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Enfrentando o desafio muculmano - John Gilchrist

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1 
 
Enfrentando o desafio muçulmano 
Um manual de apologética 
cristã-muçulmana 
 
John Gilchrist 
2 
 
Índice 
 
Introdução ........................................................................................... 03 
Capítulo 1: A integridade da Bíblia .................................................... 16 
Capítulo 2: A Doutrina da Trindade ................................................... 59 
Capítulo 3: Jesus, o Filho do Deus vivo ............................................. 76 
Capítulo 4: A crucificação e a redenção ............................................. 92 
Capítulo 5: Maomé na Bíblia? .......................................................... 109 
Capítulo 6: O Evangelho de Barnabé ................................................ 125 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Introdução 
 
A questão cristã-muçulmana atual 
 
 
Grandes conflitos vão e vêm, mas um em especial, que tem se 
prolongado por quase quatorze séculos, parece ser destinado a durar para 
sempre. É a clássica batalha universal, que sobrevive a todas as gerações: a 
luta entre islamismo e cristianismo pelas almas dos que vivem na terra. 
Apesar de passar desapercebida, esta é provavelmente a luta suprema, que 
se debate com as questões vitais, isto é, o verdadeiro propósito da existência 
humana e seu destino final. Cada religião tem seu próprio personagem central, 
que é aclamado como o mensageiro definitivo de Deus para toda a 
humanidade — Jesus Cristo, o Salvador do mundo, ou Maomé, o Profeta 
universal das nações. Cada um deles tem a sua própria missão — espalhar o 
Evangelho até os confins da terra ou estabelecer uma unmah (comunidade) 
que cubra o globo. Da mesma maneira, cada um possui a convicção de que 
triunfará no final sobre todas as filosofias, religiões e poderes que desafiaram 
a fidelidade humana. 
Este livro trata da relação atual entre islamismo e cristianismo, 
particularmente dos argumentos que os muçulmanos empregam na discussão 
ou debate com cristãos a fim de estabelecer uma "superioridade" do islamismo 
pela refutação da autenticidade das escrituras cristãs e de suas doutrinas 
fundamentais. Qualquer cristão que tenha uma conversa com muçulmanos 
logo descobrirá que eles estão armados com um arsenal de objeções que são 
inseridas na discussão para minar a mensagem do Evangelho e colocam o 
cristão na defensiva. 
A investida muçulmana contra o cristianismo 
 
 O desafio remonta à época de Maomé. O Qur'an (ou Corão), livro 
sagrado dos muçulmanos, tem várias passagens polêmicas que confrontam 
as crenças cristãs, não só opondo-se a elas mas também propondo 
argumentos racionais para combatê-las. Nos primeiros séculos do islamismo, 
estudiosos muçulmanos escreveram várias teses desafiando a integridade da 
Bíblia (Ibn Hazm), a doutrina da Trindade (Abu Isa al-Warraq), a estrutura da 
sociedade cristã (Al-Jahiz), ao mesmo tempo em que Maomé é cumprimento 
de profecia tanto do Velho quanto do Novo Testamento (Ali Tabari). Os 
tempos modernos presenciaram a produção em massa de material polêmico 
para distribuição ao redor do mundo, particularmente dos livretos de Ahmed 
Deedat, um propagandista muçulmano do meu país natal, a África do Sul. 
Os cristãos, em algumas ocasiões, têm procurado igualmente o 
confronto, questionando veementemente as credenciais de Maomé como 
profeta e produzindo numerosas evidências contra a assertiva de que o Qur'an 
é a Palavra de Deus. Em ambos os casos, as estocadas têm sido 
4 
 
extremamente parciais e destemperadas. Os ideais mais sublimes da religião 
do seguidor são freqüentemente contrastadas com os piores excessos da fé 
do adversário, sem que sequer os debatedores se dêem conta da injustiça 
deste método. Por exemplo, um cristão poderia argumentar que as mulheres 
recebem um péssimo tratamento em algumas partes do mundo muçulmano, 
enquanto que, segundo o ensinamento bíblico, elas deveriam estar em 
posição de igualdade no casamento monogâmico (Efésios 5:28 a 33), não 
levando em conta, no entanto, a prevalência de divórcio e imoralidade nas 
sociedades tradicionais cristãs no mundo ocidental. Da mesma maneira, um 
muçulmano ensinaria que o islamismo é a religião da paz perfeita, ignorando 
os numerosos conflitos no mundo muçulmano e os atentados com bombas em 
embaixadas, aviões, centros comerciais e outros em nome do Islã. 
Muçulmanos também afirmariam que a unidade universal do mundo 
muçulmano é um ponto favorável ao islamismo quando comparado com as 
muitas divisões eclesiásticas cristãs, sem contudo considerar o grande 
número de secções conflitantes no Islã e o fato de que a unidade islâmica é, 
na realidade, uma uniformidade de culto baseada apenas na natureza rígida 
da prescrição das orações, jejuns, abluções e a peregrinação Haji dos 
muçulmanos. 
Neste livro, meu objetivo é discutir sobretudo os argumentos 
muçulmanos contra os cristãos, dando aos cristãos respostas efetivas às suas 
altercações. Tenho o privilégio de ter, durante mais de vinte e cinco anos, 
participado de debates com milhares de muçulmanos na África do Sul, e 
provavelmente ouvi quase todas as objeções que eles são capazes de 
levantar contra a fé cristã e suas Escrituras. Também examinei todos os 
livretos muçulmanos citados na bibliografia no final deste livro. Com genuína 
convicção, posso dizer que nunca ouvi um argumento muçulmano que não 
pudesse ser legítima e adequadamente respondido. Os argumentos listados 
nos capítulos a seguir são aqueles de que os muçulmanos mais 
freqüentemente se utilizam em conversas pessoais, apresentados na forma 
argumento/resposta a fim de dar as cristãos exemplos de como rebatê-los. 
Atitudes dos muçulmanos que frustram os cristãos 
 
Percebi muitas vezes em debates acalorados com muçulmanos que 
certas atitudes da parte deles são calculadas para evitar uma discussão 
produtiva. O ideal seria que cristãos e muçulmanos debatessem suas 
posições com o objetivo comum de descobrir as verdades definitivas de Deus. 
Contudo, o que freqüentemente acontece é que os muçulmanos tentam 
somente frustrar o testemunho cristão, lançando seus argumentos de forma a 
produzir uma cortina de fumaça ao invés de estabelecer uma plataforma para 
possibilitar uma interação saudável. São feitos protestos regularmente, sem 
que se dê nenhuma oportunidade de resposta por parte do cristão. Por 
exemplo: ouvi muitas vezes questões como "como Deus pode ter um filho se 
ele não tem uma mulher?", ou "se Cristo morreu pelos seus pecados, isso 
5 
 
significa que você pode pecar o quanto quiser?", etc. Como se a questão 
levantada por si só fosse a prova definitiva, a última palavra a respeito do 
assunto. Os muçulmanos quase nunca querem ouvir a resposta, mas apenas 
refutar algum ponto. 
Poucos muçulmanos têm uma compreensão real do cristianismo, fato 
abundantemente evidenciável pelos livretos produzidos que tentam se opor ao 
cristianismo. Os cristãos são acusados de crerem em três deuses, presume-se 
que o Novo Testamento seja uma versão modificada do Velho Testamento 
(que é assumido como sendo as escrituras originais), enquanto que a 
divindade de Cristo é desconsiderada por causa do plano físico. Alega-se que 
Deus não poderia ter um Filho sem uma mulher, ainda que o próprio Qur'an, 
na Surata 19:20-21, ensine que pelo poder e decreto de Deus Maria poderia 
ter um filho, ainda que ela não tivesse marido. 
Os cristãos precisam demonstrar paciência quando discutem questões 
como essas com os muçulmanos. Outra fonte de frustração é a inclinação de 
parte dos muçulmanos de questionar livremente a autenticidade da Bíblia ou 
de crenças básicas do cristianismo, ao mesmo tempo em que se mostra 
bastante ofendido quando se vira a mesa contra o Qur'an e o islamismo. Mais 
uma vez, os cristãos precisam ser tolerantes e permanecer equilibrados em 
casos assim, sem tentar rebater com uma abordagem semelhante. Outros 
muçulmanos debatem simplesmente a fim de encontrar incoerências, sem se 
interessarem em ouvirrespostas razoáveis. Em vários encontros dos quais 
participei, muçulmanos proclamaram enfaticamente uma objeção a algum dos 
pilares da nossa fé, e foi preciso tempo para responder adequadamente. 
Muitas vezes a resposta não pode ser dada de maneira tão sucinta ou enfática 
quanto a objeção que a tornou necessária. Contudo, ainda que o muçulmano 
não tenha feito nenhum esforço para rebater o contra-argumento, ele irá 
depois triunfantemente repetir o seu mesmo argumento, como se ele já não 
tivesse sido refutado antes. Paciência e perseverança são essencialmente 
necessários nesses casos! 
Argumentos muçulmanos devem ser respondidos 
Alguém poderia dizer: "por que discutir?". Por que não apenas 
compartilhar nossas crenças diferentes num espírito de compreensão mútua e 
deixar os pontos conflitantes da nossa fé de lado? Há inúmeras razões pelas 
quais os cristãos, se quiserem ser verdadeiros na sua fé e consigo mesmos, 
devem estar preparados para responder às objeções dos muçulmanos e 
rebater seus argumentos. 
Primeiramente, se você não é capaz de defender sua fé, os 
muçulmanos concluirão que você pode ser um crente fervoroso, mas que não 
é capaz de justificar o que crê. A sua indisposição para enfrentar esse desafio 
irá dar aos muçulmanos a impressão de que a sua religião é indefensável. 
Depois, se você puder não só afirmar aquilo que você crê, mas também 
6 
 
