Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 1. Definir AVE e suas etiologias. O acidente vascular encefálico (AVE) é definido classicamente como um déficit neurológico, geralmente focal, de instalação súbita ou com rápida evolução, sem outra causa aparente que não vascular, com duração maior que 24 horas (ou menor, mas levando a morte). Os tipos de AVC são geralmente divididos com base no aspecto patológico que eles determinam, ou seja, isquêmicos e hemorrágicos. Algumas estatísticas apontam o acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI) como responsável por aproximadamente 80% a 85%, e o acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) por aproximadamente 15% a 20% dos casos AVE ISQUÊMICO O AVE isquêmico se manifesta pela súbita instalação de um deficit neurológico focal persistente, como consequência a uma isquemia seguida de infarto no parênquima encefálico (cérebro, diencéfalo, tronco ou cerebelo). É decorrente da oclusão aguda de uma artéria de médio ou pequeno calibre. Esta oclusão, na maioria das vezes, é do tipo embólica (trombo proveniente de local distante que caminha pela circulação arterial até impactar na artéria), mas também pode ser trombótica (trombo formado na própria artéria envolvida no AVE). Existem dois tipos de AVE isquêmico embólico: • Cardioembólico: a fonte emboligênica é o coração, na maioria das vezes com fibrilação atrial (trombo no AE), seguida pelo IAM de parede anterior (trombo no VE) e pelas cardiomiopatias dilatadas (trombo em VE e/ou AE); • Ateroembólico: é o AVE isquêmico típico dos pacientes hipertensos. A fonte emboligênica geralmente é uma placa aterosclerótica instável (com trombo) na carótida comum ou bifurcação carotídea ou na artéria vertebral O AVE trombótico mais comum é o AVE lacunar (20% dos AVE isquêmicos), definido por infarto de tamanho inferior a 2 cm (0,2 a 15 mm³), causado pela oclusão de pequenas artérias perfurantes cerebrais, que nutrem o tálamo, a cápsula interna e os gânglios da base, ou dos ramos arteriais que irrigam o tronco cerebral. Essas pequenas artérias desenvolvem uma lesão obstrutiva chamada lipo- hialinose (espessamento hialino da camada média), que pode precipitar a trombose in situ. O AVE trombótico de artérias de médio calibre é raro, sendo o mais clássico o AVE pontino extenso pela trombose da artéria basilar. Suspeita-se de AVE trombótico em médias artérias na síndrome do “AVE em evolução” (o deficit neurológico se desenvolve de forma subaguda). Quando uma artéria cerebral é ocluída ou subocluída, imediatamente surge isquemia (desequilíbrio entre oferta/consumo de O2). Observa-se disfunção neuronal quando o fluxo cerebral cai abaixo de 20 ml/100 mg/min (normal: > 50 ml/ 100 mg/min). Quando a isquemia é prolongada ou grave (< 10 ml/100 mg/min), o infarto (necrose neuronal irreversível) inevitavelmente ocorre. Nas primeiras 24h do AVE isquêmico, métodos como a RM com estudo de difusão-perfusão permitem delinear as áreas que possuem lesão irreversível e as áreas isquêmicas recuperáveis (penumbra isquêmica). Esta última apresenta baixo fluxo, porém uma extração de oxigênio aumentada (tentativa de compensar a isquemia); Após cinco horas do início dos sintomas, apenas 25% dos pacientes ainda apresenta penumbra isquêmica, que pode permanecer por até 18 horas, antes de se completar a área total do infarto. Nestes pacientes, cerca de 35% da área final do infarto tem origem a partir da penumbra. É importante frisar que o fluxo colateral para a área isquêmica reversível se dá por colaterais, sendo altamente dependente da pressão arterial; por isso, é preciso cuidado no controle da PA durante a fase aguda do AVE isquêmico!!! Ocorrido o infarto neuronal, instala-se o edema citotóxico (aumento do volume dos neurônios), acompanhado de edema vasogênico (acúmulo de líquido no interstício por aumento de permeabilidade na barreira hematoencefálica). O pico do edema é entre 3-4 dias. Nas primeiras 48h, há migração de neutrófilos para o local, 