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A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. Sheila Adriana Silva da Collina Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Anhanguera de Taubaté sheila.collina@gmail.com Fatima Arthuzo Pinto Enfermeira Especialista em Saúde da Família, Supervisora de estágio em Saúde Comunitária fatima_arthuzo@yahoo.com.br A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA HEMODINAMICA: O DESAFIO EM LIDERAR A EQUIPE E ASSISTIR DIRETAMENTE OS PACIENTES. RESUMO Com o intuito de promoverem uma intervenção menos invasiva aos pacientes frente ao crescimento das doenças cardiovasculares e neurológicas, as áreas da neurologia, cardíaca e angiologia, dispõe de um ramo da medicina em expansão: a hemodinâmica. Setor este que, embora os procedimentos sejam apresentados como minimamente invasivos por utilizarem das artérias , os mesmos são considerados de alta complexidade, no qual exige-se enfermeiros dinâmicos, com tomada de decisão rápida, competentes frente ao desafio em promover a liderança adequada e a assistência direta aos pacientes, atentando-se para a gestão da equipe composta por hemodinamicistas, técnicos de Enfermagem, técnicos em raio x, residentes da Medicina, representantes dos materiais, treinamento adequado para os mesmos; administração e compra dos materiais e manutenção dos equipamentos de alto custo hospitalar, bem como atuar diretamente perante o pré, durante e pós- procedimentos, atentando-se para uma provável parada cardiorrespiratória, edema agudo de pulmão, embolia, acidente vascular cerebral, , exercendo as competências que lhe são cabíveis nas retiradas dos introdutores e compressão arterial, baseado em conhecimentos técnicos científicos adequados a complexidade destas intervenções. Para melhor vislumbrar conhecimento cientifico sobre o tema, utilizei de um levantamento bibliográfico na base de dados, a Biblioteca Virtual de Saúde, através de palavras chaves, onde localizei, embora poucos, artigos pertinentes, a fim de vislumbrar a atuação do enfermeiro enquanto líder e assistente direto nesta unidade intervencionista e as competências necessárias para seu melhor desempenho. Que possa instigar para futuras pesquisas cientificas mais discussões sobre o tema, devido à pouca literatura encontrada. Palavras-Chave: enfermagem, hemodinâmica, perfil profissional e gestão ABSTRACT Keywords: In order to promote a less invasive intervention to patients facing the growth of cardiovascular and neurological diseases, the areas of Neurology, cardiac and Angiology, branch of medicine in expansion: the hemodynamics. This sector, although the procedures are presented as minimally invasive by use of the arteries, they are considered of high complexity, in which nurses are required, with fast, competent decision-making facing the challenge to promote proper leadership and direct assistance to patients, paying attention to the management of the team of hemodinamicistas, Nursing technicians, x-ray technicians , medical residents, representatives of materials, adequate training mailto:sheila.collina@gmail.com A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. for them; Administration and purchase of materials and maintenance of high-cost hospital equipment, as well as acting directly before the pre, during and post-procedures, paying attention to a likely stop cardiorres ... Keywords: nursing, hemodynamics, professional profile and management A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. 1. INTRODUÇÃO O cuidado prestado às mulheres durante o processo do parto sofreu muitas modificações através dos tempos, decorrentes da institucionalização do parto, dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da medicina. A assistência à mulher no ciclo gravídico-puerperal tornou-se, impessoal e tecnicista, refletindo no modelo atual da obstetrícia, caracterizado pelo alto grau de medicalização e pelo abuso de técnicas invasivas. Um guia prático para a assistência ao parto normal, no qual preconizou o respeito ao processo fisiológico e a dinâmica de cada nascimento. É recomendado o uso restrito da episiotomia, em que classificam seu uso rotineiro e liberal como uma prática