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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 FITOTERAPIA E SUA HISTÓRIA AO LONGO DOS TEMPOS .................. 5 3 FITOTERAPIA ............................................................................................ 7 4 FITOTERAPIA X PLANTAS MEDICINAIS .................................................. 9 5 FITOTERAPIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA .................................. 11 5.1 Plantas de uso medicinal em pediatria para tratamento de doenças do sistema respiratório ............................................................................................... 13 6 FITOTERAPIA NA FASE ADULTA ........................................................... 14 6.1 Antiinflamatórios ................................................................................. 14 6.2 Circulação/ Venoso ............................................................................ 15 6.3 Depressão .......................................................................................... 17 6.4 Doenças renais .................................................................................. 18 6.5 Estimulante do SNC ........................................................................... 19 6.6 Estômago e Intestino .......................................................................... 20 6.7 Insônia ................................................................................................ 21 6.8 Pulmonar ............................................................................................ 22 6.9 Vesícula e fígado ................................................................................ 23 7 FITOTERApIA E SAÚDE DA MULHER .................................................... 23 7.1 Queixas climatéricas .......................................................................... 23 7.2 Síndrome pré-menstrual ..................................................................... 24 7.3 Distúrbios funcionais da menstruação ................................................ 25 8 FITOTERAPIA NA GRAVIDEZ E LACTAÇÃO .......................................... 28 9 FITOTERAPIA NA TERCEIRA IDADE...................................................... 30 9.1 Próstata e fitoterápicos ....................................................................... 32 3 10 O RISCO DO USO INADEQUADO DA FITOTERAPIA ......................... 35 10.1 Efeitos adversos relacionados ao uso de fitoterápicos ................... 37 11 CONCLUSÃO ........................................................................................ 38 12 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 39 13 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 42 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 FITOTERAPIA E SUA HISTÓRIA AO LONGO DOS TEMPOS Fonte: vidaeacao.com.br O uso de remédios à base de ervas remonta às tribos primitivas em que as mulheres se encarregavam de extrair das plantas os princípios ativos para utilizá-los na cura das doenças. À medida que os povos dessa época se tornaram mais habilitadas em suprir as suas necessidades de sobrevivência, estabeleceram-se papéis sociais específicos para os membros da comunidade em que viviam. O primeiro desses papéis foi o de curandeiro. Esse personagem desenvolveu um repertório de substancias secretas que guardava com zelo, transmitindo-o, seletivamente, a iniciados bem preparados. Os primeiros registros fitoterápicos datam do período 2838-2698 a.C. quando o imperador chinês Shen Nung catalogou 365 ervas medicinais e venenos que eram usados sob inspiração taoísta de Pan Ku, considerado deus da criação. Esse primeiro herbário dependia da ordenação de dois polos opostos: yang - luz, céu, calor, esquerdo; e o yin - trevas, terra, frio, direito. Por volta de 1500 a C. a base da medicina hindu já estava revelada em dois textos sagrados: Veda (Aprendizado) e Ayurveda (Aprendizado de Longa Vida). No século XIX o empirismo da alquimia foi suplantado pela química experimental que permitiu a síntese laboratorial de novas substâncias orgânicas. Esse 6 fato foi um dos fatores determinantes da revolução industrial e tecnológica que desencadeou a produção acelerada de novos medicamentos e à medida que derivados mais puros e concentrados de plantas se tornaram disponíveis os médicos priorizaram as drogas sintéticas e passaram a desconsiderar o papel importante da fitoterapia. O advento da medicina científica contribuiu para o aumento da sobrevida humana. E, no cotidiano das práticas de saúde, a aplicação de princípios científicos desencadeou a descoberta de terapêuticas que melhoraram a qualidade de vida das pessoas. Esse avanço da ciência fez com que o paradigma cartesiano passasse a ser adotado para explicar o processo saúde-doença. Contudo, desde o século XX, esse paradigma vem cedendo espaço ao paradigma holístico graças às teorias de Einstein. Para esse cientista a matéria é uma manifestação de energia. Os seres humanos são formados de matéria e os seus vários sistemas energéticos interagem entre si e com o meio, formando um todo que deve sempre estar harmonizado. O todo só estará harmônico se o complexo mente-corpo-meio ambiente estiver em equilíbrio. A fitoterapia permite que o ser humano se reconecte com o ambiente, acessando o poder da natureza, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas prejudicadas restaurar a imunidade enfraquecida, promover a desintoxicação e o rejuvenescimento. De acordo com a Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância) um fitoterápico é um medicamento obtido a partir de plantas medicinais, sendo estes derivados somente de drogas vegetais como por exemplo: extratos, tintura, óleo, exsudato, cera, suco, etc. (BRASIL, 2017, apud ROSCADO, 2017). Percebe-se, na atualidade, o interesse governamental e profissional em associar o avanço tecnológico ao conhecimento popular e ao desenvolvimento sustentável visando a uma política de assistência em saúde eficaz, abrangente, humanizada e independente da tecnologia farmacêutica. Nesse sentido, o Estado brasileiro instituiu a Portaria nº22/1967 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Resolução-RDC nº17/2000 que classifica os fitoterápicos como medicamentos. Paralelo ao interesse governamental em debater a comercialização dos fitoterápicos, a adesão da população a esses produtos incrementou a sua comercialização de modo que o Estado precisou regulamentar esse mercado editando 7 a Resolução RDC nº 17/00, queestabelece os parâmetros de qualidade para o registro desses produtos junto ao Ministério da Saúde. 3 FITOTERAPIA Fonte: portalsaudenoau.com.br O uso de plantas medicinais com o intuito de promover a saúde acompanha a história da humanidade, sendo resultado do acúmulo de conhecimentos empíricos ao longo dos séculos. Os vegetais fazem parte da vida do homem, desde seus primórdios, como fonte de alimentos, de materiais para o vestuário, habitação, utilidades domésticas, defesa e ataque, na produção de meios de transporte, como utensílios para manifestações artísticas, culturais e religiosas e como meio restaurador da saúde. Sua importância, medida pela intensidade de seu uso, tem assumido, nos diversos estágios de desenvolvimento da sociedade, altos e baixos. A partir do século XIX, a humanidade deparou-se com o inesgotável arsenal terapêutico, presente nas ditas plantas medicinais. A descoberta de substâncias ativas, que em estado natural, ou após sofrerem processos de transformação química, possuíam atividade farmacológica muitas vezes, já confirmadas pelo uso popular e comprovadas cientificamente, passaram a gerar interesse e incentivos institucionais e governamentais. 