𝑖 Substituindo esse valor na equação da LKT, tem-se: −16 + 10𝑖 + 12𝑖 = 0 Portanto, 𝑖 = −8 𝐴 Esse valor negativo quer dizer que a corrente percorre o circuito no sentido oposto ao que percorremos na análise da LKT. Como V0 é dado por: 𝑣0 = −6𝑖 Então, 𝑣0 = 48 𝑉 33 UNIDADE 3 – CONCEITOS TÉCNICOS FUNDAMENTAIS 3.1. Corrente Alternada e Corrente Continua Quando se trata de tensão e corrente elétrica podemos considerar dois tipos existentes, a corrente contínua e a corrente alternada. No mundo atual, a corrente contínua é muito utilizada em aparelhos eletrônicos portáteis e a corrente alternada é muito utilizada em eletrodomésticos. Corrente Contínua Podemos dizer que corrente continua (ou CC) é aquela que não altera o seu sentido quando percorre um circuito, ou seja, é sempre positiva ou sempre negativa. A maioria dos circuitos eletrônicos trabalha em corrente continua. Existem dois tipos de corrente contínua, a corrente contínua constante, que é aquela que não varia sua intensidade durante o tempo, e a corrente continua pulsante, que é aquela que varia de intensidade no decorrer do tempo. Na figura 27 podemos observar o gráfico I x t (intensidade de corrente elétrica pelo tempo) da corrente contínua constante positiva e na figura 28 podemos ver o gráfico I x t (intensidade de corrente elétrica pelo tempo) da corrente contínua constante negativa. Figura 27 - Gráfico I x t da corrente contínua constante positiva. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) 34 Observe que ambos os gráficos são retas, confirmando que a intensidade de corrente não varia com o passar do tempo. Figura 28 - Gráfico I x t da corrente contínua constante negativa. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) Na figura 29 podemos observar o gráfico I x t (intensidade de corrente pelo tempo) da corrente contínua pulsante positiva e na figura 30 podemos ver o gráfico I x t da corrente contínua pulsante negativa. Figura 29 - Gráfico I x t da corrente contínua pulsante positiva. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) 35 Figura 30 - Gráfico I x t da corrente contínua pulsante negativa. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) A corrente alternada, como o nome já diz, altera o seu sentido ao percorrer um circuito, ou seja, ora é positiva ora é negativa. Este tipo de corrente é o que encontramos ao medir a rede elétrica residencial. Os tipos mais comuns de correntes alternadas são as ondas senoidais e as ondas quadradas. O gráfico I x t da corrente alternada de onda quadrada por ser visto na figura 31 e o gráfico I x t da corrente alternada senoidal pode ser visto na figura 32. Figura 31 - Gráfico I x t da corrente alternada de onda quadrada. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) 36 Figura 32 - Gráfico I x t da corrente alternada senoidal. Fonte: BlueSol (2017, p. 01) 3.2. Senoides e Fasores Para de ser um bom entendimento de potência CA, que será visto posteriormente, temos que começar primeiramente com conceitos básicos de corrente alternada. Como já sabemos, a corrente alternada ou CA é chamada de corrente senoidal, onde senoide "é um sinal que possui a forma de seno ou cosseno” (Sadiku, 2013, p. 330). Uma corrente desse tipo inverte-se em intervalos de tempo regulares e possui, alternadamente, valores positivos e negativos. Consideremos a tensão senoidal 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 Onde Vm = amplitude da senoide ω = frequência angular em radianos ωt = argumento da senoide A senoide é mostrada na figura abaixo em função de seu argumento e em função do tempo. 37 Figura 33 - Senoide em função de seu argumento. Fonte: Sadiku (2013, p. 331). Figura 34 - Senoide em função do tempo. Fonte: Sadiku (2013, p. 331). A senoide se repete a cada T segundo, onde T é o período da senoide, dado por: 𝑇 = 2𝜋 𝜔 Considere agora uma expressão mais genérica para a senoide, onde ϕ é a fase: 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜙) Considere agora duas senoides dadas por: 𝑣1(𝑡) = 𝑉𝑚𝑠𝑒𝑛 𝜔𝑡 e 𝑣2(𝑡) = 𝑉𝑚𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜙) Os gráficos dessas senoides podem ser vistos na figura abaixo. Observe que V2(t) está adiantada de 𝜙 graus da senoide V1(t). 