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Veja mais um exemplo: Nesse caso, foram três desvios: no termo “segunda feira”, que deveria ter sido escrito com hífen; na forma verbal “tô”, que pela regra seria estou; e em “chatiado”, palavra em que ocorreu a troca de um fonema por outro, pois o correto seria chateado. Vale lembrar que nenhum desses usos seria recomendado em uma situação mais formal de comunicação. Uma das regras de ouro do usuário competente da língua é saber empregar o registro adequado a cada situação comunicativa. R e p ro d u ç ã o /A c e rv o d a e d it o ra Muitas palavras causam incerteza quanto à pronúncia recomendada, por causa do timbre das vogais tônicas /e/ e /o/. Deve ser aberto? Deve ser fechado? Qual seria, por exemplo, o timbre da vogal tônica na palavra poça? Leia estes versos de Carlos Drummond de Andrade e descubra. Depois, explique para os colegas como você chegou a essa conclusão. [...] Quem tem filha moça padece muito vexame; contempla-se numa poça de fel em cerca de arame. [...] ANDRADE, Carlos Drummond de. O padre, a moça. In: Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2007. p. 329. A pronúncia que o poema propõe é de timbre fechado, p/ô/ça. Pode-se concluir isso por causa da rima entre o primeiro e o terceiro verso: p/ô/ça rima com moça. SITUAÇÃO-PROBLEMA Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. 1 Nas palavras destacadas em cada frase, o timbre da vogal da sílaba tônica deve ser aberto ou fechado? Pes- quise em dicionários para descobrir a pronúncia correta para cada caso. a) Visitamos o acervo de Machado de Assis. Na palavra acervo o timbre do e deve ser fechado. b) O molho da carne estragou. O timbre da letra o da sílaba tônica da palavra molho, nesta acepção, deve ser fechado. PRATICANDO O APRENDIZADO c) Meu molho de chaves caiu na poça. O timbre da letra o da sílaba tônica da palavra molho, nesta acepção, deve ser aberto; na palavra poça, o timbre é fechado. d) A água é inodora. O timbre da letra o da sílaba tônica da palavra inodora deve ser aberto. 10 L ÍN G U A P O R T U G U E S A � M Ó D U L O 1 7 PH9_EF2_LP_C3_007a013_M17.indd 10 23/04/18 9:09 AM 2 Sublinhe a palavra correta sob o ponto de vista da or- toépia e da ortografia. a) empecilho – impecilio b) mortandela – mortadela c) proprietário – propietário d) sombrancelha – sobrancelha e) largarto – lagarto f) caranguejo – carangueijo 3 Faça a correção das frases abaixo deixando-as de acordo com as normas de ortoépia. a) Vamos ao cabelereiro hoje? Vamos ao cabeleireiro hoje? b) A noite será muito prazeirosa. A noite será muito prazerosa. c) Comprei salchichas, vamos fazer o almoço? Comprei salsichas, vamos fazer o almoço? d) O estrupador foi condenado esta manhã. O estuprador foi condenado esta manhã. e) A placa avisa: propiedade privada. A placa avisa: propriedade privada. 4 Escolha, nos parênteses, a palavra que completa cada frase corretamente. a) Aquele perfume tem uma fragrância maravilhosa. (fragrância/fragância) b) Aquela turma é privilegiada . (privilegiada/ previlegiada) c) A rua é pavimentada com paralelepípedos . (paralepípedos/paralelepípedos) d) Não tenho nenhuma superstição . (supestição/ superstição) e) O avião aterrissou há uma hora. (aterrissou/aterrisou) f) Caramba! Aquela senhora caiu no bueiro ! (boeiro/bueiro) 5 O quadro abaixo apresenta palavras em desacordo com a norma-padrão quanto à pronúncia. Complete o texto abaixo com as palavras do quadro, porém corrigindo-as e mantendo a coerência do texto. BAISTANTE – PRÓPIO – ADEVOGADO MORTANDELA – ESTAURADO Precisei chamar meu advogado , pois, ao consumir a mortadela estraga- da, tive uma terrível indigestão. A carta que escrevi de próprio punho não foi boa o bastante para que o processo fosse instaurado . Observe a frase abaixo, retirada de um site de frases e pensamentos ditos inspiradores, e responda às ques- tões 6 e 8. Disponível em: <www.pensador.com.br/frase/OTAxMDly/>. Acesso em: 9 abr. 2018. 6 A frase em questão apresenta um desvio da norma-pa- drão. Reescreva-a, fazendo a devida correção. Seja odiado por dizer uma verdade, mas não queira ser amado por dizer uma mentira. 7 Entre os desvios mais comuns relacionados à ortoépia, em qual dos fatores se insere o caso em questão? Substituição de fonema (e em lugar de a, na palavra seja). 