explicar porque acredita de forma coerente, os muçulmanos terão uma 
tendência maior a ouvi-lo, sabendo que você mesmo já testou a credibilidade 
da sua crença e é capaz de defendê-la de modo convincente. Finalmente, em 
terceiro lugar, quando um muçulmano converte-se ao cristianismo, ele 
invariavelmente vai querer saber, assim que possível, quais as evidências que 
sustentam a fé que ele agora professa, especialmente porque ele também 
poderá ser questionado por outros muçulmanos, tentando trazê-lo de volta ao 
islamismo. Ele precisa, portanto, ser muito bem treinado para resistir a essas 
pressões. O apóstolo Pedro afirmou claramente que os cristãos precisam 
estar preparados para enfrentar os desafios que lhe são colocados, e também 
o espírito com o qual devemos responder: 
"... estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos 
pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e 
temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós 
outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em 
Cristo." (1 Pedro 3:15 a 16) 
O apóstolo Paulo nunca se esquivou do dever de fundamentar aquilo 
que cria com provas adequadas. Quando estava na companhia de judeus que 
procuravam discutir com ele, Paulo "arrazoou com eles acerca das Escrituras, 
expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e 
ressurgisse dentre os mortos" (Atos 17:2 e 3). Ele não estava interessado 
numa mera troca de visões religiosas, esperando que a mensagem do 
Evangelho prove-se atrativa o bastante apenas pela sua simples 
apresentação. Ele sabia que precisava fazer com que tudo o que ele dissesse 
merecesse crédito, se quisesse que os seus adversários o levassem a sério. 
Em outra ocasião, ele disse: "anulando nós, sofismas e toda altivez que se 
levante contra o conhecimento de Deus" (2 Coríntios 10:4 e 5), provando ele 
mesmo ser alguém que dominava o assunto e tinha plena confiança na sua 
capacidade de endossar a verdade na qual cria. 
Na evangelização de muçulmanos, é essencial que os cristãos sejam 
capazes de refutar as objeções e os argumentos que o muçulmanos 
produzem de pronto. Na próxima seção, iremos considerar o espírito com o 
qual o cristão deve responder. 
A resposta cristã: métodos e abordagens corretos 
Os capítulos deste livro exemplificam meios eficientes de se responder 
aos argumentos mais comuns dos muçulmanos contra a Bíblia e os seus 
ensinamentos. É essencial que o conteúdo desses exemplos seja claro e 
convincente. Assim, este livro estaria bastante incompleto se não fosse dada 
atenção ao modo de conduta do cristão quando estiver discutindo com 
muçulmanos. O espírito da nossa abordagem é tão importante para produzir 
um impacto genuíno nos muçulmanos quanto a fundamentação dos nossos 
argumentos. 
7 
 
Exemplos de abordagens e atitudes erradas 
Há muitas maneiras pelas quais os cristãos podem arruinar seu 
testemunho aos muçulmanos. Serão consideradas três delas aqui: 
1. O espírito de triunfalismo 
Há muitos anos atrás, participei de encontro em Durban, África do Sul, 
onde quase dois mil cristãos e muçulmanos estavam aguardando que o 
auditório da prefeitura abrisse suas portas. Houve um atraso e a multidão 
simplesmente ficou aguardando, do lado de fora, em silêncio. Dr. Anis 
Shorrosh, um cristão palestino, havia anunciado que naquele encontro iria 
rebater as críticas de Ashmed Deedat, o campeão local muçulmano da 
polêmica anti-cristã, tendo inclusive desafiado-o a ter a coragem de dividir a 
tribuna com ele. A atmosfera do lado de fora da prefeitura, 
compreensivelmente, era tenso. De repente, um dos pastores cristãos locais 
gritou a um de seus amigos: "vamos cantar em louvor ao Senhor". Eles 
começaram, então, animadamente a cantar o coro: "Deus seja exaltado e seus 
inimigos dispersados", e a seguir vinham triunfantemente os versos "No nome 
de Jesus temos a vitória, no nome de Jesus os demônios serão expulsos". 
Infelizmente, os "demônios" ficaram — e deram o troco. E venceram! 
Um muçulmano logo interrompeu a cantoria com gritos de "Allahu Akbar!". Em 
pouco tempo, cerca de mil muçulmanos urravam incessantemente "Allahu 
Akbar!" (Alá é maior), e depois "La ilaha illullah!" (Não há outro Deus senão 
Alá), num imenso uníssono até que o coro dos cristãos fosse minguando até 
silenciar. Um cristão ao meu lado me perguntou, nervoso: "O que eles estão 
dizendo?" (ainda era a época do auge do reacionarismo islâmico e 
fundamentalismo eufórico), a quem eu respondi: "Calma, eles estão apenas 
gritando que só Deus é grande". 
É fácil cantar entusiasmados refrões como aqueles no conforto da 
comunhão com outros cristãos, quando ninguém mais está ouvindo. 
Triunfalismo é uma característica muito comum em várias formas 
contemporâneas do culto cristão. Somos chamados a sermos pessoas 
humildes falando em espírito de amor a todos que encontrarmos. Já foi muito 
bem dito que nosso alvo é ganhar os muçulmanos para cristo, e não vencer 
uma batalha para o cristianismo. 
Os cristãos devem resistir à tentação de tentar impor sua fé aos 
muçulmanos. Da mesma maneira, precisamos resistir à tendência de tentar 
provar alguns pontos somente para vencer o debate. O próprio ouvinte é o 
alvo principal. Tudo o que dissermos, e o espírito com que fazemos isso, deve 
ser na tentativa de se ganhar a confiança, a atenção e a boa vontade do outro. 
Nossa abordagem deve ser a que está descrita nesta passagem: 
"A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para 
saberdes como deveis responder a cada um." (Colossenses 4:6) 
8 
 
Em vários seminários, eu incitei repetidamente os cristãos a 
memorizarem a seguinte frase, na verdade um acrônimo da palavra "Islã" em 
inglês: 
I-S-L-A-M stands for I Shall Love All Muslims! 
(Islã quer dizer: Eu devo amar todos os muçulmanos!) 
Ouvi dizer que os cristãos devem odiar o Islã mas amar os 
muçulmanos. Eu sugeriria que o mais apropriado é amar todos os 
muçulmanos e se esforçar para compreender o que é o islamismo. Quanto 
mais você aprende sobre a fé muçulmana, mais irá aprender a respeitá-la (falo 
por experiência própria), e mais os muçulmanos irão respeitá-lo e estar 
dispostos a ouvi-lo. Quando os cristãos demonstram que se importaram o 
bastante para descobrir o que os muçulmanos acreditam de verdade, e se 
familiarizar com o Qur'an e a herança islâmica, os muçulmanos 
invariavelmente respondem tornando-se mais inclinados a participar de uma 
discussão sério ao invés de mero confronto e argumentação. Precisamos 
conquistar o direito de sermos ouvidos. 
2. A tendência a demonizare interpretar mal o islamismo 
Muitos escritores e palestrantes cristãos têm deturpado o islamismo por 
ignorar sua história verdadeira e ensinamentos básicos, projetando 
suposições falsas que são muito mais fáceis de ser condenadas e associadas 
a vilões. Há alguns anos, no meu país, a África do Sul, uma campanha pública 
foi lançada por alguns líderes cristãos contra o símbolo muçulmano hallal, que 
aparecia em embalagens de margarina, carnes de aves e outros produtos nos 
supermercados locais. Alegavam que era um sinal que indicava que aquele 
produto havia sido oferecido ao ídolo muçulmano, Alá, e que os cristãos não 
deveriam comer esses produtos porque Paulo proibia que se comesse 
alimentos consagrados a ídolos em 1 Coríntios 10:19 a 22. 
Outras publicações cristãs recentes insistiam que Alá era o "deus lua" 
do paganismo árabe anterior ao islamismo, e que o deus muçulmano era, na 
verdade, somente um deus de traços animistas. Uma vez tendo classificado 
Alá, do islamismo, como um deus falso ou como ídolo, fica muito mais fácil de 
atacar as crenças muçulmanas. Ao se discutir com muçulmanos, essas 
falsidades devem ser evitadas. Alá é o nome universal árabe para o único Ser 
Supremo de todo o universo, e é usado com a mesma liberdade por cristãos e 
judeus de fala árabe, bem como pelos muçulmanos. Do mesmo modo, o 
símbolo hallal é nada mais que um indicativo de que foi retirado daquele 
produto tudo o que significasse restrição segundo as leis islâmicas, e que o 
torna, portanto, apto para ser consumido. De certa forma, é exatamente 
contrário do que alegaram aqueles cristãos sul-africanos (o antônimo haraam 
é usada, no islamismo, para descrever os alimentos separados, que não 
9 
 
devem ser consumidos, como carne de porco), porque certamente nunca 
indicaria que aquele alimento foi oferecido como sacrifício de qualquer tipo. 
Outra falácia cristã muito popular que está sendo largamente difundida 
ultimamente (e, infelizmente, as pessoas acreditam nela) é que o islamismo 
era, originalmente, uma conspiração do catolicismo para eliminar os judeus e 
cristãos que se recusavam a se submeter à autoridade do Vaticano. Maomé 
teria sido iludido numa história ingênua, onde sua mulher Khatija, que seria 
uma espiã católica, motivava-o a se tornar um grande líder para executar os 
desígnios e planos do Vaticano. No entanto, fortificado pelo apoio financeiro 
do Vaticano, o islamismo teria se rebelado e tomado seus próprios rumos na 
História. Além de fantasiosa ao extremo, por desafiar todos os extensos 
registros históricos a respeito da vida de Maomé e do início do islamismo, ela 
foi espalhada pelo Dr. Alberto Riviera, partindo de um boato segundo o qual 
um cardeal jesuíta, conhecido por Augustine Bea, tomou conhecimento da 
trama em instruções secretas que teriam circulado no Vaticano. Apesar de ser 
baseada numa lorota, muitos cristãos (que freqüentemente não sabem muito 
mais que isso a respeito do islamismo) acreditam fervorosamente nela e criam 
confusões com os muçulmanos. 
Pela divulgação de informações falsas, os muçulmanos apenas são 
afastados ainda mais da verdade. Os cristãos precisam buscar, sempre, ser 
verdadeiros em seu testemunho e objetivos nas suas perspectivas — ser 
coerente com a Palavra de Deus, com os registros históricos confiáveis, e 
tentar evitar conquistar uma "vantagem" sobre o islamismo usando-se de 
acusações falsas. 
3. Atitudes negativas e de milícia contra os muçulmanos 
Há alguns milhares de anos atrás, o mundo viu o começo de uma nova 
estratégia do cristianismo frente ao islamismo, que foi a dominação do Oriente 
Médio por três séculos. As Cruzadas, quatorze no total, partiram da Europa 
Ocidental contra o mundo muçulmano, na tentativa de arrancar grande parte 
dele para a cristandade católica, particularmente os locais santos em 
Jerusalém para que as peregrinações cristãs pudessem acontecer sem 
maiores transtornos, bem como para estabelecer uma presença dominante e 
poder cristãos na região. Muitas obras de arte resistiram às batalhas entre 
cristãos e muçulmanos, retratando os soldados cristãos sempre segurando 
numa mão a espada, e, na outra, um escudo com o desenho de uma cruz. 
Os cristãos foram, indubitavelmente, os agressores, e o mundo 
muçulmano sofreu uma série de guerras, conflitos e campanhas que só 
podem ser descritas como um exercício cristão de jihad1. A Primeira Cruzada, 
promovida pelo papa Urbano II, foi surpreendentemente bem-sucedida, pois, 
apesar de pequeno, o exército cristão apanhou os muçulmanos 
 