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 seguida pela migração de monócitos e células gliais fagocitárias. Após dez dias, com o edema resolvido, a transição entre a zona infartada e o tecido normal torna-se nítida. Entre dez dias e três semanas, a fagocitose provoca uma necrose de liquefação, transformando o infarto numa área amolecida e depois cística e retraída. Hipertensão arterial (especialmente a hipertensão sistólica) é o principal fator de risco para AVE isquêmico e também para AVE hemorrágico! A hipertensão é uma importante causa de aterosclerose nas carótidas e vertebrais, assim como lipo-hialinose (AVE lacunar). História familiar de doença cerebrovascular, diabetes mellitus, tabagismo, hipercolesterolemia e idade > 60 anos são outros fatores de risco para AVE isquêmico.. AVE HEMORRÁGICO O AVE hemorrágico ocorre quando há rompimento de um vaso cerebral, provocando hemorragia. Esta hemorragia pode acontecer dentro do tecido cerebral ou na superfície entre o cérebro e a meninge. É responsável por 15% de todos os casos de AVC, mas pode causar a morte com mais frequência do que o AVC isquêmico. O AVE hemorrágico mais comum a hemorragia intraparenquimatosa (~ 10% dos casos), seguida pela hemorragia subaracnoide. HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA O tipo mais comum é o AVE hemorrágico hipertensivo, causado por lesão crônica de pequenas artérias perfurantes (as mesmas do AVE lacunar), promovendo fragilidade da parede vascular e formação de pequenos aneurismas (aneurismas de Charcot-Bouchard). O rompimento desses aneurismas (em geral durante um pico hipertensivo) provoca o AVE hemorrágico intraparenquimatoso hipertensivo. O acúmulo de sangue no parênquima cerebral eleva agudamente a pressão intracraniana, já que o sangue desencadeia edema vasogênico em volta do hematoma. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE A Hemorragia Subaracnoide (HSA) espontânea ocorre pela rotura de um aneurisma sacular congênito e, menos comumente, pela rotura de uma Malformação Arteriovenosa (MAV). Os aneurismas saculares geralmente se localizam nas artérias do polígono de Willis Ao atingir o espaço subaracnoide, o sangue em volta do cérebro causa edema cerebral e meningite química. A quantidade de sangue irá determinar o prognóstico destes pacientes. A partir do quarto dia, surge uma complicação denominada vasospasmo, pelo contato do sangue com as artérias do polígono de Willis, como a origem da cerebral média. O vasospasmo é o principal responsável pelo deficit neurológico focal e pelas sequelas neurológicas que podem ocorrer na HSA. 2. Conhecer os fatores de risco e a epidemiologia (morbimortalidade por sexo, idade, escolaridade) do AVE. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) atualmente é a causa mais comum de óbito no Brasil. Pode ser isquêmico (80-85% dos casos) ou hemorrágico (15- 20%). Além da questão da mortalidade, ele provoca grande morbidade, uma vez que costuma deixar sequelas na maioria dos sobreviventes... Hipertensão arterial sistêmica, especialmente do tipo “sistólica”, e fibrilação atrial, são os dois principais fatores de risco para AVE isquêmico! Os principais fatores de risco para AVE hemorrágico são: HAS, trauma, diátese hemorrágica, angiopatia amiloide, drogas ilícitas (especialmente cocaína) e malformações vasculares. FATORES DE RISCO: Os fatores de risco não-modificáveis correspondem a condições inerentes aos indivíduos e incluem: • Idade avançada; • Sexo masculino; • Baixo peso ao nascer; • Afrodescendência; • Histórico familiar de AVC; • Anemia falciforme. Já os fatores de risco modificáveis, ou seja, os fatores aos quais podemos atuar para prevenir o AVC, incluem: • HAS (causa controlável mais comum); • Tabagismo; • Fibrilaçãoatrial; • Diabetes mellitus; • Terapia hormonal (pós-menopausa ou contracepção oral); • Dislipidemia; • Obesidade; • Sedentarismo, entre outros 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 3. Compreender o quadro clínico e diagnóstico do AVE. Os sinais e sintomas dependem