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105PORTUGUÊS
Fernão de Oliveira, 
autor da primeira 
gramática da língua
portuguesa (1536)
Módulos
1 – Origem da Língua Portuguesa
2 – O poder da palavra
3 e 4 – Prática de Redação (1) 
5 – Substantivo
6 – Tipologias textuais:
Descrever, narrar, dissertar.
7 e 8 – Prática de Redação (2) 
9 – Artigo
10 – Denotação e conotação
11 e 12 – Prática de Redação (3)
13 – Numeral
14 – Os recursos expressivos
na descrição
15 e 16 – Prática de Redação (4)
17 – Adjetivo
18 – Descrição (objetiva e subjetiva)
19 – Locução adjetiva
20 – Descrição (dinâmica e estática)
21 – Adjetivo composto
22 – Descrição de pessoa
23 – Pronomes pessoais, possessivos
e de tratamento 
24 – Exercícios sobre título
A “última flor do Lácio”, assim chamada a língua
portuguesa por Olavo Bilac, é umas das línguas neolatinas
— como a espanhola, a francesa, a italiana, entre outras
— originadas da expansão do Império Romano. Conforme
esse império se expandia e conquistava novos territórios,
seus soldados conviviam com a cultura e o idioma locais,
influenciando-os e sendo influenciados por eles. Desse
encontro, surgiram novos idiomas que, embora partissem
de uma base em comum, foram dotados de suas próprias
especificidades.
Com a difusão da cultura romana, o latim chegou à
Península Ibérica durante os séculos III e II a.C. e
permaneceu após a queda do império de Roma, no século
V d.C. A região que hoje compreende Portugal e Espanha
manteve-se latinizada, recebendo novas influências após
as invasões de povos como os visigodos e árabes, o que
originou a língua hoje chamada de galego-português.
Apesar das discordâncias entre especialistas sobre
quando exatamente houve a distinção oficial entre os dois
idiomas, pode-se assinalar a criação do reino de Portugal,
por D. Afonso Henriques no século XII, como ponto
decisivo para que galego e português se estabelecessem
como línguas distintas.
Após a expansão ultramarina de Portugal, o idioma
espalhou-se pelo mundo. Atualmente, a maior parte de
seus falantes encontra-se fora da Europa, visto que o
processo de colonização lusitana resultou em 10 países
com a língua portuguesa como a oficial, entre eles o
Brasil, que, embora conserve muitas características do
português europeu, apresenta diferenças notáveis em
diversos aspectos, semânticos, sintáticos e morfológicos.
Em terras brasileiras, usou-se, a princípio, a língua
geral, nheengatu, como língua franca, oriunda do tupi
antigo e utilizada entre colonos e indígenas. No entanto,
1
Palavras-chave:
Origem da 
Língua Portuguesa
• Latim • Tupi 
• Nheengatu
PORTUGUÊS: CLASSES 
GRAMATICAIS E DESCRIÇÃO
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 105
106 PORTUGUÊS
com a intensificação do processo de colonização, ela
perdeu cada vez mais espaço para o português, até ser
proibida por Marquês de Pombal, em 1758. Hoje, a língua
geral é considerada extinta, mas o nheengatu, falado em
regiões de Brasil, Colômbia e Venezuela, seria uma
evolução natural dessa língua.
Ainda que o português tenha se estabelecido como
língua oficial em território nacional, ele recebeu diversas
contribuições dos idiomas nativos, como sufixos (-guaçu,
um aumentativo; -mirim, um diminutivo) e vocábulos
(abacaxi, caboclo, jacaré etc.).
Ao longo do Período Colonial e por boa parte do
Imperial, o Tráfico Negreiro trouxe africanos ao Brasil,
como os bantus e os sudaneses. Ainda que
marginalizados pela escravização, suas línguas, como
quimbundo, o quicongo e o umbundo, legaram uma série
de influências ao português brasileiro, como, por
exemplo, as palavras moleque, cachaça e fubá.
Após a abertura dos portos nacionais, em 1808, e
posterior chegada de imigrantes, por volta de 1880, a
influência de outros idiomas, como o italiano, foi sensível
e acontece ainda hoje. Muitas modificações pelas quais o
português brasileiro passou fazem parte de um processo
natural de transformação linguística, uma vez que, como
língua viva, é natural que receba contribuições e as
absorva de acordo com a necessidade e identificação de
seus falantes.
Assim, sofrendo influências históricas, o sétimo
idioma mais falado do mundo, a língua portuguesa, é a
língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Macau, Goa, São Tomé e Príncipe, 
Timor Leste, Guiné Equatorial e Cabo Verde.
Uma Babel colonial
Desde o momento em que os portugueses
puseram o pé (e a boca) na Terra Brasilis, eles
depararam com mais de 300 línguas indígenas. O
idioma português travou uma luta de resistência e
assimilação por três séculos, enfrentando culturas,
dialetos africanos e muitas línguas: francês, holandês,
espanhol, latim, inglês, italiano, tupinambá, nheengatu...
A evangelização de índios e negros, a política de
imposição da língua portuguesa
adotada pela Coroa e o marquês de
Pombal em 1758 e a integração ao
mercado exportador são fatores
decisivos para se entender essa
grande mistura que formou, e forma,
a nossa língua, um dos elementos da
unidade nacional que só conseguiu se
impor às vésperas da Independência,
no século XIX.
De início, os portugueses
encontraram aqui uma verdadeira
Babel indígena. Na costa brasileira e
na bacia dos rios Paraná e Paraguai,
os índios pertenciam ao tronco
linguístico Tupi, que reúne os Guarani
ao sul e os Tupi na costa, que falavam
o Tupinambá ou língua afins, mas não
idênticas. Na região central do Brasil,
encontravam-se as línguas Macro-jê.
Eram tantas as línguas na bacia amazônica, que o
célebre padre Antônio Vieira, em 1683, escrevia que
“houve quem chamou o rio das Amazonas rio Babel”, o
que lhe pareceu pouco “porque na Torre de Babel, como
diz São Jerônimo, houve somente setenta e duas
línguas, e as que se falam no rio das Amazonas são
tantas e tão diversas, que se lhes não sabe o nome,
nem o número”. Do contato entre missionários, índios
Tupi missionados e aculturados, e não índios, surgiram
as línguas gerais, ou seja, comuns a diferentes grupos,
tendo como base a língua do tronco Tupi – a língua geral
A litografia de Rugendas mostra a convivência, no início do século XIX, entre pessoas de origem
indígena, africana e europeia no Brasil, sugerindo um cenário de disputas entre diversas línguas
durante o processo de colonização. Crédito: Alamy/Fotoarena.
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 106
107PORTUGUÊS
paulista (ou do Sul) e a língua geral amazônica. Ao final
do século XVII, os jesuítas e missionários de outras
ordens difundiram, na Amazônia, o Tupinambá, falado
pelos índios da região que vai do litoral do Maranhão até
a foz do Tocantins. O Tupinambá, sob a influência de
outras línguas da área, e da ação dos caboclos, deu
origem ao nheengatu, a língua geral amazônica.
E preservar aqui as línguas africanas não foi nada
fácil: o colonizador português não deu trégua,
combatendo as línguas e evitando até a concentração
de escravos de uma mesma etnia nos navios negreiros
e nas propriedades coloniais – uma tática para diminuir
as resistências dos africanos e descendentes à
escravização. Essa política, a variedade de línguas e as
hostilidades que os negros trouxeram dificultaram a
formação de núcleos solidários que garantissem a
retenção do patrimônio cultural africano, incluindo-se aí
suas línguas. Só no campo da evangelização houve
maior flexibilidade do colonizador em relação às línguas
africanas. O mesmo padre Antônio Vieira, em 1691,
referindo-se à Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro,
afirmava que era preciso que os negros fossem
catequizados em suas línguas: “Sendo muito maior,
sem comparação, o número dos negros que o dos
índios, assim como os índios são catequizados e
doutrinados nas suas próprias línguas, assim os negros
o são na sua.” E acrescentava que nos colégios dessas
localidades havia “operários muito práticos” nas línguas
africanas e “várias escolas das mesmas línguas” no
Brasil, tantas “quanto a variedade delas, e que os
religiosos não passavam a outros estudos [...] sem
primeiro serem examinados e aprovados” na língua em
questão. Tanto que em 1697 foi impressa pela
Companhia de Jesusuma Arte da Língua de Angola,
feita pelo padre Pedro Dias, do Colégio da Bahia.
Mas nem sempre os negros foram prisioneiros da
diversidade linguística que os dividia e ao longo do
período colonial houve várias tentativas de construção
de uma identidade comum entre os escravos: a
formação de quilombos, a realização de revoltas e a
organização de batuques e calundus (rituais
semelhantes ao candomblé) são evidências disso. Em
Minas Gerais, em algumas casas chefiadas por
mulheres, danças e batuques – proibidos então –
tiveram guarida e as línguas africanas puderam emergir.
Algumas línguas europeias tiveram um domínio
regional e de tempo restrito. O espanhol, em São Paulo,
durante a união das Coroas de Espanha e Portugal (1580
e 1640), e no Sul, acompanhando os confrontos entre
portugueses e espanhóis em torno da expansão
territorial. Mais secundariamente o francês, no Rio de
Janeiro e no Maranhão, quando se tentou estabelecer
as colônias da França Antártica (1555) e da França
Equinocial (1612), respectivamente. E o holandês, no
Nordeste, em Pernambuco e Paraíba, também no
século XVII.