claramente prejudicial, que deve ser desestimulada, pois seu uso seletivo está associado à melhores resultados, como por exemplo, uma diminuição das lesões severas e um maior número de períneos intactos, recuperação puerperal e retorno mais rápido à vida sexual. Entretanto, apesar das evidências das recentes pesquisas e das recomendações, essa intervenção ainda é realizada rotineiramente e os profissionais de saúde presos a conceitos e práticas que não contemplam evidências científicas atuais, insistem na realização deste procedimento, violando, assim, os direitos das mulheres. (BORGES, SERRANO e PEREIRA, 2003). Por constituir-se um ato cirúrgico, é muito importante que a mulher conheça os benefícios e os problemas associados à episiotomia, pois ressaltamos que a episiotomia é, no entanto, um dos únicos procedimentos realizados sem qualquer consentimento prévio da paciente. (DINIZ, 2001) Portanto, é fundamental compreender a singularidade do ser humano, preservando seu direito de decidir sobre sua autonomia. Mantendo uma reciprocidade com o indivíduo, através da troca de informações embasada na ética e na humanização da assistência. Assim, o objetivo desse estudo é, conhecer como esse tema está sendo discutido e apresentado pelos profissionais de saúde, através de uma revisão bibliográfica, como forma de promover uma conscientização dos profissionais o quanto seu uso rotineiro se faz prejudicial para a saúde da mulher e que a participação da A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. mulher no poder decisório de tal conduta se faz necessária, porque, certamente, resultará em assistência mais humanizada e de melhor qualidade às parturientes. 2. METODOLOGIA Diante do proposto, optamos por um levantamento bibliográfico acerca do tema episiotomia, uma vez que a episiotomia é um procedimento utilizado rotineiramente nas condutas de obstetrícia e está diretamente ligado aos índices de lesões perineais, além de ser pouco abordado e discutido pelos profissionais obstetras. Por esse motivo, julgamos necessário oferecer a esses profissionais e aos outros profissionais de saúde, informações sobre tal procedimento com suas vantagens e desvantagens. Assim, partimos de uma revisão bibliográfica, como forma de oferecer conhecimentos científicos a partir de estudos recentes relacionados ao fenômeno da episiotomia. A revisão bibliográfica de caráter descritivo exploratório foi realizada através de consulta a fontes de base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e disponibilizados na íntegra, em suporte eletrônico, de trabalhos nacionais publicados, excluindo as dissertações e teses, a partir do ano de 2000 até os dias atuais, acerca dotema episiotomia. Utilizamos também livros textos da área da saúde que tratavam do tema em questão. A busca foi realizada através da utilização das palavras-chave: episiotomia, saúde da mulher, lesões perineais, parto. O levantamento em fontes de dados resultou em 21 estudos, sendo analisados somente aqueles que discutiam especificamente a temática, ou seja, 15 artigos publicados em periódicos nacionais. Dentre os artigos analisados temos: 04 revisões bibliográficas; 04 pesquisas de caráter qualitativo; 05 estudos quantitativos transversal de caráter descritivo, 01 estudo experimental e 01 editorial. Após o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura do material encontrado, obtendo uma visão geral. Em seguida, efetuou-se a leitura detalhada e seletiva, definindo os textos a serem analisados. Após esse momento, os textos foram analisados tomando por base o tema episiotomia e discutidos seus resultados. A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Episiotomia em foco A episiotomia configura-se em um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns na atenção ao parto, sendo superado apenas, pelo corte e pinçamento do cordão umbilical. O Ministério da Saúde (MS), apesar de recomendar seu uso seletivo, não determinou a taxa ideal a ser atingida deste procedimento como uma política de saúde. De acordo com alguns autores, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o próprio MS, estimam uma freqüência ótima entre 10 a 30 % do total de partos vaginais. (BRASIL, 