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Relatório de Estagio em Psicanálise

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA PSICANÁLISE
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	RIO DE JANEIRO - 2022	
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA PSICANÁLISE
Relatório final do Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica, na abordagem Psicanálise, apresentado ao Professor ......., como requisito básico para a conclusão do curso de graduação em Psicologia da Universidade Estácio de Sá, campus .....
RIO DE JANEIRO – 2022
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO
O presente relatório busca de forma simplificada, apresentar uma constatação e compreensão da percepção do acadêmico, no que diz respeito a prática clínica em Psicologia.Trata-se das atividades especificas do Estágio Supervisionado em Psicologia Clínica. 
O referido estágio iniciou-se no dia ........ seguindo com as atividades propostas.
Sob a supervisão do professor ......., esse estágio é baseado na referência da Psicanálise, que tem como alvo desenvolver a capacidade de pensar e diagnosticar conflitos e tensões psíquicas. Um processo que envolve entrevistas, formulações diagnósticas, indicações terapêuticas, contrato de trabalho psicoterapêutico, setting, transferência e contratransferência, somados à atividade interpretativa.
Necessário salientar que, nesta observação e estudo do relacionamento psicoterapêutico, juntamente com as emoções experimentadas, é respeitada a regra fundamental da psicanálise, e também relaciona essas experiências vividas nos atendimentos, com o referencial teórico proposto para a produção de conhecimento sob a forma de comunicação científica.
É notório que a necessidade da realização do estágio sempre conciliará o conhecimento acadêmico com a experiência obtida no ambiente de trabalho, vez que esclarece os mais diversos pontos e por sua vez ocorre a complementação da prática nas questões e temas apresentados em aulas pelo professor.
Desta maneira, o estágio se configura e se estabelece como um grande laboratório da vida acadêmica e agrega ética e aprendizado, trazendo muitos desafios e situações das mais inusitadas, em que o estudante terá que pôr em prática o conteúdo obtido em sala de aula, os conceitos e técnicas que lhe foram ensinados para a resolução das mais diversas questões que se apresentam no dia a dia do profissional.
Ao acadêmico, tal experiência vivenciada, proporciona uma experiência única, ocasião em que coloca em prática o conhecimento adquirido, absorve novos conhecimentos e agrega a teoria com a prática.
Palavras-chave: Psicologia. Saúde mental. Ênfase clínica. Psicanálise.
APRESENTAÇÃO DA ESTAGIÁRIA
Aluna: ....... 
Matrícula: 
Período: 
E-mail: .................
Estágio Supervisionado na área: Psicologia e Processos Clínicos - Psicanálise
Professor: .......
AUTO AVALIAÇÃO
Nesse processo de estagiária, ressalto meu esforço em sempre estar presente nas supervisões e expressando meus comentários sobre os textos propostos em aula e tirando minhas dúvidas sobre os atendimentos dos outros colegas, sem receio de estar acertando ou errando. O estágio me trouxe mais paixão pela minha futura profissão, especialmente pela Psicanálise.
Não tive oportunidade de atender pacientes neste semestre, mas com as leituras dos diversos relatórios realizados pelos estagiários, conheci diferentes queixas de pacientes, tendo a possibilidade de discutir com o grupo supervisionado, as questões pertinentes aos casos, podendo aprimorar ainda mais meus conhecimentos. 
O estágio é uma valiosa ferramenta para o estudante, pois coloca o mesmo transitando entre os papéis de estudante da área, e de um profissional, o que irá lhe preparar para um futuro dentro da clínica, sem surpresas, vez que já estará familiarizado com a prática profissional e os desafios que se apresentam diariamente. 
CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADA
A Clínica de Psicologia da Universidade Estácio de Sá, unidade ......., tem inscrições para atendimentos psicológicos à comunidade, as consultas são gratuitas e destinadas a diferentes tipos de públicos, como crianças, adolescentes, adultos, idosos, casais e famílias. 
A infraestrutura do SPA possui sala de recepção e vários consultórios de atendimentos. É um espaço vinculado ao curso de psicologia, e se destina à formação de profissionais da área através da integração e consolidação dos ensinamentos propostos pelo projeto pedagógico do curso, assim como, através do atendimento à comunidade da cidade do Rio de Janeiro. 
O estágio supervisionado visa a preparação dos acadêmicos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior para o trabalho produtivo. 
