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SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL PROF.º Dr. Gustavo Pisano Mateus PROF.º Dr. Victor Vinícius Biazon SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 AULA 16 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4 SUSTENTABILIDADE 11 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) 18 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO SOCIAL 26 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃOAMBIENTAL 40 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO ECONÔMICA 48 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO INSTITUCIONAL 58 A RESPONSABILIDADE SOCIAL, PROPRIAMENTE DITA 71 RESPONSABILIDADE SOCIAL ORGANIZACIONAL E A LÓGICA DO MERCADO GLOBAL 79 MARKETING SOCIAL 90 MARKETING SOCIETAL 99 RESPONSABILIDADE SOCIAL: A LÓGICA INSTITUCIONAL 107 CERTIFICAÇÕES NACIONAIS E INTERNACIONAIS DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL 117 BALANÇO SOCIAL E OS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE 124 SUSTENTABILIDADE COMO RESPONSABILIDADE ÉTICA 133 PSICOLOGIA SOCIAL E AMBIENTAL: INFLUÊNCIAS DE PRODUÇÃO E CONSUMO 142 INTRODUÇÃO Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando seus estudos sobre Sustentabilidade e Responsabilidade Social! Discutir acerca destes temas refere-se a um processo de transformação, pois quando dedicamos e investimos tempo de nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, para tratar de tais assuntos, estamos caminhando para uma transformação pessoal e, consequentemente, para uma transformação da sociedade na qual estamos inseridos. Discutir sustentabilidade e sua aplicabilidade em nível empresarial, embora pareça simples, requer compreensão, maturidade e disrupção dos paradigmas atrelados ao senso comum. Tratam-se de temas muito amplos e complexos que exigem, acima de tudo, uma mudança em nossas reflexões e em nossa lógica. Essa mudança nos leva a refletir sobre o nosso papel perante o meio ambiente. Devemos considerar que somos apenas uma das milhares e milhares de células desse perfeito organismo chamado planeta Terra. E não pense aqui que estamos fazendo uma provocação quanto à insignificância de nossas ações individuais; o objetivo aqui é o despertar de uma consciência coletiva, e da promoção de ações que estejam em consonância com os pressupostos ambientais e sociais, refor- çando assim, a ideia de que mesmo uma ação positiva que venha a ser realizada de forma isolada é sim muito relevante. Ao longo desta disciplina apresentaremos os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ou ODS, que versam sobre as medidas traçadas e propostas para que até 2030 possamos em coletividade e de forma colaborativa com todas as nações alcançar e nos aproximar da sustentabilidade. Para tanto, em atendimento a uma série de prerrogativas históricas, as Organização Nações Unidas (ONU), estabele- ceu 17 grandes objetivos a serem alcançados nos mais variados segmentos sociais e organizacionais para que, de fato, possamos caminhar para uma sociedade mais justa e solidária. Trata-se então, caro(a) estudante, de uma singela contribuição para sua refle- xão dos caminhos a serem percorridos para evoluirmos e sermos sustentáveis. Alertamos que haverá a necessidade de reflexão, inquietação e aprimoramento dos conhecimentos até aqui construídos e consolidados. Você perceberá que a estrutura desta obra encontra-se embasada em uma linguagem dialógica, com fluidez no assunto, apresentando exemplos contemporâneos e que poderão ser de grande relevância na a sua futura carreira profissional de sucesso! Assim, de- sejamos a você, bons estudos! DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AULA 01 5 Caro estudante, para que possamos iniciar nossas reflexões acerca do meio ambiente e as formas de desenvolvimento social e suas relações com o desen- volvimento sustentável, precisamos, antes de tudo, definir e conceituar “meio ambiente”, em especial quando consideramos a urgência dessa temática em um panorama mundial. Mas para que possamos compreender esse “simples” conceito devemos traçar uma trajetória histórica. Em uma perspectiva histórica podemos afirmar que as definições atuais, e consequentemente o próprio conceito de meio ambiente, são reflexos de uma série de estudos, reflexões e eventos históricos. Fazendo uma breve relação com a história nacional, embora nosso país tenha sido explorado de forma desenfreada e imensurável no período da colonização portuguesa, os esforços iniciais para o desenvolvimento de que mais tarde se transformou em uma política ambiental efetiva, aconteceu na década de 1930 quando o Brasil começou a “caminhar” rumo à industrialização, visto que esse movimento e/ou período de desenvolvimento de processos industriais foi mar- cado pela exploração intensiva de recursos naturais e impactos ambientais sig- nificativos. Já em uma perspectiva internacional, as preocupações para com o ambiente tornaram-se significativas em 1960, atingindo seu ápice na década seguinte, com a publicação do relatório e marco histórico intitulado: Os limites do crescimento (The limits to Growth) divulgados pelos intelectuais e empresários que faziam parte do Clube de Roma. Conforme Salheb et al. (2009), esse relatório buscava a limitação do desenvolvimento econômico baseado na extração de recursos naturais, porém para os países em desenvolvimento como o Brasil, as sugestões do relatório não foram convenientes, uma vez que limitava a exploração de recursos, “dificultando” consequentemente seu desenvolvimento econômico. Uma das principais contri- buições deste relatório consistiu no despertar da consciência ambiental, uma vez que na conclusão deste relatório foram apresentado indícios e indicadores de desenvolvimento do planeta que alertavam sobre os níveis de industrialização, poluição e exploração de recursos fazendo com que a capacidade de suporte do planeta fosse atingido em até 100 anos a partir de sua data de publicação. Assim, caro(a) aluno(a), apesar das discussões e controvérsias envolvendo o conceito de meio ambiente e a preocupações como o mesmo, a definição deste termo somente foi disposto em nosso país de forma efetiva em 1981 com a pu- blicação da Lei nº. 6.938/81 que discorria acerca da Política Nacional do Meio Am- 6 biente, que em seu art. 3º definia meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Entretanto, ao analisarmos esse conceito, é comum nos pensarmos somente em ambientes naturais, paisagens e ecossistemas como meios de obtenção de recursos naturais. Tal pensamento se faz “parcialmente” correto, uma vez que o conceito apresentado deveria ser mais abrangente, englobando ambientes “natu- rais” oriundos da intervenção humana, conforme descrito por Silva (2004), o qual versa sobre o meio ambiente enquanto: [...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais correlatos, com- preendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico” (SILVA, 2004, p. 20). Nesse entendimento, passamos a considerar as alterações de formato, estru- turas e configuração exercidas sobre o meio ambiente como parte de sua com- posição. Nesse viés, a Constituição Federal de 5 de Outubro de 1988, alterou a definição “legal” deste conceito, passando a incluir uma vertente relacionada ao trabalho, voltada ao desenvolvimento e as discussões dos direitos trabalhistas, muitos significativos neste período. A tabela 1, a seguir, explicita as definições de meio ambiente apresentadas na constituição: Tabela 1 - Tipos de Ambiente Natural Artificial Cultural (Patrimônio) Trabalho Fauna Flora Ecossistemas Solo Água Atmosfera Conjunto de edifica- ções particulares ou públicas, principal- mente urbanas Cultural Artístico ArqueológicoPaisagístico Manifesta- ções culturais e popula- res Conjunto de condições existentes no local de trabalho relacionadas a qualidade de vida do trabalhador (Art. 225, § 1°, I e VII) (Art. 5°, XXIII, art. 21, XX e art. 182) (Art. 225, § 1° e § 2 º) (Art. 7°, XXXIII, e art. 200) Fonte: Alencastro (2012). Aqui, passamos a uma percepção mais “ampla” de meio ambiente! Assim, pode- mos inferir que dependemos diretamente do meio ambiente para a sobrevivência, uma vez que tudo que está a nosso redor é considerado um componente do meio. 7 Portanto, qualquer “forma” ou classificação do ambiente está relacionada com o bem estar da população e consequentemente com o desenvolvimento social. Acreditamos que após todos esses conceitos aprendidos, nem precisaríamos dizer que uma “falência ambiental” nos traria sérias consequências. Por fim caro aluno, toda e qualquer pressão que exercemos resulta em uma alteração ou im- pacto das mais variadas amplitudes, nos guiando a seguinte conclusão: nossa capacidade de influenciar e modificar o meio é que deve ser repensada! E deve estar em conformidade com um desenvolvimento sustentável, propriamente dito. Para pensarmos em desenvolvimento sustentável e em seu conceito, precisa- mos compreender a relação do homem (Homo sapiens sapiens) com o ambiente e com as demais espécies presentes no planeta Terra. Dito isso, os seres humanos destacam-se principalmente em função de sua capacidade de transformação do ambiente. Isso não significa que outras espécies não sejam providas de intelecto, porém o ser humano evolutivamente apresenta características e habilidades que o fazem capaz de adaptar-se. Historicamente, o homem teve sua separação da condição animal quando dominou o fogo, porém uma série de outros fatores possibilitaram o desenvol- vimento dessa capacidade de adaptar-se, dentre eles: a linguagem, a vida em “sociedade”, o cultivo do próprio alimento, crenças, consciência da própria Morte; razão; moral; domínio tecnológico apurado; capacidade de aprendizagem; em especial a capacidade de alteração ou modificação do meio em que vive (NINIS e BILIBIO, 2012). Com o passar do tempo, esta capacidade do homem fez com que o ambiente fosse sendo constantemente alterado. Os meios naturais que já possuíam dinâmi- cas próprias, inerentes a influência do homem, caracterizadas principalmente por meio do fluxo de energia e matéria entre seus elementos constituintes, passaram a ser substituídos por ambientes artificiais, voltadas a produção em ampla escala de bens e serviços (CORTEZ; ORTIGOZA, 2009). As diversas alterações ambientais de origem antrópicas apresentaram diversas vertentes positivas e negativas, um exemplo clássico desta afirmação é repre- sentado pela Revolução Industrial, período no qual houve intensa exploração de recursos naturais e consequentemente elevada geração de resíduos persistentes, em contrapartida, o mesmo período proporcionou amplo desenvolvimento de no- vas tecnologias e vasto conhecimento sobre processos produtivos, bens e serviços que influenciaram na melhoria da qualidade de vida da população no período. 