38 Figura 35 - Duas senoides com fases distintas. Fonte: Sadiku (2013, p. 333) Quando setrata de senoides é importante saber as seguintes relações: Exemplo: 1) Calcule o ângulo de fase entre V1 e V2 e indique qual senoide está avançada. Dados: 𝑣1 = −10cos (𝜔𝑡 + 50°) 𝑣2 = 12𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 10°) Solução: Para poder comparar V1 e V2 temos que expressa-las da mesma forma. Se as expressarmos em termos de cossenos com amplitudes positivas 𝑣1 = −10 cos(𝜔𝑡 + 50°) = 10 cos(𝜔𝑡 + 50° − 180°) = 10 cos(𝜔𝑡 − 130°) 𝑣2 = 12𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 10°) = 12𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 10° − 90°) = 12𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 100°) Podemos deduzir, das equações acima, que a diferença de fase entre V1 e V2 é 30° e que V2 está avançada em relação a V1 em 30°. “Fasor é um número complexo que representa a amplitude e a fase de uma senoide” (Sadiku, 2013, p. 335). Um número complexo z pode ser escrito na forma retangular como: 𝑧 = 𝑥 + 𝑗𝑦 39 Onde 𝑗 = √−1, x é a parte real de z e y é a parte imaginária de z. O número complexo z também pode ser escrito na forma polar, como segue: 𝑧 = 𝑟∠𝜙 Onde r é a magnitude de z e 𝜙 é a fase de z. Dados x e y podemos obter r e 𝜙, como se segue: 𝑟 = √𝑥2 + 𝑦2 𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( 𝑦 𝑥 ) As seguintes operações com números complexos são importantes: Adição: 𝑧1 + 𝑧2 = (𝑥1 + 𝑥2) + 𝑗(𝑦1 + 𝑦2) Subtração: 𝑧1 − 𝑧2 = (𝑥1 − 𝑥2) + 𝑗(𝑦1 − 𝑦2) Multiplicação: 𝑧1𝑧2 = 𝑟1𝑟2∠ 𝜙1 + 𝜙2 Divisão: 𝑧1 𝑧2 = 𝑟1 𝑟2 ∠ 𝜙1 − 𝜙2 3.3. Potência CC e CA A potência média em corrente contínua é dada pela equação seguinte: 𝑃 = 𝑉 × 𝐼 A tensão V e a corrente I podem ser encontradas pelas equações abaixo: 𝑉 = 𝑅 × 𝐼 𝐼 = 𝑉 𝑅 Reescrevendo a equação da potência de modo a substituir os valores de V e I, podemos encontrar novas equações para a potência CC: 𝑃 = 𝑅 × 𝐼2 𝑃 = 𝑉2 𝑅 40 Onde: P = Potencia V = Tensão R = Resistência Se a potência for positiva (isto é, P > 0), a carga está absorvendo potência, ou seja, a potência está sendo consumida. Se a potência for negativa (isto é, P < 0), a carga está fornecendo potência, ou seja, a potência está sendo fornecida. Utilizando as três equações para a potência dadas acima é possível encontrar valores iguais. Exercício Resolvido: 1) Calcule a potência dissipada por uma carga de 734 Ω, supondo que ela esteja conectada a uma rede elétrica de 220 V e passe por ela uma corrente de 0,3 A. Utilize as três equações dadas para o cálculo de potência e verifique se os valores encontrados são iguais. Figura 36 - Circuito a ser analisado. Fonte: National Instruments Multisim (2014) Solução: Utilizando a primeira equação, temos: 𝑃 = 𝑉 × 𝐼 𝑃 = 220 × 0,3 41 𝑃 = 66 𝑊 Utilizando a segunda equação, tem-se: 𝑃 = 𝑅 × 𝐼2 𝑃 = 734 × 0,32 𝑃 = 66,06 𝑊 Utilizando a terceira equação, tem-se: 𝑃 = 𝑉2 𝑅 𝑃 = 2202 734 𝑃 = 65,94 𝑊 Com isso, podemos perceber que, utilizando as três equações para os cálculos da potência elétrica, encontramos os mesmos valores ou valores próximos com pequenos variações, devido a imprecisões de cálculos e equações matemáticas. Antes de tudo, é importante ter em mente o conceito de valor eficaz ou valor RMS. “O valor eficaz de uma corrente elétrica periódica é a corrente CC que libera a mesma potência média para uma resistência que a corrente periódica” (Sadiku, 2013, p. 414). O valor eficaz de um sinal periódico é a raiz do valor médio quadrático (RMS). Por exemplo, seja uma tensão dada por V, o seu valor RMS é dado por: 𝑉𝑅𝑀𝑆 = 𝑉 √2 Como já mencionado anteriormente, a potência instantânea CA, que é a potência a qualquer instante, é dada pelo produto da tensão instantânea V(t) pela corrente elétrica instantânea I(t), ou seja: 𝑃(𝑡) = 𝑣(𝑡) × 𝑖(𝑡) Consideraremos que a tensão e a corrente são dadas por: 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚cos (𝜔𝑡 + 𝜃𝑉) 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 cos(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖) 42 Onde Vm e Im são as amplitudes (ou valores de pico) e θv e θi são, respectivamente, os ângulos de fase da tensão e da corrente. A potência instantânea absorvida pelo circuito é dada por: 𝑃(𝑡) = 𝑣(𝑡) × 𝑖(𝑡) 𝑃(𝑡) = 𝑉𝑚 cos(𝜔𝑡 + 𝜃𝑉) × 𝐼𝑚 cos(𝜔𝑡 + 𝜃𝑖) Utilizando identidades trigonométricas, chegamos a seguinte equação: 𝑃 = 1 2 𝑉𝑚𝐼𝑚 cos(𝜃𝑉 − 𝜃𝑖) = 𝑉𝐼 cos 𝜑 Onde V e I são valores eficazes. Chamamos P de potência ativa, dada em watts (W) e cos(𝜃𝑉 − 𝜃𝑖) de fator de potência. 