Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PRATICANDO O APRENDIZADO 1 Leia a seguir exemplos de construções textuais marca- das pela informalidade cotidiana. Reescreva as senten- ças de acordo com o registro formal da língua. a) Maior corre-corre no meu trampo hoje, mas firmão. Muita correria no meu trabalho hoje, mas tudo bem. b) Maria, larga de ser mamadeira e arruma um trampo. Maria, deixe de ser acomodada e arrume um emprego. c) Tô zarpando fora da festa. Estou indo embora da festa. d) Tô indo resolver as tretas da minha mina. Estou indo resolver os problemas de minha namorada. 2 Com uma das opções entre parênteses, complete a frase com a palavra que melhor se adapta ao contex- to de informalidade. a) Partiu encontrar os amigos na festa hoje? (vamos/partiu) b) Hoje eu quero ir ao barraco de Pe- dro. (condomínio/barraco) c) Nossa, mãe! Ontem eu me meti em cada problema! (me meti/tive) d) Meus parças devem chegar mais cedo hoje. (parças/amigos) e) Meus tios perguntaram se a galera fará home- nagem aos acidentados. (turma/galera) Leia o texto 1 para responder às questões 3 a 5. Texto 1 Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às ne- cessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de va- lores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das ca- racterísticas das suas diversas modalidades [...]. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas va- riedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 4-5. 3 De acordo com o texto, explique o motivo pelo qual a língua padrão é a variedade mais prestigiada de um idioma. A língua que segue a norma-padrão alcança maior valor por ser vista como o ideal linguístico de uma comunidade. 4 Com base no estudo deste módulo e na leitura do tex- to anterior, responda: Qual é o impacto social gerado quando se considera a norma -padrão como única va- riedade correta da língua? O preconceito linguístico torna-se uma realidade nociva que segrega os falantes. 5 Qual é o registro do texto apresentado: formal ou infor- mal? Ele segue a norma-padrão? Justifique sua resposta. O texto tem registro formal e é construído em total acordo com as regras gramaticais, ou seja, com a variedade de prestígio, seguindo a norma-padrão. Leia o texto 2 para responder às questões 6 a 8. Texto 2 R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o ra 28 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 9 PH9_EF2_LP_C3_023a031_M19.indd 28 23/04/18 9:10 AM 6 Levando em consideração o texto do anúncio no carri- nho, responda: O texto segue a norma-padrão? Justifi- que sua resposta. Não. O texto apresenta desvios da norma-padrão: fazida seria feita; em vez de pida, seria peça; a palavra tapioca não leva acento gráfico; em lugar de quebra queicho, seria quebra-queixo. 7 Quanto ao processo comunicativo, esse texto cumpre sua função? O que ele transmite? Sim. O texto anuncia a venda de quebra-queixo e tapiocas feitas na hora. 8 Reescreva o anúncio de acordo com a realidade comu- nicativa que você vive. Resposta pessoal. Sugestão: Tapioca feita na hora. Quem não pediu peça./Tapioca feita na hora e quebra-queixo. APLICANDO O CONHECIMENTO Conheça mais um poema de Oswald de Andrade. Baseie -se nele para resolver as questões 1 a 5. Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro. ANDRADE, Oswald de. Pronominais. In: Obras completas 7 – Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. p. 125. 1 O poeta sai em defesa de uma nova perspectiva de língua. Em que consiste sua defesa? Ele defende uma língua de caráter popular. 2 Nesse texto, o poeta vale-se de um desvio da norma- -padrão para reafirmar a defesa de um novo modo de se expressar. Qual seria o desvio presente no texto? A posição do pronome oblíquo, que foi alterada no último verso. 3 Em relação à posição do pronome oblíquo nas frases, nota-se uma diferença entre o que é prescrito pela norma -padrão e o uso popular. Explique essa afirmação. Pela norma-padrão, o pronome oblíquo não pode iniciar frases; assim, o normativo é o que ocorre no primeiro verso do poema, em que o pronome me aparece depois do verbo. Já o uso popular é o que ocorre no último verso, em que o pronome é colocado no início da frase, desobedecendo às regras gramaticais. 4 Considerando-se a oposição norma-padrão 3 uso popular, no poema em questão, o poeta opta por uma das formas de manifestação linguística. Qual delas ele privilegia? Ele privilegia a manifestação popular. 5 Para defender a manifestação que ele privilegia, o eu lírico utiliza uma palavra em particular, que diferencia a gramática do falante, ressaltando aquela que tem sua preferência. Qual seria o termo que marca a sua defesa? Classifique-o. O termo bom para se referir ao “bom negro” e ao “bom branco”. Trata-se de um adjetivo. 