8 Logo, o desenvolvimento da ciência e de tecnologias para otimizar qualquer processo produtivo, apesar de necessário para o atendimento das demandas populacionais cada vez mais crescentes, tomaram vias contrárias ao equilíbrio e manutenção ambiental. Diversos autores indicam que a crise ambiental da moder- nidade é oriunda de um modelo societário pautado em metodologias desenvolvi- mentistas e com visão exclusiva ao progresso científico e tecnológico, resultando assim em uma sociedade extremamente consumista e utilitarista que atrela a degradação ambiental apenas a uma mínima consequência de seus processos (CAPRA 2012; LEFF 2010). Para Sampaio e colaboradores (2013) o estabelecimento do sistema capitalista, no qual vivemos se consolida por meio da degradação am- biental, e é baseado em teorias neoclássicas que buscam legitimar cientificamente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo. A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva Ambiental de Kuznets que estabelece uma relação direta entre a distribuição in- dividual de renda e a degradação ambiental. Por meio de dados de crescimento e distribuição de renda de países como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, o autor desenvolveu uma curva em “U invertido”, que indica a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do desenvolvimento econômico, mas fatores como alterações na composição da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos, em teoria, a partir de determinado ponto, resultarão em tendências favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja, melhor distribuição de renda e consequentemente um consumo mais racional dos recur- sos naturais. 9 Figura 1 - Curva de Kuznets Fonte: elaborado pelo autor. Nessa perspectiva, independente do modelo teórico utilizado para a com- preensão do desenvolvimento é fato que deve haver uma harmonização entre o desenvolvimento/crescimento econômico e a exploração de recursos naturais e ecossistêmicos. Assim, discutimos nessa primeira aula acerca da “linha tênue” e frágil do desen- volvimento em conformidade com as questões ambientais e o atendimento das demandas populacionais e da intensificação dos processos produtivos. É preciso que haja uma conformidade, ou o que aqui passaremos a denominar de Desen- volvimento sustentável, que deve ser compreendido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”. Em outros termos, trata-se do desenvolvimento que preocupa-se não apenas com o desenvolver e com o produzir, mas que também contempla as dimen- sões ambiental e social nesse “tripé” da sustentabilidade ou triple bottom line em algumas bibliografias. A representação do tripé da sustentabilidade pode ser observado na imagem abaixo: 10 Anote isso O conceito de desenvolvimento sustentável refere-se aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades. 11 SUSTENTABILIDADE AULA 02 12 Olá caro(a) aluno(a), nesta aula iremos conhecer e discutir sobre a sustentabili- dade! É fato que a preocupação com o meio ambiente cresceu de forma acentuada desde as últimas décadas, a partir de uma “conscientização da sociedade geral” em relação aos impactos das atividades humanas. Cabe também reforçar a ideia de que essa preocupação com o meio ambiente deve ser colocada em prática o mais cedo possível, sendo esta difundida e perpe- tuada nos anos iniciais da educação básica. Esse argumento é importante quando em especial se considerarmos que a população mundial está crescendo de forma expressiva e com esse crescimento vem a degradação do meio ambiente. Para termos uma ideia da dimensão daquilo que iremos discutir, a população mundial cresceu quatro vezes no século XX, passando de cerca de 1,5 bilhão em 1990, para 7 bilhões em 2011, com projeções de 9 bilhões de habitantes em 2050. Em face dessa realidade, buscar medidas, discutir e difundir conceitos que devem ser entendidos e projetados para a dimensão social, empresarial e organi- zacional se faz essencial neste momento! Você se lembra de nossa primeira aula onde discutimos que a degradação ambiental ocorre para o desenvolvimento? E que muitas vezes a nossa forma de pensar e agir sobre o meio ambiente é que devem ser repensadas? É nesse entendimento que iremos discutir e pensar em sustentabilidade! A sustentabilidade e o Desenvolvimento Sustentável abordado em nossa úl-tima aula, para Stepanyan e colaboradores (2013), tem uma aproximação muito grande em termos de significado e embora sejam muito utilizados em leituras científicas, no setor privado e nos textos de políticas públicas, ainda nota-se uma “falta de consenso” entre esses conceitos. Ainda para os mesmos autores os signi- ficados destes termos e a aproximação entre eles variam na literatura em função do número de perspectivas e vinculações a diferentes contextos e campos de atuação. Para Barbosa e colaboradores (2014), mesmo com a ausência de “consenso geral” em relação aos termos, existe uma aceitação coletiva em relação aos signi- ficados, que de forma geral traduzem a busca desse equilíbrio entre as necessi- dades dos seres humanos e o meio ambiente, e em compreender suas dinâmicas específicas de interação. Feil e Schreiber (2017), versam que outro aspecto inte- ressante sobre os termos é a representação de um ideal positivo e a busca pelo bem-estar humanos em longo prazo por meio da gestão do sistema ambiental humano. 13 Faremos dessa problemática um dos objetivos na nossa aula: conceituar sus- tentabilidade e compreender sua aproximação do conceito de desenvolvimento sustentável! Mas inicialmente iremos conhecer um pouco da trajetória histórica que auxiliou nesse processo. Essa construção ocorreu em face de uma série de eventos nacionais e inter- nacionais (escala global) que discutiam o tema. Segundo Ayres (2018), por meio da ONU - Organização das Nações Unidas, foram realizadas as Conferências In- ternacionais do Meio Ambiente, inicialmente em Estocolmo (1972), em segunda oportunidade no Rio de Janeiro (1992), seguidas por Johanesburgo (2002) e nova- mente no Rio de Janeiro (2012). A atenção dada às questões ambientais está amparada pelo texto constitucio- nal (1988) em seu artigo 225 que expressa sobre as responsabilidades do poder público em assegurar um meio ambiente equilibrado e de qualidade para futuras gerações, assim como garantir a aplicabilidade na forma da lei para cumprimento de determinações legais, garantidas nos dispositivos constitucionais. Quadro 1 – Resumo dos principais acontecimentos relacionados ao desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade. ANO ACONTECIMENTO OBSERVAÇÃO 1962 Publicação do livro “Pri- mavera Silenciosa” (Silent spring) Livro publicado por Rachel Carson que teve grande repercussão na opinião pública e expunha os perigos do inseticida DDT. 1968 Criação do Clube de Roma Organização informal cujo objetivo era promover o entendimento dos componentes variados, mas indepen- dentes – econômicos, políticos, naturais e sociais -, que formam o sistema global. 1968 Conferência da Unesco sobre a conservação e o uso racio- nal dos recursos da biosfera. Nessa reunião, em Paris, foram lançadas as bases para a criação do Programa: Homem e a Biosfera (MAB). 1971 Criação do Programa MSB da UNESCO Programa de pesquisa no campo das Ciências Naturais e sociais para a conservação da biodiversidade e para a melhoria das relações entre o homem e o meio ambien- te. 1972 Publicação do livro “Os limites do crescimento” Informe apresentado pelo Clube de Roma no qual previa que as tendências que imperavam até então conduzi- riam a uma escassez catastrófica dos recursos naturais e a níveis perigosos de contaminação num prazo de 100 anos. 14 1972 Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambien- te Humano em Estocolmo, Suécia A primeira manifestação dos governos de todo o mundo com as consequências da economia sobre o meio am- biente. Participaram 113 Estados-membros da ONU. Um dos resultados do evento foi a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA). 