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Resumo exame (10ano)

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Poesia trovadoresca 
1. Contextualização histórico-literária 
Poesia trovadoresca é a designação dada ao conjunto de composições poéticas medievais que eram destinadas a serem 
cantadas e que foram produzidas por poetas que, para alem de comporem poemas (cantigas), tocavam e cantavam sendo por 
isso trovadores. Esses trovadores eram normalmente nobres e dedicavam-se a compor e cantar poemas apenas por prazer. 
A poesia trovadoresca apareceu durante a Idade média (de meados do século XII a meados do seculo XIV). 
Clero → cultura monástica; Nobreza e povo → cultura profana. 
2. Representação de afetos e emoções 
A poesia trovadoresca reflete, de forma de trabalhada e representa vivências do seu tempo de forma subjetiva, pois 
tem por base os sentimentos e as emoções. Um dos temas predominantes é o amor. 
 
3. Espaços, protagonistas e circunstância 
 
▪ Cantiga de amigo – Ambiente doméstico e familiar, marcadamente feminino (donzela ou meninas e as amigas, ou a 
mãe e a filha); ambiente coletivo (romaria, santuário) ou rural (campo, rio, mar); origem autóctone, resultando da 
tradição lírica já existente na região. 
▪ Cantiga de amor – Ambiente aristocrático (rei, nobres, senhores); palácio ou corte; ambiente marcado por um código e 
por convenções (amor cortês); cantigas importadas em particular da zona de Provença. 
▪ Cantiga de escárnio e maldizer – Ambiente palaciano e de corte. 
 
4. Linguagem, estilo e estrutura → As cantigas de amigo caracterizam se por uma estrutura rítmica e estrófica muito 
próxima de uma musica. Como tal, podem acontecer dois processos (em simultâneo ou isolados) : o refrão- 
repetição de um ou mais versos no final de cada estrofe- e o paralelismo. Estão presentes também recursos 
expressivos como a personificação, comparação ou apostrofe. As cantigas de amor podem ou não recorrer a um 
refrão e normalmente são utilizados recursos expressivos como a adjetivação, a hipérbole ou a comparação. Nas 
cantigas de maldizer e escárnio é muito recorrente utilizar a sátira e o cómico recorrendo também, como recurso 
expressivo, a ironia 
 
 
 
 
 
→Cantiga de amigo – apresenta uma voz feminina (donzela), os sentimentos por ela vividos relativamente a um amigo que pode estar longe, 
ausente (por sua vontade ou guerra/viagem), levando-a a manifestar saudade, tristeza, mágoa, angústia etc. O sentimento que tem pelo amigo 
também pode expressar nela alegria, sensualidade, confiança. A donzela normalmente revela o que sente à sua mãe, às amigas ou mesmo à 
Natureza, tornando-se assim, todas confidentes desse amor, ou silenciosas ou respondendo aos seus anseios e duvidas da donzela. A ligação à 
Natureza e sendo ela uma personagem de confiança, dão a este tipo de cantiga uma espontaneidade e naturalidade próprias. 
 
→Cantigas de amor – apresenta uma voz masculina e o sentimento vivido por homem que se coloca ao serviço da mulher, normalmente, 
casada. A dama reflete-se distante fria ou até indiferente que a torna superior ao poeta, o que lhe presta um serviço de vassalagem seguindo o 
código de amor cortês. O sujeito masculino vive numa paixão infeliz (coita de amor) porque não pode ser concretizada. Nestes poemas encontram-
se emoções que refletem o seu sofrimento de amor, como a dor, a angústia, o desespero, a loucura ou a própria morte. O amador pode louvar 
também a sua amada, a sua senhor, e traça todo um retrato idealizado da mesma, realçando as suas características físicas (cabelo, pele…) ou 
características morais (bom senso, bem falar…). Para prestar um bom serviço, o poeta nunca menciona a donzela mantendo o respeito por ela. 
→Cantigas de escárnio e maldizer – os trovadores e jograis sentiram também necessidade de apontar o dedo a algumas figuras da sociedade, 
como situações ou comportamento, e fizeram-no de forma direta usando linguagem satírica, por vezes violenta- cantigas de maldizer. As cantigas 
de escárnio são mais indiretas, não referindo especificamente quem era o alvo e recorrendo a uma linguagem de trocadilhos e irónica. Este tipo de 
cantigas tem uma intenção critica, moralizadora e cómica, dando assim um retrato mais completo da sociedade daqueles tempos. 
Analise de algumas cantigas: 
 
1. Ondas do Mar de Vigo 
Ondas do mar de Vigo, 
se vistes meu amigo! 
E ai, Deus!, se verrá cedo! 
Ondas do mar levado, 
se vistes meu amado! 
E ai Deus!, se verrá cedo! 
Se vistes meu amigo, 
o por que eu sospiro! 
E ai Deus!, se verrá cedo! 
Se vistes meu amado, 
por que hei gran cuidado! 
E ai Deus!, se verrá cedo! 
 
 
 
 
2. Cantigas de amigo 
Ai eu, coitada, como vivo en gran cuidado 
por meu amigo, que hei alongado! 
 Muito me tarda 
 o meu amigo na Guarda! 
 
Ai eu, coitada, como vivo en gran desejo 
por meu amigo, que tarda e non vejo! 
 Muito me tarda 
 o meu amigo na Guarda 
 
 
 
 
3. 
Bailemos nós ja todas tres, ai amigas, 
so aquestas avelaneiras frolidas 
e quen for velida, como nós, velidas, 
 se amigo amar, 
so aquestas avelaneiras frolidas 
 verrá bailar. 
 
Bailemos nós ja todas tres, ai irmanas, 
so aqueste ramo destas avelanas 
e quen for louçana, como nós, louçanas 
 se amig'amar, 
so aqueste ramo destas avelanas 
 verrá bailar. 
 
 
 
 
 
 
Características temáticas : 
▪ Nesta cantiga, a amiga dirige-se às ondas do mar (apostrofe), 
querendo saber noticias novas do seu amigo. 
▪ A natureza torna-se confidente (personificação) mas o mar não 
responde (símbolo de distância e do perigo “mar levado”) 
▪ As ondas simbolizam a inquietação e o estado de espirito da 
menina. 
▪ Esta confidência ao mar é acentuada pela súplica que a menina faz a 
Deus (“e ai Deus, se verrá cedo”- apostrofe) 
▪ Por sua vez , o apelo a Deus « traduz um sentimento de grande 
expectativa pelo regresso do amigo. 
Marcas das cantigas de amigo: 
▪ O sujeito poético é uma donzela que deseja saber noticias sobre o seu amigo ausente e distante. 
▪ A natureza é confidente da menina e é às ondas que a donzela questiona pelo amado. 
▪ O cenário é primitivo e singelo – o mar. 
▪ A simplicidade da cantiga é evidente na sua estrutura (refrão e paralelismo) e também no tipo de rima. 
Caracteristicas temáticas : 
▪ A donzela revela o seu sofrimento, a sua coita (desgraça), e 
preocupação pelo amigo que está afastado e que se demora na 
Guarda. 
▪ A donzela revela na segunda estrofe, que a saudade torna-se em 
grande desejo de o ver. 
▪ A interjeição “Aí” confere um tom de confidência que acentua a dor 
da ausência. 
▪ O excesso de (!) contribui para acentuar a sentimentalidade já 
expressada. 
Marcas de cantiga de amigo: 
▪ Voz feminina; 
▪ Sentimentalidade espontânea e natural – expressão da saudade pelo amigo que tarda. 
▪ Estrutura simples e repetida (paralelismo e refrão) que remete para um caracter tradicional (autóctone). 
Por Deus, ai amigas, mentr'al non fazemos, 
so aqueste ramo frolido bailemos 
e quen ben parecer, como nós parecemos, 
 se amig'amar, 
so aqueste ramo so'l que nós bailemos 
 verrá bailar. 
 
Caracteristicas temáticas: 
▪ Uma donzela enamorada, alegre e feliz, confiante na sua beleza e na das suas amigas, certa 
na sua capacidade de sedução, mostra-se ansiosa por ir bailar e faz o convite às amigas. 
▪ Esse convite é alargado a outras donzelas desde que sejam igualmente formosas e belas, 
desde que estejam apaixonadas. 
▪ As donzelas, sendo as destinatárias do convite são as suas confidentes. 
▪ Todas bailam, envolvidas na Natureza, que com elas partilha a alegria do despertar do 
amor. 
 
