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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO Coordenação Pedagógica – IBRA DISCIPLINA CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA Sumário Manejo dos sintomas oncológicos em doença avançada ................................................... 4 Cuidados com feridas oncológicas ........................................................................................ 27 Emergências oncológicas ....................................................................................................... 32 Alguns tipos de tumores e seus cuidados paliativos .......................................................... 36 1. Introdução Seja bem-vindo ao IBRA, queremos reafirmar os esforços do Instituto Brasil de Ensino - IBRA em oferecer um material condizente com a graduação daqueles que se candidataram a esta especialização e procuramos referências atualizadas, embora saibamos que os clássicos são indispensáveis ao curso. Salientamos que o material contido nas apostilas é bastante atualizado, e condizente com os protocolos da Saúde. Salientamos ainda que foram também consideradas a leitura e utilização de autores e livros considerados clássicos, que são sempre base para novas discussões e novas pesquisas. Também é fato que não há nenhuma pretensão de esgotar os assuntos, apenas lançar as discussões e deixar uma extensa bibliografia ao final de cada caderno da apostila que possibilitará novas pesquisas e esclarecimentos de dúvidas que poderão surgir. Este curso tem objetivos claros e específicos no sentido de capacitar mais e melhor o profissional da saúde para atuar no campo dos cuidados paliativos, prestando uma assistência holística a fim de levar conforto e qualidade de vida aos clientes portadores de doenças graves, no entanto, colocamo-nos à disposição para eventuais críticas e opiniões que certamente poderão aperfeiçoar mais e melhor os nossos trabalhos. Tratando-se de um curso semipresencial os alunos que ingressam nesta especialização podem escolher a melhor forma para estudar e se preparar. Manejo dos sintomas oncológicos em doença avançada Controle da dor Todos os pacientes devem ser examinados e questionados quanto à presença de dor, a cada consulta. A intensidade da dor deve ser quantificada e o tipo de dor caracterizado sempre que possível. Reavaliações devem ser feitas sempre que uma nova dor aparecer, e rotineiramente em caso de dor persistente. A avaliação da dor deve incluir intensidade, características físicas, ritmo e fatores desencadeantes, bem como fatores de alívio. Para a compreensão do quadro é necessário esclarecer a intensidade, a localização, abrangência, fatores de piora e de alívio quando presentes, resposta aos tratamentos vigente e anteriores, impacto no desempenho de atividades cotidianas e efeito negativo no sono e movimentação. Manejo da dor em clientes oncológicos Fonte: w w w .hong.com.br No contexto do câncer, os objetivos do controle da dor incluem maior sensação de conforto e melhor capacidade de desempenho para funções cotidianas. É necessária uma abordagem abrangente, uma vez que a dor geralmente deve-se a múltiplos fatores e requer mais de uma intervenção. Episódios de dor aguda devem ser prontamente reavaliados, com ajuste das doses e investigação sobre outras causas adjacentes. Hospitalização para controle satisfatório do quadro de dor pode ser necessária. A dor persistente relacionada ao câncer requer tratamento com analgésicos regularmente administrados, e episódios de dor irruptiva requerem doses suplementares de medicação. Além de avaliar a intensidade da dor, é necessário determinar o mecanismo fisiopatológico subjacente (p. ex.: nociceptivo ou neuropático) para que sejam definidas as opções de tratamento mais adequadas. A dor intensa não controlada torna-se uma emergência médica e requer intervenção rápida. Emergências oncológicas, como fratura óssea ou iminência de fratura óssea em ossos que suportam peso, metástases neuroaxiais com ameaça de lesão neural, infecção e obstrução ou perfuração de vísceras causando dor abdominal aguda requerem atenção imediata. Decisões clinicas apropriadas requerem avaliação abrangente do quadro doloroso: localização, intensidade, frequência, características distintivas, fatores de piora e de alívio, experiências vividas como consequência da dor, tratamento atualmente utilizado e resposta a tratamentos anteriores. É importante avaliar a dor além da intensidade e entendê-la dentro de um determinado contexto. Uma vez definida a fisiopatologia subjacente, tratamento específico deve ser iniciado. Não é raro que pacientes oncológicos apresentem quadros de dor mista, em que estão presentes tanto o componente nociceptivo quanto o neuropático. Em situações de dor nociceptiva são utilizados agentes antiinflamatórios não esteroidais [AINEs] (p. ex.: diclofenaco, ibuprofeno, naproxeno), adjuvantes (p. ex.: anticonvulsivantes, antidepressivos, anestésicos tópicos) associados a opioides fracos (p. ex.: codeína, tramadol) ou fortes (p. ex.: buprenorfina, hidromorfona, metadona, morfina, oxicodona), de acordo com a escada analgésica recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para situações de dor neuropática, os anticonvulsivantes, antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos têm papel fundamental e são comumente utilizados. Os opioides também devem ser usados para tratamento de dor neuropática; sendo, portanto, considerados analgésicos de “amplo espectro”. Em situações de dor moderada (4 a 6, de acordo com a escala de classificação numérica de 0 a 10), normalmente são utilizados opioides mais fracos (p. ex.: codeína 30-60 mg ou tramadol 50 mg a cada 4 ou 6 horas). Atenção especial deve ser dada a medicamentos em associação, pois devem ser monitorados possíveis eventos adversos provenientes dos diferentes princípios ativos. Nesse sentido, a agência americana de medicamentos (FDA – Food and Drug Administration), por meio de um comunicado publicado em 14/01/2014, recomenda aos profissionais de saúde que interrompam a prescrição e dispensação de medicamentos contendo paracetamol em combinação, em dose acima de 325mg. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, recomenda aos profissionais de saúde que não prescrevam medicamentos que contenham paracetamol em doses acima de 325mg concomitantemente com outros medicamentos que também apresentem paracetamol em suas composições. Além de recomendar atenção a dispensação desses medicamentos e notificação as suspeitas de reações adversas graves decorrentes do uso desses medicamentos (SNVS/Anvisa/Nuvig/GFARM nº 01, de 24 de janeiro de 2014). Recentemente a Associação Europeia de Cuidados Paliativos (EAPC) e o “National Opioide Use Guideline Group” (NOUGG) do Canadá recomendaram o uso de opioides fortes em baixa dose para o controle da dor moderada (p. ex.: morfina oral até 30mg/dia ou oxicodona oral até 20mg/dia). Com o advento da oxicodona de liberação controlada, é possível iniciar o tratamento de pacientes virgens de opioides com 10 mg a cada 12 horas e, posteriormente, aumentar a dose conforme necessário para o alívio da dor, com opioides de liberação imediata como resgate quando necessário. Consulte “Seleção de Analgésicos” para mais informações. Analgésicos adjuvantes devem ser utilizados (p. ex.: anticonvulsivantes, antidepressivos, ansiolíticos, AINEs) para proporcionar melhor alívio da dor, graças a seus diferentes mecanismos de ação. Se a dor for controlada de maneira satisfatória, deve-se reavaliar periodicamente o paciente e ajustar as medicações de acordo com o quadro álgico; caso o controle da dor não seja satisfatório, deve-se reavaliá-lo a cada 30 minutos, seguir os protocolos de titulação de dose de opioides e considerara hospitalização quando justificável. Em caso de dor intensa (7-10 em uma escala de classificação numérica de 0 a 10), normalmente são utilizados opioides fortes juntamente com adjuvantes, AINEs, além de outras intervenções. O paciente deve ser reavaliado a cada 30 minutos, de acordo com os protocolos de titulação de dose de opioides, e pode ser necessária hospitalização para proporcionar um controle mais rápido da dor. Pacientes com dor intensa podem ser tratados com medicação oral ou intravenosa. Tanto pacientes virgens de opioides quanto pacientes experientes/ tolerantes podem receber analgésicos opioides orais ou intravenosos, quando clinicamente justificável. A necessidade de reavaliar continuamente o paciente após cada nova dose é uma ação inerente ao tratamento da dor. A satisfação do