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Epistemologia da Enfermagem Tudo o que nós fazemos tem uma razão científica para fazer. Epistemologia geral → estuda o conhecimento (estuda o que as pessoas sabem; estuda o que as profissões sabem; estuda o que as ciências sabem) e como é que aprendem (como é que sabem; mecanismos que utilizam para chegarem a esse conhecimento). Na fonte de aprendizagem que nós temos (experiência, observação, família) a autoridade no sentido de reconhecer o estatuto da pessoa para aprender com ela – o que acontece com os alunos em relação aos professores Muitas vezes também acontece quando fazemos pesquisas – devemos etr pensamento crítico em relação às pesquisas científicas. Fontes de conhecimento gerais é onde vamos buscar o nosso conhecimento. ATENÇÃO – Devemos criticar as fontes de conhecimento “O conhecimento é sempre inacabado, devemos o questionar e acrescentar sempre” Como os enfermeiros adquirem conhecimento? → experiência, estudo constante científico, … O que leva a enfermagem a ser uma profissão e uma disciplina/ciência? Profissão 2 OE regula os cursos para os mestrados 3 exercício reconhecido por uma identidade 4 o nosso código deontológico é lei 5 missão social é mais relevante → cuidar de vidas humanas 6 as pessoas esperam que estejam À altura do nosso “papel” – temos que dar respostas Disciplina Científica 2 núcleo de conceitos 4 tem teorias de enfermagem → conhecimento organizado 5 Questionar o seu próprio conhecimento → qualquer ciência se questiona a si mesmo Nem todas as profissões são ciências – carpinteiro não é profissão Profissão - ter uma base de conhecimento, uma responsabilidade social e um órgão de representação (tem que ter um sindicato) Na epistemologia as profissões tem que ser organizadas Definição de conceitos … (Nunes, 2017) - Ramo da Fisiologia … - É a ciência que estuda o conhecimento humano e o modo como o individuo age para desenvolver as suas estruturas de pensamento. Estudar como nós contruímos o nosso conhecimento. - Ocupa-se com: A natureza do conhecimento – “o que é o conhecimento?”; “o que queremos dizer quando afirmamos saber algo?” … → Estuda como nós construímos o nosso conhecimento As fontes do conhecimento – “de onde vem o conhecimento?”; “como sabemos que é fiável?”; “como justificamos as nossas crenças?” … → Estuda a construção do conhecimento em enfermagem; importante sabermos como é fiável (estudos científicos; conhecemos algumas experiências dos professores de enfermagem) Os limites do conhecimento – “quais são?” … → será que vamos chegar a um ponto particularmente da enfermagem, que vamos dizer acabou. isto nunca vai acontecer, pois nós estamos continuamente a questionar sobre a ciência da enfermagem. A possibilidade do conhecimento – “como sabemos que apreendemos o objeto de estudo?”; “qual a extensão do conhecimento?” … “A tarefa principal da epistemologia consiste na reconstrução racional do conhecimento científico, conhecer, analisar, todo o processo gnosiológico da ciência do ponto de vista lógico, linguístico, sociológico, interdisciplinar, político, fisiológico e histórico” Tesser, 1994 “Estudo do conhecimento a justificação da crença! Dancy, 2002 A epistemologia importa o estudar o conhecimento e a justificação da crença. Distinguida em 3 modos: • Epistemologia como ramo da filosofia – reflexão filosófica sobre o conhecimento científico … entregue aos filósofos. Filosofia é a ciência de pensar - dentro disto a epistemologia encaixa aqui, pois é uma ciência de pensar sobre o conhecimento • Epistemologia como atividade emergente da própria atividade científica – tarefa que só o cientista pode realizar, analisando e refletindo sobre a sua própria atividade científica … entregue a cientistas. - Reflexão que estamos a ter dentro da ciência da enfermagem o que estuda, quais são os limites • Epistemologia como disciplina autónoma – a epistemologia é considerada como uma investigação metacientífica, uma “ciência da ciência” - Pode ser tida como uma ciência à parte de todo o resto O empirismo e o racionalismo estão muito relacionados com a forma de “como é que eu conheço as coisas?” Empirismo – descrito por Bacon - É o que eu aprendo mediante os sentidos (a experiência, aquilo que vejo, aquilo que os meus familiares ensinaram/dizem. EX: Agricultores, olham para o céu e sabem se amanhã chove ou não.) e Pensamento Indutivo. Racionalismo – descrito por Descartes - Mediante o pensamento e método dedutivo Diferentes tipos de conhecimentos: • Conhecimento empírico (vulgar ou senso comum) • Conhecimento filosófico • Conhecimento mítico • Conhecimento teológico • Conhecimento científico De todos estes conhecimentos devemos dar prioridade ao conhecimento científico de enfermagem Conhecimento empírico: ➢ Repetidas experiências de tentativa e erro → aprendemos no dia-a-dia por tentativa erro ➢ Surge da relação com o mundo; ocorre de forma espontânea; carácter utilitário → desenvolvemos porque precisamos dele no dia-a-dia ➢ Não assenta num processo de construção de conhecimento ➢ Sem verificação ➢ Passado de geração em geração Conhecimento filosófico: ➢ Surge da relação do homem com o seu dia-a-dia → num processo critico- refletivo que nós fazemos da nossa ação ➢ Preocupa-se com respostas e especulações destas relações ➢ Não é estático, está sempre em transformação → está em constante mudança ➢ Refletivo e crítico, racional, mas sem preocupação de verificação. Conhecimento mítico: → ex: ligado aos povos ➢ Pensamento mágico ➢ Representações simbólicas ➢ Tradições dos povos, origem identitária ➢ Transmitidos oralmente de geração em geração. Conhecimento teológico: ➢ Preocupa-se com verdades absolutas ➢ O sagrado é explicado por si só ➢ A verificação não é importante ➢ Conhecimento é explicado pela religião ➢ Tudo parte do religioso, os valores religiosos são incontestáveis - Conhecimento muito ligado à religião - Conhecimentos que se justificam por si próprios, não precisam de ser verificados Ex: fé – quem tem, muitas vezes não consegue explicar porque, não precisa de uma razão logica/ não precisa de ser comprovado pela experiência Conhecimento científico ➢ Necessita de prova ➢ O conhecimento surge da dúvida e é comprovado cientificamente ➢ Recurso ao método científico comprova-se este conhecimento pelo método científico Método científico: ✓ Conjunto de regras básicas empregadas em uma investigação científica com o intuito de obter resultados o mais confiáveis quanto for possível. ✓ “Discurso do Método” de Rene Descartes → primeiro percursor Etapas que comparamos ao processo de enfermagem Quando os enfermeiros prescrevem um cuidado de enfermagem, como é que sabem? Prática adquirida, pesquisas científicas, por aquilo que nos foi ensinado - Epistemologia da Enfermagem… - … significa que nos ocupamos com as questões relativas à natureza, fontes e validade do conhecimento em enfermagem… - “… o estudo das origens do conhecimento de