 
Marcas das cantigas de amigo: 
-Voz feminina faz convite a outras donzelas, 
que também são suas confidentes. 
-Autoelogio às mulheres 
-Empatia com a Natureza que está em 
consonância com os sentimentos de felicidade, 
amor e sedução da menina. 
-O refrão e o paralelismo ajudam a criar um 
ritmo e uma cadência, reforçando a mensagem 
e contribuindo para o caracter musical dacantiga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Ai, dona fea! Foste-vos queixar 
que vos nunca louv'en meu trobar; 
mas ora quero fazer um cantar 
en que vos loarei toda via; 
e vedes como vos quero loar: 
dona fea, velha e sandia! 
 
Ai, dona fea! Se Deus me pardon! 
pois avedes [a] tan gran coraçon 
que vos eu loe, en esta razon 
vos quero já loar toda via; 
e vedes qual será a loaçon: 
dona fea, velha e sandia! 
 
Dona fea, nunca vos eu loei 
en meu trobar, pero muito trobei; 
mais ora já un bon cantar farei, 
en que vos loarei toda via; 
e direi-vos como vos loarei: 
dona fea, velha e sandia! 
 
 
 
 
 
 
Caracteristicas temáticas: 
▪ O tema desta cantiga é a coita do amor, ou seja, 
a morte por amor. 
▪ O trovador compara o seu amor com o dos 
provençais. Embora os provençais saibam 
trovar, só trovam na primavera (“tempo da 
flor”) e fora desse tempo não. 
▪ Logo, o trovador critica e distancia-se dos poetas 
provençais. O sofrimento do interprete é 
verdadeiro em oposição ao convencionalismo 
provençal. 
▪ Esta cantiga também pode funcionar como uma 
arte poética na arte de trovar: a poesia 
convencional (a dos provençais) e uma poética 
autêntica assente na coita de amor profunda (a 
do trovador). 
 
Marcas das cantigas de amor: 
▪ O sujeito poético é masculino – um trovador. 
▪ Coita do amor associadas ao amor cortês. 
▪ Relação direta entre a senhor e o sofrimento 
do poeta. 
 
 
Caracteristicas temáticas: 
- É uma cantiga de escárnio pois critica de forma indireta (sem referir o 
nome) a atitude, o comportamento de uma dona que quer ser louvada, 
apesar de não possuir atributos para tal de tão “fea, velha e sandia”. 
- Nesta cantiga também é uma paródia ao amor cortês pois é uma imitação 
de uma cantiga de amor com um propósito cómico e irónico. 
- A ironia é comprovada ao longo da cantiga: - a dona queixou-se de não ser 
louvada e manifestou grande desejo em sê-lo e o poeta parece aceder-lhe 
esse desejo; -apesar de o sujeito poético louvar a dona, não o faz da maneira 
que esta pretendia, uma vez que o louvor é repetido no refrão “fea, velha e 
sandia” o que prova a ironia; 
- O refrão assinala, assim o efeito cómico que se cria ao elogiar-se não uma 
dona bela, jovem e com bom senso habitualmente retratada nas cantigas de 
amor, mas antes uma mulher cuja imagem é extremamente negativa. 
Marcas de cantigas de escárnio: 
• A critica ao objeto de louvor evitando-se a identificação direta, 
apontando a sátira. 
• Está presente uma linguagem rude que identifica uma poesia 
satírica. 
 
Proençaes soen mui ben trobar 
e dizen eles que é con amor; 
mais os que troban no tempo da frol 
e non en outro, sei eu ben que non 
an tan gran coita no seu coraçon 
qual m'eu por mha senhor vejo levar. 
 
Pero que troban e saben loar 
sas senhores o mais e o melhor 
que eles poden, soõ sabedor 
que os que troban quand'a frol sazon 
á, e non ante, se Deus mi perdon, 
non an tal coita qual eu ei sen par. 
 
Ca os que troban e que s'alegrar 
van eno tempo que ten a color 
a frol consigu', e, tanto que se for 
aquel tempo, logu'en trobar razon 
non an, non viven [en] qual perdiçon 
oj'eu vivo, que pois m'á-de matar. 
5. Roi Queimado morreu con amor 
en seus cantares, par Sancta Maria, 
por ũa dona que gran ben queria: 
e, por se meter por mais trobador, 
porque lhe ela non quis ben fazer, 
feze-s'el en seus cantares morrer, 
mais resurgiu depois ao tercer dia! 
 
Esto fez el por ũa sa senhor 
que quer gran ben, e mais vos en diria: 
por que cuida que faz i maestria, 
enos cantares que faz, á sabor 
de morrer i e des i d'ar viver; 
esto faz el que x'o pode fazer, 
mais outr'omem per ren' nono faria. 
 
E non á já de sa morte pavor, 
senon sa morte mais la temeria, 
mais sabe ben, per sa sabedoria, 
que viverá, des quando morto for, 
e faz-[s'] en seu cantar morte prender, 
des i ar vive: vedes que poder 
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria. 
 
E, se mi Deus a mim desse poder 
qual oj'el á, pois morrer, de viver, 
já mais morte nunca temeria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Características temáticas: 
▪ Critica direta e explicita a um poeta “Roi Queimado” que 
por causa do amor por uma dona, anunciava a sua morte, 
embora continuasse a viver – cantiga de maldizer que 
critica o ridículo deste poeta em particular. 
▪ Critica mordaz e irónica à morte de amor tão 
convencional das cantigas de amor: - Roi Queimado 
afirmou nas suas cantigas que estava apaixonado por 
uma dona e que por ela morreu de amor; - fez tudo isto 
para provar que era um trovador com grandes 
qualidades; - no entanto “ressuscitou” no terceiro dia da 
sua morte causada pelo amor. 
▪ Recurso à ironia para satirizar o poder que o Roi 
Queimado parece ter – morrer para depois viver outra 
vez fazendo alusão à ressurreição de Jesus, dizendo 
mesmo, no fim da cantiga que desejava ter esse poder. 
▪ Os dotes do Roi Queimado para a poesia, são igualmente 
criticadas. 
▪ Esta cantiga demonstra o artificialismo dos trovadores 
(pouco natural e fingido) e do quão comum existe amor 
cortês. 
 
Marcas de cantigas de maldizer: 
• Voz masculina que manifesta a sua posição critica perante o comportamento ridículo de um poeta especifico. 
• Efeito comico nas antíteses “morrer”/”viver” e da ironia. 
 
https://pt.wikisource.org/w/index.php?title=Autor:Roi_Queimado&action=edit&redlink=1
Fernão Lopes, Crónica de D. João I 
1. Contextualização histórico: 
A crónica de D. João I é, na realidade, uma legitimação da nova dinastia, a dinastia de Avis, iniciada após um período conturbado 
entre dois reinos na monarquia portuguesa que vai de 1383 a 1385 (crise politica). Esta crónica é considerada a crónica medieval 
mais importante, quer pelos acontecimentos que relata, quer pela qualidade literária da sua prosa. Foi publicada pela primeira 
vez em Lisboa a 1644 e está dividida em duas partes: 
→ a 1ª ocupa-se no espaço e no tempo desde a morte de D. Fernando até à eleição de D. João I; 
→ a 2ª relata o reinado deste monarca até à paz com Castela em 1411. 
 