8 O Brasil é um país que tem servido como campo de coleta de plantas para estudos em muitas nações com tecnologia avançada, os resultados, porém, ainda não são uma realidade da maioria das regiões que sofrem com a má distribuição de renda. Dessa forma, em regiões mais pobres, o uso da medicina popular é bastante comum, especialmente onde aparecem muitas vezes, como único recurso terapêutico, sendo uma prática alternativa para as comunidades de baixo poder aquisitivo, devido à grande diversidade, não necessitar de cultivo, baixo custo, além da eficácia e convergência cultural passada de gerações entre as famílias. O difícil acesso a assistência de saúde atua como instrumento potencializador da população em buscar meio de tratamento mais acessível, e isto pode ser visto mais comumente no público infantil, visto que apresentam déficits nutricionais que aumentam a fragilidade orgânica, tornando-os mais vulneráveis aos efeitos das doenças e suas consequências. A experiência mais antiga que influenciou a criação de programas de fitoterapia no Brasil foi o Programa Farmácias Vivas, criado pelo professor Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará, há mais de vinte anos. É o primeiro programa de assistência social farmacêutica baseado no emprego científico de plantas medicinais desenvolvido no Brasil, tendo por objetivo produzir medicamentos fitoterápicos acessíveis à população carente. Após a sua criação no estado do Ceará, tornou-se referência para o do Nordeste brasileiro e, posteriormente, para todo o país. 9 4 FITOTERAPIA X PLANTAS MEDICINAIS Fonte: altoastral.com.br A população em geral confunde a fitoterapia com o uso de plantas medicinais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) considera como medicamento fitoterápico aquele obtido exclusivamente de matérias-primas de origem vegetal, com qualidade constante e reprodutível e que tantos o risco quanto à eficácia seja caracterizado por levantamentos etnofarmacológicos, documentações técnico científicas em publicações ou ensaios clínicos. As profundas raízes culturais da população brasileira facilitaram a sobrevida da Fitoterapia até os dias atuais, uma vez que a consciência popular reconhece a eficácia e legitimidade desta modalidade terapêutica. A crença popular em Curandeiros, raizeiros, parteiras, médiuns e a própria tradição oral ancestral transforma o uso de plantas medicinais em verdadeiro sincretismo de concepções. Além disso, a fitoterapia faz com que o ser humano volte a se conectar com a natureza e assim buscar na vegetação uma forma de ajudar o organismo em vários sentidos, como a restaurar a imunidade enfraquecida, normalizar funções fisiológicas, desintoxicar órgãos e até mesmo para rejuvenescer. Fitoterápicos são considerados medicamentos produzidos a partir de partes de plantas (folha, caule, raiz, semente, entre outros) cuja eficácia e segurança foi assegurada no tratamento de determinadas doenças. Passam por testes de qualidade 10 e são registrados no órgão federal de vigilância sanitária (ANVISA) antes de serem comercializados. Planta medicinal é a espécie vegetal. Partes da planta é utilizada para aliviar ou curar enfermidades com base em seu uso na população ou comunidade. Não são submetidas a um processo industrializado de fabricação e controle de qualidade. Normalmente é utilizada no preparo de chás. As plantas possuem muitas substâncias químicas. Algumas podem ser muito úteis no alívio de enfermidades, outras podem ser perigosas. Dependendo de qual parte da planta está sendo utilizada, o tipo e a quantidade dessas substâncias químicas variam. Assim, por exemplo, o conteúdo das folhas não é necessariamente o mesmo das raízes, de modo que uma parte da planta pode trazer benefício terapêutico e a outra parte causar algum tipo de dano. Infelizmente, a maior parte dos fitoterápicos que são utilizados atualmente por automedicação ou por prescrição médica não tem o seu perfil tóxico bem conhecido (CAPASSO, 2000, apud VEIGA-JUNIOR, 2008). Podemos encontrar nas grandes e pequenas cidades brasileiras a comercialização de plantas medicinais livremente em feiras livres, mercados populares, quitandas residenciais e em outros estabelecimentos. Esses produtos são comercializados por ervanários e raizeiros que não cumprem com os critérios de adequação à saúde nem atendem ao binômio segurança e eficácia exigidos nos demais produtos, mostrando assim uma comercialização inadequada e consequentemente má utilização das plantas medicinais, já que essas, neste caso, não passam por sistemas de qualificação da farmacovigilância. De acordo com a Resolução da diretoria colegiada - RDC n° 26, de 13 de maio de 2014, parágrafo 1º: São considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais cuja segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade. 11 5 FITOTERAPIA NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Fonte: vittude.com A prática da fitoterapia em crianças é muito comum como alternativa para alguns problemas de saúde, porém na grande maioria das vezes, esse costume é realizado sem supervisão de um profissional de saúde, por acreditar que por ser algo natural não irá trazer qualquer malefício. Atualmente, muitas pessoas procuram métodos mais naturais para tratar as doenças de seus filhos, seja em menor quantidade como forma de complemento ao tratamento alopático ou na espera de menores efeitos colaterais. Com isso, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos começaram a ganhar muito mais destaque no tratamento alternativo. Assim, a fitoterapia ganhou muito mais espaço e se amplificou. O conhecimento científico aliado ao conhecimento popular, muitas vezes pode gerar confusão para as pessoas, principalmente quando se trata de crianças. Afinal, alguém sempre tem alguma receita caseira para aquele resfriado ou para aquela tosse, por isso precisamos ficar atentos. É preciso ter em mente que o uso de qualquer tipo de medicamento e/ ou fitoterápicos em crianças precisa de acompanhamento de um profissional habilitado, visto que a utilização inadequada de plantas, ainda que haja benefícios, seja de 12 nossos antepassados e esteja tradicionalmente arraigados em nossa cultura. O mito de que por ser natural não faz mal, não os isentam de efeitos colaterais, sem contar a administração de forma inadequada, podendo causar danos à saúde. O uso de fitoterápicos em crianças varia de acordo com a idade e com recomendação de um profissional capacitado com especialização em fitoterapiae que tenha título para prescrição. O tipo de erva e a dosagem irão depender da idade da criança. Algumas são recomendadas somente após os dois anos, outras após os quatro anos, outras ainda após os 12 anos, por exemplo. As formas mais usuais para o consumo são chás ou xaropes. Pesquisas mostram que ervas como camomila, erva-doce e hortelã são comumente ofertadas para bebés para alívio de cólicas e como calmantes, embora sejam claras as recomendações do Ministério da Saúde que, crianças até os seis meses de idade devem receber apenas leite materno ou, na impossibilidade, a fórmula infantil indicada pelo pediatra. Outro exemplo muito comum é o eucalipto, que é recomendado somente após os dois anos e é frequentemente utilizado para afecções respiratórias. Muitos fitoterápicos como alho, erva doce, boldo, eucalipto, alcaçuz, camomila, melissa, cidreira, hortelã, passiflora (maracujá) e guaraná não precisam de prescrição do nutricionista ou do pediatra e por isso tem a facilidade na aquisição e uso. Mas, isso não implica na ausência dos efeitos colaterais. Por exemplo, a camomila em excesso pode causar distúrbios digestivos, a dose excessiva de passiflora pode causar efeito contrário. Por isso, é sempre importante consultar um profissional antes de utilizar esses produtos com finalidade terapêutica para seus filhos. Para crianças maiores, às vezes as pessoas até pensam em utilizar as mesmas plantas que são utilizadas para adultos, principalmente quando se trata de casos de crianças e adolescentes que estão com sobrepeso e/ou obesidade. Alguns estudos têm sido realizados, mas ainda não há nada conclusivo, a maioria deles são realizados com adultos. Portanto, mais uma vez fica o reforço de nunca administrar nada sem orientação profissional. A fitoterapia em crianças é algo muito delicado, pois pode ocorrer intoxicação ou reações adversas podendo ser fatal. 