𝐹𝑃 = cos(𝜃𝑉 − 𝜃𝑖) “Fator de potência é o cosseno da diferença de fase entre a tensão e a corrente.” (Sadiku, 2013, p. 418). Potência aparente (S) é o produto dos valores eficazes RMS da tensão e da corrente. 𝑆 = 𝑉 × 𝐼 3.4. Equipamentos de Medida Voltímetro É um aparelho de medição de diferença de potencial (ddp) ou tensão de um circuito elétrico ou instalação residencial. O voltímetro é composto por dois conectores, chamados de pontas de prova, que devem ser ligados em paralelo com a tensão que deseja ser medida, pois mede a diferença de potencial entre dois pontos. Existem dois tipos de multímetro, o analógico e o digital, ambos mostrados nas figuras abaixo. 43 Figura 37 - Voltímetro digital. Fonte: SegEletrônicos (2013) Figura 38 - Voltímetro analógico. Fonte: Electrónica Embajadores (2011) Amperímetro É um instrumento utilizado para a medida de corrente elétrica composto por duas ponteiras, também chamadas de pontas de prova, que devem ser ligadas em série com o circuito elétrico. Como o voltímetro, o amperímetro também possui os modelos digital e analógico. Porém, existem dois tipos de modelo digital, o de pontas de prova o tipo alicate. 44 Figura 39 - Amperímetro digital alicate. Fonte: Eletricacidade. Figura 40 - Amperímetro analógico de pontas de prova. Fonte: Usina Info. É importante saber que os equipamentos analógicos são pouco utilizados atualmente, por conta de sua imprecisão e os equipamentos digitais tornarem mais fáceis as leituras das medidas elétricas. Multímetro O multímetro é um equipamento de medida multifuncional que mede diversos tipos de grandezas elétricas, como diferença de potencial (tensão) alternada e contínua, corrente elétrica alternada e contínua, mede resistência elétrica, capacitância e alguns mais avançados medem também temperatura, potência, indutância. 45 Principais características operacionais dos multímetros digitais: Resolução: é fornecida através do número de dígitos ou contagens de seu display; Exatidão: informa o maior erro possível em determinada condição de medição; Categoria: diz respeito à segurança, tanto do operador quanto do equipamento, desta maneira os instrumentos digitais são hierarquizados em 4 categorias de sobre tensão, são elas: Categoria I: trata-se do equipamento de baixa energia com proteção, que limita efeito dos transientes; Categoria II: trata-se de equipamentos consumidores de energia fornecida por uma instalação fixa. Exemplos incluem aparelhos domésticos, laboratoriais entre outros; Categoria III: são equipamentos em instalações fixas. Exemplo: equipamentos para uso industrial com conexão permanente à uma instalação fixa. Categoria IV: são equipamentos para uso na origem da instalação. Exemplo: Medidor de eletricidade; Figura 41 - Multímetro digital. Fonte: Bangood (2017) 46 UNIDADE 4 – SEGURANÇA COM ELETRICIDADE – NR10 4.1. Fundamentos da Proteção contra Choques elétricos Tendo em vista a quantidade de equipamentos elétricos utilizados hoje em dia, foi criada a Norma Brasileira 5410 ou NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão. Ela dita as normas e dá grande importância à proteção contra choques elétricos. Se a instalação elétrica de qualquer local não for feita seguindo as normas e não forem adotadas as medidas apropriadas de segurança e proteção, serão altos os riscos ou até a morte por conta dechoques elétricos. Figura 42 - Sinalização de segurança. Fonte: ConstruDicas (2017) Contatos direto e indireto O risco de choque elétrico pode existir tanto para o eletricista que acidentalmente pode encostar-se a um fio ou barra energizada de um subestação ou de um quadro de distribuição como para o operário que pode encostar acidentalmente na carcaça energizada de um motor elétrico e ainda para uma pessoa qualquer que encosta na carcaça energizada de uma geladeira, colocada sob tensão por uma falha de isolamento. É importante salientar que o perigo não está somente em encostar-se a um fio energizado (contato direto) ou em um objeto energizado (contato indireto), e sim em encostar simultaneamente em outro elemento que possui um potencial diferente do primeiro, ou seja, o perigo está na diferença de potencial. 