1 Guerra santa (N.T.) 
10 
 
despreparados. Sob o comando de líderes como Godfrey de Bouillon, 
conquistaram muitas cidades, incluindo Jerusalém, passando impiedosamente 
judeus e muçulmanos sob o fio da espada até que seu sangue corresse pelas 
ruas. As cruzadas que se seguiram não foram tiveram tanto sucesso nem 
foram tão brutais, mas deixaram o legado da hostilidade entre cristãos e 
muçulmanos, que perdura até hoje. 
A militância moderna cristã contra o islamismo assume uma forma 
menos violenta, mas ainda presente. "Estamos em guerra com o Islã" é grito 
de convocação que eu, pessoalmente, já ouvi sendo proferido por cristãos, 
criando um sentimento negativo contra os muçulmanos, que são capaz de 
percebê-los facilmente. Com um Salvador descrito como "príncipe da Paz" 
(Isaías 9:6), fica difícil acreditar que esta seja uma abordagem apropriada. 
Não seria melhor que a nossa missão fosse uma campanha de paz? Ao invés 
de se martelar os últimos atentados a bomba em embaixadas, seqüestros, 
incidentes como o avião de uma empresa aérea norte-americana que foi 
derrubado em Lockerbie 2 , Escócia, e outros que cultivam um sentimento 
negativo em relação aos muçulmanos, deveríamos, ao invés disso, 
desenvolver uma atitude de boa vontade e amor para com eles. Também, 
precisamos estar dispostos a entregar nossas vidas sacrificialmente em 
testemunho e serviço, assim como Jesus Cristo fez por nós — Ele não 
considerou as nossas faltas e as usou contra nós, mas prontamente 
entregou-Se para nos trazer de volta a Deus. Só quando estivermos prontos 
para amar os muçulmanos, a despeito do que eles fazem ou teriam feito, 
seremos verdadeiramente capazes de manifestar o amor de Jesus por eles, e 
cumprir o propósito fundamental do nosso testemunho — levá-los à Sua graça 
e salvação. 
 
Princípios importantes na nossa abordagem aos muçulmanos 
Vamos olhar alguns princípios do testemunho que devemos nos 
esforçar para ter quando estivermos compartilhando com muçulmanos ou 
debatendo com eles, num nível mais prático. 
1. Justiça, paciência e amabilidade 
Talvez você conheça o ditado: "mantenha sua cabeça, mesmo quando 
todos em volta estiverem perdendo as suas". Os muçulmanos, quando 
argumentando com cristãos, costumam importunar e provocar deliberadamente 
com o único objetivo de irritar, até que o cristão perca a paciência ou fique nervoso 
e ofendido. Para eles, isso é um sinal de que eles venceram, e que a resposta 
comportamental do cristão é uma prova de que ele não é capaz de refutar às 
objeções. É essencial manter a compostura o tempo todo e, mesmo que você 
 
2 O livro foi escrito em 1999, antes do atentado simultâneo às torres do World Trade Center, em Nova York, 
e ao Pentágono, em Washington, EUA. 
11 
 
ache os muçulmanos chatos e irritantes, deve-se manter um espírito de mansa 
boa vontade e conversação razoável. 
Igualmente, não se surpreenda ou desanime quando eles atacarem o 
ponto central da sua mensagem. Os muçulmanos são treinados para rebater 
argumentos cristãos. Imagine um evangelista fervoroso, batendo na porta de um 
muçulmano pela primeira vez. Quando o muçulmano abrir, ele informa: 
— Vim para contar a você sobre as gloriosas boas novas de Jesus 
Cristo, o Filho de Deus, que morreu por você para que você fosse perdoado e 
pudesse ir para o céu". 
Ele poderia esperar que o ouvinterespondesse: "Puxa, isso é a coisa 
mais maravilhosa que eu já ouvi em toda a minha vida! Onde posso ser 
batisado?". Se for essa a sua expectativa, ele ficará bastante desapontado. É 
muito mais provável que ele seja confrontado com este tipo do de resposta: 
— Deus não tem parceiros! Onde ele arranjou um Filho? Quem foi a 
mulher de Deus? Como ele poderia deixar que o Seu Filho morresse? Você tem 
filhos? Você ficaria lá parado, olhando, enquanto criminosos assassinam os seus 
filhos? Que Pai é esse? De qualquer modo, ninguém pode morrer pelos seus 
pecados — cada alma deve carregar seu próprio fardo. Se Cristo morreu por você, 
isso não lhe dá o direito agora de pecar o quando quiser, uma vez que você já 
está perdoado? 
Os muçulmanos prontamente reduzem o testemunho cristão para o 
debate, conflito e argumentação. Isso não pode ser evitado. Os cristãos, às vezes, 
precisarão discutir de maneira razoável com eles, esforçando-se para apresentar 
respostas com argumentos sólidos aos seus argumentos, e fazer isso num espírito 
amável e paciente. 
2. Evite brigas e disputas 
Quando se aceita que é essencial responder aos argumentos dos 
muçulmanos, também é preciso se dizer que não se deve nunca deixar que aquilo 
que começou como um debate saudável se degenere, transformando-se em reles 
briga e controvérsia. O apóstolo Paulo disse: 
"E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só 
engendram contendas. Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a 
contender e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente; 
disciplinando com mansidão os que se opõe" (2 Timóteo 2:23 a 25) 
Conceitos errados devem ser removidos de maneira gentil, mas efetiva, 
sempre que possível. Uma resposta paciente e ao mesmo tempo ponderada pode 
não surtir um efeito imediato sobre o muçulmano que ou está promovendo seu 
próprio triunfalismo, ou agitado e agressivo e não muito disposto a ouvi-lo, mas no 
longo prazo o impacto será inevitavelmente mais profundo. Quando o clima 
12 
 
amenizar e a poeira não estiver mais no ar, sua resposta confiante e segura será 
lembrada. O que quer que você faça, não seja aquele que provoca primeiro 
argumentos rudes e disputas. 
3. Seja sério a respeito de sua fé 
Testemunhar a graça de Deus em Jesus Cristo é uma das coisas mais 
importantes e sérias que você pode fazer na sua vida. Quando conversar com 
muçulmanos, evite gracinhas e irreverência. Faça com que o muçulmano perceba, 
especialmente se ele discutir com você tentando ridicularizá-lo ou sendo 
displicente, que você leva sua fé bastante a sério e quer discutir quaisquer pontos 
que ele esteja disposto a esclarecer. 
Mesmo no testemunho cristão normal, é importante manter uma atitude 
compatível e de seriedade no que se refere à sua mensagem. Afinal, você quer 
que o seu interlocutor leve-a a sério também. Há pouco tempo atrás, depois de 
testemunhar a um muçulmano a respeito dos mais maravilhosos aspectos da 
nossa fé cristã, descobri, quase quando ia saindo de sua casa, que ele torcia para 
o mesmo time de futebol que eu, o Manchester United da Inglaterra. Como todo 
bom muçulmano sul-africano torce para o Manchester (os outros preferem o 
Liverpool e o Arsenal), eu imediatamente mudei o rumo da conversa para o 
Manchester, porque, por experiência própria, sabia que um interesse comum é 
muitas vezes uma porta para o coração de um muçulmano e para que ele se 
interesse por você. Desta vez, no entanto, descobri que havia deixado um impacto 
maior do que pensava ter deixado, pois ele rapidamente voltou ao assunto da 
minha mensagem: "Minha mãe é cristã, se converteu do islamismo há alguns 
anos. Ela tem uma paz que eu quero de verdade. Eu fiquei realmente tocado pela 
sua mensagem, e vou ler as coisas que você me deu com atenção." Soube 
imediatamente que era hora de deixá-lo ali, prometendo vê-lo novamente em 
breve. Em momentos como esse, a seriedade do nosso ministério de fazer com 
que as pessoas conheçam a Jesus deve prevalecer. Não podemos nunca perder 
isso de vista. 
4. Seja bíblico em suas respostas 
Acho que não conseguirei dar a ênfase necessária a este tópico. 
Quando discutindo a Trindade, por exemplo, é sempre tentador raciocinar 
teológica e doutrinariamente, tentando explicar como Deus pode ser três pessoas 
numa só. Muitas vezes, percebi que, depois de um tempo, eu estava tão confuso 
quanto o muçulmano a respeito desse assunto tão profundo! Há tantas coisas que 
eu não compreendo e, francamente, acho que não é para entendermos. Às vezes, 
os cristãos usam ilustrações para explicar a doutrina, como dizer que H2O, que, 
sendo uma só substância, pode ser vapor, água ou gelo. Ou então a ilustração do 
ovo (gema, clara e casca, mas o ovo é uma coisa só). Os muçulmanos dificilmente 
conseguem entender a Trindade através destes raciocínios. Na seção deste livro 
chamada O Pai, o Filho e o Espírito Santo, mostro como uma apresentação 
bíblica do papel das três pessoas divinas é, sem dúvida, o meio mais poderoso 
13 
 
para se explicar o assunto, ao mesmo tempo que lhe permite continuar a iniciativa 
e voltar ao testemunho genuíno. É a própria Bíblia que diz: 
"Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que 
qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, 
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do 
coração" (Hebreus 4:12) 
Conheça a sua Bíblia. Quanto mais você dominar a Palavra de Deus, 
mais eficiente você será no debate com os muçulmanos. É o nosso melhor 
manual, e é o principal meio usado pelo Espírito Santo para mover o ouvinte a fim 
de que ele responda à mensagem cristã. Há um poder na Palavra e, muitas vezes, 
em situações em que me encontrava na defensiva quando precisava explicar 
algumas coisas em termos humanos, descobri aquela autoridade que surge 
quando a Bíblia é citada e retorna à posição de fonte do meu testemunho. Em 
geral, nada precisa ser provado — a Bíblia só precisa ser citada adequadamente, 
e a Palavra de Deus irá produzir seu impacto no interlocutor. Naturalmente, 
quando o ataque é contra seus próprios ensinamentos e convicções, a razão 
humana é necessária, mas mantendo-se bíblicas as respostas, é mais provável 
que seja alcançado um resultado melhor. 
Tente evitar ser racional ou teológico com os muçulmanos. Você não 
pode colocar as pessoas no Reino de Deus através da razão — é preciso que elas 
respondam à mensagem da graça e do perdão de Deus com seus corações, e 
isso demanda não só assentimento à verdade, como também que se gere 
arrependimento e convicção profundos. E a Bíblia é a melhor ferramenta para 
isso. Faça o possível para conseguir que os muçulmanos a leiam! 
5. Use as objeções como uma oportunidade para testemunhar 
Este é o meu último tópico, mas com certeza não é o menos 
importante. Ele irá retornar constantemente neste livro. Faça o possível para usar 
os argumentos dos muçulmanos para fortalecer o seu testemunho entre eles. Isso 
lhe ajudará a voltar ao seu foco real, que é desafiar os muçulmanos a responder à 
sua mensagem e clamar por Cristo em suas almas. Vamos voltar a uma discussão 
já mencionada, expandi-la um pouco, e ver como se pode usar o debate como 
oportunidade para enfatizar a mensagem do Evangelho. 
Os muçulmanos retrucam: "Como Deus pode deixar seu Filho morrer? 
Para nós, Jesus Cristo é um profeta, e mesmo assim honramos a Ele e a Deus, 
acreditando que Deus o livrou da cruz. No entanto vocês sustentam que ele era o 
Filho de Deus, e que Deus não fez enquanto O crucificavam. E você quer que 
acreditemos nisso?" O argumento é, em geral, sincero — eles acreditam na sua 
lógica, especialmente porque os filhos são muito valorizados nas famílias 
muçulmanas em todo o mundo. 
Um muçulmano foi mais longe comigo: 
14 
 