8 Ciente de que este tipo de desvio é comum no cotidia- no, explique o que teria motivado tal equívoco. A dificuldade em conjugar o verbo ser no modo imperativo de acordo com a norma-padrão. R e p ro d u ç ã o /A c e rv o d a e d it o ra 11 L ÍN G U A P O R T U G U E S A � M Ó D U L O 1 7 PH9_EF2_LP_C3_007a013_M17.indd 11 23/04/18 9:09 AM Para responder às questões 1 a 8, leia o fragmento abaixo, que faz parte de um poema de Patativa do Assaré. Eu e o sertão Sertão, arguém te cantô, Eu sempre tenho cantado E ainda cantando tô, Pruquê, meu torrão amado, Munto te prezo, te quero E vejo qui os teus mistéro Ninguém sabe decifrá. A tua beleza é tanta, Qui o poeta canta, canta, E inda fica o qui cantá. [...] ASSARÉ, Patativa do. Eu e o sertão. In: Cante lá que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino. Petrópolis: Vozes, 1982. APLICANDO O CONHECIMENTO 2 No sexto verso do poema, a palavra mistéro apresenta duas vezes a cacoepia. Explique essa afirmação. No caso em questão, houve a omissão do i e do s. Em um registro culto, o adequado seria mistérios. 3 Os desvios que o poema apresenta não foram des- cuidos do poeta; eles têm uma função comunicativa. Que função é essa? O poema registra as palavras da forma como elas seriam pronunciadas em seu contexto oral. 4 No poema, é possível perceber que o eu poético de- monstra amor pelo Sertão. Destaque expressões que confirmem isso. As expressões são: “meu torrão amado”, “Munto te prezo, te quero”, “A tua beleza é tanta”. 5 O eu poético, ao demonstrar seu amor pelo Sertão, indica, pela referência temporal, a atemporalidade de seu sentimento. Transcreva o par de versos que indica esse sentimento atemporal. “Eu sempre tenho cantado E ainda cantando tô,” 6 Justifique a resposta anterior com base em seus co- nhecimentos gramaticais: o que atribui aos versos a continuidade do tempo? O uso do particípio (ação concluída no passado) e do gerúndio (continuidade da ação). 7 Pelo uso das expressões coloquiais, pode-se dizer que o eu poético apresenta elevado grau de instrução. Con- corde ou discorde da afirmativa, justificando sua res- posta. Espera-se que os alunos discordem da afirmação, percebendo que a quantidade de desvios eventualmente evidencia um falante que não domina a norma-padrão, porque teve pouco acesso à escolaridade. 8 Em um momento do texto, fica claro que o eu poético fala dirigindo-se a um ser. Transcreva o verso em que isso fica evidente e indique a função sintática que jus- tifica a interlocução. O verso é “Sertão, arguém te cantô”. O uso do vocativo Sertão. Patativa do Assaré, cujo nome ci- vil era Antônio Gonçalves da Silva (1909-2002), nasceu em uma pe- quena cidade do interior do Ceará, chamada Assaré, de onde veio o nome pelo qual se tornou conhecido (patativa é uma ave muito comum no Nordeste brasileiro, que tem um canto muito apreciado). Ele foi compositor, cantor, repentista e se tornou um dos maiores poetas po- pulares do Brasil. Com uma linguagem poética muito própria, retratava a vida sofrida do povo do árido Sertão nordestino. Seus livros, traduzidos em vários idiomas, foram tema de es- tudos e pesquisas, inclusive em universidades estrangeiras. J a rb a s O liv e ir a /A E B I O G R A F I A 1 Como é possível notar, esse fragmento apresenta diver- sos desvios da norma-padrão quanto à ortoépia. Dois foram destacados em negrito. Explique o processo queoriginou a cacoepia nesses casos e faça a correção. Nas palavras arguém e qui ocorreu substituição de fonemas. Em um registro culto, o adequado seria alguém e que. 12 L ÍN G U A P O R T U G U E S A � M Ó D U L O 1 7 PH9_EF2_LP_C3_007a013_M17.indd 12 23/04/18 9:09 AM Leia este poema: O capoeira — Qué apanhá sordado? — O quê? — Qué apanhá? Pernas e cabeças na calçada ANDRADE, Oswald de. O capoeira. In: Poesia reunida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. p. 94. 1 O poema de Oswald de Andrade é uma contr ibuição para a cultura brasileira, pois: a) explora o falar do povo lusitano. b) vale-se da linguagem tipicamente popular brasileira. c) utiliza elementos da cultura europeia, como a refe- rência ao soldado. d) rebaixa a linguagem tipicamente de Portugal. 2 A expressão sordado configura-se como um caso de cacoepia em que: a) há substituição de um fonema. b) há omissão de um fonema. c) há troca de posição de um fonema. d) há nasalização indevida de vogais. 3 O poema de Oswald de Andrade dialoga com a história de formação do território nacional, pois: a) mostra a capoeira, dança popular indígena. b) demonstra o conflito entre brancos pelo domínio da capoeira. c) mostra a vitória do colonizador português. d) vale-se da referência ao negro para evidenciar o con- flito da escravidão. 4 As marcas de oralidade presentes no poema eviden- ciam que: a) o poeta valoriza a norma-padrão da língua. b) o poeta nega a linguagem tipicamente popular. c) o poeta busca evidenciar a linguagem popular como forma de valorização do povo. d) o poeta exalta a linguagem do branco europeu. ANOTAÇÕES DESENVOLVENDO HABILIDADES 13 L ÍN G U A P O R T U G U E S A � M Ó D U L O 1 7 PH9_EF2_LP_C3_007a013_M17.indd 13 23/04/18 9:09 AM
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