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Relatorio Estagio Psicanalise

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ DE FLORIANÓPOLIS
CURSO DE PSICOLOGIA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO BÁSICO I EM PSICOLOGIA E PROCESSOS CLÍNICOS – PSICANÁLISE
Florianópolis 2021/2
Impresso por Carlos Junior, CPF 728.832.869-49 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 11/11/2021 07:34:52
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO BÁSICO I EM PSICOLOGIA E PROCESSOS CLÍNICOS PSICANÁLISE
Relatório final como requisito parcial para aprovação na disciplina de Estágio Supervisionado Básico I em Psicologia, do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá de Florianópolis/SC.
Orientadora: Professora Maira Marchi Gomes.
Florianópolis
2021/2
APRESENTAÇÃO
– IDENTIFICAÇÃO
– ÁREAS DA PSICOLOGIA APRESENTADAS NA DISCIPLINA
Psicologia da Saúde
Psicologia Organizacional e do Trabalho
Psicologia Escolar/ Educacional
Psicologia do Esporte
Psicologia Social
Psicologia da Assistência Social
Psicologia Clínica
Psicologia da Dependência Química
Psicologia Jurídica
Psicologia Neuro
Psicologia do Trânsito
Psicologia Hospitalar
Psicologia Pessoas com Deficiência
Psicologia Forças Armadas
Psicologia Ambiental
Psicologia Emergências e desastres
Psicologia do Consumidor
IDENTIFICAÇÃO
Aluno: CARLOS GILBERTO WARDE JUNIOR
Matrícula: 202104527713
Endereço: Rua Frei Caneca, 218 – ap. 504 – Agronômica – CEP. 88.025-000 – Florianópolis/SC 
Contatos: (48) 9 9829 9902
E-mail: wardejr@hotmail.com
Área da Psicologia que gerou interesse: Psicologia Social e da Assistência Social
Estágio Supervisionado Básico I na área: Psicologia e Processos Clínicos - Psicanálise
Professor(a): Maira Marchi Gomes
Profissionais Supervisores:
Artur Cipriani
Lilian Harumy Yamaguchi
Carla de Avelar Lopes
RESUMO
 	O Tema abordado denota as conotações mais dignas, seja pela sua importância ou pela seriedade com qual o mesmo deve ser encarado, pois abrange problemas e soluções para toda área de psicologia clínica, vez que esta área permite uma escuta diferencial ao ser humano que se encontra em constante desenvolvimento, auxiliando e contribuindo os indivíduos nas mais diversas circunstâncias em que estejam inseridos ou vivenciando o que ocorre, sem quaisquer diferenciação de gênero sexual, raça ou até mesmo crença religiosa.
 	Neste sentido verifica-se que em resposta a escuta psicológica psicanalista, o método dentro de um trabalho adequado ao caso em exame, se permitirá entrar em contato com seus anseios, angustias, desejos e resistências, que se manifestam durante as entrevistas e dão por meio da comunicação verbal e não-verbal, seja de forma individual ou até mesmo em coletividade.
 	Cumpre observar que as práticas de estágio descritas, foram todas realizadas por meio de reunião remota, haja vista nos encontrarmos em meio a pandemia de COVID19, razão pela qual foi escolhida esta forma de desenvolver a prática de estágio da disciplina em questão, a fim de preservar a saúde de todos os envolvidos.
 	Portanto, o presente relatório busca de forma simplificada, apresentar uma constatação e compreensão da percepção do acadêmico no que diz respeito a pratica clínica em psicologia com ênfase clínica psicológica psicanalista, ocasião em que foram apresentadas para análise os mais diversos casos e demandas ocorridas no período de estágio acadêmico, estas, sempre apresentadas em diversas sessões no decorrer do semestre letivo.
 	Desta feita, através da intervisao (nome escolhido para nomear os encontros semanais) pelos Psicanalistas Artur Cipriani e Lilian Yamaguchi, foram relatados vários casos clínicos, onde ficou ressaltada pelos mesmos, a importância da escuta psicológica, bem como as mais variadas formas de se auferir métodos e técnicas junto aos pacientes envolvidos.
 	Assim, foi possível ao acadêmico debater junto aos profissionais envolvidos, e tirar suas dúvidas decorrentes das práticas de conhecimento e teorias envolvidas com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar dos indivíduo, possibilitando aos acadêmicos ter uma vaga noção desta experiência que lhe é de extrema importância no futuro profissional. O que agregou conhecimento a uma futura qualificação.