— Quantos filhos você tem? — ele me perguntou. 
— Dois — respondi. 
— Bem, se você visse um grupo de fascínoras atacando um deles, e se 
você percebesse que eles iriam matá-lo, você nãotentaria salvá-lo? Você não 
ama seu filho? 
Assim que você cai na armadilha e responde com um simples "sim", os 
muçulmanos encerram o debate — é precisamente o que um bom Pai celeste faria 
pelo seu filho. Respondi: 
— Vou fortalecer ainda mais seu argumento antes de lhe responder: e 
se você me visse andando numa estrada com uma faca numa das minhas mãos e 
com o meu filho na outra, pronto para matá-lo? Isso não seria pior? 
Ele concordou (havia caído na minha armadilha!). 
— Então — continuei —, como você consegue acreditar que Abraão foi 
um grande profeta e pai, se foi isso que ele fez? Ele preparou um dia para matar 
seu próprio filho, de acordo com o Qur'an (Surata 37:102-103). Deus disse a 
Moisés: "não matarás" (Êxodo 20:13). Você consegue ter uma imagem positiva de 
Abraão quando ele se preparava para fazer isso com seu próprio filho? 
Ele respondeu, e eu cito literalmente o que ele disse: 
— Você não entende. Aquilo foi diferente! (ênfase minha). Foi um teste 
do seu amor por Deus. Se um homem entregar seu filho para Deus, ele será 
capaz de dar qualquer coisa a Ele!" 
A porta estava aberta para um testemunho mais profundo, com 
melhores resutados do que uma apresentação comum da mensagem do 
Evangelho alcançaria. 
— Exatamente! — respondi — E é precisamente o que eu estou 
tentando explicar a respeito de Deus. Ele não agüentou ficar só olhando, e deu 
prontamente seu Filho por nós para salvar-nos de nossos pecados. Foi a maior 
prova de Seu amor que Ele poderia ter dado. João 3:!6! 
Continuei: 
— Deus poupou o filho de Abraão, mas não poupou o Seu próprio Filho. 
Deus mostrou, ao ordenar que Abraão desse a melhor prova de amor do seu amor 
por Deus possível, que era o sacrifício do seu filho, aquilo que ele iria fazer ao nos 
dar a maior manifestação de Seu amor . Os cristãos sabem que, na cruz, Deus fez 
a melhor coisa possível por nós. O islamismo tem algo comparável? Alá alguma 
vez igualou o exemplo supremo de amor sacrificial de Abraão? 
15 
 
O que começou como uma ofensiva muçulmana contra o Evangelho 
terminou com um testemunho muito mais impactante do que eu seria capaz de dar 
se ele nunca tivesse levantado aquela questão. Use os argumentos dos 
muçulmanos para fortalecer seu testemunho. Leve a conversas o mais longe 
possível de discussões ríspidas e disputas, e traga o debate para onde ele deve 
estar: testemunho evangelístico. 
Concluindo, só posso enfatizar novamente que o conteúdo é tão 
importante quando a forma da abordagem aos muçulmanos. Certifique-se de tudo 
o que você faz e diz está sendo feito em espírito de amor genuíno por eles. 
 
John Gilchrist 
Benoni, África do Sul. 
20 de março de 1999 
16 
 
Capítulo Um 
 
A integridade da Bíblia 
A autenticidade textual do Qur'an e da Bíblia 
 
1.1 Os manuscritos bíblicos antigos 
Muçulmano: Sua Bíblia não contém as escrituras originais que foram 
reveladas a Moisés, Jesus e outros profetas. Ela foi modificada várias vezes. 
Os nossos maulanas, pessoas estudadas, nos ensinaram isso. Que provas 
vocês têm de que a sua Bíblia é totalmente autêntica e confiável? 
Há muitos anos atrás, uma jovem muçulmana me perguntou se a Bíblia 
já havia sido alterada. Respondi que era quase certeza que não, e ela 
perguntou outra vez: 
— Mas ela não ensina que Jesus Cristo é o Filho de Deus? 
Eu confirmei que ela ensinava isso, e ela retrucou: 
— Então ela foi alterada! 
Qualquer cristão que consultar a bibliografia das publicações 
muçulmanas citadas no final deste livro, ficará surpreso em descobrir que os 
argumentos utilizados para questionar a integridade da Bíblia são, com 
freqüência, extremamente fracos e não convincentes. Há apenas uma 
explicação para isso: os muçulmanos não acreditam que a Bíblia tenha sido 
modificada porque descobriram evidências plausíveis disso, mas sim porque é 
necessário que rejeitar a autenticidade da Bíblia para manter sua convicção de 
que o Qur'an é a Palavra de Deus. Dois livros conflitantes não podem ser 
ambos a Palavra de Deus. Uma vez que eles descobriram, nos primeiros 
séculos do islamismo, que a Bíblia ensinava enfaticamente doutrinas 
fundamentais do cristianismo como a divindade e a ação redentora de Jesus 
Cristo, eles não podiam mais abordar o tema objetivamente. Desde então, 
eles procuram provar que isso não é mais do que uma suposição. A Bíblia tem 
que ter sido alterada! A maior razão para os muçulmanos não acreditarem na 
integridade bíblica é que eles não têm escolha se quiserem sustentar sua fé 
no Qur'an. 
É importante conhecermos quais as evidências a favor da autenticidade 
textual da Bíblia, especialmente o fato de que nós temos manuscritos 
verdadeiros, datados de séculos antes do islamismo, mostrando que a Bíblia 
17 
 
que temos em nossas mãos hoje é precisamente a que os judeus e cristãos 
primitivos reconheciam como suas escrituras sagradas. 
Os três grandes códices antigos 
Há três grandes manuscritos da Bíblia em grego que chegaram até nós 
(contendo a Septuaginta do Velho Testamento e o original em grego do Novo 
Testamento), os quais datam de séculos antes de Maomé. São eles: 
1. Codex Alexandrinus 
Este volume, escrito no século V d.C., contém toda a Bíblia, exceto por 
algumas páginas do Novo Testamento, que foram perdidas (Mateus 1:1 a 25, 
João 6:50 e 5:52 e 2 Coríntios 4:13 a 12:6). Tudo que este manuscrito contém 
faz parte da nossa Bíblia hoje. O manuscrito está no Museu Britânico, em 
Londres. 
2. Codex Sinaiticus 
Este texto antiquíssimo, datado do final do século IV d.C., contém todo 
o Novo Testamento e grande parte do Velho. Preservado por séculos na 
Biblioteca Imperial em São Petesburgo, na Rússia, foi vendido por cem mil 
libras ao governo britânico, e agora também faz parte do acervo do Museu 
Britânico. 
3. Codex Vaticanus 
Provavelmente, é o mais velho manuscrito bíblico existente. Escrito no 
século IV d.C., hoje faz parte da Biblioteca do Vaticano, em Roma. A parte 
final do Novo Testamento, de Hebreus 9:14 até o fim do Apocalipse, está 
escrita em letra diferente do restante (o escriba original provavelmente não 
conseguiu completar o texto porque morreu, ou alguma outra razão). 
 
Estes manuscritos provam conclusivamente que as únicas escrituras 
nas mãos da Igreja, pelo menos duzentos anos de Maomé, eram o Velho e o 
Novo Testamentos que conhecemos. 
 
Outras evidências mais recentes da integridade da Bíblia 
Há outras numerosas evidências que falam a favor da integridade da 
Bíblia que datam de muitos séculos antes do islamismo. Quando discutindo 
com muçulmanos, enfatize o seguinte: 
1. Os textos massoréticos hebreus 
18 
 
Não são só os cristãos que têm manuscritos bíblicos. Os judeus 
também possuem originais do Velho Testamento, que é a porção das escrituras 
reconhecida por eles, no texto original em hebraico, com pelo menos mil anos de 
idade. São conhecidos como textos massoréticos. 
2. Os pergaminhos do mar Morto 
Descobertos inicialmente em cavernas na região erma de Qumran, ao 
redor do mar Morto em Israel, estes pergaminhos contém muitas porções do Velho 
Testamento no hebraico original, e datam século II a.C.! Não mais que duas 
cópias do livro de Isaías estavam nesta coleção, contendo profecias a respeito da 
morte e ressurreição de Cristo (Isaías 53:1 a 12), seu nascimento de uma virgem 
(Isaías 7:14) e afirmação da sua divindade (Isaías 9:6 e 7). 
3. A Septuaginta 
Este é o nome da primeira tradução do Velho Testamento em grego. 
Foi transcrita também no século II a.C., contendo todas as maravilhosas profecias 
a respeito da vinda do Messias, o Filho de Deus (Salmos 2:7, 1 Crônicas 17:11 a 
14), bem como os detalhes de seu sofrimento e morte (Salmos 22 e 69). A Igreja 
primitiva usava a Septuaginta. 
4. Vulgata Latina 
A Igreja Católica Romana traduziu toda a Bíblia para o latim no século 
IV d.C., usando a Septuaginta e manuscritos gregos antigos do Novo Testamento. 
A Vulgata, assim como a Septuaginta, contém as mesmas escrituras do Velho e 
do Novo Testamentoque conhecemos hoje. Ela se estabeleceu como o texto 
padrão da Igreja Católica Romana. 
5. Porções do Novo Testamento em grego 
Existem várias páginas, fragmentos e porções do Novo Testamento 
original em grego, do século II d.C., que sobreviveram. Todos, reunidos, formam o 
Novo Testamento que temos hoje. É muito interessante comparar essa riqueza de 
evidências com as dos textos clássicos gregos e romanos, muitos dos quais são, 
pelo menos, de mil anos depois de Cristo. De fato, nenhum outro texto antigo do 
mesmo período tem hoje tantos manuscritos que lhe conferem autenticidade como 
o Novo Testamento em grego. 
O que é mais importante e deve ser enfatizado para os muçulmanos é 
que não há fontes alternativas de evidências que sugiram que a vida e os 
ensinamentos de Jesus Cristo foram muito diferentes daquilo que está registrado 
na Bíblia. Todas as escrituras apócrifas rejeitadas pela Igreja seguiam, ao menos 
em linhas gerais, os tópicos presentes nos manuscritos do Novo Testamento. 
Certamente, não há nenhuma evidência histórica desse período que sustente que 
Ele foi o profeta do islamismo que o Qur'an diz ter sido. 
19 
 