47 Os contatos diretos, em sua maior parte, ocorrem por conta de desatenção, desconhecimento que o fio está energizado ou até mesmo por negligência, por isso são raros de ocorrer. Ao contrário, os contatos indiretos são mais frequentes e imprevisíveis, além de representarem maior perigo. A NBR 5410: 2004 apresentaram os conceitos de “proteção básico” e “proteção supletiva” que correspondem, respectivamente, “proteção contra contatos diretos” e “proteção contra contatos indiretos” A NBR 5410 afirma que o princípio fundamental da proteção contra choques elétricos compreende que as partes vivas perigosas não devem ser de fácil acesso, a fim de evitar o contato direto, e que as massas ou partes condutoras acessíveis não devem oferecer perigo, a fim de evitar o contato indireto. Proteção básica. A proteção básica (contra contatos diretos) é garantida pela qualidade dos componentes da instalação e por determinadas disposições físicas dos componentes, cuja finalidade é: Isolação das partes vivas. Barreiras de proteção. Obstáculos. Estar fora do alcance de pessoas. Dispositivo de proteção a corrente diferencial residual. Limitação de tensão. Proteção supletiva. A proteção supletiva (contra contatos indiretos) é prevista por meio de medidas que incluem a adoção de equipotencialização e seccionamento automático da alimentação, o emprego de isolação suplementar e o uso de separação elétrica. 48 Figura 43 - Choque elétrico de contato direto. Fonte: Instalações elétricas residenciais (2003, p. 34) Figura 44 - Choque elétrico de contato indireto. Fonte: Instalações elétricas residenciais (2003, p. 34) Os métodos introduzidos pela NBR 5410 para a proteção contra choques elétricos podem ser divididos em dois grupos: proteção ativa e proteção passiva. A proteção ativa consiste na utilização de métodos e dispositivos que proporcionam o seccionamento (abertura) automático de um circuito, sempre que houver falta que possam trazer perigo para o operador ou usuário. A proteção passiva consiste em limitar a corrente elétrica que pode atravessar o corpo humano ou em impedir o acesso de pessoas a partes vivas. São medidas que não levam em conta a interrupção de circuitos com falta. 49 4.2. Aterramento e Equipotencialização Conforme a NBR 5410, o aterramento e a equipotencialização são fundamentais para a garantia do funcionamento adequado dos sistemas de proteção contra choques elétricos. Para entender as diferenças entre aterramento e equipotencialização, vejamos as suas definições a seguir. Aterramento: Ligação elétrica intencional por meio de um fio condutor e de baixa impedância com a terra (solo), como visto na figura abaixo. Ligação equipotencial: Ligação elétrica que coloca massas e elementos condutores praticamente no mesmo potencial. Figura 45 - Sistema de aterramento. Fonte: Dublin Soluções em eletricidade. Figura 46 - Equipotencialização indireta de partes metálicas. Fonte: Termotécnica. 50 Com isso, o conceito de aterramento envolve necessariamente algum tipo de contato direto das massas e elementos condutores com o solo, visando levar os potenciais de todos os elementos do sistema de aterramento mais próximos possíveis do solo. Por sua vez, o conceito de equipotencialização não envolve diretamente o solo, mas sim em tornar vários elementos ou massas condutores com o mesmo potencial entre si. Fundamentos sobre o aterramento Solo: A terra (solo) pode ser considerada um condutor por meio do qual a corrente elétrica por fluir. A tabela abaixo apresenta as resistividades típicas de alguns tipos de solos. Tabela 5 - Valores típicos de resistividades de solos. Natureza do solo Resistividade (Ω . m) Solos alagadiços/pantonosos 5 a 30 Lodo 20 a 100 Argila plástica 50 Areia argilosa 50 a 500 Areia silicosa 200 a 3000 Solo pedregoso nu 1500 a 3000 Solo pedregoso com relva 300 a 500 Calcáreos moles 100 a 400 Calcáreos compactos 1000 a 5000 Calcáreos fissurados 500 a 1000 Xisto 50 a 300 Margas e argilas compactas 100 a 200 Fonte: Cotrim (2008, p. 79) Aterramento: é a ligação intencional da carcaça de um equipamento elétrico com a terra (solo), que pode ser realizada apenas utilizando condutores elétricos – aterramento direto - ou por meio da inserção de uma resistência ou um reator, adicionando uma impedância no caminho da corrente ao solo. 51 Nas instalações elétricas são considerados dois tipos de aterramentos: Aterramento funcional: consiste na ligação à terra de um dos condutores do