13 Outro ponto importante é que cada organismo é único e reage de uma forma. Muitas vezes o que deu certo para uma criança pode não dar certo para outra. Antes da prescrição de um fitoterápico, a conduta mais adequada é a avaliação criteriosa através de exames bioquímicos. Também se certifique de que o profissional está devidamente habilitado para prescrever. Em relação ao uso de plantas medicinais em crianças, a prática “cuidativa” das mães, envolvendo esse recurso baseia- -se em saberes repassados de geração a geração, que garantem a manutenção da saúde e a cura de doenças. (ARAÚJO, 2012, apud FREIRE, 2018). 5.1 Plantas de uso medicinal em pediatria para tratamento de doenças do sistema respiratório Nome da planta Indicação clínica Parte utilizada ABACAXI Tosse, expectorante, gripe Fruto e casca ACEROLA Expectorante Fruto e caule AGRIÃO Expectorante e tosse Caule e folha ALECRIM Obstrução nasal, expectorante, febre Folha e caule ALHO Tosse, gripe, expectorante Bulbo BETERRABA Tosse, expectorante, gripe Bulbo Suco CANSANÇÃO Tosse Caule MALVA Expectorante Folha LIMÃO Gripe, expectorante, tosse Fruto JURUBEBA Tosse Semente e fruto HORTELÃ Tosse, chiado no peito Folha GUACO Expectorante, gripe Folha GENGIBRE Tosse, gripe, expectorante Rizoma EUCALIPTO Febre, tosse Folha CHUMBINHO Tosse Flor CHICÓRIA Tosse Folha CEBOLINHA BRANCA Tosse, expectorante Bulbo MANJERICÃO Tosse, obstrução nasal Folha MASTRUZ Expectorante Folha 14 As doenças do trato respiratório são um importante problema de saúde pública, sendo atualmente a principal causa de mortalidade em crianças menores de 5 anos. De causa infecciosa ou não, podem acometer tanto as vias aéreas superiores (nariz, fossas nasais, boca, faringe e laringe) quanto às vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios, bronquíolos e pulmões), com esta última localização apresentando maior gravidade (DUARTE, 2000 e FIORAVANTI, 2005). 6 FITOTERAPIA NA FASE ADULTA Os fitoterápicos são considerados uma modalidade de terapia complementar ou alternativa em saúde e seu uso tem sido crescente. Inquéritos de saúde realizados em vários países têm focalizado o uso desses medicamentos entre os idosos, sendo que alguns apontam uma maior utilização desses em comparação aos adultos jovens e que os principais fitoterápicos utilizados por idosos são gingko, equinacea e ginseng. Uma preocupação com os fitoterápicos advém do fato de que seu uso é, muitas vezes, associado ao conceito de inocuidade, de forma que se não fazem bem, não farão mal. Consequentemente, vários autores alertam que há grande probabilidade de que parte considerável de usuários faça uso dessa terapia sem, entretanto, informar aos prescritores ou outros profissionais de saúde. Esse fato é de especial importância para os adultos que, em geral, utilizam elevado número de medicamentos e por período prolongado, o que os torna mais vulneráveis aos riscos associados à poli farmácia, tais como o maior potencial de interações medicamentosas. 6.1 Antiinflamatórios Alecrim-bravo (Lippia sidoides): Encontrado no Nordeste do Brasil, o alecrim-bravo (ou alecrim-pimenta) não é a mesma espécie do tempero culinário. Forma de uso: Sabonete líquido, gel, infusão e tintura. Indicação: Anti-inflamatório e antisséptico da cavidade oral, trata infecções na pele e no couro cabeludo causadas por fungos ou ácaros. Contraindicação: Grávidas, mulheres que estão amamentando, crianças com menos de 2 anos, dependentes de álcool e diabéticos. Isento de prescrição médica. 15 Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens): O nome um tanto sinistro dessa planta de origem africana vem do formato de seus galhos e folhas. Forma de uso: Cápsula ou comprimido. Indicação: Dores moderadas nas articulações e incômodos agudos nas costas, com destaque para a região lombar da coluna. Contraindicação: Pessoas com cálculos biliares, menores de 18 anos, grávidas, mulheres que estão amamentando, alérgicos ou sensíveis a algum dos compostos. Isento de prescrição médica. Contraindicação: Grávidas e mulheres que estão amamentando. Isento de prescrição médica. Salix alba L.: Nome popular : Salgueiro branco Parte usada : Casca Padronização /Marcador : Salicina Formas de uso : Extratos Indicações / Ações terapêuticas: Antitérmico, antiinflamatório, analgésico Dose Diária: 60-120 mg de salicina; Via de Administração : Oral Restrição de uso: Venda sem prescrição médica. Unha-de-gato (Uncaria tomentosa): Os incas, antigo povo que habitava o Peru, já se valiam do extrato do vegetal para melhorar o aspecto de ferimentos e amenizar descompassos intestinais. Substâncias como a mitrafilina e a pteropodina respondem por suas capacidades terapêuticas. Forma de uso: Cápsula, comprimido e extrato. Indicação: Anti-inflamatório. 6.2 Circulação/ Venoso Ginkg o biloba L.: Nome popular : Ginkgo Parte usada : Folhas, partes aéreas (caule e flore s) Padronização /Marcador : Extra to a 24% ginkgoflavonóides (Quercetina, Kaempferol, Isorhamnetina), 6% de terpenolactonas (Bilobalide, Ginkgol ide A,B,C,E); 16 Formas de uso : Extrato; Indicações / ações terapêuticas : Ve rtigens e zumbidos (tinidos) resultantes de distúrbios circulatório s; distúrbios circulatórios periféricos (claudicação intermitente), insuficiência vascular cerebral. Dose Diária : 80-240 mg de extrato padronizado, em 2 ou 3 tomadas o u 28,8-57,6 mg de ginkgoflavonóides e 7,20 -14,4 mg de terpenolac tonas/ Via de Administração : Oral Restrição de uso : Venda sob prescrição médica. Matricaria recutita L.: Nome popular : Camomila Parte usada : Capítulos Padronização /Marcador : Apigenina -7 - glucosídeo Formas de uso : Tintura, extratos; Indicações / Ações terapêuticas : Antiespasmódico, anti-inflamatório tópico, distúrbios, digestivos, insônia leve. Dose Diária : 4 a 24 mg de Apigenina-7 – glucosídeo/ Via de Administração : Oral e tópico, tintura apenas tópico; Restrição de uso : Venda sem prescrição médica. Maytenu silicifolia Ma rt. ex Reiss.: Nome popular : Espinheira-Santa Parte usada : Folhas Padronização /Marcador: Taninos totais Formas de uso : Extratos , tintura. Indicações / Ações terapêuticas : Dispepsias, coadjuvante no tratamento de úlcera gástrica. Dose Diár ia : 60 a 90 mg de Taninos ao dia Via de Administração: Oral Restrição de uso : Venda sem prescrição médica. Melissa officinalis L.: Nome popular : Melissa , Erva-cidreira Parte usada : Folhas Padronização /Marcador : Ácidos hidroxicinâmicos cal culados como ácido ros marínico. Formas de uso : Tintura, extratos 17 Indicações / Ações terapêuticas : Carminativo, antiespasmódico, distúrbios do sono. Dose Diária : 60-180 mg de ácido rosmarínico; Via de Administração : Oral Restrição de uso : Venda sem prescrição médica. Castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum) A escina, substância que marca presença nesta semente, fortalece os vasos sanguíneos; Forma de uso – Cápsula, comprimido e gel. Indicação – Fragilidade dos cabelos e insuficiência venosa, que pode ocorrer em quadros de varizes nas pernas ou hemorroidas. Contraindicação: Crianças, alérgicos ou sensíveis a algum dos componentes do fitoterápico e pacientes com insuficiência renal ou hepática. Isento de prescrição médica. 