O português enfrentou outras línguas concorrentes
nos campos do conhecimento, da religião e da
educação. O latim era a língua dos rituais e livros
católicos: a missa, o breviário e os cantos eram em
latim, tendo os sacerdotes que pronunciá-lo com
maestria. Os livros eram escritos em latim, a língua culta
por excelência, e o seu ensino ganhou destaque na
educação. O latim enraizou-se no universo dos letrados,
servindo como modelo, ao lado do espanhol e do
italiano, para a produção poética. O espanhol era outra
língua erudita. Poetas, como Gregório de Matos,
escreviam em espanhol, muito valorizado nos círculos
da elite portuguesa de 1600. O padre Vieira, em 1692,
em carta a Francisco Barreto, cônego e tradutor de seus
escritos, confessava o grande receio que tinha de que,
na língua portuguesa, perdessem a graça e energia da
castelhana.
O inglês iniciou sua influência como língua culta em
fins do século XVIII.
Mas como a língua portuguesa conseguiu se impor
às outras? Os seus avanços variaram no tempo e no
espaço, a partir de alguns fatores. O primeiro deles foi
a vinculação das economias regionais com o mercado
internacional e a consequente participação de
portugueses e africanos: nas áreas em que houve
integração com o mercado externo e maior presença de
portugueses e africanos, a difusão da língua portuguesa
se deu mais rapidamente. Como no Nordeste,
exportador de açúcar desde meados do século XVI,
onde o português predominava no início de 1600. Já em
São Paulo colonial, que permaneceu relativamente à
margem da economia de exportação, com uma menor
quantidade de africanos e usando continuamente o
braço escravo indígena, a língua geral difundiu-se por
todas as camadas sociais, mantendo-se dominante até
metade de 1700. Em Minas Gerais, a eliminação dos
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 107
108 PORTUGUÊS
povos e das línguas indígenas foi intensa, em função do
desenvolvimento urbano acentuado e da força da
mineração no conjunto da economia, assentada no uso
do escravo africano. Só nas fronteiras das áreas de
colonização houve espaço para as línguas indígenas.
Mas os paulistas que foram para Minas encarregaram-
se de disseminar, pelo menos no princípio, a língua geral
do Sul, daí a origem indígena de uma série de nomes
geográficos em Minas Gerais, em
Goiás e Mato Grosso.
A presença de missionários foi
um segundo fator importante para a
difusão da língua portuguesa, ou
melhor, para a sobrevivência das
línguas indígenas. No litoral, os
missionários contribuíram para a
preservação, divulgação e transfor ma -
ção do Tupinambá. Como imposição
da própria evangelização, os jesuítas
estudaram o Tupinambá, traduziram cantigas sacras,
produziram gramáticas – a de José de Anchieta, em
1595, e a do padre Luis Figueira, em 1621. E em 1575,
publicaram traduções do pai-nosso, da ave-maria, do
credo, e trabalharam coletivamente na elaboração de
um catecismo, editado em 1618, com o nome
Catecismo na língua brasílica. José de Anchieta
elaborou composições na língua Tupinambá e em seus
autos, encenados em várias partes do país, a língua
brasílica era pronunciada ao lado do português e do
espanhol. Ao mesmo tempo, os jesuítas tornaram
obrigatório o aprendizado da língua para todos os irmãos
da companhia. O padre Antônio Vieira, em 1672,
registrava, por exemplo, saber “a língua do Maranhão e
a portuguesa”, língua com as quais dizia servir à sua
“pátria” e ao seu “príncipe”. Na primeira metade do
século XVII, no território controlado pela Espanha, área
sob a influência do Paraguai, os missionários elaboraram
duas gramáticas do Guarani, a de Alonso de Aragona, e
a de Antônio Ruiz de Montoya, que também publicou
um catecismo e dois dicionários, Espanhol-Guarani e
Guarani-Espanhol.
Em franco contraste com a visão dos missionários
de valorizar as línguas brasílicas, no reinado de d. José
I, de quem foi ministro poderoso Sebastião José de
Carvalho e Mello, conhecido pelo título de marquês de
Pombal (1750 a 1777), implantou-se uma política de
imposição da língua portuguesa, surgindo assim o
terceiro fator de difusão do idioma português. Em 1770,
Pombal ordenou aos mestres de
língua latina que, ao receberem seus
alunos, os instruíssem previamente,
por seis meses, na língua portuguesa,
usando a Gramatica portuguesa,
composta por Antônio José dos Reis
Lobato. E no Grão-Pará e Maranhão,
área em que a nova política de língua
foi mais incisiva, procurou difundir o
português para legitimar a posse da
terra e coibir o uso do nheengatu,
temido como forma de os missionários controlarem os
índios. Esta política de imposição da língua portuguesa
tinha um sentido claro de promover a dominação dos
povos e a obediência ao monarca. Segundo um
documento oficial da época, “foi máxima
inalteravalmente praticada em todas as Nações, que
conquistaram novos domínios, introduzir logo nos Povos
conquistados o seu próprio idioma, por ser indisputável,
que este é um dos meios mais eficazes para desterrar
dos Povos rústicos a barbaridade dos seus antigos
costumes”.
LUIZ CARLOS VILLALTA, paulista radicado em Minas Gerais,
nasceu em 1962. É graduado, mestre e doutor em história
pela USP e leciona na Universidade Federal de Ouro Preto.
Para o volume Cotidiano e vida privada na América Portuguesa
(Coleção História da Vida Privada no Brasil), escreveu o ensaio
“O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura”.
Publicou, no Brasil e no exterior, estudos sobre livros didáticos
e paradidáticos de história, bem como sobre censura,
bibliotecas e leitura no período colonial.
Ao contrário dos
missionários, que
prestigiavam os idiomas
nativos, o marquês de
Pombal obrigava o uso 
da língua portuguesa 
para garantir a 
obediência ao monarca
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 108
109PORTUGUÊS
(FUND. EDUC. MACHADO SOBRINHO) – Leia atentamente o
texto a seguir, extraído do livro Alfabetização e Linguística, de Luiz Carlos
Cagliari.
COMO A FALA FUNCIONA
Quando se diz que a escola precisa levar em conta a fala, muitos
pensam que isso significa que se deve ensinar os alunos a falarem
bonito, no estilo em que se escreve. Esse treinamento pode até ser
feito, mas não é isso que os linguistas querem dizer.
Se a escola tem por objetivo ensinar como a língua funciona, deve
incentivar a fala e mostrar como ela funciona. Na verda de, uma
língua vive na fala das pessoas e só aí se realiza plena men te. A escrita
preserva uma língua como um objeto inanimado, fossilizado. A vida de
uma língua está na fala.
Muito pouco se conhece da fala portuguesa. E, não rara men te,
têm-se noções erradas a esse respeito. A escola, como dis semos
antes, gira em torno da escrita e consequente mente a gramática
normativa está voltada para a escrita, mesmo quando tenta abordar
questões que só existem na fala. É preciso ter sempre em mente o
que pertence à fala e o que pertence à es crita. Isso parece óbvio, mas
a prática tem mostrado quehá muita confusão e má compreensão
dessas duas realidades da língua.
� Todas as afirmativas abaixo são inade quadas em relação ao tex -
to, exceto:
a) A escola deve ensinar o que se fala, e não o que diz a gramática
normativa.
b) Os alunos devem escrever como falam.
c) Os professores de português ensinam coisas inúteis na es cola.
d) A linguagem captada na boca do povo é a verdadeira realiza ção
linguística.
e) A escola deve ensinar os alunos como falar bem.
Resposta: D
� De acordo com A escola, como dissemos antes, gira em torno da
escrita e conse quentemente a gramática normativa está voltada para
a escrita, mesmo quando tenta abordar questões que só existem na
fala, pode-se concluir que
a) a língua ensinada na escola é, muitas vezes, distante da reali da de.
b) a gramática normativa é inútil no dia-a-dia.
c) a gramática normativa não trata de fatos linguísticos que apa re cem
na linguagem coloquial.
d) os professores desconhecem os fatos linguísticos da lingua gem
oral, por isso prendem-se à escrita.
e) a língua ensinada na escola é uma língua morta. 
Resposta: A
Exercícios Resolvidos
Junto com este caderno, você recebeu uma gramática da língua portuguesa. Você deve trazê-la para todas as aulas
de gramática, pois aí en contrará conceitos e regras gramaticais.
Desde que você começou a estudar português, aprendeu uma série de con cei -
tos e regras gramaticais. Alguns você deve ter memorizado e outros pode ter es -
quecido. Há, ainda, uma série de conceitos e regras que você possivelmente
des conhece. Uns serão estudados no Ensino Médio, outros talvez nem sejam estu -
dados na escola. Justamente por causa do esquecimento, assim como da falta de
tempo para estudar tudo na escola, você deve aprender a consultar uma gramática.
Aliás, dicionário e gramática são dos materiais de consulta mais utilizados por
professores, jornalistas, escritores, enfim, por todos aqueles que trabalham com a
palavra. Quanto mais sabemos a respeito da língua, mais dúvidas temos. E, claro,
maior é a nossa exigência com relação àquilo que produzimos por escrito.
Consultar uma gramática não é difícil. Basta sabermos a nomenclatura comu -
mente usada para agrupar os assuntos.
Nem toda gramática é organizada da mesma maneira. No entanto, alguns
títulos são comuns às diferentes gramáticas, por adotarem a nomenclatura oficial.
Aprendendo a nomen clatura, você saberá utilizar o material.
Observe que a gramá tica que você recebeu está dividida em quatro grandes
títulos:
A. Fonética, Fonologia e Ortografia – Fonética: estudo dos sons da fala; relaciona-se com a Física; Fonologia: estudo
da função dos sons na língua; é parte da Linguística; Ortografia: parte da gra mática que ensina a es crever correta mente
as palavras.
