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Desenvolvimento Sustentável Professora Rosi Garcias UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 2 Desenvolvimento Sustentável 2011 A palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa deslocar-se, mover-se. Motivação é a força, o impulso que nos move e direciona a um comportamento de busca à satisfação de uma determinada necessidade. O comportamento humano sempre é motivado. Quando se relaciona a motivação com o trabalho trata-se de um estado psicológico de disposição ou vontade de atingir uma meta ou realizar uma tarefa. Uma pessoa está motivada para o trabalho quando apresenta disposição favorável para realizá-lo. O conhecimento dos fatores que motivam o homem no trabalho torna-se essencial já que o desempenho dos trabalhadores depende da motivação. “A dimensão emocional de nossas vidas está vinculada aos relacionamentos com os outros, e através deles se manifesta. Esta atividade não exige tempo, mas requer treinamento.” Stephen Covey “A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza.” Nagib Anderáos Neto http://pensador.uol.com.br/autor/Nagib_Anderaos_Neto/ UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 3 Desenvolvimento Sustentável Histórico do conceito de desenvolvimento sustentável O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O conceito de desenvolvimento sustentável, segundo a declaração da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente e desenvolvimento do Rio de Janeiro, em 1992, d iz que “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de tal forma que responda eqüitativamente às necessidades de desenvolvimento e ambientais das gerações presentes e futuras”. Este conceito permeou os diversos setores sociais na maioria dos países, agências internacionais, governos e organizações não-governamentais. Isto fez com que fossem realizados, desde sua concepção como conceito até nossos dias, várias reuniões ou conferências de ordem mundial, para tratar os assuntos e propor novas políticas de crescimento econômico em níveis mundiais. Nosso Futuro Comum Em 1987, a publicação do relatório final da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (conhecido como Relatório Brundtland), intitulado “Nosso Futuro Comum”, chamou a atenção do mundo sobre a necessidade urgente de encontrar formas de desenvolvimento econômico que se sustentaram, sem a redução dramática dos recursos naturais nem com danos ao meio ambiente. Esse informe marcou sua importância ao definir o conceito de desenvolvimento sustentável e seus três princípios essenciais: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e eqüidade social. Para cumprir estas condições, seriam indispensáveis mudanças tecnológicas e sociais. Este relatório foi definitivo na decisão da Assembléia Geral das Nações Unidas, para UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 4 Desenvolvimento Sustentável convocar a Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, dada a necessidade de redefinir o conceito de desenvolvimento, para que o desenvolvimento sócio- econômico fosse incluído e assim a deterioração do meio ambiente fosse detida. Esta nova definição poderia surgir somente com uma aliança entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Conferência da Terra É a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Conferência da Terra, celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. Os objetivos fundamentais da Conferência eram conseguir um equilíbrio justo entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras e firmar as bases para uma associação mundial entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como entre os governos e os setores da sociedade civil, enfocadas na compreensão das necessidades e os interesses comuns. Então, 172 governos, incluindo 108 chefes de Estado e de Governo, aprovaram três acordos que deveriam erigir a Agenda 21, a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que define os direitos e as obrigações dos estados sobre os princípios básicos do meio ambiente e desenvolvimento. A Agenda 21 inclui as seguintes idéias: “Os Estados têm o direito soberano de aproveitar seus próprios recursos, mas não podem causar danos ao meio ambiente de outros estados”; “a eliminação da pobreza e a redução das disparidades nos níveis de vida de todo o mundo são indispensáveis para o desenvolvimento sustentável” e “a plena participação da mulher é imprescindível para o desenvolvimento sustentável ser alcançado”. Incluiu-se a Declaração dos Princípios Relativos às Florestas, que consiste nas diretrizes para a ordenação mais sustentável das florestas no mundo. Foram assinados dois documentos com força jurídica obrigatória: a Conferência Marco sobre as Mudanças Climáticas (Kyoto, Japão) e o Convênio sobre a Diversidade Biológica. Ao mesmo tempo, iniciaram-se negociações com o objetivo de se chegar a uma Convenção de Luta contra a Desertificação, que entrou em vigor em 1996. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 5 Desenvolvimento Sustentável Rio + 10 A Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (CDS) organizou para dez anos depois da Conferência do Rio a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável 2002 em Johannesburgo, África do Sul. Essa conferência reuniu chefes de Estado e de Governo, organizações não-governamentais e empresários, que revisaram e avaliaram o progresso do estabelecimento da Agenda 21, um plano de ação mundial para promover o desenvolvimento sustentável a uma escala local, nacional, regional e internacional. A meta geral da Conferência foi revigorar o compromisso mundial a fim de um desenvolvimento sustentável e a cooperação Norte- Sul, além de elevar a solidariedade internacional para a execução acelerada da Agenda 21. Um dos êxitos desta reunião foi o estabelecimento da necessidade de se criarem metas regionais e nacionais para o uso da energia renovável. Acordou-se que para 2008 será realizado um encontro internacional para o manejo de produtos químicos, como os agrotóxicos, sua classificação e etiquetagem. Ainda se estabelece que até 2020 os governos produzirão e utilizarão produtos químicos de tal forma que não afetem a saúde humana. Os líderes do mundo aprovaram a iniciativa sobre o desenvolvimento sustentável na África, apoiando regenerar a agricultura e a pesca, assim como implementar as estratégias sobre segurança alimentar a partir de 2005. Para inverter a tendência atual de perda da biodiversidade para 2010, criou-se um convênio entre o Grupo de Países Megadiversos Afins, formado por Bolívia, Brasil, China, Costa Rica, Colômbia, Equador, Filipinas, Índia, Indonésia, Quênia, México, Malásia, Peru, África do Sul y Venezuela. Tais países acordaram uma agenda para o desenvolvimento sustentável, a conservação e o uso da diversidade biológica, incluindo os recursos genéticos e a proteção ao conhecimento tradicional. Estabeleceu-se a iniciativa para deter as práticas de pesca destrutiva e o estabelecimento de áreas marinhas protegidas e redes para o ano de 2010. Assim, os Estados insulares reduzirão e prevenirão o desperdício e a contaminação realizando, antes de 2004, iniciativas enfocadas na implementação do Programa de Ação Mundial para a proteção do meio marinho, frente às atividades realizadas na terra, na água e nas zonas costeiras. Reconheceu-se a necessidade de considerar a ética e a diversidade cultural na implementação da Agenda 21. Também foi destacada a necessidade de desenvolver políticas para melhorar o bem-estar cultural, econômico e físico dos povos indígenas. Arelação homem-natureza UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 6 Desenvolvimento Sustentável O homem é o único animal que consegue transformar a natureza a seu favor, e quanto mais ele se desenvolve, mais essa relação se estreita. Esse convívio deve ser equilibrado para que não haja o esgotamento das fontes de matéria-prima. É preciso entender que o homem faz parte da natureza, uma vez que destrói a natureza, ele está destruindo a si mesmo. Assim, é que para muitos filósofos, em particular para Marx, se manifesta a essência do princípio fundamental da relação Homem e Natureza. Mas se por um lado, a relação Homem e Natureza é intrínseca ao meio ambiente, por outro lado, ao tratar da questão ambiental, é necessário cautela, porque é comum fugir da verdadeira raiz do problema. Não adianta parar de explorar uma matéria-prima para que se explore outra, é preciso que a exploração de uma matéria-prima tenha planejamento