paciente com o alívio obtido e a ocorrência de eventos adversos devem ser sistematicamente reavaliados. Com relação aos opioides de longa duração, estão atualmente aprovados no Brasil cinco analgésicos: tramadol, oxicodona, morfina, fentanil e buprenorfina (buprenorfina está aprovada no país para o tratamento de dor moderada a intensa). Buprenorfina e fentanil estão disponíveis em formulações transdérmicas, sendo que a buprenorfina pode ser iniciada em pacientes virgens de opioides e o fentanil apenas em pacientes experimentados; enquanto tramadol, oxicodona e morfina são, em geral, usados como formulações orais. Tramadol e morfina também são amplamente utilizados nas formulações injetáveis. Deve-se dar sempre preferência ao tratamento mais simples e menos invasivo. De modo geral, medicações orais são preferíveis a formulações transdérmicas e parenterais. Qualquer que seja o opioide selecionado, é sempre necessário administração regular do medicamento, 24 horas por dia, para que sejam atingidos níveis plasmáticos adequados. Ao iniciar o tratamento, deve-se dar preferência a medicações de liberação imediata para titulação e posteriormente passar para medicações de longa duração, com doses suplementares de medicação de liberação imediata, quando ocorrerem episódios irruptivos de dor. O uso de medicações adjuvantes frequentemente é necessário para melhor controle da dor. A atenção cuidadosa às comorbidades e interações farmacológicas costuma prevenir eventos adversos subsequentes e interações doença- medicamento ou medicamento-medicamento. Novas formulações de opioides fortes de liberação imediata para titulação em pacientes tolerantes ou virgens de opioide estão em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. No entanto, como mencionado anteriormente, é possível utilizar opioides de longa ação para titulação tanto em pacientes virgens quanto tolerantes a opioides. O sucesso do tratamento da dor relacionada ao câncer requer não apenas que os pacientes e seus familiares tenham ciência dos medicamentos prescritos, mas que compreendam os objetivos do tratamento, a necessidade de aderência ao tratamento e de uma boa comunicação com a equipe de saúde. Este processo exige profissionais que esclareçam e desfaçam os mitos sobre dependência e medo de eventos adversos tóxicos. Os profissionais de saúde devem reavaliar os pacientes continuamente, devem estar disponíveis e acessíveis para atender chamadas e responder perguntas e desenvolver programas de tratamento que sejam simples e fáceis de seguir. Os eventos adversos devem ser tratados de maneira proativa, sempre que possível (p. ex.: iniciar laxativos sempre que prescrever opioides). A utilização de tratamentos não farmacológicos (p. ex.: acompanhamento psicológico, fisioterapia, entre outros) deve ser sempre considerada pelos profissionais de saúde. Náuseas e vômitos O tratamento de suporte clínico é fundamental no combate ao câncer. Muito do estigma relacionado às neoplasias malignas deve-se aos efeitos colaterais do tratamento, principalmente as náuseas e os vômitos incontroláveis. O manejo adequado desses sintomas possibilita melhora na qualidade de vida e maior aderência ao tratamento oncológico. Ao longo do tempo, diversas medicações foram desenvolvidas para prevenir náusea e vômito relacionados à quimioterapia. As três principais classes de drogas usadas para tal objetivo são os glicocorticoides, os antagonistas dos receptores de 5- hidroxitriptamina (5-HT3) e os antagonistas dos receptores de neurocinina 1 (NK-1). Uma vez que essas medicações não são isentas de efeitos colaterais e muitas delas possuem custo elevado, faz-se necessário o uso racional e fundamentado nas melhores evidências científicas. Em 1997, foi proposta uma estratificação do potencial emetogênico dos agentes quimioterápicos de maneira isolada ou de suas combinações. Mais recentemente, em 2011, Grunberg et al. atualizaram a classificação e dividiram os quimioterápicos em alto, moderado, baixo ou mínimo potencial emetogênico. A partir dessa proposta, foram desenvolvidas recomendações para padronização do uso de antieméticos de maneira profilática. O controle de náusea e vômito depende de diversos fatores, com destaque para a doença de base (envolvimento do trato gastrintestinal), as classes de agentes quimioterápicos e a predisposição individual de cada paciente. A fim de otimizar o manejo desse efeito colateral, muito se investiga a respeito dos mecanismos desencadeadores, do potencial emetogênico de cada agente neoplásico e da melhor estratégia para a prevenção da êmese. Para isso, as sociedades mundiais de oncologia e de cuidados paliativos desenharam diretrizes para indicar o regime antiemético mais apropriado para cada agente antineoplásico isoladamente ou em associação e, assim, facilitar o manejo de paciente oncológico, baseando-se nas melhores evidências científicas. Fadiga Dentre os sintomas cardiovasculares, a fadiga é uma manifestação clínica comum e muito prevalente no paciente com câncer, e a sua caracterização e seus mecanismos ainda desafiam os profissionais de saúde. A fadiga associada ao câncer é uma experiência subjetiva caracterizada pelo cansaço que não alivia com o sono ou repouso e é considerada um preditor de diminuição da satisfação pessoal e qualidade de vida. O sintoma fadiga varia em duração e intensidade reduz em diferentes graus a habilidade do paciente em desenvolver atividades diárias e diminui a capacidade funcional de pacientes com câncer. A fadiga pode afetar 80-99% dos pacientes com câncer tratados com quimioterapia e/ou radioterapia4 e persistir por meses a anos. A natureza multifatorial da fadiga relacionada ao câncer é um ponto crucial a ser considerado pelos profissionais que lidam com o paciente oncológico. As principais causas da fadiga estão associadas aos efeitos do câncer e do seu tratamento sobre o sistema nervoso central. A literatura científica define a fadiga como “uma sensação subjetiva de cansaço físico ou exaustão desproporcional ao nível de atividade”. Ainda, “a fadiga pode se manifestar como dificuldade ou incapacidade de iniciar uma atividade (percepção de fraqueza generalizada); redução da capacidade em manter uma atividade (cansaço fácil); e dificuldade de concentração, problemas de memória e estabilidade emocional (fadiga mental)”. Estudiosos concluíram que os exercícios são os únicos fatores com fortes evidências no controle da fadiga durante e após o tratamento de tumores de mama, próstata e diversos outros tumores sólidos. Schwartz et al apontaram a eficácia de exercícios terapêuticos na melhora da fadiga e da qualidade de vida dos pacientes, com diminuição dos efeitos adversos das terapias contra o câncer. Um treinamento aeróbico realizado durante 4 meses por mulheres com hipertensão, doença cardiovascular e câncer de mama em tratamento resultou na redução da pressão sistólica e diastólica e da frequência cardíaca de repouso. Já uma revisão sistemática envolvendo 4.826participantes com câncer mostrou uma melhora na qualidade de vida e na capacidade funcional durante e após um programa de treinamento com exercícios. A maioria dos pacientes com fadiga se beneficiará de um tratamento não farmacológico. Uma revisão de 77 trabalhos randomizados controlados envolvendo tratamentos não farmacológicos para FRC mostrará benefícios obtidos com as seguintes medidas: terapia cognitivo-comportamental, exercícios, hipnose, relaxamento e psicoeducação para fadiga. Muitos pacientes que apresentam Fadiga Relacionada ao Câncer (FRC) se beneficiarão de alguma intervenção psicológica e uma variedade de mo- dalidades tem sido estudada nas mais diversas populações. Intervenções como terapias de grupo, aconselhamento individual, redução de estresse com treinamentos que proporcionem relaxamento, terapia formal cognitiva- comportamental, educação para o manejo da fadiga e terapias de suporte têm mostrado resultados promissores. Distúrbios do sono Dificuldade para dormir apresenta-se como um problema frequente em pacientes com câncer, que pode estar relacionado diretamente com a patologia, com as consequências dos tratamentos realizados ou com o estresse emocional ocasionado por estes. Benefícios foram encontrados em terapias de higiene do sono que nada mais são que orientações que buscam introduzir diferentes hábitos antes de dormir na vida das pacientes que se relacionam com a melhora da capacidade funcional em realizar atividades diárias, parâmetros de qualidade do sono e melhora da fadiga em trabalhos clínicos randomizados controlados. No entanto, um importante