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Artigo - Formação Docente

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FAEP – FACULDADE DE EDUCAÇÃO PAULISTANA
CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE
Alfabetização e letramento na contemporaneidade
Alfabetização e letramento
	
SÃO PAULO
2018
ELIZABETH OLIVEIRA MELLO e MARINA DE ALMEIDA LOURENÇO
Alfabetização e letramento na contemporaneidade
Alfabetização e letramento
Artigo científico apresentado à Faculdade de Educação Paulistana, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Formação Docente.
Profº Orientador: ALEX BENJAMIN DE LIMA
SÃO PAULO
2018
ELIZABETH OLIVEIRA MELLO e MARINA DE ALMEIDA LOURENÇO
Alfabetização e letramento na contemporaneidade
Alfabetização e letramento
Artigo científico apresentado à Faculdade de Educação Paulistana, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Formação Docente.
Aprovado em: ____/____/________
Banca Examinadora
Orientador(a) Prof(a) Ms ________________________________________________
Assinatura______________________________________
Prof(a) _____________________________________________________________
Assinatura______________________________________
Prof(a)Ms____________________________________________________________
Assinatura______________________________________
Alfabetização e letramento na contemporaneidade
Alfabetização e letramento	
ELIZABETH OLIVEIRA MELLO e MARINA DE ALMEIDA LOURENÇO
RESUMO
O presente artigo discute as necessidades atuais para a compreensão da alfabetização e letramento na formação dos sujeitos. A partir das teorias de Bortoni-Ricardo (2010) sobre a atual dinâmica na interpretação e na relação dos seres humanos com a escrita, é realizado um paralelo crítico com as teorias psicogenéticas de alfabetização e das teorias histórico-culturais de Vygotski (BECKER, 2009), caminhando de encontro com o papel do professor e o papel da escola no processo de alfabetização na contemporaneidade, de forma que o contexto se faz parte relevante no processo de letramento em todas as etapas da educação básica. As práticas de alfabetização categorizadas por Leal (2007) são discutidas ao final como exemplos de atividades que englobam uma perspectiva de contextualização e inserção dos alunos em um mundo letrado.
Palavras Chave:Alfabetização; letramento; função docente; interação.
INTRODUÇÃO
Atualmente vivemos em uma era da informação em que os usos sociais da língua nunca estiveram tão dinâmicos. Bortoni-Ricardo (2010 apud SARAIVA, s/d) afirma que a sociedade está cada vez mais centrada na escrita, o que demanda a necessidade de nos relacionarmos cada vez mais por meio desse conhecimento. 
Para que os sujeitos sejam capazes de atuar em sociedade de forma crítica e reflexiva, a escola possui a tarefa de fazer com que os educandos se apropriem cada vez mais da língua imersa em uma cultura escrita. Essa exigência faz com que a escola tenha um papel de promover a progressão nas habilidades leitoras no decorrer da educação, para que ela
[...] favoreça esse desenvolvimento por meio de atividades e ações que possibilite ao aluno estabelecer relações de significação no trabalho com os diferentes textos que circulam socialmente, relacionando o seu conhecimento de mundo e a sua participação nas práticas letradas aos conhecimentos linguísticos e textuais presentes. (SARAIVA, s/d, p.5)
Essa concepção de alfabetização e letramento entra em conflito com as perspectivas tecnicistas de alfabetização que consistiam em memorização e decodificação de um código, o código escrito, pois a leitura não consiste em uma simples decodificação. A alfabetização estava vinculada a uma perspectiva de aprendizagem da leitura e da escrita com o intuito de reconhecimento das palavras significativas no meio cultural do educando (ALMEIDA; FARAGO, 2014).