1980 I Estratégia Mundial para a Conservação A IUCN, com a colaboração do PNUMA e do World Wil- dlife Fund (WWF), adota um plano de longo prazo para conservar os recursos biológicos do planeta. No docu- mento aparece pela primeira vez o conceito de desen- volvimento sustentável. 1983 É formada pela ONU a Comissão sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) Presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, tinha como objetivo examinar as relações entre meio ambiente e o desenvolvimento e apresentar propostas viáveis. 1987 É publicado o informe Brundtland, da CMMAD, o “Nosso Futuro Comum”. Um dos mais importantes sobre a questão ambiental e o desenvolvimento. Vincula estreitamente economia e ecologia e estabelece o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvimento, formalizando o conceito de desenvolvimento sustentável. 1991 II Estratégia Mundial para a Conservação: “Cuidando da Terra” Documento conjunto do IUCN, PNUMA e WWF, mais abrangente que o formulado anteriormente; baseado no Informe “Brundtland”, preconiza o reforço dos níveis políticos e sociais para a construção de uma sociedade mais sustentável. 1992 Conferência das Nações Uni- das sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Cúpula da Terra. Realizada no Rio de Janeiro, constitui-se no mais impor- tante foro mundial já realizado. Abordou novas pers- pectivas globais e de integração da questão ambiental planetária e definiu mais concretamente o modelo de desenvolvimento sustentável. Participaram 170 Estados, que aprovaram a Declaração do Rio e mais quatro docu- mentos, entre os quais a Agenda 213. 1997 Rio + 5 Realizado em New York, teve como objetivo analisar a implementação do Programa da Agenda 21. 1997 Protocolo de Kyoto Visa combater o aquecimento global que causa o efeito estufa. 2000 I Foro Mundial de âmbito Ministerial – Malmo (Suécia) Teve como resultado a aprovação da Declaração de Malmo, que examina as novas questões ambientais para o século XXI e adota compromissos no sentido de contribuir mais efetivamente para o desenvolvimento sustentável. 2002 Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – Rio + 10 Realizada em Johanesburgo, nos meses de agosto e setembro, procurou examinar se foram alcançadas as metas estabelecidas pela Conferência do Rio-92 e serviu para que os Estados reiterassem seu compromisso com os princípios do desenvolvimento sustentável. 15 2009 - Substituição do Protocolo de Kyoto; - Acordo de Copenhague (Dinamarca); - Convenção sobre Mudança Climática das Nações Unidas; Conferência da ONU sobre mudanças climáticas: 120 chefes de Estado e de Governo. 2012 Conferência das Nações Uni- das sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou Rio +20. Realizada no Rio de Janeiro, assim como sua predeces- sora Eco92, procurou avaliar as metas acordadas inicial- mente, assim como avaliar o andamento dos processos vinte anos após a consagração da Agenda 21. Fonte: Disponível em: <http://unimersa.files.wordpress.com>. Acessado em: 15 maio 2019. Esses eventos, acontecimentos, conferências foram fundamentais para uma adequada definição do conceito de sustentabilidade! E foram ainda responsá- veis na participação da construção e do raciocínio que originaram os objetivos do desenvolvimento sustentável, que serão apresentados mais em um segundo momento. Segundo Sartori et al. (2014), o entendimento da sustentabilidade consiste na capacidade do sistema global, contemplando a integração do ambiental humano com um sistema indissociável, mantendo a qualidades e propriedades em níveis próximos, sempre considerando as alterações dinâmicas provocadas pelas variá- veis que surgem ao longo do tempo. Assim caro(a) leitor(a), para atender ao nosso objeti- vo de conceituar a sustentabilidade, vejamos a definição abaixo: Anote isso A sustentabilidade é um termo que expressa a preocupação com a quali- dade de um sistema que diz respeito à integração indissociável (ambiente e humano), e avalia suas propriedades e características, abrangendo os aspectos ambientais, sociais e econômicos. Fonte: FEIL, A. A.; SCHREIBER, D. Sustentabilidade e desenvolvimento sus- tentável: desvendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cad EBRAPE.BR, v.14, n. 3, Rio de Janeiro, 2017. Agora que nós já conhecemos o conceito, vamos juntos verificar a evolução da sustentabilidade nas organizações? A sustentabilidade no meio corporativo ou industrial está difusa nos processos produtivos e atrelada às estratégias empresariais cujos objetivos e metas incluam http://unimersa.files.wordpress.com/2012/04/dias_o_ds_como_novo_paradigma.pdf 16 desempenhar atividades diferentes dos concorrentes ou desempenhar as mes- mas atividades de modo diferente (PORTER, 1999). Para Barbieri (2011), a empresa que se antecipa no atendimento dessas novas demandas por meio de ações legítimas e verdadeiras de preservação ao meio am- biente acaba criando um importante diferencial estratégico. Trata-se de “um olhar sustentável sobre o mundo empresarial” que foi sendo aprimorado em função do tempo e das abordagens estratégicos nas diferentes organizações (ANTUNES, 2013). Observe que as ações deixam de ser reativas e passam a ser proativas e seguem no sentido da inovação e da diferenciação no mercado. Quadro 2 – Evolução dos conceitos e estratégias sustentáveis com seus respectivos pontos de interesse e atuação. Sustentabilidade 1.0 Sustentabilidade 2.0 Sustentabilidade 3.0 Sustentabilidade 4.0 Projetos Ações pontuais Processo Reativa Reativa Proativa Responde demanda de stakeholders atra- vés de projetos e/ou atende deman- das pontuais das áreas de negócio ou de produção Busca formas de maximizar o valor da marca através da co- municação das ações sociais e ambientais da empresa Atua integrada aos processos da empresa, fazendo parte do dia a dia das áreas de negó- cio ou de produção. O que eu tenho de mudar nos meus processos para alcançar a susten- tabilidade? Daqui algumas décadas a sustentabilidade 3.0 não será suficiente. Como uma empresa sobreviveria num cená- rio onde o mundo não precisa dela? Mitiga impactos Gera reputação Minimiza riscos Assegura a empresa no mercado Custo Custo Investimento Visão de longuíssimo prazo Fonte: Adaptado de Antunes (2013). Por fim caro(a) leitor(a), isso possibilita ampliar o horizonte acerca das aplica- ções da sustentabilidade que se efetiva por meio da adoção de técnicas voltadas ao processos produtivos que esgotaremos em um segundo momento. Esperamos que você possa ter compreendido o conceito e um pouco acerca da aplicação deste vasto e tão relevante conceito! 17 REFERÊNCIA ANTUNES, J. Sustentabilidade 4.0 – A Inovação como fonte de sustentabilidade para as empresas. In:______. Um olhar sustentável sobre o mundo empresarial. Rio de Janeiro, 2013. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, modelos e instrumen- tos. São Paulo: Editora Saraiva 3., 2011, p. 376. BARBOSA, G. S.; DRACH, P. R.; CORBELLA, O. D. A Conceptual Review of the Ter- ms Sustainable Development and Sustainability. International Journal of Social Sciences, v. III, n. 2, 2014. FEIL, A. A.; SCHREIBER, D. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: des- vendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cad EBRAPE.BR, v. 14, n. 3, Rio de Janeiro, 2017. PORTER, M. E. Competição: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SARTORI, S. et al. Sustainability and sustainable development: A taxonomy in the field of literature. Ambiente & Sociedade, v. XVII, n. 1, p. 1-20, 2014. STEPANYAN, K.; LITTLEJOHN, A.; MARGARYAN, A. Sustainable e-Learning: Toward a Coherent Body of Knowledge. Educational Technology & Society, v. 16, n. 2, p. 91-102, 2013. 18 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS) AULA 03 19 Olá caro(a) leitor(a), a presente aula irá destinar-se a compreensão dos Ob- jetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Porém, antes de conhecer tais objetivos que são tão relevantes para todos os profissionais e cidadãos contem- porâneos, iremos conhecer um pouco de sua trajetória e o que levou de fato a origem de tais objetivos. Sabe-se que a atenção as condições humanas no que tange a saúde, aten- dimento as necessidades básicas, educação e qualidade de vida tem recebido enfoque internacional constante. E tal atenção e preocupação global levaram a criação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Mas o que são os ODM? Iremos juntos compreender! Segundo Souza (2015), os ODM corresponderam a uma iniciativa global da Organização Nações Unidas (ONU) nos anos 2000 em acordo com o governo de cerca de 185 países-membros da ONU. Tratavam-se de 21 metas a serem atingidas entre os anos 2000 – 2015, tendo por base os dados e registros dos anos 1990, a partir de um esforço coletivo entre esses países, objetivando o desenvolvimento social e a eliminação da extrema pobreza. Anote isso Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram oito grandes objetivos globais assumidos pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), os quais, em seu conjunto, almejavam fazer com que o mundo progredisse rapidamente rumo à eliminação da extrema pobreza e da fome do planeta, fatores que afetavam especialmente as populações mais pobres, dos países menos desenvolvidos. Fonte: ROMA, J. C. Os objetivos de desenvolvimento do milênio e sua tran- sição para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Cienc. Cult., São Paulo, v. 71, n. 1, p. 33-39, 2019. Disponível em: <https://bit.ly/2QdsExt>. Acesso em: 08 jun. 2019. De acordo com Roma (2019), o marco regulatório dos ODM foi a Resolução nº 55/2 da Assembleia Geral da ONU, que recebeu o nome de “Declaração do Milênio das Nações Unidas”. Ainda segundo Roma (2019 p. 34): 20 [...] tal resolução foi apresentada durante a 55ª sessão da Assembleia Geral, a cha- mada “Cúpula do Milênio das Nações Unidas”, realizada de 6 a 8 de setembro de 2000, na sede da ONU, em Nova Iorque, Estados Unidos. Segundo esse importante documento, o principal desafio a ser enfrentado àquela época era garantir que a globalização se tornasse uma força positiva para todos os povos do mundo, uma vez que, embora fosse reconhecido que esta oferecesse grandes oportunidades, seus benefícios eram compartilhados de maneira desigual pelas nações, com os países em desenvolvimento e economias em transição enfrentando grandes dificuldades para alcançá-los, ainda que sentissem os seus elevados custos. Os oito ODM segundo o Relatório sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (2015), contemplados e propostos por tal resolução foram: • Erradicar a extrema pobreza e a fome: “Até 2015, reduzir a pobreza extrema à metade do nível de 1990”. • Universalizar a educação primária: “Até 2015, garantir que meninos e meninas tenham a oportunidade de terminar o ensino primário”. • Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres: “Até 2015, eliminar as disparidades entre os sexos em todos os níveis de ensino”. • Reduzir a mortalidade na infância: “Até 2015, reduzir a mortalidade na infância a dois terços do nível de 1990”. • Melhorar a saúde materna: “Até 2015, reduzir a mortalidade materna em três quartos do nível observado em 1990, e universalizar o acesso à saúde reprodutiva”. • Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças: “Até 2015, inter- romper a propagação e diminuir a incidência de HIV/Aids e reduzir a incidência de malária e outras doenças” e “Até 2010, universalizar o acesso ao tratamento de HIV/Aids”. • Assegurar a sustentabilidade ambiental: “Integrar os princípios do de- senvolvimento sustentável nas políticas e programas e reverter a perda de recursos ambientais” e “Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável à água potável e ao esgotamento sanitário”. 21 • Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento: “Avançar no desenvolvimento de um sistema comercial e financeiro aberto, basea- do em regras, previsível e não discriminatório”, “Atender às necessidades especiais dos países menos desenvolvidos”, “Atender às necessidades especiais dos países semacesso ao mar em desenvolvimento e dos pequenos estados insulares em desenvolvimento”, “Tratar globalmente o problema da dívida dos países em desenvolvimento, mediante medi- das nacionais e internacionais de modo a tornar sua dívida sustentável a longo prazo”, “Em cooperação com as empresas farmacêuticas, pro- porcionar o acesso a medicamentos essenciais a preços acessíveis nos países em vias de desenvolvimento”, e “Em cooperação com o setor pri- vado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em especial das tecnologias de informação e de comunicações”. Assim, nos países que participam acordaram com os ODM diversas ações e projetos/programas nacionais foram desenvolvidos para alcança-los, entretanto, alguns foram desses objetivos foram atingidos globalmente outros apenas em algumas nações. De forma geral os ODM representaram um marco de mobilização social nas mais diferentes dimensões do desenvolvimento em todas suas verten- tes (social, ambiental, econômico). De forma geral os ODS foram considerados exitosos no atendimento dos anseios e necessidades globais. Findada uma explicação inicial sobre os ODM, iremos agora abordar os ODS! Tais objetivos representam para a sociedade um grande avanço em termos sus- tentabilidade e desenvolvimento sustentável e tornam-se imprescindíveis para o trabalho e atuação de todo e qualquer profissional contemporâneo, então vamos lá! Figura 01: Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. 22 Em atendimento a necessidade de substituir os ODM, findados em 2015, de forma prévia no ano de 2012 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) no Rio de Janeiro. Como resultado deste evento foi publicado um documento que recebeu o nome de “O futuro que nós queremos”. Entretanto em 2015, os então 193 países da ONU validaram e aderi- ram ao documento intitulado “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Para Roma (2019, p. 38), neste documento, os países-membros da ONU reconheceram: [...] no documento, os países-membros da ONU reconhecem que “a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentá- vel”. Um dos compromissos assumidos na Agenda é o de “não deixar ninguém para trás”, em referência aos mais pobres. Isto está na rede O documento oficial, intitulado “Transforming our world: the 2030 Agen- da for Sustainable Development” ou “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, está disponível em: <http://www.un.org/>. Assim, a agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) com 169 metas a serem alcan- çadas por todas as nações até a data limite de 2030. São os objetivos propostos por esse documento: 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nu- trição e promover a agricultura sustentável. 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e me- ninas. http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=A/RES/70/1&Lang=E 23 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos. 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos. 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclu- siva e sustentável e fomentar a inovação. 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos. 14. Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a deser- tificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade. 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir ins- tituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Para alcançar tais objetivos, a agenda propõe 169 metas, interligadas e alinha- das com as dimensões ambiental, econômica, social e institucional, cuja realização se dará nos próximos 15 anos, na incansável busca pela sustentabilidade que seja sobretudo, consciente e resiliente. 24 Isto está na rede Para consultar as metas estabelecidas por essa agenda, consulte o ende- reço eletrônico da Organização Nações Unidas - Brasil: <https://nacoesu- nidas.org/pos2015/agenda2030/>. Notem, caros (as) leitores (as), que em nenhum momento os ODS foram descri- tos como de natureza legalmente obrigatória, logo, não se tratam de leis, mas sim de objetivos firmados pelos países-membros da ONU que para serem alcançados devem ser difundidos e disseminados em forma de políticas voluntárias locais, possibilitando assim, forma de alcança-las. Não havendo punições ou sanções a ser administradas caso os objetivos não sejam de fato alcançados. Isto acontece na prática Na prática vocês irão se deparar com estes objetivos difusos e dissemina- dos em políticas institucionais e ações governamentais e programas da iniciativa privada. Esse movimento é também reflexo da seletividade do mercado consumidor em relação a produtos e serviços ofertados. Logo, observa-se um movimento nas organizações dos variados segmentos para o atendimento destes objetivos. Fonte: os autores. Por fim caro(a) leitor(a), esperamos ter contribuído com o seu entendimento do que são os ODS. Cada um dos objetivos macro serão discutidos e detalhados em um segundo momento. 25 REFERÊNCIAS Relatório Sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio 2015. Nova Iorque: Organização das Nações Unidas, 2015. ROMA, J. C. Os objetivos de desenvolvimento do milênio e sua transição para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Cienc. Cult., São Paulo, v. 71, n. 1, p. 33-39, 2019. Disponível em: <https://bit.ly/2QdsExt>. Acesso em: 08 jun. 2019. SOUZA, J. P. A mortalidade materna e os novos objetivos de desenvolvimento sustentável (2016–2030), Rev Bras Ginecol Obstet., n. 37, v. 12, p. 549-551, 2015. 26 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO SOCIAL AULA 04 27 Olá caro(a) aluno(a), nesta aula iremos conhecer um pouco mais sobre os Ob- jetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) voltados a dimensão social, para que possamos refletir acerca do crescimento econômico considerando também as variáveis sociais! Para que você possa conhecer um pouco mais acerca desta dimensão, ou ainda atuar com esta temática dentro das diferentes organizações da qual fará parte ao longo de sua carreira profissional. Claro que todos os ODS estão relacionados e se mesclam para alcançarmos as metas estabelecidas pela Organização Nações Unidas (ONU). Ao longo desta aula, iremos conhecer alguns exemplos/informações de ações que contemplam os ODS estabelecidos como parte da agenda 2030 da Organização Nações Unidas e realizados por algumas organizações voltados a questão social. Todosnós já ouvimos falar e já discutimos os conceitos de empreendedoris- mo, esta disciplina nos cursos de graduação que visa motivar as pessoas para buscarem realizar seus sonhos. Mas para efeito de entendimento vamos enten- der que há na bibliografia muitos estudiosos e autores que conceituam o termo empreendedorismo e o ser empreendedor, e cada qual aborda e relata o termo sob uma visão própria como, por exemplo, o Economista francês Jean-Baptiste Say, que aborda o movimento de recursos econômicos, Peter Drucker, que fala sobre o aproveitamento de oportunidades para criar as mudanças. Temos ainda um dos mais conceituados autores na área Schumpeter (1949) considerado um dos mais importantes economistas do século XX que complemen- ta essas definições entendendo o empreendedor como indivíduo que reforma ou revoluciona o processo “criativo-destrutivo” do capitalismo, por meio do desenvol- vimento de nova tecnologia ou do aprimoramento de uma antiga – o real papel da inovação. Esses indivíduos são os agentes de mudança na economia. Podemos dizer então que o empreendedor cria um equilíbrio e encontra uma posição clara e positiva mesmo que seja em um ambiente turbulento movimen- tado a economia, ou seja, ele identifica oportunidades na ordem presente. Nós sabemos que o empreendedorismo movimenta a economia local, regional até internacional e sem esses “corajosos” homens e mulheres iniciando, alavan- cando novas empresas, a economia sofreria. E é justamente neste contexto de “presente” com diversas preocupações sociais e ambientais que torna-se cada vez mais evidente o empreendedorismo social abordando a preocupação com a sociedade. 