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Introdução Roteiro de aula: Doença o Doença é definida pelo dicionário como “Alteração na saúde, no equilíbrio dos seres vivos; moléstia”; o A doença não fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (BRÊTAS Saúde o “Bom funcionamento Psico-Social.” o “Estado de completo bem ausência de doença ou enfermidade consecução do mundial, cuja econômicos, o “... em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das c alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (BRASIL, 1986). A inexistência do conceito exato para o termo Saúde deve culturais pelas quais a Brasil ou qualquer lugar do mundo, de acordo com sua conjuntura econômica, política e cultural de determinada O fato de o conceito de saúde ser impreciso, dinâmico e abrangente não impede que seja possível tomá-lo como eixo para a reorientação das práticas de saúde (SABROZA, 2001). Graduação em Enfermagem Introdução à Enfermagem na Saúde Coletiva Prof.ª Dr.ª Ana Eloísa C. de Oliveira aula: História Natural da Doença / Processo saúde-doença Doença é definida pelo dicionário como “Alteração na saúde, no equilíbrio dos moléstia”; não pode ser compreendida apenas por meio fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo (BRÊTAS e GAMBA, 2006). funcionamento orgânico; Ausência de doenças; Completo Social.” “Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente à ausência de doença ou enfermidade – é um direito fundamental, e que do mais alto nível de saúde é a mais importante cuja realização requer a ação de muitos outros além do setor saúde” (OMS,1948). “... em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das c alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (BRASIL, A inexistência do conceito exato para o termo Saúde deve-se às variações históri a evolução do homem e das organizações humanas Brasil ou qualquer lugar do mundo, de acordo com sua conjuntura econômica, política determinada organização social (ARAÚJO; XAVIER, 2014). conceito de saúde ser impreciso, dinâmico e abrangente não impede que lo como eixo para a reorientação das práticas de saúde (SABROZA, doença Doença é definida pelo dicionário como “Alteração na saúde, no equilíbrio dos meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo Completo bem-estar Bio- estar físico, mental e social, e não simplesmente à é um direito fundamental, e que a importante meta social setores sociais e “... em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” (BRASIL, se às variações histórico- humanas passou, seja no Brasil ou qualquer lugar do mundo, de acordo com sua conjuntura econômica, política 2014). conceito de saúde ser impreciso, dinâmico e abrangente não impede que lo como eixo para a reorientação das práticas de saúde (SABROZA, Processo saúde-doença o O pensamento sobre o que é saúde e doença já se verificava há muitos séculos, antes mesmo das explicações científicas. o Pode-se dizer, em termos de sua determinação causal, que o processo saúde- doença representa o conjunto de relações e variáveis que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que variam em diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade (ALMEIDA, 2002). Percurso histórico do processo saúde-doença o Antiguidade: A doença era atribuída a causas externas cuja explicação estava em fatores sobrenaturais, para posteriormente vincular-se ao caráter religioso, envolvendo a igreja como local e os sacerdotes como mediadores da cura. o Grécia antiga: No início, a Medicina na Grécia Antiga era uma mescla de concepções mágicas e religiosas e de receitas práticas para o tratamento das doenças. Por volta do século 6º a. C., o mundo grego passou por profundas transformações, que se estenderam também à Medicina. Houve um enfraquecimento das crenças mitológicas – não abandonadas completamente. Então, Hipócrates considerou que o corpo humano é unidade organizada e a doença é a desorganização desse estado que é causado tanto pela desorganização dos fluidos corpóreos, quanto por fatores ambientais, como: clima, geografia, alimentação, trabalho excessivo. o Idade Média: Sob forte influência do cristianismo, o modo de viver e a concepção da doença eram tidos como resultado do pecado e a cura como questão de fé. Algumas das postulações hipocráticas continuaram tendo respaldo, principalmente as que alertavam para as questões sanitárias, higiênicas e alimentares. o Período do Renascimento: Surgiu, no século XVII, a teoria miasmática, cuja explicação da doença estava nas partículas invisíveis, os miasmas. Condições de saúde-doença causadas pelos miasmas que emanavam do solo, do ar e da água, emanados principalmente locais como pântanos, como também de matéria orgânica pútrida, em decomposição. Tal conceito foi responsável por medidas sanitárias com: enterro dos mortos, aterro dos excrementos humanos, maior ventilação de hospitais e coleta de lixo. o Século XIX – Era bacteriológica: Com o advento do microscópio e o descobrimento da existência de microorganismos, possíveis causadores de enfermidades, que registrou efetivamente avanços nos estudos sobre as doenças, suas causas e métodos de tratamento (inicialmente soros e vacinas), agora centrando bacteriológica. o Modelo Unicausal: agente biológico; Concepção da doença delimitada ao biológico, abstrai qualquer aspecto relativo às condições de vida do doente (OLIVEIRA; EGRY, 2000). Destaca fragmentado(r), biologic hospitalocêntrico, uso exagerado de