estudo randomizado com 219 pacientes com câncer de mama não mostrou qualquer beneficio da terapia individualizada de melhora da qualidade do sono em relação aos controles quando se avaliou a FRC nestas pacientes. Desta forma, está claro que intervenções comportamentais melhoram qualidade do sono, porém o impacto destas terapias no tratamento da FRC não está claro até o momento. Perda de apetite Certos tipos de câncer, como de ovário, pâncreas e estômago, geralmente podem causar perda de apetite, por afetarem o metabolismo. A perda de peso relacionada ao câncer pode ser grave porque a pessoa também perde massa muscular. A perda de apetite também ocorre em 80% a 90% das pessoas com câncer avançado. As razões para a perda de apetite incluem: Alterações no metabolismo. Saciedade precoce. Outros sintomas de câncer, por exemplo, dor. Quimioterapia. Imunoterapia. Sedativos. Além disso, o tratamento radioterápico ou cirúrgico dos órgãos gastrintestinais, como estômago ou intestino, também podem causar perda de apetite. Os efeitos colaterais relacionados à quimioterapia e radioterapia que podem causar perda de apetite incluem: Náuseas e vômitos. Úlceras e dor na boca. Boca seca. Dificuldade para deglutir. Dificuldade para mastigar. Alterações no paladar e olfato. Dor. Fadiga. Depressão O primeiro passo no tratamento da perda de apetite é tratar a causa subjacente. O tratamento de feridas na boca, boca seca, dor ou depressão ajudam a melhorar o apetite. O tratamento adicional para perda de apetite associada à perda de peso pode incluir medicamentos estimulantes do apetite, suplementos nutricionais e alimentação por sonda. Embora o cliente possa não sentir vontade de comer, é importante lembrar que uma alimentação adequada e a manutenção do peso saudável são fundamentais para sua recuperação. Comer bem ajuda a lidar melhor, física e emocionalmente, com os efeitos colaterais do tratamento. Algumas dicas úteis para a manutenção da nutrição adequada, quando o apetite é ruim: Fonte: static.vix.com Fazer de cinco a seis pequenas refeições por dia. Se houver momentos do dia em que a apetite é maior, deve-se aproveitar para alimentar-se, sem restrições. Consumir petiscos nutricionais, ricos em calorias e proteínas. Manter os alimentos preferidos à mão para beliscar. Introduzir calorias e proteínas aos alimentos adicionando molhos, manteiga, queijo, pasta de amendoim, creme e nozes. Beber líquidos entre as refeições e não durante as refeições. Escolher bebidas nutritivas, como milk-shakes. Pedir aos familiares e amigos para preparar os alimentos quando o cliente estiver cansado. Procurar fazer as refeições em ambientes agradáveis e em companhia dos familiares ou amigos. Comer alimentos frios ou em temperatura ambiente para diminuir o odor e reduzir o paladar. Se houver perda de paladar, adicionar temperos e condimentos aos alimentos para torná-los mais atrativos. Perguntar ao médico como aliviar os sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e constipação. Fazer exercícios leves, como caminhadas curtas, cerca de uma hora antes das refeições para estimular o apetite. Mucosite A mucosite é uma inflamação da parte interna da boca e da garganta que pode levar a úlceras dolorosas e feridas nessas regiões. Ocorre em até 40% das pessoas que recebem quimioterapia. Entre as causas, destacam-se: Alguns tipos de quimioterapia, queda do sistema imunológico, pela quimioterapia, radioterapia da região da cabeça e pescoço, transplante de medula óssea. A melhor maneira de manejar a mucosite é evitar que ela inicie ou tratá-la precocemente. A crioterapia oral, que consiste na sucção de lascas de gelo antes e durante cada quimioterapia, pode reduzir a ocorrência da mucosite. O tratamento da mucosite é feito com anestésicos locais ou analgésicos. Recomendações a serem seguidas durante o tratamento do câncer: Escovar os dentes com pasta contendo flúor. Passar fio dental suavemente. Fazer gargarejos com bicarbonato de sódio. Remover a dentadura. Escolher alimentos que exijam pouca ou nenhuma mastigação. Evitar alimentos ácidos, picantes, salgados e secos. As pessoas em tratamento radioterápico na região da cabeça e pescoço devem consultar um dentista antes do início do tratamento para saber como preservar os dentes e prevenir a infecção. Plaquetopenia e hemorragias Fonte: w w w .nursing.com.br A plaquetopenia ou trombocitopenia é um nível excepcionalmente baixo de plaquetas no sangue. As plaquetas, também chamadas trombócitos são células sanguíneas que bloqueiam a hemorragia obstruindo os vasos sanguíneos danificados e que ajudam na coagulação do sangue. Pessoas com baixos níveis de plaquetas sangram e apresentam manchas rochas com facilidade. As plaquetas e os glóbulos vermelhos e brancos são produzidos na medula óssea, tecido esponjoso encontrado no interior dos ossos grandes. Alguns tipos de quimioterapia podem danificar a medula de forma que ela deixe de produzir a quantidade necessária de plaquetas. A trombocitopenia causada pela quimioterapia é geralmente temporária. Outros medicamentos também podem reduzir o número de plaquetas, além disso, o corpo de uma pessoa pode produzir anticorpos contra as plaquetas, reduzindo o número de plaquetas. A radioterapia sozinha não causa trombocitopenia, a menos que seja dada uma alta dose de radiação na região pélvica, e o paciente esteja recebendo quimioterapia, ao mesmo tempo, ou se o câncer disseminou para os ossos. A trombocitopenia, também, pode ocorrer quando as células de câncer, como leucemia ou linfoma, diminuem o número de células normais da medula. Apesar de raro, a trombocitopenia pode ocorrer quando outros tipos de câncer, como próstata ou mama, disseminam-se para a medula. E, embora menos frequente o câncer do baço também pode causar trombocitopenia. Pessoas com trombocitopenia podem: Apresentar sangramentos de forma inesperada. Apresentar manchas vermelhas ou roxas sob a pele. Ter sangramento pelo nariz ou gengivas. Sentir-se mais pesada que o habitual no período menstrual. Evacuar com sangue. Vomitar sangue. Ter dor de cabeça. Sentir vertigem. Ter dor nas articulações ou músculos. Sentir fraqueza. Na maioria das vezes, esses sintomas só ocorrem quando o nível de plaquetas está muito baixo. Muitos pacientes não sabem que têm trombocitopenia até que seja diagnosticado no exame de sangue. Em caso de apresentar qualquer sintoma da trombocitopenia avise o médico imediatamente. A trombocitopenia é diagnosticada na contagem de plaquetas de uma amostra de sangue. As pessoas com câncer ou em tratamento de câncer realizam exames de sangue em intervalos regulares, para avaliar a trombocitopenia e outras complicações. As pessoas que apresentam queda de plaquetas durante o tratamento quimioterápico podem ter necessidade de uma diminuição da dose ou um intervalo maior entre os ciclos de quimioterapia. Devido ao risco de sangramento, a cirurgia é geralmente retardada até que a contagem de plaquetas esteja num nível normal. Devido ao risco de hemorragia, as pessoas com nível baixo de plaquetas podem receber transfusões de plaquetas. No entanto, as transfusões de plaquetas só duram cerca de três dias, e alguns pacientes podem necessitar transfusões múltiplas. Além disso, pacientes em tratamento quimioterápico podem receber granulokine para prevenir trombocitopenia grave. O médico pode fazer algumas recomendações ao cliente, se o nível das plaquetas estiver baixo, para evitar problemas: Não beber álcool ou tomar qualquer outro medicamento, alguns medicamentos podem piorar a hemorragia. Usar escova de dente macia e não usar fio dental. Assoar o nariz delicadamente com um lenço macio. Ter cuidado ao manusear tesouras, facas, agulhas ou ferramentas. Fazer a barba com barbeador elétrico. Evitar contato com esportes e atividades que possam causar ferimentos. Escovar os dentes com uma escova macia sem realizar movimentos muito bruscos que possam provocar alguma lesão nas gengivas, bochechas ou língua. Ao assoar o nariz não soprar com muita força para evitar o rompimento de um vaso e ocasionar um sangramento. Tomar muito cuidado ao manipular objetos cortantes com tesouras, facas, assim como objetos com ponta. Ao fazer a barba prefira máquina elétrica ao invés de navalha ou lâminas. Usar sapatos ou um tipo de calçado que proteja seus pés. Em caso de sofrer um corte, acidentalmente, não se alarmar, pressionar o local firmemente por um período de tempo razoável para parar o sangramento, no caso do sangramento persistir procure assistência médica. Não utilize fio dental para a limpeza dos dentes. Não realize atividades físicas