Palavras-chave: Psicologia. Saúde mental. Ênfase clínica. Psicanalise.
SUMÁRIO
01. Introdução
02. Comentários sobre a Psicanálise
03. Instituição Mantenedora
04. Atividades realizadas durante o estágio
05. A Supervisão clínica psicanalítica
06. Relato do caso em análise e informações obtidas
07. Desenvolvimento (Referencial Teórico)
08. Estudo de caso
09. Análise do caso Clínico
010. Considerações Finais
011. Referências Bibliográficas
01. Introdução
 	É notório que a necessidade da realização do estágio sempre conciliará o conhecimento acadêmico com a experiência obtida no ambiente de trabalho, vez que esclarece os mais diversos pontos e por sua vez ocorre a complementação da prática nas questões e temas apresentados em aulas pelo professor. 
 	Desta maneira, o estágio se configura e se estabelece como um grande laboratório da vida acadêmica e agrega ética e enriquece o aprendizado, trazendo muitos desafios e situações das mais inusitadas, em que o estudante terá que pôr em prática o conteúdo obtido em sala de aula, os conceitos e técnicas que lhe foram ensinados para a resolução das mais diversas questões que se apresentam no dia a dia do profissional.
 	Ao acadêmico, tal experiência vivenciada, proporciona uma experiência única, ocasião em que coloca em pratica o conhecimento adquirido, absorve novos conhecimentos e agrega a teoria com a prática.
02. Comentários sobre a Psicanálise
 	Vale asseverar pequenas linhas a respeito do assunto, senão vejamos, é cediço que a psicologia trata e estuda os fenômenos comportamentais, bem como os processos mentaisdo ser humano, bem como suas interações com o ambiente físico e social.
 	Desta maneira, é nítido que o objetivo da psicologia é diagnosticar, prevenir e tratar distúrbio emocionais, razão pela qual o profissional da área de psicologia utiliza de métodos capazes de analisar os fenômenos comportamentais e psíquicos dos indivíduos sob análise.
 	Assim, cumpre esclarecer que a psicanálise é uma das abordagens da psicologia, sendo uma linha de pensamento que apareceu no fim do século XIX, na figura de Sigmund Freud, tendo como norte, a análise do inconsciente humano como meio para conseguir compreender os processos mentais da pessoa, se tornando conhecido como "teoria da alma", pois se concentra na relação entre o inconsciente e indivíduo, quando da interpretação dos processos da psique no nível do inconsciente humano.
03. Da Instituição Mantenedora
 	Acerca do curso de Psicologia da Estácio, vale mencionar o que dispõe a página da Mantenedora acerca do assunto: que o mesmo estuda os fenômenos psíquicos e de comportamento do ser humano. Os métodos usados durante as aulas ensinam a investigar e entender as emoções, ideias e valores de diferentes pessoas. O futuro psicólogo será capaz de diagnosticar, prevenir e tratar doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade.
 	Seu trabalho será focado na análise de atitudes, sentimentos e mecanismos mentais. Sua prática é baseada em ajudar os pacientes a identificar as causas dos problemas e a rever comportamentos inadequados.
 	Durante o curso de Psicologia, que tem duração de 5 anos (10 períodos), as aulas têm a finalidade de preparar profissionais que dominem os caminhos da Psicologia e dos Processos Clínicos. As práticas caminham pelos mais diferentes contextos e amplos campos de trabalho relativos à psicoterapia tradicional.
 	Os alunos são preparados para atuar na promoção da saúde mental em clínicas, hospitais e consultórios.
04. Atividades realizadas durante o Estágio
 	As atividades de Supervisão em Psicanálise se deram sob a orientação dos profissionais psicanalistas Artur Cipriani, Lilian Harumy Yamaguchi e Carla de Avelar Lopes, nos meses de setembro,outubro e novembro de 2021, quase todas as quintas-feiras, iniciando as 13:30h e com término as 15:00h, salvo exceções, em que não foi possível haver o encontro em razão de problemas técnicos, haja vista serem realizadas por meio remoto.
 	Em cada encontro era trazido um tema pertinente dentro da abordagem Psicanalista, com o relato de pacientes que se encontram em tratamento, todos apresentados de forma anônima no sentido de proteger a identidade e integridade dos envolvidos.
 	Cumpre esclarecer que este acadêmico subscritor participou de quatro encontros, (14/10, 28/10, 11/11 e 25/11), cada qual com uma temática diferente cuja situação, trazia o tratamento clínico de pacientes utilizando-se métodos e técnicas inseridas dentro desta abordagem.
