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Instituto Daniel de La Touche - IDLT Curso Técnico de Enfermagem DOENÇAS AUTOIMUNES Relatório Cândido Mendes 2021 Adnaéldna Pires Ribeiro DOENÇAS AUTOIMUNES RELATÓRIO apresentado ao Curso Técnico em Enfermagem, como parte dos requisitos necessários a obtenção de nota. Orientadora: Profª. Francy Goreth Ribeiro Costa Cândido Mendes 2021 Dedico este trabalho à Deus, o maior orientador da minha vida. Sem Ele nada seria possível. Agradecimentos Agradeço Primeiramente à Deus, por está sempre presente na minha vida e por me haver dado saúde para conclusão do meu curso. Ao meu querido esposo por todo apoio e compreensão. À minha mãe e a minha sogra, pelo incentivo de não desistir. Enfim, agradeço à todas as pessoas que fizeram parte dessa conquista em minha vida. Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha (Confúcio) RESUMO Para quem não sabe, uma doença autoimune é uma condição que ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo por erro. Esse erro ocorre porque os leucócitos, produzidos na medula óssea e encontrados no sangue, que normalmente deveriam ajudar a proteger o corpo contra substâncias invasoras e nocivas, não os distinguem dos tecidos saudáveis do corpo e acabam desta forma, destruindo células normais do organismo. Acontece que este «errinho básico» que o nosso corpo tem, pode nos causar doenças que normalmente não possuem «cura definitiva», mas necessita de tratamento para reduzir sintomas, controlar o processo autoimune e retomam o funcionamento normal do sistema imunológico, mantendo a capacidade natural do corpo de combater os antígenos. A maioria das doenças autoimunes é crônica, mas algumas podem ser controladas com tratamentos, como falaremos. Por enquanto, é necessário se atentar ao fato de que essas doenças podem causar complicações graves, como a destruição de um ou mais tipos de tecidos do corpo, o crescimento anormal de um órgão e até alterações nas funções destes órgãos. Dentre as partes mais afetadas, estão os vasos sanguíneos, tecidos conjuntivos, glândulas endócrinas, articulações, músculos, glóbulos vermelhos e a pele. Um dos sinais clássicos de uma doença autoimune é a inflamação, que pode gerar vermelhidão, calor, dor e inchaço. Os sintomas afetam partes do corpo de acordo com o «alvo» de cada doença. Mas algumas delas não se restringem a uma única parte do corpo. Da mesma forma que a boa dieta favorece nossas defesas no combater aos agentes agressores, alguns alimentos considerados alergênicos e agravam os sintomas de doenças. Este é o caso do lúpus, crohn, doença celíaca – para citar alguns nomes que veremos por aqui. Sobretudo, vamos compreender de que forma o comportamento e hábitos alimentares podem atuar como ferramenta de prevenção, contribuindo tanto para evitar o desenvolvimento destas doenças, quanto no tratamento e melhora da qualidade de vida. Entenderemos porque manter o intestino saudável é importante para o equilíbrio e proteção do sistema imunológico. Sumário DOENÇAS AUTOIMUNES.................................................................................................................... 2 RESUMO ................................................................................................................................................. 8 1. Introdução ....................................................................................................................................... 10 2. O sistema imunológico ................................................................................................................... 11 4. Doença autoimune .......................................................................................................................... 12 3.1 Sintomas ........................................................................................................................................... 13 3.2 Causas .............................................................................................................................................. 14 3.3 O médico que trata as doenças autoimunes ...................................................................................... 14 3.4 Tratamento ....................................................................................................................................... 14 4.1 Tipos de doenças autoimunes .......................................................................................................... 17 1. Artrite reumatoide .............................................................................................................................. 17 2. Diabetes .............................................................................................................................................. 