1.1 Pequeno resumo da obra: 
 
2. Afirmação da consciência coletiva: 
 A crónica de D. João I constitui uma afirmação da consciência coletiva, no sentido em que o verdadeiro herói que povoa 
na obra não é um herói individual como habitual (não é um cavaleiro, um nobre…) mas sim um herói coletivo – o POVO. Fernão 
Lopes mostram-nos com imenso realismo, vivacidade, pormenor descritivo e emotividade o povo que se revolta, que irrompe as 
ruas de Lisboa à procura do Mestre, que defende a cidade contra os castelhanos, que passa fome e privações por causa do 
cerco. 
 A voz do povo, o sentir dos homens e das mulheres, dos mesteirais, dos homens-bons, é muitas vezes transmitida através 
de uma voz anonima e da multidão. Outras vezes é a própria cidade que parece revelar essa consciência do todo, assumindo 
quase o estatuto de uma personagem coletiva. 
 O povo manifesta o seu patriotismo e o seu apoio ao Mestre. O povo é o verdadeiro herói da revolução e da crónica de 
Fernão Lopes. 
3. Atores individuais e coletivos: 
 
▪ Atores coletivos: as gentes de Lisboa, quer como uma massa, uma coletividade, quer como grupos sociais (ex: 
lavradores, homens-bons, as mulheres). 
▪ Atores individuais: 
✓ Mestre de Avis- é caracterizado como um homem vulgar, hesitante e vulnerável às fraquezas. É um 
homem receoso, no seguimento do assassinato do conde Andeiro. Apesar destes defeitos – que o tornam 
uma personagem profundamente realista –, D. João I mostra também ser capaz de atos espontâneos de 
solidariedade, o que o converte numa figura cativante. Líder “desfeito” mas também solidário com a 
população, durante o cerco de Lisboa. 
✓ Álvaro Pais- o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a matar o Mestre, influenciando o povoa correr a seu auxilio. 
✓ D. Leonor Teles- a mulher que gera ódio na população e é apelidada de “aleivosa” (traidora). 
 É no prólogo da Crónica de D. João I que o cronista expõe o seu objetivo e método de historiar inovador. O seu desejo é "em esta obra 
escrever verdade sem outra mistura", para o que faz concorrer toda a gama de documentos possível, desde narrativas a documentos oficiais, 
confrontando-os entre si para assegurar a veracidade dos registos existentes. Ao mesmo tempo, esta crónica estabelece, de certa forma, o 
ponto de chegada das duas crónicas precedentes, na medida em que estas preparam os acontecimentos que culminam com a sublevação 
popular e consequentemente, com a entronização de D. João I. 
 
 A primeira parte da crónica descreve a insurreição de Lisboa na narração célere dos episódios quase simultâneos do assassinato do 
conde Andeiro, do alvoroço da multidão que acorre a defender o Mestre e da morte do bispo de Lisboa. Ao longo dos capítulos, fundamenta-se 
a legitimidade da eleição do Mestre, consumada nas cortes de Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto 
desfecho inevitável imposto pela vontade da população. Nesta primeira parte, o talento do cronista na animação de retratos individuais, como 
os de D. Leonor Teles ou D. João I, excede-se na composição de uma personagem coletiva, o povo, verdadeiro protagonista que influi sobre o 
devir dos acontecimentos históricos. 
 
 Na segunda parte, o ritmo narrativo diminui, tratando-se agora de reconhecer o rei saído das cortes, e é de novo pela ação do povo que a 
glorificação do monarca é transmitida, como, por exemplo, no modo como o acolhe a cidade do Porto. Um outro momento de maior relevo é 
consagrado, nesta parte, à narrativa da Batalha de Aljubarrota, embora aí não ecoe o mesmo tom de exaltação com que, na primeira parte, 
colocara em cena o movimento da massa popular. 
 
5. Capítulos 11, 115 e 148 da 1ª parte ( + importantes) 
 Uma das importâncias para Fernão Lopes era relatar a verdade objetiva e para isso o cronista não só recolhe e compila 
registos anteriores, como também pesquisa, confronta e recorre a documentos da Torre do Tombo, de cartórios etc… Falamos 
então de uma critica documental e histórica. 
❖ Capitulo 11 (resumo): 
 
• O pajem do Mestre de Avis grita pelas ruas, a caminho da casa de Álvaro Pais, que matam o Mestre nos paços 
da rainha, o que leva as gentes, em agitação, a saírem para a rua e a pegarem em armas; 
• Álvaro Pais, que já estava preparado, dirige-se com o pajem e outros aliados para o paços, apelando à 
população para se junte e corra em auxilio de Mestre; 
• Chegada às portas do paço, que estavam fechadas, a multidão mostra-se ansiosa e agitada, querendo entrar 
para confirmar que o Mestre está vivo; 
• Aconselhado pelos que estavam consigo e atendendo ao alvoroço das pessoas, o Mestre aparece à janela para 
apaziguar os ânimos. Perante esta visão, a população manifesta um “gram prazer”. 
• Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas em direção aos paços do Almirante, onde se 
encontrava o conde D. João Afonso, irmão da rainha. 
• Pelo caminho, o Mestre contacta com a população, que se mostra aliviada, alegre e disponível. 
• Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos funcionários da cidade e por outros 
fidalgos. 
• Já à mesa, vêm dizer ao Mestre que as gentes da cidade querem matar o bispo. O Mestre faz tenções de o ir 
socorrer, mas é aconselhado a permanecer ali (o bispo é morto pela população) 
 
 Tópico de analise: 
 
• O episódio narrado neste capítulo enquadra-se na sequência de eventos que levaram ao cerco da cidade de 
Lisboa, considerado um dos focos estruturadores da crónica. 
• Neste capitulo, Fernão Lopes relata como se deu a aclamação do Mestre, após o assassinato do conde 
Andeiro, as ações da população quando soube que o Mestre corria perigo e os seus sentimentos relativamente 
ao futuro monarca do país. 
• A população é, aliás, a protagonista deste episódio. Assemelhando-se a um repórter que assistiu ao desenrolar 
dos acontecimentos, Fernão Lopes transmite-nos as movimentações (“d’as gentes”) através de sensações 
auditivas e visuais. 
• Verifica-se uma concentração espacial (rua-paço-janela) que coincide com uma gradação e um ritmo 
crescentes das ações (ao apelo do pajem e de Álvaro Pais, segue-se o alvoroço da população, que se desloca 
para o paço e que aí mostra o seu estado de espírito – confusão, nervosismo) que culminam no clímax: o 
aparecimento do Mestre à janela. 
• Após a visão do Mestre, o ritmo narrativo diminui e o estado de espirito da população passa a ser de alegria, 
de satisfação e de alivio. 
• Os sentimentos do povo são ainda realçados através das próprias falas que tanto conferem uma totalidade 
realista e expressiva a todo o episódio como servem também para denegrir a imagem de Leonor Teles e para 
fazer a apologia do futuro monarca. 
• Entre a multidão (atores coletivos) destacam-se porém alguns atores individuais como: 
→Pajem do Mestre- já preparado, desencadeia toda a movimentação posterior; 
→Álvaro Pais- avisado pelo pajem, e também ele pronto, pegou no seu cavalo e, com os seus aliados foi até ao 
paço espalhando o alvoroço e influenciado o povo a correr em auxilio do Mestre. 
→Mestre de Avis- atua segundo o conselho dos que o rodeiam; de inicio, parece ter receio da multidão e 
depois, mostra-se à janela e sentindo-se seguro, abandona o palácio e percorre as ruas da cidade a cavalo até 
ao paço do Almirante. 
• Quanto ao narrador, detetamos a sua subjetividade e a sua simpatia pelo povo e a sua defesa do Mestre. 
 Linguagem e estilo: 
• Visualismo e dinamismo: a movimentação e o sentir das massas são-nos apresentados de uma forma muito 
forte e real, não só através de recursos expressivos, como a comparação, como também através do apelo às 
sensações ou do uso de verbos de movimento. 
 
 
 
❖ Capitulo 115 (resumo): 
 
• Ao saberem da vinda do rei de castelo, o mestre e os habitantes de Lisboa começam a recolher mantimentos e 
muitos vão buscar gado morto para alimentação. 
• As populações movimentam-se: muitos lavradores deslocam-se para ao pé das mulheres e dos filhos com tudo 
o que têm para dentro da cidade; outros vão para Setubal e Palmela; outros ficam em Lisboa e há quem 
permaneça em terras que apoiam os Castela. 
• Começa-se por preparar a defesa da cidade: primeiro pensa-se na defesa a nivel das muralhas e das torres, 
tarefa que o mestre dá aos fidalgos e cidadãos honrados, que contam com a ajuda de homens de armasO 
mestre mostra preocupação em defender a cidade. As gentes estão em alerta e são cuidadosos. 
• Depois, analisa-se a defesa das portas da cidade: quem vigia as várias portase que cuidados devem ter. 
• Depois, na ribeira foram construidas estacas para impedir e dificultar a passagem dos castelhanos. 
• Ainda sobre a defesa, há uma construção de um muro à volta das muralhas da cidade que com a ajuda das 
mulheres sem medo, apanham pedras pelas herdades e cantam cantigas a louvar Lisboa. 
• O narrador salienta a coragem e a determinação dos portugueses que defendem a cidade ao mesmo tempo 
que construem uma muralha, comparando-os com os filhos de Israel. 
• Todos pensavam em sintonia, num bem maior, o que leva o cronista a concluir o capitulo num tom elogioso. 
No final, Fernão Lopes, menciona a superioridade do rei de castela apenas para elogiar o povo português que 
defendeu a cidade de Lisboa perante um adversário feroz. 
 