 	Para o presente relatório foi escolhido o tema Transtornos Alimentares (Anorexia), abordado pela psicanalista Carla de Avelar Lopes em data de 25/11/2021, senão vejamos:
05. A Supervisão clínica psicanalítica
 	Assim, cumpre informar que através dos dados colhidos nos encontros, constatou-se que a supervisão clínica psicanalítica normalmente ocorre com um terapeuta apresentando determinado material obtido com sua prática clínica a um outro terapeuta, onde este relata da forma mais precisa possível, os fatos que ocorreram durante uma sessão psicanalítica ou psicoterápica. 
 	De forma intuitiva e dedutória, acredito que a técnica desenvolvida tem como foco o modelo Compreensivo, Relacional ou Experimental, de modo a entender o material do paciente e abordar a transferência e a contratransferência diretamente.
06. Relato do caso em análise e informações obtidas
 	A respeito do tema trazido para análise, foi a profissional Carla de Avelar Lopes que abordou inicialmente a (transferência), ressaltando que esta somente será possível existir e chegar a um ponto eficaz no tratamento, quando o paciente permite falar de sí mesmo durante a sessão.
 	Com efeito, relatou que através de seus estudos, encontrou e acredita que o Transtorno Alimentar (Anorexia) possui alguma relação com a maternidade, ou seja, a dificuldade do indivíduo em conseguir se separar de sua mãe, o que foi acrescido com a concordância da Psicanalista Lilian Harumi, que ressaltou a necessidade de uma análise minuciosa para realmente existir a problemática da relação materna nestas situações.
07. Desenvolvimento - Referencial Teórico
 	Dando continuidade ao tema, a psicanalista Carla apresentou um caso existente na literatura, indicando o livro de NIEVES SORIA DAFUNCHIO – ( O Corpo na Anorexia), cujo título já restou apontado pela Escola Brasileira de Psicanalise, informando que a referida escritora, pesquisadora e psicanalista possui escritos tidos como referência em psicanalise, no entanto possui uma linguagem uma tanto complexa e densa, vez que sua clínica é composta por Lacan, onde a escritora em questão questiona a transferência, trazendo vários casos clínicos, em especial ao famoso “ Cenário 15 de Lacan”, onde se refere ao quadro do Velasques, “As Meninas”, utilizando–se do quadro para falar a respeito da “Transferência”, cuja interpretação da obra consiste em um auto retrato do pintor, se colocando na obra de modo a se inserir na cena pintando uma tela em que não se vê o que está sendo pintado, no entanto, ao olhos de Lacan, e sua interpretação da obra, aponta a importância como o analista deverá se colocar para entender onde deverá se inserir neste contexto, e o que deve fazer para entender o mundo do analisado
 	Neste sentido há toda uma imaginação para se tentar entender o que ele está pintando, usa de analogia com o analista para tentar descobrir o que ele está pensando sobre os fatos em sua volta. Assim, Velasques não coloca a si mesmo no quadro como auto retrato, não é um quadro sobre ele, mas sim um quadro sobre um contexto em que ele está inserido, ou seja, algo completamente diferente, pois não é sobre o olhar do artista.
 	Portanto, tal pintura expressa seu significado de modo muito interessante, porque não se trata da nossa pessoa naquela relação da transferência, não se trata como o analista se vê, seu conhecimento, seu paciente, mas tão somente o olhar do analisando de quem ele encarna naquela relação. Ao interpretar tal obra, Lacan pega o quadro e diz que o esforço que o pintor fez de se colocar na cena, deverá ser o esforço do analista em relação ao paciente, é o lugar que o analista vai ocupar já esquecido pelo analisado, é neste momento que o analisando faz e coloca o analista em certa posição.
 	Na sequência, ponderou o profissional Artur, que a impressão é que a obra retrata dois enigmas, o primeiro é sobre o analisando e outro a respeito do analisado, no primeiro caso em que ele quer que eu diga, e talvez esta seja a questão “quem sou eu”? todo mundo sabe, menos eu, e a segunda questão seria um enigma saber “onde eu me enquadro nesta cena”?
 	Ressalta a profissional Carla, dizendo que, exatamente, a partir deste enigma inicial do analisando, através desta questão que ele tenta responder, traduz-se o enigma desta forma, apresentado um processo inconsciente, por meio da relação que ele já conhece com outros. E neste ato, quando ele tenta responder este enigma, é quando vai deixar as claras onde ele coloca o lugar do analista, e onde vai ocorrer esta transferência, ou seja, momento em que ocorre uma confiança ou querer falar. 