ou esportes que possam lhe expor a alguma lesão. Não use roupa apertada. Converse com seu médico antes de tomar qualquer medicamento, suplemento alimentar, vitaminas ou chás, apenas ele poderá orientar sobre o que pode ou não tomar. Lembre-se que o médico irá solicitar exames de sangue de controle, e no caso das plaquetas estarem baixas é possível que seja indicada uma transfusão de plaquetas ou que se postergue por um tempo o tratamento quimioterápico. A coagulação normal do sangue é um processo complexo, onde as células sanguíneas e as diferentes proteínas do sangue juntas cicatrizam os vasos sanguíneos danificados e controlam o sangramento. As coagulopatias ocorrem quando os fatores de coagulação se perdem ou estão danificados, ou quando o número ou função das plaquetas está debilitado. As coagulopatias incluem distúrbios de coagulação e hemorragia. Nas hemorragias, o sangue não coagula rápido o suficiente, resultando em um sangramento contínuo ou excessivo. Nos distúrbios de coagulação, o sangue coagula muito rápido e pode resultar na formação de coágulos nas veias ou artérias. Algumas coagulopatias são herdadas, enquanto outras se desenvolvem devido a alguma doença ou tratamento com determinados medicamentos. As causas das hemorragias incluem: Doença hereditária, como a hemofilia. Deficiência de vitamina K. Câncer no fígado. Metástases no fígado (da mama, cólon e pâncreas). Outras doenças hepáticas, como hepatite e cirrose hepática. Uso de antibióticos anticoagulantes a longo tempo. Inibidores da angiogênese. Trombocitopenia (nível baixo de plaquetas). Anemia. Outras doenças não relacionadas ao câncer Pessoas com distúrbios hemorrágicos podem apresentar sintomas como: Feridas com sangramento excessivo. Contusão inesperada. Petéquias (pequenas manchas vermelhas ou roxas sob a pele). Períodos menstruais mais longos que os habituais. Vômitos com sangue. Fezes com sangue ou urina avermelhada. Tontura, dor de cabeça ou alteração na visão. Dor nas articulações. Sangramento gengival. O sintoma mais comum das coagulopatias é a trombose, que pode ocorrer em veias superficiais, profundas ou em artérias. A trombose superficial não é perigosa, mas pode causar varizes. A trombose venosa profunda pode ser fatal se pedaços do coágulo se deslocarem até os pulmões (embolia pulmonar). A trombose profunda é a mais comum nas pernas, e os sintomas incluem dor, vermelhidão e inchaço. Os sintomas da embolia pulmonar incluem dor no peito e falta de ar. A trombose arterial é extremamente perigosa, podendo causar ataque cardíaco, derrame ou danos de órgãos. O tratamento das hemorragias e distúrbios da coagulação depende da causa, e quando possível incluem: Reposição de vitamina K. Medicamentos anticoagulantes. Produtos para a coagulação ou de agentes de coagulação. Transfusões de sangue, plasma ou plaquetas. Delírio Delírio é um problema bastante comum em pessoas com câncer avançado, ocorrendo em 15% a 30% dos pacientes internados e em até 85% das pessoas nas últimas semanas de vida. O delírio pode ser estressante para os pacientes e familiares, podendo inclusive interferir com outros sintomas em tratamento, incluindo o tratamento da dor. É importante esclarecer a diferença entre delírio e demência, pois apresentam sinais comuns. Os pacientes com delírio tornam-se agitados e podem ter perda da consciência ao longo do tempo. A demência desenvolve-se de forma gradual e seus efeitos sobre a memória e a consciência são permanentes. Existem três tipos de delírio: hipoativo (pessoa permanece a maior parte do tempo dormindo ou fechada em si mesma), hiperativo (pessoa agitada, apresentando delírios ou alucinações) e misto (pessoa alterna entre os dois tipos). Cerca de dois terços dos delírios são hipoativos ou mistos. Os sintomas de delírio incluem: Depressão. Alucinações. Agitação, ansiedade, distúrbios do sono, irritabilidade. Alteração do nível de consciência. Tempo de atenção curto. Problemas da memória. Pensamento e fala desorganizada. Desorientação. Inversão do dia pela noite. Dificuldade na escrita ou para encontrar palavras. Mudanças de personalidade. O diagnóstico do delírio é essencialmente clínico e não existem testes ou exames complementares específicos, pode ser muito útil a realização de testes para verificação da habilidade motora, da memória e do nível de atenção. Identificar a causa do delírio é importante para a definição do tratamento. A causa imediata do delírio é a presença de um tumor cerebral ou metástase no cérebro. Outras causas incluem: Medicamentos, como analgésicos e quimioterápicos. Retirada da medicação. Desequilíbrio de líquidos e minerais. Insuficiência de órgãos. Infecção. Outros distúrbios cerebrais. Falta de oxigênio no sangue. O objetivo principal do manejo do delírio é manter o paciente confortável e seguro. Algumas dicas que podem ajudar: Proporcionar um ambiente tranquilizador para o paciente, como um quarto silencioso, bem iluminado, com pessoas e objetos próximos. Converse com o médico ou enfermeira em caso de alucinações e comportamento agitado do paciente. Um profissionalde saúde pode fornecer informações úteis sobre como gerenciar esses sintomas e a evolução esperada do delírio do paciente. Em alguns casos, antipsicóticos e outros medicamentos podem ajudar o paciente, entretanto, estas drogas podem ter efeitos colaterais significativos. Infecção Os pacientes com câncer tratados com quimioterapia são mais propensos a contrair infecções nas atividades cotidianas ou nos próprios locais de tratamento. Se a quantidade de leucócitos, presentes no sangue, não for suficiente ocorre a chamada leucopenia e o corpo se torna incapaz de lutar contra uma infecção. Alguns glóbulos brancos, os neutrófilos, são capazes de destruir bactérias nocivas, entretanto um baixo nível de neutrófilos, a chamada neutropenia, pode aumentar o risco de infecções bacterianas. Portanto, em caso de febre, deve-se fazer contato com o médico, para que ele possa o orientar sobre o que fazer. O tratamento do câncer pode interferir no funcionamento do sistema imunológico de várias maneiras: Pelo fato do sistema imunológico estar ocupado lutando contra o câncer, e deixar de se proteger contra possíveis infecções. Falta de sono, estresse, má alimentação, e outros efeitos colaterais do tratamento de câncer enfraquecerem o sistema imunológico. A quimioterapia pode induzir a medula óssea e outras partes do sistema imunológico a um mau funcionamento, reduzindo a produção de glóbulos brancos. A radioterapia também pode afetar a medula óssea, especialmente se a radiação atingir áreas extensas do corpo, como região pélvica, pernas, tórax ou abdome. Os cânceres que afetam diretamente a medula óssea ou se disseminam para o osso podem comprimir as células da medula óssea, diminuindo a produção dos glóbulos brancos. As infecções podem iniciar-se em qualquer lugar, mas os mais comuns são na boca, pele, pulmões, trato urinário, reto e áreas genitais. Converse com seu médico se apresentar qualquer sinal de infecção: Febre. Calafrios ou sudorese. Dor de garganta ou úlceras na boca. Dor abdominal. Dor ou ardor ao urinar. Diarreia ou feridas ao redor do ânus. Tosse ou falta de ar. Vermelhidão, inchaço ou dor, particularmente em torno de um corte ou ferida. Corrimento anormal ou coceira vaginal. Durante a quimioterapia, a febre pode ser o único sinal de uma infecção. E uma infecção durante a quimioterapia pode, muitas vezes, ser fatal. Deve-se medir a temperatura sempre que o cliente apresentar aumento na temperatura, corado, resfriado ou não se sentir bem. Se a temperatura for igual ou maior do que 38°C durante mais de uma hora, ou, ainda se a temperatura for de 38,3°C ou mais por qualquer período de tempo, deve-se entrar em contato imediatamente com o médico. Se uma pessoa apresentar neutropenia ou contagem de leucócitos total baixa, o médico pode prescrever medicamentos para forçar o organismo a produzir mais neutrófilos ou outros tipos de glóbulos brancos, e reduzir assim o risco de infecção. No caso de ocorrer uma infecção, o paciente será tratado com antibióticos ou medicamentos antifúngicos dependendo do tipo de infecção. Em caso de neutropenia e febre, o paciente deverá ser hospitalizado para receber antibióticos por via intravenosa. Os pacientes com alto risco para o desenvolvimento de uma infecção, com neutropenia, quimioterapia ou radioterapia, podem ser tratados profilaticamente com antibióticos ou antifúngicos. Além das instruções recebidas pelo médico, as infecções podem ser prevenidas da seguinte forma: Repousar e manter uma dieta balanceada. Evitar