6.3 Depressão Erva-de-são-joão- Hypericum perforatum L.: Nome popular : Hipérico. Parte usada: Partes aéreas. Padronização /Marcador: Hipericinas totais. Formas de uso: Extratos , tintura. Indicações / Ações terapêuticas: Estados depressivos leves a moderados, não endógenos. Dose Diária: 0,9 a 2.7 mg hipericinas. Via de Administração: Oral. Restrição de uso: Venda sob prescrição médica. Passiflora incarnata L.: Nome popular : Maracujá, Passiflora Parte usada : Folhas Padronização /Marcador : Flavonóides totais expressos na forma de isovitexina ou vitexina Formas de uso : Tintura, extratos Indicações / Ações terapêuticas : Sedativo, Calmante Dose Diária: 25mg a 100 mg de vitexina/isovitexina; Via de Administração : Oral. Restrição de uso : Vendas em prescrição médica. 18 6.4 Doenças renais As doenças renais são condições clínicas que debilitam drasticamente o sistema excretor, causando complicações graves ou irreversíveis. Além disso, os pacientes se queixam de dores e cansaço extremo em virtude de complicações renais. As plantas medicinais utilizadas para doenças possuem ações diuréticas e antibacterianas e os benefícios serão observados por meio da infusão do extrato seco, chás ou cápsulas obtidas em farmácias de manipulação. Exemplo disso são as frutas vermelhas e mirtilos que inibem o crescimento bacteriano, pois impedem a fixação desse microrganismo na parede renal. Por isso é recomendada com adjuvante às infecções do trato urinário. Também possui ação antioxidante e pode diminuir os níveis de potássio. O gengibre (Zingiber officinalis) também é muito usado no tratamento renal, pois suas propriedades farmacológicas se relacionam à redução da inflamação renal, proteção contra a nefrotoxicidade de alguns antibióticos, além de outras ações igualmente importantes como a atividade antiplaquetária e anti-inflamatória. Também é importante mencionar o chá de quebra-pedra que dissolve os cristais de oxalato de cálcio daqueles pacientes com pedras nos rins, curcumina e betaína que podem melhorar a doença do rim policístico e a Artemísia, que minimiza os efeitos graves da nefrite lúdica. Quebra-pedra, Phyllanthus niruri L..: Também conhecida como Arrebenta- pedra, Erva-pomba, Quebra-pedra-branco, Origem: Região tropical; Propriedades: Diurética, aperiente (abre o apetite), analgésica, relaxante muscular, anti-infecciosa. Forma de uso / dosagem indicada: Prepara-se o chá por fervura durante 10 minutos, de 30 a 40 g da planta fresca, ou 10 a 20 g da planta seca para 1 litro de água. O cozimento (decocto) filtrado pode ser conservado em geladeira até o dia seguinte. Toma-se uma xícara de cada vez, 3 vezes ao dia. Observação: Devido ao potencial tóxico dos alcaloides, não devemos ultrapassar as dosagens recomendadas. É conveniente, no uso prolongado, interrompermos por uma semana o uso do chá a cada 3 semanas. 19 A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) possui tradição milenar no uso da fitoterapia. Sua prescrição é fundamentada no diagnóstico holístico característico da filosofia oriental. (SHAO, 2013, apud KUBA, 2015). 6.5 Estimulante do SNC Guaraná (Paullinia cupana) Fruto tipicamente brasileiro, é encarado como medicamento e tônico revigorante pelas tribos indígenas amazônicas há séculos. Forma de uso – Cápsula e comprimido. Indicação – Atua contra fraqueza e cansaço crônico e estimula o cérebro. Contraindicação – Crianças, alérgicos, pessoas com hipertensão, arritmia cardíaca, gastrite, úlcera, cólon irritável, infecções renais, hipertireoidismo, cirrose e predisposição a espasmos musculares. Isento de prescrição médica. Panax ginseng C. A. Mey: Nome popular : Ginseng Parte usada : Raiz Padronização /Marcador : Ginsenosídeos Formas de uso : Extratos , tintura Indicações / Ações terapêuticas : Estado de fadiga física e mental, adaptógeno. Dose Diária : 5mg a 30 mg de ginsenosídeos totais (Rb1, Rg1); Via de Administração : Oral Restrição de uso : Venda sem prescrição médica (utilizar por no máximo 3 meses). Paullinia cupana H.B. &K. :Nome popular : Guaraná Parte usada : Sementes Padronização /Marcador : Trimetilxantinas (cafeína) Formas de uso : Extratos , tinturas Indicações / Ações terapêuticas : Astenia, estimulante do SNC Dose Diária : 15 a 70 mg de cafeína; Via de Administração : Oral Restrição de uso : Vendas em prescrição médica https://saude.abril.com.br/alimentacao/o-novo-poder-do-guarana/ 20 6.6 Estômago e Intestino Cáscara-Sagrada (Rhamnus purshiana): Essa planta norte-americana tem vocação para ajudar o intestino. Forma de uso – Cápsula, comprimido, tintura, extrato e fluido. Indicação – Constipação intestinal ocasional. Contraindicação – Crianças, grávidas, mulheres amamentando, pessoas com cólicas, hemorroidas, náuseas, doença de Crohn, desidratação, constipação crônica, insuficiência renal, hepática e cardíaca. Isento de prescrição médica. Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia): Quercetina, campferol e maetanino, são os elementos responsáveis pelo alívio da azia. Seus poderes foram comprovados numa série de estudos realizados em universidades brasileiras. Forma de uso – Cápsula, comprimido e infusão. Indicação – Combate dificuldades de digestão, tem ação antiácida e protege a mucosa do estômago. Contraindicação – Grávidas, mulheres que estão amamentando e crianças com menos de 6 anos. Isento de prescrição médica. Mentha piperita L.: Nome popular : Hortelã-pimenta Parte usada: Folhas Padronização /Marcador: Mentol 30%-55% e mentona 14%-32% Formas de uso: Óleo essencial Indicações / Ações terapêuticas: Carminativo, expectorante, cólicas intestinais. Dose Diária : óleo 0,2g a 0,8 g; Via de Administração: Oral Restrição de uso: Venda sem prescrição médica. Sene (Senna alexandrina): Ele tem propriedades fitoterápicas estudadas desde o século IV. Forma de uso – Cápsula, comprimido e extrato. Indicação – Constipação intestinal ocasional. Contraindicação – Crianças menores de 12 anos, grávidas, mulheres que estão amamentando ou em período menstrual, alérgicos à planta, indivíduos com 21 desidratação, hemorroida, apendicite, insuficiência renal, hepática e cardíaca, constipação crônica e outros distúrbios intestinais. Peumus boldus Molina: Nome popular : Boldo , Boldo-do-ChileParte usada : Folhas Padronização /Marcador : Alcalóides totais calculados como boldina Formas de uso : Tintura e extratos Indicações / Ações terapêuticas : Colagogo, colerético, tratamento sintomático de distúrbios gastrointestinais espásticos. Dose Diária: 2 a 5 mg de boldina; Via de Administração: Oral. Restrição de uso : Venda sem prescrição médica. Rhamnus purshiana D C.: Nome popular : Cáscara Sagrada Parte usada: Casca Padronização /Marcador: Cascarosídeo A Formas de uso: Extratos ,Tintura. Indicações / Açõe s terapêuticas : Constipação ocasional Dose Diária: 20-30 mg cascarosídeo A; Via de Administração: Oral Restrição de uso: Venda sem prescrição médica. 6.7 Insônia Camomila: Por sua ação sedativa, é mais aconselhada a pessoas ansiosas. Erva-de-são-joão: Possui ação análogo ao de alguns antidepressivos e, por isso, suas cápsulas combatem quadros de insônia ligados à depressão. Kava-kava: Geralmente utilizada em cápsulas, é mais efetiva se ingerida após as refeições, mas pode demorar algumas semanas para começar a fazer efeito. Contraindicada em pacientes com problemas renais. Lavanda: O óleo essencial é indicado no combate no estresse e a ansiedade. Passiflora: Originário do maracujazeiro, é um dos fitoterápicos calmantes mais cotados para facilitar o sono. Piper methysticum Forst. f.: Nome popular: Kava- kava Parte usada: Rizoma 22 Padronização /Marcador: Kavapironas Kavalactonas Formas de uso: Extratos, tintura. Indicações / Ações terapêuticas: Ansiedade, insônia, tensão nervosa, agitação Dose Diária: 60-120 mg de Kavapironas; Via de Administração Oral Restrição de uso: Venda sob prescrição médica - utilizar no máximo por 2 meses. Valeriana: A Valeriana officinalis melhora a qualidade do sono, apesar da carência de provas contundentes em relação ao tratamento da insônia em si. Seria mais eficaz em quadros leves e moderados, especialmente se associada a outros fitoterápicos. É mais segura na forma de cápsulas e contraindicada a portadores de doenças no fígado e usuários de outras drogas sedativas. 