29 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 9 PH9_EF2_LP_C3_023a031_M19.indd 29 23/04/18 9:10 AM 7 A resposta do rapaz que assiste à televisão é que produz o humor da tirinha. Explique essa afirmação. O humor decorre da resposta do rapaz, que não entende a pergunta como “Está tudo bem?” e nega estar assistindo a um filme; ele diz que está assistindo a um jogo de futebol, pois entende que a palavra firme foi empregada no lugar de filme, representando a substituição de fonemas própria das variantes interioranas do Sul e Sudeste do Brasil. 8 Como se sabe, em tirinhas, a linguagem verbal e a não verbal dialogam para criar um contexto. Explique de que maneira o aspecto não verbal estabelece uma relação com o modo de falar dos personagens. A caracterização dos personagens, que usam chapéu de palha, e o mato na boca do personagem que está em pé representam o estereótipo caipira. A linguagem verbal confirma tal estereótipo, já que a reprodução escrita é uma tentativa de reafirmar a ideia de que são personagens ditos caipiras. Leia a charge abaixo e responda às questões 6 a 8. 6 Na charge, qual é o sentido da palavra firme? Explique sua resposta. A palavra firme pode significar bem, tranquilo, como uma forma dialetal para a pergunta “Está tudo bem?”, e é com esse sentido que a palavra é empregada no texto. G u ilh e rm e G u a ta n /A c e rv o d o c a rt u n is ta DESENVOLVENDO HABILIDADES O texto a seguir é um trecho de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928), do escritor modernista Mário de Andrade. A certa altura da obra, o personagem principal, Macunaíma, nascido negro, passa por uma transformação em águas mágicas, que mudam a cor de sua pele, passan- do a ser branco. Seus dois irmãos, que o acompanhavam, também sofrem transformações. Leia o texto e responda às questões a seguir. [...] Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra indiada brasileira. Quan- do o herói saiu do banho estava branco louro e de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não se- ria capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou:— Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretu- me foi-se e antes fanhoso que sem nariz. Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifara toda a água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por te- rem se limpado na água santa. Macunaíma teve dó e consolou: — Não se avexe, mano Maanape, não se avexe não, mais sofreu nosso tio Judas. ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989. p. 30. 1 O autor faz uso recorrente de marcas de oralidade em seu texto. Trata-se de uma maneira de despertar o olhar dos leitores para outras formas de escrever, diferentes da norma-padrão. Assinale a opção em que a transcri- ção de passagens do texto está marcada pela oralidade: a) quando o herói saiu do banho/Macunaíma teve dó e consolou. b) ninguém não seria capaz mais de indicar/atirando água pra todos os lados. c) as palmas das mãos e dos pés dele são tão vermelhas por terem se limpado na água santa. d) Maanape é que então foi se lavar. 30 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 9 PH9_EF2_LP_C3_023a031_M19.indd 30 23/04/18 9:10 AM 2 Tendo em vista o discurso marcado pela oralidade, po- de-se inferir que: a) a obra de Mário de Andrade se apresenta como uma afronta ao tradicionalismo da língua. b) Macunaíma valoriza a linguagem ligada ao período clássico da literatura. c) o autor se opõe a uma linguagem moderna literária. d) a obra recria a linguagem erudita, exaltando-a. 3 Como é possível observar no fragmento, Macunaíma era negro, indígena e torna-se branco no final. Seu irmão Maanape continua negro, mas com as palmas das mãos e dos pés vermelhas. Outro irmão, Jiguê, fica moreno. Assim, a obra faz alusão à história da formação nacional brasileira, pois: a) demonstra a relação branco e índio na colonização do país. b) exibe a relação branco e escravo com a chegada do navio negreiro. c) explora miscigenação brasileira por meio da tríade: portugueses, índios e negros. d) ressalta a catequização como forma de construção racial do Brasil. 4 O autor de Macunaíma faz uso de marcas de oralidade na escrita da narrativa ao mesmo tempo que propõe uma visão sobre a própria formação do Brasil. Sobre isso, é possível afirmar que a obra: a) propõe que a língua brasileira é formada por erros de português. b) reflete que o português do Brasil é diferente do português de Portugal porque aqui as pessoas es- tudam menos. c) ressalta que só fala o português brasileiro quem não estuda. d) ressalta a pluralidade da cultura brasileira e a define como uma soma de diversas origens. ANOTAÇÕES 31 L ÍN G U A P O R T U G U E S A » M Ó D U L O 1 9 PH9_EF2_LP_C3_023a031_M19.indd 31 23/04/18 9:10 AM
Compartilhar