Concluindo, é proveitoso desafiar os muçulmanos a produzir evidências 
históricas que fundamentem seus argumentos de que a Bíblia, como a 
conhecemos hoje, tenha sido alterada. Como ela era originalmente? O que, 
precisamente, foi alterado para transformá-la no livro que é hoje? Quem fez essas 
mudanças? Quando elas foram feitas? Nenhum muçulmano, se desafiado a 
identificar quem teria corrompido a Bíblia, em que momento da História isso teria 
sido feito e, precisamente, quais as mudanças textuais foram feitas frente aos 
manuscritos originais, será capaz de provar a acusação. Tais evidências 
simplesmente não existem. Lembre-se sempre que os ataques dos muçulmanos 
provêm não de um exame crítico das evidências, mas de uma hipótese 
necessária. A Bíblia, em sua lógica, deve obrigatoriamente ter sido modificada se 
ela contradiz o Qur'an — infelizmente, quando os muçulmanos abrem uma Bíblia 
para ler, o fazem apenas para encontrar algo que justifique seu preconceito. 
1.2 Os diferentes códices antigos do Qur'an 
Muçulmano: Felizmente, o nosso Qur'an foi preservado intacto, sem 
que uma única letra tenha saído do lugar. Nunca foi mudado, como a Bíblia, o que 
prova indubitavelmente que o Qur'an é a infalível Palavra de Deus. 
Desde a infância, os muçulmanos aprendem uma das maiores falácias 
existentes: a de que a Bíblia foi modificada, enquanto que o Qur'an foi 
miraculosamente protegido contra alterações. A verdade é que as evidências a 
favor da autenticidade textual da Bíblia são muito mais eloqüentes do que as do 
Qur'an. Considerando também o fato de que a Bíblia contém sessenta e seis 
livros, compilados num período de mais de dois mil anos, e que o Qur'an, um livro 
muito mais recente, surgiu a partiu de um único homem, durante um curto tempo 
de vinte e três anos, há todas as razões do mundo para se acreditar que a Bíblia 
tenha um respaldo maior para ser a Palavra de Deus preservada. Iremos, contudo, 
contrastar as evidências que existem dos manuscritos bíblicos com o que 
acontecem aos códices antigos do Qur'an. 
A compilação original do texto do Qur'an 
Durante a vida de Maomé, o textos do Qur'an não foram escrito nem 
reunidos num único volume. Num dos mais confiáveis relatos da vida e 
ensinamentos de Maomé, é afirmado que o Qur'an veio ao profeta de maneira 
mais abundante pouco antes de sua morte, e que neste período se deu a maior 
parte da sua revelação (Sahih al-Bukhari, Vol. 6, p. 474). Assim, não havia razão 
para se produzir um livro único, especialmente porque mais porções podiam ser 
esperadas enquanto Maomé vivesse. 
Foi só depois da morte de Maomé que foram feitas as primeiras 
tentativas de se compilar os manuscritos de todo o texto do Qur'an. A mesma 
fonte diz que Abu Bakr, sucessor imediato de Maomé, encorajou um conhecido 
recitador do Qur'an, Zaid ibn-Thabit, a coletá-los. Esse jovem relatou que foi 
obrigado a obtê-los de várias fontes, desde caules de folhas de palmeira, pedras 
20 
 
brancas finas e outros materiais nos quais partes foram registradas, bem como da 
memória daqueles que conheciam os ensinamentos de cor. Pelo menos um verso 
veio de apenas uma pessoa, Abi Khuzaima al-Ansari (Sahih al-Bukhari, vol. 6, p. 
478). Reunidas, essas fontes não eram nem de longe as ideais para uma 
compilação perfeita e livre de erros. 
Na época, esse manuscrito tinha pouca significância além de ter sido 
comissionado pelo próprio Califa. Cai no esquecimento, depois de ter ficado sob a 
custódia privada de Hafsah, uma das viúvas de Maomé (Sahih al-Bukhari, vol. 6, 
p. 478). Outros códices logo foram feitos, compilados por companheiros próximos 
de Maomé; é importante se familiarizar com os mais bem conhecidos. 
1. Abdullah ibn Mas'ud 
Um dos primeiros a se converter ao islamismo. Está registrado que, 
quando Maomé mencionou as quatro maiores autoridades do Qur'an, que eram os 
capacitados para ensiná-lo, ele deliberadamente mencionou Abdullah em primeiro 
lugar (Sahih al-Bukhari, vol. 5, p. 96). É sabido que ele compilou seu próprio 
manuscrito do Qur'an, que se tornou o texto oficial em Kufa. Ele próprio disse que 
ninguém conhecia o livro melhor do que ele (Sahih al-Bukari, vol. 6, p. 488). 
2. Salim, o ex-escravo de Abu Hudhaifa 
Foi o segundo, na lista das quatro autoridades, a ser mencionado por 
Maomé. Apesar de ter sido morto na batalha de Yamama não muito depois da 
morte de Maomé, ele é citado como o primeiro a reunir os textos do Qur'an numa 
mushaf — manuscrito ou códice escrito (As Suyuti, Al-Itqan fii 'Ulum al-Qur'an, vol. 
1, p. 135). 
3. Ubayy ibn Ka'b 
Também citado entre os quatro, diz-se que Alá teria ordenado que 
Maomé o ouvisse recitar porções do Qur'an. Ele era conhecido como o sayid 
al-qurra (mestre da récita), e também compilou seu próprio texto do Qur'an, o qual 
se tornou o texto preferido dos muçulmanos na Síria. 
 
Muitos outros códices foram transcritos ao mesmo tempo. Desses, os 
manuscritos de Ali, Ibn Abbas, Abu Musa, Anas ibn Malik e Ibn az-Zubair estão 
bem documentados. 
 
 
 
21 
 
A ordem de Uthman de destruir os outros códices 
Durante o reinado de Uthman, o terceiro sucessor (califa) de Maomé, 
chegou até ele a notícia de que os muçulmanos em várias províncias estavam 
divergindo consideravelmente na leitura do Qur'an. Uthman decidiu unir o povo 
com um musaf wahid (texto único) e, depois de solicitar o códice de Zaid (que, 
convenientemente, estava em Medina, cidade sob possessão de Hafsah e sede 
do governo do califado), ordenou a este que, com três outros, transcrevesse seu 
manuscrito para sete outras réplicas exatas e enviasse uma cópia para cada 
província, com a ordem de que todos os outros manuscritos do Qur'an existentes 
fossem queimadas (Sahih al Bukhari, vol. 6, p. 479). Os códices de Abdullah ibn 
Mas'ud e Ubayy ibn Ka'b foram particularmente execrados e destruídos. 
Abdullah ibn Mas'ud, de início, resistiu à ordem. A cópia de Zaid nunca 
havia sido padronizada como texto oficial, e fora escolhida puramente pela 
conveniência de estar à mão em Medina e de não ser identificada com nenhum 
grupo muçulmano. Abdullah reclamou que ele obteve as setenta suratas 
diretamente de Maomé, quando Zaid era apenas uma criança — porque agora ele 
deveria abandonar o que conseguira? (Ibn Abi Dawud, Kitab al-Masahif, p. 15). Ele 
também declarou claramente que preferia a o Qur'an que provinha da récita do 
próprio Maomé do que o de Zaid, sugerindo que não via o códice de Zaid como 
totalmente autêntico e acrescentando que "o povo foi culpado de embuste na 
leitura do Qur'an" (Ibn Sa'd, Kitab al-Tabaqat al-Kabir, vol. 2, p. 444). 
Apesar das abundantes evidências de que o códice de Zaid era apenas 
mais um entre muitos outros manuscritos antigos, sem motivos para se crer que 
fosse o melhor disponível, ou pelo menos uma cópia autêntica, ele foi padronizado 
por Uthmancomo texto oficial do Qur'an, e assim permanece até hoje. Ainda 
nesse capítulo, será feita uma comparação entre as centenas de leituras textuais 
discrepantes em todos os códices antigos do Qur’an e as poucas da Bíblia. Neste 
ponto, entretanto, precisamos somente considerar a ação de Uthman de condenar 
à fogueira muitos manuscritos do Qur'an compilados por alguns dos companheiros 
mais chegados de Maomé, incluindo dois dos quatro que ele nomeou como as 
maiores autoridades no Qur'an, de quem os outros deviam aprendê-lo. 
A Bíblia foi queimada apenas pelos seus inimigos. Uthman queimou 
todos os outros manuscritos do Qur'an que não aquele que estava 
convenientemente à sua mão. Os códices que haviam sido considerados como 
textos com autoridade nas várias províncias foram queimados em favor de um 
manuscrito que Hafsah mantinha debaixo da sua cama! Essa ação desfavorece o 
Qur'an, e contrasta com as evicências que consideramos a respeito dos textos 
bíblicos. 
As passagens de Marcos 16 e João 8 
Muçulmano: Há duas passagens nos evangelhos que aparecem em 
alguns manuscritos antigos, mas não em outros. Algumas edições da Bíblia RSV 
22 
 
trazem esses trechos, mas outras o omitem. Isso não prova de uma vez por 
todas que a Bíblia foi modificada? 
Apesar da grande extensão da Bíblia (é quase cinco vezes a do 
Qur'an), há somente duas passagens sobre as quais pode haver dúvidas quanto à 
autenticidade. Elas preenchem menos do que uma página de um livro que tem 
mais de mil. Vamos analisá-las: 
Marcos 18:9 a 20: As aparições de Jesus após a ressurreição 
Essa passagem descreve várias aparições pós-ressurreição de Jesus, 
e a sua ascensão ao céu. Ela não aparece em manuscritos muito antigos do 
evangelho de Marcos, mas é a conclusão do livro em muitos dos textos em grego 
um pouco mais recentes que aqueles manuscritos. Alguém teria adicionado essa 
breve passagem ao evangelho de Marcos? Como não se conhece nenhum outro 
caso em que é possível que tenha havido adição ao texto original no Novo 
Testamento (exceto João 8:1 a 11), é altamente improvável que essa seção tenha 
sido feita alguns séculos depois que o livro foi escrito, e que tenha ganho 
aceitação como parte integrante do texto. É muito mais provável que ela seja 
autêntica, e tenha sido omitida dos textos mais antigos por circunstâncias 
desconhecidas. 
Cada um dos quatro evangelhos possui a sua conclusão. Sem essa 
passagem, o evangelho de Marcos terminaria abruptamente. Ela registra a 
aparição de um anjo a três mulheres, que as envia para a Galiléia, onde elas 
poderiam ver a Jesus. É muito improvável que o evangelho terminasse sem relatar 
o que aconteceu com ele. Outro ponto é se a passagem ensina algo que contrarie 
o resto do Novo Testamento. Estes pontos são relevantes: 
1. A aparição de Jesus a Maria Madalena 
Os versículos de 9 a 11 registram que ele apareceu no primeiro dia 
depois da sua ressurreição a Maria Madalena. Esse incidente é relatado com mais 
detalhes em João 20:11 a 18. 
2. Outra aparição a dois seguidores 
Mais uma breve referência, que delineia a interação de Jesus com dois 
dos seus discípulos, mais tarde naquele dia. Esse incidente, da mesma forma, é 
contado com detalhes mais específicos em Lucas 24:13 a 35. 
3. Sua comissão aos seus onze discípulos 
A seguir, Ele aparece aos seus onze discípulos remanescentes (depois 
da morte de Judas); Ele os encontra quando estavam reunidos à mesa. O 
mandamento de pregar o Evangelho a toda criatura se segue a outras falas, que 
explicam a comissão. A aparição, outra vez, tem paralelos em Mateus 28:19 e 
Lucas 24:36 a 43. 
23 
 