17 3. Psoríase .............................................................................................................................................. 18 4. Lúpus .................................................................................................................................................. 18 5. Esclerose múltipla .............................................................................................................................. 18 6. Doença intestinal inflamatória ........................................................................................................... 18 7. Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica ......................................................................... 18 8. Doença de Graves .............................................................................................................................. 18 9. Doença de Addison ............................................................................................................................ 19 10. Síndrome de Guillain-Barre ............................................................................................................. 19 11. Tireoidite de Hashimoto................................................................................................................... 19 12. Doença celíaca ................................................................................................................................. 19 13. Síndrome de Sjögren ........................................................................................................................ 19 14. Miastenia gravis ............................................................................................................................... 19 15. Anemia perniciosa ............................................................................................................................ 19 16. Vasculite ........................................................................................................................................... 19 6. Conclusão ....................................................................................................................................... 20 7. Referências ..................................................................................................................................... 21 10 1. Introdução As doençasautoimunes são um grupo de doenças distintas que têm como origem o fato do sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra componentes do nosso próprio organismo. Por motivos variados e nem sempre esclarecidos, o nosso corpo começa a confundir suas próprias proteínas com agentes invasores, passando a atacá-las. Doenças autoimunes, também chamadas de autoimunidade, são doenças causadas por falhas no sistema imune em distinguir o «próprio» do «não-próprio», fazendo com que o sistema imune identifique células próprias e saudáveis como ameaças e inicie uma resposta de defesa contra elas. Durante o processo de formação, o sistema imune passa por diversas etapas que visam controlar e regular para que sua formação seja adequada e funcional. Dentre as fases de regulação, após garantir que seus linfócitos sejam capazes de reconhecer MHC próprio , a segunda etapa de regulação é garantir que os linfócitos não reconheçam o próprio organismo. Nessa fase, as células são apresentadas à antígenos diversos e aquelas que possuem afinidade alta para antígenos próprios são rapidamente eliminadas devido ao perigo iminente que elas teriam se isso não ocorresse. Além disso, existe outro processo chamado tolerância periférica, onde células que se encontram nos tecidos periféricos e tem alguma potencialidade de serem auto- reativas, são identificadas e são eliminadas através da indução de sua morte ou são silenciadas através da ação de outras células com efeitos supressores. Essa regulação é tão essencial para homeostase do organismo que uma vez quebrada a tolerância, o sistema imune passa a responder altamente contra antígenos do próprio organismo, desencadeando assim, autoimunidades. Havendo falha na ativação e na atuação destas células, perde-se seu efeito inibidor e assim, pode-se favorecer a ativação de células auto-reativas. Alguns fatores como genético e ambiental, apesar de não estarem completamente elucidados como, já são consenso de serem fatores que predispõem os indivíduos a desenvolverem doenças autoimunes. Os genes relacionados a algumas autoimunidades são os genes das famílias das imunoglobulinas, genes dos receptores das células T e genes relacionados ao MHC. A chamada hipótese da higiene diz que regiões onde os indivíduos