6.8 Pulmonar Echinacea purpurea Moench: Nome popular : Equinácea Parte usada : Caule e Folhas (partes aéreas) Padronização /Marcador : Derivados do ácido cafeico - ác. Clorogênico, ác. Chicórico; Formas de uso : Extratos Indicações / Ações terapêuticas : Preventivo e coadjuvante na terapia de resfriados e infecções do trato respiratório urinário Dose Diária : 12-31 mg de ácido Chicórico/ Via de Administração: Oral Restrição de uso : Venda sob prescrição médica Mentha piperita L. :Nome popular : Hortelã-pimenta Parte usada : Folhas/ Padronização /Marcador : Mentol 30%-55% e mentona 14%-32%; Formas de uso : Óleo essencial Indicações / Ações terapêuticas : Carminativo, expectorante, cólicas intestinais. Dose Diária : óleo 0,2g a 0,8 g/ Via de Administração: Oral Restrição de uso : Venda sem prescrição médica 23 Pimpinella anisum L.: Nome popular : Erva- doce, Anis Parte usada : Frutos/ Padronização /Marcador : Trans-anetol Formas de uso : Tinturas , extratos Indicações / Ações terapêuticas: Antiespasmódico, carminativo, expectorante, distúrbios dispépticos; Dose Diária : 0-1 a no: 16-45 mg de trans-anetol; 1-4 anos: 32-90 mg de trans-anetol; adultos: 80- 225mg de trans-anetol; Via de Administração : Oral Restrição de uso : Venda sem prescrição médica 6.9 Vesícula e fígado Cynara scolymus L.: Nome popular : Alcachofra Parte usada : Folhas Padronização /Marcador: Cinarina ou Derivados do ácido cafeoilquínico expressos em Ácido Clorogênico Formas de uso : Tintura, extratos Indicações / Açõe s terapêuticas : Colerético, colagogo. Dose Diária : 7,5 mg a 1 2,5 mg de cinarina ou derivados; Via de Administração: Oral/ Restrição de uso : Venda sem prescrição médica. 7 FITOTERAPIA E SAÚDE DA MULHER 7.1 Queixas climatéricas O climatério é a fase da vida em que ocorre a transição do período produtivo ou fértil para o não reprodutivo, devido à diminuição dos hormônios sexuais produzidos pelos ovários, é um mecanismo interessante, pois a sexualidade ganha prioridades em relação à reprodução; enquanto a menopausa é um evento dentro do climatério e representa a última menstruação da vida da mulher; o climatério e a menopausa estão intrinsecamente ligados, ocorrendo em determinada fase na vida feminina, podendo trazer várias alterações, tanto psicológicas como fisiológicas (ALVES, 2015, apud ROCHA, 2017). 24 O climatério é um fenômeno endócrino decorrente do esgotamento dos folículos ovarianos que ocorre em todas as mulheres de meia idade. Inicia-se entre os 35 e 40 anos, estendendo-se aos 65 anos, caracterizando-se por um estado de hipoestrogenismo progressivo. O esgotamento folicular inicia-se ainda na vida intrauterina, na 22ª semana de gestação, o ovário possui entre seis e oito milhões de oócitos primários que, por meio de um processo contínuo de atresia, reduzem-se a dois milhões no nascimento e a 300.000 ou 400.000 na menarca. O processo de atresia continua-se a cada ciclo menstrual até o total esgotamento folicular, levando a uma queda progressiva da secreção de estradiol, com manifestações sistêmicas. A suspensão definitiva dos ciclos menstruais ou menopausa reflete a ausência de níveis de estradiol suficientes para proliferar o endométrio. Aproximadamente 50% a 70% das mulheres referem sintomas somáticos e dificuldades emocionais nos anos que seguem a menopausa, com destaque para ondas de calor ou fogachos, devido as suas implicações negativas para a sua qualidade de vida. O mecanismo fisiopatológico das ondas de calor ainda não é totalmente conhecido, porém, sabe-se que o declínio dos níveis de estradiol interfere no centro regulador da temperatura localizado no hipotálamo, favorecendo a sua ocorrência. Caracterizam-se por uma sensação transitória e súbita de aumento da temperatura corporal, frequentemente acompanhada de sudorese, palpitações e cefaleia, que acaba por interferir nas atividades diárias e na qualidade do sono. 7.2 Síndrome pré-menstrual A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é caracterizada por sintomas somáticos e comportamentais, sendo o hormônio antimülleriano (HAM) reconhecido como um marcador de declínio da capacidade reprodutiva das mulheres. A dinâmica hormonal da fase lútea associada à SPM é pouco conhecida. Dentre os fitoterápicos utilizados na síndrome pré-menstrual, podemos citar o Vitex agnus. O Vitex agnus castus é uma planta nativa da Ásia e da Europa 25 mediterrânea, utilizada amplamente na Europa nos últimos 50 anos para vários sintomas ginecológicos. O Vitex agnus castus regula o ciclo menstrual, a SPM, a mastalgia, a infertilidade e fornece suporte a lactação. É rico em iridoides e flavonoides, apresentando também componentes com estrutura semelhante aos hormônios sexuais. Seu mecanismo de ação é baseado na modulação da secreção de prolactina induzida pelo estresse via dopamina, sem afetar diretamente o LH e FSH. Vitex agnus castus promove melhora superior a 50% em sintomas psicológicos e físicos da SPM quando comparado com placebo. Pode ser utilizado na dosagem de 40 mg ao dia. O ciclo menstrual é caracterizado por alterações fisiológicas peculiares ocorridas nas mulheres em idade reprodutiva. Esse ciclo é regulado pelo sistema neuroendócrino: surge a partir da menarca, que consiste no início do período fértil durante a puberdade; e termina com a menopausa, que marca o final do período reprodutivo por volta dos 52 anos. O ciclo menstrual está subdividido didaticamente em fase folicular, fase de ovulação e fase lútea, tendo duração média de 28 dias consagrada como modelo pela literatura científica. (COMASCO, 2015, apudSANTOS, 2016). 7.3 Distúrbios funcionais da menstruação Amenorreia e menopausa: A despeito de referências acerca do climatério possam ser encontradas em textos escritos por Aristóteles (384-322 a.C.), até a poucas décadas, a condição de mulher menopausada era raramente expressa em público, devido ao constrangimento que isso causava, fazendo com que pouco se conhecesse acerca das suas necessidades e demandas. Em parte, a pouca atenção prestada ao climatério no passado deveu-se à menor expectativa de vida feminina até então. Poucas mulheres viviam o suficiente para chegar ao climatério, situação que mudou com o progressivo aumento da expectativa de vida feminina a partir da segunda metade do século XX. Atualmente, várias são as razões pelas quais o período do climatério tem merecido uma maior atenção no âmbito da saúde pública. Inicialmente, o aumento do número de mulheres e a crescente participação das mesmas no mercado de trabalho e geração de divisas. 