4. A ascensão de Jesus ao céu 
A passagem em questão conclui com uma breve narrativa da ascensão 
de Jesus, logo depois, ao céu, e da saída dos discípulos para pregar a mensagem 
em todo lugar. Isso também é confirmado pelo primeiro capítulo de Atos. 
Não há nada nessa passagem que não seja repetido em algum outro 
ponto do Novo Testamento. Os muçulmanos precisam provar que os 
ensinamentos da Bíblia cristã não são os que haviam sido originalmente 
registrados, e que o livro inteiro teria sido alterado do que alegadamente era, ou 
seja, um texto consistente com o islamismo. Argumentos a respeito dessa 
passagem em particular não chega nem perto de discutir a questão real. Nada 
aqui conflita com o conteúdo geral do Novo Testamento e, como foi visto, todos os 
acontecimentos relatados tem paralelos nos outros livros. 
João 8:1 a 11: a mulher pega em adultério 
A única outra passagem sobre a qual pode haver alguma dúvida no 
Novo Testamento é a história de Jesus e da mulher que havia sido pega em 
adultério, cujo relato está em João 8:1 a 11. Alguns manuscritos antigos o incluem 
exatamente nessa porção do livro; outros o omitem completamente e, ainda, 
outros o trazem como um apêndice ao evangelho de Lucas. Parece que havia um 
consenso entre os primeiros cristãos de que a passagem era legítima, embora sua 
localização dentro dos textos fosse discutida. Há, de fato, várias razões que levam 
a crer que ela era originalmente parte do evangelho de João exatamente onde 
está hoje, no início do oitavo capítulo. 
1. Os ministérios contrastantes de Moisés e Jesus 
Por todo o evangelho de João, desenha-se um contraste entre o 
ministério limitado de Moisés, e o cumprimento de todos os propósitos de Deus 
em Jesus Cristo. "Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a 
verdade vieram por meio de Jesus Cristo." (João 1:17). Este versículo resume a 
afirmação inicial. Por exemplo: apesar de Moisés ter alimentado o povo com pão 
durante quarenta anos, todos eles morreram. Mas aquele que se alimenta do pão 
da vida eterna oferecido por Jesus irá viver eternamente (João 6:31 a 35). Da 
mesma maneira os que foram circuncidados no sábado apenas para cumprir a lei 
de Moisés — quanto mais poderia ser feito com todo o corpo no sábado por Jesus 
(João 7:23). Portanto, nessa passagem em que a lei de Moisés condenava a 
mulher envolvida em adultério, à luz da presença e do ensinamento de Jesus, 
todos os presentes deixaram a cena acusados pelo seu pecado (João 8:7 a 9). A 
mulher, contudo, ficou para experimentar a graça salvadora trazida por Jesus 
(João 8:10 a 11). 
2. O uso do termo "mulher" por Jesus 
Depois que todos os líderes judeus haviam deixado o cenário, Jesus se 
dirigiu à mulher adúltera: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? 
24 
 
Ninguém te condenou?" (João 8:10). Este uso incomum do vocativo "mulher" 
por Jesus, como se fosse um pronome de tratamento respeitoso (como 
"senhor"), aparece mais vezes no evangelho de João em muitas ocasiões 
(João 2:4, 4:21, 20:15), mas não é encontrado nos outros evangelhos. 
3. A seqüência lógica dos eventos 
Os fariseus, que não haviam sido mencionados no evangelho até esta 
passagem, surgem repentinamente, sem que tenham sido apresentados, na 
discussão com Jesus em João 8:13. São introduzidos claramente na história 
em João 8:3. Igualmente, o debate acalorado entre eles e Jesus, que continua 
durante o resto do capítulo, é obviamente conseqüência dos fatos narrados 
em João 8:1 a 11. Ao longo de todo o seu evangelho, João registra incidentes 
na vida de Jesus que geraram desavenças e debates com os líderes judeus 
(cf joão 6:1 a 59). Sem a história da mulher pega em adultério, e a interação 
subseqüente de Jesus com os líderes judeus, essa tendência ficaria 
descaracterizada. 
4. 4. Jesus e Moisés: a condenação do pecado 
No debate com esses líderes, Jesus indagou: "Quem dentre vós me 
convence de pecado?" (João 8:46). A pergunta seria isolada, se não fosse o 
episódio com a mulher. É nesta passagem que Jesus, ousado, lhes desafia: 
"Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a 
pedra." (João 8:7). Um por um, face ao desafio, deixou o local, começando 
pelo mais velho, até que Jesus ficasse só com a mulher. A estocada é clara: 
Ele os condenou todos pelos seus pecados, mas qual deles seria capaz de 
fazer o mesmo com Ele? 
Háevidências consideráveis, se não plenamente convincentes, de que 
o trecho de João 8:1 a 11 pertence exatamente ao lugar em que está. 
Novamente, não há nada que seja conflitante com tudo o que ensina o Novo 
Testamento. Não há, portanto, nenhuma evidência relevante ou significante 
que sustente a tese de que passagens teriam sido omitidas ou adicionadas à 
Bíblia, cujo conteúdo teria sido alterado transformando um texto originalmente 
fiel ao islamismo num livro cristão. Argumentos sobre as duas porções que 
analisamos aqui não provam a hipótese muçulmana. Conforme já foi dito, as 
duas juntas não preenchem uma página — uma prova insuficiente de que a 
Bíblia teria sido modificada. 
Ao contrário, demonstraremos a seguir que há muito mais evidências 
que sugerem que partes do Qur'an teriam sido omitidas do texto original. 
Ainda, veremos mais uma vez que a integridade textual do Qur'an original é, 
de longe, muito mais questionável do que a da Bíblia, mesmo sendo o livro 
cristão cinco vezes mais extenso e compilado durante um período de séculos 
a mais que o Qur'an. 
 
25 
 
Passagens que foram removidas do Qur'an 
Muçulmano: O Qur'an é um livro completo, exatamente como foi 
revelado ao nosso santo Profeta. Nada nunca foi adicionado ou retirado dele. 
Isso também prova que ele é a infalível Palavra de Alá. 
Ao contrário da crença popular muçulmana, há numerosas evidências 
que provam que o Qur'an, da maneira como se apresenta hoje, está 
incompleto. Abdullah ibn Umar disse, logo nos primórdios do islamismo: 
"Que nenhum de vocês diga: 'adquiri todo o Qur'an'. Como alguém 
pode saber que todo é esse, quando muito do Qur'an desapareceu? Ao invés 
disso, diga: 'adquiri o que sobreviveu até nós'. " (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum 
al-Qur'an, p. 524) 
Há muitos registros de versículos, passagens e até mesmo de seções 
inteiras que teriam sido parte do Qur'an original, e que não pertencem mais a 
ele. A seguir, alguns exemplos importantes: 
Suratas inteiras que foram removidas do Qur'an 
Abu Musa al-Ashari, um amigo próximo de Maomé e uma das primeiras 
autoridades no Qur'an, disse, quando ensinava as récitas do Qur'an em Basra: 
"Costumávamos recitar a surata que lembrava em tamanho e rigor à 
[surata] Bara'at. No entanto, eu a esqueci, exceto esse pedaço que sei de cor: 
'Se houvesse dois vales cheios de riquezas, para o filho de Adão, este 
buscaria um terceiro vale; e nada encheria o estômago do filho de Adão senão 
pó.' " (Sahih Muslim, vol. 2, p. 50) 
A tradição está preservada num dos dois mais reconhecidos 
compêndios de provérbios de Maomé. Ao lado da Sahih al-Bukhari, a Sahih 
Muslim é vista como o registro mais autêntico da vida do profeta. Outros dos 
seus companheiros, como Anas ibn Malik e Ibn Abbas, também relataram que 
Maomé costumava recitar o verso citado acima, mas não estavam certos se 
ele fazia parte do Qur'an ou não. 
Abu Musa também menciona outra surata, que foi recitada nos 
primórdios do islamismo pelos companheiros de Maomé: 
"E ele costumava recitar uma surata que lembrava uma das suratas de 
Musabbihat, da qual não me lembro mais senão este trecho: 'Ó povo que 
acredita, por que não praticais aquilo que dizeis ' (61:2) e 'que está registrado 
em seus pescoços e como testemunha (contra vós) e sereis interrogados a 
respeito disso no Dia da Ressurreição.' (17:13) (Sahih Muslim, vol. 2, p. 50) 
A Musabbihat é um grupo de cinco suratas (57, 59, 61, 62 e 64) que 
começam com a expressão "Que tudo o que está nos céus e na Terra louve 
26 
 
(sabbahu ou yusabbihu) a Allá". Esses registros de pelo menos duas suratas 
que foram perdidas provam que o Qur'an não é perfeito e completo como os 
muçulmanos afirmam ser. Quando eles levantarem argumentos contra as 
passagens que analisamos nos evangelhos de Marcos e João, será útil 
mencionar essas suratas na réplica. 
 
Verscíulos omitidos no Qur'an 
 
Além dos versículos mencionados nas duas tradições no Sahih Muslim, 
há evidências de outros que hoje não estão mais no Qur'an. Alguns deles são: 
 
1. A religião de Alá é al-Hanifiyyah 
Há uma tradição da Jami as-Sahih de at-Tirmidhi de que o verso a 
seguir já foi parte da Suratul-Bayyinah (Surata 98) do Qur’an: 
“A religião com Alá é al-Hanifiyyah (o Caminho Correto), e não a dos 
judeus ou cristãos; e aqueles que a seguirem não ficarão sem 
recompensa.” (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum al-Qur’an, p. 525) 
 
A passagem poderia muito bem ser parte dessa surata, pois se encaixa 
perfeitamente no seu contexto e contém palavras que são encontradas no 
resto do texto como din (religião, v. 5), aml (fazer, v. 7) e humafa (correto, v. 
4). A surata também contrasta o caminho de Alá com o dos judeus e cristãos 
em outras partes do texto, e é um bom exemplo de verso que foi retirado do 
Qur’an. 
 