A partir das concepções sobre a psicogênese da escrita, as propostas construtivistas propuseram uma alfabetização contextualizada e significada por meio da associação com as práticas sociais de leitura e escrita, o que supera a alfabetização tradicional com base no código, em que, como afirmado por Almeida e Farago, “[...] um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado, alfabetizado é aquele que sabe ler e escrever, codificar e decodificar a língua escrita.” (2014, p.209). A interação social e oral é fundamental para que as crianças participem de situações que a insiram no mundo da escrita, fazendo com que elas signifiquem a importância da escrita na sociedade.
As práticas sociais na atualidade demandaram novas propostas pedagógicas e de produção de novos materiais didáticos para suprir a necessidade de alfabetizar e letrar em um mundo uma comunicação dinâmica. De acordo com Chartier (2000 apud ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008), as mudanças nas práticas de ensino possuem duas dimensões, uma relacionada às definições de conteúdos que acarretam em mudança de natureza didática e a outra, relativa à organização do trabalho pedagógico, caracterizadas como as de natureza pedagógica. 
Tais perspectivas colocam em questão a forma de trabalhar organizados em práticas de letramento, superando as habilidades de decodificação e de apropriação de conteúdos, em um caminho de reflexão sobre os usos sociais da escrita, especialmente mais alinhada com as práticas que ocorrem fora da escola, as quais não eram consideradas ou eram diferentes das praticadas pelos docentes em um processo de alfabetização, em direção às teorias construtivistas e sociointeracionistas de ensino/aprendizagem da língua (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008).
DESENVOLVIMENTO
As práticas sociais que envolvem a leitura e escrita na contemporaneidade sofreram a influência do desenvolvimento de novas tecnologias, as quais propuseram uma nova forma de se comunicar, o que acarretou em mudanças nas atividades sociais de comunicação, avanços nos estudos sobre a linguagem, novos materiais e propostas pedagógicas. Tais aspectos modificaram a forma de pensar e ensinar línguas (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008).
Todo nativo pertencente a uma cultura que utiliza uma determinada língua possui uma competência linguística, ou seja, a capacidade de se comunicar adquirida culturalmente. A competência comunicativa é adquirida na escola e corresponde à capacidade de interagir em diversos domínios sociais (MARTINS, s/d).
É relevante contextualizar a aprendizagem a partir da abordagem construtivista, a qual pode ser divida em interacionista e histórico-cultural do ponto de vista de que o desenvolvimento de capacidades comunicativas dependem da interação com o ambiente dos sujeitos. A corrente interacionista é baseada no estudo da gênese, ou seja, a construção do conhecimento através da inteligência humana. Interacionismo é uma corrente teórica empenhada em explicar como a inteligência humana se desenvolve partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio. Esta concepção do conhecimento e da aprendizagem que derivam, principalmente, da teoria da epistemologia genética de Jean Piaget, parte da ideia de que o homem não nasce inteligente, mas também não é passivo sob a influência do meio, isto é, ele responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento de forma cada vez mais elaborada. Em resumo, Becker (2009, p. 2), afirma que o interacionismo é 
[...] a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento.
A teoria construtivista em uma perspectiva histórico-cultural pode ser caracterizada por carregar a possibilidade de crítica, sendo baseada nos estudos de Vygotsky. A correntehistórico-cultural
Concebe o homem como ativo, social e histórico; a sociedade, como produção histórica dos homens que, através do trabalho, produzem sua vida material; as ideias, como representações da realidade material, a realidade material, como fundada em contradições que se expressam em ideias; e a história, como o movimento contraditório constante do fazer humano, no qual, a partir da base material, deve ser compreendida toda produção de ideias. (BOCK, 2007 apud BOCK; GONÇALVEZ; FURTADO, 2007, p. 17)
Ou seja, nessa concepção, o homem é visto como alguém que transforma e é transformado nas relações que acontecem em uma determinada cultura. O que ocorre não é uma somatória entre fatores inatos e adquiridos, e sim uma interação dialética que se dá desde o nascimento entre o ser humano e o meio sociocultural em que está inserido. Assim, é possível considerar que o desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores isolados que amadurecem, nem tampouco de fatores ambientais que agem sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim como produto de trocas recíprocas, que se estabelecem durante toda a vida, entre indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro.
