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UNIDADE DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE MEDICINA TUTORIA UNIDADE V SITUAÇÃO PROBLEMA 5: “Mãos de costureira”. MINEIROS – GO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA UNIDADE V SITUAÇÃO PROBLEMA 5: “Mãos de costureira”. Maria Clara Trettel de Oliveira Mariana Oliveira Fernandes Matheus Fleury Alves (Coordenador) Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Natália Hugueney Hidalgo Nathalia Martins Carneiro Rafaella Ciconello Dal Molim Sara Leite Lira Santos Tamillis Martins Barbosa Vinícius de Moraes Laabs (Relator) Vinícius Souza Fernandes Vieira Willy Johnny Araujo Docente: Dr. Severino Correia do Prado Neto MINEIROS – GO 2020 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 5 2.1 Objetivo geral: .......................................................................................... 5 2.2 Objetivos específicos: ............................................................................... 5 3 DESENVOLVIMENTO ....................................................................................... 6 3.1 Conceituar e caracterizar tolerância imunológica: ............................... 6 3.2 Caracterizar as doenças autoimunes no contexto da perda da tolerância imunológica: ................................................................................................ 8 3.3 Caracterizar a importância dos fatores genéticos e ambientais na etiopatogênese de doenças autoimunes: ..................................................................... 9 3.4 Identificar os principais fatores desencadeantes nas doenças autoimunes: ................................................................................................................. 10 3.5 Descrever os fenômenos imunológicos nas doenças autoimunes e a avaliação clínica e laboratorial: ................................................................................ 11 3.6 Discutir os tipos de hipersensibilidade: ................................................ 13 3.7 Entender a importância do modo de comunicação e orientação médica para pacientes com doenças crônicas incapacitantes: ............................................. 15 3.8 Caracterizar medicamentos de alto custo e suas indicações para o tratamento de doenças auto imunes: ........................................................................ 16 4 CONCLUSÂO: .................................................................................................... 18 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 19 4 1. INTRODUÇÃO O presente relatório foi elaborado no âmbito da disciplina de tutoria, a qual oportuna os estudantes, junto ao tutor, discutir as situações problemas que são propostas. Nesse viés, o debate em questão foi embasado na situação problema 5, “mãos de costureira”, a qual retrata a ida da dona Francisca a UBS, onde é atendida por estudantes de medicina, Marta e Raul. Os estudantes, ao terem contato com a paciente em questão foi relatado que a dona Francisca sentia dores nas juntas, há 5 anos, acompanhado de febre baixa, além de apresentar deformações nas mãos, “botoneira”, tendo relação com Artrite Reumatoide. Sendo assim, os acadêmicos promoveram uma discussão abordando a temática de imunologia, focando, na tolerância imunológica e como tal ação orgânica pode instigar o desenvolvimento de doenças autoimunes, além de abordar as habilidades de comunicação necessárias para o melhor contato com o paciente. 5 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral: • Compreender o mecanismo de agressão das doenças autoimunes. 2.2 Objetivos específicos: • Conceituar e caracterizar tolerância imunológica. • Caracterizar as doenças autoimunes no contexto da perda da tolerância imunológica. • Caracterizar a importância dos fatores genéticos e ambientais na etiopatogênese das doenças autoimunes. • Identificar os principais fatores desencadeantes nas doenças autoimunes. • Descrever os fenômenos imunológicos nas doenças autoimunes e a avaliação clínica e laboratorial. • Discutir os tipos de hipersensibilidade. • Entender a importância do modo de comunicação e orientação médica para pacientes com doenças crônicas incapacitantes. • Caracterizar medicamentos de alto custo e suas indicações para o tratamento de doenças autoimunes. 