com o objetivo da sobrevivência do próprio homem, sem que prejudique ou interrompa a cadeia ambiental. Observamos isso na pesquisa realizada em 2006 pela organização WWF (Worldwide Fund for Nature) em Pequim sendo analisadas duas variáveis, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano estabelecido pela ONU) e o “rastro ecológico” ou “pegada ambiental” (questionário que faz relação com seus hábitos e o que isso causa de impacto no ambiente). Conseguindo fazer assim uma análise de qual é a relação entre o desenvolvimento de um país e a destruição que isso provoca no ambiente. Tentando enxergar se um país que está em crescimento, se desenvolvendo, consegue fazer essa caminhada em uma velocidade que o meio ambiente possa se reproduzir. A pesquisa mostra que os países onde o IDH é alto a “pegada ambiental” é alta também, ou seja, conforme o país se desenvolve mais ele destrói o ambiente. Ou então como na África onde o IDH é baixo, o consumo enérgico acompanha sendo baixo, mesmo sem uma grande destruição do meio ambiente a população daquela região não tem as condições mínimas necessárias para sobreviver. Entretanto nessa pesquisa Cuba se mostrou uma exceção à regra. Não porque tem o maior IDH ou a menor “pegada ambiental”, mas sim porque há o desenvolvimento social sem grandes destruição do Meio Ambiente devido ao baixo consumo energético Cuba é o único país do mundo com desenvolvimento sustentável, diz a pesquisa. Em um país em desenvolvimento como o Brasil paramos para refletir ao ver esses dados: como vamos resistir a destruição que nós mesmo estamos causando em nosso planeta? É preciso refletir qual a diferença entre Cuba e os outros países. Não adianta desenvolver, crescer, gerar riqueza e destruir nossa casa. Ao contrário da sociedade capitalista que busca o lucro máximo induzindo as pessoas ao consumismo, o objetivo na sociedade Socialista Cubana não é o alcance do lucro máximo e sim a socialização da produção para que todos igualmente vivam e se desenvolvam, sendo assim o único país do mundo com desenvolvimento sustentável. O meio ambiente torna-se um problema UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 7 Desenvolvimento Sustentável Na segunda metade do século XX, com a intensificação do crescimento econômico mundial, os problemas ambientais se agravaram e começaram a aparecer com maior visibilidade. Em 1962, Rachel Carson publicou o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), que teve enorme repercussão na opinião pública e que expunha os perigos de um inseticida, o DDT. Os agricultores se opuseram à autora energicamente, afirmando que, sem inseticidas, o rendimento das colheitas diminuiria 90%. Como resposta, a autora defendeu o emprego de controles biológicos, que consistem na utilização de fungos, bactérias e insetos para combater os parasitas que se nutrem das plantas. Anos mais tarde, os cientistas descobriram concentrações da substância nos pingüins e ursos polares do Ártico, e em baleias da Groenlândia, que estavam muito distantes das zonas agrícolas onde o pesticida tinha sido utilizado. No ano de 1968, três encontros foram fundamentais para delinear uma estratégia para o enfrentamento dos problemas ambientas na década de 70 e seguintes: 1. Em abril de 1968, em Roma, Itália, nasceu o Clube de Roma, uma organização informal composta de cientistas, educadores, industriais e funcionários públicos de dez países, cuja finalidade seria chamar a atenção dos que são responsáveis por decisões de alto alcance, e do público do mundo inteiro, para aquele novo modo de entender e, assim, promover novas iniciativas e planos de ação. 2. A Assembléia das Nações Unidas, decide pela realização, em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, de uma Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano. 3. A UNESCO promove em Paris, no mês de setembro de 1978, uma conferência sobre a conservação e o uso racional dos recursos da biosfera que estabelece as bases para o lançamento, em 1971, do Programa Homem e a Biosfera (MAB). UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 8 Desenvolvimento Sustentável A década de 70 Como conseqüência da criação do programa, a partir de 1976, foi criada ao redor do mundo uma rede mundial de áreas protegidas denominadas Reservas da Biosfera. O Brasil possui seis reservas em seu território: a Mata Atlântica, o cinturão verde de São Paulo, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e a Amazônia Central. O Clube de Roma, por sua vez, empregando fórmulas matemáticas e computadores para determinar o futuro ecológico do planeta, previu um desastre a médio prazo. E o que foi descoberto foi publicado num relatório chamado Limites do Crescimento, publicado em 1972. O relatório expunha claramente: “Se se mantiverem as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação ambiental, produção de alimentos e esgotamento dos recursos, este planeta alcançará os limites de seu crescimento no curso dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um súbito e incontrolável declínio tanto da população como da capacidade industrial”. Ao mesmo temo que apontava o problema, o documento indicava um caminho a percorrer baseado na busca... “de um resultado modelo que represente um sistema mundial que seja: 1. Sustentável, sem colapso inesperado e incontrolável; 2. Capaz de satisfazer aos requisitos materiais básicos de todos os seus habitantes”. Como previsto e em função da crescente preocupação com o problema ambiental, a ONU realiza em 1972, na capital da Suécia, Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que teve como resultado uma Declaração e um Plano de Ação para o Meio Ambiente Humano que contém 109 recomendações. Os países desenvolvidos compareceram com propostas de limitação do desenvolvimento econômico para os países subdesenvolvidos, justificadas em função da necessidade de preservar os recursos naturais existentes. Os países do Terceiro Mundo adotaram uma postura defensiva, argumentando que a questão ambiental encobriria na verdade uma ação das “grandes potências para conter a expansão do parque industrial dos países em vias de desenvolvimento”. Outro importante resultado do evento foi a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA), encarregado de monitorar o avanço dos problemas ambientais no mundo. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 9 Desenvolvimento Sustentável A década de 80 No ano de 1983, Assembléia Geral da ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), com o objetivo de examinar as relações entre meio ambiente e o desenvolvimento e apresentar propostas viáveis, tais como: •Propor estratégias ambientais que viabilizem o desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000 em diante; •Recomendar formas de cooperação na área ambiental entre os países em desenvolvimento e entre os países em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social que os levem a atingir objetivos comuns, consideradas as interrelações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento; • Encontrar meios e maneiras para que a comunidade internacional possa lidar mais eficientemente com as preocupações ambientais; • Contribuir com a definição de noções comuns relativas a questões ambientais de longo prazo e os esforços necessários para tratar com êxito os problemas da proteção e da melhoria do meio ambiente, uma agenda de longo prazo a ser posta em prática nos próximos decênios. O informe Brundtland, da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), denominado “Nosso Futuro Comum”, divulgado em 1987, vincula estreitamente economia e ecologia e estabelece com muita precisão o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvimento, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável. Ele foi referência e base importante para os debates que aconteceram na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em 1992, onde se popularizou o conceito de desenvolvimento sustentável, tornando as questões ambientais e de desenvolvimento indissoluvelmente ligadas. A década de 90 e o início do século XXI UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 10 Desenvolvimento Sustentável O final do século XX foi um período de intensos debates, atividades, fóruns e encontros que resultaram em um consenso mundial dos perigos que corria o planeta caso se mantivesse o modelo de crescimento insustentável até então em vigor. A CNUMAD concluiu que o meio ambiente e o desenvolvimento são duas faces da mesma moeda com nome próprio, desenvolvimento