2001). Para Cecatti e Caldéron (2005) no contexto atual de investigação da efetividade de todos os procedimentos associados ao nascimento e dos princípios da humanização da atenção ao parto, chama a atenção a prevalência exageradamente elevada de episiotomia realizada na América Latina, em oposição à prevalência reduzida em alguns países da Europa. Nos EUA o índice gira em torno de 62%, na Europa entre 30 a 40% e no Brasil de 70 a 80 %. Isso nos leva a perceber que em relação à taxa ideal, muitos países inclusive o Brasil como líder desse ranking, esse índice encontra-se bem acima do recomendado. Oliveira e Miquilini (2005) com o intuito de verificar a freqüência da episiotomia nos partos espontâneos e identificar os critérios adotados para sua indicação, apontaram que dentre todos os partos normais realizados, 76,2% foram realizadas episiotomia, o que confere com a estimativa da nação brasileira. Corroborando com Santos et.al.(2008), onde este ao levantar, a freqüência de lesões perineais ocorridas em mulheres durante o parto vaginal em uma instituição hospitalar através de uma amostra de 279 prontuários, observou que a episiotomia foi realizada em 86,99% das mulheres, não sendo justificada sua prática nos prontuários. Mouta (2008), após analisar os registros de 1715 partos assistidos por enfermeiras obstétricas em uma instituição na cidade do Rio de Janeiro, verificou que dentre os partos normais realizados, ocorreu a episiotomia em 56% desses partos, mesmo considerando que sua indicação era reservada para situações especiais, ainda temos um índice acima do recomendado pela OMS e MS. A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. Uma das justificativas dadas para que a prática da episiotomia ocorra na maioria dos partos vaginais é a própria literatura científica, mais especificamente os livros de obstetrícia. Pois Rezende (2005), em sua literatura, muito difundida pelos profissionais de saúde da área de obstetrícia, indica a episiotomia quando o períneo apresenta pouca elasticidade, sendo, portanto, recomendado para as primigestas e nas multíparas, quando estas, já realizaram episiotomia em algum parto anterior. Assim, esse procedimento acaba sendo praticado quase que em todos os partos, sem analisar outros fatores como vantagens e desvantagens para cada parturiente. Como exemplifica Oliveira e Miquilini (2005), onde levantaram que grande parte dos profissionais de saúde colocam como critério de realização da episiotomia, o períneo íntegro. Dessa forma, tal conduta nos leva a mostrar que a episiotomia é recomendado para todo parto normal. Concordando com Santos et.al. (2008), onde em sua pesquisa em uma instituição hospitalar, apresenta como indicações para realização da episiotomia todas primiparas e multíparas com episiotomia anterior. Assim, a intervenção é recomendada para todas as mulheres que tiveram parto normal. Santos et. al. (2008) ressalta, também, que a justificativa para a prática desse procedimento, não foi apresentada em nenhum prontuário. Dentre os estudos abordados anteriormente, percebemos uma precariedade de anotações nos prontuários, onde através dessa escassez de anotações, nos faz interpretar uma falta de comprometimento com a saúde da mulher, uma falta de avaliação da situação materna e fetal, além da ausência de um julgamento prévio, por parte dos profissionais de saúde, sobre as vantagens e desvantagens da episiotomia. Assim, torna-se possível observar que a episiotomia é realizada sem enfoque seletivo, contrariando a própria literatura científica, onde esta explica que o seu uso seletivo é muito mais benéfico quando comparado ao uso rotineiro, como mostra a própria história da episiotomia. 