6 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Conceituar e caracterizar tolerância imunológica: Tolerância: A tolerância é uma falta de resposta imune específica que a um certo antígeno não ocorre, embora o sistema imune esteja funcionando normalmente. Em geral, antígenos que estão presentes durante a vida embrionária são considerados "próprios”, e não estimulam uma resposta imune (i.e., os seres humanos são tolerantes a esses antígenos). A falta de resposta imune no feto é causada pela remoção de precursores autorreativos de células T no timo. Por outro lado, antígenos que não estão presentes durante o processo de maturação (i.e., que são primeiramente encontrados quando o corpo já́ está imunologicamente maduro) são considerados "não próprios”, e, normalmente, geram uma resposta imune. Embora tanto as células T quanto as células B participem da tolerância, é a tolerância por células T que apresenta um papel mais importante (ABBAS, 2008). Tolerância por células T: O principal processo pelo qual linfócitos T adquirem a habilidade de distinguir "próprio”, de "não próprio”, ocorre no timo fetal. Este processo, denominado deleção clonal, envolve a morte de células T ("seleção negativa”), que reagem contra antígenos (principalmente proteínas endógenas do complexo principal de histocompatibilidade [MHC]) presentes no feto naquele determinado momento. É importante ressaltar que substâncias exógenas injetadas no feto na fase precoce do desenvolvimento são tratadas como endógenas. As células autorreativas morrem por meio de um processo de morte celular programada, denominado apoptose. A tolerância ao "próprio”: adquirida na parte interna do timo, é chamada de tolerância central, ao passo que a adquirida na parte externa é chamada de tolerância periférica (ABBAS, 2008). Para que a seleção negativa e a remoção clonal sejam eficientes, as células epiteliais tímicas precisam apresentar um amplo repertório de proteínas "próprias”: Um regulador transcricional, denominado regulador autoimune (AIRE, autoimmune regulator), intensifica a síntese dessas proteínas próprias. Mutações no gene que codifica a proteína AIRE resultam no desenvolvimento de uma doença autoimune, denominada poliendocrinopatia autoimune. O fator de transcrição AIRE também funciona nos órgãos linfoides periféricos, como no baço e nos linfonodos, onde ele contribui para a tolerância periférica (ABBAS, 2008). 7 A tolerância periférica é necessária porque alguns antígenos não são expressos no timo e, portanto, algumas células T autorreativas não são eliminadas no timo. Existem diversos mecanismos envolvidos na tolerância periférica: algumas células T autorreativas são mortas, algumas não são ativadas, e outras são suprimidas pelas células T reguladoras produtoras de citocinas inibidoras. A anergia clonal é o termo usado para descrever células T autorreativas que não são ativadas, já́ que uma coestimulação apropriada não ocorre. A ignorância clonal refere-se às células T autorreativas que ignoram os antígenos próprios. As células T autorreativas são mantidas "ignorantes”, por meio de sua separação física dos antígenos-alvo (p. ex., a barreira hematencefálica)ou ignoram autoantígenos porque os antígenos estão presentes em quantidades muito pequenas (ABBAS, 2008). Embora células T derivadas da anergia clonal não sejam reativas, elas podem se tornar reativas e iniciar uma doença autoimune, caso as condições se alterem posteriormente na vida. Os mecanismos da anergia clonal envolvem a apresentação inapropriada de antígenos, o que leva a uma falha na produção de interleucina 2 (IL-2). A apresentação inapropriada deve-se a uma falha dos "sinais coestimuladores”, (p. ex., produção insuficiente de IL-1 ou interação inapropriada entre proteínas nas superfícies celulares, como CD28 em células T e B7 em células B, levando à falha na transdução de sinais pelas proteínas ras). Por exemplo, a proteína inibidora CTLA-4, localizada na superfície