 	Assim, esta relação transferencial é bastante violenta, exemplo disso são os questionamentos do analisado, este analista me cobra só quer saber de tudo etc., ai entra o analista e tenta adaptar esta situação para uma transferência positiva. Sendo importante e necessário falar sobre um dos lugares em que Lacan coloca o indivíduo, pois é neste contexto que encontraremos o “Estágio do Espelho”, momento onde o sujeito olha esta imagem e percebe que não é o outro e se reconhece no espelho, o que as vezes não é um trabalho tão fácil, pois as vezes se vê deturpado, como é o caso mais comum, podendo ser pior ou melhor esta imagem de si, pois se constitui por este olhar no espelho, o reflexo ideal, e não de ser igual ao eu, ou seja, uma deformação.
08. Estudo de caso
 	Na continuidade foi apresentado e reproduzido via remota pela Profissional Psicanalista Carla Avelar um documento do Word, cujo conteúdo demonstrava o Analista como o outro, ou seja o caso era sobre uma moça anoréxica de nome Mortícia, que possuía também como segundo nome, o de uma irmã falecida, desta forma seu nome possuía todo peso com relação com a morte, onde a experiência de sua mãe com os acontecimentos e experiências vividas com a morte de uma das filhas, repassou a sua filha sobrevivente, ocasião em que o pai se omitiu em relação a escolha de seu nome. No mesmo contexto esta menina durante toda sua existência era humilhada pelo pai, o qual a chamava de “vaca, gorda e feia”.
 	Assim, em decorrência destes fatos, se encontrava muito doente, com anorexia demais patologias que envolviam o quadro clínico, pois se achava feia e gorda, tal qual os espelhos deformadores encontrados em parques de diversão, ou seja, em situações em que o olhar do outro não se adequa com a real situação, e assim se reconhece no espelho como pessoa muito acima do peso. É neste entendimento que o Estágio do Espelho tem relação direta com o olhar do outro, neste caso em especial, o olhar de quem cuidava desta criança.
 	Verifica-se que quando esta menina se olhava para o espelho se estabelecia no olhar o que realmente sentia em seus pensamentos, influenciando assim, como o sujeito se vê em casos desta natureza. 
 	Ainda, menciona a profissional Carla Avelar, que nesta condição, a transferência, pelo lado da mãe estava nomeada pela morte, e de seu pai em razão de ignorar seu mundo e humilha -lá. Assim, a analisada fazia tudo para chamar a atenção do outro, ou seja a atenção que lhe era ofertada mesmo como objeto imundo, pois queria outro tipo de atenção, e não conseguindo, começou a construir laços com anorexia, entrava na internet em páginas de anorexias afim de saber como enganar seus paise o analista, começou a produzir um Blog, como forma de desabrochar, estabelecendo assim, novos ramificações para esta relação com a anorexia, e dentro deste período de altos e baixos, começou a desenvolver nestas questões outro lado mais melancólico e maximar sua inibição, necessitando com urgência ajuda para seu problema com a magreza e baixa estima. 
 	Ocorre que em certa ocasião foi comprar roupas, e ao se deparar com a imagem de uma vitrine avistou uma menina extremamente magra com feições de quem estaria para morrer, momento que percebeu que a menina que estava a olhar, se tratava dela mesma, foi quando constatou que se via tão somente com o olhar do seu pai, até perceber que estava conseguindo se enxergar, foi quando, a partir deste momento, começou a se abrir o casulo em direção a sua cura mental.
 	No caso em epígrafe, percebe-se que Nieves traz a posição que a paciente tem em relação a mãe, bem como o olhar da mãe e de seu pai, o que provavelmente ela chamaria a para ocupar o lugar do pai ou mãe e começa a abrir espaço para um lugar do analista. 
 	Assim, resta configurada a importância do manejo do analista, somente ouvindo ou não. Relata a Profissional Carla, que observou que a paciente através do seu Blog, possibilitava esta abertura do mundo com um novo olhar. 