28 O empreendedorismo social é uma área de pesquisa que foi consolidada no final da década de 90, é um termo cunhado por Bill Drayton – Fundador e Presi- dente da ASHOKA que significa um negócio lucrativo e que ao mesmo tempo traz desenvolvimento para a sociedade. As empresas sociais, diferentes das ONGs ou de empresas comuns, utilizam mecanismos de mercado para, por meio da sua atividade principal, buscar soluções de problemas sociais. O termo nasceu da percepção da existência de indivíduos que combinam prag- matismo, compromisso com resultados e visão de futuro para realizar profundas transformações sociais. Bezerra (2010) complementa como uma vertente do em- preendedorismo em que os atores, em vez de trabalharem para mudar alguma situação particular, inovando para criar produtos ou serviços empregando recur- sos financeiros, emocionais, criativos, inovadores para melhorar o ambiente em que vivem. O Empreendedor Social aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferen- ciada. Este tipo de negócio com impacto social têm proliferado por todo o país, por uma geração de empreendedores que pautam sua estratégia em valores sustentáveis. Como afirma Torres (2011) é comum ouvirmos falar que um projeto social fez uma criança progredir na vida ao ponto dela ir estudar na Europa. A dúvida é será que essa única criança é uma evidência relevante de que esse projeto realmente causa impacto em uma comunidade? O autor diz ainda que histórias de vida são muito impressionantes, mas, são via de regra, pouco representativas do real im- pacto de um projeto sobre a população beneficiária. 29 Isto está na rede Quase cinco anos desde que a ONU adotou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem cumpridos até 2030, as projeções da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) mostram que os países falharão em atingir as metas educacionais da agenda, o ODS número 4, se importantes progressos não ocorrerem ao longo da próxima década. As projeções da UNESCO antes do Fórum Político de Alto Nível da ONU em Nova Iorque, destinado a examinar o processo para atingir os ODS, mostram que, en- quanto todas as crianças deveriam estar na escola, uma em cada seis crianças de 6 a 17 anos será excluída do sistema educacional até 2030. As projeções também mostram que 40% das crianças do mundo não conseguirão concluir o ensino secundário nesse período, um percentual que deve atingir 50% na África Subsaariana, onde a proporção de professores treinados tem caído desde 2000. As novas projeções foram produzidas pelo Instituto de Estatísticas da UNESCO e pelo Relatório de Monitoramento da Educação Global. Os números são preo- cupantes, considerando que o ODS 4 pede aprendizado efetivo, não apenas presença na escola. Considerando as atuais tendências, as taxas de aprendizado devem estagnar nos países de média renda e cair em quase um terço nos países africanos fran- cófonos até 2030. Além disso, sem rápida aceleração, 20% dos jovens e 30% dos adultos em países de baixa renda não conseguirão ler até 2030, para quando está prevista a eliminação do analfabetismo no mundo. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável enfatiza a necessidade de “não deixar ninguém para trás”. No entanto, apenas 4% dos 20% mais pobres concluíram o ensino médio nos países mais pobres, em comparação com 36% dos mais ricos. A diferença é ainda maior em países de baixa e média renda. Em 2015, o Relatório de Monitoramento da Educação Global da UNESCO identi- ficou um déficit de 39 bilhões de dólares para atingir o ODS 4, mas a ajuda para a educação estagnou desde 2010. Fonte: <https://bit.ly/2See8q3>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. 30 Embora o posicionamento do autor seja coerente, de fato é relevante consi- derarmos que ainda que não contribuam em grande escala, as ações pontuais realizadas pelas organizações poderão ser extremamente relevantes e transfor- madoras para os indivíduos afetados, o que contribuirá para “mudanças” pontuais na realidade social em que ele está imerso. Contribuindo assim para mudanças e correções de inequidades histórico-culturais. O trabalho assistencialista é um importante trabalho desenvolvido por pro- fissionais da área de projetos, ou ainda para profissionais que atuem neste seg- mento dentro de grandes organizações. De acordo com Fontes (2008) muitas instituições foram criadas nesta área para assistir uma determinada classe, como por exemplo, o trabalho com crianças de rua e em toda a América Latina e su- deste asiático nos anos 80 onde doações do mundo todo financiaram projetos destinados a esta população. De acordo com Fernandes (2010), em uma perspectiva nacional, foi a Constitui- ção Federal de 1988, que criou as bases para a universalização dos direitos sociais no Brasil. Esse processo foi fruto de um vigoroso movimento de participação po- pular, que desembocou em propostas de políticas públicas. As Leis federais que regulamentam as políticas foram: a Lei Orgânica da Saúde, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS), O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Orgânica de Assistência Social. Essas Leis incluíram os brasileiros em sistemas públicos, de caráter universal, garantindo saúde, assistência social e a atenção à criança e ao adolescente, como função do Estado brasileiro e direitos de cidadania. 31 Isto está na rede Com o objetivo de diminuir a pobreza e as desigualdades sociais, os países em desenvolvimento devem focar suas políticas de assistência e proteção social para o crescimento inclusivo. Mas como mensurar a eficácia dessas políticas públicas? Como assegurar que o investimento seja bem gasto e funcione para melhorar a vida daqueles que precisam? Em artigo publicado pelo Centro Internacional de Políticas para o Cres- cimento Inclusivo (IPC-IG), os autores Luis Henrique Paiva, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e Santiago Falluh Varella, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), abordama literatura empírica acerca dos impactos da proteção social em aspectos comportamentais microeconômicos, que acabam tendo efeitos no cres- cimento econômico. O artigo “Os impactos dos benefícios da proteção social em comporta- mentos potencialmente relacionados ao crescimento inclusivo: uma re- visão de literatura” analisa efeitos das políticas de proteção social em pontos como consumo e poupança, oferta de mão de obra, educação, fertilidade, migração e inovação e tomada de risco. A partir da análise de estudos consolidados do campo da proteção social, o artigo propõe uma visão ampla de como esses benefícios, sejam eles contributivos ou não contributivos, afetam o comportamento das esco- lhas econômicas do beneficiário. Fazendo um paralelo, o tema tem relação direta com tópicos da economia comportamental, campo que aplica teorias psicológicas e econômicas nas tomadas de decisão monetárias. A elaboração e eficácia de políticas públicas em questões de proteção social depende diretamente do enten- dimento desses processos decisórios, hábitos e experiências pessoais. Fonte: <https://bit.ly/2JwG7yu>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. 