de células T, pode deslocar CD28 e interagir com B7, resultando em uma falha na ativação de células T. Além disso, B7 é uma proteína induzível, e uma falha em quantidades suficientes em sua ativação pode conduzir à anergia. Por conseguinte, as proteínas coestimuladoras CD40, nas células B, e CD40L, nas células T auxiliares, podem não interagir apropriadamente (ABBAS, 2008). A falha dos sinais coestimuladores ocorre com mais frequência quando há uma resposta inflamatória insuficiente no local de infecção. A presença de micróbios geralmente estimula a produção de citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF) e IL-1. No entanto, se a resposta inflamatória for insuficiente (i.e., se o efeito adjuvante das citocinas for inadequado), as células T morrerão, em vez de serem ativadas (ABBAS, 2008). Tolerância por células B: Células B também se tornam tolerantes ao que é próprio por meio de dois mecanismos: (1) remoção clonal, provavelmente enquanto os precursores de células B se encontram na medula óssea, e (2) anergia clonal de células B na periferia. Entretanto, a tolerância em células 8 B é menos completa do que nas células T, observação baseada no fato de que a maioria das doenças autoimunes é mediada por anticorpos (ABBAS, 2008). Células B que exibem um receptor antigênico para uma proteína endógena podem escapar da deleção clonal (apoptose) por um processo denominado edição de receptor. Nesse processo, é produzida uma cadeia leve nova, diferente, que altera a especificidade do receptor para que este passe a não reconhecer mais a proteína própria. Isso reduz o risco de doenças autoimunes e aumenta o repertório de células B que podem reagir contra proteínas exógenas. Estima-se que mais de 50% das células B autorreativas passem pela edição de receptor. As células T não sofrem edição de receptor (ABBAS, 2008). 3.2 Caracterizar as doenças autoimunes no contexto da perda da tolerância imunológica: As doenças autoimunes podem ser classificadas em sistêmicas ou órgão-específicas, isso depende da distribuição dos autoantígenos que são reconhecidos, assim, as doenças sistêmicas são produzidas pela formação de compostos de autonucleoproteínas e anticorpos específicos, ao contrário das doenças órgão-específicas, as quais são causadas por respostas de autoanticorpos ou células T contra antígenos com distribuição tecidual restrita. Além disso, as doenças podem ser classificadas também de acordo com a resposta imune responsável pelo início da doença, podendo ser celular (linfócitos T auto reativos) ou humoral (auto anticorpos). (ABBAS, LICHTMAN & PILLAI, 2015) Principais doenças órgão-específicas: • Anemia perniciosa • Diabetes mellitus tipo 1 • Miastenia gravis • Pênfigo • Doença de graves • Mixedema primário • Principais doenças sistêmicas: • Artrite reumatóide • Lúpus eritematoso sistêmico 9 3.3 Caracterizar a importância dos fatores genéticos e ambientais na etiopatogênese de doenças autoimunes: Geralmente as doenças autoimunes são traços herdados que geram polimorfismos genéticos múltiplos e juntamente a fatores ambientais corroboram para a suscetibilidade da doença (ABBAS, 2012). Existem evidencias de fatores genéticos como a mutação no gene MHC interferem na via de sinalização NF-KB de linfócitos B e T. Além disso, há os fatores ambientais que podem desencadear doenças autoimunes como alguns vírus ou bactérias (exemplo: Streptococcus pyogenes, que pré dispõe a febre reumática). O mimetismo molecular também é considerado fator ambiental pois, faz com que ocorra um ataque imune contra algum componente do nosso organismo de reação cruzada (exemplo: proteína M reage de forma cruzada com a miosina cardíaca, acarreta também febre reumatoica), a alteração de proteínas normais que é quando alguns fármacos se ligam à essas proteínas e fazem com que sejam imunogênicas (exemplo: lupus eritomatoso sistêmico). Acredita-se que é valido pontuar também que o processo de envelhecer é contribuinte para o aumento de espécies reativas de oxigênio e modificações nas extremidades dos cromossomos (telômeros) das células, gerando assim possíveis alterações cromossômicas que podem