Nesse processo o estagiário deverá atender processualmente um paciente em um dia da semana e em um horário especifico.
A clínica situa-se na Av......, e funciona de segunda à sexta- feira, no horário das 9hs às 21hs.
CARACTERIZAÇÃO DA SUPERVISÃO
A supervisão acadêmica objetiva acompanhar, assessorar e orientar os alunos quanto ao cumprimento das tarefas e exigências teóricas e práticas dos estágios supervisionados.
O supervisor é responsável pela avaliação e aprovação do aluno, levando em consideração os critérios pautados no Código de Ética e zelando, sempre, pelo bom nome do curso de Psicologia e da Estácio.
Assim, cumpre informar que através dos dados colhidos nos encontros, a supervisão clínica psicanalítica, normalmente ocorre com um terapeuta apresentando determinado material obtido com sua prática clínica a um outro terapeuta, onde este relata da forma mais precisa possível, os fatos que ocorreram durante uma sessão psicanalítica.
SOBRE OS ENCONTROS 
As minhas atividades de Supervisão em Psicanálise, se deram sob a orientação do professor ......., nos meses de abril, maio e junho de 2022, todas as sextas-feiras, iniciando às 07:50hs e com término às 11:20hs.
Cumpre esclarecer que participei de sete encontros, (...............), cada qual com uma temática diferente, visando o tratamento clínico de pacientes do SPA, utilizando-se métodos e técnicas inseridas dentro da abordagem psicanalítica.
Todos os casos eram semanalmente levados à supervisão, relatados, corrigidos e discutidos em grupo. 
Em algumas supervisões, discutimos também a ideia de que o psicólogo deve tratar inicialmente da queixa trazida pelo paciente, que muitas vezes se diferencia do seu verdadeiro problema, sendo assim, geralmente o verdadeiro problema virá à tona no decorrer das sessões. 
Questionamos e discutimos sobre o código de ética do profissional da área de psicologia, como no caso do estagiário ou mesmo do profissional realizar entrevistas ou terapia por telefone. 
Assim, foi possível debatermos junto ao supervisor, e tirarmos as dúvidas decorrentes das práticas de conhecimentos e teorias envolvidas com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar dos indivíduos, possibilitando-nos uma vaga noção desta experiência que será de extrema importância no futuro profissional. O que agregou conhecimento a uma futura qualificação.
Além dos aspectos imprescindíveis para a formação do psicólogo que são praticadas, tais como: o sigilo, a ética e a escuta. Nesse sentido, torna-se papel dos psicólogos contribuir intervindo nas situações conflitantes, que causam desconforto nos indivíduos, utilizando principalmente da ferramenta da escuta.
Os estagiários estavam muito empenhados, e a cada semana, seus relatos e vivências foram aprimorados, e todos acrescentaram muito ao grupo.
REFERENCIAIS TEÓRICOS
Interpretação: As Respostas do Analista
Colette Soler nomeou as respostas do analista na seguinte ordem: a promessa, em primeiro lugar; a demanda de dizer, logo em seguida; a interpretação, em terceiro lugar. O termo “promessa” se extrai do texto freudiano e se refere à importância do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose. De acordo com Freud, não podemos prometer a cura da psicose. 
A transferência é apenas promessa de análise,e a análise, promessa de passe, é também promessa de analista.
Quinet, A (2009). As funções das entrevistas preliminares
Freud ([1913] 1996) relatou ter o hábito de fazer um “tratamento de ensaio”, no início do atendimento do paciente, antes da análise propriamente dita, para evitar a sua interrupção após certo tempo, ligada à transferência. O primeiro objetivo seria ligar o paciente ao tratamento e à pessoa do analista, e estabelecer o diagnóstico, em particular, a diferença entre neurose e psicose.
Lacan ([1955-1956] 1998) chamou de “entrevistas preliminares” esse limiar, essa porta de entrada para a análise propriamente dita, um tempo de trabalho prévio antes de adentrar o discurso analítico. Esse preâmbulo é considerado por Lacan uma condição absoluta, não havendo entrada em análise sem as entrevistas preliminares (QUINET, 1991).
A função das entrevistas preliminares apontadas pela psicanálise lacaniana e ressaltadas por António Quinet (1991) em seu artigo: As Funções das Entrevistas Preliminares, amarrado com a experiência no estágio. Pensaremos como esta questão já era vista na teoria freudiana. 