32 Isto está na rede Em 2019, 48 países e territórios impõem alguma forma de restrição com base no estado sorológico ou exigem um teste de HIV, o que impede as pessoas vivendo com o vírus de entrar, transitar ou estudar, trabalhar ou residir legalmente nesses países, informou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). O tunisiano Mehdi Beji (nome fictício) mal podia esperar para começar seu novo emprego em um país do Oriente Médio. Ele já havia feito as malas, se despedido da Tunísia e preenchido toda a papelada solicitada por seu novo empregador. Antes do contrato ser aprovado, ele apresentou os resultados dos exames de sangue que haviam sido solicitados. Porém, depois de começar a trabalhar, foi pedido que fizesse novamente os exa- mes laboratoriais. “Depois de um mês, entraram em contato para que eu fosse buscar meu cartão de crédito, mas quando cheguei ao shopping, fui preso pela po- lícia”, disse Beji. Na delegacia de polícia, ele foi informado de que as leis do país negavam residência a pessoas vivendo com HIV. “Eles me deportaram para a Tunísia sem dinheiro e eu não consegui re- cuperar meu salário de dois meses”, contou. “Quando entrei em contato com o banco, me informaram que a única maneira de acessar minha con- ta era através do cartão bancário que eles se recusaram a me conceder”. Fonte: < https://bit.ly/2SfzLGL>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. A Constituição Federal dispõe ainda em seu artigo 5º, sobre o princípio cons- titucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos: 33 Artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga- rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Para autores como, Barreto (2010), o princípio da igualdade prevê a igualdade de aptidões e de possibilidades virtuais dos cidadãos de gozar de tratamento isonômico pela lei. Em outras palavras, se faz válida aqui aquela famosa frase: “somos todos iguais perante a lei, sem distinção de cor, raça, religião, sexo e etnia”. Por meio desse princípio, não são permitidas as diferenciações arbitrárias e absurdas, não justificáveis pelos valores da Constituição Federal, e tem por fina- lidade limitar a atuação do legislador, do intérprete ou autoridade pública e do particular. O princípio da igualdade na Constituição Federal encontra-se represen- tado, exemplificativamente, no artigo 4º, inciso VIII, que dispõe sobre a igualdade racial; do artigo 5º, I, que trata da igualdade entre os sexos; do artigo 5º, inciso VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do artigo 5º, inciso XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do artigo 7º, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; do artigo 14, que dispõe sobre a igualdade política ou ainda do artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributária. Neste sentido muitos projetos podem e devem ser desenvolvidos para melhor o andamento do que rege a lei máxima do país já que conforme Barreto; Távora Junior (1999) os projetos públicos tem como objetivo fornecer bens e serviços que possam aumentar o bem-estar da sociedade. 34 Isto está na rede O empoderamento das mulheres é primordial para a promoção do de- senvolvimento humano e do crescimento inclusivo, além de ser um direito humano básico. Nesse cenário, as políticas de proteção social têm um po- tencial importante na promoção da equidade de gênero e da inclusão das mulheres na economia, principalmente nos países em desenvolvimento. O Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sele- cionou algumas publicações importantes para o debate sobre equidade de gênero, proteção social e empoderamento das mulheres. A Revista (PIF) “Women at work: addressing the gaps” (disponível em in- glês) aborda as significativas barreiras que as mulheres em todo o mundo enfrentam para se tornarem cidadãs economicamente ativas, e destaca um aspecto crucial do empoderamento econômico das mulheres: a par- ticipação no mercado de trabalho. A Revista PIF “Proteção social: rumo à igualdade gênero” debate temas- -chave relacionados à igualdade de gênero e à proteção social e traz uma ampla gama de contribuições de mulheres acadêmicas e formuladoras de políticas públicas. A revista conta com estudos que focam nos contextos dos programas de proteção social implementados atualmente na África do Sul, no Egito, em Uganda, na Tanzânia e no Brasil. Os artigos apresen- tam reflexões sobre os desafios para a promoção da igualdade de gênero por meio de políticas sociais. A Revista PIF “Mulheres protagonistas” destaca exemplos de mulheres que estão se mobilizando, mesmo em uma sociedade antagônica. As mu- lheres protagonistas lutam contra as barreiras da sociedade, liderando uma revolução social, cultural e econômica. Essa revolução é voltada, principalmente, para a conquista feminina dos direitos iguais aos dos ho- mens e à equiparação de injustiças históricas, bem como para a conquista de um espaço na sociedade dedicado ao enfrentamento dos desafios específicos às mulheres atualmente. Fonte: <https://bit.ly/2XspZSu>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. 35 Mas afinal, o que são valores sustentáveis, ou ainda o que é sustentabilidade? Entenda-se como sustentáveis “as iniciativas capazes de levantar recursos a partir das próprias ações, ou captadoras de investimentos da iniciativa privada, e para as quais os problemas sociais são vistos como oportunidades” (CASAQUI, 2013, p. 93) e o empreendedor social deve ser inovador e sustentável além de se preocupar com o benefício da sociedade. Conforme o Portal Brasil (2010) a introdução do conceito de sustentabilidade nas empresas é relativamente nova e busca equilibrar lucros com preservação ambiental. Os “negócios sustentáveis” se baseiam em um modelo de gestão que considera o lucro, mas também as pessoas e o planeta. É o chamado tripé da sustentabilidade ou o “triple bottom line” (People, Planet and Profit). Ainda conforme o portal em entrevista com Voltolini, diretor da consultoria Ideia Sustentável “a empresa sustentável é capaz de responder ao desafio do nosso tempo, em que a escassez dos recursos naturais redesenha as operações de negócios”. Voltolini (2013) ainda diz que como resultado de uma pesquisa divulgada pelo Boston Consulting Group, junto com a MIT Sloan ManagementReview metade das empresas entrevistadas mudou o seu modelo de negócios em resposta a opor- tunidades socioambientais, 20% a mais do que na edição do mesmo estudo em 2012. São cada vez mais claras, portanto, as evidências de que sustentabilidade gera dividendos econômico-financeiros. Itens como redução do uso de energia, insumos e materiais apresentam resultados tangíveis para o caixa. Acredita-se que empresas preocupadas com sustentabilidade são melhor vistas pela socieda- de, pelos jovens profissionais e pelos colaboradores, entre outras razões porque são percebidas como mais conectivas, sólidas e prósperas. São cada vez mais claras, portanto, as evidências de que sustentabilidade gera dividendos econômico-financeiros. Itens como redução do uso de energia, insu- mos e materiais apresentam resultados tangíveis para o caixa. Acredita-se que empresas preocupadas com sustentabilidade são mais bem vistas pela sociedade, pelos jovens profissionais e pelos colaboradores, entre outras razões porque são percebidas como mais conectivas, sólidas e prósperas. A nova postura empresarial se mostra cada vez mais preocupada com o de- senvolvimento social e sustentável. Conforme Dias (2011), a inserção da ideia de Desenvolvimento Sustentável no meio empresarial tem se baseado no modo como empresas assumem formas de gestão mais eficientes, com práticas voltadas 36 para ecoeficiência e a produção mais limpa, muito além da perspectiva de um de- senvolvimento econômico sustentável. O autor aponta ainda alguns fatores que constroem a sustentabilidade empresarial, alinhando o crescimento econômico com a utilização da natureza, ilustrados na figura 1: Fonte: Adaptado de Dias (2011). Dias (2011), associa esses fatores ao tripé da sustentabilidade mencionado nos parágrafos anteriores e enfatiza que do ponto de vista econômico a sustentabi- lidade prevê empresas economicamente viáveis; em termos sociais, que devem satisfazer os requisitos de proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus empregados, por exemplo; e do ponto de vista ambiental, devem pautar- -se pela ecoeficiência de seus processos produtivos. É evidente que a harmonia deste tripé com os indicadores da sustentabilidade empresarial garantirão o tão almejado sucesso das empresas. 37 Isto está na rede Até 2028, a América Latina e o Caribe vão responder por mais de 25% das exportações globais de produtos agrícolas e pesqueiros, segundo um novo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Publicação ressalta expansão do protagonismo regio- nal em meio à desaceleração na produção e nas trocas em nível mundial. De acordo com o levantamento Perspectivas Agrícolas 2019-2028, ao lon- go dos próximos dez anos, a demanda global por bens agrícolas deve aumentar 15%. Em média, o comércio de commodities agrícolas e pes- queiras deve ter alta de 1,3% ao ano no período analisado. Apesar da estimativa de crescimento, o índice é inferior à média anual de 3,3% ve- rificada para o decênio 2009-2018. Para a América Latina e Caribe, está previsto um aumento de 22% nas safras — em comparação com os 15% estimados no nível global. Para os produtos pecuários, o desempenho latino-americano e caribenho tam- bém ficará acima da média mundial, com crescimento de 16% — dois pontos percentuais acima do restante do planeta. De acordo com a pesquisa, a demanda doméstica dos países da região por produtos básicos — como milho, arroz e carne bovina — vai ter cres- cimento menor do que a demanda internacional, o que indica que uma parcela maior da produção agrícola latino-americana será destinada à exportação. Segundo o relatório, a produção agrícola e pesqueira na América Latina e Caribe cresceu em média 2,7% ao ano nas últimas duas décadas. Atual- mente, a região responde por 14% da produção agrícola mundial e por 23% das exportações de alimentos. Fonte: < https://bit.ly/2Lmu1Kq>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. Um dos maiores diferenciais da ASHOKA é apoiar a pessoa do empreendedor social e sua iniciativa inovadora ao longo de toda sua trajetória de vida. A integra- 38 ção e sustentabilidade destes dois aspectos é fundamental para gerar impactos duráveis de longo prazo. Desta forma, caros alunos, concordam comigo que podemos dizer que o em- preendedorismo social é ou pode ser também chamado de empreendedorismo sustentável? De acordo Boszczowski; Teixeira, (2012) com podemos dizer que o empreen- dedorismo tem seu foco na criação de valor econômico e o empreendedorismo sustentável amplia este objetivo e engloba também o desenvolvimento susten- tável e seus benefícios sociais e ambientais. O conceito do empreendedorismo sustentável envolve, portanto, a identifi- cação, criação e exploração de novos negócios que possibilitem ao empreende- dor obter lucros a partir da solução de um problema ambiental e social. Em sua pesquisa as autoras concluem que as oportunidades são reconhecidas quando o empreendedor relaciona cognitivamente seu conhecimento e experiência anterior sobre uma causa social ou ambiental aos meios de satisfazê-la. (BOSZCZOWSKI; TEIXEIRA, 2012). É notório que empreender está ligado a características e competências individuais, porém podemos dizer que empreender socialmente está diretamente ligado a soma dessas características individuais pensando em uma lucratividade sim, porém promovendo e melhorando a sociedade. Podemos também compreender esse conceito do ponto de vista organizacio- nal como cidadania corporativa, conceito relacionado a contribuição efetiva para uma sociedade mais justa e ambientalmente sustentável, vejamos: A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários (CIMBALISTA, 2001, p. 1). 