enfermagem, as suas estruturas e os seus métodos, os padrões de conhecimento dos seus membros e os critérios para a validação das afirmações do conhecimento…” - PARA LER, REFLETIR E COMENTAR… “Enfermagem tem duas faces. Para o público, enfermeiros representam o melhor dos cuidados de saúde modernos. Eficientes, eficazes e solidários, os enfermeiros estão no centro da experiência do doente. A outra face é praticamente invisível para o doente, mesmo que tenha sido uma parte da enfermagem desde a época de Nightingale – Enfermagem requer conhecimento.” (Risjord, 2010) Muitas pessoas acham que ser enfermeiro é aquilo, mas esquecem—se da outra parte que é a continuidade do conhecimento, pois o conhecimento de agora não tem nada a ver com o conhecimento de alguns anos atrás. Duas faces:• Conhecimento público – conhecimento de uma disciplina que está disponível tendo as características de sistematização e generalização. • Conhecimento privado – estudo, investigação, atualização de conhecimentos, experiências pessoais, construção refletiva Conhecimento (teoria) Prática Este conhecimento e estas teorias importa, pois, é isto que aplicamos na prática Um enfermeiro só com prática e sem conhecimento, não é um enfermeiro “Prática” (“praxis”) – método, procedimento, processo ou regras utilizadas num campo particular… →por ex. - à um procedimento para fazer a cateterização venosa periférica e todos enfermeiros tem que fazer da mesma forma. ≠ “Praticar” – fazer algo repetidamente para desenvolver habilidades… “A prática é a ação que se desenrola e requer a aplicação de conhecimentos “Não existe nada mais prático do que uma boa teoria” (Lewin) Uma boa teoria, tem que ser aplicada na prática e tem que ser clara. O conhecimento leva à prática… …, mas a prática também tem a possibilidade de produzir e formalizar conhecimento… → Prática (observação no contexto/hospital) possibilita dar coisas novas ao conhecimento O que é uma prática? • É uma atividade situada, organizada de acordo com princípios e regras, que expressa uma relação com o Mundo e os Outros • Dinâmica • A reflexão sobre a prática transforma a prática… A prática dos enfermeiros decorrem da interseção de vários contextos – o social (história), o do sujeito (biografia), o da profissão (modelos profissionais), o da ação (modelos organizacionais, lugares e estruturas concretas do trabalho a realizar). - A nossa prática (métodos, conhecimentos, …) que nós empregamos depende disto tudo em termos de enfermagem - História – ser enfermeiro em PT não é igual a ser enfermeiro na china, apesar dos procedimentos serem iguais, porque é uma sociedade totalmente diferente - Sujeito – pessoa que nós temos à nossa frente – ser enfermeiro de um idoso não tem nada haver que ser enfermeiro de uma criança. - Profissão – a teoria mais visada em PT é a teoria da transição de Meleis, mas daqui a 10 anos vai ser outra e isso também influencia a minha forma de ser enfermeiro. - Organizacional – OMS em PT é totalmente diferente de há 5/10 anos atrás. Faz sentido a teoria influenciar a prática e a prática influenciar a teoria? - Sim - “Eu sou da prática…” Vs. “Eu sou da teoria…” - Falta de alinhamento entre o que está disponível ao conhecimento público e o que é utilizado na prática individual… Lacuna da Utilização – as pessoas que estão mais na prestação de cuidados diretos acham que as teorias não servem para nada. Lacuna de Relevância – ex: “se este produto funciona bem para que é que eu quero outro produto?” AULA 2 Como é que o enfermeiro adquire o conhecimento para a sua prática. Fontes de conhecimento em enfermagem: - relacionam-se e conectam-se - Investigação científica – gerado pela investigação, decorrente de teorias e metodologias científicas → principal método • como se faz investigação? níveis de evidência?... → o que vale mais em termos de investigação - Tradição – perpassa nas estórias, narrativas, nas práticas, na modelagem em equipas, na cultura profissional… → alguns dos nossos conhecimentos são adquiridos pela a tradição; “narrativas do serviço “que acaba por resultar e ninguém questiona • Sentido de comunidade epistémica • Não existe um proceder de certa forma, porque “é costume” - Experiência - Intuição ou perceção intuitiva – tomar uma decisão com pouca informação; habilidade de apreender o “todo” em poucos segundos → é algo que não se consegue explicar muito bem → conseguimos com a evolução da nossa prática clínica – compreender o todo em pouco tempo - Reflexão – insight, consciência de si mesmo, reflexão de uma experiência → refletir sobre a prática; muitas vezes na prática clínica fazemos autoscopias de reflexão. - Imaginação → com um rolo de adesivo, o enfermeiro consegue fazer tudo; quando não temos almofadas suficientes para fazer o posicionamento. - Pensamento heurístico – resolver problemas mediante a experiência somada à criatividade e ao pensamento indutivo, dedutivo, perceções … → é a soma de todas as fontes anteriores – é resolver os problemas mediante a soma disto tudo Produção formal do conhecimento em enfermagem … → não saí no teste Usos do conhecimento em enfermagem Categorização dos temas de trabalhos de doutoramento em enfermagem (Nunes, 2018) • Para realizarmos a leitura da realidade com os olhos do outro → poder praticar empatia • Para tomar melhores decisões • Para realizar intervenções na senda das melhores práticas, visando a qualidade de cuidados • Para avaliar os resultados → das minhas intervenções • Para o desenvolvimento do poder, que capacita para agir em conjunto → quanto mais conhecimento, mais poder nós temos de autonomia, maior decisão, e mais capacitados estamos para agir na equipa multidisciplinar • Para disseminar o conhecimento → adquirimos conhecimentos e devemos usá- lo também para disseminar o próprio conhecimento – para transmitir aos colegas; para fazer formação, para dar aulas … • Para nos realizarmos como pessoas e como profissionais Referenciais Teóricas em Enfermagem Quando falamos de uma teoria, tamos a falar numa associação de coisas que são comprovadas cientificamente e quando utilizamos estas teorias nós temos que ter uniformização na nossa linguagem Linguagem do pensamento teórico - Conceito – unidade básica na linguagem do pensamento teórico →são construas básicos, que quando congregados dão origem a uma teoria. Teoria → é uma forma de agregar conceitos de determinada maneira • Empíricos (quando são percebidos pelos sentidos) → ex: dor – é empírico, pois é sentida por alguém Ou • Abstratos (não são observáveis) → ex: autoestima – é abstrato, pois aquilo que preciso para a minha autoestima pode ser diferente do que outra pessoa precisa para ter autoestima A enfermagem enquanto ciência assenta em 4 conceitos fundamentais: Pessoa – aqui é que entra a fé, esperança; Enfermagem – no sentido da melhor intervenção, melhor técnica Metaparadigma – núcleo central de uma ciência, aquilo que uma ciência se dedique - Metaparadigma é