afetar de maneira direta as moléculas MHC, que por conseguinte expressa determinante antigênico (epitopo) que são desconhecidos pelo sistema imune (CECCARELII, AGMON-LEVIN & PERRICONE, 2016). Em relação a fatores bioquímicos, o melhor exemplo são os hormonais, porque de um modo geral grande parte das doenças autoimunes estão relacionadas à hormônios, principalmente o estrogênio e em decorrência disso as mulheres têm uma taxa de prevalência para doenças autoimunes bem maior que a dos homens. Normalmente porque fazem o uso de anticoncepcionais que são em maioria a base desse hormônio, e isso influencia na regulação e expressão dos receptores estrogênicos presentes nos anticorpos e que consequentemente afetam a sensibilidade e a expressão de citocinas e algumas moléculas de adesão (CECCARELII, AGMON-LEVIN & PERRICONE, 2016). 10 3.4 Identificar os principais fatores desencadeantes nas doenças autoimunes: A simples presença de auto anticorpos não configura doença autoimune, a exemplo, alguns são produzidos após a ocorrência de dano tecidual para remoção dos produtos de degradação. As doenças autoimunes derivam de uma associação de três fatores, na maioria das vezes, são eles genéticos, ambientais e imunológicos (FORTE, 2015). Quanto aos fatores genéticos deve-se ao fato de, principalmente, implicarem uma maior suscetibilidade ao desenvolvimento de autoimunidade, há alguns genes HLA (antígenos leucocitários humanos) e não-HLA que quando expressos promovem maior probabilidade; salienta-se ainda, ao se referir a genética se tem algumas imunodeficiências primárias (hereditárias) que podem determinar autoimunidade, entre elas há as deficiências de proteína FoxP3 dos linfócitos T reguladores ou dos componentes iniciais do complemento (FORTE, 2015). A exposição exacerbada frente radiações ultravioleta, UVA e UVB, é um dos principais fatores associados ao desencadeamento de doenças autoimunes, tal relação não é completamente elucidada, contudo pressupõe-se ser devido a capacidade lesiva e oxidativa que implica estresse celular e também possível alteração ao nível de expressão genética que resulta na formação de novos epítopos não reconhecidos pelo sistema imune, consequentemente, pode implicar reação (FORTE, 2015). Cabe salientar, que o estresse crônico, em indivíduos predispostos, pode acarretar alterações das células do organismo (com novos epítopos) e também dos receptores dos linfócitos T e B, no último caso há interrupção da auto tolerância por um não reconhecimento de antígenos próprios. Uma exemplificação quanto a influência do estresse crônico é o lúpus eritematoso sistêmico, muitas vezes, percebido após tal cenário (FORTE, 2015). É necessário atentar-se sobre os antígenos sequestrados, estes são substâncias próprias do organismo que não entraram em contato com o sistema imune durante a vidafetal, logo, não se estabeleceu tolerância, deste modo ao ocorrer este encontro em outro momento é possível que não só se desencadeie reação linfocitária, como ainda doenças autoimunes; é o caso do cristalino e de alguns componentes da tireoide (FORTE, 2015). 11 3.5 Descrever os fenômenos imunológicos nas doenças autoimunes e a avaliação clínica e laboratorial: As doenças autoimunes podem ser classificadas de duas formas distintas, tais como as sistêmicas ou órgãos específicos, ambas dependem da distribuição dos auto antígenos e da forma que esses tendem a serem reconhecidos pelo sistema. Como exemplo, pode-se citar a formação de alguns complexos imunológicos circulantes que são capazes de acarretar algumas doenças autoimunes, entre essas o Lúpus Eritomatoso Sistêmico, que se caracteriza por ser depender de fatores genéticos e ambientais. Já nas doenças, as respostas de anticorpos ou as células T contra os auto antígenos cm distribuição tecidual restrita acarreta a formação de doenças específicas, como a Esclerose Múltipla. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Os fenómenos imunológicos dependem de alguns mecanismos efetores que serão responsáveis pelas doenças autoimnunes. Esses mecanismos, são os que envolvem os complexos imunológicos, autoanticorpos circulantes e os linfóctos T autorreativos. Por isso, as características clínicas da patologia, são determinadas pela natureza da resposta autoimune que se encontra dominante no organismo humano. Por isso, as doenças autoimunes possuem uma variedade de sintomas específicos, que podem atacar órgãos distintos e específicos, devido a sua especificidade nos complexos imunológicos. Os síntomas clásicos das doenças autoimunes podem ser febre, cansaço, dor nas articulações e mal estar de uma maneira geral. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Os exemplos mais comuns de doenças autoimunes sistémicas são as reumáticas, entre elas a mais comum é a Artrite Reumatóide e o Lúpus Eritomatoso. As doenças autoimunes específicas a mais comum é a Anemia Hemolítica. É de suma importância que os diagnósticos das doenças autoimunes sejam feitos de maneira precoce, para que assim o tratamento seja feito entes que haja um comprometimento maior dos órgãos e das articulações, essas que se não tratadas perdem a funcionalidade ou ficam atrofiadas. A maneira de condução do tratamento é de suma importância, visto que será possível determinar se o fenómeno que acarretou a doença autoimune é específico ou sistêmico. (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2015). Segundo Ghaffar (2018) as doenças autoimunes são diagnosticadas principalmente através da análise clínica dos sintomas e pela detecção de anticorpos (e/ou células T muito precoces) reativos contra antígenos ou tecidos e células envolvidas. Dentre os exames laboratoriais que são desenvolvidos, a imunofluorescência é uma técnica que pode detectar anticorpos contra antígenos associados a célula/tecido. Quando se trata de anticorpos contra 12 antígenos solúveis, os exames mais recomendados são ELISA ou radioimunoensaio. Algumas doenças em específico, como doença de Graves, anemia perniciosa, podem ser detectadas através de testes biológicos/bioquímicos. Tabela 01: Espectro de doenças autoimunes, órgãos-alvos e testes diagnósticos Fonte: Adaptado de GHAFFAR (2018) Órgão- Específica Tireoidite de Hashimoto Tireóide Tireoglobulina, peroxidase tiroidiana (microssomal) RIA, Passivo, CF, hemaglutinação Mixedema Primário Tireóide Receptor citoplasmático TSH Imunofluorescência (IF) Doença de Graves Tireóide Bioensaio, Competição pelo receptor TSH Anemia perniciosa Células vermelhas Fator intrínseco (IF), células gástricas parietais Imunofluorescência para B-12 ligando a IF Doença de Addison Adrenal Células adrenais Imunofluorescência Início prematuro da menopausa Ovário Células produtoras de esteróides Imunofluorescência Infertilidade masculina Esperma Espermatozóide Aglutinação, Imunofluorescência Diabetes juvenil dependente de insulina Pâncreas Células beta das ilhotas pancreáticas Diabetes resistente a insulina Sistêmica Receptor de insulina Competição pelo receptor Alergia atópica Sistêmica Receptor beta-adrenérgico Competição pelo receptor Miastenia gravis Músculo Músculo, receptor de acetilcolina Imunofluorescência, competição pelo receptor Síndrome de Goodpasture Rim, pulmão Membrana basal renal e do pulmão Imunofluorescência (coloração linear) Pênfigo Pele Desmossomos Imunofluorescência Penfigóide Pele Membrana basal da pele Imunofluorescência Uveíte facogênica Cristalino Proteína do cristalino Todas anemias hemolíticas Células vermelhas e plaquetas Células vermelhas Hemaglutinação passiva, Teste direto de Coomb Trombocitopenia idiopática Plaqueta Imunofluorescência Cirrose biliar primária Fígado Mitocôndria Imunofluorescência Neutrófilos Cólon Lipopolissacarídeo do cólon Imunofluorescência Síndrome de Sjogren Glândulas secretoras Ducto mitocondrial Imunofluorescência Não órgão- específica Vitiligo Pele Juntas Melanócitos Imunofluorescência Artrite reumatóide Pele, rim, juntas IgG Aglutinação IgG-latex Lupus eritematoso sistêmico Juntas, etc. DNA, RNA, nucleoproteínas RNA-, aglutinação DNA-latex, IF (granular no rim) Neutropenia idiopática Neutrófilos Neutrófilos Imunofluorescência Espectro de doenças autoimunes, órgãos-alvos e testes diagnósticos Doença Órgão Anticorpo para Teste Diagnóstico 13 3.6 Discutir os tipos de hipersensibilidade: • REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE TIPO I: A hipersensibilidade do tipo I pode ser também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática. A reação da mesma pode envolver pele, olhos, nasofaringe, tecidos bronco pulmonares e trato gastrointestinal, com isso, estas reações podem causar uma variedade de sintomas desde inconveniências mínimas até a morte. As reações normalmente levam de 15 a 30 minutos para o período de exposição ao antígeno, embora às vezes possam ter início mais demorado, por exemplo, de 10 a 12 horas. A hipersensibilidade do tipo I é mediada por IgE, o componente primário celular nessa hipersensibilidade é o mastócito ou basófilo e a reação pode ser amplificada ou modificada pelas plaquetas, neutrófilos e eosinófilos. O mecanismo da reação envolve preferencialmente a produção de IgE em resposta a certos antígenos, a IgE é elevada e possui afinidade por seu receptor em mastócitos e basófilos. Uma exposição posterior ao mesmo antígeno, consequentemente realiza reação cruzada com IgE ligado a células e dispara a liberação de várias substâncias farmacologicamente ativas. Logo, a ligação cruzada do receptor Fc de IgE é importante para a estimulação de mastócitos e a degranulação de mastócitos é precedida pelo aumento do influxo de cálcio. (CAROL & GLENN, 2010). • REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE TIPO II: A hipersensibilidade tipo II também pode ser conhecida como hipersensibilidade citotóxica. Sendo assim, os antígenos são normalmente endógenos, embora há também agentes químicos exógenos que podem se ligar a membranas celulares e levar a hipersensibilidade tipo II. Com isso, a anemia hemolítica induzida por drogas e a trombocitopenia são alguns exemplos de hipersensibilidade. O tempo de reação é de minutos a horas. A hipersensibilidade do tipo II é primeiramente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e complemento, além disso, fagócitos e células K também participam da reação. Portanto, testes diagnósticos incluem detecção de anticorpos circulantes contra tecidos envolvidos, presença de anticorpos e complemento na lesão por imunofluorescência. O tratamento pode envolver agentes anti- inflamatórios e imunossupressores. (CAROL & GLENN, 2010). • REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE TIPO III: 14 Esta hipersensibilidade ocorre pelo depósito de complexos imunológicos que acabam causando uma ativação complementar e inflamação, assim essa hipersensibilidade podeser chamada de complexo imune. Em pacientes hígidos os complexos antígenos/anticorpos são solúveis pelas proteínas C2 e C4 do sistema complemento, esses complexos portanto vão se unir aos receptores do complemento e de células vermelhas e vão ser levadas até o baço afim de serem destruídas/removidas. Quando há alguma patologia é por sinal de um desequilíbrio entre o complemento e o clearance. Assim tem-se um excesso de produção de complexos imunes levando a uma precipitação e ativação do sistema complemento, há também o resgate de células imunológicas, dano tecidual de liberação de mediadores inflamatórios e radicais livres. Os lugares em que ocorrem as precipitações normalmente são locais de filtrações, como a membrana basal epidermal, sinovias e os glomérulos. Dessa forma, os glomérulos são locais que fazem a filtração do plasma, assim também são locais que podem ocorrer a hipersensibilidade tipo III, por ter várias formas do complexo imune danificar o glomérulo como pela nefropatia por IgA/doença de Berger, que é a deposição de complexos IgA no mesângio dos glomérulos causando danos renais vistos em outras doenças como glomerulonefrite pós-estreptocócica e Lúpus Eritematoso Sistêmico. Existem pacientes que são mais propensos a ter hipersensibilidade do tipo III como os quais tem deficiências das proteínas C2 e C4 do sistema complemento que diminuem a solubilidade dos complexos e aumenta a precipitação. O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença autoimune que também tem reação a partir da hipersensibilidade tipo III, por os receptores de células do sistema complemento em suas células vermelhas