3.2. Percurso histórico da episiotomia Bento e Santos (2006), ao realizar uma revisão literária a cerca do tema, referem que o primeiro relato sobre a realização da episiotomia, data de 1742, criado por Felding A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. Ould, o qual defendia que a incisão só deveria ser aplicada quando necessário, como em partos dificultosos, para auxiliar o momento do parto. Já no início do século XX, a episiotomia passou a ser compreendida como um procedimento de rotina, onde o conceito de parto, segundo Amorim e Leila (2008), em sua revisão sistemática, foi substituído de um processo normal para um processo patológico, requerendo intervenção médica, como forma de prevenir lesões maternas e fetais. Período que coincidiu com o início da prática da hospitalização para a assistência ao parto. (NEME, 2000) Pomeroy, um obstetra renomado da época, justificou que o corte diminuía os traumas cranianos do bebê contra o assoalho pélvico, além de recompor a mulher em sua condição virginal. DeLee, em 1920, recomendava episiotomia em todas as primíparas, onde seu objetivo seria reduzir a probabilidade de lacerações perineais graves e o risco de trauma fetal, como redução da morbimortalidade infantil. Por muito tempo, essa idéia foi aceita, mesmo não havendo estudos que comprovassem tal evidencia. Esse procedimento só passou a reduzir sua prática, a partir da década de 70, quando os movimentos de mulheres e as campanhas pró-parto ativo passaram a questionar tal procedimento. Em meados da década de 1980, segundo Bento e Santos (2006), começaram a surgir novas pesquisas sobre episiotomia e ensaios clínicos, os quais, começarama questionar a eficácia e a necessidade da episiotomia de rotina, pois a prática rotineira da episiotomia não apresentava suporte científico. Foi quando surgiu o primeiro estudo com enfoque na percepção das mulheres e profissionais sobre a episiotomia. Nessa década, os estudos começaram a destoar dos estudos realizados anteriormente, pois questionavam que as instituições hospitalares não abordavam o parto sem episiotomia e as orientações fornecidas às mulheres eram apenas centradas no procedimento. Assim a partir de 2000, as pesquisas desenvolvidas apontaram uma nova abordagem para o tema, estas contrariavam os benefícios alegados sobre episiotomia e apresentavam que esta não deveria ser praticada de forma rotineira e que não tem efeito protetor do períneo. Como mostrou a revisão sistemática publicada pela biblioteca Cochrane, referenciada por Mattar (2007) em sua editorial, onde concluiu que a A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. episiotomia seletiva, se comparada a episiotomia realizada rotineiramente nos partos vaginais, associou-se a menor risco de trauma de períneo posterior, a menor necessidade de sutura e a menos complicações na cicatrização. Começou a ser percebido que a episiotomia ao invés de prevenir a ocorrência de lacerações perineais, favorecia a aparição de lesões de 3.º e 4.º graus, não prevenia lesões no pólo cefálico fetal e nem melhorava os escores de Apgar. Além de promover dor perineal após o parto, maior perda sangüínea, aparecimento de incontinência fecal e incontinência urinária de esforço, como outras complicações, como edema, infecção e hematoma. A OMS (1996) o MS (1991), ao investigarem as práticas realizadas no parto estabeleceram as diretrizes para a assistência. A OMS classificou-a como prática freqüentemente utilizada de modo inadequado, e o MS, como prática prejudicial ou ineficaz e que deve ser eliminada. Atualmente as suas indicações, conforme a OMS (1996) e o MS (1991), são reservadas para as seguintes situações: prematuridade, períneo pouco distensível, exaustão materna, uso de fórceps ou vácuo extração, sofrimento fetal agudo, apresentação pélvica e quase sempre é indispensável nas primíparas e nas multíparas que tenham sido submetidas ao mesmo procedimento anteriormente. Com a implantação da Política Nacional da Atenção Integral à Saúde da Mulher, pelo MS em 2004, o olhar amplia-se para a atenção à mulher, esta passa a ser considerada a partir de suas relações sociais e como sujeito de cidadania. As mulheres devem decidir ativamente sobre toda escolha a ser feita em seu corpo. Nesse sentido, temos hoje, uma recomendação de que a episiotomia deva ser utilizada de forma específica, seletiva, e de acordo com a necessidade da parturiente, como em situações exemplificadas por Mattar (2007), de sofrimento fetal, feto em apresentação pélvica, progresso insuficiente do parto e ameaça de laceração perineal de terceiro grau. Porém, o contraditório ainda ocorre, onde cerca de 90% das primigestas ainda são submetidas à episiotomia. Silveira e Riesco (2008), ao