lugares aglomerados e o contato com pessoas doentes. Não compartilhar copos de bebidas, utensílios e itens pessoais, como escovas de dente. Lavar as mãos frequentemente, especialmente após usar o banheiro e antes de comer. Tomar banho diariamente e usar loção para impedir o ressecamento e a descamação da pele. Manusear com cuidados objetos pontiagudos, como tesouras ou facas, e usar barbeador elétrico, para evitar cortes. Evitar o consumo de alimentos crus, como carnes, mariscos, ovos, e lavar cuidadosamente as frutas e vegetais crus. Evitar o contato com resíduos de animais domésticos. Usar luvas para jardinagem e trabalhos domésticos, especialmente durante a limpeza. Escovar dentes e gengivas com uma escova macia. Anemia A anemia é caracterizada pelo nível baixo dos glóbulos vermelhos (hemácias). Os glóbulos vermelhos contêm a hemoglobina, proteína que distribui o oxigênio no organismo. Se o nível dos glóbulos vermelhos estiver muito abaixo do limite inferior aceitável, partes do corpo não recebem oxigênio suficiente e passam a não funcionar corretamente. A maioria das pessoas com anemia sente-se cansadas ou fracas. A anemia é um sintoma comum em pacientes em tratamento quimioterápico. O hormônio eritropoético produzido nos rins, alerta o corpo quando a medula óssea deve produzir mais hemácias. Desse modo, qualquer dano no rim ou na medula levará à anemia, por exemplo: Alguns quimioterápicos podem causar dano à medula óssea, prejudicando sua capacidade de produzir glóbulos vermelhos. Os cânceres que afetam diretamente a medula óssea ou que provocam metástase óssea podem comprimir as células normais da medula óssea, incluindo os glóbulos vermelhos. O tratamento quimioterápico com cisplatina e carboplatina podem prejudicar os rins, diminuindo a produção do hormônio eritropoético. O tratamento radioterápico em grandes regiões do corpo, como região pélvica, pernas, ou abdome pode causar danos na medula óssea. Náuseas, vômitos e perda de apetite podem levar à falta de nutrientes necessários para produção dos glóbulos vermelhos, como ferro, vitamina B12 e ácido fólico. Sangramento, em consequência da cirurgia, ou um tumor causando hemorragia interna pode levar à anemia se a perda das hemácias for maior que a capacidade de reposição. A resposta do sistema imunológico às células cancerosas pode causar anemia, neste caso, denominada anemia de doença crônica. Pessoas com anemia pode apresentar: Fadiga. Fraqueza muscular. Aumento do batimento cardíaco. Dificuldade em respirar ou falta de ar. Tonturas ou desmaio. Palidez. Dor de cabeça. Dificuldade de concentração. Insônia. Dificuldade em manter-se aquecido. Sangramento. A anemia é diagnosticada pelo exame de sangue. Durante o tratamento quimioterápico é solicitado regularmente a realização de exames de sangue, com o intuito de verificar o nível dos glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Em algumas circunstâncias, pode ser necessária uma transfusão sanguínea. Além disso, o médico pode receitar medicamentos ou suplementos para uma rápida recuperação. Portanto, siga uma dieta balanceada selecionando alimentos que contenham todas as calorias e proteínas que seu organismo necessita. É importante conversar com o médico, enfermeira ou nutricionista para uma orientação adequada sobre a dieta que possa proporcionar maior benefício. Dicas Descanso, faz-se necessário dormir 8 horas por noite e durante o dia veja a possibilidade de deitar e descansar 1 ou 2 vezes pelo menos durante 30 a 60 minutos. Limitar as atividades, procurar realizar apenas as atividades realmente importantes. Faz-se necessário ajudar o cliente em suas atividades diárias, familiares e amigos podem ajudar cuidando de seus filhos pequenos, fazer compras no supermercado, podem fazer-lhe companhia às consultas agendadas ou podem realizar alguma tarefa que requer esforço. Seguir uma dieta balanceada selecionando alimentos que contenham todas as calorias e proteínas que seu organismo necessita traz grandes benefícios. É importante conversar com o médico, enfermeira ou nutricionista para uma orientação adequada sobre a dieta que possa proporcionar maior benefício. Durante o tratamento quimioterápico será médico solicitado a realização de exames de sangue com o intuito de saber como está o nível dos glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Em algumas circunstâncias, quando a contagem de glóbulos vermelhos está muito baixa, alguns pacientes necessitam fazer transfusão sanguínea. Além disso, o médico pode receitar medicamentos ou suplementos para uma rápida recuperação. Dispneia Dispneia ou falta de ar é uma condição vivida por 20% a 90% dos pacientes com câncer avançado, e seus sintomas incluem: Respiração desconfortável. Falta de ar leve, moderada ou intensa. Dificuldade para inspirar conseguir ar suficiente. Sensação de sufocamento, afogamento ou asfixia. A dispneia pode ser causada pelo próprio tumor ou outras condições clínicas relacionadas ao câncer. As causas da dispneia e podem incluir: Obstrução das vias aéreas. Ansiedade. Broncoespasmo. Hipoxemia. Acúmulo de líquido ao redor do coração ou pulmão. Pneumonia. Inflamação do pulmão. Anemia. Estresse. Para diagnosticar a dispneia, o médico revisará seu histórico clínico, avaliará os sintomas atuais e pesquisará outras condições clínicas que possam ser os causadores dos sintomas. O tratamento da dispneia começa com o tratamento da causa subjacente, ou seja, do tumor. Algumas recomendações para ajudar no alívio dos sintomas da dispneia: Suplemento de oxigênio. Uso de medicamentos opióides. Uso de medicamentos contra ansiedade. Respirar ar limpo e fresco Manter-se em espaço aberto, incluindo janelas. Manter a cabeça elevada. Praticar técnicas de relaxamento. Depressão A depressão pode ser comum em pessoas com câncer, mas não é frequentemente diagnosticada. No entanto, isto não significa que todas as pessoas com câncer tenham depressão. Os dois sintomas mais comuns da depressão são humor deprimido e perda de interesse nas atividades normais. Outros sintomas da depressão incluem: Insônia ou outros distúrbios do sono. Variação no peso. Alteração no apetite. Fadiga e perda de energia. Sentimentos de irritabilidade ou agitação. Sentimentos de inutilidade ou culpa. Sentimentos de desespero ou desamparo. Pensamentos de autoagressão ou suicídio. Preocupação com a morte. Dificuldade de concentração. Retrocesso social. Crises de choro. Sentir-se devagar. Geralmente, se uma pessoa apresenta humor deprimido ou perda de interesse em atividades que antes apreciava, e pelo menos quatro dos sintomas mencionados acima mais de duas vezes na semana, recomenda-se que converse com o médico sobre a possibilidade de realizar um tratamento. Podem aumentar a probabilidade de um paciente apresentar depressão: Histórico de depressão antes do diagnóstico de câncer. Histórico de alcoolismo ou abuso de drogas. Aumento da debilidade física ou desconforto causado pelo câncer. Dor fora de controle. Medicação. Câncer avançado. Desequilíbrios de cálcio, sódio, potássio ou vitamina B12. Outros problemas nutricionais. Dificuldades neurológicas. Hipertireoidismo ou hipotireoidismo. Os médicos podem realizar uma série de exames para diagnosticar a depressão, entre eles, perguntas sobre comportamento, sentimentos e pensamentos. Quase todos os tipos de depressão são tratáveis. O tratamento para a depressão ajuda o paciente com câncer a gerir a doença e, muitas vezes envolve o tratamento psicológico com medicação antidepressiva. O foco do tratamento psicológico é aumento do enfrentamento e das habilidades para resolver problemas. Os métodos mais comuns incluem a psicoterapia individual e a terapia cognitiva comportamental. Além disso, grupos de apoio ao paciente com câncer podem ser úteis para algumas pessoas com câncer que apresentem depressão. Como a dor fora de controle está relacionada à depressão, é importante que os pacientes procurem ajuda para o controle da dor e outros sintomas, como fadiga. O médico pode recomendar antidepressivos. A maioria dos antidepressivos trata a depressão, alterando a química do cérebro, que pode ser a causa da depressão. Se você e seu médico decidirem que a medicação é o próximo passo, tenha em mente: Diferentes tipos de antidepressivos apresentam efeitos colaterais diferentes, incluindo sexuais, náusea, insônia, boca seca, ou problemas cardíacos. Outros podem melhorar a ansiedade ou ter um efeito mais rápido. No entanto, os efeitos colaterais, geralmente, podem ser administrados com ajuste da doses ou trocando o medicamento. Muitas pessoas com câncer tomam