sustentável, o qual não se constitui num problema técnico, mas social e político. Como produtos desse encontro foram assinados cinco documentos que direcionariam as discussões sobre o meio ambiente nos anos subsequentes, quais sejam: • Agenda 21; • Convênio sobre a Diversidade Biológica (CDB); • Convênio sobre as mudanças climáticas; • Princípios para Gestão Sustentável das Florestas; • Declaração do Rio de Janeiro sobre meio ambiente e desenvolvimento. Além desses importantes documentos assinados, houve a criação da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável (CDS) em dezembro de 1992, para assegurar a implementação das ações propostas da Rio 92. Em dezembro de 2000, a Assembléia Geral das Nações Unidas resolveu que a CDS serviria de órgão central organizador da Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+10, que ocorreria em Johannesburgo, em setembro de 2002, e que teria como objetivo avaliar a situação do meio ambiente global em função das medidas adotadas na CNUMAD-92. Os participantes da Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (CMDS) reconheceram que não foram alcançados os objetivos fixados na Cúpula do Rio e reiteraram que os três pilares inseparáveis de um desenvolvimento sustentável continuavam sendo a proteção do meio ambiente, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico. De modo geral, os compromissos assumidos foram muito vagos e sem prazos para alcançar os objetivos socioeconômicos e ambientais colocados. Com o avanço da conscientização ecológica nos países do Norte nas décadas de 70 e 80, desenvolveram-se tecnologias que possibilitaram melhor controle da emissão de poluentes, maior economia energética e substituição de alguns recursos naturais escassos. A pressão da opinião pública e das agências ambientais fez com que UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 11 Desenvolvimento Sustentável determinadas indústrias transferissem suas plantas industriais, seus processos produtivos e, muitas vezes, a comercialização de produtos que não satisfaziam às novas exigências para os países em desenvolvimento. Ao constatarem que os problemas ambientais eram fundamentalmente globais, os países do Norte tentaram fazer crer que as responsabilidades deveriam ser globalmente distribuídas. Esta crescente preocupação dos países industrializados transformou seu relacionamento com os países em desenvolvimento numa espécie de “imperialismo benevolente”, que passa a exigir ações voltadas ao meio ambiente, vinculando sua efetiva realização com os empréstimos das agências de financiamento. A problemática ambiental pós-guerra fria No período de “euforia” que se seguiu ao final da Guerra Fria, o ciclo de conferências mundiais e encontros de cúpula convocados pelas Nações Unidas foram idealizados como ocasiões para uma discussão realmente global sobre os grandes temas da humanidade: oportunidades para os governos tomarem decisões de “princípio”, que não poderiam ser tomadas em um âmbito apenas nacional, que evocariam padrões para o comportamento internacional e para se contemplar as necessidades em longo prazo da humanidade. Certamente, logo ficaria claro que as grandes conferências internacionais nem sempre seriam totalmente aproveitadas. Assim, com o objetivo de definir estratégias que permitissem interromper e reverter os efeitos da degradação ambiental e, ao mesmo tempo promover o desenvolvimento sustentável, a Assembléia Geral das Nações Unidas convocou, em 1989, pela resolução 44/228, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que viria a ser realizada no Rio de Janeiro, em 1992 (Rio-92). Com a aproximação da Rio-92, promoveram-se, no âmbito do Comitê Preparatório da Conferência (Prepcom), discussões técnicas e políticas sobre os documentos a serem assinados, o que foi uma inovação dos procedimentos de conferências internacionais deste tipo ao permitir grande debate político e um intercâmbio de ideias entre as delegações oficiais e os representantes de vários setores da sociedade civil transnacional, assim como a participação de cientistas independentes. A Rio-92 mostrou que o questionamento do modelo vigente de desenvolvimento passou a fazer parte destacada da discussão geopolítica nacional e internacional. Seus principais resultados foram a adoção de documentos tais como a Agenda 21, a Declaração do Rio, Declaração de Princípios sobre Florestas, além da Convenção sobre Diversidade Biológica e a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas, objeto do presente ensaio. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 12 Desenvolvimento Sustentável O regime internacional de mudanças climáticas, foi estabelecido voluntariamente pelos Estados para prover certo grau de ordem, previsibilidade e cooperação nesse campo. As formulações sobre regimes internacionais assumem tipicamente que a governança global2 não pode ser explicada nem pelo poder dos grandes Estados, nem pela ação de organizações internacionais, unicamente. Assim, por exemplo, o Secretariado da Convenção do Clima, e as Conferências das Partes (COPs) são integrantes do regime climático, mas não são idênticos a ele. Regimes internacionais podem ser definidos como “conjuntos de princípios implícitos ou explícitos, normas, regras, e procedimentos de tomada de decisão em torno das quais as expectativas dos atores convergem, em determinada área das relações internacionais. Quando pensamos em um dado regime, na diferença que ele faz na ação coletiva global, devemos considerar se ele é efetivo, se atingiu seus objetivos definidos ou ajudou os participantes, etc. A primeira parte da definição de regime - os “princípios”- corresponde à sua razão de ser, a sua estrutura normativa, a qual não é, em si mesma, sujeita a negociação direta, uma vez estabelecida. Assim, por exemplo, o regime do clima consolida as questões sobreas mudanças climáticas e essas questões estruturam as respostas que a Conferência das Partes pode prover. Os negociadores oficiais do clima podem divergir, digamos, em como expressar o “princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas” nas regras, mas eles não o desafiam. A segunda parte da definição de um regime é a sua forma instrumental, suas regras e procedimentos de tomada de decisão, os quais são as principais fontes de mudança em um dado regime internacional. Note-se que o regime de mudanças climáticas é “maior” do que os instrumentos jurídicos associados a ele, englobando os próprios atores estatais, empresariais e sociais, assim como suas preferências e escolhas. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 13 Desenvolvimento Sustentável Essa abordagem teórica é uma tentativa de descrever a complexidade das forças que agem no campo das mudanças climáticas, pois os Estados são soberanos, mas não são livres para fazerem o que lhes aprouver, quando aceitam regras internacionais coletivamente acordadas. Nesse sentido, o regime de mudanças climáticas restringe, de certa forma, o direito dos Estados: mesmo não havendo uma instância de coerção, a própria identidade de interesses, e a pressão exercida pelos outros Estados, ONGs e organismos internacionais exercem um estímulo para que as normas sejam cumpridas. O regime do clima tornou-se mais complexo a partir da adoção de um protocolo no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - UNFCCC4, o qual foi assinado em dezembro de 1997, em Quioto, no Japão. O Protocolo de Quioto é um acordo internacional vinculante sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa (dióxido de carbono – CO2, gás metano – CH4, óxido nitroso – N2O, hexafluoreto de enxofre – SF6, hidrofluorcarbonos – HFC e perfluorcarbonos – PFC). O Protocolo impõe aos países industrializados (elencados no Anexo I da Convenção), responsáveis por 70% das emissões, uma redução média dos níveis das emissões de gases de efeito estufa de 5,2% em relação a 1990, no horizonte temporal de 2008 a 2012. Os objetivos estabelecidos para cada país variam entre a estabilização das emissões pela Rússia e a redução de emissões que giram em torno de 8% para os países europeus, 7% para os Estados Unidos e 6% para o Japão. Os países menos desenvolvidos ou em desenvolvimento (como o Brasil, a Índia ou a China) não estão, pelo menos até agora, sujeitos a nenhum tipo de compromisso (salvo aqueles comuns a todas as partes) e não estão, portanto, obrigados a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. O papel das organizações não-governamentais A partir da institucionalização de regimes internacionais ambientais, tem-se verificado uma multiplicação dos instrumentos jurídicos que se destinam à regular aspectos específicos da agenda ambiental ou das questões sobre o desenvolvimento. No entanto, existe um consenso de que os diversos tratados, conferências e instituições demandam uma abordagem mais coerente e integrada, além de mecanismos que venham a harmonizar suas metas e formas de implementação, favorecendo ainda, a participação articulada dos Estados Partes, sociedade civil e setor empresarial nesse processo que convencionou-se chamar de “governança ambiental internacional”. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 14 Desenvolvimento Sustentável Entre os marcos da governança ambiental, pode-se citar a Conferência sobre Meio Ambiente Humano (Estocolmo-72), a Estocolmo + 10 (Nairóbi-82), a criação da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (1983), a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a Rio + 5 (1997) e, proximamente, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo-2002). Ademais, como agentes da governança ambiental internacional, tem-se, no âmbito das Nações Unidas, a Assembléia Geral e o ECOSOC, os quais podem decidir sobre temas ambientais; o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), cujo mandato engloba a promoção e cooperação internacional no campo do meio ambiente, assim como a avaliação da situação ambiental no planeta e propostas de políticas; a Comissão de Desenvolvimento Sustentável, que tem, entre suas atribuições, o monitoramento da implementação da Agenda 21 e o recebimento de informações providas pelos governos; Comissões Regionais, as quais têm apoiado programas e projetos ambientais em suas jurisdições; e outras agências especializadas que mantêm interface com o tema, como o Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (Habitat), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Mundial de Meteorologia (OMM), etc. Além disso, ainda na esfera intergovernamental, deve-se mencionar as diversas estruturas e foros multilaterais concebidos visando-se à questão ambiental, presentes, por exemplo, nos sistemas europeu, interamericano e africano. Completando esse quadro, é fundamental o papel desempenhado por incontáveis redes que se desenvolvem em torno de assuntos ambientais, articulando-se em diversos níveis e integrando atores governamentais e sociais, além da participação do major groups (definidos na Seção III da Agenda 21), grupos relevantes da sociedade civil, que constituem o substrato e as “bases” da estrutura de governança que se pretende fortalecer. Como mencionado, inúmeros tratados internacionais, tanto em nível regional como global, têm sido adotados, cada qual com sua própria estrutura institucional, que pode prever secretariados, mecanismos de financiamento, solução de controvérsias ou formas de cumprimento. Entre os principais documentos internacionais estão a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e Protocolo de Quioto, a Convenção sobre Diversidade Biológica, Convenção de Combate a Desertificação, Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio e Convenção da Basiléia sobre Movimentação Transfronteiriça de Resíduos Perigosos. Contudo, devido ao aumento do número de atores, aos diversos interesses a serem acomodados e à visão “compartimentalizada”, a governança ambiental pode vir a ser comprometida, a menos que se encontrem maneiras adequadas para UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 15 Desenvolvimento Sustentável “conectar” os instrumentos internacionais, uma vez que todos convergem para o mesmo objetivo final, qual seja, a promoção do desenvolvimento sustentável. Como requisitos para a consecução da governança ambiental estão a necessidade de se incorporar internamente os compromissos acordados no plano internacional, de modo que esses tenham reflexo nas legislações e políticas nacionais, e a busca de transparência e inclusão nos processos decisórios, promovendo, assim, a participação da sociedade civil e do setor empresarial. Resta claro que a construção da governança ambiental será feita a partir das disposições individuais e escolhas ambientalmente corretas, passando pela ação dos grupos, responsabilidade corporativa e políticas internas consistentes, até os arranjos jurídicos e políticos firmados no ordenamento internacional, todos esses níveis, sendo permeados por questões tão diversas como o combate à pobreza, consumo e produção sustentáveis, proteção dos ecossistemas, mitigação das mudanças climáticas, etc. Tal empreendimento representaria um esforço de se superar o paradigma cartesiano newtoniano, uma das maiores diretrizes da civilização ocidental, que levou à concepção do universo como um sistema mecânico, onde a visão do “todo” é relegada e tudo é analisado como se constituído de peças separadas. A concepção “sistêmica” que se preocupacom os princípios básicos de organização das partes no seu conjunto, considerando sua inter-relação e interdependência, revela-se um instrumento mais apropriado para a compreensão da complexa realidade internacional da contemporaneidade. O componente mecanicista de todo esse pensamento foi decisivo para que se operassem as múltiplas cisões nas mais diversificadas áreas do saber conduzindo-nos à visão fragmentária do mundo e, como conseqüência, a degradação ambiental. Com o intuito de tudo compreender, o homem fragmentou o real, passando a estudar as suas partes isoladas e perdendo a dimensão do “todo”. “A concepção sistêmica tem como base a inter-relação e interdependência de todos os fenômenos. Assim, a compreensão do todo é diferente da mera soma das partes. Para a compreensão desse “todo”- no nosso caso, o fenômeno internacional - é necessário não dissecá-lo em elementos isolados através de uma visão mecanicista. Capra, na sua obra “O Ponto de Mutação”, sintetiza com grande habilidade tais idéias, ao afirmar: “a concepção sistêmica vê o mundo em termos de relações de integração. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores. Em vez de se concentrar nos elementos ou substâncias básicas, a abordagem sistêmica enfatiza princípios básicos de organização. (...).” Dissecando-se um sistema, ou seja, isolando-se seus elementos física ou teoricamente, é inevitável que ocorra uma ruptura nas propriedades sistêmicas. As partes individuais do sistema funcionam isoladamente de forma diversa da que funcionariam na sua UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 16 Desenvolvimento Sustentável relação com o todo. A descrição reducionista das partes não permite a visão da organização e da redistribuição das subestruturas que, interagindo-se, forma o todo. As formas dos sistemas são estruturas flexíveis, em constante reorganização de acordo com os novos desafios. A eficiência de um sistema pode ser medida através da sua capacidade de renovar e reciclar constantemente seus elementos, mantendo, porém, a estrutura do seu conjunto. Não é por outra razão que os problemas decorrentes das mudanças climáticas serão resolvidos mais facilmente a partir de uma perspectiva integrada, que contemple todas as disciplinas científicos, as múltiplas facetas do problema e que envolva não apenas os atores diplomáticos, mas os diversos agentes e stakeholders, considerando que esta é uma preocupação comum da humanidade. O desenvolvimento sustentável como novo paradigma A Comissão Brundtland e o conceito de sustentabilidade Foi o relatório produzido pela Comissão Brundtland (Nosso Futuro Comum) que apresentou pela primeira vez uma definição mais elaborada do conceito de “Desenvolvimento Sustentável”. Procura estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza, como centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às necessidades e às aspirações humanas. O relatório define as premissas do que seria o Desenvolvimento Sustentável, o qual contém dois conceitos-chave: primeiro, o conceito de “necessidades”, particularmente aquelas que são essenciais à sobrevivência dos pobres e que devem ser prioridade na agenda de todos os países; segundo, o de que o estágio atingido pela tecnologia e pela organização social impõe limitações ao meio ambiente, que o impedem conseqüentemente de atender às necessidades presentes e futuras. Os principais objetivos das políticas ambientais e desenvolvimentistas, são: a) Retomar o crescimento; b) Alterar a qualidade do desenvolvimento; c) Atender às necessidades essenciais e emprego, alimentação, energia, água e saneamento; d) Manter um nível populacional