o conteúdo nuclear de uma disciplina - No metaparadigma da enfermagem, os 4 conceitos são abstratos • Pessoa – “aquele que recebe os cuidados de enfermagem” (pessoa, família, comunidade, …) • Saúde – estado de bem-estar negociado entre o cliente e o enfermeiro • Ambiente - casa, comunidade, arredores, país, … • Enfermagem – ciência e arte da disciplina - Teorias – são contruídas por conceitos interligados • Os conceitos são os elementos utilizados para gerar teorias • Um constructo composto por um conjunto de leis e princípios racionais, hierárquica e solidamente sistematizados, de caráter conclusivo, aplicado a uma determinada área (Veiga-Neto, 2009) → uma teoria não é mias que uma organização de conceitos • Conjunto de afirmações validadas cientificamente, que ajudam a explicar fenómenos da realidade • Explicam o que observamos, predizem eventos futuros, são úteis, simples e testáveis → ajudam a comprender • “redes utilizadas para capturar o que chamamos de mundo: para racionalizar, explicar e gerir” • Representação simplificada e estruturada de um domínio real A prática vai levar à teoria e esta teoria vai ajudar a melhor a prática - Níveis de teoria (Dickoff, James e Wiedenbach, 1968): • Nível I – Isolamento de fatores – descritivo por natureza (denominação ou classificação de factos ou eventos) → teorias descritivas – que isolam fatores -ex: teorias de classificação • Nível II – Relacionamento de fatores – exige a correlação de fatores → teorias que correlacionam a idade com o desenvolvimento de úlcerasde pressão; a nutrição correlaciona com o desenvolvimento de ulceras de pressão -ex: teoria de Braden (relaciona o fator de risco que o doente tem com o desenvolvimento ou não de uma ferida) • Nível III – Relacionamento de situações - Preditivas – explica e prevê como as situações estão relacionadas • Nível IV – Produtora de situações – Prescritivas – exige conhecimento sobre como e porquê as situações estão relacionadas → mais complexa – relaciona todas as outras e permite descrever ações que vão atenuar essas consequências – pressupõe tudo o que está para trás para prescrever cuidados de enfermagem que sejam preventivos. Exemplo de UP Nível I – teoria descritiva – explica o tipo de feridas, as características de cada tipo de UP. Nível II – relaciona os fatores que contribuem para a úlcera Nível III – ajudam -me a prever e explicar, porque que um idoso desnutrido, que tem a mobilidade comprometida, porque que desenvolve ulcera de pressão Tudo isto está relacionado e derivam uns dos outros - Ciência … • Apresenta conhecimentos específicos, próprios e organizados … • Assenta em teorias comprovadas Conceitos- são unidades básicas que compõe as teorias. Teorias articuladas entre si compõe uma ciência. Ciência é um conjunto de teorias comprovadas. Referenciais Teóricos em Enfermagem Quais os conceitos de Enfermagem? → Método Paradigma (pessoa, saúde, ambiente, enfermagem) A ciência da enfermagem tem que ter teorias de enfermagem que assentam em conceitos. Todas as teorias de enfermagem abordam os conceitos do Método Paradigma. Teoria de enfermagem… - “uma consciencialização articulada e comunicada da realidade inventada ou descoberta (fenómeno central e relacionamentos) na enfermagem com a finalidade de descrever, explicar, prever ou prescrever o cuidado de enfermagem” (Meleis, 1991) Descrever – teoria nível 1; explicar – teoria nível 2; prever – nível 3; prescrever – nível 4 Perspetiva Histórica das Teorias de Enfermagem - 1ª Teoria de Enfermagem – Florence Nightingale – Séc. XIX - Anos 50 – 1ªas teorias científicas em enfermagem - modelo biomédico – o que os enfermeiros fazem e qual o seu papel funcional Na déc. 50, as teorias que surgiram foi de falar “o que o enfermeiro tinha que fazer”. Categorias das Teorias de Enfermagem → as teorias de enfermagem, podem dividir- se em 4 categorias - Necessidades/problemas (enfoque naquilo que o doente tem, procuram corrigir) → procuram corrigir o que o doente tem, para ajudar à sua melhoria - Interação (processo de comunicação) - Sistemas (as pessoas são compostas por sistemas e subsistemas) - Campos de energia (energia em constante interação) Modelo Ambientalista de Nightingale - Mãe da Enfermagem moderna - Notes on Nursing (1869) → primeiro livro de enfermagem – faz referência à importância de registar os cuidados de enfermagem e os resultados dos cuidados de enfermagem - Lançou as bases da enfermagem profissional Em 1860 – Nightingale School for Nurses, anexa ao Hospital Saint Thomas, em Londres A primeira escola de enfermagem do mundo, agora integra o King's College de Londres “A arte de enfermagem é a mais bela das artes e, considerada como tal, requer pelo menos tão delicada aprendizagem quanto a pintura ou a escultura, pois que não pode haver comparação entre o trabalho de quem se aplica à tela morta ou ao mármore frio, como o de quem se consagra ao corpo vivo. O cuidar de doentes é tarefa que sempre coube à mulher e sempre lhe deve caber” (Florence Nightingale, 1859) → visão de Nightingale é muito diferente à de hoje em dia “o conhecimento sanitário do dia-a-dia ou o conhecimento da enfermagem ou, em outras palavras, como colocar o corpo em tal estado que não tenha mais doença ou que possa recuperar-se da doença" → frase que é o princípio basilar da teoria ambientais de Nightingale → no fundo diz que o conhecimento sanitário ou o conhecimento da enfermagem → acaba por fazer uma ligação é fundamental no tratamento dos doentes. Então o enfermeiro deve colocar o ambiente nas melhores condições melhores, para que a natureza passa atuar sobre ele e possa curar o corpo. - Manipulação do ambiente físico como o principal componente do atendimento em enfermagem • Ventilação e aquecimento • Luz • Ruído • Variação – mudar rotinas dos doentes, levar a um passeio – atividades lúdicas nos internamentos • Cama e Roupas de cama • Limpeza pessoal • Nutrição e Ingestão de alimentos Nightingale pensava → pôr aquele doente nas melhores condições que eu consigo, para depois a natureza consiga curar - Modelo Ambiental e Metaparadigma de Enfermagem ➢ Enfermagem – “o que a enfermagem tem a fazer é colocar o paciente na melhor condição para que a natureza aja sobre ele… Áreas onde o enfermeiro devia atuar/ manipular/ mexer, para realmente dar ao doente as condições para que pudesse recuperar. ➢ Ser humano – definidos em relação ao ambiente → as pessoas que eu cuido neste ambiente ➢ Ambiente – ambiente físico ➢ Saúde – “a natureza cura sozinha”; “nada sabemos da saúde” → Mistério esquema que representa o modelo ambientalista e o processo de enfermagem Nightingale foi das primeiras profissionais de saúde a fazer estatísticas em saúde. O cliente é o centro da ação, e é rodeado pelo seu ambiente e está em constante interação com esse ambiente. Nestes fatores todos do ambiente a enfermeira controla estes fatores através da observação e da prática. Hildegard Peplau Hildegard Peplau é