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Roteiro de Aula Prática – Anti-histamínicos Tema da aula: Estudo das características e propriedades de anti-histamínicos Docente: Prof. Dr. Bruno Junior Neves Disciplina: Química Farmacêutica Medicinal 1. INTRODUÇÃO Anti-histamínico é uma classe de fármacos que inibe a ação da histamina, ou seja, é um antagonista de histamina, que bloqueia a ligação com seus receptores. Os anti-histamínicos competem pelos receptores H1 da histamina, impedindo estas de se ligarem e auxiliarem no processo de inflamação. Quando ocorre a ligação dos anti-histamínicos no receptor, as vias de fosfolipase C, fosfolipase A e a via do fator nuclear de transcrição são ativadas. Essas vias auxiliam na síntese de proteínas anti-inflamatórias e inibem a síntese e liberação de proteínas inflamatórias, como a citocina, por exemplo. Já os antagonistas dos receptores H2, desempenham efeito principal na secreção gástrica. As seguintes regras de relação estrutura e atividade estão associadas atividade e seletividade de anti-histamínicos em receptores H1: Figura 1. Regras de relação estrutura e atividade/seletividade de anti-histamínicos antagonistas de receptores H1. 2. OBJETIVOS ● Identificar as principais interações intermoleculares formadas entre o anti- histamínico doxepina no sítio ativo do receptor H1. A doxepina é um antidepressivo tricíclico, que frequentemente é usado pelos dermatologistas https://pt.wikipedia.org/wiki/Fosfolipase_C https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fosfolipase_A&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Citocina para tratar alguns problemas de pele como prurido, dermatite atópica, urticária e dermatose. Isso é possível graças ao seu efeito anti-histamínico (antagonismo dos receptores H1 e H2 da histamina), provocando uma melhora em muitos tipos de alergia; ● Analisar o farmacóforo da doxepina com base nas interações intermoleculares identificadas; ● Identificar as principais semelhanças no modo de ligação de anti- histamínicos e antidepressivos no sítio ativo dos receptores H1 (alvo para antialérgicos) e proteína transportadora de serotonina (alvo para antidepressivos), respectivamente. 3. ROTEIRO DA AULA A) Para analisar as interações intermoleculares, utilize os códigos PDB destacados no quadro abaixo para encontrar os complexos fármaco-receptor determinados experimentalmente através de cristalografia de Raios-X; B) Em seguida, acesse o aplicativo online e gratuito PLIP (https://plip- tool.biotec.tu-dresden.de/plip-web/plip/index); C) Digite o código PDB no campo “Find PDB ID using our search tool” e depois clique em “Run Analysis”; D) Após alguns segundos a página inicial do PLIP será redirecionada. Clique na imagem do complexo fármaco-receptor e anote as interações intermoleculares. Uma legenda indicando os tipos de interação estará disponível na página de resultados; E) Anote os resultados das interações intermoleculares no formato de um diagrama 2D. Um exemplo de diagrama 2D está representado abaixo: https://plip-tool.biotec.tu-dresden.de/plip-web/plip/index https://plip-tool.biotec.tu-dresden.de/plip-web/plip/index F) Você pode desenhar o diagrama 2D manualmente e colar uma foto do seu desenho (de caderno) no relatório, ou utilizar uma ferramenta de desenho de estruturas químicas, como o editor de estruturas químicas online MarvinDemo (https://marvinjs-demo.chemaxon.com/latest/demo.html). G) Adicionalmente, acesse a base de dados DrugBank (https://go.drugbank.com/drugs) para acessar/identificar os principais alvos moleculares de ação dos fármacos estudados nessa atividade. 