têm grande facilidade de entrarem em contato com amplo espectro de antígenos , são regiões onde poucas doenças autoimunes são observadas e que regiões onde o 11 indivíduo é exposto a baixa variedade de antígenos, são regiões com maiores ocorrências de autoimunidades. As doenças autoimunes podem ser órgão-especifica ou sistêmica, dependendo do antígeno que desencadeou a resposta imune. O diagnóstico destas doenças pode variar, pois cada uma pode apresentar sintomas específicos, mas no geral, a maneira mais eficiente é através de exames sorológicos que possam detectar os auto-anticorpos. A respeito dos tratamentos, também pode ser variado, dependendo da região acometida, e tratamentos que visem diminuir a resposta imune têm sido estudados como futuras opções de terapias. Portanto, uma doença autoimune é uma doença causada pelo nosso sistema imunológico, que passa a funcionar de forma inapropriada. 1. O sistema imunológico Para entender o que é uma reação autoimune é preciso antes conhecer um pouco do nosso sistema imunológico. Tentarei ser breve e sucinto nesta explicação, até porque este assunto é extremamente complexo e extenso, o que o torna de muito difícil entendimento para a população leiga. Nosso organismo possui um complexo sistema de defesa contra invasões de agentes externos, sejam estes bactérias, vírus, fungos, parasitas, proteínas, ou qualquer outro ser ou substância que não seja natural do corpo. Este sistema de defesa é chamado de sistema imunológico. O processo evolutivo criou um mecanismo de defesa capaz de reconhecer praticamente qualquer invasão ou agressão ao nosso corpo. A complexidade do sistema está exatamente em conseguir distinguir entre: 1. O que é danoso ao organismo, como vírus e bactérias; 2. O que faz parte do nosso próprio corpo, como células, tecidos e órgãos; 3. O que não é naturalmente nosso, mas não causa danos, como, por exemplo, alimentos que entram no corpo pela boca. Toda vez que o sistema imunológico se depara com alguma substância estranha, que ele interprete como potencialmente danosa, ele passa a produzir células de defesa e anticorpos para combatê-la. Toda substância estranha capaz de 12 desencadear uma resposta imunológica é chamada de antígeno. Durante a nossa formação enquanto feto, nosso organismo começa a criar o sistema imunológico. O primeiro trabalho é reconhecer tudo o que é próprio, para mais tarde poder reconhecer o que é estranho. O útero materno é um ambiente estéril, ou seja, livre de agentes infecciosos. Assim que nascemos somos imediatamente expostos a um “mundo hostil” com uma enormidade de antígenos. Desde o parto, o corpo começa a reconhecer, catalogar e atacar tudo que não é “original de fábrica”. Esse contato com antígenos nos primeiros anos de vida é importante para a formação de uma “biblioteca de anticorpos”. O corpo consegue montar uma resposta imune muito mais rápida se já houver dados sobre o invasor. Se o antígeno for completamente novo, é necessário algum tempo até que o organismo descubra quais os anticorpos são mais indicados para combater aquela partícula. Essa é a lógica por trás das vacinas. Expomos o paciente a um antígeno, seja ele um vírus ou bactéria, mortos ou fracos, de forma a estimular o sistema imunológico a criar anticorpos contra esses germes. Quando a bactéria de verdade nos invadir, já temos pronto um arsenal imunológico para eliminá-la rapidamente, antes que a mesma consiga provocar qualquer doença. 4. Doença autoimune A doença autoimune ocorre quando o sistema de defesa perde a capacidade de reconhecer o que é “original de fábrica”, levando à produção de anticorpos contra células, tecidos ou órgãos do próprio corpo. → Exemplo 1: no diabetes tipo 1 ocorre uma produção inapropriada de anticorpos contra as células do pâncreas que produzem insulina, levando a sua destruição e ao aparecimento do diabetes. → Exemplo 2: na esclerose múltipla, o sistema imunológico começa a produzir anticorpos contra componentes dos neurônios, causando destruição dos mesmos e graves problemas neurológicos. → Exemplo 3: na tireoidite de Hashimoto, o corpo passa a produzir anticorpos contra a nossa própria glândula tireoide, destruindo-a, levando o paciente a 13 desenvolver hipotireoidismo. A gravidade de uma doença autoimune depende dos órgãos afetados. Por exemplo, a tireoidite de Hashimoto é uma doença praticamente restrita à glândula tireoide, que é um órgão importante, mas não é vital. Os pacientes com essa doença autoimune conseguem levar uma vida normal apenas tomando um comprimido por dia de hormônio tireoidiano. Outras doenças autoimunes, porém, são mais graves, principalmente aquelas que atacam órgãos e estruturas nobres do corpo, como o sistema nervoso central, coração, pulmões e/ou os vasos sanguíneos. 