muitos medicamentos diferentes, que podem interagir e interferir na eficácia de outro, causando danos. Informe sempre ao médico sobre todos os medicamentos que estiver usando, incluindo as terapias medicinais. Embora quase 15% a 25% dos pacientes com câncer apresentem depressão, apenas 2% são tratados com antidepressivos. Cuidados com feridas oncológicas A abordagem da ferida oncológica pelo profissional da saúde pode seguir duas linhas de ação. A primeira é a abordagem da lesão oncológica como um ente clínico isolado, que exige, por suas características e seu prognóstico ímpares, uma série de condutas e protocolos bem definidos. Essas condutas frequentemente diferem das ações preconizadas para todos os outros tipos de ferida. E elas devem estar bastante claras para todos os profissionais diretamente envolvidos no tratamento das lesões, de modo que os mesmos ofereçam cuidados que deem respostas prontas, efetivas e que atendam às necessidades do doente. A segunda linha de ação é aquela que satisfaz mais plenamente os princípios gerais dos Cuidados Paliativos. Não se trata da abordagem focada na ferida oncológica, mas na pessoa portadora da lesão. E essa abordagem compreende as dimensões física, psicológica, social e espiritual. Entre outros estados associados à presença da ferida oncológica, a pessoa portadora geralmente apresenta: sensação de mutilação, rejeição de si mesma, perda da autonomia e da autoestima, medo, tendência à automutilação, déficit de autocuidado, perda da esperança, diminuição da libido por fatores sistêmicos e por déficit de informação. A ferida determina discriminação e rejeição social desde o âmbito familiar até as atividades produtivas (humilhação, pena, medo, nojo, desagrado). Os pacientes sentem- se “podres por dentro”, o que os afasta das outras pessoas para não se exporem a comentários desagradáveis, ou temendo rejeição. O aparecimento da ferida oncológica também tem repercussões no âmbito familiar. É importante ao profissional da saúde considerar que, no câncer, em seu curso avançado, normalmente ocorre a transferência dos cuidados para a família. Esse aumento da sobrecarga tem consequências físicas, psíquicas, sociais e econômicas para cada familiar. Geralmente a atividade profissional do cuidador fica em segundo plano, levando ao desemprego e à desestruturação financeira da família. Realizar os curativos em domicílio é considerado uma das principais dificuldades encontradas pelos cuidadores. Depois de analisar esses diferentes aspectos, inserindo paciente, família e sociedade, profissionais, instituições e serviços num funcionamento dinâmico, eficaz e justo, é possível vislumbrar uma resolubilidade maior ao problema da ferida oncológica. As feridas oncológicas são formadas pela infiltração das células malignas do tumor nas estruturas da pele. Ocorre quebra da integridade do tegumento em decorrência da proliferação celular descontrolada que o processo de oncogênese induz, levando à formação de uma ferida evolutivamente exofítica. Podem ocorrer por extensão do tumor primário, ou, ainda, por uma metástase; implantação acidental de células na pele durante um procedimento cirúrgico ou diagnóstico; ou invasão de linfonodos próximos ao tumorprimário. O termo “ferida oncológica” não é consensual na literatura. Encontram-se ainda outros nomes, como lesões tumorais, úlceras neoplásicas, feridas malignas e lesões neoplásicas. Fonte: bvsms.saude.gov.br As principais características e sintomas locais da ferida são: • progressão rápida e inviabilidade de cicatrização; • hemorragias; • odor fétido; • exsudato abundante; • alto risco para infecção; • alto risco para miíase; • presença de necrose tecidual; • dor; • prurido; • agressão do tecido saudável perilesional. Condutas Alguns tratamentos não-específicos são sugeridos para o controle das feridas oncológicas: • radioterapia: destrói células tumorais; diminui o tamanho da lesão, o exsudato e o sangramento; • quimioterapia: reduz o tumor e melhora a dor; • hormonioterapia: diminui a maior parte dos sintomas, quando indicada; • laser: reduz a dor e a necrose tissular. No entanto a terapia tópica específica é a que traz melhores resultados no manejo da úlcera neoplásica. A ferida oncológica é uma entidade clínica dinâmica e, por esse motivo, exige avaliação diária e preparo adequado da equipe para identificar os sinais presentes ou potenciais de complicação. O paciente, a família e os cuidadores devem ser treinados a identificar essas situações e reportá-las aos profissionais da saúde. A conduta terapêutica deve ser ajustada às características da lesão, obedecendo aos princípios de cuidados com feridas. A meta principal dessas condutas deixa de ser a cicatrização – que é improvável – e passa a focar: a) o conforto do paciente com relação à ferida; b) a prevenção e o controle dos sintomas locais. Complicações relacionadas às feridas oncológicas e condutas a serem tomadas Hemorragias Estão relacionadas com o crescimento da rede neovascular na região do tumor, associada muitas vezes à presença de tecido friável, o que favorece o rompimento de vasos. Os sangramentos podem ser espontâneos ou causados por atividades e procedimentos, como ações de vida diária (banho, cuidados pessoais, movimentação no leito, deambulação), movimentos bruscos, radioterapia local, compressão mecânica, traumatismos, utilização ou retirada dos curativos de forma inadequada, abrasão durante a técnica de curativo ou a realização de desbridamento. Os principais sítios de sangramento são: • feridas cutâneas (notadamente lesões de cabeça e pescoço); • cavidade oral, • útero/vagina; • sangramentos gástricos. Prevenção Manter o meio úmido, evitando a aderência de gazes ao sítio ou à superfície e às bordas da lesão. Para isso pode-se utilizar gaze embebida em soro fisiológico ou gaze com petrolato. Contraindica-se o uso de óleos essenciais, como, por exemplo, os triglicérides de cadeia média (TCM), devido à sua propriedade de estimular a neoangiogênese; Retirar coberturas de curativo cuidadosamente. Na ausência de sangramento ativo, inspecioná-las buscando sinais de sangramentos anteriores; Evitar a abrasão do leito da ferida, quando potencialmente sangrante, durante o procedimento de curativo; Na medida do possível, manter o local da ferida livre de compressões mecânicas; Restringir os desbridamentos àqueles casos em que o benefício ao paciente seja maior que o risco de hemorragia, e apenas quando houver recursos disponíveis para controlá-la. Tratamento Avaliar intensidade, origem e causa do sangramento; Aplicar pressão diretamente sobre os vasos sangrantes com o amparo de gazes ou compressas; A aplicação tópica de soro fisiológico gelado realiza hemostasia, principalmente em pequenos sangramentos; Considerar a aplicação tópica de adrenalina, pela sua ação vasoconstritora; Aplicar gel de alginato de cálcio com carboximetilcelulose na lesão, com gazes estéreis, ou placa de alginato de cálcio. Depois da aplicação, o curativo com alginato de cálcio deve ser mantido no local por no mínimo 24 horas, a não ser que haja necessidade de outra intervenção no local. Deve-se evitar o contato do alginato de cálcio com as bordas da lesão, devido ao risco de maceração da pele íntegra; Avaliar a possibilidade de iniciar antifibrinolítico sistêmico, intervenção cirúrgica, sutura, cauterização ou radioterapia hemostática em casos de sangramento intenso; Em hemorragias grandes ou frequentes, considerar a coleta de exames laboratoriais com vistas a hemotransfusões. Em caso de sangramento de lesões intravaginais: Realizar irrigação intravaginal com soro fisiológico gelado. Utilizar sonda de nelaton no lubrificada com lidocaína gel e introduzida com cuidado para não aumentar o sangramento; Em caso de refratariedade à irrigação vaginal com soro gelado, utilizar duas ampolas de adrenalina diluídas em um frasco de 250 ml de soro fisiológico gelado e realizar irrigação vaginal com essa solução; Considerar a possibilidade de tratamento antifibrinolítico sistêmico. Odor fétido É considerado o sintoma mais castigador das feridas oncológicas em decorrência da sensação de enojamento imputada ao paciente. Ocorre devido à colonização bacteriana, principalmente de anaeróbias, no sítio da ferida. As principais causas são a presença de necrose, exsudato abundante associado a curativos de baixa absorção, oclusão dos vasos sanguíneos locais e a consequente redução de oxigênio. Emergências oncológicas Síndrome da veia cava superior A veia cava superior, que drena para o átrio direito do coração, pode ser comprimida quando um tumor