da área do cérebro acometida e incluem, geralmente: • Fraqueza ou formigamento em face, braços ou pernas; • Alterações na visão (uni ou bilateral); • Confusão, alterações na fala e/ou compreensão; • Alteração do equilíbrio e/ou coordenação; • Tontura; • Alterações na marcha; • Cefaleia súbita e intensa (mais relacionada com AVCh). Na maioria das vezes, o território mais acometido é o suprido pela Artéria Cerebral Média. O quadro clássico da oclusão do tronco da ACM é caracterizado por fraqueza (déficit motor) e perda sensitiva, principalmente na face e no membro superior (déficits contralaterais à lesão – as fibras motoras e sensitivas se cruzam na decussação das pirâmides), hemianopsia do lado da fraqueza, rebaixamento da consciência e desvio do olhar para o lado da lesão. Além disso, em destros, a oclusão da ACM esquerda pode causar afasia global no paciente. AVE ISQUÊMICO • QUADRO CLÍNICO Instalação aguda de um deficit neurológico focal persistente, do território carotídeo ou vertebrobasilar. ■ Território carotídeo (circulação anterior): síndromes de artéria cerebral média e cerebral anterior. Hemiparesia/plegia (o mais comum – 85% dos casos). Hemianestesia/parestesia. Paralisia facial central, disartria. Apraxia. Astereognosia. Afasia (motora, sensorial, de condução) – hemisfério esquerdo/dominante. Anosognosia/heminegligência – hemisfério direito. Desvio do olhar conjugado contra a hemiplegia nos primeiros 1-2 dias. ■ Território vertebrobasilar (circulação posterior): síndromes de artéria cerebral posterior, cerebelo e tronco encefálico. • Hemiparesia/plegia ou tetraparesia/plegia. • Hemianestesia/parestesia ou anestesia/parestesia bilateral. • Síndromes cruzadas (motoras ou sensitivas) – lesões de tronco. • Tonteira vertigem-símile, náuseas, nistagmo – síndrome vestibular. • Ataxia cerebelar. • Diplopia (síndromes oculomotoras). • Paralisia facial periférica. • Disartria, disfagia, disfonia (síndrome bulbar). • Síndrome de Horner. • Desvio do olhar conjugado na direção da hemiplegia ou para baixo. • DIAGNÓSTICO Todo paciente com deficit neurológico focal de início súbito que dura mais de 15-20 minutos deve ser encarado como AVE (isquêmico ou hemorrágico). A presença de uma das síndromes (carotídeo ou basilar) sugere fortemente AVE isquêmico, embora a TC de crânio não contrastada seja sempre ESSENCIAL para descartar AVE hemorrágico! A TC de crânio, nas primeiras 12-24h, geralmente não mostra o AVE isquêmico, pois o infarto só tem expressão radiológica na TC após 24-72h, como uma área hipodensa (“cinza”) acompanhada de edema. A TC inicial serve, portanto, para afastar AVE hemorrágico, pois a hemorragia aparece de imediato, como uma área hiperdensa (“branca”). Após dez dias, a área infartada aparece mais 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 hipodensa (“preta”) e com retração (sem edema e com atrofia), repuxando algum ventrículo (hidrocefalia localizada ex-vacuum). A Ressonância Nuclear Magnética (RM) é um exame de maior acurácia do que a TC no diagnóstico do AVE isquêmico, devendo ser utilizada a sequência T2 ou o FLAIR (atenuação de fluido). É melhor do que a TC para detectar AVEi na fossa posterior (tronco cerebral e cerebelo), bem como pequenos infartos corticais. AVE HEMORRÁGICO - INTRAPARENQUIMATOSO • QUADRO CLÍNICO: Manifesta-se com um quadro súbito de cefaleia intensa, deficit neurológico focal e rebaixamento do nível de consciência, em geral dentro de algumas horas. • DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito pela TC de crânio não contrastada ou pela ressonância magnética, que mostrará em praticamente 100% dos casos uma área hiperdensa (hematoma), geralmente com edema em volta (zona hipodensa). O desvio de linha média é comum... Acima de 3 mm, a chance de evolução para o coma é grande. AVE HEMORRÁGICO - SUBARACNÓIDE • QUADRO CLÍNICO O paciente começa com uma cefaleia holocraniana de início súbito e forte intensidade (“a maior dor de cabeça que a pessoa já teve”), evoluindo, em metade dos casos, com