4. LISTA DE EXERCÍCIOS 1) Aponte as principais interações fármaco-receptor dos complexos destacados utilizando diagramas de interação 2D. a) Código PDB: 3RZE; Complexo: Doxepina - Receptor H1 Diagrama de interação 2D: https://marvinjs-demo.chemaxon.com/latest/demo.html https://go.drugbank.com/drugs Doxepina (3RZE) AA Resíduo de AA Distância (Å) Tipo de ligação TYR 108A 3.73 Hydrophobic Interactions ILE 115A 3.99 Hydrophobic Interactions TRP 158A 3.46 Hydrophobic Interactions PHE 424A 3.88 Hydrophobic Interactions TYR 431A 3.52 Hydrophobic Interactions PHE 432A 3.42 Hydrophobic Interactions PHE 432A 3.75 Hydrophobic Interactions PHE 435A 3.84 Hydrophobic Interactions TYR 108A 4.74 π - Stacking TRP 428A 4.96 π - Stacking TRP 428A 4.61 π - Stacking PHE 432A 4.85 π - Stacking ASP 107A 2.64 Salt Bridges b) Código PDB: 7LWD Complexo: Imipramina - Proteína transportadora de serotonina Diagrama de interação 2D: Imipramina (7LWD) AA Resíduo de AA Distância (Å) Tipo de ligação TYR 95A 3.59 Hydrophobic Interactions ALA 169A 3.88 Hydrophobic Interactions ILE 172A 3.48 Hydrophobic Interactions ILE 172A 3.31 Hydrophobic Interactions PHE 341A 3.77 Hydrophobic Interactions PHE 341A 3.39 Hydrophobic Interactions THR 497A 3.71 Hydrophobic Interactions ASP 98A 3.11 Salt Bridges 2) Conforme descrito nas regras de relação estrutura e atividade (abordadas na aula teórica), o grupamento amino terciário da doxepina confere maior potência e receptores H1. Descreva detalhadamente quais as principais interações intermoleculares que este grupamento químico faz com o sítio. A principal interação intermolecular que o grupamento amino terciário faz com o sítio de ligação é a interação iônica com o ASP, conferindo atividade de antagonismo de histamina H1. Essa interação acontece porque o grupamento amino terciário é básico e o aminoácido aspartato do sítio de ligação é ácido, com isso os dois conseguem interagir-se de forma iônica. 3) Descreva as interações intermoleculares semelhantes ou comuns entre os fármacos listados acima. É possível que a imipramina também tenha atividade anti-histaminérgica? As interações intermoleculares semelhantes ou comuns entre a doxepina e a imipramina estão destacadas na tabela abaixo: Interações intermoleculares semelhantes ou comuns entre a doxepina e a imipramina Doxepina Imipramina AA Tipo de interação AA Tipo de interação TYR Hydrophobic Interactions TYR Hydrophobic Interactions ILE Hydrophobic Interactions ILE Hydrophobic Interactions PHE Hydrophobic Interactions PHE Hydrophobic Interactions PHE Hydrophobic Interactions PHE Hydrophobic Interactions ASP Salt Bridges ASP Salt Bridges Sim, é possível que a imipramina também tenha atividade anti-histaminérgica uma vez que sua estrutura é semelhante com a estrutura geral dos anti-histamínicos, apresentando uma amina terciária que também interage de forma iônica com o resíduo do aminoácido de aspartato. Os anti-histamínicos de 1° geração, têm dois grupos aromáticos ligados por uma cadeia curta a uma amina alifática terciária. Os grupos aromáticos são geralmente fenil ou fenil substituído, tienil ou piridil e eles também podem ser conectados um ao outro. Esses substituintes aril estão ligados ao grupo X, que é pode ser um átomo de nitrogênio nas etilenodiaminas, um carbono ligado a um átomo de oxigênio éter nos éteres da etanolamina, ou apenas um átomo de carbono na classe das alquilamina. O espaçador tem geralmente dois ou três carbonos de comprimento e pode ser em anel, ramificado e saturado ou insaturado. Os grupos R ligados à amina alifática são geralmente grupos alquil simples, geralmente metil, ou ocasionalmente grupos aralquil. 