 Tópico de análise: 
 
• O leitor começa, neste capitulo por presenciar: →a descrição da cidade de Lisboa (quando o rei de castela a 
cerca); →a preparação da defesa da cidade pelo Mestre de Avis com a ajuda da população; →o esforço, a 
valentia, a determinação que a gente de Lisboa mostrava. 
• O cronista passa a relatar o que foi feito em relação aos mantimentos, mostrandodepois a sua preocupação 
por defender a cidade. 
• A informação sobre a defesa da cidade é bastante detalhada: fala-se dos muros, depois das torres, chegando-
se por fim às portas da cidade (há referencia por exemplo do numero de portas/ torres... e há termos 
associadas a “guerra”). 
• Ao ir descrevendo a situação de defesa da cidade , vai também referindo os atores coletivos (grupos sociais) 
que participam. Os lavradores recolhem à cidade, pois a defesa da muralha ficou encarregue dos fidalgos e 
homens de armas. As mulheres também tiveram um papel importante de recolher pedras e cantando. 
• A cantiga ilustra bem a solidariedade, o espirito de entreajuda, de patriotismo e de orgulho que reinava entre 
as gentes. Esta atitude é várias vezes elogiada pelo narrador . Há, assim, uma afirmaçao da consciência 
coletiva das gentes contra o inimigo pela defesa da cidade. 
• O mestre (ator individual) também recebe elogios pelo seu comportamento digno de louvor, que merece uma 
caracterização favoravel destacando a sua determinação bem como todo o apoio dado ao povo. 
 
 Linguagem e estilo: 
 
• Registo coloquial- evidente nos apelos ao leitor e no uso da 2ª pessoa do plural (vós); a transcrição da cantiga, 
ao reproduzir uma linguagem popular e cheia de insinuações. 
• Descrição viva e dinâmica - os preparativos da defesa são descritos minunciosamente recorrendo a 
promenores, a vocabulário técnico e a recursos expressivos, como a enumeração e a dejetivação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
❖ Capitulo 148 (resumo): 
 
• A cidade está cercada e os mantimentos começaram a falhar, por causa da quantidade de pessoas dentro das 
muralhas, o que leva a quem vá procurar comida fora do cerco correndo perigo. 
• As esmolas escasseiam e não ha como socorrer os pobres. Começa se a estabelecer quem deve ser colocado 
fora da cerca: as pessoas miseráveis, os que não combatem, as prostitutas, os judeos...Inicialmente os 
castelhanos recolhiam todos mas após verem que tal ato se devia à fome, recusaram. 
• Na cidade há carência de todos os elementos (milho, vinho, trigo). O preço dos produtos é elevado e por isso 
os habitos alimentares alteraram-se, levando pessoas a beberem agua até à morte ou mesmo procurar apenas 
graos de trigo na terra. A carne e os ovos são outros alimentos caros e escassos. 
• As crianças não tem que comer e pedem pela cidade, mães já não têm leite para os filhos e veem-nos morrer. 
A cidade está agora num ambiente de tristeza, de pesar e de morte. As pessoas rezam. Circula um rumor de 
que o mestre vai expulsar todos os que não tem comida mas esse rumor é depois desmentido. 
• O capitulo termina com um forte apelo ao leitor, representante da “geração que depois vem”, que não teve de 
enfrentar os sofrimentos descritos anteriormente. 
 
 Tópico de analise: 
 
• Mais uma vez, o capitulo começa com uma interpelação ao leitor através da qual estabelece uma ponte com o 
capitulo anterior e se transmite uma ideia de continuidade e de ligação ao centro da narrativa, o cerco. 
• O protagonismo do capitulo é dado às gentes de lisboa (ator coletivo), que vivem momentos atrozes por causa 
da fome que assola a cidade, devido ao grande numero de pessoas que nela se acolheram 
• Num estilo vivo e emotivo, o cronista narra e descreve promenorizadamente, o sofrimento da população: a 
procura arriscada de trigo, à noite e em barcos; a falta de esmolas para socorrer os pobres; a expulsão de 
todos aqueles que não podiam combater, bem como os judeus e das prostitutas; a recusa dos castelhanos ao 
recolhimento dos que foram expulsos do cerco; a procura desesperada de algo para comer ou beber. O 
sofrimento é evidenciado através de promenores como o preço alto dos alimentos. 
• Perante este cenário, o narrador mostra-se solidário e pretende sensibilizar os leitores. Por isso, dirige-lhes, 
repetidamente, perguntas retóricas carregadas de intensidade. 
• O mestre de avis (ator individual) aparece-nos neste capitulo como o chefe que tem de tomar decisões, 
algumas dificeis até, a bem da comunidade como a expulsão dos inaptos. Por outro, mostra se solidário com as 
suas gentes. 
 
 Linguagem e estilo 
• Rigor do pormenor- descrição detalhada e minunciosa dos que saiam à noite de barco e iam buscar trigo; 
informação precisa sobre o preço de alguns alimentos como o trigo, o milho, o vinho, a carne- recurso à 
enumeração. 
• Conjunção de planos – por um lado, é-nos dado um plano geral da cidade; por outro, são-nos apresentados 
planos de pormenor. 
• Coloquialismo – muito evidente nas interrogações retóricas e no uso do imeprativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente 
1. Pequeno resumo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Personagens (caracteristicas e relações entre elas): 
 Inês Pereira: esta personagem é a protagonista da farsa, pois a intriga desenvolve-se à volta do desejo de casar 
(para ter mais liberdade) e das escolhas que faz neste sentido. De ínicio, esta personagem feminina surge como 
alguém muito descontente com a vida que tem: Inês sente-se “cativa” da vida doméstica que leva e gostaria de ter 
a mesma vida que as outras jovens com uma vida mais folgada. Deste modo, representa um grupo social com uma 
forma es estar, de pensar e de agir muito tipica. Inês construi uma imagem idealizada do seu marido de sonho. A 
sua mãe, a alcoviteira Lianor Vaz tentam orientá-la mas Inês mostra-se decidida e irredutivel nas suas opinões. Inês 
acabará por aprender por sim e com os seus erros. Numa primeira fase, enganada pelo Escudeiro Brás de Mata 
pela aparência, inês opta pelo pretendente mais galante. Depressa apercebe-se da má escolha que fizera e 
arrepende-se. Constata-se uma mudança de atitude da protagonista que revela um plano futuro para se vingar do 
sucedido. Depois de ter sido enganada por Brás da Mata, Inês escolhe a personagem que representa o “asno”, o 
lavrador Pêro Marques. 
 
 Mãe : uma mulher de pouca sorte, perspicaz, manifesta opiniões totalmente contraditórias das da filha 
relativamente ao casamento e ao marido que esta devia escolher. Analisando as suas falas, repletas de provérbios 
e as suas falas podemos dizer que a mãe é a voz do bom senso, da razão e também da expriência. A mãe quer 
ajudar a sua filha tanto que elogia-a ao saber da proposta da Alcoviteira. Por outro lado, dá conselhos a Inês 
sempre que um pretendente a vem visitar, o que mostra cuidado e preocupação. Outras vezes coloca perguntas à 
filha com fim a deixá-la reflirir e a ponderar melhor sobre o seu futuro, fazendo referência à necessidade de um 
futuro seguro. Inês não quer casar com um homem da sua classe social mas sim alguém da corte com um home 
que toque viola e que saiba falar bem. A mãe porém é mais realista e interessa-se pela condição económica do 
Lavrador. A partir do casamento com o escudeiro, a mãe não volta a aparecer, como se a sua missão já estivesse 
terminada e que agora “todo o mal” fosse responsabilidade da escolha que Inês fez. 
 