2. Apedrejamento de adúlteros até a morte 
Umar ibn al-Khattab, um dos companheiros mais próximos de Maomé e 
seu segundo sucessor, ensinou claramente de púlpito, em Medina enquanto 
foi Califa, que, apesar de ser ensinado na Surata 24:2 que os adúlteros 
deveriam ser chicoteados cem vezes, um verso do Qur’an estipulava 
originalmente que homens e mulheres casados que cometessem adultério 
deveriam ser apedrejados até a morte. 
“Veja que não esqueças o verso sobre apedrejamento e digas: ‘Não o 
encontramos no Livro de Alá’; o Apóstolo de Alá (que a paz seja sobre 
27 
 
ele) ordenou o apedrejamento, e assim nós temos feito após ele. Pelo 
Senhor que tem domínio sobre a minha vida, se o povo não fosse me 
acusar de acrescentar algo ao Livro de Alá, eu mesmo teria transcrito 
para o Livro: ‘O homem e a mulher que cometerem adultério, 
apedrejai-os.’ Temos lido este verso.“ (Muwatta Imam Malik, p. 352) 
Várias outras fontes confirmam que esse verso era originalmente parte 
do Qur’an, e hoje não consta mais dele. Pode-se citar Umar dizendo que 
parte da escritura revelada a Maomé foi o ayatur-raja (verso do 
apedrejamento), que foi memorizado, entendido e recitado por eles. Ele 
acrescentou que temia que o povo, no futuro, ao descobrir que não havia mais 
o verso no Qur’an, esquecesse a ordenança (Sahih al-Bukhari, Vol. 8, p. 539). 
 
3. A descendência exclusivamente paterna 
Outro verso que, segundo Umar, seria originalmente parte do kitabullah 
(livro de Alá, ou seja, o Qur’an) mas que, na época seu califado, teria se 
perdido é o seguinte: 
“Ó povo! Não te consideres descendência de ninguém senão de teus 
pais, pois é incredudilidade de tua parte afirmar que és descendente de 
outro que não o teu pai verdadeiro.” (Sahih al-bukhari, Vol. 8, p. 540) 
4. A satisfação de Alá 
Anas ibn Malik, outro companheiro de Maomé, ensinou o seguinte verso 
que teria sido parte do Qur’an e mais tarde revogado e retirado do texto: 
“Dá ao nosso povo de nossa parte a notícia que encontramos nosso 
Senhor, e Ele está satisfeito conosco, e tem nos satisfeito também.” 
(Sahih al-bukhari, Vol. 5, p. 288) 
Também está registrado que este texto estava “escrito num verso do 
Qur’an antes de ser retirado” (As-Suyuti, Al Itqan fii Ulum al-Qur’an, p. 527). É 
outra prova de que o Qur’an não foi preservado sem nenhuma alteração, 
modificação ou omissão, como acreditam os muçulmanos. Ao contrário, as 
evidências de que algumas passagens tenham sido retiradas do Qur’an são, 
como podemos ver, muito mais eloqüentes do que as que dizem respeito à 
Bíblia. 
5. Casamento entre pessoas amamentadas pela mesma mãe 
Outra tradição relatada por Ayishah, uma das viúvas de Maomé, diz que havia 
uma passagem no Qur’an que ensinava que, se duas pessoas tivessem sido 
amamentadas pela mesma mãe por mais de dez vezes, elas não podiam se casar. 
Mais tarde, segundo ela, o número foi reduzido a cinco: 
28 
 
“A’isha (Alá se alegre com ela) relatou que foi revelado no Santo Qur’an que dez 
mamadas tornavam o casamento proibido; mais tarde foi modificado para cinco 
mamadas e o Apóstolo de Alá (viu) morreu, e isso foi antes desse tempo no Santo 
Qur’an.” (Sahih Muslim, Vol. 2, p. 740) 
Estassão apenas algumas evidências selecionadas de que o Qur’an é um livro 
incompleto. Os cristãos deveriam usar essas provas com os muçulmanos, para 
mostrar-lhes que seus desafios a respeito da integridade do texto bíblico pode ser 
facilmente — e com muito mais propriedade — serem utilizados contra o Qur’an. 
Como diz o ditado, quem tem telhado de vidro não deve atirar pedras. 
 
1.5. Variações das leituras do Novo Testamento 
Muçulmano: Há muitos exemplos na Bíblia de versículos que aparecem apenas 
em alguns manuscritos, e não em outros. Outros tipos de variações do texto 
também podem ser encontradas. Como a sua Bíblia pode ser a verdadeira Palavra 
de Deus se o seu texto não pode ser completamente verificado? 
Os muçulmanos acreditam com grande convicção que o Qur’an é um livro perfeito, 
no qual nenhuma vírgula foi alterada ou omitida, e que esse miraculoso estado de 
preservação prova que o livro é a Palavra de Deus. Ao mesmo o tempo, qualquer 
prova basta para demonstrar que a Bíblia foi modificada e portanto não é 
confiável. Nós não acreditamos que, para ser a autêntica Palavra de Deus, um 
livro tenha que estar totalmente intacto. Ao contrário, se ele tiver sido protegido e 
preservado com apenas alguns erros de cópia do original, variações 
negligenciáveis e uma ou duas passagens incertas, sua integridade global não 
pode ser questionada. Como já vimos, e iremos ver novamente na próxima seção, 
o Qur’an não foi todo transcrito corretamente, e sofre com mais variações e 
passagens perdidas do que a Bíblia. 
 
As poucas variações no Novo Testamento 
É notável que o texto bíblico tenha sido preservado com não mais do que algumas 
poucas variações no texto. Todas elas, ao redor de vinte, estão no Novo 
Testamento. Como foi ressaltado por Kenneth Cragg, apenas um milésimo do livro 
foi afetado, o que não basta para os muçulmanos provarem que a Bíblia, como um 
todo, tenha sido dramaticamente alterada a ponto de não conter mais a 
mensagem original. 
Mais do que isso, nenhuma das variações encontradas no texto do Novo 
Testamento afeta, mesmo que levemente, o conteúdo de um livro como um todo, 
ainda que algumas delas não tenham nenhum tipo de paralelo nos outros 
evangelhos, que virtualmente se repetem. Vamos considerar algumas destas 
variações para exemplificar: 
29 
 
1. Marcos 15:28: uma citação de Isaías 53:12 
Um versículo encontrado em vários originais do evangelho de Marcos, mas não 
em todos, diz: “E cumpriu-se a Escritura que diz: ‘Com malfeitores foi 
contado’.” (Marcos 15:28). A passagem é uma referência ao texto do sofrimento 
messiânico em Isaías 53:12. Ele é encontrado, no entanto, também como uma 
citação, em todas as cópias conhecidas do evangelho de Lucas: “Pois vos digo 
que importa que se cumpra em mim o que está escrito: ‘Ele foi contado 
com os malfeitores’ (...)” (Lucas 22:27). 
A “variação” nessa passagem do evangelho de Marcos, como todas as outras do 
Novo Testamento, não afeta o contexto geral. Um arranhão num Rolls Royce 
pode ofuscar um pouco da sua perfeição, mas não faz com que o carro deixe de 
ser um Rolls Royce. 
2. Mateus 21:44: sendo destruído por uma pedra que cai 
Na parábola dos lavradores na vinha, registrada no evangelho de Mateus, a 
seguinte frase de Jesus é encontrada somente em alguns poucos manuscritos do 
livro: “Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre 
quem ela cair ficará reduzido a pó.” (Mateus 21:44) 
Por outro lado, o texto se repete quase que com as mesmas palavras em Lucas 
20:18. Portanto, a variação não afeta a mensagem geral do texto. O mesmo se 
aplica a Mateus 23:14, que contém outra frase de Jesus, desta vez uma 
advertência aos fariseus que devoravam a casa das viúvas. O versículo só faz 
parte de alguns textos mais antigos do evangelho de Mateus, mas se repete em 
Marcos 12:40. 
3. I João 5:7: O Pai, a Palavra e o Espírito Santo 
Neste caso, estamos diante de um versículo que aparece em nenhum dos 
manuscritos em Grego, a língua em que se escreveu os originais do Novo 
Testamento, mas que pode ser rastreado até a tradução da Bíblia para o latim, 
conhecida como Vulgata Latina. A partir dali o versículo é encontrado nos textos 
do Novo Testamento transcritos em grego mais recentes, nos quais foi baseada a 
versão do rei James3. 
O versículo diz: “Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o 
Espírito Santo; e estes três são um.” (1 João 5:7). Como não aparece em 
nenhum dos textos mais antigos do evangelho de João, é provável que este 
versículo fosse uma nota de rodapé de algum escriba, um complemento ao 
versículo seguinte, que diz: “E três são os que testificam na terra: o Espírito, a 
água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” 
 
3 N.T. A versão do rei James (King James Version) é a tradução da Bíblia mais popular entre os cristãos de 
fala inglesa. 
30 
 
Os muçulmanos esforçaram-se para desacreditar a integridade do texto bíblico 
usando esse versículo, defendendo que ele seria a única passagem que 
fundamentaria a doutrina da Trindade em toda Bíblia. Convenientemente, 
desprezaram outra afirmação igualmente defensora da Trindade: “... 
batisando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 
28:18), bem como ensinamentos similares em 2 Coríntios 13:14 e Efésios 2:18. 
Há muitos outros casos no Novo Testamento, sobretudo nos quatro evangelhos, 
onde há pequenas variações nos originais que afetam palavras, expressões ou 
orações curtas. Novamente, nenhum dessas diferenças afetam os ensinamentos 
do livro como um todo, ou sua autenticidade geral. 
As variações na Bíblia podem ser tão facilmente explicadas e têm tão pouca 
importância que não afeta de maneira alguma a integridade geral do livro. As 
escrituras, na sua totalidade, foram preservadas até nós virtualmente inalteradas, 
ao contrário do Qur’an, onde cada manuscrito que foi produzido pelos 
companheiros de Maomé, com excessão de um deles, foi jogado na fogueira para 
ser destruído. 
1.6 Evidências das variações no Qur’an 
Muçulmano: Não há variantes que afetem o texto atual do Qur’an. Nos primeiros 
dias, o Qur’an foi recitado em diferentes dialetos, que só afetaram a pronúncia dos 
seus versos. Por isso, os primeiros manuscritos foram queiados: para eliminar 
essas pequenas diferenças de pronúncia. 
Essa afirmação, que auto-evidencia sua falta de lógica, é típica da maioria das 
explicações dos muçulmanos para a queima de todos os outros códices escritos 
pelos companheiros de Maomé, que continham variações, por Uthman. A 
pronúncia não tem nada a ver com textos escritos. Não se pode “queimar” as 
diferenças dos dialetos com uma língua comum! Devem ter existido diferenças 
textuais significantes entre os vários manuscritos para que uma decisão tão 
drástica tenha sido tomada. 
Na época de Uthman, o Qur’an ainda era melhor conhecido de memória por 
grande parte dos muçulmanos, e a ordem de queimar os manuscritos não eliminou 
o conhecimento das variações. Durante algum tempo, historiadores do Qur’an 
como Ibn Abi Dawud, que compilou um registro dessas variações chamado Kitab 
al-Masahif (Livro dos Manuscritos), e Muhammad Abu Jafar at-Tabari, autor do 
monumental trabalho sobre o Qur’an chamado Jami al-Bayan fii Tafsir al-Qur’an 
(Uma compilação completa para um comentário do Qur’an), preservaram um 
registro de todas as variações conhecidas entre os diferentes textos antigos. 
 