sistema, geralmente o neutro, e está relacionado ao funcionamento correto, seguro e confiável do sistema. Aterramento de proteção: Consiste na ligação a terra das massas e dos fios condutores estranhos a instalação, que visa evitar choques elétricos por contato indireto. Pode ser também haver o aterramento de trabalho (temporário), cujo objetivo é permitir ações seguras de manutenção de sistemas elétricos energizados. Figura 47 - Aterramento de proteção. Fonte: Slideshare (2011) Eletrodos de aterramento. O eletrodo de aterramento é o condutor ou conjunto de condutores enterrado(s) no solo, diretamente ligado(s) ao solo para fazer o aterramento. Figura 48 - Eletrodo de aterramento. Fonte: Voltimum. 52 4.3. Proteção Básica contra Contatos Diretos A NBR 5410 considera que a proteção básica (contra contatos diretos) possa ser de três tipos: completa, parcial ou adicional. Proteção completa. A proteção completa é necessária nos locais acessíveis a qualquer tipo de pessoa, principalmente crianças e pessoas incapacitadas. A proteção completa pode ser realizada fazendo a isolação das partes vivas, por meio de invólucros ou utilizando barreiras. A isolação das partes vivas energizadas consiste no recobrimento total dessas partes por uma isolação que só pode ser desfeita com a sua destruição. Figura 49 - Isolação de partes vivas. Fonte: NR10 Online. O uso de barreiras ou invólucros destina-se a impedir qualquer contato com partes vivas, cumprindo assim o papel da proteção básico. A norma indica que as partes vivas devem ser confinadas no interior de invólucros ou atrás de barreiras que confiram, pelo menos, o grau de proteção contra contato dos dedos com partes vivas. Devem ser tomadas medidas para que pessoas ou animais domésticos toquem nas partes vivas energizadas e garantir que as pessoas tomem conhecimento de que as partes acessíveis pela abertura estão energizadas (vivas) e não devem ser tocadas intencionalmente. 53 As barreiras e os invólucros devem ser fixados de maneira segura e ser de uma robustez e de uma durabilidade suficiente para manter os graus de proteção exigidos e a separação adequada das partes vivas nas condições normais de serviço, considerando-se as condições normais de influências externas. Proteção parcial. A proteção parcial contra contatos diretos só é permitida em locais acessíveis apenas para pessoasadvertidas ou qualificadas e, mesmo assim, se forem advertidas as seguintes condições: As tensões nominais dos circuitos existentes não podem ser superiores a 600 V entre fase e terra ou a 1000 V entre fases, para corrente alternada, ou a 900 V entre polo e terra ou a 1500 V entre polos, para corrente contínua. Os locais devem ser adequadamente sinalizados, de forma clara e visível, por meio de indicações apropriadas. Esta proteção pode ser feita por meio de obstáculos e/ou por colocação fora de alcance. Os obstáculos, tais como telas de arame, corrimãos e painéis, devem impedir uma aproximação física não intencional das partes vivas quando os equipamentos estão sob tensão. Podem ser desmontáveis sem a ajuda de ferramentas ou de chaves; devem, no entanto, ser fixados de modo a impedir qualquer remoção involuntária. Figura 50 - Obstáculos. Fonte: Sinalize (2015) A proteção parcial por colocação fora de alcance destina-se a impedir contatos fortuitos com partes vivas. A norma define uma zona de alcance normal dentro da qual não 54 devem se encontrar partes simultaneamente acessíveis, isto é, que estejam a uma distância de no máximo 2,50 m, sob potenciais diferentes, como mostrado na figura abaixo. Figura 51 - Zona de alcance normal. Fonte: Cotrim (2008, p. 100). A proteção adicional não é reconhecida pela NBR 5410 como constituindo em si uma medida de proteção completa e não dispensa de maneira alguma o emprego de medidas de proteção completa ou parcial, conforme o caso. Seu objetivo é assegurar uma proteção contra contatos diretos, no caso de falha das medidas aplicadas ou de descuido ou imprudência dos usuários ou responsáveis pela manutenção do sistema. 4.4. Noções Básicas de Segurança em Instalações Elétricas – NR10 A Norma Regulamentador 10 (NR10) estabelece os requisitos e condições mínimas com principal objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a assegurar a segurança e saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços que envolvem a eletricidade. 