3.1 Sintomas Apesar de os pacientes com doenças autoimunes poderem apresentar alguns sinais e sintomas inespecíficos, como cansaço, febre baixa, desânimo, emagrecimento e mal-estar geral, a verdade é que o quadro clínico de cada doença autoimune é muito diferente. Doenças como, por exemplo, lúpus, diabetes tipo 1 e psoríase atacam órgãos diferentes, de formas distintas, e por isso, apresentam sinais e sintomas próprios. Elas são doenças tão diferentes que são tratadas por especialistas distintos, como endocrinologista, reumatologista e dermatologista, respectivamente. A única semelhança entre elas é o fato de terem origem autoimune. Não existe, portanto, um sintoma que seja específico das doenças autoimunes.Cada doença tem seu próprio quadro clínico. O diagnóstico das patologias autoimunes é habitualmente feito com base no quadro clínico e na pesquisa de auto-anticorpos no sangue. O auto-anticorpo mais comum é o FAN (ANA), que pode estar positivo em várias, mas não todas, doenças 14 autoimunes. 3.2 Causas Não sabemos exatamente por que as doenças autoimunes surgem. A teoria mais aceita atualmente é de que o sistema imunológico, após ser exposto a um antígeno, escolhe como alvo para a produção de anticorpos uma proteína semelhante a outra já existente em nosso organismo. Por exemplo, sabemos que pacientes com a síndrome de Guillain-Barré frequentemente apresentam um quadro de diarreia infecciosa causada pela bactéria Campylobacter jejuni semanas antes da doença se manifestar. Imagina-se que o sistema imunológico possa criar anticorpos contra algumas das proteínas das bactérias que sejam parecidas com proteínas existentes nos nossos neurônios. Esta semelhança pode confundir os anticorpos, fazendo com que os mesmos ataquem estruturas do sistema nervoso julgando que estão atacando a bactéria Campylobacter jejuni. 3.3 O médico que trata as doenças autoimunes Quando a doença autoimune atinge apenas um órgão, ela costuma ser tratada pelo médico especialista da área. Por exemplo, a nefropatia membranosa ou a nefrite lúpica isolada são tratadas pelo nefrologista; a hepatite auto-imune pelo hepatologista ou pelo gastroenterologista; a psoríase é tratada pelo dermatologista, a esclerose múltipla pelo neurologista e assim por diante. Quando a doença autoimune atinge vários tecidos, o seguimento do paciente costuma ser realizado por reumatologista ou por clínico geral especializado em autoimunidade. Exemplos: lúpus eritematoso sistêmico, doença de Behçet, artrite reumatoide e granulomatose de Wegener. 3.4 Tratamento O tratamento da maioria das doenças autoimunes consiste na inibição do sistema imunológico através de drogas imunossupressoras, como corticoides, ciclofosfamida, ciclosporina, micofenolato mofetil, rituximab, azatioprina, etc. O problema do tratamento das doenças autoimunes com drogas imunossupressoras é o fato de não conseguimos realizar uma imunossupressão seletiva aos anticorpos indesejáveis. Ou seja, não conseguimos inibir o funcionamento apenas dos anticorpos danosos e acabamos por criar um estado de imunossupressão geral que predispõe esses 15 pacientes a infecções por bactérias, vírus e fungos. Geralmente cada doença autoimune tem seu esquema próprio de tratamento. Algumas delas, inclusive, como diabetes tipo 1 e tireoidite de Hashimoto, não são nem tratadas com drogas imunossupressoras. Não existe um tratamento único que sirva para qualquer doença autoimune. 5. Lista das principais doenças autoimunes Abaixo fornecemos uma lista com mais de 120 exemplos de doenças de origem autoimune confirmada ou suspeita: A) Adipose dolorosa Artrite reumatoide Alopecia areata Artrite reativa Artrite juvenil Anemia perniciosa Anemia aplástica Angioedema autoimune Anemia hemolítica autoimune Arterite celular gigante Artrite psoriásica Aplasia pura de células vermelhas C) Crioglobulinemia mista essencial Conjuntivite Lignea Colangite esclerosante primária Cirrose biliar primária Colite microscópica Coreia de Sydenham D) Doença de Addison Dermatite herpetiforme Dermatose por IgA linear Dermatomiosite Diabetes mellitus tipo 1 Doença autoimune do ouvido interno Doença celíaca Doença de Crohn Doença de Graves Doença de Goodpasture Doença de Still Doença mista do tecido conjuntivo Dermatite autoimune por progesterona Degeneração cerebelar paraneoplásica Doença de Lyme crônica Doença de Mucha-Habermann Doença de Behçet Doença de Ménière Doença de Kawasaki Doenças desmielinizantes inflamatórias idiopáticas Doença sistêmica relacionada com IgG4 E) Entesite 16 Esclerodermia sistêmica Esclerose múltipla Esofagite eosinofílica Epidermólise bolhosa Eritema nodoso Encefalomielite disseminada aguda Esclerose concêntrica de Balo Encefalite de Bickerstaff Espondilite anquilosante