É por meio da interação com grupos sociais que acontece a aquisição da linguagem e a inserção em práticas sociais de leitura e escrita. O ensino da leitura e escrita por meio da “decodificação” e “codificação” tem sido criticado, pois priorizava a memorização de sílabas, palavras ou frases soltas, com suporte em materiais pedagógicos utilizados como treino para a aprendizagem (MARINHO, 1998; MORTATTI, 2000 apud ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008). 
O processo construtivo de aprendizagem do sistema alfabético de escrita permite que ocorra a interação com os textos escritos para o desenvolvimento do ensino. Dessa forma, “[...] o ensino deveria centrar-se em práticas que promovessem a reflexão sobre como funciona o Sistema de Escrita Alfabética (SEA) e nas quais os aprendizes se apropriassem da linguagem convencional dos diferentes gêneros textuais escritos.” (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008, p.253).
Destarte, a escola não esteve alinhada com o processo de aquisição da linguagem por meio da contextualização de seu uso e a realidade dos aprendizes. A instituição escolar esteve presa a uma teoria da prática e não da interação e interpretação de seu uso. As críticas ao modelo técnico se embasavam na falta de domínio dos usos e das funções sociais da leitura e da escrita (MORAIS; ALBUQUERQUE, 2004 apud ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008), além das práticas não estarem contextualizadas e serem diferentes das que acontecem no exterior da escola. 
Isso implica em estudar a língua como discurso e não somente como comunicação, o que consistem em ampliar as perspectivas de ensino incluindo as relações permeadas pelo uso da língua em seus diferentes contextos e condições sociais e históricas em que a interação linguística ocorre (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008). Desse modo, existe a necessidade de que o sistema alfabético de escrita seja apropriado, no sentido cognitivo, em um modelo de alfabetização que considere uma prática de letramento ou imersão na cultura escrita.
De acordo com, Almeida e Farago, o letramento: 
[...] abrange o processo de desenvolvimento e o uso dos sistemas de leitura e escrita na sociedade, desse modo, se refere a um conjunto de práticas, que vem modificando a sociedade. letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno [...] (2014, p. 212) 
Uma sociedade letrada faz com que os sujeitos necessitem compreender e se apropriar de conhecimentos básicos dessa cultura. Os seres humanos nascem “mergulhados em cultura”, e esta será uma das principais influências no desenvolvimento, pois o contexto cultural é o palco das principais transformações e evoluções do bebê humano ao idoso. Pela interação social, se aprende e desenvolve, criam novas formas de agir no mundo, ampliando as ferramentas de atuação neste contexto cultural complexo durante todo o ciclo vital. Reforçando a ideia de desenvolvimento humano, Oliveira (apud LA TAILLE; OLIVEIRA; DANTAS, 1992, p.24) coloca que: 
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente [...]
 
Assim, de acordo com Saraiva (s/d), por meio da interação social, mesmo sem ser alfabetizadas e mesmo antes da idade escolar, as crianças começam a entender o conceito das funções da escrita, assim como dos materiais escritos. De acordo com Saraiva (s/d), 
[...] ao interagir socialmente com o meio a sua volta, a criança participa das práticas sociais, que são mediadas por signos, e passam a compreendê-los dentro de um contexto de uso e reconhecem que essa cumpre com uma função social. (p.3)
A imersão na cultura escrita, por ser produto socio-histórico da humanidade, se deve à interação entre os seres humanos. Sendo assim, a escola possui o papel de realizar práticas intencionais e planejadas para que o conhecimento seja adquirido por meio de um processo de letramento (SARAIVA, s/d).