 Lianor vaz: esta é uma personagem-tipo, uma alcoviteira, é uma mulher cujo oficio consistia em arranjar 
casamentos apresentando pretendentes. Assim dá a conher Pêro Maruqes a Inês e à sua mãe considerando-o 
“bom marido, rico, honrado conhecido”. Lianor Vaz partilha das mesmas opiniões da mãe quanto à escolha que 
Inês devia fazer. Porém, tal como a Mãe, a alcoviteira não consegue convencer inicialmente Inês a optar pelo 
lavrador e é só depois da morte do Escudeiro que Lianor Vaz aparece e aconselha-a novamente chamando a 
atenção para as vantagens económicas de tal união. Esta personagem denuncia o comportamento devasso do 
clero, através do encontro com o clérigo que a assedia, o que constitui uma critica social. 
 
 
Inês Pereira é uma jovem solteira que sofre a pressão constante do casamento, e reclama da sorte por estar presa em casa, aos serviços 
domésticos, cansando-se deles. Imagina Inês casar-se com um homem que aomesmo tempo seja alegre, bem-humorado, galante e que 
goste de dançar e cantar, o que já se percebe na primeira conversa que estabelece com sua mãe e Leonor Vaz. Essas duas têm uma visão 
mais prática do matrimônio: o que importa é que o marido cumpra suas obrigações financeiras, enquanto que Inês está apenas 
preocupada com o lado prazeroso, cortesão. 
O primeiro candidato, apresentado por Leonor Vaz, é Pero Marques, camponês de posses, o que satisfazia a idéia de marido na visão de 
sua mãe, mas era extremamente simplório, grosseirão, desajeitado, fatos que desagradam Inês. Por isso Pero Marques é descartado pela 
moça. 
Aceita então a proposta de dois judeus casamenteiros divertidíssimos, Latão e Vidal, que somente se interessam no dinheiro que o 
casamento arranjado pode lhes render, não dando importância ao bem-estar da moça. Então lhe apresentam Brás da Mata, um escudeiro, 
que mostra-se exatamente do jeito que Inês esperava, apesar das desconfianças de sua mãe. 
Eles se casam. No entanto, consumado o casamento, Brás, seu marido, mostra ser tirano, proibindo-a de tudo, até de ir à janela. Chegava a 
pregar as janelas para que Inês não olhasse para a rua. Proibia Inês de cantar dentro de casa, pois queria uma mulher obediente e discreta. 
Encarcerada em sua própria casa, Inês encontra sua desgraça. Mas a desventura dura pouco pois Brás torna-se cavaleiro e é chamado para 
a guerra, onde morre nas mãos de um mouro quando fugia de forma covarde. 
Viúva e mais experiente, fingindo tristeza pela morte do marido tirano, Inês aceita casar-se com Pero Marques, seu antigo pretendente. 
Aproveitando-se da ingenuidade de Pero, o trai descaradamente quando é procurada por um ermitão que tinha sido um antigo 
apaixonado seu. Marcam um encontro na ermida e Inês exige que Pero, seu marido, a leve ao encontro do ermitão. Ele obedece 
colocando-a montada em suas costas e levando Inês ao encontro do amante. 
Consuma-se assim o tema, que era um ditado popular de que "é melhor um asno que nos carregue do que um cavalo que nos derrube" 
 
 
 
 Pêro Maques: Retrato fiel do camponês, do homem rústico e simples, Pêro Marques é uma personagem-tipo e 
aparece como o primeiro pretendente, aquele que, apesar de todos os elogios da Alcoviteira, é desprezado por 
Inês Pereira. Inês não hesita em caracterizá-lo de uma forma bastante negativa e sarcástica, tecendo comentários 
insultuosos sobre ele (“parvo vilão”/”nunca vi tal coisa”/ “oh, Jesus!Que joão de bestas”). Esta caracterização 
direta (heterocaracterização) decorre das atitudes e comportamentos que Pêro Marquês teve com Inês mesmo 
ainda antes de a conhecer (por exemplo, a carta que lhe escreveu com uma linguagem demasiado básico). Quando 
é apresentando a inês, esta personagem tem uma situação cómica que se cria com Pêro Marques sem saber para 
que serve uma cadeira sentando-se ao contrário nela ou quando procura em vão as pêras no seu chapéu. Pêro 
Marques autocaracteriza-se como sendo um homem do bem, sério e decente. Para Inês estas qualidades não são 
de valorizar, antes pelo contrário (ridiculariza-o sem perceber que ele se sente desconfortavel por estar na mesma 
sala com apenas ela). Por fim, a imagem do camponês inocente, ingénuo e desajeitado fica completa no ultimo 
episódio da peça quando o vemos a transportar Inês, agora sua mulher, às costas, levando-as ao encontro do 
Ermitão. Pêro Marques encara então o papel de marido ingénuo e obdiente que é enganado pela mulher. 
 
 Escudeiro Brás da Mata: Segundo pretendente de Inês Pereira que parece corresponder ao perfil desenhado por 
ela para seu marido. Após os vários elogios dos judeus, o Escudeito também ele é uma pesonagem-tipo que parece 
ser um homem encantador, hábil com as palavras e com os instrumentos musicais, mas na verdade é apenas um 
homem falso, arrogante, pelintra e prepotente. 
 
 Judeus (Latão e Vidal): Desempenham um papel semelhante ao da Alcoviteira e têm por missão apresentar a Inês o 
Escudeiro. São personagens cómicas e recorrem a uma linguagem caricaturial como quando apresentam o 
Escudeiro a Inês num retrato exagerado. Pertencem a uma comunidade judaica, contribuindo para serem como 
personagens-tipo (na cerimónia de casamento executam rituais judaicos). São grananciosos pois concretizam o 
casamento e exigem logo a quantia de dinheiro devida. Funcionam como uma unica personagem porque tanto ao 
nivel do discurso como a nivel do comportamneto, ambos completam-se. 
 
 Moço: Criado do Escudeiro, acompanha-o ao longo de toda a peça e é uma voz critica do amo. Leva uma vida dura 
de pobreza e é maltratado pelo amo. É fiel mesmo assim ao seu amo fazendo tudo o que lhe pede (como, por 
exemplo, o pedido do escudeiro para o moço vigiar inês) e contra a sua vontade, cumpre o pedido. 
 
 Ermitão: é um ermitão que é diferente dos ermitas e monges que viviam isolados para se dedicarem 
exclusivamente a Deus e que viviam da a fé e da a caridade das pessoas que os ajudavam e os alimentavam. Para 
este “Deus é Cupido”. Seduz Inês Pereira e representa a vida da liberdade que a moça pretendia levar, com a 
aprovação do próprio marido que não vê maldade em nada. Representa uma critica ao clero, à sua imoralidade e à 
sua corrupção. 
 
3. A representação do quotidiano: 
 As farsas têm como caracteristica a representação da vida quotidiana e nesta podemos encontrar os hábitos, os 
costumes, as crenças e os modos de vida da época, em especial aos que diziam respeito: 
 Ao casamento: o texto vicentino dá-nos a conhecer as ideias contrárias de Inês , da Mãe e de Lianor Vaz em relação ao 
casamento (a intervenção de uma alcoviteira e dos judeus, os encontros com os pretendentes, as regras, a festa de 
casamento e a vida a dois). 
 Ao estatuto da mulher: (sobretudo a solteira). Os casamentos eram, grande parte das vezes, um negócio entre duas 
partes, sem que a mulher tivesse alguma participação na decisão. Neste caso, que é uma exceção a essa regra, apesar de 
haver na mesma intermediários entre ambos, a ultima palavra é de Inês que deseja uma vida sem ser de “cativeiro” e 
ascender socialmente, objetivo esse que não foi cumprido com o primeiro marido (o escudeiro). 
 À vida doméstica: ao longo da farsa, acompanhamos a protagonista nas suas tarefas domésticas, assumindo uma 
postura da típica mulher que trata da casa. No seu monólogo inicial, Inês encontra-se a costurar em casa; depois, já 
casada, também costura fechada em casa. 
 À vida palaciana: apesar da vida de aparências que existiam na corte e que está representada na figura do Escudeiro , 
muitos ambicionavam a sua ascendência social de modo a fazer parte desta classe (ex: Inês) 
 À vida do campo: Uma vida simples, autêntica mas pouco considerada. Pêro Marques representa essa classe social em 
oposição à vida falsa da corte. Esta vida simples de trabalho garantia mais sustento que a vida dos fidalgos pelintras. 
 À vida do clero: o encontro da alcoviteira com um membro do clero e o de Inês Pereira com um Ermitão devoto de 
cupido são exemplos que denunciam comportamentos imorais desta classe social. 
 