Perceberemos a importância deste momento, desde a construção transferencial até a obtenção de um diagnóstico estruturado pela psicanálise. Uma das formas importantes que perceberemos neste percurso é que ambos, analista e analisando, precisam se aceitar em análise e este é o primeiro passo de um longo processo que pode ser possível.
As entrevistas preliminares é o momento onde há uma análise e um acolhimento pela associação livre, porém um dos objetivos é fazer que o analista decida se ele levará adiante aquele atendimento ou não. Então, refleti sobre a importância das entrevistas preliminares para os analistas, para que ele possa conhecer o caso antes de decidir atendê-lo. A consequência dessa avaliação é produtiva tanto para quem será atendido como para quem irá atender. É bom conhecer os seus próprios limites.
Sobre o início do tratamento (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise I).
As entrevistas preliminares nem sempre tiveram essa nomenclatura, foram inicialmente chamadas por Freud de “análise de prova” ou mesmo “tratamento de ensaio”. Já em Lacan obtivemos a nomenclatura utilizada atualmente. De acordo com Freud (1913), para que o processo de análise aconteça e se atinja um determinado caminho para que o analista possa cumprir sua promessa de cura. Freud (1913), nesse texto refere-se à prática de um tratamento de ensaio para evitar a interrupção da análise, a fim de se conhecer o caso e decidir sobre a possibilidade de sua analisabilidade; como exemplo, a falta de compreensão interna (insight) do paciente poderia ser um empecilho. Esse período, o qual Freud (1913) nomeava de tratamento preliminar é, ele próprio, o início da análise e, portanto, considera a regra fundamental da associação livre.
Ao fim do texto, Freud diz sentir-se cético e pouco esperançoso, quanto ao tratamento analítico de familiares dos pacientes. Não especifica se pelo mesmo terapeuta, mas creio que se pode depreender que sim. E escreve:
"Dificuldades especiais surgem quando o analista e seu novo paciente, ou suas famílias, acham-se em termos de amizade ou têm laços sociais um com o outro. O psicanalista chamado a encarregar-se do tratamento da esposa ou do filho de um amigo deve estar preparado para que isso lhes custe essa amizade, qualquer que seja o resultado do tratamento; todavia, terá de fazer o sacrifício, se nao puder encontrar um substituto merecedor de confiança." p 141.
Recordar, repetir e elaborar (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise II).
Em seu primoroso trabalho "Recordar, repetir e elaborar", no qual descreve fenômenos que estão na base do pensamento psicanalítico, Freud (1914/1980) observa que o paciente repete no relacionamento com o analista comportamentos e atitudes característicos de experiências iniciais. Ele assinala que "o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu ou reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem, naturalmente saber o que está repetindo" (p.196). 
No texto, Freud pontua algumas alterações que a técnica psicanalítica sofreu desde o seu surgimento. Começando pela técnica de catarse de Breuer, que focalizava o momento em que o sintoma se formava e em recordar e ab-reagir com auxilio. Depois do abandono da hipnose, veio o uso da técnica de associação livre que tinha o intuito de descobrir o que o paciente deixava de recordar, resistência sendo contornada através da interpretação. Mas a ab-reação vai para segundo plano, pois agora o paciente é obrigado a superar a censura das associações livres. Assim, ele passa a citar então a técnica sistemática utilizada “atualmente”, onde o analista não se foca mais no problema ou em um momento específico, mas sim em tudo o que se encontre presente, no momento, na mente do paciente, fazendo uso da interpretação para identificar resistências e torná -las conscientes ao paciente. Grosso modo, o objetivo de tal trabalho seria superar as resistências ocasionadas pela repressão (preencher lacunas na memória).
Freud diz que devemos ser gratos a técnica da hipnose, pois através dela foram criadas novas situações para o tratamento analítico. Nos tratamentos hipnóticos o processo de recordar era feito de forma simples, o paciente voltava em um momento passado e relatava os processos mentais ocorridos naquele momento.
Freud faz também algumas considerações que acredita serem confirmadas por analistas através de suas observações: esquecer impressões, cenas ou experiências quase sempre se reduz a interceptá-las.