26 Cimicifuga (Actaea racemosa): Também conhecida como black cohosh, é utilizada há séculos pelos povos da América do Norte. Forma de uso – Cápsula, comprimido e extrato. Indicação – Alívio dos sintomas da menopausa, como fogachos, suadouro, vermelhidão, alterações de humor, ansiedade e depressão. Contraindicação – Alérgicos ou sensíveis a algum dos componentes da fórmula, grávidas e portadores de insuficiência hepática. Exige prescrição médica. A menopausa é definida como a última menstruação e o climatério como o período de transição entre a fase reprodutiva para a não reprodutiva. O climatério é caracterizado por mudanças endócrinas devido ao declínio da atividade ovariana; mudanças biológicas em função da diminuição da fertilidade; e mudanças clínicas consequentes das alterações do ciclo menstrual e de uma variedade de sintomas. (GUARISI, 1998, apud PEDRO, 2003). Trevo-vermelho (Trifolium pratense): Largamente encontrado na África, na Ásia e na Europa, faz parte da farmácia tradicional indiana. Forma de uso – Cápsula, comprimido e extrato. Indicação – Melhora dos sintomas da menopausa, dor nas mamas e tensão pré-menstrual (TPM). Contraindicação – Grávidas, mulheres que estão amamentando, alérgicos e sensíveis, crianças menores de 12 anos e portadores de doenças hormonais (como os distúrbios na tireoide e diabete). Exige prescrição médica. Dismenorreia: A dismenorreia, popularmente conhecida como cólica menstrual, é um sintoma que não afeta todo o público feminino. A dismenorreia não tem uma causa específica, mas as cólicas menstruais são muito associadas ao aumento dos níveis de prostaglandinas. Essa substância é um sinal químico das células que responsável por processos do corpo como o fluxo de sangue, inflamação e formação de coágulos. Ela é dividida em: Dismenorreia primária, onde os níveis mais altos de prostaglandinas desencadeiam as contrações uterinas e Dismenorreia secundária, sempre é causada por outro fator, como inflamações na região pélvica, tumores nessa região, miomas, cistos e também o uso do DIU. https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/alergias 27 Cimicifuga (Actaea racemosa): Também conhecida como black cohosh, é utilizada há séculos pelos povos da América do Norte. Forma de uso – Cápsula, comprimido e extrato. Indicação – Alívio dos sintomas da menopausa, como fogachos, suadouro, vermelhidão, alterações de humor, ansiedade e depressão. Contraindicação – Alérgicos ou sensíveis a algum dos componentes da fórmula, grávidas e portadores de insuficiência hepática. Exige prescrição médica. Vitex agnus-castus L. (Verbenaceae): Originalmente nativa do Mediterrâneo, sendo popularmente conhecida como agno- casto, árvore- da- castidade, alecrim-de- angola, cordeiro-casto, flor-da-castidade. A parte utilizada são as folhas e os frutos, que se utiliza popularmente na forma de chá para o tratamento da TPM, menopausa. Inibe a liberação do Hormônio Folículo Estimulante (FSH), e estimula a liberação do Hormônio Luteinizante (LH), levando a um aumento indireto de progesterona, normalizando os níveis de prolactina. Leucorreia: corrimento vaginal, que pode ser crônico ou agudo, podendo também provocar coceira e irritação genital. Seu tratamento é realizado com o uso antibióticos ou antifúngicos em dose única ou durante sete ou dez dias dependendo de cada situação. O fluxo vaginal ou corrimento pode ser causando por diversas doenças do aparelho reprodutor, como a inflamação dos ovários ou do útero, candidíase ou mesmo uma simples alergia, por isso um diagnóstico bem feito é o método ideal para identificar e tratar sua causa de forma eficiente. Folha de goiaba- Psidium guajava L. (P. aromaticum L.): Partes utilizadas: Folhas, cascas, frutos e até a raiz, em menor escala; Indicações: Antidiarreica, antiespasmódica (combate as cólicas), antimicrobiana (aplicação tópica em lesões de pele e mucosas–infecções diversas e herpes- e para banhos de assento), hipoglicemiante, antioxidante e antiagregante plaquetária; Formas de uso e dosagem: infusão das folhas ou decocção das cascas: 10 a 20 gs/litro de água; Efeitos colaterais: Obstipação intestinal; Contraindicações: Gravidez, lactação e em crianças menores. https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/alergias 28 8 FITOTERAPIA NA GRAVIDEZ E LACTAÇÃO Fonte:neosante.com.br Há poucos estudos clínicos sobre segurança do uso de plantas medicinais durante a gestação. A maioria das publicações relacionam as contraindicações de espécies vegetais à presença de princípios-ativos (ácido aristolóquico I e II, alcalóides pirrolizidínicos, tujonas, metafuranos, ascaridol) abortivos, teratogênicos ou com ação emenagoga, justificando o uso com cautela e orientada durante a gravidez. Entre os fitoterápicos indicados na gravidez, podemos citar: Acerola (Malpighia glabra L.): A acerola pode ser recomendada, durante a gestação, como suplemento de aminoácidos e ácido ascórbico (como fonte de vitamina C). In natura (suco da fruta): preferencialmente centrifugada e consumida imediatamente, 1 copo 3 a 4x ao dia ou fruta fresca: 1 xícara fornece 3780mg de vitamina C. Alho- (Allium sativum L.): Recomendada após o terceiro mês de gestação para a prevenção de anemia falciforme. Modo de uso: Cápsulas de óleo de alho 250 mg: Utilizar 1 a 3 cápsulas ao dia ou Cápsulas de extrato seco de alho de 300 mg: Utilizar 1 a 3 cápsulas ao dia; Preparação extemporânea (maceração): 2 ou 3 dentes de alho em uma xícara de água por dia; Tintura 20%: tomar 10 ml da tintura 29 diluídos em 75 ml de água, três vezes ao dia; In natura: 04 g/dia(um dente de alho cru). Babosa (Aloe Vera (L.) Burm f.): Recomendado para uso externo na forma de gel durante a gravidez, para pele seca ou dermatite de contato irritativa (como hidratante). Gel de extrato glicólico de babosa 10%. Aplicar nas áreas afetadas 1 a 3x ao dia. Calêndula (Calêndula officinalis L.): Recomendado para uso externo durante a gravidez para infecções vaginais e dermatites. Uso externo: Fazer banho de assento três vezes ao dia com 250mL da tintura diluídos em 1000mL de água2, 2x ao dia para infecções vaginais. Castanha da índia- (Aesculus hippocastanum L.): Recomendado após o terceiro mês da gestação para prevenção de edema nas pernas atribuído a insuficiência venosa induzida pela gravidez (Nível de evidência 1A). Cápsulas de 240-290mg (extrato seco padronizado equivalentes à 50mg escina (marcador químico do fitoterápico). Tintura: 3 a 12mL de tintura divididas em 2 ou 3 tomadas diárias, diluída em água. Crambery (Vaccinium macrocarpon Aiton): Recomendado durante a gestação para prevenção de infecções do trato urinário na forma de extrato como In natura (como alimento): Usar até 4L/ dia do suco em indivíduos. Dente de leão (Taraxacum officinale L.): Recomendado como alimento após o terceiro meses da gestação paraprevenção de infecção do trato urinário e como antiinflamatórios: Modo de uso: In natura: as folhas podem ser servidas como salada fervida ou aperitivo. Equinácia (Echinacea purpúrea): Recomendado após o terceiro mês da gestação para prevenção e tratamento de infecção do trato respiratório superior. Cápsula 200mg.Utilizar 2 a 3 cápsulas ao dia. Framboesa (Rubus idaeus L.): Recomendado a partir da 32ª semana para auxiliar no trabalho de parto, reduzindo o tempo de trabalho de parto e as complicações. Também, ajuda a reduzir a probabilidade de parto artificial (cesárea, fórceps ou nascimento a vácuo) e nascimento de prematuros. Preparação extemporânea (infuso): O infuso das folhas de framboesa (máximo de 1,2g/dia). 30 9 FITOTERAPIA NA TERCEIRA IDADE Fonte: cassind.com.br De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dez anos, o número de idosos passou de 15,5 milhões (2001) para 23,5 milhões (2011) e o percentual de pessoas com 60 anos ou mais passou de 9,0% para 12,1% nesse período (IBGE, 2012, apud MACHADO, 2014). O envelhecimento da pele é um processo biológico muito complexo, sendo influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. Com o avançar da idade, a pele, como todos os órgãos do corpo, sofre alterações morfológicas e estruturais, que comprometem muitas das suas funções como barreira, termorregulação, percepção sensitiva, vigilância imunitária, entre outras. Além disso, estas alterações contribuem também para o aparecimento de determinados sintomas na pele, incluindo formação ou aprofundamento de rugas, secura excessiva, despigmentação, dificuldade em curar feridas, irritação da pele e incidência de tumores. Longevidade não é mais um assunto para o futuro. Vivenciamos nas últimas décadas a chamada transição demográfica, onde se verifica uma considerável redução da taxa de mortalidade e natalidade, contribuindo para o aumento na expectativa de vida da terceira idade a nível mundial. O termo terceira idade originou- se em 1974, na cidade de Poullose, França, por Pierre Vellas. O objetivo de Vellas