As diferenças entre os primeiros textos 
31 
 
As evidências, sobretudo dos relatos de at-Tabari, mostram que havia, 
literalmente, centenas de variações entre os primeiros manuscritos. Arthur Jeffery, 
que compilou um catálogo das diferenças entre os textos baseando-se nos 
trabalhos de Ibn Abi Dawud e at-Tabari, listou-as nas trezentas e sessenta e duas 
páginas do seu livro Materials for the history of the text of the Qur’an (Materiais 
para a história do texto do Qur’an). Seu livro também inclui a íntegra de Kitabe 
al-Masahif,de Ibn Bai Dawud. Perto dessas diferenças, as encontradas no texto 
bíblico parecem insignificantes e, mais uma vez, é importante lembrar que a Bíblia 
é séculos mais antiga que o Qur’an, é cinco vezes maior e foi escrita por vários 
autores durante um período de dois mil anos. 
Quando os muçulmanos argumentarem que a Bíblia foi modificada, será bastante 
útil mencionar algumas das variações encontradas entre os primeiros manuscritos 
do Qur’an. Alguns exemplos interessantes: 
1. O dia da ressurreição 
A Surata 2:275 começa com as palavras: “Os que praticam a usura só serão 
ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás” (Allathiina 
yaakuluunar-ribaa laa yaquumuuna). No texto de Ibn Mas’ud, encontram-se as 
mesmas palavras, porém no final foi acrescentado yawmal qiyaamati (“no Dia da 
Ressurreição). Essa diferença foi mencionada por Abu Ubaid’s, no seu Kitab 
Fadhail al-Qur’an, e também relatado no códice de Talha ibn Musarrif. 
2. Jejuando por três dias consecutivos 
A Surata 5:89, no texto do Qur’an atual, contém uma exortação ao “jejum de três 
dias” (fasiyaamu thalaathatiu ayyaamin). O texto de Ibn Mas’ud inclui o adjetivo 
mutataabi’aatin, mudando a expressão para “jejuar por três dias consecutivos”. 
At-Tabari registra a variação (7.19.11), bem como Abu Ubaid. Ubayy ibn Ka’b, Ibn 
Abbas e Ar-Rabi ibn Khuthaim também a relataram. 
3. O caminho de Alá 
A Surata 6:153 do Qur’an começa assim: “Esta é a Minha senda reta” (wa anna 
haathaa siraati). No manuscrito de Ibn Mas’ud lê-se: “Este é a senda do seu 
Senhor” (wa haathaa siraatu rabbakum). At-Tabari, mais uma vez, é quem registra 
a variação (8.60.16). Ubayy ibn Ka’b, o outro grande especialista no texto do 
Qur’an, e companheiro próximo de Maomé, escreveu como at-Tabari, exceto a 
palavra rabbika ao invés de rabbakum. Outras diferenças neste texto também 
foram encontradas. 
4. As mães dos crentes 
A Surata 33:6 fala a respeito de “mulheres e mães” de Maomé e dos crentes 
muçulmanos (azwaajuhuu ummahaatuhuu). At-Tabari registra a maior diferença — 
Ibn Mas’ud e Ubayy ibn Ka’b incluem as palavras que hoje, aparentemente, faltam 
no texto do Qur’an: “e ele é o pai deles” (wa huwa abuu laahum). Ibn Abbas, 
32 
 
Ikrima e Mujahid ibn Jabir também as registram. O número de testemunhas 
textuais sugerem que o texto de Zaid (que é o Qur’an atual) deixou essa parte que 
fazia parte do texto original de fora. 
 
Estas são apenas quatro da vasta coleção de variações que existem. Há tantas 
delas (mais de duas mil) que é de se admirar a convicção com que os 
muçulmanos atacam a integridade bíblica. Muitas vezes, eles simplesmente 
ignoram a maneira pela qual o Qur’an foi padronizado, eliminando a riqueza de 
variações em prol do texto único atual. 
 
Modificações feitas no Qur’an por Al-Hajjaj 
Há evidências claras em Kitab al-Masahif, de Ibn, Abi Dawud, que pelo menos 
onze palavras foram, individualmente, modificadas pelo escriba al-Hajjaj, sob as 
ordens do seu califa, Abd al-Malik. O livro possui um capítulo chamado Bab: Ma 
Ghaira al-Hajjaj fii Mushaf Uthman (Capítulo: O que foi modificado por Al-Hajjaj no 
texto de uthmânico). O capítulo começa assim: 
“Ao todo, Al-Hajjaj ibn Yusuf fez onze modificações no texto de Uthman. Em 
al-Baqarah (Surata 2:259), lia-se originalmente Lam yatassana waandhur, que foi 
alterado para Lam yatassanah.” (Ibn Abi Dawud, Kitab al-Masahif, p. 117) 
Algumas das mudanças feitas no Qur’an nessa ocasião, segundo relatado no 
capítulo citado de Ibn Abi, são: 
1. Sharity’ah foi trocado para shir’ah (lei) na Surata 5:48; 
2. Uthasharukum foi trocado para yusayyirukum (viagem) na Surata 10:22; 
3. Ma’a’ishahum foi substituído por ma’ishatahum (modo de subsistência) na 
Surata 43:32; 
4. Yasin foi mudado para Aasin (água salobra) na Surata 47:15. 
Em todos estes casos, bem como nos outros sete relatados, as diferenças 
geralmente são de uma letra ou duas. Não são, contudo, restritas à pronúncia, e 
refletem uma modificação real no texto consonantal, minando, assim, o argumento 
muçulmano de que nem uma letra sequer do Qur’an foi mexida. A palavra que Ibn 
Abi Dawud sempre usa para ligar as duas alternativas distintas é faghyirah, que 
significa “mudada, alterada, trocada por” — palavra que os muçulmanos não 
gostariam de ver, há tanto tempo atrás, sendo usada para explicar alterações no 
Qur’an! 
 
33 
 
Dialetos e o texto do Qur’an 
É muito importante saber que não há vogais nos primeiros manuscritos do Qur’an. 
O árabe escrito não possui vogais — só séculos depois é que foram adicionadas 
vogais ao Qur’an. Os manuscritos mais velhos do Qur’an que chegaram aos 
nossos dias não têm mais do que cem ou cinqüenta anos mais do que a morte de 
Maomé, e foi escrito na escrita al-ma’il de Medina. A maioria dos outros 
manuscritos restantes estão na escrita kufic, uma espécie de escrita mais legível 
originária de Kufa, no Iraque. 
Afirma-se hoje que os manuscritos uthmânicos sobreviveram, e teriam até 
manchas de sangue na página que Uthman lia quando foi assassinado. Um 
desses manuscritos está no Museu Topkapi, em Istambul, e outro é o famoso 
Códice Smarqand de Tashkent. Ambos estão na escrita kufic, e datam de mais de 
um século depois da época em que Uthman viveu. 
Como já foi dito, o argumento predileto dos muçulmanos para sustentar a 
hipótese de que o texto atual do Qur’an é uma réplica exata e fiel aos originais é 
que as únicas variações existentes no início eram na pronúncia dos dialetos. As 
evidências provam conclusivamente o contrário. Essas diferenças não 
apareceriam num texto escrito e, de fato, incontáveis formas de escrita 
sobreviveram por pelo menos três séculos até que Ibn Mujahid, uma conhecida 
autoridade no Qur’an na corte de Abbasid em Bagdá, ordenasse que só sete 
poderiam delas continuar. Ele baseava-se numa tradição vinda do próprio Maomé, 
a de que o Qur’an teria sido revelado em “sete maneiras diferentes”, e que cada 
muçulmano podia escolher qual achasse mais fácil para ler. (Sahih al-Bukhari, Vol. 
6, p. 510) 
Todas as variações relatadas no Jami de at-Tabari e no Kitab al-Masahif de Ibn 
Abi Dawud, bem como outros registros similares, implicam em modificações 
substanciais no texto escrito atual, sejam elas alterações nas expressões, 
palavras, consoantes ou orações. Havia tantas delas que Uthman não tinha outra 
alternativa a não ser destruir todas as versões exceto uma, que convenientemente 
foi padronizada como texto oficial do Qur’an. Essa seqüência de eventos nos 
primórdios do islamismo torna a posição do Qur’an muito mais desfavorável do 
que a do texto bíblico quanto à autenticidade. 
 
Conteúdo e ensinamento bíblicos 
1.7 Erros aparentes nos números na Bíblia 
Muçulmano: Há ocasiões na Bíblia em que há contradições óbvias entre 
passagens paralelas, nas quais os números apresentados não batem. Essas 
discrepâncias e erros fatuais provam que a Bíblia não é confiável e portanto não 
pode ser a Palavra de Deus. 
34 
 
Escritores muçulmanos muitas vezes se atém a uns poucos textos paralelos do 
Velho Testamento onde há contradições aparentes dos números e anos 
apresentados nas narrativas de eventos específicos. Além de conhecê-los, e 
importante estarmos atentos, como das outras vezes, à ocorrência desse 
fenômeno no Qur’an. 
Erros de copistas no Velho Testamento 
Há quatro exemplos, em todo o texto bíblico, que iremos considerar como típicos 
do problema. Em cada caso, apesar dos argumentos muçulmanos de que existem 
evidências de contradições generalizadas que seriam erros dos autores originais, 
ficará claro que os problemas advém somente de erros de cópia feitos durante a 
transcrição dos textos. 
1. Os reinos de Jeoaquim e Acazias, reis de Judá 
Numa passagem, a Bíblia afirma que “tinha Jeoaquim dezoito anos de idade 
quando começou a reinar” (2 Reis 24:80, enquanto que em outra diz que 
“Jeoaquim tinha oito anos de idade quando começou a reinar” (2 Crônicas 36:9). 
Tudo porque uma única letra, que em hebraico designa

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