cresce dentro do tórax. Os tipos de câncer que podem causar a síndrome são o de pulmão e o linfoma Não-Hodgkin, além das metástases. Às vezes, um tumor que inicialmente se desenvolveu fora da veia cava superior pode invadi - la causando uma obstrução. Como a veia cava superior situa-se perto de uma série de gânglios linfáticos, qualquer tipo de câncer que se dissemina para os linfonodos, aumentando seu tamanho, também pode causar a síndrome. Os gânglios linfáticos aumentados comprimem a veia, retardando o fluxo do sangue e resultando no bloqueio total da veia. Uma causa menos comum da síndrome é a trombose na veia causada por um cateter intravenoso. Os sintomas da síndrome, normalmente, se desenvolvem lentamente e incluem dificuldade para respirar ou falta de ar, tosse e inchaço da face, pescoço, tronco, braços e dor no peito. Em casos graves, a pele pode ficar escura (azulada) devido à cianose. A síndrome da veia cava superior pode evoluir rapidamente bloqueando completamente a traqueia o que necessita de ações imediatas. Comumente, se o bloqueio se desenvolve lentamente, outras veias podem ajudar a circular o sangue, com isso os sintomas podem tornar-se menos intensos. Os sinais da síndrome da veia cava superior podem ser vistos numa radiografia de tórax, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. No entanto, estes exames não diagnosticam a síndrome. Se os sintomas forem leves, a traqueia não é bloqueada, e há um fluxo sanguíneo bom pelas veias colaterais do tórax, assim o início do tratamento pode aguardar até que se tenha um diagnóstico claro. Na maioria dos casos, a síndrome da veia cava é manejada com o tratamento do próprio câncer. Outros tratamentos, a curto prazo, para reduzir os sintomas incluem a elevação da cabeça do paciente, administração de corticosteroides para reduzir o inchaço ou utilização de diuréticos para eliminar o excesso de líquido do corpo. Menos frequentemente, a síndrome da veia cava pode ser tratada com dissolução do coágulo, colocação de stent ou cirurgia. Como a síndrome da veia cava pode causar problemas respiratórios graves, é considerada uma emergência. Embora a síndrome seja grave e seus sintomas assustadores, a mesma pode ser tratada com sucesso na maioria dos pacientes. A síndrome da veia cava superior pode ser fatalem crianças. A traqueia da criança é menor e mais frágil que no adulto, podendo rapidamente inchar ou ser contraída, levando a problemas respiratórios. Os sintomas mais comuns da síndrome em crianças são semelhantes aos dos adultos e podem incluir tosse, rouquidão, dificuldade respiratória e dor torácica. Felizmente, a síndrome da veia cava superior é rara em crianças. Compressão medular A compressão medular aguda é uma complicação de potencial devastador, que pode ser causada por diferentes etiologias de doenças que envolvem a coluna vertebral e estreitam o canal espinal, em particular as neoplasias metastáticas, e podem causar perda neurológica irreversível. Neoplasias mais comuns: Próstata Mama Pulmão Linfomas Mieloma múltiplo Tumores medulares Carcinoma renal Tipos de dor: 1. Dor localizada: geralmente é o primeiro sintoma: constante, localizada no dorso, sem piora com movimento, sem alívio ao deitar, causada por estiramento periosteal; 2. Dor espinhal axial: dor que piora com os movimentos e melhora com repouso, causada por instabilidade, colapso vertebral e/ou deformidade espinhal; 3. Dor radicular: constante, piora com movimentos, segue distribuição radicular, associada a paresias e alterações de sensibilidade, causada por compressão radicular; Paresia com síndrome de 1⁰ ou 2⁰ neurônio motor. Disautonomias (ex. incontinência urinária ou fecal): ocorre em quadros mais tardios, marcador de mau prognóstico. Tratamento: 1. Repouso absoluto no leito até excluir instabilidade; 2. Tratamento de suporte: analgesia, evitar constipação, prevenção de TEV; 3. Corticoides: Dexametasona 4 mg 6/6 h (pode fazer 20 mg em bolus como dose de ataque); Uso de altas doses (dexametasona 96 mg/dia) não está indicada; Objetivo: aumentar taxa e deambulação e contribui para analgesia. Apesar de ser prática comum, há pouca evidência a respeito da função da dose de ataque. Sempre associar protetor gástrico e monitorar glicemia se uso de corticoide em altas doses. 1. A decisão do tratamento oncológico específico deve ser tomada em conjunto com oncologista, cirurgião de coluna (ortopedista ou neurocirurgião) e radioterapeuta. 2. Cirurgia de descompressão seguida de radioterapia (é o tratamento de escolha, mas nem todos pacientes serão elegíveis) ou 3. Radioterapia exclusiva (para pacientes não candidatos à cirurgia e com tumores radiossensíveis) ou Tratamento sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia) ou 4. Cuidado paliativo exclusivo. Tratamento sistêmico raramente tem papel na SCM aguda, por respostas serem mais tardias e imprevisíveis. Discutir tratamento sistêmico em bases individuais com Oncologia Clínica após estabilização do quadro. Fatores associados à melhor resposta da radioterapia: bom status neurológico prévio, velocidade de instalação do déficit motor > 14 dias. Fatores associados à maior sobrevida: função motora preservada antes do tratamento, tumores radiossensíveis (pequenas células, linfomas, mieloma múltiplo, germinativos), ausência de metástases viscerais, sítio único de compressão, velocidade de instalação dos sintomas. Hipercalcemia Hipercalcemia é o nível elevado de cálcio no sangue. A hipercalcemia pode ser fatal e é a mais comum desordem metabólica associada ao câncer, ocorrendo de 10% a 20% dos pacientes com câncer. Enquanto a maioria do cálcio no corpo é armazenada nos ossos, cerca de 1% do cálcio do corpo circula na corrente sanguínea. O cálcio é importante para muitas funções corporais, incluindo a formação óssea, contrações musculares e nervosas e função do cérebro. O nível de cálcio no sangue é controlado por muitos fatores, incluindo o hormônio da paratireóide, suas causas são: Cânceres que afetam diretamente o osso ou metástase nos ossos causam ruptura do osso, causando a liberação do excesso de cálcio no sangue. Alguns cânceres afetam a capacidade dos rins na remoção do excesso de cálcio no sangue. A desidratação causada por náuseas e vômitos, torna difícil para os rins a remoção adequada do cálcio no sangue. Falta de atividade física pode causar ruptura do osso, liberando cálcio no sangue. Os tipos de câncer que podem causar hipercalcemia incluem câncer de mama, de pulmão, mieloma múltiplo, linfoma, leucemia, renal, cabeça e pescoço e gastrointestinal. Os sintomas de hipercalcemia geralmente se desenvolvem lentamente e podem ser muito semelhantes aos sintomas do câncer e seus tratamentos. Pacientes com hipercalcemia podem apresentar sintomas como: Perda de apetite, náuseas e vômitos. Constipação e dor abdominal. Micção frequente. Fadiga, fraqueza e dor muscular. Alterações do estado mental, incluindo confusão, desorientação e dificuldade para pensar. Dor de cabeça. Depressão. A hipercalcemia grave pode estar associada a pedras nos rins, batimento cardíaco irregular, ou ataque cardíaco. Os efeitos potencialmente graves de hipercalcemia incluem perda da consciência e coma. A hipercalcemia é diagnosticada pelo exame de sangue. Pacientes com hipercalcemia moderada ou grave podem ser tratados de várias maneiras: Tratamento do câncer primário. Reposição de líquidos. Administração de medicamentos para evitar a ruptura do osso. Realização de diálise em pacientes com insuficiência renal. Alguns tipos de tumores e seus cuidados paliativos Câncer de pulmão Pessoas com câncer de pulmão muitas vezes se beneficiam de alguns procedimentos para ajudar com problemas provocados pelo câncer. Por exemplo, os pacientes com câncer de pulmão avançado podem apresentar falta de ar. Isso pode ser provocado por uma série de fatores, incluindo derrame pleural ou obstrução de uma via aérea por um tumor. Embora o tratamento com químio ou outros medicamentos possa ajudar, outros tratamentos também podem ser necessários. Tratamento do Derrame Pleural Às vezes o líquido pleural pode acumular-se entre o tórax e os pulmões. Isso é chamado derrame pleural. Podendo comprimir os pulmões e provocar problemas respiratórios. Toracentese Este procedimento é utilizado em casos de derrame pleural. Se utilizada uma agulha estéril para retirar uma amostra do líquido pleural para realizar um exame no laboratório de patologia. O derrame pleural também pode ser causado por outras doenças, como insuficiência cardíaca ou infecções. Pleurodese Neste procedimento é realizado um pequeno corte