 	Também ressalta o Profissional Artur, que neste caso precisava o Analista ocupar uma posição que rompesse com a posição da mãe e do pai, pois cedo ou tarde colocaria ela em um lugar ou outro, e, ao mesmo tempo, se vê um novo jeito de fazer laços, e que se pode fazer um laço muito amoroso, talvez seja este o angulo, lembrando que já teve um caso semelhante em que fazia o analista (estatua de mármore), cujo quadro clínico, o paciente estava muito angustiado falando em se matar, e Artur ponderou a este que não deveria romper com a análise, ocasião em que o paciente lhe ouviu e disse que não deixaria. 
 	Ainda, alegou o paciente que o profissional Artur não deixava ele fazer nada que queria, ressaltando que tal fato lhe lembrou a situação de paternidade, relacionando o caso em que a menina se viu na vitrine. Destacando também, que tal situação lhe é muito estranha, pois vem dentro do seio familiar, e esta coisa que nos causa estranheza é exemplo disso, bem como a situação da vitrine, que em caso análogo e na visão de Freud, em dada situação, ele encontra um senhor no banheiro, e ele fala com este senhor, até perceber que na verdade era um espelho na porta do banheiro. E é nesta surpresa que a menina no caso vertente, percebeu sua realidade de olhar e ser olhada, por outros meios que não somente paterno e materno.
 	Destaca Carla que a menina quando se vê não se reconhece, pois é o próprio olhar dela que não se reconhece e sabe que pode morrer a qualquer hora, e quando se vê, retoma seu pensamento de se ver gorda, onde indica ainda o contraponto da questão. Assim, termina pontuando a necessidade de um novo olhar da paciente sobre si, que só foi possível através da análise, pois um novo olhar lhe foi ofertado pelo analista através de técnicas e métodos que agregavam amor e preocupação com a paciente.
 	A profissional Carla continua sua fala mencionando a respeito do livro e dos ensinamentos de Lacan acerca do Estágio do Espelho, o que denota um aspecto muito interessante sobre a percepção e de um certo discurso de empoderamento feminino para obter-se possibilidades de viver melhor, finalizando com o seguinte comentário:
“...é necessário um resgate para continuar um dito dos outros que fazem parte de nossa história, mas de muitos outros, esse olhar das pessoas sobre nós”.
 	Na continuidade dos trabalhos, a profissional Lilian apontou que a dificuldade de se relacionar com a mãe, pode haver sim uma relação com a anorexia, contudo, não se pode generalizar, destacando a relação da anorexia com a alienação e bulimia com separação, neste caso em especifico.
09. Análise do Caso Clínico
 	O tema em análise trata-se de anorexia nervosa (AN), que é explicada pela literatura medica como uma doença grave de etiologia multifatorial, a qual envolve determinada predisposição genética, vulnerabilidades psicológicas, biológicas, além de fatores socioculturais. 
 	Sua caracterização é vista como grave, pois impõe séria restrição alimentar auto imposta, e tem consequências psíquicas e orgânicas muito graves com consequente alta taxa de mortalidade. 
 	No caso em análise o caso de anorexia verificado, foi tratado por sessões de psicanalise, e ao que tudo indica, não houve um foco específico no comportamento anoréxico apontado. Assim, foram analisadas as consequências da doença em relação ao aspecto familiar, social. Sendo o método terapêutico empregado eficaz tanto na aderência ao tratamento quanto na evolução do caso.
 	Na literatura médica pertinente, encontramos os seguintes apontamentos:
Anoréxicos apresentam pouca habilidade para reconhecer e lidar com os próprios sentimentos, discriminar sensações que correspondem a si e ao outro, o que traz marcantes prejuízos emocionais e sociais Possuem identidade frágil, percepção perturbada das experiências corporais e pouca capacidade para distinguir o que é força necessária para a vida e o que é destrutivo (SILVA, 2003, p. 21). Põem em xeque a vida: reconhecem os riscos, mas os desconsideram totalmente (GIORDANI, 2006, p. 83). Exibem com frequência humor deprimido, retraimento social, grande preocupação sobre comer em público, interesse diminuído por sexo, sentimento de inutilidade, necessidade de controlar o ambiente, pensamento inflexível, espontaneidade social limitada, iniciativa e expressão emocional reprimidas. Ao longo da vida podem manter o papel materno mal elaborado, apresentando má adaptação conjugal e profissional. A evolução da AN é variável, podendo ir desde a recuperação total após episódio isolado, até padrão flutuante de ganho de peso seguido de recaídas; ou tornar-se crônica e deteriorante (BALLONE, 2006).