muito importante na saúde mental e é muito importante na comunicação e interação com o doente Teoria das relações interpessoais • “a Enfermagem é terapêutica por ser uma arte curativa, auxiliando o indivíduo enfermo ou o necessitado de atendimento de saúde…” • “Cada encontro terapêutico influencia o desenvolvimento pessoal e profissional da enfermeira e do cliente” Comunicação Terapêutica → tem um fim terapêutico na área da saúde; tem um objetivo/ intencionalidade. Peplau defendia que essa intencionalidade/ essa arte curativa que nós pomos nessa intencionalidade de comunicação era a verdadeira essência em enfermagem. continuamos a defender hoje em dia 4 fases sequenciais nos relacionamentos interpessoais: 1. Orientação (enfermeira e paciente encontram-se como estranhos; afetada pelas atitudes do paciente e da enfermeira) → 1º contacto que tenho com o doente 2. Identificação (o utente responde, seletivamente, às pessoas que podem preencher as suas necessidades; esclarecer expectativas; exige relacionamento terapêutico mais intenso) → o utente pode ou não se identificar com o enfermeiro, no sentido de reconhecer ao enfermeiro competências, capacidades de modo a responder às necessidades dele - inicio da confiança 3. Exploração (o utente retira vantagens de todos os serviços disponíveis) → o doente começa a 2explorar” o enfermeiro. “explorar” no sentido da saúde 4. Resolução (as necessidades já foram atendidas devido a esforços conjuntos) → a pessoa já completou a sua transição e aqui é a fase do desapegar doente- profissional de saúde Teoria das relações interpessoais O que ela acredita Enfermeiro tem valores, cultura racial, crença, tem um passado, experiências, expectativas, ideias preconcebidas e o paciente a mesma coisa. A relação terapêutica (a interação do enfermeiro-doente) nasce desta interligação das duas coisas. Muitas vezes os enfermeiros tem que deixar de lado as suas crenças, valores para atender às dos doentes. Teoria das relações interpessoais e metaparadigma de enfermagem ➢ Saúde – palavra simbólica que implica o movimento adiante da personalidade e de outros processos humanos em curso na direção de uma vida criativa → saúde é um processo dinâmico ao longo da vida e que vai mudando com a personalidade– vê a saúde como para além de doença. ➢ Sociedade/ambiente – não aborda diretamente… considerar cultura e tradições → não aborda concretamente o conceito ambiente. ➢ Enfermagem – “um processo interpessoal significativo terapêutico” → ela quer dizer que a enfermagem só tem significado se for um processo interpessoal significativo terapêutico, agora se eu estabelecer etapas e confiar no enfermeiro, se o enfermeiro for prático na relação com o doente, se o enfermeiro fizer ensinos de forma faseada, se validar com o doente, se der significado a esta intervenção – ela vai ser terapêutica e vai ter muito mais significado para o doente. ➢ Ser humano – Homem – organismo que luta à sua maneira para reduzir a tensão gerada pelas necessidades Teoria das relações interpessoais e processo de enfermagem ▪ As 4 fases definidas por Peplau assumem um paralelismo com o processo de enfermagem → são muito parecidas Virgína Henderson “A função exclusiva do profissional de enfermagem é a de auxiliar o indivíduo (enfermo ou sadio) na realização daquelas atividades que contribuam para a saúde ou para a sua recuperação (ou morte pacífica), que ele realizaria sem auxilio se tivesse a força, o desejo ou o conhecimento necessários. E fazer isso de uma forma que ele adquira a independência tão rapidamente quanto possível” Desejo → questões ligadas com a motivação Conhecimento → as pessoas podem não fazer as suas atividades do dia por falta de conhecimento - 14 necessidades básicas para a intervenção do enfermeiro… 1. Respirar 2. Comer e beber 3. Eliminar 4. Movimentar-se 5. Dormir e descansar 6. Vestir-se e despir-se 7. Manter a temperatura corporal 8. Manter o corpo limpo e a pele protegida 9. Evitar perigos ambientais 10. Comunicar 11. Adorar de acordo com a própria fé → liberdade de expressão – pessoa ter direito à sai autoestima 12. Trabalhar 13. Recreação → técnicas de relaxamento 14. Aprender - Teoria das necessidades básicas e o metaparadigma da enfermagem: ➢ Enfermagem – auxiliar no cumprimento das necessidades básicas, plano terapêutico do médico, “enfermeira como solucionadora de problemas científicos” ➢ Ser humano – considera componentes biológicas, psicológicas, sociológicas e espirituais(ver necessidades) → as necessidades contemplam tudo isto ➢ Ambiente – discute principalmente os indivíduos, em relação ás suas famílias e comunidade → dá especial enfase à família e à comunidade ➢ Saúde – capacidade do indivíduo funcionar independentemente - Teoria das necessidades básicas e Processo de Enfermagem ▪ Aplicação da abordagem lógica para a solução do problema ▪ Relacionamento entre o cliente e a enfermeira Aula 3 Dorothea Orem Teoria do Défice de Autocuidado “A condição que valida a existência de uma exigência de enfermagem num adulto é a ausência da capacidade de manter continuamente a quantidade e a qualidade do autocuidado que são terapêuticas na sustentação da vida e da saúde, na recuperação da doença ou da lesão ou no enfrentamento dos seus efeitos. Nas crianças, a condição é a incapacidade dos pais ou responsáveis em manter continuamente, para a criança, a quantidade e a qualidade do cuidado terapêutico” Tem uma teoria muito importante para a enfermagem Ela acha que o conceito central para os cuidados de enfermagem é o autocuidado. Centra-se no autocuidado - No adulto a enfermagem deve intervir, quando o adulto por algum motivo não consegue assegurar a quantidade (nº de autocuidados suficiente) nem a qualidade (autocuidados que deem resposta às suas reias necessidades) dos autocuidados. - Na criança (porque pressupõe que a criança não tem capacidade para autocuidado) é quando os pais não estão capazes de assegurar esse autocuidado Uma criança de 3/ 4 anos já se consegue vestir sozinho, mas não tem capacidade para o seu autocuidado, pois não tem resolução mental do autocuidado, pois não conseguem perceber/compreender porque tem que tomar banho, por exemplo. Autocuidado vai para além da autonomia Autonomia pressupõe a questão física (ser capaz de fazer e a parte psicológica) compreender porque eu faço e tomar a decisão de quando tenho eu fazer Teoria do Défice de Autocuidado – teoria geral Composta por três teorias inter-relacionadas: • A teoria do autocuidado o Autocuidado – desempenho ou a prática de atividades que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar. o Acão de autocuidado – capacidade humana de engajar-se (empregar-se) no autocuidado → é isto que é essencial ao autocuidado. Por ex: se não tiver fome e não tiver sede, por algum motivo vou obrigar-me a comer/beber, pois sei que é importante. o Fatores condicionantes básico – idade, sexo (é diferente as necessidades básicas), estado de saúde ( é um dos principais focos na intervenção de enfermagem que não permite realizar o seu autocuidado) , estado de desenvolvimento (está em alguma parte relacionada com a idade, mas não necessariamente, pois eu posso ter uma idade e um estádio de desenvolvimento completamente diferente) ,… o Demanda terapêutica de autocuidado – totalidade de ações para executar o autocuidado; ação deliberada; … → aquilo que faço deliberadamente para executar o autocuidado o Requisitos de autocuidado → aquilo que é necessário, para executar o autocuidado • A teoria do deficit de autocuidado o Núcleo da teoria geral de enfermagem de Orem → porque é por haver deficit de autocuidado que é necessária enfermagem segundo a Orem. o A enfermagem é exigida quando um adulto (ou pai responsável pela criança) é incapaz ou tem limitações na provisão de autocuidado efetivo continuado → seja por doença, seja por uma limitação física, seja por uma limitação de saúde mental; limitação de outro nível qualquer. • A dos sistemas de enfermagem o O sistema de enfermagem é delineado pelo enfermeiro → no sentido que é o enfermeiro que avalia e que determina o nível de ajuda que a pessoa necessita o É baseado nas necessidades de autocuidado e nas capacidades do paciente para desempenhar essas atividades o 3 classificações de sistemas de autocuidados: ▪ Sistema totalmente compensatório → totalmente dependente; dependência grave ▪ Sistema parcialmente compensatório → dependência moderada ▪ Sistema de apoio-educação → dependência reduzida Teoria do Défice de Autocuidado e metaparadigma da enfermagem ➢ Ser humano – diferenciados das outras coisas vivas por sua capacidade de refletir sobre si mesmo e seu ambiente, simbolizar o que eles experimentam e usar as criações simbólicas → ela acha que a pessoa se distingue dos eu ambiente, mas também se inter-relaciona com ele ➢ Saúde – congruente com a da OMS ➢ Ambiente → não é citado na sua teoria, mas podemos dizer que é um ambiente que seja promotor do autocuidado da pessoa. ➢ Enfermagem – arte e prudência, enfermagem como ação, o papel da teoria relacionada com a enfermagem, tecnologias na enfermagem → foi uma das teorias que começou a apostar nas tecnologias de apoio à prática de enfermagem. ela APOIOU Teoria do Défice de Autocuidado e processo de enfermagem ▪ Passo 1 – Diagnóstico e prescrição (analisar e interpretar porque a enfermagem é importante) → o que a enfermagem pode fazer pela aquela pessoa ▪ Passo 2 – Esboço do sistema de enfermagem e plano para o fornecimento de atendimento → o esboço do sistema de enfermagem é ela identificar o tipo de apoio que aquela pessoa precisa (quando fazemos atividades de diagnóstico) e o plano para o fornecimento de atendimento (no fundo é plano de cuidados) ▪ Passo 3 – Produção e controlo dos sistemas de enfermagem → no fundo é implementar aquilo que decidimos anteriormente. Jean Watson Teoria do cuidado humano transpessoal (1985) – mudança de paradigma - A ciência do cuidar devefocar-se mais na promoção de saúde do que na cura da doença. Nós vimos na teoria de Nightingale, nas primeiras teorias de enfermagem, num focar muito na questão biomédica/tratar/por o corpo nas condições mais adequadas para ser curado, para ser tratado. Aqui temos uma mudança com a Jean Watson, porque ela acha que a ciência do cuidar deve focar-se maus na promoção de saúde do que na cura – ele muda o foco de enfermagem do curar/cuidar para a promoção de saúde e isto foi uma mudança importante. - 7 pressupostos sobre a ciência do cuidado e 10 fatores de cuidados primários para a estrutura da sua teoria → que devem ser observados, para termos então essa mudança de paradigma e para nos centrarmos não no tratamento da doença, mas na promoção da saúde. 7 pressupostos básico: 1. O cuidado pode ser efetivamente demonstrado e praticado apenas interpessoalmente → ou seja, ela põe aqui o enfoque nas relações interpessoais do cuidar, a precursora das relações interpessoais foi a Peplau 2. O cuidado consiste de fatores que resultam na satisfação de determinadas necessidades humanas → ela diz que o cuidado resulta da resposta das necessidades básicas da vida humana. 3. O cuidado efetivo promove a saúde e o crescimento individual e familiar → o cuidar deve centrar na promoção da saúde e quando isto acontece de forma eficaz isto promove o crescimento da pessoa e da família onde está inserida. 4. As respostas do cuidado aceitam a pessoa não apenas como ela é agora mas como ela poderá tornar-se → ponto muito importante – ela diz que um cuidado eficaz deve olhar para a pessoa que temos agora, mas deve projetar a pessoa melhor que esta pessoa pode vir a ser – melhor no sentido de com mais saúde / mais autónoma 5. O ambiente de cuidado é aquele que oferece o desenvolvimento do potencial enquanto permite que a pessoa escolha a melhor ação para si mesma em um determinado momento → ambiente de cuidado – ambiente físico, mas também o ambiente com o comportamento do enfermeiro (deve ser o mais promotor possível do desenvolvimento da pessoa; quanto + favorável for o ambiente mais potencialidade a pessoa tem para se vir a tornar melhor do que aquilo é hoje (melhor no sentido da saúde, autonomia)) 6. O cuidado é mais healthogenic que a cura… a ciência do cuidado é complementar à ciência da cura → ela define ciência do cuidar e diz que basicamente é promoção, e que isto é mais eficaz do que nos centrar-nos na cura da doença. É mais eficaz centrar na promoção de saúde daquela pessoa, do que só na cura 7. A prática de cuidados é essencial para a enfermagem → tudo isto é essencial para a prática de enfermagem e a prática de enfermagem deve centrar-se nesta promoção de cuidar. Se nós promovermos este cuidar a cura vem por associação 10 fatores de cuidado: → os 10 fatores que ela defende – fatores que influenciam o cuidar 1. Sistema de valores humanístico-altruísta → o cuidar deve acentar num construto moral/ético/ humano 2. Estimulação da fé-esperança → fundamental – cada vez mais a fé e a esperança estão a ser estudados como promotores do cuidado e da cura 3. Cultivo da sensibilidade para si e para os outros → empatia 4. Desenvolvimento do relacionamento de ajuda/confiança → entre a pessoa estamos a cuidar e profissional de saúde, neste caso o enfermeiro → quanto maior for esta relação de ajuda e confiança, melhor serão os resultados que vou conseguir obter 5. Promoção e aceitação da expressão de sentimentos positivos e negativos → outro ponto essencial no autocuidado; eu permitir que a pessoa expresse os seus sentimentos bons ou maus 6. Uso sistemático do método científico de resolução de problemas para tomar decisões → processo de enfermagem 7. Promoção do ensino-aprendizagem interpessoal → é neste processo de ensinar e aprender que a pessoa evolui no seu estado de saúde, mas também que o enfermeiro progride 8. Provisão de um ambiente mental, físico, sócio-cultural e espiritual sustentador, protetor e/ou corretivo → quando