ficarem reduzidas e diminuírem o claearance. As principais doenças relacionadas a hipersensibilidade de complexo imune são Lúpus Eritematoso Sistêmico e a Endocardite Bacteriana (KENNEDY; DIXIT, 2016). • REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV: Este tipo de hipersensibilidade surge através de reações por antígenos de Células T, podendo levar até mais de 12 horas para se desenvolver e por isso podem ser chamadas de hipersensibilidade tardia. Elas ocorrem após o contato com algum antígeno que sensibiliza a pele e causa um efeito como se fosse uma dermatite de contato. Este antígeno é retirado no local por células de resposta inata (macrófagos) que se comportam como apresentadoras de antígenos que ativam as células TCD4+, uma vez ativadas elas adotam um perfil TH1 e são transportadas para locais com grandes quantidades de antígenos, que vão liberar citocinas inflamatórias ((IFN-γ, IL-1, IL-2 e IL-6), resultando em um aumento da permeabilidade vascular e uma 15 migração para mais ativação de outras células, resultando em uma inflamação local. O pico da reação vai se diferenciar caso o contato for prolongado ou não, se não for, o pico está em 24- 48 horas e se prolongado pode acontecer uma formação de um granuloma de células gigantes multinucleadas, demorando semanas para serem resolvida. Nem todas as reações de hipersensibilidade tardia acontecem de forma cutânea. As principais doenças são Artrite Reumatoide, Esclerose Múltipla e Diabetes Tipo I (KENNEDY; DIXIT, 2016). 3.7 Entender a importância do modo de comunicação e orientação médica para pacientes com doenças crônicas incapacitantes: A comunicação e a orientação medica atuam como uma ferramenta na relação médico- paciente, que é de suma importância para adesão de pacientes com doenças crônicas, já que seus tratamentos são contínuos e muitas vezes difíceis de seguir, então esses dois pontos da relação ajudam reduzindo fatores agravantes como o estresse e aumenta a compreensão, e assim adesão ao tratamento. (OLIVEIRA & GOMES, 2007). Essa adesão é definida como uma colaboração mutua do paciente e seu médico, para conseguir o sucesso terapêutico (DROTAR, 2000). A mesma se expressa quando o paciente segue as instruções, opiniões e informação dadas pelo seu médico quanto aos medicamentos, dietas e/ou fisioterapias rotar, (MILLER, 1997). A reação contraria a essa está relacionada a não adesão, que é mais frequente que o seu antônimo, pois estima-se que cerca de 50% da população acometidas por essas doenças não apresentam comprometimento adequado ou suficiente com o tratamento (FENNELL, et al, 1994). A partir desse ponto, pesquisas de relatos confirmaram que a falta de explicação dobre o tratamento e a doença em si que os pacientes possuem é um dos fatores mais estressantes para os pacientes, sendo assim essa comunicação efetiva é essencial para uma abordagem quanto ao tratamento, seja mais humanizada, pois alguns se vem em uma situação inesperada em que a partir do momento vão precisar de ajuda em todo o resto de sua vida. (OLIVEIRA & GOMES, 2007). Sendo assim, é necessário que o médico escute, interprete e compreenda o paciente, para que assim possa buscar por uma forma de integrar o tratamento de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Uma vez que, cada caso é único e é preciso dar segurança e transparência aos enfermos, um desses métodos nos programas que procuram informar sobre 16 características da doença é envolver no tratamento tanto os pacientes quanto seus familiares (NOLAN, et al, 1986). 