sustentável; e) Conservar e melhorar a base de recursos; f) Reorientar a tecnologia e administrar o risco; g) Incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 17 Desenvolvimento Sustentável Embora seja um conceito amplamente utilizado, não existe uma única visão do que seja o desenvolvimento sustentável. Para alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento econômico contínuo através de um manejo mais racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes. Para outros, o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político destinado a erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer às necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a apropriação e a transformação sustentável dos recursos ambientais. A passagem de um modelo de desenvolvimento predatório a um sustentável que mantenha a harmonia com a natureza tem múltiplas implicações. Implica modificar nossa visão e relação com a natureza: esta não é somente uma fonte de matérias- primas, mas também é o ambiente necessário para a existência humana. Envolve um manejo racional dos recursos naturais e também modificar a organização produtiva e social que produz e reproduz a desigualdade e a pobreza, assim como as práticas produtivas predatórias e a criação de novas relações sociais, cujo eixo já não será a ânsia de lucro, mas o bem-estar humano. Fica claro que o conceito dá margem a interpretações que de modo geral baseiam-se num desequilíbrio entre os três eixos fundamentais do conceito de sustentabilidade, que são: o crescimento econômico, a preservação ambiental e a eqüidade social. O predomínio de qualquer desses eixos desvirtua o conceito e torna-se manifestação de interesse de grupos, isolados do contexto mais geral, que é o interesse da humanidade como um todo. A responsabilidade empresarial e a legislação ambiental Resolução CONAMA Nº 258/99 Conforme a Resolução nº 258/99, de 26.08.1999, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA determina que as empresas que fabricam ou importam pneumáticos ficam obrigadas a dar destinação final ambientalmente adequadas aos pneus inservíveis existente no território nacional. Considerando que pneus inservíveis, são pneus que não tenham mais nenhuma condições de uso veicular ou para reaproveitamento dos mesmos, tais como recapagem, recauchutagem e remoldagem. O CONAMA considera que os pneumáticos inservíveis, que não tenham uma destinação ambientalmente correta, representam um grande risco para o meio ambiente e conseqüentemente para a sociedade. Conforme o artigo 11ºdisposto na resolução 258/99, os distribuidores, os revendedores e os consumidores finais de pneus em acordo com os fabricantes, importadores e o poder público, deverão colaborar na articulação de processos, onde deverão criar planos de coletas dos pneumáticos inservíveis. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 18 Desenvolvimento Sustentável As empresas revendedoras de pneumáticos possuem uma obrigação de compartilhamento na destinação ambiental dos pneus vendidos com as empresas fabricantes dos mesmos, dando um destino final seja para a reciclagem ou para o reaproveitamento dos mesmos para a fabricação de novos pneus. Esta resolução faz com que as empresas revendedoras possuam praticamente a mesma responsabilidade do que das fabricantes de pneus, claro que não com a mesma obrigatoriedade mas sim com a responsabilidade ambiental e social. A partir do mês de janeiro de 2005, as empresas fabricantes e importadoras de pneus, deverão recolher e dar destinação final para 5 pneus inservíveis a cada 4 novos pneus colocados no mercado. As empresas fabricantes de pneumáticos deverão anualmente comprovar junto ao IBAMA a destinação final, de forma ambientalmente corretas e das quantidades dos pneus inservíveis. As sanções para o não cumprimentodesta resolução estão estabelecidas pela lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, regulamentadas pelo Decreto no. 3.179, de 21 de setembro de 1999. CERTIFICAÇÕES E NORMATIVAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E GESTÃO AMBIENTAL Conceito de Normas ISSO A ISO é uma organização mundial para normatização (Int ernacional Organization for Standardization) localizada em Genebra na Suíça, foi fundada em 1947. A finalidade da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional. A ISO tem cento e dezenove (119) países membros. A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT é o representante brasileiro. Sendo que ela trabalha com cento e oitenta (180) comitês técnicos (TC) e centenas de sub-comitês e grupos de trabalho. Norma ISO 14000 de sistema de gestão ambiental Conforme Oliveira (2005), a ISO 14000 é uma série de padrões, internacionalmente reconhecidos, por estruturar o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma organização e o gerenciamento do desempenho ambiental. As empresas ao implantar um SGA devem investir tempo para o planejamento, já que as atividades não são simples. As atividades são de uma complexidade onde a administração da organização precisa envolver todos em seu processo. Segundo o mesmo autor, a ISO 14000 teve início na conferência das Nações Unidas, realizada em Estocolmo (Suécia), no ano de 1972, mas somente teve relevância e passou a ser tratada com maior importância a partir da Conferência das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro em 1992. A ISO 14000 tirou a sua base na publicação pela Bristish Standard Institutionda norma BS-7750, uma norma sobre gerenciamento ambiental. Ainda, segundo Oliveira (2005), a ISO 14000 tem como uma das prioridades a proteção dos empregados, através do cumprimento de toda a legislação e regulamentos. A comunicação entre os stakeholders é de essencial importância para a administração, estabelecendo metas e objetivos, onde implanta uma visão do ambiente como uma forma sistemática, melhorando, portanto a sua performance. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 19 Desenvolvimento Sustentável Conforme Oliveira (2005), as normas ISO 14000 foram desenvolvidas pelo comitê técnico TC-207 da ISO, este comitê é formado por representantes dos países membros. O comitê técnico teve como base na elaboração das normas ISO 14000 à experiência adquirida na elaboração das normas ISO 9000. No Brasil, elas foram desenvolvidas e traduzidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. O impacto da ISO 14000 nos negócios A conscientização com os aspectos ambientais da sociedade onde a empresa está inserida, faz com que as organizações que implantam a ISO em suas administrações, tenham uma vantagem competitiva em relação aos demais concorrentes, pois o consumidor enxergará essa organização não somente uma prestadora de serviços comum, mas sim como uma empresa que está interagindo com o interesse da sociedade. Se o consumidor pode escolher entre duas empresas com preço e qualidade similar, certamente ele dará prioridade a empresa que tem com o meio ambiente uma relação não danosa. Com uma visão voltada para o futuro, os legisladores estão criando leis mais rígidas, imputando sanções aos infratores, obrigando as empresas a encarar com seriedade e responsabilidade a variável ambiental em sua estratégia operacional. As seguradoras já passam a avaliar os riscos de acidentes ambientais na estipulação de prêmios de seguros. Conforme Oliveira (2005), a ISO 14000 permite a empresa demonstrar para seus consumidores que tem uma preocupação com o meio ambiente. A normatização é de cunho voluntário, sendo desta forma o mercado o grande exigente para a sua utilização. A certificação ISO 14000 tem validade por 3 (três) anos. Após esse prazo deverá passar por novas avaliações. A cada 6 (seis) meses, o sistema é auditado para que se verifique a continuidade dos requisitos da norma. O descumprimento pela empresa dos requisitos normativos acarretara na não revalidação da certificação. Em função disso, Oliveira (2005) descreve os principais objetivos para que as empresas estejam implantando sistemas de gerenciamento ambiental, sendo eles: 1. Redução de riscos com multas, indenizações, etc.; 2. Melhoria da imagem da empresa em relação a performance ambiental; 3. Melhoria da imagem da empresa quanto ao cumprimento da legislação ambiental; 4. Prevenção da poluição; 5. Redução dos custos com a disposição de efluentes através do seu tratamento; 6. Redução dos custos com seguro; 7. Melhoria do sistema de gerenciamento da empresa. Certificação ISO 14001 de Sistema de Gestão Ambiental