Seguindo a abordagem histórico-cultural a função docente e a função da escola, são aspectos muito próximos, pois elas se relacionam. Em relação à função do docente, com as mudanças que estão ocorrendo na sociedade, como a banalização da informação, a revolução digital e dos desequilíbrios familiares, é necessário que o professor faça dos conteúdos de suas disciplinas instrumentos, que além de qualificarem para a vida, estimulem capacidades e competências, com o intuito de desenvolver todas as inteligências de seus alunos (ANTUNES, 2002). 
Desse modo, de acordo com Almeida e Farago (2014) alfabetizar letrando consiste em: “desenvolver ações significativas de aprendizagem sobre a língua, de modo a proporcionar situações onde a criança possa interagir com a escrita a partir de usos reais expressos nas diferentes situações comunicativas [...]” (p.213). Ou seja, os contextos de letramento devem ser explorados pelos docentes de forma a promover o ensino da língua escrita para que o aprendiz consiga reconhecer os contextos sociais de uso, pois a escrita é encontrada em uma diversidade de ambientes.
Corroborando, Santos e Albuquerque também definem que alfabetização e letramento consiste em:
levar os alunos a apropriarem-se do sistema alfabético ao mesmo tempo em que desenvolvem a capacidade de fazer uso da leitura e da escrita de forma competente e autônoma, tendo como referência práticas autênticas de uso dos diversos tipos de material escrito presentes na sociedade. (2007, p. 95 – 96)
Quando o contexto deve ser relevado, devemos notar a dimensão do cotidiano, especialmente no âmbito da individualidade dos sujeitos para dedicar maior autenticidade às práticas. Albuquerque, Morais e Ferreira, a respeito do contexto cotidiano, podem afirmar que:
Ao falar sobre a fabricação do cotidiano, buscamos, de modo diferente,
demonstrar que a maneira como os atores intervêm na escola é inventiva e produtiva, porque não faz sentido tratar de forma idêntica as situações encontradas, porque valoram distintamente umas e outras situações. As interpretações dos atores são o que dá signifcados e sentidos diferentes às situações diárias, conforme os eventos e os contextos de cada realidade. (2008, p.255)
Cada realidade é importante para a interação com a cultura letrada e por consequência, para o desenvolvimento de habilidade de leitura e escrita que permita aos sujeitos interagirem e atuar em sociedade.
Contudo, de acordo com Santos e Albuquerque (2007) garantir o acesso à leitura e às diferentes produções e gêneros textuais não garante a formação de indivíduos autonomamente escritores e leitores. Desse modo, as autoras declaram que existe a necessidade de que os alunos compreendama linguagem que é utilizada na construção de diferentes textos, assimilando as características e as funções que cada gênero possui na sociedade.
A interação das crianças com pessoas alfabetizadas, com a leitura e a produção de textos insere as crianças em práticas sociais de leitura e escrita, as quais são relevantes para o processo de alfabetização, como mencionado pelas autoras:
A partir das situações de letramento presentes em seu cotidiano, uma vez que os textos apresentam situações comunicativas diferenciadas, é possível o aluno compreender que a estrutura e a organização dos textos estão relacionadas a diferentes funções que exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal, um bilhete, um folheto informativo, dentre outros suportes (ALMEIDA; FARAGO, 2014, p.215)
Nesse contexto, o educador deve promover as situações de letramento de forma a criar referências das formas de praticar a leitura e a escrita em diferentes contextos. O papel do educador é de realizar um trabalho organizado com os diferentes gêneros discursivos para que o processo de aprendizagem possua significado para a criança. Dessa forma, 
[...] a atividade de leitura e compreensão, nesse contexto, torna-se um elemento essencial na convivência social favorecendo ao aluno a aprendizagem e a organização de estratégias de leitura de acordo com diferentes propósitos de interação. (SARAIVA, s/d, p. 9-10)
A escola é uma instituição social que possui a função de desenvolver as potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem de conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores), que devem acontecer de maneira contextualizada, promovendo reflexão e desenvolvendo nos alunos a capacidade de tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem (GUARULHOS, 2010). Eis o grande desafio da escola: fazer do ambiente escolar um meio que favoreça o aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma prazerosa e funcional. Estudiosos acerca do assunto colocam que:
Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2003, p.117).