39 Isto está na rede O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) capacitou neste mês, em Recife (PE), cerca de 70 agriculturas brasileiras no uso de cadernetas agroecológicas. Com a formação, a agência da ONU quer impulsionar o monitoramento da produção feita por mulheres, lançando luz sobre as contribuições dessa parte da população para o setor agrícola. O treinamento fez parte da programação do Seminário Semear Inter- nacional-FIDA de Capacitação para uso das Cadernetas Agroecológicas, promovido pelo fundo das Nações Unidas em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA). Evento aconteceu do dia 3 a 5 de julho. Durante a mesa de abertura do encontro, a reitora da Universidade Fede- ral Rural de Pernambuco (UFRPE), Maria José de Sena, defendeu a inclusão e a participação das mulheres na agricultura. “Com elas, temos a certeza e a segurança de que o alimento que consumimos tem nutrientes e nos faz bem”, afirmou a dirigente da instituição de ensino e pesquisa. Já a coordenadora do grupo de trabalho de mulheres da Articulação Na- cional de Agroecologia (ANA), Elisabeth Cardoso, ressaltou a necessidade de empoderar as agricultoras. “Se costuma dizer que, sem feminismo, não há agroecologia, mas vou além. Sem feminismo, não há convivência com o Semiárido.” Fonte: <https://bit.ly/2LU3dkr>. Para saber mais, acesse o link acima da página Nações Unidas Brasil e faça a leitura dos artigos na integra. Esperamos aqui ter explicitado que as organizações tem papel ativo em relação a responsabilidade social, uma vez que, enquanto construções sociais as empresas e organizações, são sujeito o objeto ativo da realidade na qual estão inseridas e fazemparte! 40 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO AMBIENTAL AULA 05 41 A dimensão ambiental passa por grandes problemáticas, na realidade. Não apenas por conta dos desastres e das catástrofes ambientais que acometem as diferentes nações, conforme podemos acompanhar pelas notícias na mídia; mas também pelos reflexos das ações humanas realizadas ao longo de toda histó- ria da humanidade. Cabe, neste momento, caro(a) aluno(a), refletirmos sobre os impactos das nossas ações e, com isso, tomarmos consciência de que toda ação resulta em uma ação de igual intensidade, conforme relata a terceira lei de New- ton. Em uma perspectiva ambiental dessa linha de raciocínio, vale destacar que nossas ações e impactos sobre o meio ambiente resultam em impactos de igual proporção e que, quando associados, podem culminar em efeitos irreversíveis. Em virtude de todas essas ações e discussões, o meio ambiente se tornou, atualmente, motivo de grande preocupação para toda a sociedade, em especial no que diz respeito à preservação, manutenção e recuperação de áreas florestais, mananciais de água, matas ciliares e de toda a biodiversidade que nos presta serviços ambientais inestimáveis. Cabe nesse instante esclarecermos um pouco sobre o que vem a ser Serviços Ambientais (SA). Souza e col. (2016) conceituam SA como os benefícios relacionados à qualidade de vida das pessoas, associados à adoção de práticas de manejo de recursos natu- rais, ou seja, gerados por intervenção humana. Em outras palavras, SA podem ser considerados os benefícios obtidos e proporcionados pelo meio ambiente; claro que também se relaciona às intervenções antrópicas realizadas para otimizar tais benefícios, como o desenvolvimento de tecnologias limpas, metodologias para a gestão ambiental apropriada ou outras formas de promover a sustentabilidade. Apesar de todos os esforços de preservação e conscientização observados ao longo dos anos por ambientalistas e ativistas da causa, o que se observa é o au- mento crescente da população humana, incorrendo em um aumento da poluição do ar, água e solos a níveis impraticáveis. Uma das grandes preocupações, nesse sentido, é direcionada aos produtos químicos e resíduos provenientes das ativida- des industriais. É importante ressaltar que esses resíduos resultam da combina- ção de elementos químicos por meio de processos criados pelo homem, que de outra maneira não existiriam, e que podem, muitas vezes, oferecer riscos diretos ou indiretos à saúde humana e ao meio ambiente. Nesse sentido, as atividades industriais e organizacionais vêm sofrendo exigências legais, e algumas delas vêm reagindo mediante a implementação de estratégias de gestão. Em uma época em que a sociedade se preocupa em incorporar boas práticas ambientais, as in- 42 dústrias também vêm alterando o estilo de administrar seu processo produtivo, buscando alternativas tecnológicas mais limpas e matérias-primas menos tóxicas. Em uma perspectiva nacional, observamos os desastres ambientais extrema- mente relacionados a questões éticas e organizacionais, como nos casos da mine- radora Vale e do incidente no município em Mariana. Tais tragédias exemplificam, infelizmente, como a relação entre o lucro, a ética e a preservação ambiental é tênue. Isto está na rede Atual presidente de Vale prometeu “Mariana nunca mais”. Fabio Schvartsman, atual diretor-presidente da Vale, afirmou, ao tomar posse em maio de 2017, que o lema da empresa seria “Mariana nunca mais”. Ele também prometeu que sua gestão seria focada em performan- ce, estratégia, governança e sustentabilidade. Na tarde desta sexta-feira, uma barragem da mina de Feijão, da Vale, vazou na região de Brumadinho, em Minas Gerais, atingindo áreas da companhia e a comunidade da Vila Ferteco. Na época da presente notícia, 26 de janeiro de 2019, 34 mortes haviam sido confirmadas na tragédia de Brumadinho, tornando-a maior do que a de Mariana. Até a data, o Corpo de Bombeiros contabilizava 296 pessoas desaparecidas, 81 desabrigados e 23 pessoas hospitalizadas. Para saber mais, acesse o link e faça a leitura do artigo na íntegra! Fonte: https://bit.ly/32VGYAC. Buscando diminuir os impactos ambientais e preservar os recursos naturais para as gerações vindouras, a agenda 2030 estabelece os Objetivos do Desen- volvimento Sustentável (ODS) voltados ao meio ambiente. Obviamente, todos os ODS podem ser relacionados e compor diferentes dimensões; entretanto, alguns complementam e cabem perfeitameente em nossas discussões neste momento. Vejamos alguns destes objetivos e exemplos que contemplam a dimensão am- biental: https://bit.ly/32VGYAC 43 Fonte: https://nacoesunidas.org/pos2015/ods15/ Isto está na rede Em mensagem ao Dia Internacional de Conservação do Ecossistema de Mangue, celebrado nesta sexta-feira (26), a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, lembrou que esses ecossistemas são fundamentais tanto para comunidades de regiões costeiras — onde os manguezais são fonte de subsistência e proteção contra desastres naturais — quanto para o resto do mundo, que tem nos mangues um aliado contra o aquecimento global. “Seus complexos sistemas de raízes aprisionam sedimentos, reduzem o fluxo da água e armazenam o carbono azul costeiro proveniente da atmosfera e do oceano”, disse Audrey. O carbono azul é o gás carbônico que é armazenado pelos ecossistemas oceânicos e litorâneos, sendo absorvido da atmosfera e convertido em biomassa, encontrada nos seres vivos e no meio ambiente. Com essa captura de carbono, os mares e costas ajudam a regular o volume de gases do efeito estufa dispersos na atmosfera. A chefe da UNESCO afirmou ainda que os manguezais “contribuem para a estabilidade do litoral, ao proteger os recifes de coral e prevenir a erosão causada por ondas e tempestades”. Para saber mais, acesse o link, da página Nações Unidas Brasil, e faça a leitura do artigo na íntegra! Fonte: https://bit.ly/312T49o. Em termos de conceito, podemos definir como recurso natural qualquer mate- rial dado a nós pela natureza, que pode ser transformado de tal forma que o torne mais valioso e útil. Por exemplo, madeira é usada para fazer móveis, metais são usados para fazer máquinas, etc. Os recursos naturais podem ainda ser divididos em dois tipos: os renováveis e os não renováveis. 