http://ads.us.e-planning.net/ei/3/29e9/cfa010f10016a577?rnd=0.5788391738588954&pb=7c0ff5538b36eac6&fi=0cf39838e4ef7e67&kw=brasil UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 20 Desenvolvimento Sustentável A ISO 14001 é o principal documento das normas padrões ISO 14000, e foi elaborada após a série ISO 9000. Sendo especifico para os elementos mínimos de um SGA efetivo. A ISO 14001 é uma norma de gerenciamento organizacional, não é uma norma de certificação de qualidade de produtos. Conforme Oliveira (2005), a norma ISO 14001 "é um processo de gerenciamento das atividades da companhia que têm impacto no ambiente". Além destes conceitos, Oliveira (2005), cita algumas características importantes da ISO 14001: o Ela é compreensiva: todos os stakeholders participam na proteção do meio ambiente (os clientes, os funcionários, os acionistas, os fornecedores e a sociedade). São utilizados processos para identificar todos os impactos ambientais. Toda e qualquer tipo de empresa poderá utilizar a norma ISO 14001, tanto organizações industriais, como organizações prestadoras de serviços, de qualquer porte ou ramo de atividade. o Ela é pró-ativa: seu foco é na ação e no pensamento pró-ativo, não reagindo a políticas e comandos estabelecidos anteriormente. o Ela é uma norma de sistema: em um único sistema de gestão, ela reforça o melhoramento da proteção ambiental. Contudo a ISO 14001 necessita que as organizações possam desenvolver uma política ambiental com um compromisso para as necessidades, prevenção de poluição, e melhoria continua; conduzir um plano que identifica aspectos ambientais de uma operação e as exigências legais, fixa objetivos e metas consistentes com política e estabelece um programa de gerenciamento ambiental; implementar e operacionalizar um programa que inclua uma estrutura e responsabilidades definida, treinamento, comunicação, documentação, controle operacional, e preparação para atendimento a emergências; confira as ações corretivas incluindo o monitoramento, a correção, a ação preventiva e a auditoria; e faça uma revisão do gerenciamento. Para que uma empresa seja certificada pela ISO 14001 é necessário passar um processo de cinco etapas que inclui a solicitação do registro; revisão da documentação do SGA; uma revisão preliminar no local; uma auditoria de certificação e a determinação da certificação atual. Esta certificação é um processo contínuo no ato da certificação inicial e que tem sua continuidade com auditorias que irá avaliar a empresa com uma determinada periodicidade, para certificar se todas as conformidades estão de acordo com os padrões da ISO 14001. Contudo Oliveira (2005), afirma que a certificação pela ISO 14001 leva as empresas a ter certos benefícios, seus principais benefícios internos e externos são: Internos: 1. Melhoria na eficiência das operações com maior retorno nos investimentos; UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 21 Desenvolvimento Sustentável 2. Disciplina organizacional; 3. Reconhecimento e flexibilidade nalegislação; 4. Proteção dos investimentos no SGA; Externos: 1. Satisfação das necessidades contratuais; 2. Expansão de mercados e da base de clientes; 3. Maior competitividade; 4. Melhora da imagem para clientes, fiscalização, funcionários, investidores, comunidade local. O sistema de gerenciamento ambiental previsto pela norma contém os seguintes elementos: • Uma política ambiental suportada pela alta administração; • Identificação dos aspectos ambientais e dos impactos significativos; • Identificação de requisitos legais e outros requisitos; • Estabelecimento de objetivos e metas que suportem a política ambiental; • Um programa de gerenciamento ambiental; • Definição de papéis, responsabilidades e autoridade; • Treinamento e conhecimento dos procedimentos; • Processo de comunicação do sistema de gerenciamento ambiental com todas as partes interessadas; • Procedimentos de controle operacional; • Procedimentos para emergências; • Procedimentos para monitorar e medir as operações que tem um significativo impacto ambiental; • Procedimentos para corrigir não conformidade; • Procedimentos para gerenciamento dos registros; • Programa de auditorias e ação corretiva; • Procedimentos de revisão do sistema pela alta administração. Norma AA 1000 de Responsabilidade Social Kraemer (2005), afirma que as empresas de hoje são agentes transformadores que exercem grande influência sobre os colaboradores, os parceiros, a sociedade e o meio ambiente. Diante disto, procuram melhorias para o engrandecimento desses setores, com posturas éticas, transparência em seus serviços, responsabilidade social. Os empresários, neste novo papel, tornam- se cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais na relação de forças nas áreas ambiental e social. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 22 Desenvolvimento Sustentável Tendo em vista estes anseios organizacionais, a AA 1000 foi desenvolvida pelo Instituto de Responsabilidade Social e Ética – ISEA, foi criada para assistir organizações na definição de objetivos e metas, na medição do progresso em relação a estas metas, na auditoria e relato da performance e no estabelecimento de mecanismos de feedback, compreendem princípios e normas de processo. Os estágios das normas de processo são: • Planejamento; • Responsabilidade; • Auditoria e relato; • Integração de sistemas; • Comprometimento dos stakeholders. Segundo o mesmo autor, as normas de processo da AA1000 associam a definição e a integração de sistemas dos valores da organização com o desenvolvimento das metas de desempenho e com a avaliação e comunicação do desempenho organizacional. Por este processo, focalizado no comprometimento da organização para os stakeholders, a AA1000 vincula as questões sociais e éticas à gestão estratégica e às operações da organização. Não é um padrão certificável e sim um instrumento verificável de mudança organizacional, derivado da melhoria contínua, e de aprendizagem e inovação para servir de modelo do processo de elaboração; proporcionar mais qualidade a outros padrões específicos e complemento a outras iniciativas. Norma de Responsabilidade Social - NBR 16001/2004 Em 30 de dezembro de 2004 foi criada pela ABNT a NBR 16001:2004, uma norma de Responsabilidade Social que envolve todo o sistema de gestão organizacional, servindo de referência para as empresas brasileiras que queiram implantar, de forma sistêmica, um conjunto de técnicas de gestão da responsabilidade social. A NBR 16001:2004 foi desenvolvida para saciar os anseios dos empresários brasileiros, em seus estudos na área de Responsabilidade Social é pioneira, pois é a única que poderá certificar as organizações que iram implantá-la. Conforme Ohnuma (2005), a NBR ISO 9001:2000 (Qualidade), a NBR ISO 14001:1996 (Meio Ambiente) e a SA 8000:2001 (Responsabilidade Social), são de inteira compatibilidade com a estrutura da NBR 16001:2004 (política, objetivos, planejamento, medição, análise e melhoria contínua). Portanto, todas as organizações que estejam implantando algum tipo de "sistema de gestão", baseado nas séries de normas UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 23 Desenvolvimento Sustentável relacionadas anteriormente, tendem a ter maior facilidade para implantar e implementar os requisitos da NBR 16001:2004. Segundo o mesmo autor, as organizações para que possam implantar a NBR 16001:2004 deverá em sua política e em seus objetivos atender aos requisitos legais e promover o desenvolvimento humano e social, o bem estar da comunidade, a cidadania e o desenvolvimento sustentável, de forma transparente com a sociedade onde está inserida e tendo sempre consideração com os grupos de interesses – todas as pessoas ou grupos que tenham interesse ou que possam ser prejudicadas ou afetas pelas ações de uma organização. A NBR 16001: 2004 tem seu foco nas "pessoas"; a preocupação baseia-se no ser humano, nas pessoas, na sociedade, é o investimento na qualidade de vida das pessoas e não mais apenas nos procedimentos organizacionais e em seus produtos. Hoje o grande interesse da sociedade é sobre o retorno social que as organizações tendem a devolver para a elas. Essa visão gera uma atenção maior para todos os colaboradores organizacionais, são eles que buscam sempre a melhoria operacional de uma empresa, os processos tendem a ficar cada vez mais humanos e com maior envolvimento da sociedade com as organizações. A sociedade busca este reconhecimento com as empresas, e as empresas buscam uma maior integração com a comunidade. Em outras palavras, Ohnuma (2005), afirma que as organizações devem buscar sempre melhorias na qualidade de suas relações sociais e humanas, considerando os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, das Organizações das Nações Unidas, (1948); as Convenções da Organização Internacional do Trabalho; as Metas de Desenvolvimento do Milênio (2000), o Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros documentos que serviram como referência para a NBR 16001:2004. Para que as empresas possam estar em conformidade com a NBR 16001:2004, vale a pena ressaltar os compromissos e responsabilidades que a organização deverá estar abordando em sua gestão: • O compromisso com o desenvolvimento profissional, fazendo dos seus funcionários colaboradores em potencial; 1. A discriminação durante a contratação de pessoal; 2. Aplicando práticas leais de concorrência; 3. Obedecendo aos direitos dos trabalhadores; 4. A promoção da diversidade; 5. A implantação de um sistema de gestão de resíduos; 6. A inclusão social, entre outros aspectos. 