B. Morfologia – estudo do aspecto formal das palavras.
C. Sintaxe – estudo das relações entre pala vras e entre conjuntos de palavras (orações). Por tanto, é o estudo da
construção gramatical.
D. Pontuação – siste ma de sinalização da escrita para indicar pau sas, subdi visões e entonação.
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 109
110 PORTUGUÊS
Texto para o teste �.
� De acordo com o texto, a língua geral formou-
se e consolidou-se no contexto histórico do
Brasil-Colônia. Portanto, a formação desse
idioma e suas variedades foi condicionada
a) pelo interesse dos indígenas em aprender a religião dos
portugueses.
b) pelo interesse dos portugueses em aprimorar o saber
linguístico dos índios.
c) pela percepção dos indígenas de que as suas línguas
precisavam aperfeiçoar-se.
d) pelo interesse unilateral dos indígenas em aprender uma
nova língua com os portugueses.
e) pela distribuição espacial das línguas indígenas, que era
anterior à chegada dos portugueses.
RESOLUÇÃO:
As duas variedades (nheengatu e abanheenga) da língua geral,
adotada pelos índios depois da chegada dos portugueses,
resultaram da distribuição das comunidades pelo norte e pelo sul
do território brasileiro, respectivamente.
Resposta: E
Texto para o teste �.
� Do ponto de vista histórico, as mudanças
linguísticas que afetaram o português do
Brasil têm sua origem no contato dos
colonizadores com inúmeras línguas indígenas e africanas.
Considerando as reflexões apresentadas no texto, verifica-se
que esse processo, iniciado no começo da colonização, teve
como resultado
a) a aceitação da escravidão, em que seres humanos foram
reduzidos à condição de objeto por seus senhores.
b) a constituição do patrimônio linguístico, uma vez que
representa a identidade nacional do povo brasileiro.
c) o isolamento de um número enorme de índios durante todo
o período da colonização.
d) a separação entre pessoas que desfrutavam bens e outras
que não tinham acesso aos bens de consumo.
e) a supremacia dos colonizadores portugueses, que muito se
empenharam para conquistar os indígenas.
RESOLUÇÃO:
Trata-se de uma questão de interpretação de texto e somente uma
leitura atenciosa bastaria para a resposta correta. O texto se refere
ao papel das línguas africanas e indígenas na formação do
português brasileiro. Assim, podemos depreender que a mistura
de línguas no Brasil contribuiu para a formação da língua nacional
e, assim, tem um papel na constituição de uma identidade
nacional.
Resposta: B
No Brasil colonial, os portugueses procuravam ocupar e
explorar os territórios descobertos, nos quais viviam índios,
que eles queriam cristianizar e usar como força de trabalho.
Os missionários aprendiam os idiomas dos nativos para
catequizá-los nas suas próprias línguas. Ao longo do tempo,
as línguas se influenciaram. O resultado desse processo foi
a formação de uma língua geral, desdobrada em duas
variedades: o abanheenga, ao sul, e o nheengatu, ao norte.
Quase todos se comunicavam na língua geral, sendo poucos
aqueles que falavam apenas o português.
HISTÓRIA DO CONTATO ENTRE LÍNGUAS NO BRASIL
No Brasil, o contato dos colonizadores portugueses com
milhões de falantes de mais de mil línguas autóctones1 e de
cerca de duzentas línguas que vieram na boca de cerca de
quatro milhões de africanos trazidos para o país como
escravos é, sem sombra de dúvida, o principal parâmetro
histórico para a contextualização das mudanças linguísticas
que afetaram o português brasileiro. E processos como
esses não devem ser levados em conta apenas para a
compreensão das diferenças entre as variedades linguísticas
nacionais. O próprio mapeamento das variedades linguísticas
contemporâneas do português europeu e, sobretudo, do
português brasileiro, tanto no plano diatópico2 quanto no
plano diastrático3, depende crucialmente de uma apurada
compreensão do processo histórico de sua formação.
(LUCCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O português 
afro-brasileiro. Salvador: EdUFBA, 2009 – adaptado.)
Glossário:
Autóctone: nativo de uma região.
Diatópico: referente à variação de uma mesma língua no plano
regional (país, estado, cidade etc.).
Diastrático: referente à variação de uma mesma língua em função
das diversas classes sociais.
Exercícios Propostos
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 110
111PORTUGUÊS
Textos para o teste �.
� (2019) – Relacionando-se as ideias dos textos
a respeito da história e memória das línguas,
quanto à formação da língua portuguesa,
constata-se que
a) a presença de elementos de outras línguas no português foi
historicamente avaliada como um índice de riqueza.
b) o estudioso da língua pode identificar com precisão os
elementos deixados por outras línguas na transfor ma ção da
língua portuguesa.
c) o português é o resultado da influência de outras línguas no
passado e carrega marcas delas em suas múltiplas camadas.
d) o árabe e o latim estão na formação escolar e na memória
dos falantes brasileiros.
e) a influência de outras línguas no português ocorreu de
maneira uniforme ao longo da história.
RESOLUÇÃO:
O texto I afirma que as palavras carregam em si “mais memórias
que os seus falantes”, apontando para a construção histórica dos
sentidos dos vocábulos. O texto II exemplifica esse processoao
citar o caráter ofensivo dado à influência do árabe, nos séculos XVI
e XVII, pois “parecer com o árabe, assim, é uma acusação de
dessemelhança com o latim.”
Resposta: C
Texto para o teste �.
� (2019 – 2.a Aplicação) – O fato relatado
evidencia que fenômenos presentes na fala
podem aparecer em textos escritos. Além
disso, sugere que
a) os diferentes falares do português provêm de textos
escritos.
b) o tipo de escrita usado pelo soldado era desprestigiado no
século XIX.
c) os fenômenos de mudança da língua portuguesa são
historicamente previsíveis.
d) as formas variantes do português brasileiro atual já figuravam
no português antigo escrito.
e) as origens da norma-padrão do português brasileiro podem
ser observadas em textos antigos.
RESOLUÇÃO:
Na carta de 1807, citada no texto, escrita por um soldado, há um
trecho em que ele diz “nem por bem, nem mar”. Nele, percebe-se
a troca de “l” por “r” (mar por mal), fenômeno bastante comum
ainda hoje em variantes do português usado no Brasil. 
Resposta: D
TEXTO I
ESTRATOS
Na passagem de uma língua para outra, algo sempre
permanece, mesmo que não haja ninguém para se lembrar
desse algo. Pois um idioma retém em si mais memórias que
os seus falantes e, como uma chapa mineral marcada por
camadas de uma história mais antiga do que aquela dos
seres viventes, inevitavelmente carrega em si a impressão
das eras pelas quais passou. Se as “línguas são arquivos da
história”, elas carecem de livros de registro e catálagos.
Aquilo que contêm pode apenas ser consultado em parte,
fornecendo ao pesquisador menos os elementos de uma
biografia do que um estudo geológico de uma sedimentação
realizada em um período sem começo ou sem fim definido.
(HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esquecimento 
das línguas. Campinas: Unicamp, 2010.)
TEXTO II
Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a influência
árabe aparece pontualmente, e se reveste sobretudo de item
bélico fundamental na atribuição de rudeza aos idiomas
português e castelhano por seus respectivos detratores.
Parecer com o árabe, assim, é uma acusação de
dessemelhança com o latim.
(SOUZA, M. P. Linguística histórica.
Campinas: Unicamp, 2006.)
A expansão do português no Brasil, as variações
regionais com suas possíveis explicações e as raízes das
inovações da linguagem estão emergindo por meio do
trabalho de linguistas que estão desenterrando as raízes do
português brasileiro ao examinar cartas pessoais e
administrativas, testamentos, relatos de viagens, processos
judiciais, cartas de leitores e anúncios de jornais desde o
século XVI, coletados em instituições como a Biblioteca
Nacional e o Arquivo Público do Estado de São Paulo. No
acervo de documentos que servem para estudos sobre o
português paulista está uma carta de 1807, escrita pelo
soldado Manoel Coelho, que teria seduzido a filha de um
fazendeiro. Quando soube, o pai da moça, enfurecido, forçou
o rapaz a se casar com ela. O soldado, porém, bateu o pé:
“Nem por bem, nem por mar!”, não se casaria. Um linguista
pesquisador estranhou a citação, já que o fato se passava na
Vila de São Paulo, mas depois percebeu: “Ele quis dizer ‘nem
por bem, nem por mal!’. O soldado escrevia como falava.
Não se sabe se casou com a filha do fazendeiro, mas deixou
uma prova valiosa de como se falava no início do século XIX.”
(FIORAVANTI, C. Ora pois, uma língua bem brasileira.
Pesquisa Fapesp, n. 230, abr. 2015 – adaptado.)
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Compare os textos I e II a seguir, que tratam de aspectos ligados
a variedades da língua portuguesa no mundo e no Brasil.
� Os textos abordam o contato da língua
portuguesa com outras línguas e processos
de variação e de mudança decorridos desse
contato. Da comparação entre os textos, conclui-se que a
posição de João de Barros (Texto II), em relação aos usos sociais
da linguagem, revela 
a) atitude crítica do autor quanto à gramática que as nações a
serviço de Portugal possuíam e, ao mesmo tempo, de
benevolência quanto ao conhecimento que os povos tinham
de suas línguas.
b) atitude preconceituosa relativa a vícios culturais das nações
sob domínio português, dado o interesse dos falantes dessa
línguas em copiar a língua do império, o que implicou a
falência do idioma falado em Portugal.
c) o desejo de conservar, em Portugal, as estruturas da variante
padrão da língua grega – em oposição às consideradas
bárbaras –, em vista da necessidade de preservação do
padrão de correção dessa língua à época.
d) adesão à concepção de língua como entidade homogênea e
invariável, e negação da ideia de que a língua portuguesa
pertence a outros povos.
e) atitude crítica, que se estende à própria língua portuguesa,
por se tratar de sistema que não disporia de elementos
necessários para a plena inserção sociocultural de falantes
não nativos do português.