4. A dimensão satírica: 
 Um dos objetivos do teatro de Gil vicente era denunciar, criticar e mostrar algumas mudanças que afetavam a 
sociedade, como por exemplo, o desejo de ascendência social, o adultério, a imoralidade do clero, entre outros. Estes 
comportamentos são denunciados através de personagens-tipo e da linguagem cómica. Nesta farsa reconehcemos alguns tipos: 
→a alcoviteira e os judeus (Lianor Vaz, Latão e Vidal)- figuras gananciosas que agem com um fim económico; 
→Pêro Marques- personagem rústica, serve para fazer rir a gente da corte com a sua ignorância e simplicidade. 
→o Escudeiro Brás da Mata- género de parasita, vadio, que imita os padrões da nobreza (ex: tocar guitarra, faz serenatas, finge-
se corajoso, mas é medroso e maltrata o moço). Não trabalha e passa fome. 
→o Ermitão- há uma conformidade entre os atos e osideias pois invés de procurar renunciar o mudo e a pobreza, busca a 
riqueza e os prazeres que não estão ligados à religião. 
 
4.1. O cómico → utilizado para críticar os costumes da época. 
a) Cómico de caracter: assenta na personalidade e no modo de ser da personagem. Pêro Marques e o escudeiro 
mostram que são personagem cómicas. O primeiro é o retrato fiel do provinciano desajeitado e desconhecedor das 
convenções sociais; já o segundo estava arruinado e era cobarde, embora aparentasse ser rico e elegante. Pêro 
Marques, quando visita Inês pela priemira vez revela imediatamente o seu lado cómico (ex: não sabe para que 
serve a cadeira e ao sentar-se coloca-se de costas para as outras personagens, invés de presentes elegantes, traz 
peras). Quanto ao Escudeiro, a sua faceta cómica reside precisamente no contraste que há entre agir com o moço 
(é pelintra, arrogante, autoritário) ou com Inês, já casados (é severo, insensivel), e aquilo que ele manifesta quando 
a conhece (é afável, cortês, galante). 
b) Cómico de situação: baseia-se na intriga e no próprio desenrolar dos episódios. Como exemplo disso tem-se, as 
atitudes desajeitadas de Pêro Marques ao longo da obra ou mesmo os judeus quando querem forçar Inês a 
conhecer o pretendente que eles escolheram. A morte do Escudeiro também é considerado cómico de situação 
pois foi morto pelo pastor mouro. Por fim, Pêro Marques leva Inês às costas e esta canta uma cantiga sobre um 
“marido cuco”, isto é, traído. Toda esta cena é cómica pois este não percebe e comporta-se como um “asno” 
c) Cómico de linguagem: resulta da desadequação do que é dito ou do modo que é falado relativamente ao contexto 
envolvente, pode ser produzido através da ironia, apartes, sarcasmo, trocadilho, jogo de palavras, o calão ou 
expressões populares. Pêro Marques escreve uma carta a InÊs com uma linguagem muito provinciana e provoca o 
riso ao leitor e à própria protagonista. Tem um discurso e uma linguagem provinciana, por vezes, confusa queserve 
também para o caracterizar. Os judeus também têm uma linguagem cómica fruto da repetiçaõ do discurso mas 
também o uso do registo popular e, por vezes, o calão. A ironia presente nos apartes de Inês onde ela refere Pêro 
Marques também é um exemplo, tal como os apartes do moço referentes ao seu amo. 
 
5. Linguagem e estilo 
 Gil Vicente procurou adequar a linguagem de cada personagem ao seu grupo social ou à atividade que desempenhava. 
a) Pêro Marques fala como lavrador que é, de forma simples, muito provinciana e por veze, confusa, visto que não é 
instruído. 
b) Inês Pereira, a Mãe e Lianor Vaz falam como mulheres do povo recorrendo muito a ditados populares e a 
provérbios. 
c) Bras da Mata, como pretende enganr Inês, fala com ela de um modo galante sendo o seu discurso rebuscado. Já 
com o moço, usa uma linguagem mais coloquial e agressiva, tal como faz com Inês depois do casamento. 
d) Os Judeus recorrem a uma linguagem de cariz popular e , a dada altura usam rituais judaicos . 
 
 
 
 
 
 
Recursos expressivos recorrentes nesta obra: 
- Ironia; 
-Comparação; 
-Interrogação retórica; 
-Metáfora 
Luis de Camões, Rimas 
1. Contextualização histórico-literárica: 
 A idade média foi considerada uma época de trevas, de ignorância e de atraso. Existia uma grande vitalidade intelectual 
na idade média já que, durante este longo periodo, se sucederam os “renascimentos” e os esforços para recriar a sabedoria 
clássica. O renascimento pode definir-se como um moviemnto cultural que marca a transição da idade média para a idade 
moderna e teve repercurssões politicas, sociais, económicos e culturais. Em Portugal, o renasciemnto surgiu na segunda metade 
do século XVI e apresentou a particularidade de estar ligado à expansão maritima. 
 
 
 
 
2. Linguagem, estilo e estrutura: 
 Esta poesia foi influenciada por duas tendências estéticas- uma mais tradicional e outra mais clássica. 
✓ Redondilhas- poemas com versos de 5 ou 7 sílabas métricas, ou seja, a medida velha e podem ter a forma de cantigas, 
vilancetes, esparsas ou trovas; 
✓ Sonetos- poemas com influências de Itália e da valorização clássica. Encontra-se então versos com 10 sílabas métricas 
(decassilábico), a chamada medida nova. 
 A lirica tradicional seguem uma estrutura comum da poesia palaciana, um mote desenvolvido em voltas ou glosas. 
o Mote- verso ou conjunto de versos que começam o poema e que servem para apresentar a ideia que será desenvolvida 
nos versos seguintes. 
o Glosas ou voltas- versos que aparecem depois do mote agrupados em estrofes. Ao recuperar o tema explicitado no 
mote, a glosa pode reptir um ou mais vezes o mote, funcionando assim, como um refrão. 
 Já a inspiração clássica está present na transformação das composições em decassilabos que podiam ser em formas de 
odes, sonetos ou canções. 
o Soneto- constituido por 2 quadras e 2 tercetos comvários tipos de esquemas rimáticos. 
 
3. Temáticas da lirica camoniana: 
a) A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor- 
• Existem 2 tipos de mulher (a espiritual e a carnal)- a mulher sensual desperta o amor carnal e fisico. A 
mulher petrarquista é descrita como um ser ideal, que não deve ser desejado fisicamente mas amado 
e idolatrado. (*petrarquista- inspiração na deusa petrarca) 
• O poeta sente às vezes que a realização total do amor só é possivel através do amor espiritual e do 
amor fisico/carnal. 
• O sujeito poético está dividido entre o fascinio do amor platónico (espiritual)/petrarquista vs. a 
atração por um amor carnal (entre a mulher que admira e a que deseja). 
• A ausência da mulher amada origina sofrimento, saudade e ânsia por um reencontro físico. 
• A experiência de uma vida amorosa fracassada poderá explicar a influência do amor de conceção 
platónica. 
• O amor e os seus efeitos têm um poder transformador. 
b) A representação da amada- 
• Imagem de uma mulher angélica, um ser divido, de pele, olhos e cabelo claros, elementos fisicos 
reveladores das qualidades da alma, com um poder transformador da Natureza e do Homem 
(influência petrarquista). 
• Representação de uma mulher maléfica, em contraste com a mulher anjo. 
• Novo conceito de beleza feminina distante do de Petrarca (pele, olhos e cabelos escuros), capaz de 
provocar fascinio e tranquilidade no amador. 
• A imagem realista, inspirada na vida quotidiana, presente em algumas redondilhas. 
• A imagem petrarquista da mulher que representa a beleza, a castidade, a serenidade, a harmonia, a 
unidade profunda entre a beleza exterma e a beleza interna. Em geral, é um modelo feminino de 
cabelos de “oiro”, pele clara, serena, impalpável, simbolo da perfeição. 
 