55 Figura 52 - NR10. Fonte: Elion Cursos (2016) 10.1.2 A NR10 se aplica a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, montagem, construção, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades. Medidas de controle do risco elétrico. 10.2.1 Em toda e quaisquer intervenção em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e saúde do trabalhador. 10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. 10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo: a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes; b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR; d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados; 56 e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva; f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”. Assim, define-se o propósito de um profissional da área de segurança: garantir a saúde e a integridade física do trabalhador, e que, por meio de um treinamento adequado, deve ser o propósito de todos os trabalhadores não só em relação a si mesmos, como também a todos os seus companheiros de trabalho. Medidas de proteção coletiva. 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletivas aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. 10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. 10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2, devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático. 10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes. As medidas de proteção coletiva visam à proteção não só de trabalhadores envolvidos com a atividade principal que será executada e que gerou o risco, como também a proteção de outros funcionários que possam executar atividades paralelas nos arredores, cujo percurso pode levá-los a exposição ao risco existente. 57 Medidas de proteção individual. 10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6. 10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. 10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades. A norma de segurança que trata de equipamentos de proteção individual é a NR-6, mas podemos resumi-la da seguinte forma. Toda EPI deve possuir certificado de aprovação. Obrigações do empregador: 1. Adquirir o adequado ao risco de cada atividade. 2. Exigir seu uso. 3. Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho. 4. Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação. 5. Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado. 6. Responsabilizar-se pela higienização periódica e manutenção periódica. 7. Comunicar ao TEM qualquer irregularidade observada. Obrigações do empregado: 8. Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina. 9. Responsabilizar-se pela guarda e conservação. 10. Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso. 11. Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. Segurança em projetos. 10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa. 58 10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito. 10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e asinfluências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção. 10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade. 10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário. 10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado. 10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado. Segurança na construção, montagem, operação e manutenção. 10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissional autorizado, conforme dispõe esta NR. 10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança. 10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas. 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos. 59 10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos. 10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 - Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas. Segurança em instalações elétricas energizadas. 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta Norma. 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida. 10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I. 10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo. 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho. 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.
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