RESOLUÇÃO:
A visão preconceituosa de João de Barros, compre ensível e talvez
inevitável na época, considera a língua portuguesa como
propriedade dos portugueses e como entidade homogênea, pois
rejeita suas variantes. Resposta: D
Texto para o teste 	.
	 Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu
engajamento na constituição da identidade
nacional e linguística, ressaltando a
a) transformação da cultura brasileira.
b) religiosidade do povo brasileiro.
c) abertura do Brasil para a democracia.
d) importância comercial do Brasil.
e) autorreferência do povo como brasileiro.
RESOLUÇÃO:
O autor manifesta seu engajamento na constituição da identidade
nacional e linguística do povo brasileiro. Resposta: E
Texto I
Acompanhando os navegadores, colonizadores e
comerciantes portugueses em todas as suas incríveis
viagens, a partir do século XV, o português se transformou na
língua de um império. Nesse processo, entrou em contato –
forçado, o mais das vezes; amigável, em alguns casos – com
as mais diversas línguas, passando por processos de
variação e de mudança linguística. Assim, contar a história
do português do Brasil é mergulhar na sua história colonial e
de país independente, já que as línguas não são mecanismos
desgarrados dos povos que as utilizam. Nesse cenário, são
muitos os aspectos da estrutura linguística que não só
expressam a diferença entre Portugal e Brasil como também
definem, no Brasil, diferenças regionais e sociais.
(PAGOTTO, E. P. Línguas do Brasil. 
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br
Acesso em 5 jul. 2009 – adaptado.)
Texto II
Barbarismo é vício que se comete na escritura de cada uma
das partes da construção ou na pronunciação. E em nenhuma
parte da Terra se comete mais essa figura da pronunciação
que nestes reinos, por causa das muitas nações que
trouxemos ao jugo do nosso serviço. Porque bem como os
Gregos e Romanos haviam por bárbaras todas as outras
nações estranhas a eles, por não poderem formar sua
linguagem, assim nós podemos dizer que as nações de África,
Guiné, Asia, Brasil barbarizam quando querem imitar a nossa. 
(BARROS, J. Gramática da língua portuguesa. 
Porto: Porto Editora, 1957 – adaptado.)
Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o
Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa
história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa
vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião.
(BILAC, O. Últimas conferências e discursos.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.)
112 PORTUGUÊS
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 112
113PORTUGUÊS
O texto de Rodolfo Konder deve ser lido pelo profes sor e comentado, enfatizando o poder da palavra.
2
Palavras-chave:
O poder da palavra • Palavras • Frases • Discurso
• Comunicação
“Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a Vossa.” (Cecília Meireles)
O que existe numa palavra? Letras, sons, significados — e magia. As palavras são mágicas e possuem poder
quase ilimitado. Fazem rir, alimentam os sonhos, ameaçam as mais ferozes ditaduras, inquietam carcereiros, acuam
torturadores. No mundo inteiro, pensadores, críticos, jornalistas, professores, radialistas, sociólogos, escritorespõem em marcha um desarmado exército de palavras que invade castelos, fortalezas, masmorras, corporações e
bunkers1, como imbatíveis cavalos alados. Elas sobem aos palcos, emergem das telas, povoam livros, jornais e
revistas, anunciam, confortam, afagam. Sussurradas junto ao ouvido, acariciam a alma. São cinzentas ou coloridas,
ásperas ou suaves. Podem destruir ou ressuscitar. Adormecer ou despertar. Prometer ou desiludir. Matar. Salvar.
Precisamos tratar as palavras com carinho, fruir sua magia.
(Rodolfo Konder, jornalista e escritor)
1 – Bunkers: abrigo subterrâneo abobadado e blindado; prisão subterrânea.
1. Palavra
As palavras são unidades de linguagem – e nós
vivemos cercados de linguagem tanto quanto de ar. O
pensamento e a linguagem são dificilmente separáveis e
não é possível saber qual veio antes. Falamos, pen samos
e sonhamos usando a linguagem, de forma que é
impossível separar da linguagem a nossa personalidade,
a nossa vida social e a nossa vida interior. 
Portanto, ser capaz de distinguir os diversos tipos ou
classes de palavras é tão importante quanto ser capaz de
distinguir os elementos do mundo físico, como água, ar,
terra ou pedra.
As classes de palavras são dez: 
• substantivo: homem, ideia...
• adjetivo: bonito, inovadora...
• artigo: o, a...
• numeral: primeiro, dois...
• pronome: aquele, nós...
• verbo: ser, correr...
• advérbio: nunca, aqui...
• conjunção: se, mas...
• preposição: de, em...
• interjeição: Oh!, Viva!...
2. Frase
Segundo Rocha Lima, “frase é a expressão verbal de
um pensamento. Pode ser brevíssima, constituída às
vezes por uma só palavra, ou longa e acidentada,
englobando vários e complexos elementos”.
São cinco os tipos de frase: declarativa (O trabalho
exigiu esforço.); interrogativa (Por que mudar?);
imperativa (Venha cá! / Não vá embora.); exclamativa
(Que horror! / Como eu te amo!); indicativa ou de
situação (Bom dia! / Fogo!).
Com o Modernismo, que valorizou as frases con cisas e
diretas, rompeu-se uma tradição do século XIX que privi le -
 gia va as frases prolixas e o rebuscamento da linguagem.
3. Parágrafo
Parágrafo é uma unidade de texto constituída de
uma frase ou de um grupo de frases ordenadas. Na nar -
 ração, o parágrafo apresenta uma sequência de fatos; na
des crição, uma sequência de aspectos; na dis serta ção, uma
se quência de juízos. A mudança de parágrafo no texto varia
conforme o estilo do autor e a modalidade redacional.
4. Texto
O texto é um todo construído artesanalmente, a
partir da seleção e da combinação das palavras, fra ses
e parágrafos concatenados com logicidade. Normal -
mente, apresenta introdução, desenvolvimento e con clu -
são. As características do texto são determinadas pelas
modali dades de redação (ou tipos de composição).
5. Concluindo
As palavras combinam-se para formar a frase; as
frases agrupam-se e ordenam-se em parágrafos; os
parágrafos, por sua v ez, sucedem-se numa sequência
lógica para formar o texto.
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 113
114 PORTUGUÊS
Texto para as questões de � a 
.
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
5 no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
10 Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
principia à vossa porta;
o mel do amor cristaliza
15 seu perfume em vossa rosa;
sois o sonho e sois a audácia,
calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! com letras se elabora...
20 E dos venenos humanos
sois a mais fina retorta1:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
25 pelo vosso impulso rodam...
(Cecília Meireles, Romance LIII ou 
Das Palavras Aéreas)
1 – Retorta: vaso de gargalo estreito e curvo, geral -
mente de vidro, próprio para operações químicas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência a vossa!
� (FUVEST) – A “es tra nha potência”
atribuída às pala vras con siste em sua
a) imobilidade misteriosa.
b) capacidade transformadora.
c) irrealidade perene.
d) fuga definitiva
e) ação ameaçadora.
Resolução
Segundo o texto, a palavra é poderosa arma de
transformação social, política, artística, afetiva,
educacional etc.
Resposta: B
� (FUVEST) – “Sois de vento, ides no vento,
/ e quedais, com sorte nova!”
Se os verbos forem flexionados no singular, os
versos acima serão assim expressos:
a) É de vento, vai no vento, / e queda, com
sorte nova!
b) Seja de vento, vai no vento, / e queda, com
sorte nova!
c) Sê de vento, vai no vento, / e quedas, com
sorte nova!
d) Era de vento, ia no vento, / e quedou, com
sorte nova!
e) És de vento, vais no vento, / e quedas, com
sorte nova!
Resolução
O verso do enunciado está na segunda pessoa
do plural (vós), no presente do indicativo. No
singular, pressupõe-se o sujeito tu que no
tempo indicado assume as formas és, vais e
quedas.
Resposta: E
 (FUVEST) – Considere os seguintes
versos do poema (linhas 21 a 23):
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil como o vidro
e mais que o aço poderosa!
É correto afirmar que a repetição do adjetivo
“frágil” ocorre para
a) intensificar a ideia de que, como a retorta,
as palavras são muito frágeis, mas superam
a força do aço.
b) reforçar a definição das palavras como
frágeis objetos de vidro, semelhantes à
retorta, e fortes como o aço.
c) evidenciar a fragilidade das palavras,
comparando-as a uma retorta que é tão
forte quanto o aço.
d) ironizar a fragilidade das palavras e da
retorta, que, apesar de serem de vidro,
valem como o aço.
e) reiterar a hipótese de que a resistência tanto
da retorta quanto das palavras equivale ao
poder do aço.
Resolução
Apesar da aparência frágil, a palavra tem um
poder extraor dinário.
Resposta: A
Exercícios Resolvidos
Exercícios Propostos
Palavra (ou vocábulo) é um signo linguístico que expressa ideias,
sensações, desejos, emoções etc. Pode representar um objeto,
uma imagem, uma sensação, uma percepção, uma ação, um
ser, uma quali dade etc. As palavras são a matéria-prima da
expressão oral e escrita. É organizando as palavras em frases
que se produz o discurso, manifestação oral ou escrita da língua
na comunicação humana.