Renascentismo 
- estudo das civilizações antigas (gregas, latinas e hebraicas) e respetivas linguas e 
culturas; 
- recuperação e imitação criativa de valores e modelos da antiguidade greco-romana; 
- renovação das artes plásticas, arquitetura e letras, inspiradas no clássico; 
- forte curiosidade diante da vida e do Homem. 
c) A representação da Natureza- 
• Espaço alegre, tranquilo, sereno, propicio ao amor. 
• Espelho da alma do poeta, refletindo os seus sentimentos. 
• Confidente, testemunha da dor da ausÊncia/separação da amada. 
• É solidário com as qualidades femininas exaltadas conferindo-lhes luz, graça, pureza... 
• É espelho das vivências do sujeito poético. 
• É locus amoenus (lugar ameno), a paisagem amena, verdejante, colorida, mágica, harmónica. 
d) A representação da vida pessoal- 
• Reflexão do poeta sobre o destino (que nunca lhe foi favorável), os erros que cometeu, o amor 
fracassado, o desterro... 
• Afirma que nasceu para sofrer e que ele é o seu próprio tormento. 
• Considera-se com pouca sorte (“má fortuna”), e com azar no amor, refletindo sobre o seu infortunio e 
sobre o seu sofrimento. 
• O sujeito poético amaldiçoa o dia do seu nascimento, pois esse dia “deitou ao mundo a vida/mais 
desventurada que se viu”. 
e) Otema do desconcerto- 
• Camões apresenta o destino e ele próprio como os responsaveis pelo seu infortunio. 
• Nesta temática, já não é so o amor o sentimento que é explorado, mas também a revolta, o remorso, 
o cansaço e o desespero perante a existência da morte. 
• Socialmente, o mundo é um desconcerto, provocando injustiças aos bons premiando os maus. 
• As destruição do amor puro, a morte e a passagem do tempo, que só traz infortunio, são algumas 
realidades que chocam o poeta. 
• O desconcerto do mundo provoca espanto, revolta e inconformismo. 
• Reflexão sobre o desconcerto do mundo, ao nivel social e moral, evidenciada em aspetos como: a 
errada distribuição dos prémios e castigos (os maus são galardoados, os bons severamente 
castigados); os contrastes entre a riqueza e a miséria; o crescente interesse dos homens por valores 
materiais. 
f) O tema da mudança- 
• A sucessão de mudanças ocorre através do tempo. 
• Na Natureza, a mudança opera de forma ciclica, natural e positiva, enquanto na vida do poeta se 
concretiza de modo negativo. 
• A passagem do tempo traz novidade, mas nem sempre esperança. 
• A consciência da irreversibilidade do tempo que conduz à reflexão sobre a renovação ciclica da 
Natureza, sobre a mudança da vida e das coisas e o caminho enexorável do poeta para a morte, razão 
que lhe acentua a angustia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os Lusiadas, Luis de Camões 
1. Visão Global: 
A epopeia “os Lusíadas” é uma narrativa em verso destinada a celebrar feitos grandiosos de um heroi, neste caso coletivo – o 
povo. Esta obra pode ser reconhecida por epopeia porque: 
• A ação é épica, com grandeza e solenidade, de modo a mostrar heroismo: 
o A ação de central é a aventura dos Descobrimentos de que se destaca a viagem maritima de Vasco da Gama à 
India, uma ação cheia de heroismo e digna de ser louvada. 
o Em articulação com essa ação, surge episódios de mitologia – plano da mitologia. 
o A par da ação centra, verifica-se também a narração de outros feitos históricos a cabo pelos Portugueses e 
contados por Vasco da Gama ao rei de melidnde e por Paulo da Gama ao Catual de Calecute- plano da história 
de Portugal. 
• O herói desta epopeia é o povo português representado na figura de comandante das naus, Vasco da Gama. Há 
portanto um heroi coletivo e um heroi individual. 
• O maravilhoso não só aparece com intervenções das divindades da mitologia (ex: vénus ou baco), como do Deus dos 
Cristãos (reza de Vasco da Gama aquando da tempestade). 
• Forma- há um narrador que relata os acontecimentos; em Os Lusiadas podemos, inclusive, distinguir os vários 
narradores. 
o O poeta que relata a viagem de Vasco da Gama desde Moçambique até à India e toda a viagem de regresso. 
o Vasco da Gama que conta ao rei de Melinde tabto a história de Portugal como a viagem de Lisboa a 
Moçambique. 
o Paulo da Gama que relata, em Calecute, ao Catual alguns factos da nossa História e explica o significado das 23 
figuras representadas nas bandeiras. 
o Fernão Veloso que descreve o episódio dos Doze de Inglaterra. 
• Estrutura- 
o Partes obrigatórias como a Proposição, a Invocação, a Narração e a dedicatória que era opcional. Os Lusiadas 
dedicam a obra ao rei D.Sebasteão. 
o A narração in media res que é o facto da narração começar com a viagem já a meio. 
Camões procurou fontes literárias como: 
Obra Autor Herói Assunto 
Ilíada Homero 
Aquiles – um grego, filho de um humano e 
da deusa do mar Tétis. Através das suas 
ações revela o seu caractér nobre e 
guerreiro 
 
Canta o episodio da Guerra de Troia, que opôs o 
povo da grécia antiga aos troianos. A personagem 
principal, Aquiles, luta e mata o seu rival Heitor, 
principe troiano. A narrativa começa quando a 
guerra já esta no ultimo ano. 
Odisseia Homero 
Ulisses – heroi grego que é exemplo de 
astúcia, determinação e coragem 
Depois da guerra de Troia, ulisses vive muitas 
aventuras ao longo da sua viagem de vários anos. 
Eneida Virgilio 
 
Eneias – príncipe troiano, filho de Anquises 
e de Vénus 
Canta as aventuras de Eneias, unico heroi que se 
salvara da destruição de Troia. É acolhido por Dido 
em Cartago, vagueia pela Itália e desce ao reino 
dos mortos, onde ouve o futuro e a história de 
Roma. 
 
 Estrura interna 
❖ Proposição (apresentação do assunto): nesta parte Camões propõe-se cantar as navegações e conquista no Oriente nos 
reinados de D.Manuel e de D. João III., as vitórias em África de D.João I a D. Manuel e a organização do país durante a 
1ªdinastia. 
❖ Invocação (súplica de inspiração para escrever o poema): 1ª súplica às ninfas do Tejo (Tágides) para que o ajudem na 
organização do poema; 2ª súplica a Caliope, porque estão em causa os mais importantes feitos lusitanos; 3ª súplica às 
ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se dos seus infortúnios; 4ª nova invocação a Calíope para que o inspire para 
terminar a obra. 
❖ Dedicatória (oferecimento da obra a D. Sebasteão): esta dedicatória ao rei D. Sebasteão reflete a esperança do povo 
português no novo monarca e sobretudo, na possibilidade de retomar a expansão no Norte de África. 
❖ Narração (desenvolvimento do assunto): iniciada in media res (quando a frota já se encontrava no canal de 
Moçambique a caminho de Melinde), apresenta momentos retrospetivos da História de Portugal e da viagem, 
momentos prospetivos como sonhos, presságios, profecias e um Epilogo, o regresso dos nautas, incluindo o episódio da 
Ilha dos Amores. 
 Estrutura externa: forma narrativa; versos decassilábicos; rimas com esquema abababcc; estâncias- oitavas; poema 
dividido em dez cantos. 
 A proposição indica qual é o objeto do canto – “o peito 
ilustre Lusitano”. Esta expressão incorpora: 
- as armas e os barões assinalados, isto é, os feitos bélicos e quem os 
executou, os homens ilustres e notáveis. Esses homens partiram de 
Portugal, da ocidental praia lusitana e após perigos e guerras 
conseguiram alcançar territórios para lá da ilha da Ceilão -“passaram 
para além da Taprobana”. 
- os Reis que foram dilatando/ A fé, o império e que andaram a 
devastar as terras desconhecedoras da religião cristã – as terras 
viciosas/ De África e de Asia. 
- aqueles que por obras valerosas/ Sevão da lei da Morte libertando, 
isto é, todos os que, por causa das suas ações magnificas merecem 
ser louvados e imortalizados. 
 Os portugueses são então o herói da epopeia – herói 
coletivo- e são os seus feitos que o poeta espalhará 
cantando. 
 Sobre os portugueses diz-nos ainda que os seus feitos 
superam os de figuras miticas (ulisses e eneias) e os de 
figuras históricas, que esses feitos são tão gloriosos que até 
os deus do mar e da guerra – Neptuno e Marte- se 
submeteram aos Portugueses e que representam um “valor 
mais alto” 
 Na proposição são indicados os 4 planos estruturais da 
narração (plano da viagem, da história de Portugal, do Poeta 
e da mitologia) 
 