7. Estes compromissos se caracterizam na base mínima de Responsabilidade Social que uma empresa deve implantar em sua gestão organizacional. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 24 Desenvolvimento Sustentável Conforme menciona a referida norma, o atendimento aos requisitos da NBR 16001:2004, não significa que a empresa é socialmente responsável, mas que tem implantado um sistema da gestão de responsabilidade social. As empresas e a cultura ambiental interna A cultura pode ser expressa pelo conjunto de costumes, comportamentos e normas presentes num grupo. É a interação entre os indivíduos. De acordo com Ullmann (1991:309), “dessa interação nascem aspectos novos, o que leva ao progresso, ao aperfeiçoamento, e até a mudanças.” Pettigrew(apud Tomei e Braunstein, 1993) entende cultura como um conjunto de significados pertencentes a um grupo que a molda de forma dinâmica. Todo indivíduo pertencente a uma empresa também desempenha papel na sociedade, na família, na religião e entre amigos. De certa forma, isso o caracterizará em alguns aspectos, poiso meio em que está inserido é foco de mudanças constantes, e estas refletirão na empresa. Pode ocorrer uma mudança na cultura organizacional quando são inseridos novos indivíduos ou quando a própria interação entre o grupo responde as transformações sociais. Entretanto, a mudança cultural pode ser estratégica, provocada pelos líderes organizacionais. É um processo gradativo e lento, principalmente quando se trata de estruturar valores (Tomei e Braunstein, 1993). Os artefatos culturais São os instrumentos materiais utilizados para direcionar a cultura organizacional, dando estimulação sensorial para executar atividades culturalmente expressas. Têm por objetivo disseminar a cultura dentro da organização. Classificam- se em ritos, cerimônias, estórias e mitos, heróis, tabus, normas e símbolos. Sahlins (1979) afirma que estas são as forças materiais usadas para determinar a cultura. Os membros da organização assimilam a cultura vigente quando a entendem, e a internalizam. Damanpour et all (1989) salientam que os artefatos culturais são importantes, principalmente, num processo de inovação da cultura. Estruturam a cultura indiretamente, através de jornais de circulação interna, festas e comemorações, rituais e cerimônias, prêmios e cartazes, etc. As implantações de novos paradigmas ambientais podem estar gerando mudanças nos valores, crenças, costumes e comportamentos dos integrantes das organizações. A preservação ambiental nunca foi fator primordial de interesse dos meios de produção, pois a política organizacional geralmente desconsiderava os prejuízos que poderiam ser causados ao meio ambiente. No entanto, os crescentes prejuízos ecológicos que vêm ocorrendo no planeta tendem a pôr em risco a sobrevivência. Este panorama coloca as organizações industriais como as principais causadoras do desequilíbrio ambiental, em virtude das substâncias químicas jogadas nos rios, ou lançadas no ar através de chaminés. Mazon (1992) afirma que a publicação de regulamentos referentes a problemas ambientais possibilita a incorporação de novos padrões culturais pela população. Outra forma de disseminar a “nova cultura ambiental” é através do controle UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 25 Desenvolvimento Sustentável da produção, tendo como objetivo o controle das substâncias químicas jogadas no rio, dos desmatamentos, bem como das queimadas. A visão tecnológica voltada para a prevenção da poluição exige desenvolvimento do conhecimento, técnicas e materiais adequados. É praticamente fundamental a formação de indivíduos capacitados, desenvolvedores de novos processos, procedimentos que visualizem os benefícios e as vantagens adquiridos dessa nova postura. (Geiser, apud Mazon, 1992). A reciclagem é uma destas alternativas, possibilita a reutilização de materiais e produtos, e tem trazido uma grande economia de recursos para as empresas. Donaire (1995) afirma que a reciclagem pode ocorrer pelo reaproveitamento dos resíduos no processo de produção ou pela venda dos mesmos para outras empresas. Outra forma é o desenvolvimento de novos processos produtivos utilizando- se resíduos e tecnologias limpas ao ambiente. As preocupações com o meio ambiente tiveram ênfase a partir de uma exigência dos consumidores referente ao conteúdo e a forma como os produtos são feitos, rejeitando qualquer agressividade ao meio ambiente. Entidades como o Greenpeace e o Partido Verde influenciaram a posição dos consumidores frente a preservação ambiental. O Partido Verde, movimento ecológico de caráter social fundado por Fernando Gabeira em 1979, não tem por objetivo a obtenção do poder, mas age como transformador da cultura política, o processo consiste na conscientização ambiental da população de nível cultural médio e alto. O movimento de defesa da Amazônia difundiu-se através da divulgação acirrada promovida por intermédio do Partido Verde, promovendo uma mentalidade mais inclinada à defesa ambiental no público em geral. (Pádua, 1987). Desta forma, preservação ambiental passou a ser um meio de atingir o mercado. Além de englobar a função produtiva, diz respeito, principalmente a função administrativa. Para Wood Jr (1995:194) “o processo de mudança cultural planejada poderia ser mais bem denominado de interiorização e agilização de macro tendências ambiental.” Esta assertiva sugere que o ambiente atua como condicionante para a mudança cultural e conseqüente aceitabilidade das mudanças. Deal e Kennedy (1988) delimitam alguns elementos culturais mais propícios para a implementação de mudanças. Entre eles os artefatos concretos da cultura, como os ritos, rituais e cerimônias, as lendas, os heróis, os mitos, os símbolos, servem como formas de se inculcar novos valores e, principalmente, mudanças. Segundo Fleury (1995) o processo de aprendizagem na organização implica em modificações decorrentes da incorporação da cultura vigente, e também na compreensão das mesmas. A cultura organizacional designa um conjunto de valores, comportamentos, símbolos, formas de comunicação, ritos, rituais, mitos, estórias que constroem a identidade organizacional. DADOS OBTIDOS Preservações Ambientais A preservação ambiental determina a preocupação com a destruição ecológica, tendo como objetivo a não agressão ao ecossistema. Conforme Donaire (1995), a preservação ambiental reflete atitudes e medidas utilizadas por uma empresa, que objetivam a UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 26 Desenvolvimento Sustentável proteção e conservação do meio ambiente, partindo do princípio da seleção da matéria prima, passando pelo desenvolvimento de novos processos e produtos, e culminando com o reaproveitamento da energia e a reciclagem de resíduos do processo produtivo. A constatação destas atitudes e medidas nas empresas da região, foi identificada pela ocorrência de políticas e técnicas relacionadas com existência, tratamento, reutilização e diminuição de resíduos industriais, bem como a racionalização do processo envolvendo conservação, utilização e racionalização de energia. Verificou-se através dos questionários, que 52% das empresas pesquisadas mencionam questões referentes à preservação ambiental já na integração do novato na empresa. Este percentual aumenta a partir do momento em que o empregado é efetivado após o período de experiência. Após este prazo, o empregado é treinado para execução de suas atividades, e neste treinamento 76% das empresas