Os fragmentos de � a � a seguir enfocam ideias diferentes
sobre o uso da palavra. Identifique resumidamente a mensagem
que os trechos encerram.
As respostas a seguir são apenas uma orientação. O professor
pode formar grupos para que os alunos tra ba lhem em conjunto,
ou ler cada exercício, incentivar a par tici pação dos alunos e dar a
resposta aproveitando os comen tários que eles fizerem. Só então
deverá escrever a resposta na lousa ou ditá-la.
� A língua é a mais viva expressão de naciona lida de. Saber
escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos.
(Napoleão M. de Almeida)
Notai bem isto: entre todas as coisas que sabemos, a nossa
língua é a que devemos saber melhor, porque ela é a melhor
parte de nós mesmos, é a nossa tradição, o veículo do nosso
pensamento, a nossa pátria e o melhor elemento da nossa raça
e da nossa nacionalidade. (Júlia Lopes de Almeida)
RESOLUÇÃO:
O domínio da palavra (escrita ou falada) instaura a cidadania.
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 114
115PORTUGUÊS
� Apenas escrevendo bem poderemos nos sair satisfato ria -
mente como estudantes, candidatos a empregos ou empre -
gadores (escrevendo cartas, instru ções, relatórios de ati vi da des,
artigos e resenhas, e contribuições científicas pa ra publicação).
(Robert Barras, Os Cientistas Precisam Escrever)
RESOLUÇÃO:
A produção intelectual e a atuação profissional impõem como
exigência o domínio da língua.
 A nossa civilização é marcada pela linguagem gráfica. A
escrita domina nossa vida; é uma instituição social tão forte
quanto a nação e o Estado. Nossa cultura é basicamente uma
cultura de livros. Pela escrita acumulamos conhecimen tos, trans -
mitimos ideias, fixamos nossa cultura. Nossas religiões derivamde livros: o islamismo vem do Corão, escrito por Maomé; os Dez
Mandamentos de Moisés foi um livro escrito em pedra. Nosso
cristianismo está contido num livro, a Bíblia. É a cartilha, é o livro
escolar, é a literatura expressa grafica mente, é o jornal. (...) Sem
a linguagem escrita é praticamente impossível a existência no
seio da civilização. O analfabeto é um pária que não se comu ni -
ca com o mundo, não influi e pouco é influenciado. (R. A. Amaral
Vieira, O Futuro da Comunicação)
RESOLUÇÃO: 
O conhecimento científico e cultural da humanidade está
registrado nos livros. Portanto, aquele que não domina a palavra
(escrita ou falada) é um pária, um excluído do processo político-
social.
� Quando as pessoas não sabem falar ou escrever ade -
quadamente sua língua, surgem homens decididos a falar e
escrever por elas e não para elas. (Wendell Johnson)
Somente o indivíduo capaz de instalar-se dentro da socie dade
em que vive, com um discurso próprio, é que poderá considerar-
se parte dessa mesma sociedade, e, portanto, reivindicar seus
direitos e lutar para que ela seja realmente democrática. (Maria
Thereza Fraga Rocco)
RESOLUÇÃO: 
As leis, os contratos, os docu men tos são escritos na norma culta.
Sem o domínio da palavra, os indivíduos são facil men te mani pu -
lados. Portanto, o domínio da linguagem confere poder.

 Se a vida tal como está não vale a pena; se não pode ser
mudada e já não esconde a sua necessidade de ser outra — que
o teu canto, poeta, lançado ao mundo, sirva de fermento a
preparar-lhe a transformação e nunca de cimento a consolidar-
lhe os erros. (Aníbal Machado)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me
animado até hoje a ideia de que o menos que um escritor pode
fazer, numa época de atrocidades e injustiças, como a nossa, é
acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu
mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos
ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada,
a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada
elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso,
risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não
desertamos nosso posto. (Érico Veríssimo)
RESOLUÇÃO:
A palavra é a matéria-prima dos artistas – escritores, tea trólogos,
cineastas. A função da arte é denunciar, alertar, provocar,
transformar, esclarecer (“fazer luz sobre a realidade do mundo”).
� Enyci me ensinou a escrever. Quando eu era menino, le -
 vava um quadro-negro, que era verde, mas isso não im por ta e
o armava na cozinha de minha mãe. Com um giz que se
esfumaçava, me iniciou na arte de ligar as palavras e de do minar
os pensamentos. Aprendi com ela que viver é pensar.
Muitos anos depois, na dedicatória de um livro que lhe dei de
presente, eu escrevi: “À mulher que me ensinou a escrever e
me permitiu, assim, ser o que sou.” Mais tarde, em uma carta,
ela me respondeu: “Isso é bobagem, eu só te ensinei a copiar
palavras; escrever é outra coisa — é fazer das palavras,
sonhos.” (José Castello)
RESOLUÇÃO:
O texto trata da escolha das palavras certas ou daquelas que
possam traduzir os nossos sentimentos, as nossas emoções e da
complicação para verbalizar ou escrever de forma clara, coerente,
para informar, deslumbrar ou persuadir.
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116 PORTUGUÊS
Texto para o teste �.
� Nesse texto, a autora apresenta reflexões
sobre o processo de produção de sentidos,
valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-
se evidente pelo fato de o texto
a) ressaltar a importância da intertextualidade.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da autora.
d) discorrer sobre o ato de leitura.
e) focar a participação do leitor.
RESOLUÇÃO:
O excerto de Marisa Lajolo versa sobre o processo de produção de
sentidos que a leitura propicia aos leitores. Resposta: D
Texto para o teste �.
� Na parte superior do anúncio, há um
comentário escrito à mão que aborda a
questão das atividades linguísticas e sua relação com as
modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa
evidente uma posição crítica quanto a usos que se fazem da
linguagem, enfatizando ser necessário
a) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura,
naturalidade e segurança no uso da língua.
b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a
obtenção de clareza na comunicação oral e escrita.
c) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua
portuguesa para escrever com adequação, eficiência e correção.
d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma
padrão da língua em se tratando da modalidade escrita.
e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da
variedade padrão da língua para se expressar com alguma
segurança e sucesso.
RESOLUÇÃO:
O comentário manuscrito desaconselha a prática de os jovens
escreverem como falam. Resposta: D
Texto para o teste �.
(Veja, 18.05.2011.)
� (UNIFESP) – Acompanhando a ideia de que “um livro puxa
outro”, quem leu As Cidades Invisíveis deve ter lido
a) A Ilha do Tesouro. b) Odisseia.
c) Os Maias. d) O Homem da Areia.
e) O Decameron.
RESOLUÇÃO:
A cadeia de leituras que, conforme o esquema proposto, levaria ao
livro de Calvino inclui o livro de Stevenson, assim como os de
Conan Doyle (a série das aventuras de Sherlock Holmes) e Jorge
Luis Borges (O Aleph). Resposta: A
Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o
sentido de um texto. E, a partir do texto, ser capaz de atribuir-
lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros
textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de
leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade,
entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo
uma outra não prevista.
(LAJOLO, M. Do mundo da leitura 
para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.)
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117PORTUGUÊS
� Na tirinha acima, os substantivos fé, amor e ignorância são abstratos. Explique por que eles recebem essa classificação.
Resolução
São substantivos abstratos porque designam realidade existente somente no âmbito da subjetividade humana, como medo, estudo, coragem,
planejamento etc.
5
Palavras-chave:
Substantivo • Abstrato – concreto 
• Primitivo – derivado
Exercícios Resolvidos
Classificação das palavras
Palavras variáveis e invariáveis
Substantivo
É o nome com que designamos seres em geral –
pessoas, animais, coisas, vegetais, lugares etc.
Divide-se em:
Concreto: mar, sol, Deus, alma, fada.
Abstrato: beleza, amor, frio, viagem, saída.
Próprio: Roma, Guimarães Rosa, Deus.
Comum: gato, homem, casa.
Simples: cachorro, chuva, menino.
Composto: guarda-roupa, passatempo, pão-de-ló.
Primitivo: pedra, ferro, dente.
Derivado: pedreira, ferreiro, dentista.
Coletivo: constelação, cáfila, alcateia.
� Locução substantiva
É a expressão que equivale a um substantivo.
Exemplos
Variáveis
1. Substantivo
2. Adjetivo
3. Artigo
4. Numeral
5. Pronome
6. Verbo
Invariáveis
7. Advérbio
8. Preposição
9. Conjunção
10. Interjeição
– Palavras denotativas
(de inclusão, de
exclusão etc.)
Fomos ver o pôr-do-sol (= crepúsculo).
Deram-me um vidro de água-de-cheiro
(= per fu me).
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118 PORTUGUÊS
Texto para responder às questões de � a 
.
CIRCUITO FECHADO
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete,
água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias,
sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, jornais, docu mentos, caneta, chaves, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos. Jornal.
Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira,
cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com
plantas,quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, rela tórios, cartas, notas,
vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadei ras, esboço de anúncios, fotos,
cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guarda -
napo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo
de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal,
cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa,
cadeira, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fósforo. Abotoa du ras, camisa, sapato, meias, calça, cueca, pijama,
chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
(Ricardo Ramos)
Exercícios Propostos
As questões de números � e 
 baseiam-se
no texto a seguir.
Para o público leitor contemporâneo,
Machado de Assis é basicamente um ironista
ameno, um hábil criador de senten ças
elegantes, cuja filosofia cortante, expressa em
tom médio, refinado, faz da leitura de seus
romances, contos, crônicas e peças de teatro
uma agradável experiência. Um autor que
merece figurar em bons dicionários de
citações, constan temente reproduzidas em
revistas de grande circulação para satisfação
imediata dos bem pensantes.