3.8 Caracterizar medicamentos de alto custo e suas indicações para o tratamento de doenças auto imunes: Os medicamentos de alto custo, são predominantes na realidade do tratamento dos pacientes das doenças autoimunes, por isso, exige uma atenção especial em sua distribuição e fornecimento, visando a acessibilidade pro tratamento terapêutico eficaz á todos. O paciente consegue o medicamento de alto custo, de acordo com sua doença diagnosticada e que requer um tratamento caro, com medicamentos que possuem valor alto nos laboratórios, distribuidoras e farmácias. (Ministério da Saúde, 2006). Para conseguir medicamentos de alto custo é necessário documentos que comprovem a doença, atestados médicos, comprovantes de internações, guias médicas e tantas outras papeladas exigidas. Os medicamentos de alto custo são padronizados pelo ministério da saúde, para tratamento de determinadas doenças, adquiridos pela secretaria de estado de saúde com recursos provenientes do nível federal e estadual (Ministério da Saúde, 2006). O Sistema Único de Saúde (SUS) assegura vários medicamentos, como no caso da Artrite reumatóide os mais comuns são, Metotrexato e Abatacepte, glicorticóides, imunossupressores e anti-inflamatórios. Além disso, medicamentos para tratamento de algumas doenças, como por exemplo: insuficiência renal crônica, tratamento de hemodiálise, hepatite ‘C’, hemofilia, pacientes submetidos a transplantes, esclerose múltipla, anemia falciforme, psoríase, puberdade precoce e quimioterapias (Ministério da Saúde, 2006). Portanto os medicamentos de alto custo caracterizam-se como uma estratégia da política de assistência farmacêutica, que tem por objetivo disponibilizar medicamentos no âmbito do Sistema Único de Saúde para tratamento de agravos inseridos nos seguintes critérios. Nos casos de doença rara ou de baixa prevalência, com indicação de uso de medicamento de alto valor unitário ou que, em caso de uso crônico ou prolongado, seja um tratamento com custo elevado. Outro fator, quando for doença prevalente, com uso de medicamento de alto custo unitário ou que, em caso de uso crônico ou prolongado, seja um tratamento de custo elevado desde que haja tratamento previsto para o agravo no nível da atenção básica, ao qual o paciente apresentou necessariamente intolerância, refratariedade ou evolução para quadro clínico de 17 maior gravidade, desse modo, o diagnóstico ou estabelecimento de conduta terapêutica para o agravo estejam inseridos na atenção especializada (Ministério da Saúde, 2006). 18 4 CONCLUSÂO: Diante do exposto, foi possível compreender de forma clara e objetiva como os mecanismos de tolerância imunológica podem induziro desenvolvimento de doenças autoimunes. Nesse sentido, foram questões de discussão os conceitos de tolerância e doenças autoimunes, os fatores genéticos e ambientais desencadeantes, quais sinais e sintomas podem surgir quando há a presença dessas mazelas, a questão da hipersensibilidade e como deve ser o contato com o paciente quando o caso em questão é delicado e específico, trazendo protocolos, ações humanizadas e a indicação de medicamentos. Sendo assim, pode-se afirmar que a situação problema, “Mãos de costureira”, foi contemplada em todas as valências pelos acadêmicos, promovendo um conhecimento mais profundo acerca do tema imunologia. 19 REFERÊNCIAS ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 6ª edição. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008. ABBAS, A. K; LICHTMAN, A. H; PILLAI, S. H. H. I. V. Imunologia celular e molecular. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro: Saunders Elsevier, 2015. CECCARELI, F.; AGMON-LEVIN, N.; PERRICONE, C. Genetic Factors of Autoimmune Diseases, Journal of Immunology Research, 2016. COSTA, A.; SILVA-JUNIOR, A.; PINHEIRO; A. Fatores associados à etiologia e patogênese das doenças autoimunes. Arquivos Catarinenses de Medicina, 2019. Disponivel em:< http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/10/1023457/347-1078-1-sm.pdf>. Acessado em 29 de out de 2020. DROTAR, D. Promoting adherence to medical treatment in chronic childhood illness: concepts, methods, and interventions. Nova York: Lawrence Erlbaum. 2000. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt- BR&lr=&id=O1p4AgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA404&ots=MgGU6MXTk6&sig=uHoUDOzb h3X_KkeR-lIJOIFxwec&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false . Acessado em 29 Out 2020. FENNELL, R. S.; FOULKES, L. M.; BOOGS, S. R. Family-based program to promote medication compliance in renal transplant children. 1994, 102-103. Disponível em: <https://www.elibrary.ru/item.asp?id=5691316>. Acessado em: 29 Out 2020. FORTE, W. C. N. 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