entrevistar coordenadores e professores de instituições formadoras de futuros enfermeiros obstetras, citaram que o futuro profissional obstetra deve ser acolhedor, estabelecer uma relação de vínculo com a A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. mulher e ter um conhecimento baseado em evidências científicas, mediante a busca constante de novos achados científicos. Destacaram a importância da atuação já durante a assistência ao pré-natal, quando os exercícios para o períneo podem ser ensinados e realizados para fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, prevenindo o trauma perineal. Em oposição, percebemos que a formação profissional, ainda encontra-se em sua maioria, para a prática curativa centrado na doença, ignorando a fisiologia e considerando o problema em potencial, o profissional continua reproduzindo o que lhe foi ensinado em seu processo de formação. Entretanto, é factível e necessário que os profissionais de saúde reestruturem suas práticas, mudando de conduta, principalmente a partir do momento em que evidências científicas comprovam a efetividade da episiotomia seletiva. 3.3. Uso seletivo ou uso rotineiro Atualmente as dúvidas centram-se em definir quais são os fatores necessários para o uso seletivo da episiotomia. Mas até que esses fatores sejam definidos, Crepaldi e Magalhães (2008), apontam que os fatores de risco de cada mulher, devem ser avaliados para que o uso desse procedimento ocorra com moderação, sendo ainda, necessários inúmeros estudos para a definição de critérios fisiológicos e éticos. Osaya e Tanaka (2005) apontam que a adoção da episiotomia nas primíparas, ocorre como forma de prevenção à laceração do períneo, além de posterior relaxamento do assoalho pélvico e de trauma contra a cabeça fetal. O critério mais citado pelos médicos e enfermeiras obstétricas, para realizarem esse procedimento é a rigidez perineal, seguido pela primiparidade e feto macrossômico. Contrastando com os resultados do estudo de Mouta et.al.(2008), quando este ao levantar requisitos sobre indicações de episiotomia, em prontuários de uma instituição no Rio de Janeiro, encontrou situações como períneo pouco distensível, primiparidade, sofrimento fetal e prematuridade. Silveira e Riesco (2008) levantaram como indicações da episiotomia em 10 instituições de ensino superior formadoras de enfermeiros obstetras no município de São Paulo, as seguintes situações: sofrimento fetal; macrossomia; prematuridade; A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. episiotomia anterior; elasticidade restrita; períneo curto; risco de laceração de terceiro ou quarto graus; leucorréia; falta de colaboração materna no desprendimento e fórceps. A prematuridade foi indicada, nos estudos, por ser um procedimento que ao encurta o período expulsivo, evita que a cabeça fetal seja comprimida durante o trajeto pelo canal de parto. Já nos casos de sofrimento fetal, as evidências científicas, segundo Labresque et.al.(2000) reconhecem os benefícios da episiotomia, principalmente quando existe a necessidade de abreviar a expulsão fetal. Santos et.al. (2008), estudando a freqüência de lesões perineais em partos normais em uma instituição hospitalar, apresentaram como principais indicações a realização da episiotomia em gestações precoces, como forma de prevenir lesões perineais espontâneas graves ou pela inexperiência do trabalho de parto, em situações de rigidez do tecido perineal, como forma de evitar lacerações perineais severas e por fim em primípara e/ou multípara com episiotomia anterior. Conforme a literatura e os estudos analisados, suas principais indicações se apóiam nas recomendações dadas da OMS e MS, porém seu uso rotineiro, como a própria história mostra, não está relacionado à redução da mortalidade materna e fetal, mas relaciona-se ao risco de laceraçãosevera, principalmente por esse procedimento ser utilizado em todas as primíparas. Em relação ao tipo de episiotomia adotada pelos profissionais a incisão pode ser lateral, médio-lateral ou mediana, porém a mais utilizada pelos estudos analisados, é a médio-lateral. A mesma abrange pele, mucosa vaginal, aponeurose superficial do períneo e fibras dos músculos bulbocavernoso