Entretanto, tudo leva a crer que poucos
leitores sejam capazes de identificar a
sofisticada técnica machadiana da “literatura
de sala de estar”, onde costuma ocorrer,
inclusive, a maior parte de suas tramas. Por
meio dela, o autor é capaz, de acordo com a
precisa definição de Antonio Candido, de
“sugerir as coisas mais tremendas da maneira
mais cândida” (...), ou investigar o que está por
trás da aparência de normalidade, ou insinuar
que o ato excepcional é normal, e anormal seria
o ato corriqueiro, ainda segundo o crítico.
(Revista Cult, edição 128)
� (UFTM) – Observe as palavras desta cadas
no texto: hábil, crer, precisa.
Assinale a alternativa que contém os substan -
tivos, derivados dessas palavras, na forma
negativa.
a) inabilidade – descrença – imprecisão.
b) inábil – descrente – imprecisa.
c) habilidade – crença – precisão.
d) habilidoso – crente – precioso.
e) inabilmente – descrente – precisamente.
Resolução
Os prefixos -in, -des e -im são negativos e os
sufixos -dade, -ença e -são formam substan tivos.
Resposta: A
 (UFTM) – O segundo parágrafo inicia-se
com a conjunção Entretanto, que desenvolve
a ideia de que
a) a maioria dos leitores veem a sofisticada
técnica machadiana como forma de chocar
o leitor, com a presença de temas cruéis pa -
ra a análise do comportamento humano.
b) poucos leitores se dão conta de que
Machado de Assis, por meio de sua
filosofia cortante, expressa com ar de
bastante natu ralidade aquilo que é normal
e corriqueiro.
c) Machado de Assis merece figurar em bons
dicionários de citações, porque sua litera -
tura traduz as inúmeras amenidades do dia
a dia com a sua intrínseca normali dade.
d) grande parte dos leitores de Machado de
Assis é incapaz de assimilar com profun -
didade sua sofisticada técnica literária, que
implica mos trar, de forma singela, as coisas
excep cionais.
e) a subversão da realidade impede que se en -
tenda o que está por trás dela, e isso é uma
estratégia presente na sofisticada lite ratura
machadiana para insi nuar a normalida de.
Resolução 
A alternativa d corresponde às ideias desen -
volvidas no segundo parágrafo.
Resposta: D
� Os substantivos podem ser classificados, entre outras
formas, como concretos ou abstratos.
a) Qual o tipo escolhido pelo narrador?
RESOLUÇÃO: 
O narrador usou apenas substantivos concretos.
b) Justifique a escolha feita pelo narrador.
RESOLUÇÃO:
O uso exclusivo de substantivos concretos evidencia a concretude
de uma realidade marcada pelo contato com objetos do cotidiano
que ilustram a vida tediosa e aborrecida da personagem, limitada
à rotina da polaridade casa-trabalho.
Obs.: Há três adjetivos: fria, quente e pequena.
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119PORTUGUÊS
� (CÁSPER LÍBERO)
I. O texto é essencialmente construído com frases enu -
 merativas e nominais, numa sucessão verti ginosa.
II. Inova o processo narrativo, tornando ainda mais arrojada uma
das formas da prosa contempo rânea, o conto-narrativa.
III. O percurso do cenário doméstico para o pro fis sio nal (e vice-
versa) revela hábitos e atividades que se sucedem e se
repetem, justificando o título do texto.
Sobre “Circuito Fechado”, podemos afirmar:
a) Somente a I está correta.
b) Somente a II está correta.
c) Somente a III está correta. 
d) I e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
RESOLUÇÃO: Obs.: O professor deve chamar a atenção para o fato
de que a sequência de substantivos relacionados a uma determi -
nada atividade como escovar os dentes, tomar banho, vestir-se,
configura metonímia (ou, mais precisa mente, sinédoque), em que
as partes (objetos) compõem um todo (atividades). 
Resposta: E
 O substantivo lápis, que aparece no texto, é primitivo, ou
seja, ele pode dar origem a outro substantivo, que é chamado
derivado.
lápis – lapiseira
Transcreva do texto substantivos derivados e indique o
substantivo primitivo que os originou.
RESOLUÇÃO:
sabonete: derivado de sabão.
poltrona: derivado de poltro (poltrão), que significa “pregui çoso”
e ainda “filhote ou cria de animal”. 
cavalete: derivado de cavalo.
cinzeiro: derivado de cinza.
abotoaduras: derivado de botão.
travesseiro: travesso+eiro (travesso, que está atravessado na cama;
-eiro, sufixo que designa objeto ou instrumento).
Obs.: As palavras abaixo não são derivadas:
guardanapo: origina-se do francês guarda + toalha de mesa; trata-
se de um galicismo. 
televisão: tele (do grego, significa “de longe”) + visão (do latim vid,
significa “ver, olhar”); trata-se de hibridismo.
� (FUMEC-MG) – Em todos os exemplos abaixo, o diminu -
tivo traduz ideia de afetividade, exceto:
a) Deixe-me olhar o seu bracinho, minha filha.
b) Para mim você será sempre a queridinha.
c) Amorzinho, você vem comigo?
d) Ele é um empregadinho de nossa firma.
e) Não sei, paizinho, como irei embora.
RESOLUÇÃO:
O sufixo diminutivo -inho, em empregadinho, é depreciativo. Nas
demais alternativas, exprime afetividade.
Resposta: D

 Grife as palavras substantivadas:
a) O grande assombra, o glorioso ilumina, o intré pido arrebata;
o bom não produz nenhum desses efeitos. Contudo, há uma
grandeza, há uma glória, há uma intrepidez em ser simples -
mente bom, sem aparato, nem interesse, nem cálculo; e
sobre tudo sem arrependimento.
(Machado de Assis)
RESOLUÇÃO: 
grande, glorioso, intré pido, bom.
b) O muito torna-se pouco ao se desejar mais.
(Quevedo)
RESOLUÇÃO: 
muito (pouco funciona como adjetivo).
c) E um vagalume lanterneiro, que riscou um psiu de luz.
(Guimarães Rosa)
RESOLUÇÃO: 
psiu (interjeição).
� Substitua as palavras destacadas por substantivos que
indiquem ações equivalentes.
a) Sucederam-se ações sociais que elevaram o moral dos
menos favorecidos.
RESOLUÇÃO:
A sucessão de ações sociais elevou o moral dos menos favorecidos.
b) Rescindir o contrato impli caria multa vultosa.
RESOLUÇÃO:
A rescisão do contrato implicaria multa vultosa.
c) Sobreviver ao cataclismo levou à união da população.
RESOLUÇÃO:
A sobrevivência ao cataclismo levou à união da população.
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120 PORTUGUÊS
� (UNICAMP) – O cartaz a seguir foi usado em uma campa -
nha pública para doação de sangue.
(Disponível em www.facebook.com/pages/hemorio/144978045579742?fref=ts.
Acessado em 08/09/2014.)
Glossário
Rolezinho: diminutivo de rolê ou rolé; em linguagem informal, significa
“pequeno passeio”. Recentemente, tem designadoen contros simultâ -
neos de centenas de pessoas em locais como praças, parques públicos
e shopping centers, organizados via internet.
Considerando como os sentidos são produzidos no cartaz e o
seu caráter persuasivo, pode-se afirmar que:
a) As figuras humanas estilizadas, semelhantes umas às outras,
remetem ao grupo homogêneo das pessoas que podem
ajudar a ser ajudadas.
b) A expressão “rolezinho” remete à meta de se reunir muitas
pessoas, em um só dia, para doar sangue.
c) O termo “até” indica o limite mínimo de pessoas a serem
beneficiadas a partir da ação de um só indivíduo.
d) O destaque visual dado à expressão “ROLEZINHO NO
HEMÓRIO” tem a função de enfatizar a participação
individual na campanha.
RESOLUÇÃO:
A campanha pública visa à persuasão utilizando-se de uma ex -
pressão informal – rolezinho –, originalmente usada para reunir um
grande número de jovens, mas que no cartaz foi empregada com
o intuito de convocar doadores de sangue.
Resposta: B
Texto para o teste �.
(Disponível em: <http://www.saopaulosp.gov.br/spnoticias/campanha-quer-
reduzir-numer de acidentes-de-transito-por-distracao/>.
Acesso em: 04 jun. 2018.)
� A campanha #FocaNoTransito é uma das ações do
movimento mundial Maio Amarelo, que visa alertar a sociedade
para o alto índice de mortes e feridos no trânsito. A fim de
cativar a atenção da população, a linguagem verbal e não verbal
possibilitam a interpretação do termo “foca”como
a) substantivo e advérbio. b) verbo e substantivo.
c) adjetivo e advérbio. d) verbo e adjetivo.
e) verbo e advérbio.
RESOLUÇÃO:
Ao chamar atenção do motorista para o cuidado no trânsito, a
campanha faz uso do imperativo do verbo “focar” (Iinguagem
verbal); no entanto, a imagem do animal marinho ”foca”
(linguagem não verbal) possibilita a leitura do termo “foca”
também como substantivo. Resposta: B
� (FESM) – Aponte a alternativa em que o substantivo em
destaque foi empregado de forma genérica:
a) Aquele homem não poderia ter tomado essa atitude.
b) Um homem de coragem é esse professor.
c) Ele foi considerado um homem inconveniente por todos os
presentes.
d) Todo homem necessita de trabalho e assistência.
e) As obras realizadas devem-se a um grande administrador,
homem de origem humilde, considerado hoje um
empresário bem-sucedido.
Resposta: D
� Consultando a gramática, complete o quadro de re sumo.