Processos psíquicos (fantasias, processos de referência, impulsos emocionais, vinculações de pensamento) não podem ser contrastados com impressões e experiências, deve-se na relação com o esquecer e o recordar, ser considerado separadamente.
O paciente não “recorda” coisa alguma do que esqueceu e reprimiu, mas o expressa pela atuação (acting out), reproduzindo-o não como lembrança, mas sim como ação e repete-o naturalmente, sem saber que está repetindo.
É através dessa repetição, que segundo Freud, o paciente começará o seu tratamento, e o que interessa ao analista é a relação desta compulsão à repetição com a transferência e com a resistência. O paciente se sujeita a repetição (que agora substitui o impulso a recordar) em cada diferente atividade e relacionamento que possam ocupar sua vida. O papel que a resistência ocupa nessa relação, também é facilmente identificado, pois, quanto maior a resistência, mais a atuação (repetição) irá substituir o recordar. Usando as palavras de Freud: “o paciente repete ao invés de recordar e repete sob condições da resistência” (1914, p.167).
E o que se repete de fato? “Repete tudo o que já avançou a partir das fontes do reprimido para sua personalidade manifesta – suas inibições, suas atitudes inúteis e seus traços patológicos de caráter. Repete também todos os seus sintomas, no decurso do tratamento.” (FREUD, 1914, P.167). A partir disso, Freud afirma que deve-se tratar a doença como uma força atual, não como um acontecimento do passado e que, parte do trabalho terapêutico consiste em remontar o paciente ao passado enquanto este experiencia sua enfermidade como algo real e contemporâneo.
Segundo Freud, pode haver também um problema inevitável, a ‘deterioração durante o tratamento’, já que o início do tratamento em si pode gerar uma mudança de atitude do paciente em relação a sua doença . O paciente deve criar coragem para dar atenção aos fenômenos de sua doença e esta não deve mais parecer-lhe desprezível. Caso esta sua nova atitude em vista de sua doença intensifique os conflitos e evidenciem sintomas antes vagos, “podemos facilmente consolar o paciente mostrando-lhe que se trata apenas de agravamentos necessários e temporários e que não se pode vencer um inimigo ausente ou fora de alcance.” (FREUD, 1914, p.168).
Através do manejo da transferência, Freud diz que se pode reprimir a compulsão do pacientee a sua repetição e transformá-la num motivo para recordar. A compulsão torna-se inofensiva e útil quando lhe é concedida o direito de se afirmar em um campo definido. “A partir das reações repetitivas exibidas na transferência, somos levados ao longo dos caminhos familiares até o despertar das lembranças, que aparecem sem dificuldade, por assim dizer, após a resistência ter sido superada.” (FREUD, 1914, p.170).
O primeiro passo para superar a resistência é dado quando o analista revela e familiariza o paciente a resistência que nunca é reconhecida por este. Faz-se necessário lembrar de que nomear a resistência não resulta em sua cessão imediata. É necessário dar ao paciente tempo para que este possa conhecer melhor essa resistência, elaborá-la e logo após superá-la. “Só quando a resistência está em seu auge é que pode o analista, trabalhando em comum com o paciente, descobrir os impulsos instituais reprimidos que estão alimentando a resistência; e é este o tipo de experiência que convence o paciente da existência e do poder de tais impulsos.” (FREUD, 1914, ps. 170 - 171).
Freud abordando a dificuldade do principiante em Psicanálise em lidar com a transferência, que surge na associação livre a partir dos conteúdos reprimidos.
Ele destaca que o fenômeno da transferência não pode ser descartado e tomando como exemplo um caso de uma paciente que se apaixona por seu analista, ele afirma que esse amor transferencial é inerente à relação terapêutica e o analista deve estar ciente de que este amor não faz parte de uma conquista e nem é mérito dele.
Segundo Freud , este fenômeno que ocorre constantemente é um dos fundamentos da teoria psicanalítica e pode ser avaliado a partir de dois pontos de vista: o do médico e o da paciente que dele necessita (p. 178, 2006).
Segundo Freud (1911-1913), o amor transferencial é um fenômeno valioso, já que possibilita um esclarecimento de conteúdos relevantes para análise, serve como advertência útil contra qualquer tendência a uma contratransferência que pode estar presente em sua própria mente.
Caso haja interferência de terceiros e influência para interromper o tratamento ou mesmo por decisão própria este amor “fadado a permanecer oculto e não analisado nunca poderá prestar ao restabelecimento da paciente a contribuição que a análise teria extraído.” (FREUD, 2006, p. 179).