e do transverso superficial do períneo e algumas vezes, fibras internas do elevador do ânus. (MOUTA et.al., 2008) Conforme o estudo de Oliveira e Miquilini (2005), o que justifica a escolha desse tipo de episiotomia, são os benefícios oferecidos para os profissionais, pois esse tipo é o mais difundido durante a formação acadêmica e mais utilizado rotineiramente, além de ter uma maior facilidade na sutura. Em menor freqüência, aparecem as vantagens para as mulheres, que seriam uma menor chance de lesar o esfíncter anal e um menor risco de complicações. Porém, alguns estudos realizados e abordados por Oliveira e Miquilini (2005), A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. as lesões do esfíncter anal foram três vezes mais freqüentes em parturientes com episiotomia. Segundo a OMS e alguns estudos científicos descritos por Oliveira e Miquilini (2005), existe uma técnica de proteção do períneo durante o parto, como forma de prevenção do trauma perineal. Entretanto, não há evidências suficientes sobre os benefícios dessa técnica, assim como mostra Costa (2002), em seu estudo experimental, o qual observou que não houve diferença estatística na freqüência de laceração do períneo em função da técnica usada. Existem outros mecanismos, apresentados pela OMS (1996), que a mulher pode estar preparando seu períneo durante o pré-natal, como forma de prevenir uma futura episiotomia, além de utilizar-se por uma posição ortostática no momento do parto, compressas locais quentes e massagem perineal durante o período expulsivo do parto, além do suporte do períneo para o desprendimento cefálico. Com relação às lacerações que podem ocorrer no parto normal e os tipos de suturas realizados devido à episiotomia, temos conforme a publicação da OMS (1996), que as lacerações são classificadas de acordo com a estrutura que foi acometida. Sendo de primeiro grau aquelas que afetam a pele e a mucosa, de segundo grau quando as lacerações se estendem até os músculos perineais e de terceiro grau quando atingem o músculo do esfíncter do ânus. As lacerações de 1º grau às vezes não necessitam de sutura, apenas nas de 2º grau haveria essa necessidade, porém em ambas as situações a cicatrização ocorre sem complicações. Estudo realizado por Santos et. al. (2008), comprovou-se que dos prontuários que relataram a realização de episiotomia, 3,25% sofreram lacerações perineais de 1º e 2º graus, e 9,76% tiveram o períneo íntegro. Menta e Schirmer (2006), ao verificarem as condições do períneo nos 73 partos vaginais realizados em uma maternidade no município de São Paulo, observaram que 33,7% tiveram episiotomia, onde em 24,2% houve rotura perineal (considerando-se todos os graus) e 18,9% tiveram a integridade perineal preservada. Conforme a pesquisa realizada, temos um índice elevado de alterações perineais após a realização de episiotomia. Santos et. al. (2008) ao referenciar às lacerações perineais presentes nos partos A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. vaginais através dos prontuários, identificou que estas estavam registradas em apenas 3,25% dos prontuários. Porém, tal autor, adverte que as lacerações ocorridas não foram relatadas na maioria dos prontuários, como também não foram justificadas quando presentes, pois estavam todas associadas ao uso da episiotomia. Fortalecendo a idéia de que essa intervenção cirúrgica é realizada habitualmente na instituição, assim como em muitos outros estudos também analisados. Ressaltamos, novamente, que as recomendações da OMS, onde a episiotomia deve ser realizada somente em casos específicos, como sofrimento fetal, progressão insuficiente do parto e ameaça de lesão perineal espontânea grave, não são atualmente seguidas. Almeida e Riesco (2008), ao comparar a cicatrização e a dor perineal com a utilização das técnicas de sutura contínua e separada em mulheres com parto normal, mostraram que morbidades do trauma perineal, provocadas pela episiotomia, como hematoma, equimose, infecção e deiscência prejudicam a completa recuperação materna, assim, a manipulação do local e a escolha do tipo de sutura são aspectos importantes para a redução da dor e a boa evolução do processo de cicatrização. A pesquisa aponta