SUBSTANTIVO
Definição
Palavra que nomeia o existente, seja ele real ou imaginário, verdadeiro ou falso, 
animado ou inanimado, concreto ou abstrato.
Flexão
Masculino e feminino ⎯→ gênero
Singular e plural ⎯→ número
Normal, aumentativo e diminutivo ⎯→ grau
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121PORTUGUÊS
Tudo o que se escreve é redação. Elaboramos bilhe -
tes, cartas, telegramas, respostas de questões
discursivas, contos, crônicas, romances, empregando as
modalidades redacionais ou tipos de composição:
descrição, narra ção ou dissertação. Geralmente as
tipologias textuais aparecem combinadas entre si. Seja
qual for o tipo de composição, a criação de um texto
envolve conteúdo (nível de ideias, mensagem, assunto),
estrutura (organi za ção das ideias, distribuição adequada
em introdução, desenvolvimento e conclusão),
linguagem (expressivi dade, seleção de vocabulário) e
gramática (norma da língua).
1. Tipologia textual e
Gêneros textuais
O narrador conta fatos que ocorrem no tempo,
recordando, imaginando ou vendo. O descrevedor
caracteriza entes localizados no espaço. Para isso, basta
sentir, perceber e, principalmente, ver. O dissertador
expõe juízos estruturados racionalmente.
A trama narrativa apreende a ocorrência na sua
dinâmica temporal. O processo descritivo suspende o
tempo e capta o ente na sua espacialidade atemporal. A
estrutura dissertativa articula ideias, relaciona juízos,
monta raciocínios e engendra teses. 
O texto narrativo é caracterizado pelos verbos
nocionais (ações, fenômenos e movimentos); o descritivo,
pelos verbos relacionais (estados, qualidades e
condições) ou pela ausência de verbos; o dissertativo,
indiferentemente, pelos verbos nocionais e/ou relacionais.
Narra-se o que tem história, o que é factual, o que
acontece no tempo; afinal, o narrador só conta o que viu
acontecer, o que lhe contaram como tendo acontecido
ou aquilo que ele próprio criou para acontecer.
Descreve-se o que tem sensorialidade, o que se
vê ou imagina-se ver, o que se ouve ou imagina-se ouvir,
o que se pega ou imagina-se pegar, o que se prova
gustativamente ou imagina-se provar, o que se cheira ou
imagina-se cheirar. Em outras palavras, descreve-se o
que tem linhas, forma, volume, cor, tamanho, espessura,
consistência, cheiro, gosto etc. Sentimentos e sensações
também podem ser caracterizados pela descrição
(exemplos: paixão abrasadora, raiva surda).
Disserta-se sobre o que pode ser exposto ou
discutido; o redator trabalha com ideias, para montar
juízos e raciocínios e analisá-las com criticidade.
Texto injuntivo é aquele em que há intenção de
instruir o interlocutor acerca de um determinado
procedimento. Esse aspecto voltado para a orientação
não possui essência coercitiva, apenas sugere como
algo pode ser feito ou produzido, é um método para a
concretização de uma ação..
Texto prescritivo é aquele que exige que o leitor
proceda de uma determinada forma, não dá liberdade
de atuação, tem caráter coercitivo, utiliza linguagem
objetiva, verbos predominantemente infinitivo, imperativo
ou presente do indicativo com indeterminação do sujeito.
Gêneros que utilizam 
NARRAÇÃO e a DESCRIÇÃO
Romance, conto, novela, crônica, fábula, biografia,
relato, piada, história em quadrinhos, charge, cartum,
diário, carta, currículo, letra de música, poesia,
apólogo, resenha, blog pessoal, chat, site de
relacionamento etc.
Gêneros que utilizam a DISSERTAÇÃO
Dissertação argumentativa, dissertação expositiva,
carta argumentativa, editorial, resenha crítica, artigo
de opinião, crônica reflexiva, cartum, charge,
manifesto, blog jornalístico, e-mail, chat, site de
relacionamento, post, podcasts etc.
Gêneros que utilizam a INJUNÇÃO
Receitas de comida, bula de remédio, manual de
instruções, edital, campanha publicitária, texto
publicitário etc.
Gêneros que utilizam a PRESCRIÇÃO
Cláusulas contratuais, leis, códigos, constituição,
edital de concursos públicos, regras de trânsito etc.
6
Palavras-chave:Tipologias textuais:
Descrever, narrar, dissertar
• Espaço • Tempo
• Juízo de valor
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123PORTUGUÊS
Texto I
UM TIPO DE BRASILEIRO
Raimundo tinha vinte e seis anos e seria
um tipo acabado de brasileiro, se não foram os
grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos
muito pretos, lustrosos e crespos; tez1 morena e
amulatada, mas fina; dentes claros que
reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta
e elegante; pescoço largo, nariz direito e
fronte2 espaçosa. A parte mais característica
da sua fisio nomia eram os olhos — grandes,
ramalhudos3, cheios de som bras azuis; pestanas
eriçadas4 e negras, pálpebras de um roxo vapo -
roso e úmido; as sobrancelhas, muito dese nha -
das no rosto, como a nanquim, faziam sobres sair
a frescura da epider me, que, no lugar da barba
raspada, lembrava os tons suaves e transpa -
rentes de uma aquarela sobre papel de arroz.
Tinha os gestos bem educados, sóbrios,
despidos de pre ten são5, falava em voz baixa,
distintamente, sem armar ao efeito6; vestia-se
com seriedade e bom gosto; amava as artes, as ciên -
cias, a literatura e, um pouco menos, a política.
(Aluísio Azevedo)
1 – Tez: pele, cútis. 2 – Fronte: testa. 3 – Ramalhudos:
grandes pestanas. 4 – Eriçadas: encrespadas. 5 –
Despidos de pretensão: espontâneos. 6 – Sem armar
ao efeito: sem tentar impressionar.
Texto II
AUTORRETRATO
Simpático, romântico, solteiro,
autodidata, poeta, socialista.
Da classe 38, reservista,
de outubro, 22, Rio de Janeiro.
Com a bossa de qualquer bom brasileiro,
possuo o sangue quente de um artista.
Sou milionário em senso de humorista,
mas juro que estou duro e sem dinheiro.
Há quem me julgue um poeta irreverente,
mentira, é reação da burguesia,
que não vive, vegeta falsamente, 
num mundo de doente hipocrisia.
Mas o meu mundo é belo e diferente:
vivo do amor ou vivo de poesia...
E assim eu viverei eternamente,
se não morrer por outra Ana Maria.
(1962, disco RGE)
(CHAVES, Juca. In: História da Música 
Popular Brasileira, fascículo n.° 41, 
São Paulo: Abril Cultural, 1971.)
� O texto I apresenta a forma de prosa, o
texto II a forma de verso, porém, ambos
exemplificam uma mesma modalidade reda -
cional ou tipo de composição.
a) O que permite classificar os textos I e II
como descritivos?
Resolução
Os dois textos são descritivos porque carac -
terizam física e psicologicamente as persona -
gens. O texto descritivo pode carac terizar seres
animados ou inanimados, paisagens, ambien -
tes, além das sensações físicas ou psicológicas
desses seres.
O texto I privilegia o aspecto físico da per -
sonagem:
olhos – grandes e azuis, ramalhudos, cheios de
sombras azuis 
cabelos – muito pretos, lustrosos, crespos
tez – morena e amulatada, fina
dentes – claros, que reluziam (= reluzentes)
estatura – alta, elegante
pescoço – largo
nariz – direito
fronte – espaçosa
pestanas – eriçadas, negras
pálpebras – de roxo vaporoso e úmido
sobrancelhas – desenhadas, como a nanquim
barba – raspada
tons – suaves, transparentes
epiderme – frescura, lembrava os tons suaves
e transparentes de uma aquarela sobre papel
de arroz (no lugar da barba raspada)
gestos – bem educados, sóbrios, despidos de
pretensão
voz – baixa, distintamente, sem armar ao efeito
Observe que a caracterização se efetiva por
meio de adjetivos ou equivalentes.
Sobre a personalidade (aspecto psicológico) da
personagem, temos: “gestos... despidos de
pretensão”, “voz ...sem armar ao efeito”,
“vestia-se com seriedade e bom gosto”,
“amava as artes, as ciências, a litera tura e, um
pouco menos, a política”.
O texto II privilegia as características psico -
lógicas e emocionais da personagem: simpá -
tico, romântico, poeta, (induz a pensar numa
pessoa sensível), socialista (pensa-se num
revolucionário), “com a bossa de qualquer
bom brasileiro, / possuo o sangue quente de
um artista. / Sou milionário em senso de
humorista, meu mundo é belo e diferente /
vivo do amor ou vivo de poesia”. Observe que
o conceito dado pelo poeta à burguesia (“que
não vive / vegeta falsamente / num mundo de
doente hipocrisia”) é um trecho dissertativo.
b) Raramente os textos descritivos aparecem
isolados (como no texto II), geralmente vêm
inseridos em romances, contos, novelas e
crônicas. Com que finali dade se usa a
descrição no meio de textos narrativos?
Resolução
Com a finalidade de dar a conhecer as carac te -
rísticas físicas e/ou psicológicas das perso na -
gens e os detalhes que com põem a paisagem,
o cenário, o ambiente em que se passa a ação.
� Considere a tipologia dos trechos abaixo: 
I. (...) a verdade é que Marcela não possuía a
inocência rústica. Era boa moça, lépida,
sem escrúpulos, um pouco tolhida pela
austeridade que lhe não permitia arrastar
pelas ruas os seus estouvamentos e
berlindas; luxuosa, impa ciente, amiga de
dinheiro e de rapazes.