F) Enteropatia auto-imune Fasciite eosinofílica Fenômeno de Raynaud Fibrose retroperitoneal Febre reumática. G) Granulomatose de Wegener (granulomatose com poliageíte) H) Hepatite auto-imune I) Imunodeficiência primária L) Lichen planus Liquen escleroso Lúpus eritematoso sistêmico M) Morphea Miosite do corpo de inclusão Miastenia gravis Mielite transversa N) Neuromelite optica Nefropatia membranosa Nefropatia por IgA (Doença de Berger) Neuromiotonia Neuropatia axonal motora aguda Neuropatia inflamatória progressiva Neurite óptica Neutropenia autoimune O) Ooforite autoimune Orquite autoimune Oftalmia simpática Oftalmopatia de Graves P) PANDAS (transtornos neuropsiquiátricos associados ao estreptococo) Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica Penfigóide cicatricial Penfigóide bolhoso Penfigóde gestacional Purpura trombocitopênica idiopática Pênfigo vulgar Pancreatite autoimune Pitiríase lichenoides et varioliformis acuta Poliarterite nodosa Polimialgia reumática Polimiosite Psoríase Poliquondrite recidivante Pioderma gangrenoso Purpura de Henoch-Schonlein Poliangeíte microscópica R) Reumatismo palindrômico Retinopatia autoimune Retocolite ulcerativa 17 S) Sarcoidose Síndrome de Felty Síndrome de Schnitzler Síndrome da fadiga crônica Síndrome de Sjögren Síndrome da pessoa rígida Síndrome de Susac Síndrome do mioclonia de Opsoclonus Síndrome de Parry Romberg Síndrome de Parsonage-Turner Síndrome de Churg-Strauss Síndrome de Tolosa-Hunt Síndrome de Evans Síndrome de Cogan Síndrome de dor regional complexa Síndrome do anticorpo antifosfolipídico Síndrome de polimorfeno autoimune Síndrome linfoproliferativa autoimune Síndrome POEMS Síndrome de Guillain-Barré Síndrome miastênica Lambert-Eaton T) Trombocitopenia Tireoidite de Ord Tireoidite autoimune Tireoidite de Hashimoto U) Urticária autoimune Uveíte autoimune Úlcera de Mooren V) Vasculites Vitiligo 4.1 Tipos de doenças autoimunes Há vários tipos de doenças autoimunes. Algumas delas atacam as células de um órgão específico, como a diabetes do tipo 1, que danifica as células do pâncreas ou as doenças autoimunes da tireoide que afetam apenas a glândula tireoide. Outros tipos podem afetar o organismo inteiro, como é o caso do lúpus. Segundo estudo publicado no periódico científico Autoimmune Diseases, em 2014 já existiam mais de 80 tipos de doenças autoimunes detectáveis. De acordo com dados atualizados do American Autoimmune Related Diseases Association, esse número já passou de 100. Para facilitar a leitura, encurtamos a lista apenas para as mais comuns: 1. Artrite reumatoide A artrite reumatoide é uma doença em que o sistema imunológico ataca as articulações, causando inflamação, vermelhidão, rigidez e dor nas articulações. 2. Diabetes A diabetes do tipo 1 é uma doença autoimune em que as células do pâncreas são danificadas pelo sistema imune, fazendo com que o órgão seja incapaz de produzir insulina 18 ou que produza muito pouco. A insulina é um hormônio essencial para regular os níveis de açúcar no sangue e a falta dele pode deixar o índice glicêmico constantemente elevado. 3. Psoríase A psoríase, conhecida também como artrite psoriática, é uma doença da pele em que as células epiteliais crescem de tamanho e depois se desprendem. Isso faz com as células da pele se multipliquem muito mais rápido do que o normal, resultando em excesso de células na pele que podem formar manchas vermelhas e escamas sobre a pele. 4. Lúpus Chamado também de lúpus eritematoso sistêmico, o lúpus é uma doença autoimune que causaerupções cutâneas. No entanto, não se trata de apenas uma doença de pele, pois afeta diversos órgãos incluindo os rins, o cérebro, o coração e as articulações. 5. Esclerose múltipla A esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunológico ataca a mielina, que é o revestimento das células nervosas no nosso organismo. Tais danos podem prejudicar o sistema nervoso e afetar a transmissão de sinais nervosos entre o cérebro e o resto do corpo. Isso resulta em sintomas nem um pouco agradáveis que variam de paciente para paciente e que podem incluir dormência, problemas de equilíbrio, dificuldade de locomoção, fraqueza e vários outros problemas. 6. Doença intestinal inflamatória Trata-se de uma inflamação no revestimento do intestino que se manifesta na forma de 2 doenças: a doença de Chron, em que a inflamação pode acontecer em qualquer parte do trato gastrointestinal, ou a colite ulcerativa, em que apenas o revestimento do intestino grosso e o reto são afetados. 7. Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica É uma doença em que o sistema imune afeta os nervos do corpo, prejudicando os movimentos. Em alguns casos em que o diagnóstico e o tratamento demoram muito para serem feitos, a doença pode fazer com que os pacientes tenham que usar cadeiras de rodas para se locomover. 