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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Departamento de Letras Técnicas de Comunicação e Expressão II Professora: Tatiane Silva Tavares Aluna: Layssa Emerich de Melo Fernandes RESENHA FIORIN, José Luiz - Linguagem e Ideologia. São Paulo, Ática, 1988. Fiorin (1988) trabalha as relações da linguagem com a ideologia, relacionando-as, trazendo o valor histórico do estudo para fazer o seu embasamento. Para o autor, o estruturalismo tinha muita relevância no passado, no entanto, surgiu-se a necessidade de uma reflexão sobre como essa linguagem se desenvolve trazendo-a como um fator social. Dessa forma, existe uma relação indireta entre linguagem e ideologia que foi denunciada e tentou ser desvendada por diversos trabalhos científicos. De acordo com Koch (1987), a maior interação social que temos através da linguagem é a argumentação. Sendo assim, a autora observa que a ideologia sempre estará implícita no discurso, visto que, mesmo que inconscientemente, sempre tentamos induzir o comportamento do interlocutor. Fato que também foi observado por Fiorin, o autor apresenta a língua como um fator social necessário e que, por mais simples que seja, todo discurso tem um interesse argumentativo. Considerando o capítulo 8 e 9 do livro como um parte mais importante dessa análise, são nesses capítulos que o autor irá explicar o conceito de ideologia de forma objetiva, apresentando como a ideologia está atrelada a linguagem e como a mesma se apresenta na sociedade. No capítulo 8, o autor apresenta exemplos que estão enraizados na sociedade para explicar a ideologia, e exemplifica a questão do salário como uma inversão da realidade. Para exemplificar foram apresentados dois níveis de realidade: o da aparência e o da essência. Utilizando Marx, o autor mostra que no primeiro nível, o operário acredita ter uma troca justa de trabalho por seu salário, como indivíduo livre. No entanto, numa visão profunda, o burguês se apropria da força de trabalho do operário e o mesmo só recebe uma parte do trabalho, vivendo uma exploração, pois ele não recebe pelo todo a que produz. No Capítulo nove, o autor abrange as formações ideológicas e as formações discursivas mostrando como elas, mesmo que inconscientemente, se entrelaçam. O autor apresenta como essa ideologia se desenvolve na formação discursiva do individuo, apresenta como cada formação ideológica irá representar uma formação discursiva e como ela é ensinada durante todo o processo de aprendizagem linguística do falante. Outro fator interessante trazido é estudar o pensamento e a linguagem como objetos indissociáveis, pois é no discurso que o falante irá materializar todas as suas ideologias. “Por isso, a cada formação ideológica corresponde uma formação discursiva, que é um conjunto de temas e de figuras que materializa uma dada visão de mundo.” (FIORIN, José Luiz. 1998. p.32). José Luiz Fiorin aborda conceitos como a linguagem de forma clara e objetiva, mesmo que densos. O autor não só preenche seu livro com informações acerca dos caminhos da analise do discurso como também os carrega com a sua ideologia política a fim de nos tirar da zona de conforto a pensar não só a certa da linguagem, mas de toda construção social que está em volta da mesma. Não é apenas um livro de linguagem, mas com conceitos histórico-sociais muito grandes.
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