Independente da opção a ser feita de dar continuidade ao tratamento ou de interrompê-lo uma apaixonada exigência de amor é em grande parte trabalho da resistência.
No momento em que o analista se aproxima dos conteúdos reprimidos que deveriam ser trabalhados na análise, a resistência aparece utilizando-se do amor transferencial a fim de romper o tratamento, desviar o interesse do analista e colocá-lo em má situação.
Ainda sobre a resistência, Freud afirma que tal fato impossibilita a paciente de obter sua compreensão interna (insight), desfavorecendo o desvelamento do reprimido, já que está completamente envolvida por seu amor.
A transferência e a resistência que vem à tona por meio do amor transferencial fazem com este seja necessário e um instrumento da técnica analítica, trazendo o reprimido à consciência para ser trabalhado e não para ser reprimido mais uma vez.
No processo terapêutico, o analista deve usar da mesma sinceridade que é cobrada do paciente. Afinal, ambos correm o risco de caírem na armadilha abandonar a neutralidade da relação, já que não há como garantir total controle da contratransferência.
Ao longo do processo, o que poderíamos oferecer nunca seria mais que um substituto, pois a condição da paciente é tal que, até suas repressões sejam removidas, ela é incapaz de alcançar a satisfação real (...) o trabalho visa então, a des vendar a escolha ob jeta l infa ntil. (FREUD, 2006, p.181)
Observações sobre o amor transferencial (Novas recomendações sobre a técnica da psicanálise III).
A diferença é que na análise esse amor não passa despercebido e torna-se não só [...] a mola que produz a propulsão para que haja a análise, mas também os obstáculos do trabalho analítico (FERREIRA, 2005, p. 74). 
O papel desempenhado pela resistência no amor transferencial é inquestionável. Entretanto, a resistência não cria esse amor; encontra-o pronto, à mão, utiliza-se dele e agrava suas manifestações. Dessa forma, Freud afirma que ao evocar o amor transferencial quando o analista institui o tratamento analítico, busca -se assim curar a neurose da paciente.
Com as palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade, pois eles, os poetas, é que sabem falar do amor.
Amar
Que pode uma criatura senão,
Entre criaturas, amar?
Amar e esquecer, amar e mal amar,
Amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal, senão
Rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
É sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
O que é entrega ou adoração expectante,
E amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor, um chão de ferro,
E o peito inerte, e a rua vista em sonho,
E uma ave de rapina.
Este o nosso destino: Amor sem conta,
Distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
Doação ilimitada a uma completa ingratidão,
E na concha vazia do amor à procura medrosa,
Paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
E na secura nossa, amar a água implícita,
E o beijo tácito, e a sede infinita..
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Filme: O Mínimo Para Viver
O filme revela que a anorexia é um processo difícil, requer ajuda profissional e muito suporte, seja familiar ou profissional. Não basta informar, dialogar, exigir, é preciso buscar ajuda, ter paciência, carinho, cuidado, e, respeitar o tempo de cada um. Independente da forma em que o assunto é abordado, a melhor mensagem do filme é que precisamos falar mais sobre o assunto, para que mais pessoas possam compreender a necessidade de buscar ajuda diante dos diferentes transtornos alimentares. 
Série: Psi
Série dramática filmada em São Paulo, que narra, com toques cômicos, as aventuras do psiquiatra e psicólogo Carlo Antonini, dentro e fora do consultório. Interessado em casos pouco convencionais, ele sofrerá na vida pessoal as consequências de lidar com os temas existenciais do mundo moderno, que vão fazê-lo reavaliar o sentido da sua profissão. 
Filme: Melancolia
O que fazer diante do inevitável? Esta é a pergunta feita por este filme, usando como pano de fundo, o choque entre os planetas. Lars Von Trier explora e expõe com requinte, que lhe é peculiar, os sentimentos, claros e sombrios, e as reações, revelando sobretudo a nós mesmos, quem somos e até aonde podemos chegar.
Mais do que apenas o fim do mundo, Melancolia nos mostra o fim de algo muito desejado, a felicidade.
COMENTÁRIOS SOBRE A PSICANÁLISE
A psicologia trata e estuda os fenômenos comportamentais, bem como os processos mentaisdo ser humano, bem como suas interações com o ambiente físico e social.