4) Com base nas interações intermoleculares destacadas no diagrama de interação 2D do fármaco fexofenadina (2º geração) no sítio ativo do receptor H1, responda: a. A doxepina pode ser enquadrada como fármaco de 1º ou 2º geração de anti-histamínicos? A doxepina pode se enquadrar como fármaco de 1° geração de anti- histamínicos. Isso porque ela se assemelha estruturalmente com os anti- histamínicos de 1° geração e também por ter presente a amina terciária que interage com oAA aspartato de forma iônica. b. Discorra sobre as principais diferenças no modo de ligação de ambos os fármacos, que implicam na seletividade de fexofenadina para receptores H1, e consequentemente na ausência de efeitos adversos associados à sedação. A doxepina liga-se aos sítios alvos de forma mais promíscua, com baixa especificidade por antagonismo aos receptores H1, possibilitando sua ligação a diversos receptores. Além disso, na sua estrutura tem a presença de um heteroátomo, o oxigênio, que confere maior lipossolubilidade à molécula, aumentando a chance da mesma em atravessar as barreiras hematoencefálica e de ligar-se aos receptores do SNC, causando os efeitos sedativos. Enquanto a fexofenadina liga-se ao sítio alvo por interações intermoleculares iônicas devido aos seus grupos ionizáveis. O grupamento amino protonado realiza uma interação iônica com o ASP 107, uma interação extremamente importante para a atividade desse composto. Devido a cadeia estendida, principalmente em conexão com o nitrogênio, e a presença do grupo polar ionizado com carga negativa, a molécula consegue fazer interações intermoleculares adicionais, conferindo maior seletividade e menor afinidade dessa molécula à outros tipos de receptores, principalmente os receptores do sistema nervoso central, o que consequentemente torna a molécula com um efeito sedativo praticamente nulo. E a interação do ácido, grupo polar ionizado com carga negativa, com a LYS é uma das explicações racionais para os efeitos não sedativos da fexofenadina, além do fato dela ser uma molécula mais hidrofílica - não cruzando a barreira hematoencefálicas, com características anfotéricas. c. Através de uma busca na base de dados DrugBank, descreva os principais alvos de ação (Targets) da doxepina. Com base nisso, explique por que este fármaco pode causar sedação. Os principais alvos de ação da doxepina são: receptor H1 de histamina; receptor H2 de histamina; transportador de noradrenalina dependente de sódio; transportador de serotonina dependente de sódio; receptor 5-hidroxitriptamina 2A, 2B e 2C; receptor de acetilcolina muscarínico M1, M2, M3, M4 e M5; receptor adrenérgico alfa-1A, alfa-1B e alfa-1D; receptor de 5-hidroxitriptamina 1A; receptor de 5- hidroxitriptamina 6; receptor de histamina H4; e, membro 2 da subfamília H do canal controlado por voltagem de potássio. Esse fármaco pode causar sedação por ação antagônica, principalmente, aos receptores colinérgicos. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Shimamura, T.; Shiroishi, M.; Weyand, S.; Tsujimoto, H.; Winter, G.; Katritch, V.; Abagyan, R.; Cherezov, V.; Liu, W.; Han, G.W.; Kobayashi, T.; Stevens, R.C.; Iwata, S. Structure of the Human Histamine H1 Receptor Complex with Doxepin. Nature, 2011, 475, 65–70. [2] Williams, D. A., Lemke, T. L., Foye, W. O. Foye’s Principles of Medicinal Chemistry, 7º Edição, New York: Lippincott Williams & Wilkins Publishers, 20017. https://go.drugbank.com/polypeptides/P35367 https://go.drugbank.com/polypeptides/P35367 https://go.drugbank.com/polypeptides/P35367 https://go.drugbank.com/polypeptides/P23975 https://go.drugbank.com/polypeptides/P31645 https://go.drugbank.com/polypeptides/P31645 https://go.drugbank.com/polypeptides/P28223 https://go.drugbank.com/polypeptides/P11229 https://go.drugbank.com/polypeptides/P35348 https://go.drugbank.com/polypeptides/P35348 https://go.drugbank.com/polypeptides/P08908 https://go.drugbank.com/polypeptides/P50406 https://go.drugbank.com/polypeptides/P50406 https://go.drugbank.com/polypeptides/Q9H3N8 https://go.drugbank.com/polypeptides/Q12809 https://go.drugbank.com/polypeptides/Q12809
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