tecnologia dura e centrado no profissional médico. o Século XX: A insuficiência da teoria unicausal da doença abre espaço para a formulação de o Atual: Multicausalidade/Multifatorialidade Apresenta-se principalmente na singularidade de cada sujeito, envolvendo o indivíduo, a doença, a família e o contexto histórico enfermidade e o Modelo Multicausal: químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos de doenças, frequência, gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiais de vida, como: (SCLIAR, 2007). algumas literaturas Enquanto no modelo unicausal, com foco biomédico, o conceito de saúde prevalece na condição lógica exclusivamente em razão da ausência da doença (primordialmente sobre a doença infecciosa), no modelo multicausal, privilegia História Natural da Doença. agora centrando a procura da causa em um agente causal de bacteriológica. Unicausal: O modelo centra a explicação da doença num agente biológico; Concepção da doença delimitada ao biológico, abstrai qualquer aspecto relativo às condições de vida do doente (OLIVEIRA; EGRY, 2000). Destaca-se o modelo biomédico, com características como: Especialista, fragmentado(r), biologicista, desumanizado (enfoque na doença e no órgão), hospitalocêntrico, uso exagerado de tecnologia dura e centrado no profissional A insuficiência da teoria unicausal da doença abre espaço para a de explicações multicausais. Multicausalidade/Multifatorialidade – processo saúde se como alternativa que se centra não só principalmente na singularidade de cada sujeito, envolvendo o indivíduo, a doença, a família e o contexto histórico social/cultural na compreensão da enfermidade e no estabelecimento de estratégias de conduta.Modelo Multicausal: Incorpora os fatores socioeconômicos, culturais, físicos químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos de doenças, frequência, gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiais como: moradia, salário, alimentação, educação, 2007). Destaca-se nesse momento um modelo literaturas como modelo biopsicossocial. Enquanto no modelo unicausal, com foco biomédico, o conceito de saúde prevalece na condição lógica exclusivamente em razão da ausência da doença (primordialmente sobre a doença infecciosa), no modelo multicausal, privilegia-se o conheci Doença. origem num único fator: o agente biológico; Concepção da doença delimitada ao biológico, abstrai-se de qualquer aspecto relativo às condições de vida do doente (OLIVEIRA; EGRY, se o modelo biomédico, com características como: Especialista, ista, desumanizado (enfoque na doença e no órgão), hospitalocêntrico, uso exagerado de tecnologia dura e centrado no profissional A insuficiência da teoria unicausal da doença abre espaço para a saúde - doença; na doença, mas principalmente na singularidade de cada sujeito, envolvendo o indivíduo, a social/cultural na compreensão da conduta. Incorpora os fatores socioeconômicos, culturais, físicos químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos de doenças, frequência, gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiais saneamento, etc denominado por Enquanto no modelo unicausal, com foco biomédico, o conceito de saúde prevalece na condição lógica exclusivamente em razão da ausência da doença (primordialmente se o conhecimento da História Natural da Doença o Conceito: Ciência que estuda o processo de saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle e erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde (ROUQUAYROL,2003). o O conceito de saúde ganha estruturação explicativa proporcionada pelo esquema da tríade ecológica (agente, hospedeiro e meio ambiente). Ou seja, considerando um conjunto de processos interativos que cria o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. o Analisa fatores ambientais e socioculturais que tenham influência na eclosão das doenças e nas condições de saúde. o Objetivos: Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas; proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades; identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. A História Natural da Doença abrange a doença em dois meios: o Meio externo (ou meio ambiente) – local onde se desenvolve todas as etapas para a determinação da doença. Ex: fatores físicos, biológicos e sociopolítico-culturais. o Meio interno – local onde se processa modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas. Neste meio atuam fatores intrínsecos, fatores hereditários ou congênitos. Evolução do processo patológico o Períodos: Pré-patogênese: Evolução da dinâmica entre fatores externos e internos, até o estabelecimento de uma configuração propícia a instalação da doença. Patogênese: Desenvolvimento do processo patológico no homem; Inicia-se com as primeiras alterações que o agente patogênico provoca no sujeito afetado, seguido de alterações celulares, dos órgãos e sistemas, evoluindo para sequelas, cronicidade, morte ou cura. o Pré- patogênese - Agentes patogênicos: Agentes físicos e químicos: interagem com a unidade celular. Ex: radiação (câncer), mercúrio (alterações neurológicas. Biopatógenos: Bioagente que tem ação direta sobre o meio interno do corpo humano. Exemplos: Verminoses - (ancilostomídeo, nematódeos) Agentes nutricionais: carência (xeroftalmia – cegueira causada pela carência de vitamina A) ou excesso de um fator (obesidade mórbida). o Pré-patogênese - A doença é resultado de determinantes: Determinantes econômicos: renda x doença Determinantes biológico: presença do agente etiológico, vetor, reservatório, hospedeiro. Determinantes ecológicos: produzidos por fatores naturais ou artificiais (poluição). Determinantes culturais: preconceitos, hábitos, crendices. Determinantes psicossociais: fatores que atuam no psiquismo humano. Ex: desemprego, isolamento social, carência afetiva. o Patogênese - Considera quatro níveis de evolução da doença: 1. Interação agente-sujeito: nesta etapa, alguns fatores agem predispondo o organismo à ação subsequente de outros agentes patógenos. Ex: a má nutrição, por exemplo, predispõe à ação patogênica do bacilo da tuberculose. 2. Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas: neste estágio, a doença já se implantou no organismo afetado. Embora não se percebam manifestações clínicas, já ocorrem alterações histológicas de caráter genérico em nível subclínico. 3. Sinais e sintomas: superado o horizonte clínico, os sinais iniciais da doença, ainda confusos, tornam-se nítidos, transformando-se em sintomas. Desfecho da doença: cura ou sequela ou morte. 4. Cronicidade: a evolução clínica da doença pode conduzir o doente a um estado de cronicidade ou a um dado nível de incapacidade física por tempo variável. Desfecho: cura ou invalidez permanente ou morte. Prevenção o A noção de prevenção tem como fundamento o processo patológico da História Natural da Doença. o Conceito: É a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência, através de esforços organizados da comunidade para o saneamento do meio ambiente, o controle de infecções na comunidade, a organização de serviços médicos e paramédicos par o diagnóstico precoce e o tratamento preventivo de doenças, e o aperfeiçoamento da máquina social, que irá assegurar a cada indivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida adequado à manutenção da saúde (LEAVEL; CLARK, 1976). Níveis de prevenção o Prevenção primária PRÉ-PATOGÊNESE 1º Nível: Promoção da saúde 2º Nível: Proteção específica o Prevenção secundária PATOGÊNESE 3º Nível: Diagnóstico precoce e tratamento imediato 4º Nível: Limitação da invalidez o Prevenção terciária PATOGÊNESE 5º Nível: Reabilitação Prevenção primária o 1º Nível – PROMOÇÃO DA SAÚDE: As medidas adotadas não se dirigem a determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar geral. Ex: moradia adequada, escolas, áreas de lazer, alimentação adequada. o 2º Nível – PROTEÇÃO ESPECÍFICA: É a prevenção em seu sentido convencional e compreende medidas aplicáveis a uma doença ou grupo de doença específicas, visando interceptá-la antes que atinja o homem. EX: imunização, saúde ocupacional, higiene pessoal. Prevenção secundária o 3º Nível – DIAGNÓSTICO PRECOCE E TRATAMENTO IMEDIATO: Tem por finalidade evitar a contaminação de terceiros, curar ou estacionar o processo evolutivo da doença e evitar a invalidez prolongada. Ex: exames periódicos, isolamento, tratamento. o 4º Nível – LIMITAÇÃO DA INVALIDEZ: Prevenção ou retardo das consequências de moléstias clínicas avançadas. EX: evitar sequelas. Prevenção terciária o 5º Nível – REABILITAÇÃO: Tem por finalidade recolocar o indivíduo afetado em posição útil na sociedade com a máxima utilização de sua capacidade restante. Ex: interrupção de um processo patológico, prevenção da incapacidade total – Fisioterapia, Terapia Ocupacional. Atenção: o Cuidados tantocurativos quanto preventivos, se excessivos, comportam-se como um fator de risco para saúde. Em 2003 foi proposto um conceito relativamente pouco discutido que visa proteger os pacientes da intervenção médica desnecessária e prevenir iatrogenias: PREVENÇÃO QUATERNÁRIA (NORMAN; TESSER, 2009). o A prevenção quaternária visa a detecção de indivíduos em risco de tratamento excessivo para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis. o Ela providencia cuidados médicos que sejam cientificamente e medicamente aceitáveis, necessários e justificados: o máximo de qualidade com o mínimo de intervenção possível. Referências ARAÚJO, J.S. de; XAVIER, M.P. O conceito de saúde e os modelos de assistência: considerações e perspectivas em mudança. Revista Saúde em Foco, Teresina, v. 1, n. 1, art. 10, p. 117-149, jan. / jul. 2014. ALMEIDA, E.S.; CASTRO, C.G. J.; VIEIRA, C.A.L. Distritos sanitários: concepção e organização. Para gestores municipais de serviços de saúde. 2ª. ed. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. VIII Conferência Nacional de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 1986. (Anais). BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 5, n. 1, p. 163-177, 2000 . BRÊTAS, A.C.P.; GAMBA, M.A. Enfermagem e saúde do adulto. Barueri: Manole, 2006. LANGDON E.J., WIIK F.B. Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev Lat Am Enfermagem. 2010; v.18, n.3, p.459-66. NORMAN, A. H., TESSER, C. D. Prevenção quaternária na atenção primária à saúde: uma necessidade do Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 25, n. 9, p. 2012-2020, Set. 2009. OLIVEIRA, M.A.C.; EGRY, E.Y. A historicidade das teorias interpretativas do processo saúde- doença. Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, v. 34, n. 1, jan. 2000. SABROZA, P. C. Concepções de Saúde e Doença. Rio de Janeiro: EAD, Ensp, 2001. (Texto de Apoio ao módulo I do Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde) SCLIAR, M. História do Conceito de Saúde. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n.1, p. 29-41, 2007.
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