pesquisadas inserem conceitos relacionados à preservação ambiental. Ao longo da vida profissional de seus empregados as empresas podem continuar a reforçar os conceitos de preservação ambiental. Esta acertiva foi constatada em 60% das empresas, que ministram seminários, palestras, cursos ou reuniões referentes ao meio ambiente e formas de diminuir a agressão à natureza. Constatou-se que as novas tendências de preservação ambiental estão sendo incorporadas pelas empresas de uma forma lenta, mas gradativa. Do total das empresas pesquisadas, 12% (doze por cento) preocupam-se com as normas de preservação ambiental devido as exigências do mercado externo, principalmente Europeu, Asiático e Americano. A gestão ambiental nas organizações Os problemas ambientais em nível mundial começam a se tornar preocupantes. Como exemplos significativos, destacam-se o aumento de temperatura da Terra, a destruição da camada de ozônio, o esgotamento acelerado dos recursos naturais, etc. Todos estes problemas levam à busca de um novo modelo de crescimento econômico que considere mais a preservação do meio ambiente. Está claro que a solução para todos estes problemas deve ocorrer em vários níveis: Indivíduo: que deve tomar posturas que respeitem mais o meio ambiente a fim de limitar o consumo e economizar recursos naturais. Empresas: que devemfuncionar reduzindo ao máximo seu impacto ambiental negativo. Poder Público: cuja função primordial é regulamentar o modelo final de funcionamento que respeite o meio ambiente. UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 27 Desenvolvimento Sustentável Desta forma, as empresas não podem ignorar sua obrigações ambientais: a pressão dos consumidores e as imposições normativas, obrigam-nas a conceber produtos e sistemas de produção e distribuição que minimizem os impactos ambientais negativos. Até poucos anos atrás, as empresas consideravam estas questões como uma imposição dos sistemas de proteção ambiental, que implicavam aumento de custos.Mas hoje, os aspectos ambientais começam a ser considerados como fatores competitivos, que podem conceder à empresa uma vantagem no mercado. De fato, uma política ambiental bem concebida pode ajudar a reduzir custos, assim como gerar benefícios marginais pela comercialização dos resíduos, além de conduzir a segmentos de mercado especialmente rentáveis. A cada dia fica mais óbvio que, para uma atividade empresarial ser mais eficiente, faz- se necessária a introdução de critérios ambientais no processo produtivo, e é por este motivo que o projeto de uma correta gestão ambiental na emprese desempenha um papel fundamental. Uma das ferramentas ideais para fazer com que as empresas priorizem as políticas de prevenção, ao invés das de correção, são os Sistemas Voluntários de Gestão Ambiental. Definitivamente, pode-se afirmar que os custos ambientais das atividades industriais não são contabilizados. Não obstante, deve-se ter uma idéia clara de que, apesar de significar em curto prazo um custo para as empresas investir na proteção e na garantia de qualidade de vida, com toda segurança, este custo será infinitamente inferior ao valor da qualidade de vida e do bem-estar da humanidade. Medidas de Proteção Ambiental As atividades industriais podem interferir no meio ambiente através de diversas maneiras em seus processos como produção (utilização de matérias primas, energia e água e conseqüente emissão atmosféricas, efluentes, geração de resíduos sólidos, ruído e vibração), distribuição, comercialização, etc. Inúmeras medidas de proteção buscam minimizar os impactos produzidos pelos processos produtivos das empresas. No entanto, essas medidas visam o tratamento do resíduo após sua geração (medidas de caráter corretivo), onerando assim o processo produtivo devido o custo elevado da implantação de sistemas de tratamentos. Por isso, UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 28 Desenvolvimento Sustentável deve-se buscar formas que viabilizem a otimização desses processos. A correta gestão das variáveis ambientais é o que permite essa otimização. Por isso, as empresas necessitam trabalhar atuando nos seguintes pontos: • Redução do consumo de energia; • Gestão correta de resíduos; • edução do consumo de matérias-primas; • Redução do consumo de água; • Gestão correta das águas residuárias e efluentes líquidos; • Gestão dos ruídos; • Gestão de emissões atmosféricas; • Análise de ciclo de vida de produtos (ACV); • Cumprimento da legislação ambiental. Para colocar em prática um Sistema de Gestão Ambiental faz-se necessário: • Elaborar uma política ambiental. • Fixar objetivos e metas. • Elaborar um plano de atuação em meio ambiente. • Política Ambiental O primeiro passo que uma empresa deve tomar para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, é a implantação de uma política ambiental. Essa política ambiental pode ser definida como uma declaração de objetivos, elaborada pela própria empresa, que exponha o compromisso adotado para melhorar sua atuação em relação ao meio ambiente. Essa declaração deve ser de conhecimento público. Ética e desenvolvimento social A conduta ética pressupõe um agente consciente, é dizer, que saiba distinguir a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, reprovável e não reprovável, virtude e vício. Deter a capacidade de realizar essa diferenciação é deter o que se designa "consciência moral" que permite aos seres humanos adequar, ao menos de maneira hipotética, suas ações e sentimentos de acordo com os valores socialmente aceitáveis dentro de um grupo. Nesse sentido, consciência e responsabilidade são condições indissociáveis de uma vida ética e características essenciais da figura de um governante apto a exercer o comando de uma nação com responsabilidade e compromisso. O cenário ideal para as relações fundadas na ética e que, de fato, possibilitarão a realização do processo de desenvolvimento na melhor acepção da palavra é sem sombra de dúvida o ambiente democrático. Adentra-se aqui à complexa e delicada questão sobre a necessidade ou não de que se tenha uma democracia para que se UNIP – Universidade Paulista Professora Rosi Garcias Apostila de DS 29 Desenvolvimento Sustentável tenha desenvolvimento. É uma polêmica que engendra debates acalorados e muitas vezes sem respostas definitivas. No início do pós-guerra, costumava-se alegar que os países em desenvolvimento não poderiam nutrir expectativas quanto a manutenção das dispendiosas instituições democráticas. Passados os anos, a visão que, de certa forma, prevalece hoje é de que a democracia ajuda o desenvolvimento econômico e por isso deve ser impulsionada nos países em desenvolvimento. Há quem diga também que a democracia é mais um resultado do que propriamente um precondição ao desenvolvimento. Uma precondição ou um resultado, o fato é que a democracia oferece as peças fundamentais para o desenvolvimento das liberdades individuais e conseqüentemente das potencialidades de homens e mulheres. Assim, tomaremos como situação desejável aquela representada pelo Estado Democrático de Direito, não obstante seus inúmeros defeitos e incompletudes. Essa posição é plenamente justificável, se considerarmos que o Brasil nas suas relações internacionais defende tal posicionamento. Nas palavras de Marco Antônio Diniz Brandão, "O Brasil acredita que o reconhecimento da interrelação entre democracia, desenvolvimento e direitos humanos tem como decorrência lógica a necessidade da cooperação internacional9". O caminho em direção ao desenvolvimento sustentável consiste essencialmente nas escolhas a serem realizadas pelos governantes de cada estado. Nesse sentido, é necessária uma correspondência efetiva entre aquilo que se encontra escrita nas bases e do Estudo Democrático, isso é, na Carta Maior, a realidade circundante. Não se pode propor aquilo que não se pode fazer. Os compromissos assumidos e dispostos, especialmente na constituição, não deveriam ser tomados como meros ideais ou aspirações fatalmente inalcançáveis, mas como propostas de ação efetiva, O desenvolvimento somente é possível se há habilidade. Assim, é de se observar que as democracias, conquanto maculadas por inúmeros defeitos, ainda se apresentam como os ambientes mais propício as a realização do ideal de desenvolvimento e uma análise histórica da cronologia do desenvolvimento aponta igualmente nesse sentido. O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Nosso Futuro Comum Conferência da Terra Rio + 10
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