Assim sendo, a leitura e a escrita se caracterizam como necessidades sociais dos alunos, e o fato da escola ter grande importância na formação dos cidadãos, se faz necessário que a mesma possua o grupo docente capaz de promover uma aprendizagem contextualizada com a finalidade de desenvolver as capacidades cognitivas relacionadas ao uso da língua, por meio da interação com os pares e com práticas de letramento que envolvam a língua oral e escrita em diferentes situações sociais. Dessa maneira, o docente precisa ter conhecimento não apenas da matéria que administra, mas, sua formação deve estar pautada em um leque de conhecimentos quer sejam eles, sociais, políticos, econômicos ou culturais (GÓMEZ, 2001), responsáveis por contextualizar a aprendizagem de acordo com a realidade de cada grupo.
A organização das atividades por parte dos professores deve englobar os aspectos de vivência em uma cultura letrada. Telma Leal (2007) classificou as situações práticas em sala de aula em cinco tipos: Atividades permanentes, projetos didáticos, atividades sequenciais, atividades esporádicas e jogos. 
Atividades permanentes se caracterizam como as que acontecem diariamente na rotina de uma turma como a leitura, por exemplo. A autora Leal (2007) afirma que a leitura tem sido uma das mais eficazes formas de inserir as crianças no mundo dos diferentes gêneros textuais. Os projetos didáticos se caracterizam como relevantes no processo de alfabetização e letramento no sentido de que existe a possibilidade de planejamento e execução de um plano de ação com um objetivo estabelecido no grupo, favorecendo a dinâmica do processo educativo e incentivando as atitudes de pesquisa. A autora discorre que: 
[...] os alunos precisam ler textos científicos, com informações sobre o tema pesquisado, textos instrucionais, com orientações sobre como fazer experiências, textos jornalísticos, quando o tema assim o exige. Esses diversos textos precisam ser estudados, e as informações relevantes precisam ser anotadas ou mesmo organizadas em esquemas, resumos, tabelas, gráficos, que são gêneros textuais de importância crucial no processo de escolarização. (LEAL, 2007, p.82)
As atividades sequenciais possuem importância no sentido articular as aulas sem que haja ruptura no processo de atividades, podendo ser originadas por temas, conceitos, regras, enfim, situações diferentes que demandam uma série de atividades para compreensão. O que tange às atividades esporádicas, a autora significa como as que não possuem articulação com outras que estejam sendo realizadas naquele momento específico. Em referência aos jogos, os alunos podem participar de diferentes situações de letramento necessitando aprender as regras do jogo e em situações imaginárias em decorrência da atividade.
É possível considerar que em uma realidade de aprendizagem, as praticas do dia a dia evidenciam que os discursos se modificam de acordo com as diferentes culturas e contextos (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008). Desse modo, a leitura e a compreensão é um elemento fundamental no contexto de interação social que abarcam uma diversidade de situações. Desse modo, de acordo com Saraiva (s/d), 
[...] por meio de um trabalho organizado a partir dos diferentes gêneros discursivos que circulam socialmente torna-se possível um processo de ensino aprendizagem significativo para a criança, por eles justificam o surgimento da escrita na história da humanidade e seus usos na atualidade em uma cultura letrada. (p.9)
Assim, é possível perceber que a prática do professor deve estar relacionada com o seu pensamento sobre o desenvolvimento humano, pois o professor vai agir conforme o que acredita ser correto. Se o professor segue uma abordagem empirista, por exemplo, ele acreditará que o processo de alfabetização se dá através de experiências e comportamentalismo, mas se o professor acredita que o processo de alfabetização se dá através de processos de interação e mediação e de inserção em uma cultura letrada, este segue uma corrente histórica cultural, a qual leva em consideração a realidade da criança que está em desenvolvimento, visando formar um cidadão reflexivo e participante na sociedade por meio de uma habilidade de organizar estratégias de leitura de acordo com diferentes propósitos sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, é importante considerar que de acordo com as transformações sociais e as novas necessidades que a sociedade demandou dos seres humanos, participar de uma cultura escrita é inevitável. Os avanços na tecnologia fizeram com que o modo de interagir por meio da língua ficasse mais dinâmico e exige dos professores novos procedimentos e conceitos para o processo de letramento, promovendo situações que possibilite a reflexão sobre as práticas sociais em que a escrita está presente.
