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Ordem Econômica

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Ordem Econômica
A Constituição de 1988 inopcou ao tratar da ordem social em título próprio, desvinculando-a da ordem econômica, que, por sua vez, recebe matérias sobre o sistema financeiro nacional (Título VII).
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Evolução do Estado e da Ordem Econômica:
Estado liberal, social e pós-social
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“o Estado Moderno nasceu absolutista e durante alguns séculos todos os defeitos e virtudes do monarca absoluto foram confundidos com as qualidades do Estado. Isso explica por que já no século XVIII o poder público era visto como inimigo da liberdade individual, e qualquer restrição ao individual em favor do coletivo era tida como ilegítima. Essa foi a raiz individualista do Estado Liberal. Ao mesmo tempo, a burguesia enriquecida, que já dispunha do poder econômico, preconizava a intervenção mínima do Estado na vida social, considerando a liberdade contratual um direito natural do indivíduo”.
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O surgimento de novas novas necessidades sociais, dá òrigem teorização do Estado Social, evidenciando-se o grupo e colocando a questão social como preocupação principal do Estado. (Pedro Lenza).
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A proteção dos direitos sociais requer uma atuação estatal, de forma ativa, diferente da solicitada (ou não solicitada) durante o Estado Liberal, produzindo tal organização dos serviços públicos, que teria sido a responsável pelo surgimento do próprio Estado Social. (Welfare State).
Fonte: Pedro Lenza
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Estado Pós Social: novos atores sociais
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No Estado Liberal, o direito de propriedade e a autonomia da vontade privada eram suficientes para regulamentar a atividade econômica. Na época, o capitalismo primitivo pregava a autorregulação, sem qualquer interferência do Estado na economia.
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Início do Séc. XX, a situação começa a ser repensada, notadamente em face das constantes situações de abuso do poder econômico.
Surge então um contexto favorável à constitucionalização da ordem econômica.
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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
Dois pilares: valorização do trabalho e livre iniciativa
Fundamentos da República Federativa do Brasil:
Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
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Verifica-se que o modelo de produção econômica adotado é o capitalista, no entanto, a finalidade da ordem econômica é assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, afastando-se.
Não se trata de um estado absenteísta nos moldes do liberalismo.
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Meios de atuação do Estado na Ordem Econômica:
O próprio Estado atua na economia, seja em regime de monopólio, ou no regime de participação com as empresas do setor privado.
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Atuação indireta, o Estado atua para garantir o princípio da livre concorrência e evitar abusos como os cartéis, dumping, dentre outros.
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Princípios da Ordem Econômica:
Soberânia nacional: garante a independência nacional para tomar suas próprias decisões.
Segundo esse princípio, um tratado internacional que submetesse o Brasil às decisões econômicas de uma instituição econômica ou organismo internacional seria nulo.
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Propriedade privada e sua função social: a propriedade deve atender também a um interesse coletivo. (arts. 182 e 183 e 184 a 191 da CF).
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Livre concorrência:
 Deve haver um temperamento desse princípio com os princípios da justiça social e dignidade.
Art. 174, § 4º, da CF: A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
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Decisão aplicando o princípio da livre concorrência:
“1 – a proibição ou restrição da atividade de transporte privado individual por motorista cadastrado em aplicativo é inconstitucional, por violação aos princípios da livre-iniciativa e da livre concorrência”. Ainda, sobre o tema: 2 – No exercício de sua competência para a regulamentação e fiscalização do transporte privado individual de passageiros, os municípios e o Distrito Federal não podem contrariar os parâmetros fixados pelo legislador federal (Constituição Federal, artigo 22, inciso XI)” (RE 1.054.110, j. 09.05.2019 – vide, ainda, ADPF 449).
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Em obediência ao texto constitucional foi editada a Lei n. 12.529/2011, que, dentre outras providências, estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência — SBDC e dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos seguintes ditames constitucionais:
■ liberdade de iniciativa;
■ livre concorrência;
■ função social da propriedade;
■ defesa dos consumidores;
■ repressão ao abuso do poder econômico.
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Defesa do Consumidor:
De acordo com o art. 5.º, XXXII, a defesa do consumidor é direito fundamental.
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O STF entendeu pela aplicação do CDC às instituições financeiras:
“... As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. ‘Consumidor’, para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. Ação direta julgada improcedente” (ADI 2.591-ED, Rel. Min. Eros Grau, j. 14.12.2006, DJ de 13.04.2007 — cf. item 14.10.19).
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Por outro lado, o STF, apreciando o tema 210 da repercussão geral, fixou a seguinte tese no tocante ao transporte aéreo: “nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor” (RE 636.331, j. 25.05.2017, DJE de 13.11.2017).
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Defesa do meio ambiente.
De acordo com o art. 225, caput, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
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Redução das desigualdades sociais e regionais
Busca pela consagração do Estado do bem-estar social.
De acordo com o art. 3.º, III, é objetivo fundamental da República Federativa do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.