vantagens da sutura contínua, como um decréscimo da dor e aumento da mobilidade da mulher após o trauma perineal e a demora do reparo do trauma é menor, reduzindo o risco de infecção e desconforto da mulher. Em contra-partida, assim como nesse estudo e em outros referidos pelo mesmo autor, o que é mais comumente utilizada, ensinada e sugerida é a técnica de sutura separada, principalmente pela sua facilidade de ser realizada por profissionais inexperientes. Percebemos que o método de escolha do tipo de sutura equipara-se com o método de escolha do tipo de episiotomia, descrita anteriormente, onde ambas, primeiramente valorizam e consideram o que é melhor para o profissional e não para a mulher, a qual sofrerá o corte. Através desse cenário, ressaltamos que o perfil dos trabalhos levantados e analisados mostram, uma valorização da literatura centrada na doença do que com a saúde/prevenção, assim como afirma Bento e Santos (2006), após analisar 22 artigos específicos, mostra que os profissionais de saúde são formados para discutir e trabalhar aspectos biológicos do ser humano, com enfoque curativo, onde se estabelece metas em obstetrícia a partir de coeficiente de mortalidade materna, altos índices de cesáreas e A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. mortes por causas preveníveis, refletindo o olhar para a doença e não para a saúde. Cabe ressaltar que todo procedimento invasivo que venha a causar uma experiência dolorosa para a mulher, é considerado um trauma, como apresenta Menta e Schirmer (2006). Essa idéia de trauma relacionada com a episiotomia é reforçada, principalmente porque a genitália é cercada de representações, e a sensação da mulher diante da realização da episiotomia é de que ocorreu uma violação de seu corpo. Sendo necessário, também, ressaltar que a episiotomia, como todo procedimento cirúrgico, só poderia ser realizado com o consentimento da parturiente. No entanto, é um dos únicos procedimentos realizados sem qualquer consentimento prévio da paciente 3.4. Visão das mulheres Dentre os artigos analisados percebemos um baixo número de artigos que abordam a visão da mulher, pois a maioria refere-se à episiotomia como um procedimento cirúrgico. Analisando a episiotomia sobre a percepção da mulherobservamos um grande desconhecimento das mesmas em relação à episiotomia, além de não serem informadas sobre sua realização e indicação, como afirma Santos e Shimo (2008). Quando questionadas quanto ao conhecimento prévio sobre a episiotomia, 31,2% relataram que não sabiam o que era o procedimento e quase todas não sabiam o por quê de sua indicação. Porém, Santos e Shimo (2008) chamam a atenção para o fato de que a maioria das mulheres entrevistadas, equivalente a 68,8%, responderam que o objetivo da episiotomia era facilitar o processo do nascimento, colaborando na expulsão do bebê e evitando a laceração. Corroborando com Previatti e Souza (2007), quando demonstraram que a maioria das mulheres entrevistadas, não haviam recebido informações sobre o procedimento, apontando apenas familiares e outras pessoas próximas como fonte desta informação. O mesmo aconteceu quando as entrevistadas foram questionadas sobre os motivos pelos quais foram submetidas à episiotomia, somente a metade delas deu algum tipo de resposta, relacionando com a idéia de evitar riscos para o bebê. Esse desconhecimento das mulheres, acaba acentuando o poder decisório do A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. profissional diante de condutas que serão realizadas no corpo da mulher, enquanto ela própria é excluída de tal decisão. É muito importante que a mulher decida sobre tudo o que é realizado no seu corpo, conheça esse procedimento, assim como suas vantagens e desvantagens,evitando muitas vezes uma episiotomia desnecessária e inclusive, sabendo que pode recusar tal procedimento. Progianti et. al. (2008), refere que a episiotomia representa uma violação dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, podendo trazer complicações tanto físicas quanto psicológicas e ter conseqüências danosas na vida e na saúde da mulher e do casal, pois constatou que a grande preocupação das mulheres em relação ao procedimento da