síncope (perda súbita e transitória da consciência). Ao acordar da síncope, o paciente se lembra da dor. A rigidez de nuca aparece geralmente após o primeiro dia. A fundoscopia pode mostrar as hemorragias sub-hialoides. O déficit neurológico focal pode ou não ocorrer nesta fase. Um dos mais importantes é relacionado à rotura do aneurisma de comunicante posterior, quando o jato hemorrágico comprime diretamente o III par craniano (oculomotor). O paciente chega com anisocoria (midríase no lado da lesão), diplopia e estrabismo divergente. Após o terceiro dia (entre 4-14 dias do início dos sintomas), ocorre o vasospasmo... • DIAGNÓSTICO Todo paciente que abre um quadro de cefaleia súbita de forte intensidade, até que se prove o contrário, tem um AVE hemorrágico. Se tiver a tríade cefaleia + síncope + rigidez de nuca, o diagnóstico provável é HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA. A TC de crânio não contrastada confirma o diagnóstico em 95% dos casos. Em caso de suspeita de HSA e TC normal, procede-se ao exame liquórico, que mostrará sangue (primeiras 12h) ou um líquido xantocrômico (amarelado), por causa da conversão da hemoglobina em bilirrubina 4. Elucidar a linha de cuidado do AVE (desafios e potencialidades) PRÉ-HOSPITALAR: O principal objetivo do atendimento pré-hospitalar é direcionar o paciente para o hospital o mais rápido possível, priorizando os pacientes potenciais candidatos à terapia trombolítica. O atendimento pré-hospitalar compreende, os Centros de Saúde, UPA 24h, Serviços 24 horas de Urgência (não referenciados para AVC) e SAMU 192. O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem, que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral. TC de crânio é o método de imagem mais utilizado para a avaliação inicial do AVC isquêmico agudo, demonstrando sinais precoces de isquemia. A escala pré-hospitalar de AVC deve ser aplicada para reconhecer os sinais mais frequentes. Um sinal positivo (com início súbito) é suficiente para suspeitar de um AVC: Nas UPAs 24H e Atendimentos 24 horas, enquanto aguardam a remoção para o serviço referenciado para o AVC, pacientes não candidatos à terapia trombolítica devem seguir as seguintes orientações: • Dieta suspensa até avaliação da capacidade adequada de deglutição; • No caso de não haver possibilidade de transferência do paciente, realizar teste de triagem para disfagia. • Não havendo alteração ao teste, iniciar medicação oral e dieta pastosa hipossódica, com cabeceira a 90 graus, sob supervisão; • Antitérmico se temperatura axilar (TAx) ≥ 37,5°C: Paracetamol 500 mg se via oral presente ou Dipirona 1000 mgIV se ausente; • Administrar AAS 300mg VO uma vez ao dia; 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 • Captopril 25mg VO até 6/6 horas se PAS ≥ 220mmHg ou PAD ≥ 120 mmHg ou se outra condição clínica exigir controle mais estreito; • Hidratação venosa à base de solução fisiológica a 0,9% IV contínuo (atenção ao volume infundido em pacientes sabidamente cardiopatas). O SAMU fará a regulação para um hospital ou centro de urgência habilitado aos pacientes com AVC. INTRA-HOSPITALAR: Assim que o paciente chega ao hospital, entre os cuidados clínicos de emergência estão: • Verificar os sinais vitais, como pressão arterial e temperatura. • Checar a glicemia. • Colocar a pessoa deitada, exceto se houvervômitos. • Colocar acesso venoso no braço que não estiver paralisado. • Administrar oxigênio, caso a pessoa precise. • Determinar o horário de início dos sintomas por meio de questionário ao paciente ou acompanhante. • Pacientes em condições de iniciar trombólise intravenosa em menos de 4,5 horas do início dos sintomas: desencadear protocolo de trombólise; • Pacientes com contraindicação para trombólise, seguir protocolo de atendimento geral; • Considerar craniectomia descompressiva em pacientes com infartos extensos em território de artéria cerebral média por meio de protocolo específico; • Pacientes com diagnóstico de AVC hemorrágico ou hemorragia subaracnóidea, desencadear