Esse princípio é implementado por diversos instrumentos, como a criação de regiões administrativas (art. 43), a lei que institui o plano plurianual (art. 165, § 1.º), a possibilidade de concessão de incentivos fiscais na forma do art. 151, I, o fundo de erradicação da pobreza, que teve o seu prazo prorrogado por tempo indeterminado nos termos da EC n. 67, de 22.12.2010 etc.
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Busca do pleno emprego
É também um princípio da ordem econômica que consagra a valorização do trabalho humano.
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Tratamento favorecido para empresas de pequeno porte
Art. 179: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.
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Monopólio dos Correios
Associação Brasileira das Empresas de Distribuição (Abraed) propôs a ADPF 46, com pedido de liminar, contra a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT, questionando a existência de monopólio constitucional de entrega de correspondências.
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Principais argumentos:
o fundamento da livre-iniciativa (art. 1.º, IV);
o livre exercício de qualquer ofício, trabalho ou profissão (art. 5.º, XIII);
a livre concorrência (art. 170, IV);
a inexistênciade monopólio constitucional postal, já que não se encontra a suposta exceção enumerada no art. 177.
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A CF disciplina o serviço postal em dois dispositivos:
Art. 21, X — “compete à União manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”;
Art. 22, V — “compete privativamente à União legislar sobre serviço postal”.
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A Lei n. 6.538/78, em seu art. 9.º, dispõe que são exploradas pela União, em regime de monopólio, as seguintes atividades postais:
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recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição, para o exterior, de carta e cartãopostal;
recebimento, transporte e entrega, no território nacional, e a expedição, para o exterior, de correspondência agrupada; 
fabricação, emissão de selos e de outras fórmulas de franqueamento postal.
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Em 05.08.2009, o STF, por 6 x 4, julgou improcedente a ADPF 46 e, assim, reconheceu a recepção dos dispositivos da lei e, nesse sentido, o monopólio dos Correios para as correspondências pessoais.
O STF entendeu que o serviço postal constitui serviço público, portanto, não atividade econômica em sentido estrito, considerou inócua a argumentação em torno da ofensa aos princípios da livre-iniciativa e da livre concorrência, e que esse serviço deveria ser prestado com exclusividade.
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“EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA DA EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. IPVA.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal orienta-se no sentido de que a imunidade recíproca deve ser reconhecida em favor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ainda que o patrimônio, renda ou serviço desempenhado pela Entidade não esteja necessariamente relacionado ao privilégio postal.
Confirmada a outorga da imunidade recíproca para o fim de afastar a incidência sobre os veículos de propriedade da requerente.
QUEBRA DO MONOPÓLIO DA UNIÃO SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO E A UTILIZAÇÃO
DE RADIOISÓTOPOS PARA A PESQUISA E USOS MÉDICOS, AGRÍCOLAS E
INDUSTRIAIS, BEM COMO SOBRE A PRODUÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE
RADIOISÓTOPOS DE MEIA-VIDA CURTA (EC N. 49/2006)
Esses produtos são utilizados como marcadores em exames de imagem, como a tomografia por emissão de pósitrons (Pet) e de fótons simples (Spect)” (DSF de 12.07.2003, p. 17.877-8).
A Assembleia Nacional Constituinte de 1988, à época, entendeu mais conveniente, tendo em vista o temor
gerado por eventual uso indevido da tecnologia nuclear (que viria a ser confirmado nas tragédias de Chernobyl e
Goiânia), determinar o monopólio da União, nos termos do art. 177, V, da CF/88, sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus
derivados.
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A Assembleia Nacional Constituinte de 1988, à época, em face do temor gerado por eventual uso indevido da tecnologia nuclear (tragédias de Chernobyl e Goiânia), determiou o monopólio da União, - art. 177, V, da CF/88, sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.
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Após a EC n. 49/2006, foi aberta a possibilidade de produção, comercialização e utilização de radioisótopos, podendo ser autorizadas sob o regime de permissão, conforme as alíneas “b” e “c” do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal.
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“flexibilizar o monopólio da União para casos muito específicos. Tendo em vista a nossa inovação tecnológica com o advento da tomografia por emissão de pósitrons e da tomografia por emissão de fótons simples, há necessidade de que essa flexibilização tenha obrigatoriamente que ocorrer, porque esses radioisótopos utilizados nesses dois tipos de câmaras são emissores de partículas de meia-vida muito curta. Alguns duram apenas poucos minutos e outros, no máximo, duas horas. Portanto, não é possível que o deslocamento desse tipo de produto se dê em distâncias longas, porque, senão, o material perde a eficiência e a capacidade de ser utilizado nessa maravilha de evolução que é a medicina nuclear” (DSF de 22.10.2003, p. 33025).
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Controle da atividade nuclear:
“ainda assim, é imperioso que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) exerça controle rigoroso sobre a produção, comercialização e utilização desses materiais. Para facilitar a atuação da Comissão, a PEC propõe que apenas o regime de permissão seja utilizado para admitir a participação de entes que não a União na área de materiais radioativos, eliminando o regime de concessão. Dessa forma, a CNEN terá maior facilidade em revogar o contrato quando julgar necessário” (DSF de 12.07.2003, p. 17878).

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