episiotomia, volta-se à deformidades corporais, como a própria deformidades na genitália, a dor e o desrespeito de sua integridade corporal. Fortalecendo a idéia de que este procedimento provoca um trauma, pois essas sensações citadas, segundo o autor, podem comprometer sua segurança, estado psíquico e emocional. Como também foi acentuado por Previatti e Souza (2007), conforme os próprios relatos das mulheres que participaram do estudo, onde mostraram que a realização da episitomia é necessária pelo fato de seu corpo ser percebido como defeituoso. Progianti et.al. (2008), também demonstrou, que a realização da episiotomia na mulher, interfere negativamente sobre sua sexualidade, pois o fato de sentir dor durante as relações sexuais acarreta em alguma alteração da intimidade na relação sexual do casal, devido o constrangimento causado em relação ao seu companheiro. Pitangui et. al. (2009) ao mensurar e caracterizar a dor em 40 primíparas submetidas à episiotomia observou que a dor traduz de forma negativa o momento do parto, pois esse momento deixa de ser visto pela mulher como o momento de dar a luz a seu filho, mas como um momento de sofrimento e destruição corporal. A humanização do cuidado prestado à mulher no momento do parto até seu puerpério requer, dos profissionais de saúde oferecerem visão às necessidades apresentadas pelas mulheres, não priorizando apenas o patológico. Contudo medidas terapêuticas podem e precisam ser adotadas para a melhoria da assistência à mulher. A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. É o que comenta Osaya e Tanaka (2005), quando conseguiram reduzir a necessidade de episiotomia de um hospital-escola, mesmo em primíparas, adotando a deambulação livre durante o trabalho de parto. A mulher deve compreender que através de práticas de exercícios durante o pré-natal e no momento do parto, podem ter musculatura perineal forte, evitando-se o risco de ser realizado a episiotomia e os profissionais por sua vez, devem desprender-se do que costumam fazer a anos e atentarem-se às atualizações científicas e recomendações estipuladas. Assim a preocupação com a humanização da assistência à mulher, atrelada a valores se torna uma necessidade a ser inserida em nossas práticas profissionais. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após a analise dos estudos, podemos concluir que este procedimento deva ser cada vez mais questionado pelos profissionais, pois seu uso seletivo traz mais benefícios para a mulher, do que utilizado rotineiramente. Com base nas evidências científicas, a episiotomia está associada ao maior risco de laceração severa do que benefícios para a parturiente. Porém é importante e necessário que o profissional, reavalie as práticas de atendimento à parturiente, considerando as atualizações científicas e adotando uma postura de realizar condutas individualizadas, respeitando a singularidade de cada mulher. Dessa forma, estaremos estimulando a promoção de uma assistência humanizada e com qualidade. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me permite saúde. Ao meu amado marido que sempre me motivou, aos meus filhos pela compreensão que tiveram durante os dias dedicados a realização deste trabalho. Á minha orientadora Fatima Arthuzo Pinto, que sempre ao meu lado apoiou, motivou, e colaborou da melhor maneira possível para o êxito na realização deste. Á minha mestra Ana Lúcia Costa e à professora Isabel Claudina Pereira que me fez apaixonar pela disciplina Saúde da Mulher e a todas as amigas que colaboraram A atuação do enfermeiro na hemodinâmica: o desafio em liderar a equipe e assistir diretamente os pacientes. para a realização desta pesquisa. REFERÊNCIAS ALMEIDA,S.F.S.; RIESCO,M.G.Ensaio clínico controlado aleatório sobre duas técnicas de sutura do trauma perineal no parto normal. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Ribeirão Preto. v.16,n.2. mar./Abr. 2008 BENTO, P.A.S.S.; SANTOS, R.S. Realização da episiotomia nos dias atuais à luz da produção científica: uma revisão. Esc. Anna Nery. Rio de Janeiro. v.10 n.3. dez. 2006 BORGES, B. B.; SERRANO, F.; PEREIRA, E. Episiotomia - Uso Generalizado Versus Seletivo. 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