Desta maneira, é nítido que o objetivo da psicologia é diagnosticar, prevenir e tratar distúrbios emocionais, razão pela qual o profissional da área de psicologia utiliza de métodos capazes de analisar os fenômenos comportamentais e psíquicos dos indivíduos sob análise.
Assim, cumpre esclarecer que a psicanálise é uma das abordagens da psicologia, sendo uma linha de pensamento que apareceu no fim do século XIX, na figura de Sigmund Freud, tendo como norte, a análise do inconsciente humano como meio para conseguir compreender os processos mentais da pessoa, se tornando conhecido como "teoria da alma", pois se concentra na relação entre o inconsciente e indivíduo, quando da interpretação dos processos da psique no nível do inconsciente humano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cumpre destacar que os estágios básicos e profissionalizantes previstos como disciplina obrigatória nos cursos de graduação em Psicologia, são instrumentos fundamentais para a estruturação e formação acadêmica, refletindo em uma aprendizagem essencial, pois vincula e integraa teoria e conhecimentos adquiridos nas aulas, com a prática do dia a dia dos profissionais da área.
Desta forma, o programa de estágio supervisionado, proporciona um meio de termos contato quase que real da atuação dos profissionais psicanalistas.
A experiência viva e real junto aos atendimentos permite que o aluno possa integrar a teoria previamente transmitida à prática vivenciada e com isso, oportunizar a aprendizagem de forma significativa.
Com efeito, as singularidades e peculiaridades da disposição mental e emocional dos pacientes, remetem a profundas reflexões, acerca dos mais variados métodos e técnicas de trabalho, utilizando-se as mais diversas abordagens psicanalíticas existentes.
As orientações dadas pelo supervisor ......., que permitia a discussão, correção e entendimento de todos os casos estudados, foram de suma importância para o enriquecimento de meus conhecimentos, obtendo do supervisor todo o suporte necessário para meu aprendizado prático e teórico. 
Acredito que o ideal proposto pela disciplina tenha sido alcançado com a realização dos objetivos propostos no início do semestre que eram o de trazer embasamento e aprimorar meus conhecimentos para uma futura prática profissional na área de psicologia clínica.
REFERÊNCIAS
de Freitas Carneiro, A. B., Pena, B. F., & Cardoso, I. M. (2016). Entrevistas preliminares: marcos orientadores do tratamento psicanalítico. Reverso, 38(71), 27-36.
Freud, S. (1912). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, v. XII.
Freud, S. (1969). Observações sobre o amor transferencial (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 12). 
Freud, S. (2021). Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Imago Editora. 
Freud, S. (1914). Repetir, recordar e elaborar. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 12, 193-203.
Maia, A. B., de Medeiros, C. P., & Fontes, F. (2012). O conceito de sintoma na psicanálise: uma introdução. Estilos da clínica, 17(1), 44-61.
QUINET, A. (2009). As funções das entrevistas preliminares. _____. As, 4(1), 15-37.
Ancona-Lopes, M. (1995). Psicodiagnóstico: processo de intervençäo. In Psicodiagnóstico: processo de intervençäo (pp. 239-239).
Baratto, G. (2010). Genealogia do conceito de transferência na obra de Freud. Estilos da clínica, 15(1), 228-247.
da Costa Salles, A. C. T. (2019). Amor de transferência: o que resta no final da análise?. Reverso, 41(77), 31-37.
Maurano, D. (2003). Para que serve a psicanálise? (Vol. 21). Zahar.
Santos, M. A. D. (1994). A transferência na clínica psicanalística: a abordagem freudiana. Temas em Psicologia, 2(2), 13-27.
Zambelli, C. K., Tafuri, M. I., Viana, T. D. C., & Lazzarini, E. R. (2013). Sobre o conceito de contratransferência em Freud, Ferenczi e Heimann. Psicologia Clínica, 25(1), 179-195.
LACAN, J. (1985). O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise (1954-1955). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
Freud, S. (2019). O mal-estar na civilização. LeBooks Editora.
Peres, R. S. (2005). Resenha: a psicanálise no divã.
Viscott, D. S. (1982). A linguagem dos sentimentos. Grupo Editorial Summus.
SOLER, C. (1995).Interpretação: as respostas do analista.Opção Lacaniana.

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