estamos a promover o cuidado também o ambiente onde está a acontecer tem que ser promotor desse cuidado – tem que ser um ambiente seguro/ ambiente acolhedor 9. Auxílio com a gratificação das necessidades humanas → ajudar a pessoa nas suas necessidades básicas 10. Aceitação das forças existenciais-fenomenológicas → no fundo é aceitar a história da pessoa e aceitar que a pessoa tem condicionantes que vem da sua história, da sua cultura e que vão influenciar o seu processo de cuidado e nós temos que aceitar Teoria de Watson e o metaparadigma da enfermagem ➢ Ser humano – pessoa valorizada em si mesma e para si mesma para ser cuidada, auxiliada, nutrida, … O Homem é visto como maior e diferente que a soma das suas partes. → ela tem uma visão muito holística da pessoa, e esta pessoa existe para ser cuidada (cuidada na lógica que vimos anteriormente) ➢ Saúde – Conceito da OMS – estado positivo de bem-estar físico, mental e social… alto nível de funcionamento geral… adaptação-manutenção… ausência de doença ➢ Ambiente – o cuidado existe em todas as sociedades… a atitude do cuidar é transmitida pela cultura da profissão como a única forma de enfrentar o ambiente → ou seja, o cuidado existe em todos os ambientes, mas o contexto onde ele é exercido influencia esse mesmo cuidado – ex: cuidar em PT é diferente de cuidar na china; cuidar aqui é diferente de cuidar num contexto de guerra; cuidar em si, é influenciado pelo ambiente onde ele é exercido F u n d a m e n to fi lo s ó fi c o p a ra a c iê n c ia d o c u id a d o ➢ Enfermagem – promoção da saúde/tratamento da doença → para ela a enfermagem tem estas duas vertentes, sendo que o principal enfoque deve ser na promoção da saúde Teoria de Watson e o processo de enfermagem ▪ Investigação (identificação e revisão do problema; uso do conhecimento aplicável na literatura. Formulação e conceitualização de uma estrutura) → avaliação inicial e a identificação que temos que intervir ▪ Plano (as variáveis serão examinadas; abordagem conceptual) → todas as planificações dos cuidados ▪ Intervenção (ação direta, inclui a colheita de dados) → aplicação direta daquele plano de cuidados que planeamos ▪ Avaliação (análise de dados, interpretação dos resultados) Controlo do meio ambiente e higiene dos espaços Teorias de Enfermagem - alguns conceitos Modelos conceptuais – estruturas ou paradigmas que fornecem um amplo quadro de referência para abordagens sistemáticas aos fenómenos com os quais a disciplina está relacionada Teoria – grupo de conceitos relacionados que sugerem ações para conduzir a prática As teorias de enfermagem são modelos conceptuais A unidade básica do pensamento científico é o conceito Um conjunto de conceitos são uma teoria Um conjunto de teorias é uma ciência Teoria de enfermagem – grupo de conceitos relacionados que provêm dos modelos de enfermagem → que conduzem à prática de enfermagem Dentro das teorias de enfermagem à um grupo em particular que são as teorias de médio alcance Teorias de médio alcance – nível menos abstrato do conhecimento teórico, porque incluem pormenores característicos da prática de enfermagem → são as teorias mais concretas, mais praticas e menos abstratas que saíram da prática e o que resulta delas é para ser aplicado na prática → trabalham conceitos mais práticos do dia-a-dia dos enfermeiros Teoria de Meleis insere-se aqui nas teorias de médio alcance TEORIA DAS TRANSIÇÕES - MELEIS - Afaf Meleis • Egípcio-americana • Nasceu em 1942 • Enfermeira e cientista • Professora de Enfermagem e Sociologia na Escola de Enfermagem de Pensilvânia, Universidade de Pensilvânia (EUA) - Em meados de 1960, durante o seu PhD investigou o planeamento familiar e os processos envolvidos no “tornar-se pai/mãe” e o domínio dos papéis parentais. → oque acontece quando um casal está à espera de um filho; que mudanças ocorre para eles se prepararem para ser pai ou mãe. - Foi o mote para a sua teoria. - Interesse de investigação – as intervenções que podem facilitar o processo de transição e as pessoas que não conseguem realizar transições saudáveis → o que que o enfermeiro podia fazer por estas famílias para ajudar neste processo de transição - Teoria das Transições → Teoria prática e realista que apoia os enfermeiros na prestação de cuidados - Transição como conceito central dos cuidados de enfermagem → os enfermeiros e enfermagem existe por apoiar as pessoas no processo de transição - Transição: consiste em passar de um estado (lugar ou condição) estável para outro estado estável e requer por parte da(s) pessoa(s), a incorporação de conhecimentos, a alteração do seu comportamento e mudança na definição do self. → antes de uma transição nós estamos num lugar estável, estamos confortáveis connosco, então ocorre alguma transição só termina quando estou novamente num lugar de equilíbrio – e nesse processo de transição eu fui obrigado a incorporar conhecimentos novos, comportamentos novos e redefinir a minha identidade. Ex: torna-se mãe → uma mulher que tem a sua vida, a sua identidade, está num lugar estável (estável no sentido de conhecer o sítio onde estou). Em gravida, é mãe e ela tem que encontrar depois de ser mãe, a que outro lado vai estar em equilíbrio novamente, com o novo papel, que neste caso é ser mãe. E neste processo de transição de mulher para mulher mãe, ela vai ter acontecimentos novos, comportamentos diferentes e integrou na sua identidade ser mãe. Neste último lugar estável, o processo de transição vai integrar a identidade desta pessoa de tal forma que vai ser natural para ela ser para si ser mãe. - O processo de transição caracteriza-se pela sua singularidade, diversidade, complexidade e múltiplas dimensões que geram significados variados, determinados pela perceção de cada indivíduo. Singularidade → não há duas transições iguais, mesmo que o processo de adaptação seja idêntico, a transição nunca é igual. Também vamos ver que existe condicionantes nas transições que podem ser boas ou más para a transição – potenciadoras os bloqueadoras da transição. Dentro desses condicionantes, temos os condicionantes pessoais, por ex: significado que atribuo à transição, a minha cultura, a minha religião. - As transições resultam de mudanças de vida, saúde, relacionamentos, ambiente. “A Enfermagem ocupa-se do processo e das experiências dos seres humanos que passam por transições” “Os enfermeiros são frequentemente os primeiros prestadores de cuidados dos utentes e das famílias que se encontram num processo de transição, assim, têm em consideração as mudanças e as exigências que as transições acarretam nas vidas dos utentes e das famílias. Para além disso, os enfermeiros são os prestadores de cuidados que preparam as pessoas para a transição eminente e, são quem facilita o processo de aprendizagem de novas competências relacionadas com as experiências de saúde e doença do utente” 1º os enfermeiros são quase sempre o 1º contacto das pessoas com os cuidados