(Machado de Assis, 
Memórias Póstumas de Brás Cubas)
II. Aprovado pela Assembleia para vigorar na
região metropolitana de São Paulo, o
rodízio de automóveis ainda não pode ser
considerado um consenso entre os
paulistanos (...).
(Folha de S. Paulo)
III. O canivete voou
E o negro comprado na cadeia
Estatelou de costas
E bateu com a cabeça na pedra
(Oswald de Andrade)
IV. Pálida à luz da lâmpada sombria.
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
(Alberto de Oliveira)
V. Porque a Beleza, gêmea da verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(Olavo Bilac)
Há predominância da descrição em 
a) I e III. b) II e V. c) IV e V.
d) I e IV. e) II e IV.
Resolução
Os trechos I e IV são descritivos, porque carac -
terizam uma personagem e detalham um
cenário, por meio do emprego de adjetivos, de
figuras de linguagem, de verbos de estado ou
condiçãoe de frases nominais.
Resposta: D
Exercícios Resolvidos
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124 PORTUGUÊS
Textos para o teste �.
� Considerando as características básicas de cada moda lidade
discursiva, assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta.
a) I – narração; II – dissertação; III – narração.
b) I – descrição; II – descrição; III – narração.
c) I – narração; II – descrição; III – dissertação.
d) I – descrição; II – dissertação; III – narração.
e) I – narração; II – dissertação; III – descrição.
RESOLUÇÃO: 
O texto I é descritivo, porque pormenoriza os traços fisio nômicos de
uma personagem. O texto II é dissertativo, porque o autor manifesta
uma opinião sobre o comportamento do brasi leiro. O texto III
apresenta personagens, verbos de ação, diálogo, estrutura que
define a narração.
Resposta: D
Os testes de números � e 
 baseiam-se na canção de
Alvarenga e Ranchinho. 
� (VUNESP-CEFET) – Na canção, predo minam aspectos
___________________, pois se faz uma ____________________,
tendo como refe rência a cidade de São Paulo.
Os espaços da frase devem ser preenchidos, correta e
respectivamente, com
a) “dissertativos” – “história”.
b) “descritivos” – “caracterização”.
c) “dissertativos” – “síntese”.
d) “descritivos” – “reflexão”.
e) “narrativos” – “análise”.
RESOLUÇÃO:
A canção explora a percepção visual na composição imagética da
cidade de São Paulo. Os elementos da natureza compõem o quadro
que caracteriza a cidade.
Resposta: B
 (VUNESP-CEFET) – A relação de senti do que se define pela
oposição de informações está devi damente exemplificada em:
a) “da garoa“ / ”terra boa”.
b) “noite fria“ / ”cobertas pela geada”.
c) “noite“ / ”madrugada”.
d) “céu anil“ / ”manhã de sol”.
e) “noite enluarada” / ”manhã de sol”.
RESOLUÇÃO: A oposição ocorre entre as palavras noite / manhã e
enluarada / sol, que configuram antíteses.
Resposta: E
Texto I
Sem ser verdadeiramente bonita de rosto, era muito
simpática e graciosa. Tez macia, de uma palidez fresca de
camélia; olhos escuros, um pouco preguiçosos, bem
guarnecidos e penetrantes; nariz curto, um nadinha arrebi -
tado, beiços polpudos e viçosos, à maneira de uma fruta que
provoca o apetite e dá vontade de morder.
(Aluísio Azevedo)
Texto II
O brasileiro gosta de se imaginar cordial, camarada,
emotivo. Quando está no exterior, reclama da "frieza" do
americano e do eu ro peu. A verdade é que somos falsos bon -
zi nhos: em meio à indiferença gene ralizada, direitos indivi -
duais são pisoteados todos os dias em grande escala. E tudo
termina sempre em impunidade.
(Gilberto Dimenstein)
Texto III
“Levante-me”, o velho insistiu. Mãe e filho, porém,
continuaram imóveis. “Vão ficar aí parados?”, ele perguntou.
“O que estão esperando?” A mulher pediu: “Odete, venha
nos ajudar!” A empregada limpou as mãos no avental e,
contro lando o medo, aproximou-se.
(José Castello)
Êh, São Paulo
Êh, São Paulo
Êh, São Paulo
São Paulo da garoa
São Paulo que terra boa
São Paulo da noite fria
Ao cair da madrugada
As campinas verdejantes
Cobertas pela geada
São Paulo do céu anil
Da noite enluarada
Da linda manhã de sol 
No raiar da madrugada
Exercícios Propostos
C1_1A_VERMELHO_PORT_GK_2021 21/10/2020 17:57 Página 124
125PORTUGUÊS
Textos para a questão �.
� O que caracteriza os textos I e II como narrativos?
RESOLUÇÃO:
Em ambos os textos, conta-se um episódio que envolve perso -
nagens numa sucessão de ações que evoluem no tempo.
Os verbos de ação que compõem o enredo do texto I são: “caiu”
(“velha”), “ia a entrar”, “correu”, “levantou-a”, “levou-a”, “deixou-
a curada”, “agradeceu”, “subiu”, “abraçou”, “estendeu”. O índice
temporal é “um dia” e o lugar é “em frente da casa”. As
personagens são: preta velha, Adolfo, Miloca e D. Pulquéria.
No texto II, a personagem é Jerônimo e os verbos no plural indi cam
que “algumas pessoas” “entraram”, “grudaram” e “montaram
nele”. O índice de espaço é “numa outra fazenda”; não há índices
tempo rais, mas deduz-se pela leitura tratar-se da época da
escravidão. Os verbos de ação que compõem o enredo são:
“socando”, “entra ram”, “grudaram”, “tombou”, “tropeçou e
caiu”, “montaram”.
Resumindo
Narrar é relatar fatos e acontecimentos, envolvendo
perso na gens e ação. Portanto, narrar é criar.
Texto I
MILOCA
Um dia, em frente da casa, caiu uma preta velha ao
chão, abalroada1 por um tílburi2. Adolfo, que ia a entrar,
correu à infeliz, levantou-a nos braços e levou-a à botica3
da esquina, onde a deixou curada.
Agradeceu ao céu o ter-lhe proporcionado o ensejo4 de
uma bela ação diante de Miloca, que estava à janela com a
família, e subiu alegremente as escadas. D. Pulquéria abra -
çou o herói; Miloca mal lhe estendeu a ponta dos dedos.
(Machado de Assis)
1 – Abalroada: atropelada. 
2 – Tílburi: carruagem. 
3 – Botica: farmácia.
4 – Ensejo: oportunidade.
Texto II
NEGRO FUGIDO
O Jerônimo estava numa outra fazenda
Socando pilão na cozinha
Entraram
Grudaram nele
O pilão tombou
Ele tropeçou e caiu
Montaram nele.
(Oswald de Andrade)
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126 PORTUGUÊS
Textos para a questão �.

 Indique as características que permitem classificar os textos
como dissertativos.
RESOLUÇÃO: 
Os dois textos expõem conceitos sobre o significado do relógio
(cronometragem do tempo) na vida do homem: o primeiro analisa
a ditadura do relógio, máquina opressora usada para controlar e
explorar os trabalhadores, principalmente no sistema capitalista; o
segundo considera o tempo cronometrado pelo relógio como um
tempo que é subtraído da vida; quanto mais o tempo passa, menos
tempo temos de vida. Ambos apresentam, portanto, uma opinião
crítica pessimista sobre o relógio (o tempo) e argumentos
convincentes para justificar seu ponto de vista.
Resumindo
Dissertar é expor e discutir ideias.
Texto para o teste 	.
� Os gêneros podem ser híbridos, mesclando
características de diferentes composições
textuais que circulam socialmente. Nesse
poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte
característica:
a) Extensão do texto.
b) Emprego da injunção.
c) Apresentação do título.
d) Disposição das palavras.
e) Pontuação dos períodos.
RESOLUÇÃO: 
Uma das características do gênero publicitário é a presença da
função apelativa ou conativa da linguagem, que se caracteriza por
tentar influenciar o comportamento do receptor por meio de
vocativos, de verbos no imperativo. Essa função de linguagem
também aparece em textos injuntivos, que têm como finalidade
instruir e orientar o leitor. No poema, que remete a um anúncio
(“Reclame”), a presença de verbos no imperativo (“use”,
“transforme”) identifica a injunção.
Resposta: B
DISSERTAR é
criticar expor debater
opinarquestionar
convencer discutir justificar
argumentar
explicarexemplificar
posicionar-se
Texto I
O homem ocidental civilizado vive num mundo que gira
de acordo com os símbolos mecânicos e matemáti cos das
horas marcadas pelo relógio. É ele que vai determi nar seus
movi mentos e dificultar suas ações. O relógio transformou o
tem po, transformando-o de um processo natural em uma
merca do ria que pode ser comprada, vendi da e medida como
um sabo nete ou um punhado de passas de uvas. E, pelo
simples fato de que, se não houvesse um meio para marcar
as horas com exati dão, o capitalismo industrial nunca poderia
ter se desen vol vido, nem teria continuado a explorar os
trabalhadores. O relógio representa um elemento de ditadura
mecânica na vida do homem moderno, mais poderoso do
que qualquer outro explorador isolado, que qualquer outra
máquina.
(George Woodcock, A Ditadura do Relógio)
Texto II
RELÓGIO
Diante de coisa tão doída
Conservemo-nos serenos.
Cada minuto de vida
Nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
Do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que nasce
Já se começa a morrer.
(Cassiano Ricardo)
RECLAME
Se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo
ótica olho vivo
agradece a preferência
(CHACAL et al. Poesia

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