8. Doença de Graves Na doença de Graves, o sistema imunológico ataca a glândula tireoide e interfere na produção hormonal. Essa alteração na produção de hormônios pode causar sintomas como batimentos cardíacos acelerados, perda de peso, nervosismo e intolerância ao calor. 19 9. Doença de Addison A doença de Addison é uma condição autoimune que afeta as glândulas suprarrenais, responsáveis pela produção dos hormônios aldosterona e cortisol. A baixa quantidade desses hormônios no organismo pode prejudicar o uso e o armazenamento de carboidratos, resultando em sintomas como fadiga, baixo índice glicêmico e fraqueza. 10. Síndrome de Guillain-Barre A síndrome de Guillain-Barre é uma doença em que o sistema imune ataca os nervos que controlam os músculos encontrados nas pernas e na parte superior do corpo. Isso pode causar fraqueza muscular nessas regiões e outros sintomas que afetam a mobilidade. 11. Tireoidite de Hashimoto Nessa doença autoimune, a produção de hormônios da tireoide é reduzida, causando sintomas como queda de cabelo, fadiga, inchaço na tireoide, sensibilidade ao frio e aumento de peso. 12. Doença celíaca A doenças celíaca ocorre quando o sistema imunológico ataca o glúten proveniente dos alimentos ingeridos. Assim, pessoas com essa doença não podem consumir alimentos que contêm glúten. 13. Síndrome de Sjögren A síndrome de Sjögren é outra condição de saúde que afeta as articulações e as glândulas que lubrificam os olhos e a boca. Assim, os principais sintomas dessa síndrome são boca e olhos secos e dor nas articulações. 14. Miastenia gravis Essa doença autoimune afeta os nervos que ajudam o cérebro a controlar os músculos. Dessa forma, podem ocorrer sintomas como fraqueza muscular durante a atividade física e problemas na deglutição e nos movimentos faciais. 15. Anemia perniciosa A anemia perniciosa é uma doença autoimune que afeta uma proteína chamada de fator intrínseco, responsável por ajudar o intestino a absorver a vitamina B12 presente nos alimentos da dieta. A ausência de vitamina B12 prejudica a síntese de glóbulos vermelhos, o que por sua vez pode prejudicar a absorção de outros nutrientes e de oxigênio por vários órgãos do corpo. 16. Vasculite 20 A vasculite é uma condição autoimune em que o sistema imune ataca os vasos sanguíneos. Isso resulta em uma inflamação que reduz o tamanho das veias e das artérias, o que prejudica a circulação sanguínea. 6. Conclusão Os tratamentos para doenças autoimunes são sempre focos de estudos e pesquisas entre a comunidade científica, pois possuem uma importância com relação ao seu desenvolvimento, agravamento e atuação sobre o sistema imunológico, por se tratar de doenças que afetam de forma destrutiva células de defesa do próprio organismo, prejudicando de forma irreparável esse sistema, que tem importante atuação na defesa contra antígenos, microorganismo não próprios, inflamações, infecções, lesões, entre outros. Com isso terapias não convencionais acabam trazendo esperanças, com relação a possíveis curas para tais doenças. Isso ainda não foi alcançado com as terapias hoje existentes, que têm como empecilho para isso o fato de provocarem uma imunossupressão imunológica generalizada, como é o caso de terapias com imunossupressores. O que causa uma depleção do sistema, facilitando o desenvolvimento de infecções ou até mesmo de outras doenças oportunistas, podendo ser de forma até mais agressiva do que seria se o sistema imunológico tivesse funcionando normalmente. A busca por tratamentos mais direcionados as células que de fato estão provocando a imunossupressão,tem uma esperança com o desenvolvimento da CAAR-T, que é até o momento a terapia mais específica para as células alvos autoimunes existentes. Mas é algo ainda em estudos que precisam de mais testes para averiguar seu real efeito sobre o sistema como um todo e se é possível ser usada como tratamento para qualquer autoimunidade, seus testes ainda estão sendo feitos em camundongos. 21 7. Referências ABBAS, K. A.; LICHTMAN, H.A.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. Ed. 8. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. AMORIM, A. L. M. et al. Associação entre doença desmielinizante e doença reumática. ABBAS, Abul K; LICHTMAN, Andrew H. 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F. et al. Associação entre lúpus eritematoso e tabagismo. An Bras Dermatol. v.83, n.4, p.303•8, 2008. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/abd/v83n4/a03v83n4.pdf> Acesso em 10 de setembro de 2017. http://www.scielo.br/pdf/epsic/v12n2/a03v12n2.pdfhttp://www.scielo.br/pdf/abd/v83n4/a03v83n4.pdf
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