de saúde que estão em transição. O enfermeiro tem um papel fundamental, porque também é o profissional de saúde que conhece a pessoa, a família e o ambiente e ainda pode influenciar na transição ou preparar para a transição eminente. → muitas vezes a pessoa nem sabe que vai passar esta transição e o enfermeiro já está a preparar para a transição → acaba por ser uma antecipação da transição que o enfermeiro já identificou, mesmo antes da pessoa perceber que vai passar esta transição. Natureza das transições → características das transições Condicionantes da Transição → fatores que facilitam ou inibem o processo de transição. Padrão de resposta → aquilo que eu identifico no meu cliente que me diz que ele tem indicadores de processo – se está bem encaminhado ou não para a transição saudável ;e indicadores de resultado – que me diz se o doente terminou ou não a sua transição Setas de duplo sentido → quer dizer que o enfermeiro intervém em todos os blocos e todos os blocos estão relacionados entre si. NATUREZA DAS TRANSIÇÕES: • Tipos: o Desenvolvimental – relativas a mudanças no ciclo vital → são expectáveis, naturais - ex: adolescente para adulto o Situacional – associadas a acontecimentos que implicam alterações de papéis → mudanças de papel – ex: mulher que se torna mãe; alguém que se torne cuidador informal; alguém que é casado e fica divorciado o Saúde/doença – mudança de um estado de bem-estar para o estado de doença o Organizacional – relacionadas com o ambiente, mudanças sociais, políticas, económicas ou intraorganizacionais → mais abrangente; muito direcionado com os refugiados, pois estão a mudar de ambiente, de sistema de país, de sociedade, de politicas. • Padrões: o Simples (uma única transição) ou múltiplas (várias transições em simultâneo) Ex: jovem adolescente que lhe é diagnosticado um cancro → transição saúde/doença e desenvolvimental – logo o padrão é múltiplo; Mulher de 40 anos que é diagnosticado uma doença → transição saúde/doença – padrão simples. o Sequenciais (ocorrem em intervalos de tempo distintos) ou Simultâneas (ocorrem ao mesmo tempo) o Relacionadas ou não relacionadas (entre si) Ex: Mulher gravida e que é diagnosticado um cancro no estomago → transição saude7 doença e situacional – são múltiplas e simultâneas (porque está gravida quando descobre o cancro) e estão não relacionadas Ex: Marido da D.Maria teve um AVC e ficou dependente e a D.Maria está a ser capacitada pelos profissionais de saúde para ser prestadora de cuidados do seu marido → transição situacional e saúde/doença → padrão múltiplo, simultâneas e relacionadas • Propriedades: →características da transição que são fundamentais para esse processo de transição o Consciencialização (awareness): perceção, conhecimento e reconhecimento de uma experiência de transição. →é essencial, sem ela não à transição. ▪ É uma característica definidora de transição, se não existir significa que o indivíduo pode não ter iniciado a experiência de transição É mais do que o conhecimento, é uma perceção, é algo um bocado indefinido. Ex: tem consciência que o tabaco faz mal, mas não para de fumar → a consciencialização não está presente. A aceitação pressupõe a consciencialização. o Envolvimento (engagement): grau de envolvimento da pessoa no seu processo de transição. ▪ Só pode existir engagement após o awareness ▪ Exemplos: procura de informações e proatividade Se não tiver consciencialização da transição não posso ter envolvimento o Mudança e Diferença: são propriedades essenciais na transição. Embora parecidos são conceitos diferentes. ▪ Toda a transição envolve mudança, no entanto, nem toda a mudança é transição. A transição é o resultado da mudança e resulta em mudança. ▪ A diferença diz respeito às expectativas desconhecidas, divergentes, sentimentos diferentes, perceber de forma diferente. Diferença entre realidade e a expectativa. Nem toda a mudança é transição. A transição pressupõe sempre uma mudança que causa diferença. Uma mudança é mudar alguma coisa, mas nem tudo que nós mudamos na nossa vida nos causa diferença, mas para ser uma transição tem que haver essa mudança e essa diferença. Ex: de tarde vou ao cabeleireiro e pinto o cabelo de loiro, amanhã as pessoas vão me ver e dizer que estou diferente, que tenho uma mudança no cabelo, mas não vai trazer diferença à minha vida. Se for amputada, isto é uma mudança que traz diferença. A mudança que ocorre na transição tem que trazer diferença para a vida da pessoa. Se não trouxer diferença não é uma transição. Ex: senhor que teve um AVC e fica com hemiparesia, a mudançaque ocorre, traz diferença para a sua vida e ele está no processo de transição saudável se reconhecer que essa mudança vai levá-lo a uma vida diferente. Que a realidade que ele tinha e a expectativa são diferentes. – aquilo que ele era ele não vai voltar a ser. o Espaço temporal de transição: ▪ As transições são caracterizadas por um fluxo ao longo do tempo. ▪ Esta propriedade estende-se desde os sinais iniciais de antecipação, perceção ou demonstração de mudança, passando por períodos de instabilidade, confusão e stress, até um eventual fim, onde á atingida novamente a estabilidade. Tempo de transição não é igual para todos Mede-se o tempo de transição pelos sinais antecipatórios iniciais da transição até ao final da transição quando há a tal integração na identidade. Ex: um casal que quer ter um filho, estão a fazer uma consulta pré-conceção, estão a preparar-se → isto já são sinais antecipatórios da transição. A transição só acaba quando integrarem o papel de pai e mãe, neste caso Este tempo não é estanque e depende de pessoa para pessoa e de transição para transição. o Eventos ou pontos críticos: a maioria das transições estão associadas com um acontecimento de vida identificável, como, nascimento, morte, diagnóstico de uma doença grave,… ▪ Estes pontos/eventos críticos estão muitas vezes associados a um aumento de awareness da mudança/diferença e num engagement mais ativo para lidar com a experiência de transição Momentos do processo de transição em ocorre alguma coisa que faz “cair a ficha à pessoa” - esse momentos às vezes são negativos, mas depois tem um impacto positivo na transição. Ex: um doente que faz um AVC, fica com hemiparesia e ele não tem consciencialização, porque não aceita que precisa de ajuda e então tenta levantar-se sozinho e cai, esta queda apesar de ser uma coisa negativa pode ser altamente positivo para a consciencialização dele, porque pode consciencializar a pessoa para que realmente precisa de ajuda. Ex: jovem que engravida e não tem consciencialização (tá em negação) até que conta aos pais e estes são altamente recetíveis a gravidez, apoiam-na …, ou seja, esse ponto identificável vai ajudá-la neste processo de transição. CONDICIONANTES DA TRANSIÇÃO: FACILITADORES E INIBIDORES • Condicionantes pessoais, da comunidade e da sociedade • Podem facilitar ou dificultar o processo para que