na pele da parede torácica, para inserção de um dreno que permitirá a retirada do líquido pleural. Após este procedimento um talco ou um medicamento (doxiciclina ou um quimioterápico) é inserido lentamente na cavidade torácica, para evitar a formação de líquido novamente dentro da cavidade pleural. Esse dreno é geralmente deixado no local por alguns dias para drenar qualquer líquido que possa se acumular. Colocação de Cateter Esta é outra maneira para controlar o acúmulo de líquido. Uma extremidade do cateter é colocada na caixa torácica através de uma pequena incisão na pele, e a outra extremidade é deixada fora do corpo. Esse procedimento é feito em consultório ou hospital. Uma vez no lugar, o cateter pode ser ligado a um frasco especial a vácuo ou outro dispositivo para permitir que o fluido seja drenado. Tratamento do Derrame Pericárdico O câncer de pulmão pode, às vezes, se disseminar para a área ao redor do coração. Isso pode levar ao acúmulo de líquido em volta do coração, no pericárdio o que se denomina derrame pericárdico. O líquido pode pressionar o coração, afetando seu funcionamento. Pericardiocentese Neste procedimento, o líquido é drenado com uma agulha colocada no pericárdio. Isso geralmente é feito usando um ecocardiograma para guiar a agulha. Janela Pericárdica Este procedimento pode ser realizado para evitar a formação do líquido. Durante a cirurgia,o pericárdio é removido permitindo que o líquido seja drenado. Tratamento para Desobstrução das Vias Aéreas Se o câncer está crescendo em uma via aérea, ele pode obstruir a mesma e causar complicações, como pneumonia ou falta de ar. O tratamento pode aliviar o bloqueio das vias aéreas. Terapia Fotodinâmica A terapia fotodinâmica pode ser utilizada para tratar o câncer de pulmão em estágios iniciais, em casos que ainda a lesão está localizada mais externamente e quando outros tratamentos não estão indicados. Esta técnica também pode ser usada para ajudar a abrir vias aéreas obstruídas por tumores, permitindo que o paciente possa respirar melhor. Nesta técnica, um medicamento ativado pela luz, é injetada na veia do paciente, como o objetivo de captar células cancerosas. Após alguns dias, o fármaco se acumula nas células cancerosas, um broncoscópio é inserido até o local, sob anestesia local ou geral. Uma luz laser especial colocada na extremidade do broncoscópio é dirigida ao tumor, ativando a droga que destrói as células cancerígenas. Estas células mortas são removidas durante a broncoscopia. A terapia fotodinâmica pode causar inflamação na via aérea por alguns dias, provocando falta de ar, tosse com sangue ou muco espesso. Laserterapia Os lasers podem, eventualmente, serem utilizados para tratar câncer de pulmão muito pequenos localizados nas vias aéreas. Também podem ser usados para ajudar a abrir as vias aéreas obstruídas por tumores maiores, ajudando o paciente a respirar melhor. Este tratamento é realizado com o paciente anestesiado. O laser é colocado na extremidade de um broncoscópio, que é inserido pela garganta até um local próximo ao tumor. Quando posicionado, o médico aponta o laser na direção do tumor destruindo-o. Colocação do Stent Tumores de pulmão que se desenvolveram em uma via aérea podem, às vezes, provocar dificuldades respiratórias ou outros problemas. Para ajudar a manter a abertura das vias aéreas, um stent pode ser colocado na via aérea. Os stents são tubos rígidos de silicone ou de metal que são inseridos nas vias aéreas com o auxílio de um broncoscópio. Câncer de mama O objetivo dos cuidados paliativos para o câncer de mama avançado é aliviar ou evitar sintomas como dor, fadiga, ansiedade ou depressão. O tratamento paliativo incide sobre o controle dos sintomas, em vez do controle da doença. Os cuidados paliativos oferecem tratamento, como parte de uma abordagem global para pacientes e familiares, com foco em suas necessidades físicas, emocionais e espirituais. Embora o câncer de mama metastático não tenha cura, pode ser tratado. O tratamento com quimioterapia ou hormonioterapia pode controlar o crescimento do tumor e aumentar a sobrevida. Para alguns pacientes, o período de tratamento ativo do câncer pode durar vários anos. Os cuidados paliativos são uma parte vital do tratamento. Em algum momento, no entanto, a quimioterapia ou a hormonioterapia já não mostram benefício ou melhoram a qualidade de vida. Conversar com o médico sobre o prognóstico e os riscos potenciais do tratamento continuado, quando não se espera outro benefício, pode ajudar a tomar decisões sobre o rumo do tratamento. Neste momento, o paciente pode optar por interromper o tratamento ativo para o câncer. Os cuidados paliativos, por tanto, se tornam o foco principal, ao invés de apenas uma parte, do tratamento. Compreender o papel dos cuidados paliativos ajuda a fazer escolhas adequadas. Os cuidados paliativos são frequentemente administrados em casa, onde o paciente está geralmente mais confortável. Em alguns casos, por exemplo, quando a doença pode estar causando problemas que precisam ser gerenciados por vários profissionais de saúde, uma opção é a internação em um hospice. Os hospices já estão disponíveis em algumas cidades. Hospice é uma filosofia de cuidados que visa devolver um senso de controle aos pacientes na fase final de uma doença terminal, como o câncer de mama metastático. Os cuidados paliativos fornecem serviços de suporte aos pacientes e familiares. Como o hospice humaniza os cuidados, ele pode preservar a qualidade de vida e permitir que uma pessoa morra de forma mais confortável e com o máximo de dignidade possível. Os cuidados paliativos não pretendem encurtar ou prolongar a vida, mas sim aumentar a qualidade do tempo restante, tanto quanto possível. No hospice o foco está em viver a vida, de forma que o paciente esteja bem neste momento tão difícil. Na maioria das vezes, um familiar se torna o principal cuidador, com orientação e apoio de profissionais de saúde. A equipe de cuidados paliativos inclui: Médico. Enfermeira. Assistente Social. Capelão. Psicólogo. Os cuidados paliativos podem ser iniciados quando um paciente: Tem uma expectativa de vida de seis meses ou menos. Decide interromper o tratamento para a doença optando por receber apenas os cuidados paliativos. Apesar da estimativa de sobrevida ser requerida no momento da internação em um hospice, não existe um limite de tempo para que o paciente receba os cuidados paliativos. Os pacientes internados no hospice podem viver mais de seis meses e os cuidados paliativos não são interrompidos. Embora o tratamento para o câncer seja interrompido quando se iniciam os cuidados paliativos, tratamentos para melhorar a qualidade de vida e aliviar os sintomas continuam. Esse cuidado inclui: Controle da dor, náuseas e outros sintomas. Tratamento para as condições clínicas do paciente não relacionados ao câncer. Apoio emocional. Ajuda com preocupações práticas, como questões financeiras. Aconselhamento espiritual. Alívio para os cuidadores. A internação em um hospice é útil a qualquer momento. Quanto mais precoce a internação mais tempo a equipe de cuidados paliativos tem para conhecer o paciente e sua família para que eles possam dar o melhor atendimento possível. Um estudo mostrou que iniciar os cuidados paliativos mais cedo pode melhorar a sobrevida de pacientes com câncer. As discussões sobre os cuidados no fim da vida são muito difíceis. Por mais complicada que possa ser conversar com familiares e profissionais de saúde sobre questões de fim de vida, estas discussões garantem que os desejos pessoais dos pacientes sejam realizados. Com a participação e orientação dos pacientes, os cuidados paliativos podem tornar a fase posterior ao tratamento do câncer o mais confortável possível não só para o paciente, como também para seus familiares. Referências Bibliográficas BRASIL. Manual de cuidados paliativos. Academia nacional de cuidados paliativos. Rio de Janeiro 2009. AGRA G et al. Cuidados Paliativos ao Paciente Portador de Ferida Neoplásica: uma Revisão Integrativa da Literatura. Revista Brasileira de Cancerologia, João Pessoa PB 2013; 59(1): 95-104 BRASIL. Ministério da saúde. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer. INCA 4ª edição. Rio de Janeiro RJ 2018. BRASIL. Ministério da saúde. Curso de aperfeiçoamento nos moldes fellow em nutrição em cuidados paliativos em oncologia. INCA Rio de Janeiro RJ 2018. CAMPOS MPO et al. Fadiga relacionada ao câncer: uma revisão. Rev Assoc Med Bras. Santo André SP 2011; 57(2):211-219. CIRILO JD et al. 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