protocolos específicos. • Monitorização cardíaca, pressão arterial > 160 e <180, glicemia capilar > 70 e <200, sat. O2 >=92%, TAX < 37,5º, exames laboratoriais (hemograma, atv de protrombina, tempo de tromboplastina ativada, plaquetas, sódio, potássio, ureia e creatinina). OBS: PARA AVC HEMORRÁGICO, A PAS deve ser controlada rigorosamente e ser mantida em 120/80, monitorar a PIC (<20) e caso esteja alta, administrar diuréticos. PÓS-HOSPITALAR: Acompanhamento na UBS, NASF e a partir dos índices de incapacitação, trabalhar nas sequelas do AVC. 5. Explanar a prevenção primária, secundária e terciária do AVE. PREVENÇÃO PRIMÁRIA Medidas usadas para evitar que a doença (infarto) surja. Exemplo: tratar adequadamente fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia; orientar alimentação saudável e prática de exercícios físicos, etc. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA O paciente já teve a doença (ex: paciente teve AVC há 3 anos) e você quer evitar que aquilo volte a ocorrer ou que a doença progrida. São exemplos de medidas deste grupo: uso de estatinas em doses moderadas/altas, associação de medicações com inibidores de eca e betabloqueadores, etc. Antiagregação plaquetária: AVCI ou AITs não cardioembólico: AAS 100 – 300mg/dia ou clopidogrel 75mg/dia (se houver intolerância ao AAS ou recorrência do AVC com fatores de risco controlados). Hipertensão: Iniciar tratamento após a fase aguda. Pressão-alvo a ser atingida: 120/80mmHg. A primeira escolha é diurética ou a combinação de diurético e inibidor da enzima conversora de angiotensina (Ieca). Diabete: Pacientes com diabete devem ter um controle rigoroso de pressão arterial (com Ieca ou com os bloqueadores do receptor da angiotensina) e lipídios (alvo de LDL < 70mg/dL). A glicemia deve ser normal ou próxima do normal (alvo de hemoglobina glicosilada ≤ 7%). Lipídios: Utilizar estatina em pacientes com AVCI ou AIT com hipercolesterolemia (alvo LDL < 100mg/dL). Em pacientes com alto risco vascular, o alvo é de LDL < 70mg/dL (pacientes com doença cardiovascular estabelecida associada a múltiplos fatores de risco maiores e mal controlados, especialmente DM; múltiplos fatores de risco de síndrome metabólica, principalmente triglicerídeos > 200mg/dL e HDL <40mg/dL; pacientes com doença coronariana; pacientes com estenose carotídea, AVC aterotrombótico). 6 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Fibrilação atrial: Para pacientes com AVC isquêmico ou AIT com fibrilação atrial persistente ou paroxística devem iniciar profilaxia com anticoagulação oral com ajuste da dose da warfarina (RNI entre 2 e 3 – alvo 2,5). O aumento da idade isoladamente não é contraindicação para o uso do anticoagulante oral. Apesar de não haver consenso na literatura, depois de AIT ou AVC menor, a anticoagulação pode ser iniciada imediatamente. Casos moderados podem ser iniciados em 5 a 7 dias e, quando a área infartada é extensa, o tempo mínimo para o início da anticoagulação pós-AVC é de algumas semanas (2 semanas), recomendando-se análise individualizada dos casos. Em pacientes com contraindicação social à anticoagulação oral (dificuldade em aderi ao controle do RNI), profilaxia deve ser feita com AAS 100 + clopidogrel 75mg/dia ou, atualmente, preferivelmente com os novos anticoagulantes orais (dabigatram 150mg 2x/dia ou rivaroxaban 20mg 1x/dia – ver contraindicações e ajuste de dose). Em pacientes com contraindicação à anticoagulação oral, devido a um maior risco de sangramento cerebral, é recomendado AAS(300mg/dia). PREVENÇÃO TERCIÁRIA: O paciente já teve a doença e está causando com limitações a sua qualidade de vida. O objetivo das medidas de prevenção terciária é limitar as consequências da doença sobre o paciente, tentando assim lhe dar uma boa qualidade vida. Seria, por exemplo, inscrever o seu paciente em um programa de reabilitação com o objetivo de melhorar a capacidade funcional, diminuir sintomas e reestabelecer as atividades cotidianas que o paciente fazia antes do AVC.
Compartilhar