o indivíduo alcance uma transição saudável, ou seja, a reformulação da sua identidade, o domínio de novas habilidades e a alteração dos próprios comportamentos • Condicionantes pessoais: o Significados – (atribuídos aos eventos que precipitam a transição) - neutros, positivos ou negativos Ex: uma senhora idosa de 80 anos, muito religiosa (católica, praticante) e que acredita que as doenças são um castigo de DEUS e aos 80 anos é diagnosticada com um cancro grave, este significado que ela vai atribuir à doença vai ser negativo. → este significado vai influenciar de forma inibitória a esta transição. Ex: uma senhora de 40 anos que é diagnosticada um cancro de mama, mas teve a mãe com cancro de mama, a tia com cancro de mama, a amiga com cancro de mama e todas elas lutaram e conseguiram ficar bem/ser curadas. Esta vivencia desta mulher vais ser positiva no processo de transição, porque ela vai ter esperança. o Crenças culturais e atitudes – quando temos estigma ou alguma conotação negativa associada à experiência de transição, tal pode ser inibitório. Ex: gravidez na adolescência -se eu tiver uma crença cultural que a gravidez na adolescência está errada e que as mulheres devem esperar até ao casamento para ter relações sexuais → se for esta a minha crença cultural e for adolescente e ficar gravida, esta minha crença vai ser um fator inibitório para a minha transição, mas se for de etnia cigana é normativo ser uma adolescente gravida Atitude ≠ comportamento o Status Socioeconómico – pessoas com níveis socioeconómicos mais baixos estão mais vulneráveis a sintomatologia psicológica, que dificulta a transição. o Preparação e conhecimento – o conhecimento prévio pode ser um facilitador da transição, ao passo que, a falta de conhecimento pode ser um inibidor. Ambos podem ser utilizados como estratégias para potenciar uma transição saudável. Quanto mais prepare e mais conhecimento eu tenho da transição que vou ultrapassar ou que estou a passar mais isso facilita o processo de transição • Condicionantes da comunidade – podem ser facilitadores ou inibidores de uma transição saudável. A existência ou não de estruturas de apoio na comunidade, de apoio familiar, de recursos instrumentais influencia a experiência de transição. → tem haver com infraestruturas que eu tenho, seja a família, o centro de saúde próximo, …; Pessoa que mora numa zona rural e tem que fazer quimo numa cidade (zona urbana) acaba por ser um fator inibitório. Apoio familiar – quem tem uma família bem estruturada, funcionante e que dá apoio na transição é muito mais facilitador do que ter uma família altamente disfuncional. • Condicionantes da sociedade – podem funcionar como facilitadores ou inibidores de uma transição saudável. Se o evento que leva à transição for estigmatizado e estereotipado negativamente, tal pode inibir a transição saudável. As representações sociais interferem na vivência das transições. → mais amplas; ex: país onde vivemos – mulheres gravidas na ucrania tem uma condicionante altamente inibidora da transição PADRÕES DE RESPOSTA – uma transição saudável é determinada pelos padrões de resposta • Indicadores de processo – permitem identificar se o indivíduo que vivencia a transição se encontra na direção de saúde e bem-estar, ou na direção de vulnerabilidade e risco. → ajudam-nos a perceber em que caminho é que a pessoa está a ir na sua transição o O sentir-se ligado – estar conectado, ter apoio de redes sociais: família, amigos, profissionais de saúde,… → indica se a pessoa está num bom caminho ou não o O interagir – com pessoas na mesma situação, profissionais de saúde, cuidadores familiares, … para clarificar e ajustar os comportamentos de resposta às transições. → pessoa interage com os outros o O estar situado – no tempo, no espaço e nas relações… permite que a pessoas de desprenda do passado e enfrente novas situações/desafios. → pessoa sabe precisamente onde está no seu processo de transição o Desenvolver coping e confiança – manifesta-se pelo nível de compreensão dos diferentes processos relativos à necessidade de mudança, utilização de recursos e desenvolvimento de estratégias para ganhar confiança e lidar com a situação. → no processo a confiança e o coping são essenciais Coping – ter capacidade para lidar com os imprevistos que me acontece Confiança – no sentido, pode me aparecer este imprevisto mas estou com confiança para ultrapassa-lo • Indicadores de Resultado – dão-nos resposta acerca do fim da vivência da transição → diz se a pessoa está ou não a aproximar-se do fim da transição o Mestria – domínio de novas competências – O fim de uma transição saudável é determinado pela extensão da mestria demonstrada pelo indivíduo na utilização de competências e comportamentos necessários para lidar com a nova situação. → ex: a pessoa tem comportamentos e competência para lidar com a nova situação → tem conhecimento, sabe tomar decisões, sabe gerir → é mestre naquela situação; 1º indicador de resposta favorável o Integração fluída da identidade – reformulação da identidade, mais fluida e dinâmica – as experiências de transição resultam numa reformulação da identidade; ou seja, o indivíduo integra no seu auto- conceito a noção da sua nova situação → aquele que queremos alcançar; o tal novo lugar estável; encontra uma forma estável para viver com aquilo - A capacidade ou habilidade para desenvolver novas competências é imprescindívelpara cumprir a transição com sucesso. Ex: Sr. António de 75 anos, casado e começa um processo demencial e a sua mulher vai ser a cuidadora dele – transição situacional (só) → não é saúde/doença, pois o Sr. António não vai ter capacidade para a consciencialização – não tem capacidade para desenvolver competências. - Ambas são definidoras de um processo de transição saudável. - Teoria das Transições e Intervenções Terapêuticas de Enfermagem • Para se alcançar um processo de transição saudável, na perspetiva de uma enfermagem humanizada, científica e holística, o enfermeiro tem de conhecer o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo e da sua família, no decorrer do seu ciclo vital, sendo consciente das dificuldades e das adaptações às novas situações que geram instabilidade • As intervenções de enfermagem podem ser entendidas como uma ação interventiva continuada no decorrer do processo de transição → se numa fase inicial tiver uma consciencialização comprometida eu vou trabalhar a consciencialização. Se conseguir uma consciencialização presente a seguir eu posso trabalhar na preparação e no conhecimento, depois posso trabalhar nas questões do cuidador, do coping e da confiança … • Devem proporcionar conhecimento e capacidades aos indivíduos que experienciam transições, desencadeando respostas positivas, capazes de restabelecer a sensação de bem-estar e ajudá-los a uma transição saudável Esta teoria ajuda a encaminhar os nossos cuidados
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