era encontrar meios educacionais para os 31 recém aposentados, sendo ele, portanto pioneiro na criação de um modelo de universidade da terceira idade. O conhecimento das indicações terapêuticas das plantas medicinais geralmente é uma atribuição das pessoas idosas, que também são responsáveis pelo preparo das formulações à base de plantas. A terapêutica com plantas medicinais entre os idosos parece se sobressair principalmente como prática de automedicação, mesmo quando existem disponibilidade e acesso aos medicamentos industrializados. Segundo a Organização das Nações Unidas1 a proporção de pessoas com 60 anos ou mais deve duplicar entre 2007 e 2050, e seu número atual deve mais que triplicar, alcançando dois bilhões em 2050, sendo necessário ter um olhar direcionado para a saúde dessa população. Com o processo do envelhecimento, sobretudo a partir dos 60 anos ocorrem transformações com sinais de deterioração evidentes em todos os sentidos (visão, paladar, olfato, tato e audição). (MORAES, 2012, apud MENDES, 2017). Aloe barbadensis Miller, Aloe vera (L.) Burm. Fil.: O Aloe barbadensis, vulgarmente chamado de aloé, é uma planta que tem sido utilizada há séculos pelas suas propriedades relacionadas com a beleza, saúde e cuidados de pele. Muitos dos benefícios associados ao aloé têm sido atribuídos aos polissacáridos contidos no gel das folhas. Argania spinosa L.: A Argania spinosa é uma árvore exclusivamente endémica de terras áridas do Sudoeste de Marrocos. O óleo de argão, extraído do fruto desta árvore, tem sido considerado como o óleo vegetal mais caro do mundo, devido seus efeitos benéficos na hidratação e proteção da pele, atrasando o aparecimento de rugas, apresentando também, melhoria da elasticidade da mesma. É constituído maioritariamente por ácidos gordos insaturados (ácido linoleico e ácido oleico) e por matéria insaponificável contendo tocoferóis (vitamina E), álcoois triterpénicos, fitoesteróis, compostos fenólicos, carotenos e xantofilas. Calêndula officinalis L: A Calêndula officinalis, conhecida vulgarmente por calêndula e por maravilhas-dos-jardins, é uma planta herbácea anual, originária da região Mediterrânea. A flor de calêndula é frequentemente utilizada em produtos de cuidados de pele, dado o seu papel no rejuvenescimento celular, cura de feridas, redução da inflamação e aumento de suavidade da pele. 32 Camellia sinensis (L.) O. Kuntze: A Camellia sinensis, conhecida como planta do chá verde, tem sido muito utilizada em produtos cosméticos, dada a sua poderosa fonte de polifenóis. Fucus vesiculosus L.: A Fucus vesiculosus, também conhecida como bodelha, é uma macroalga marinha castanha, distribuída naturalmente pela costa do Atlântico Norte e do Mediterrâneo Ocidental. Glycine max L. Merrill: A Glycine max, vulgarmente conhecida como soja, é uma planta originária do Sudoeste da Ásia, muito cultivada em climas temperados quentes. A aplicação tópica de constituintes da soja visa reduzir a hiperpigmentação, melhorar a elasticidade e hidratação da pele e controlar a produção de gordura. A soja possui também potencial para reduzir o fotoenvelhecimento e prevenir cancros de pele, através do efeito antioxidante dos seus metabolitos. Vitis vinifera L.: A Vitis vinifera, vulgarmente conhecida como cepa, videira e uva europeia, é uma planta presente em Portugal, nativa da Europa Meridional e Ásia Ocidental. A atividade antioxidante dos extratos de plantas é principalmente atribuída aos compostos fenólicos, flavonoides e proantocianidinas. (BINIC, 2013, apud ALVES, 2015). 9.1 Próstata e fitoterápicos A próstata é uma pequena glândula localizada na pélvis, encontrada apenas nos homens. Tem o tamanho semelhante ao de uma noz, fica entre o pênis e a bexiga e produz um fluido espesso e branco que é misturado com o esperma e secretado na ejaculação. Entre os fitoterápicos indicados para o tratamento da próstata podemos citar: Saw palmetto: Que é uma planta medicinal que pode ser usada como remédio caseiro para impotência, problemas de urina e próstata aumentada. As propriedades medicinais da planta vêm dos seus pequenos frutos preto-azulados semelhantes a amoras. Também conhecida como sabal, é uma pequena palmeira de hastes espinhosas e serreadas, que tem até quatro metros de altura, sendo comum na Flórida, nos Estados Unidos. 33 A Saw palmetto serve para o tratamento dos sintomas da hiperplasia da próstata, tumor benigno da próstata, prostatite, problemas urinários, cistite, queda de cabelos, ejaculação precoce, impotência sexual, eczema, tosse e asma, pois possui propriedades anti-inflamatórias, antiestrogênicas, diuréticas, antisseborreicas e afrodisíacas. Atua também como inibidora do crescimento das células da próstata no caso de tumores benignos nessa glândula. Seus efeitos colaterais são raros. Contraindicação: Mulheres grávidas, lactantes e indivíduos com hipersensibilidade à planta. Urtiga- Urtica dioica L.: também conhecida como cansanção, Urtiga-brava, Urtiga-mansa, Urtiga-maior, Urtigão. Deve-se ter cuidado na manipulação da urtiga fresca, por seu efeito urticante, que pode provocar queimaduras e irritações cutâneas. O efeito urticante desaparece após decocção. A urtiga é uma excelente planta para se usar contra a próstata aumentada, pois contém substâncias que diminuem as enzimas responsáveis pela inflamação da glândula, além de regular os níveis de testosterona. Assim, a urtiga reduz o tamanho da próstata e alivia os sintomas mais frequentes, especialmente a dificuldade para urinar. Para tratar a inflamação da próstata, é indicada a ingestão de 120 mg de cápsulas de raiz de urtiga, três vezes ao dia, após as refeições, por exemplo. Semente deabóbora- Cucúrbita moschata: As sementes de abóbora são outro dos remédios caseiros mais populares para tratar problemas de próstata, pois contêm substâncias anti-inflamatórias e antioxidantes que, além de reduzirem a inflamação da glândula, também previnem o surgimento de câncer. Para obter esses benefícios deve-se comer um punhado de sementes todos os dias, com o café da manhã, por exemplo, ou usar o óleo de semente de abóbora no preparo de pratos. Hortelã- Mentha x villosa: De origem europeia, apresenta propriedades espasmolítica (reduz contrações musculares involuntárias), antivomitiva (evita vômitos), carminativa (eliminador de gases intestinais), estomáquica (favorece a digestão), e anti-helmíntica (elimina vermes intestinais), por via oral, bem como 34 antisséptica (contenção de microrganismos) e anti-prurido (redução da coceira), por via local. Utilizado no tratamento da síndrome do cólon irritável, Babosa, indicada para queimaduras e psoríase e Salgueiro, para dor lombar. Tribulus terrestres (TT): É um fitoterápico rico em compostos biologicamente ativos, como alcaloides e glicosídeos, conhecido e utilizado há muito tempo em diversas medicinas tradicionais. Trata-se de uma planta arbustiva anual, encontrada no Mediterrâneo, em regiões de clima desértico e subtropical, tida como uma colonizadora agressiva e globalmente distribuída, razão pela qual recebe diversos nomes regionais. A planta é indicada para o tratamento de inúmeras moléstias, sendo a paliação de disfunções sexuais um dos usos mais frequentemente encontrados nas diferentes culturas. Inicialmente, atribuiu-se à planta um efeito afrodisíaco devido à sua capacidade de interferir no metabolismo de andrógenos, elevando os níveis séricos do hormônio luteinizante (LH), da deidroepiandrosterona (DHEA), da di- hidrotestosterona (DHT) e da testosterona propriamente dita. Em tese, a protodioscina, uma saponina esteroidal com estrutura semelhante à da DHEA, foi creditada como o princípio ativo do fitoterápico, podendo ser encontrada em toda a planta, com maior concentração nas partes aéreas, especialmente nos frutos. A incontinência urinaria é uma das principais