A grande dificuldade no tratamento da AN consiste na negação e resistência em mudar o comportamento quanto à perda de peso. Anoréxicos não desejam a cura e se regozijam com as restrições auto impostas. É comum desconfiarem de médicos, percebendo-os como inimigos que querem realimentá-los e fazê-los perder a vontade de controlar o peso, daí a forte reação negativa evocada nos cuidadores dessas pessoas (KAPLAN, 2002, p. 238, GIORDANI, 2006, p. 81).
Ressaltar as causas biológicas e genéticas da anorexia parece ser um caminho encontrado por profissionais de saúde para diminuir a culpabilização e estigmatização associada à AN (CRISAFULLI; HOLLE; BULIK, 2008).
 	Do ponto de vista da psicologia e através de simples pesquisa no Google, encontraremos a seguinte definição:
“A psicanálise aborda a anorexia por meio de aspectos subjetivos e simbólicos, que remetem à vertente inconsciente do sujeito. Já na área da psiquiatria, a doença é analisada a partir de sinais e sintomas físicos específicos, que podem ser observados a partir do exame físico sem qualquer análise subjetiva”.
 	Isto posto, verifica-se que o tratamento analítico somente foi possível diante uma demanda construída através de laços de amor e preocupação entre analista e analisado, que em razão dos acontecimentos na vida da paciente, e principalmente por isso o tratamento ocorreu e ao fim se obteve êxito. 
 	Essa função estava relacionada ao conflito, que constituía o sintoma da paciente, vez que suas relações afetivas no âmbito familiar tinham relação direta com sua enfermidade, pois neste sentido, durante toda sua existência, ela era deixada de lado sem qualquer atenção aparente, senão as ofensas proferidas pelo seu progenitor, além do fato de ter sido nomeada por sua mãe com nome que indica relação direta com a morte (Mortícia), e seu segundo nome ser o mesmo de sua irmã morta.
 	Dessa forma, o sintoma era a solução de compromisso a refletir todos os aspectos pertinentes à relação mãe e filha, intrusão materna, ausência do pai, como também provável idealização paterna, reedição edípica, fantasias, recusa emse alimentar, ausência de ideais, etc. 
 	Todas estas situações vivenciadas pela paciente, vieram à tona e receberam atenção a partir do tratamento analítico.
10. Considerações Finais
 	Cumpre destacar que os estágios básicos e profissionalizantes previstos como disciplina obrigatória nos cursos de graduação e pós-graduação em Psicologia, são instrumentos fundamentais para a estruturação e formação acadêmica, refletindo em uma aprendizagem essencial, pois vincula e integra a teoria e conhecimentos adquiridos nas aulas, com a prática do dia a dia dos profissionais da área. 
 	Desta forma, o programa de estágio supervisionado, mesmo sendo de forma remota, proporciona um meio de termos contato quase que real da atuação dos profissionais psicanalistas.
 	No caso em exame, em que o estágio somente foi possível através de debates por via remota, o que se deu em decorrência da pandemia, deixou um pouco a desejar, visto que o ambiente dentro de uma clínica, vincula o acadêmico de forma real ao cotidiano dos pacientes e profissionais, sendo para o estudante uma valiosa ferramenta, pois coloca o mesmo transitando entre os papéis de estudante da área, e de um profissional, o que irá lhe preparar para um futuro dentro da clínica, sem surpresas, vez que já estará familiarizado com a prática profissional e os desafios que se apresentam diariamente.
 	A experiência viva e real junto aos atendimentos permite que o aluno possa integrar a teoria previamente transmitida à prática vivenciada e com isso, oportunizar a aprendizagem de forma significativa. 
 	Com efeito, as singularidades e peculiaridades da disposição mental e emocional dos pacientes, remetem a profundas reflexões, acerca dos mais variados métodos e técnicas de trabalho, utilizando-se as mais diversas abordagens psicanalítica existentes.
 	Portanto, é fundamental esclarecer que no caso em exame, todas as interpretações pessoais ficavam relevadas a um segundo plano, em decorrência da necessidade de oferecer meios de se obter um tratamento realmente eficaz, voltado tão somente ao bem maior, qual seja, a saúde mental do paciente.
11. Referências Bibliográficas
O Corpo na Anorexia – SORIA, 2000, p. 335 páginas
Anorexia Nervosa, Estudo de caso com uma abordagem de sucesso – Marcia Cecilia Vianna Canete.
https://www.scielo.br/j/fractal/a/9LCjfSCNztMdPjRkFxvP4GP/?lang=pt&format=pdf
Anorexia - Tratamento - Psicanalise – Google

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