44 Os recursos renováveis são aqueles que podem ser repostos depois de remo- vidos pelas atividades antrópicas. Por exemplo, florestas são renováveis quando as árvores são derrubadas para obtenção de madeira e, concomitantemente, são plantadas novas árvores. Igualmente, energia solar e eólica são exemplos de recursos ambientais energéticos renováveis. É importante salientar que alguns recursos renováveis podem se tornar não renováveis em consequência do cres- cimento da população e do mau uso que deles fazemos. Os recursos não renováveis são aqueles materiais explorados pelo homem que acabam, se intensamen- te explorados, e que para se renova- rem é necessário muito tempo. Assim, sua exploração em grande escala re- sultará em seu rápido esgotamento. São exemplos disso os combustíveis fósseis - carvão, petróleo, gás natural, xisto betuminoso - e muitos minerais. Fonte: https://nacoesunidas.org/pos2015/ods14/ Fonte: https://pixabay.com/ https://pixabay.com/pt/photos/electricidade-desempenho-energia-3204354/ 45 Isto está na rede O especialista independente da ONU Baskut Tuncak afirmou que realizará uma visita oficial ao Brasil do dia 2 a 13 de dezembro de 2019. O relator — responsável por avaliar as implicações de direitos humanos associa- das à gestão e ao descarte ambientalmente responsável de substâncias e resíduos tóxicos — anunciou ainda que está recebendo contribuições sobre o tema de todos os indivíduos e organizações interessados. Pelo Twitter, Tuncak disse estar muito grato ao governo brasileiro pelo convite. O especialistafoi nomeado para o cargo pelo Conselho de Di- reitos Humanos da ONU, em junho de 2014. Nessa função, Tuncak atua como analista independente e realiza visitas regulares aos países-mem- bros das Nações Unidas, a fim de analisar a conjuntura nacional da gestão de químicos tóxicos. Para saber mais, acesse o link, da página Nações Unidas Brasil, e faça a leitura do artigo na íntegra! Fonte: https://bit.ly/2YvJDBy. Fonte: https://nacoesunidas.org/pos2015/ods13/ Uma das maiores questões relacionadas às mudanças climáticas destina-se aos gases e às emissões atmosféricas. Os padrões de qualidade ambiental estão relacionados aos níveis máximos permitidos para os poluentes constantes no meio ambiente, geralmente segmentado em ar, água e solo (BARBIERI, 2011). Tais níveis são estabelecidos, geralmente, como médias aritméticas ou geométricas de concentração diária ou anual, permitindo, dessa forma, incorporar as altera- ções climáticas que afetam a dispersão e a concentração de poluentes. Exemplo: 80μg/cm3 (oitenta microgramas por metro cúbico de ar) como o nível máximo de dióxido de enxofre em suspensão na atmosfera. 46 Isto está na rede Em preparação para a Cúpula de Ação Climática de 2019, a ONU, a Orga- nização Mundial da Saúde (OMS), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e a Coalizão Clima e Ar Limpo anunciaram na terça-feira (23) uma nova iniciativa para mobilizar países a combater a poluição do ar e o aquecimento global. A Iniciativa Ar Limpo chama governos nacionais e subnacionais a com- prometer-se em alcançar uma qualidade do ar que seja segura para os cidadãos. O projeto também convoca os governos a alinhar as suas polí- ticas de mudanças climáticas e de poluição do ar até 2030. De acordo com a OMS, a cada ano, a poluição do ar causa 7 milhões de mortes prematuras. Desses óbitos, 600 mil são de crianças. Segundo o Banco Mundial, a poluição do ar custa à economia global estimados 5,11 trilhões de dólares em perdas sociais. Nos 15 países com os maiores volumes de emissões de gases do efeito estufa, os impactos de saúde da poluição do ar são estimados a um custo de mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB). O cumprimento do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas poderia salvar mais de 1 milhão de vidas por ano até 2050. No marco dos esforços para alcançar as metas do acordo, a redução da poluição do ar, por si só, geraria benefícios de saúde estimados em 54,1 trilhões de dólares — o que equivale aproximadamente ao dobro das despesas com mitigação. Para saber mais, acesse o link, da página Nações Unidas Brasil, e faça a leitura do artigo na íntegra! Fonte: <https://bit.ly/2LLuTZm>. Os padrões estão relacionados aos lançamentos de poluentes especializados em uma fonte de emissão, seja ela fixa ou estacionária (fábricas, hospitais, arma- zéns e lojas) ou fontes móveis (automóveis, caminhões, embarcações e outros veículos). Esses padrões estabelecem uma quantidade máxima aceitável de cada tipo de poluente por fonte poluidora (exemplo: 0,5mg/l de chumbo) ou uma quan- tidade máxima por unidade de tempo (por exemplo: tonelada de CO2 por dia, mês ou ano) (BARBIERI, 2011). 47 Nesse entendimento, caro(a) aluno(a), as questões ambientais relacionam- -se diretamente a posturas, valores éticos e conceitos de gestão organizacional. Esse último, em especial, refere-se aos desdobramentos das questões ambien- tais dentro de uma organização. Dentre as estratégias e sistemas sustentáveis de produção existentes destacam-se: Agricultura Orgânica, Produção Integrada Agropecuária, Produção Aquícola, Produção Agroflorestal e Integração Lavoura- -Pecuária-Floresta (ILPF). Esperamos desta forma ter contribuído com a compreensão desta tão impor- tante dimensão para a manutenção da qualidade de vida de toda a população! REFERÊNCIAS BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumen- tos. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. SOUZA, C. A. et al. Serviços ambientais associados à recuperação de áreas degra- dadas por mineração: potencial para pagamento de serviços ambientais. Ambient. soc. São Paulo: v. 19, n. 2, p. 137-168, 2016. 48 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A DIMENSÃO ECONÔMICA AULA 06 49 Olá, estudante! Nesta aula iremos discutir sobre a relação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a dimensão econômica. Assim, para al- cançarmos nosso objetivo e compreender, veremos exemplos de como ocorre tal dinâmica e iremos conhecer juntos alguns conceitos relacionados a essa tão relevante dimensão. Vamos lá? A compreensão do que vem a ser a economia é imprescindível para desvendar- mos e desmistificarmos variáveis socioeconômicas com as quais nos deparamos diariamente em nossas rotinas, sejam estas no âmbito pessoal ou profissional. Em outros termos, o contexto econômico compreende inúmeros aspectos da vida em sociedade, se fazendo presente em cada decisão tomada por organizações e gestores. Historicamente, observam-se conformações e movimentos originados e marcados com base na dimensão econômica das nações que se fizeram valer dos conceitos em prol de seu desenvolvimento. No âmbito profissional, cotidianamente observam-se conceitos/mecanismos/ instrumentos da teoria econômica, dentre os quais podemos destacar: a agricul- tura, a indústria, o comércio e as atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Conforme postula Móchon (2007), conhecer/compreender o contexto econô- mico da sociedade em que vivemos expande expressivamente o conhecimento e a compreensão sobre o mundo em que vivemos e, mais especificamente, sobre o nosso país. Ainda, tal conhecimento fará com que você participe ativamente do sistema econômico, compreendendo a política e os movimentos econômicos, exercendo seu papel de cidadão e solidificando o exercício da cidadania. Ufa! Parece complexo não é mesmo? Porém, iremos elucidar juntos em nossa caminhada nesta aula! Anote isso Economia Sustentável, também conhecida como sustentabilidade econô- mica, é um conceito que resume muito bem o que nós acreditamos: o uso responsável de recursos que leva em consideração não apenas o lucro, mas também os danos que uma empresa pode causar ao meio ambiente. Fonte: Engepoli – Sistemas Sustentáveis. Disponível em: https://www.engepoli.com/economia-sustentavel/. 50 Diariamente, independente da classe de agentes econômicos ao qual pertence- mos/atuamos, interagimos com questões econômicas, relacionadas por exemplo com a precificação, oscilações de taxa e juros, inflação, déficit/superávit público, entre outros (MENDES, 2004). Em linhas gerais podemos afirmar que a questão econômica regula o nosso cotidiano e consequentemente a sociedade, que en- frenta problemas decorrentes da vertente econômica (PASSOS; NOGAMI, 2003). Vale ressaltar que, embora grande parte dos agentes (e por agentes pode- mos compreender os diferentes atores envolvidos nas diferentes esferas eco- nômicas) participem das atividades de natureza econômica, poucos possuem conhecimentos que lhes possibilitem analisar os problemas econômicos que nos cercam (PASSOS; NOGAMI, 2003). Assim, segundo os autores, torna-se necessário compreender, ainda que minimamente, questões econômicas para compreender as escolhas feitas pelas pessoas diante de situações de escassez. Essa poderia ser também uma ótima definição para a economia! Nos deparamos aqui com mais um conceito importante. O conceito de escas- sez. Para Mendes (2004), compreende-se por escassez o cenário em que se encon- tram recursos produtivos limitados (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital), logo, que não existem em quantidade suficiente para atender a todas as necessidades. Neste entendimento (em decorrência da escassez) é que figuram os agentes econômicos e os fatores de produção, sendo os fatores de produção empregados na produção de bens e serviços. Para Mochón (2007),
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