Existe a necessidade de relevar o processo de interação das crianças com a língua oral e escrita em um processo de letramento, o qual deve ser promovido de forma alinhada com a realidade social e contextualizada com a vida dos educandos. O contato com a língua escrita e com pessoas alfabetizadas se dá desde muito cedo, o que insere as crianças em um mundo letrado, o qual deve ser assimilado em sua importância para a interação e comunicação em uma sociedade, ou seja, seus usos no dia a dia, possibilitando uma alfabetização que contextualize e reflita sobre o sistema de escrita. 
Literacy in contemporary times
ABSTRACT
This article discusses the current needs for understanding literacy in the training of individuals. From the theories of Bortoni-Ricardo(2010) about the current dynamics in the interpretation and relationship of human beings with writing, a critical parallel is made with psychogenetic theories of literacy and Vygotski's historical-cultural theories (BECKER, 2009 ), walking against the role of the teacher and the role of the school in the process of literacy in the contemporary, so that the context becomes a relevant part in the process of literacy in all stages of basic education. The literacy practices categorized by Leal (2007) are discussed at the end as examples of activities that encompass a perspective of contextualization and insertion of students in a literate world.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, Eliana; MORAIS, Arthur; FERREIRA, Andréa. As práticas cotidianas de alfabetização: o que fazem as professoras? Revista brasileira de educação, v. 13, n. 38, mai/ago, 2008.
ANTUNES, Celso. Novas maneiras de ensinar. Novas maneiras de aprender. Porto Alegre: Artmed, 2002, 172p.
BECKER, F. O que é construtivismo? Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul, 2009, 8p. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/301477/mod_resource/content/0/Texto_07.pdf> Acesso em: 08 de out. 2018 
BOCK, A. M. B. A PSICOLOGIA SÓCIO-HISTÓRICA: uma perspectiva crítica em psicologia. in BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (orgs). Psicologia Sócio-histórica. 3ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2007. (p. 15-35)
GÓMEZ, P. A. I. A cultura escolar na sociedade neoliberal. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001, 320p
GUARULHOS. Quadro de Saberes Necessários. Guarulhos (SP): PMG/SME, 2011. Disponível em: <https://www.guarulhos.sp.gov.br/sites/default/files/ppp_qsn.pdf> Acesso em: 20 de out. 2018
LA TAILLE; OLIVEIRA, M.K; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 13.ed. São Paulo: Summus, 1992.  117p.
LEAL, Telma Ferraz. Organização do trabalho escolar e letramento. In: Alfabetização e letramento: conceitos e relações. SANTOS, Carmi; Mendonça, Marcia. I Ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2007. Disponível em: <http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/arquivos/22.pdf> Acesso em: 15 de out. 2018.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA J. F.; TOSCHI M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2003, 408p. 
MARTINS, Heloise. Alfabetização e letramento. s/d. Disponível em: < http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/3156524.pdf> Acesso em: 18 de out. 2018.
SANTOS, Carmi Ferraz; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia. Alfabetizar letrando. In: Alfabetização e letramento: conceitos e relações. SANTOS, Carmi; Mendonça, Marcia. I Ed. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2007. Disponível em: <http://www.serdigital.com.br/gerenciador/clientes/ceel/arquivos/22.pdf> Acesso em: 15 de out. 2018.
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