consequências nos pacientes com câncer de próstata, gerando piora na qualidade de vida do paciente (BOETTCHER ET AL, 2011, apud SAUD, 2018). A planta que antes era indicada para manutenção do equilíbrio hormonal para homens em idade avançada, passou a ser utilizada por homens e mulheres de diferentes idades e por tempo indeterminado. Isto porque o uso de produtos naturais cresce em todo o mundo, encorajado pelo fácil acesso, o baixo custo, o apelo histórico e cultural e pela crença de que os produtos naturais não oferecem riscos à saúde. No entanto, esta segurança é questionável, pois o uso dessas substâncias é baseado em conhecimentos populares e raramente são estudados experimentalmente, de forma que a atuação dos compostos envolvidos não é clara. Além disso, por não serem considerados como medicamentos, negligencia-se a fiscalização de sua qualidade e eficácia biomédica, o que gera riscos, já que essas substâncias podem não ser 35 funcionais de fato ou, o que é mais perigoso, podem trazer efeitos nocivos à saúde, assim como substâncias sintéticas. A respeito da próstata, que é um órgão alvo da ação de andrógenos, o risco oferecido pelo consumo do TT reside na possibilidade de interferência na homeostasia prostática, caso o extrato seja realmente capaz de alterar o perfil hormonal. Isto porque a manutenção da histoarquitetura e da fisiologia da glândula está intimamente relacionada com os níveis de hormônios sexuais, e altos níveis de testosterona podem influenciar a instalação e a progressão de tumores prostáticos. A próstata começa a se formar durante o período embrionário a partir de múltiplas evaginações do epitélio da uretra prostática que se projetam para o mesênquima circundante. A porção epitelial da uretra prostática dá origem ao epitélio das glândulas prostáticas, e a porção mesenquimal dá origem ao estroma fibromuscular (MOORE et al., 2012, apud SILVA, 2017). 10 O RISCO DO USO INADEQUADO DA FITOTERAPIA Fonte: plenilunia.com Os grandes centros brasileiros têm apresentado um crescente desenvolvimento de indústrias, o aumento de veículos automotores que lançam inúmeros poluentes ao ambiente, provocando a contínua queda na qualidade do ar atmosférico, favorecendo o surgimento e agravamento de doenças respiratórias. Entre as várias enfermidades que afetam as vias respiratórias, a sinusite é uma das mais 36 frequentes, representando importante fator de comorbidades, que ocorre geralmente após rinites ou infecções das vias aéreas superiores. É uma inflamação da mucosa dos seios paranasais e das cavidades que existem no interior dos ossos da face. As distorções decorrentes do uso inadvertido de plantas medicinais estão relacionadas à crença equivocada de que “tratamentos com plantas são naturais e não fazem mal”. Problemas podem acontecer em função da má procedência da planta, erros na identificação botânica, armazenamento inadequado, dose e preparo indevidos, interação medicamentosa que pode levar também a complicações pré-operatórias, fato que deve ser considerado pelos diversos especialistas de áreas cirúrgicas. O país é visto em destaque por possuir um terço da flora mundial, além de ser a Amazônia a maior reserva de produtos naturais com ação fitoterápica do planeta. Esta intensa presença vegetal faz com que as pesquisas e o próprio desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos possam ocorrer como destaque no cenário científico mundial (FRANÇA, 2008, apud, SANTOS, 2011). A utilização de chás, de forma indiscriminada, em crianças portadoras de enfermidades hepáticas, renais ou outras doenças, poderá lhes trazer sérias consequências para sua saúde se não houver acompanhamento médico. A utilização indiscriminada de remédios e associação de fármacos aumenta em toda a população o risco de morbimortalidade causados pelos efeitos adversos e toxicidade provocada por estes produtos. Antes de serem utilizadas pela população é necessário que as plantas medicinais passem por vários processos que no final vão chegar a formulações com indicações de uso seguro e adequado para assim fornecer resultados desejados a quem for utilizá-la. Tais processos englobam a química orgânica, fotoquímica (onde ocorre o isolamento, purificação e caracterização de princípio ativo), a farmacologia (investigando farmacologicamente os extratos e os constituintes químicos isolados), a química orgânica sintética (fazendo as transformações químicas de princípios ativos) a química medicinal e farmacológica (estudando a relação estrutura/atividade e os mecanismos de ação dos princípios ativos) e por fim a preparação de formulações para a produção do fitoterápico. 37 10.1 Efeitos adversos relacionados ao uso de fitoterápicos Pelo fato de serem medicamentos ditos naturais devido a origem vegetal, o consumo de fitoterápicos tem crescido rapidamente, e consequentemente tem ocorrido com muita frequência, é o seu uso indiscriminado que pode levar a alergias dentre outros diversos efeitos colaterais tão graves quanto os de qualquer outro medicamento industrializado. Além de passarem pelo mesmo processamento dos medicamentos sintéticos, eles ainda têm em sua composição a espécie vegetal que pode ser a fonte de alergia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária é responsável por avaliar e regulamentar a utilização dos medicamentos no Brasil e sua atenção tem sido voltada aos fitoterápicos. Um exemplo disso, foi a contraindicação de Hedera helix (utilizado para melhorar secreção e quadros de tosse), em crianças menores de dois anos devido à falta de comprovação da segurança e possível agravamento dos quadros de obstrução das vias respiratórias. Com isso, éimportante se pensar na administração desses medicamentos naturais, pois a comprovação de sua eficácia, sua correta indicação e prescrição e a segurança devem ser estudadas pelos órgãos responsáveis, e pelos profissionais da saúde, evitando com isso a manifestação de sintomas indesejáveis, que podem ser semelhantes aos de qualquer medicamento sintético. A comercialização dos fitoterápicos também deve seguir alguns critérios. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o órgão responsável por regulamentar todos os medicamentos, incluindo os fitoterápicos, e fiscalizar as indústrias produtoras de medicamentos com o intuito de proteger e promover a saúde da população. Sendo assim, a Anvisa controla a produção, a liberação para consumo (registro) e acompanha a comercialização dos medicamentos, podendo retirá-los do mercado caso seu consumo apresente risco para a população. 38 11 CONCLUSÃO A revitalização das práticas médicas antigas, hoje consideradas medicina integrativa, é um fenômeno que contribui para a forma hegemônica gradual destas modalidades, uma vez que sua organização mais ampla e integrada permite respostas mais apropriadas aos problemas gerados pela mecanicista especialização excessiva dos métodos médicos convencionais. A fitoterapia auxilia em muitos fatores desencadeantes no organismo humano, tais como: o envelhecimento, a tensão pré-menstrual, melhora na libido, dentre outros. Porém seu uso indiscriminável pode causar sérios danos à saúde de quem os consome. Devido a este problema é aconselhado a utilização de fitoterápicos liberados pela ANVISA e indicado pelo médico ou responsável habilitado a prescrever tais substâncias. 39 12 BIBLIOGRAFIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, Resolução da Diretoria Colegiada - RDC N° 26, DE 13 DE MAIO DE 2014, parágrafo 1 º, 2014. ALVES, E.R.P.; COSTA, A.M.; BEZERRA, S.M.M.S.; NAKANO, A.M.S.; CAVALCANTI, A.M.T.S.; DIAS, M.D. Climatério: A intensidade dos sintomas e o desempenho sexual. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2015; ALVES, A.R.D.de S., Envelhecimento da pele – o papel da fitoterapia, 2015. 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