 Camões tem plena consciência da grandiosidade do que vai 
cantar e, por isso, sabe que o estilo do seu canto de ser 
“grandíloco” e fluente. O poeta logo no início, pede ajuda e 
inspiração às ninfas do Tejo. 
 Só estas divindades poderiam fazer despertar no poeta “um novo 
engenho ardente”, um ”som alto e sublimado”, que não se 
assemelha ao da poesia bucólica, mas é antes um som digno 
capaz dedar ânimo e provocar emoções. 
Proposição: Estância 1 a 3 do Canto I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Invocação: Estância 4 e 5 do Canto I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
As armas e os Barões assinalados 
Que da Ocidental praia Lusitana 
Por mares nunca de antes navegados 
Passaram ainda além da Taprobana, 
Em perigos e guerras esforçados 
Mais do que prometia a força humana, 
E entre gente remota edificaram 
Novo Reino, que tantosublimaram; 
2 
E também as memórias gloriosas 
Daqueles Reis que foram dilatando 
A Fé, o Império, e as terras viciosas 
De África e de Ásia andaram devastando, 
E aqueles que por obras valerosas 
Se vão da lei da Morte libertando, 
Cantando espalharei por toda parte, 
Se a tanto me ajudar o engenho e arte. 
3 
Cessem do sábio Grego e do Troiano 
As navegações grandes que fizeram; 
Cale-se de Alexandro e de Trajano 
A fama das vitórias que tiveram; 
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, 
A quem Neptuno e Marte obedeceram. 
Cesse tudo o que a Musa antiga canta, 
Que outro valor mais alto se alevanta. 
 
4 
E vós, Tágides minhas, pois criado 
Tendes em mi um novo engenho ardente, 
Se sempre em verso humilde celebrado 
Foi de mi vosso rio alegremente, 
Dai-me agora um som alto e sublimado, 
Um estilo grandíloco e corrente, 
Por que de vossas águas Febo ordene 
Que não tenham enveja às de Hipocrene. 
5 
Dai-me ũa fúria grande e sonorosa, 
E não de agreste avena ou frauta ruda, 
Mas de tuba canora e belicosa, 
Que o peito acende e a cor ao gesto 
muda; 
Dai-me igual canto aos feitos da famosa 
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda; 
Que se espalhe e se cante no universo, 
Se tão sublime preço cabe em verso. 
 
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Dedicatória: Estância 6 a 18 do Canto I 
 A dedicatória não era um elemento estrutural obrigatório do género épico, mas Luís de Camões decide dedicar o seu 
poema ao rei D. Sebastião, a quem louva pelo que representa para a independência de Portugal e para o aumento do mundo 
cristão. os louvores, segue-se o apelo. 
 Referindo-se com modéstia à sua obra, que designa como “um pregão do ninho (...) paterno”, pede ao Rei que a leia. 
Na breve exposição que faz do assunto d’Os Lusíadas, o poeta evidencia um aspecto particularmente importante, a obra não 
versará heróis e factos lendários ou fantasiosos, como todas as epopeias anteriores, mas matéria histórica. Documenta-o 
nomeando alguns heróis nacionais que valoriza pelo confronto com os de outras epopeias. 
 O discurso da Dedicatória organiza-se, pois, segundo esta lógica — louvor, apelo de carácter pessoal e argumentos que 
o fundamentem, incitamento/apelo de carácter nacional e, em jeito de conclusão, breve reforço do apelo pessoal. 
 Na estância 6, D. Sebastião é-nos apresentado como defensor nato da liberdade da Nação, como o continuador da 
dilatação da Fé e do Império, como o Rei temido pelo Infiel, como o homem certo no tempo certo, «dado ao mundo por Deus». 
 Na estância 10 e 11, o poeta pede a D. Sebastião que ponha os olhos no poema que desinteressadamente fez e lhe 
dedica, no qual ele verá os grandes feitos dos portugueses, reais e não fingidos, maiores do que os narrados nas antigas 
epopeias, de tal forma que o jovem rei se poderia julgar mais feliz como rei de tal gente do que como rei do mundo todo 
(hipérbole). 
 O poeta desliga a glória de ser conhecido pela sua obra do «prémio vil», já que o moveu o «amor da pátria». 
 Os Lusíadas são fonte de glória para Camões pode ver-se nos quatro primeiros versos da estrofe 10, em que o poeta 
afirma que foi levado a escrever o seu poema, não pelo desejo de um prémio vil (material), mas de um prémio alto e quase 
eterno. Esse prémio é a fama de grande poeta entre os portugueses. 
 O poeta exalta D. Sebastião como jovem rei destinado pelo Fado (destino) a grandes feitos, num império já imenso, mas 
que ele acrescentaria ainda, dilatando a fé e o império. 
 O louvor de D. Sebastião está pois, em ser apresentado como um jovem-rei em que o povo português tudo espera, rei 
que a providência faz surgir para retomar a grandeza dos feitos portugueses. A ideia do jovem rei como salvador da pátria 
reflete a crise em que a nação já se encontrava, mas ela estava lá tão firme no povo que não desapareceu da sua alma nem com 
a morte do rei. O sebastianismo é precisamente isso: a imagem de um rei fatalmente destinado a ser salvador de uma nação em 
crise. 
 Naração 
➢ A narração tem inicio quando a ação já vai a meio, ou seja, in media res.Quando se inicia o relato da viagem (ação 
central), os portugueses já tinham percorrido metade do caminho, encontrando-se no oceano Índico. 
➢ A parte inicial da viagem só será narrada posteriormente, num processo de retrospetiva – analepse. 
A narração é então a articulação dos quatro planos. 
Resumo dos Cantos 
Canto I 
▪ Proposição- apresentação do assunto do poema: cântico das grandes figuras da saga nacional- navegadores, 
conquistadores, ... 
▪ Invocação- o poeta pede inspiração às ninfas do Tejo, para que elas lhe concedam um estilo adequando à grandeza dos 
feitos nacionais que vai cantar e divulgar por todo o mundo. 
▪ Dedicatória- o poema é dedicado a D.Sebasteão, que é incentivadoa continuar os grandes feitos dos seus antepassados, 
em especial os da expansão de carácter de guerra e religioso e elogio dos herois portugueses. 
▪ Inicio da narração: enquanto a armada de Vasco da Gama já se encontra no Índico, reúne-se o Consílio dos Deus (1º 
episódio do plano dos deuses), convocado por Júpiter, com o objetivo de decidir se os Portugueses devem ou não ser 
apoiados na sua aventura marítima . Vénus e Marte estão do lado dos portugues; Baco está contra e recusa-se a ajudar, 
pois teme ser esquecido no Oriente. Júpiter cede aos argumentos da deusa do amor e do deus da guerra, decidindo que 
os portugueses devem chegar à India, dando cumprimento ao destino (fado). Apesar desta decisão, Baco prepara 
ciladas aos Portugueses na ilha de Moçambique e em Quíloa. Aqui a intervenção de Vénus, a protetora dos nautas, 
salvará os navegadores que rumarão a Mombaça. 
▪ O canto feha com uma reflexão do poeta: a vida oferece tºão pouca segurança ao homem, apresentando-se como 
“caminho de vida nunca certo”. 
Canto II 
▪ Em mombaça, a armada de Vasco da Gama é recebida pelo rei, que influenciado por Baco, prepara uma armadilha. 
Mais uma vez, vénus intervém a favor dos Portugueses. Com a colaboração das nereidas , impede a entrada dos 
portugues no porto de Mombaça. 
▪ Vasco da Gama, tomando consciência do perigo que haviam corrido, dirige uma prece aos céus, agradecendo terem 
sido salvos. 
▪ Uma vez em Melinde, o rei receve os portugueses calorosamente e faz uma visita armada, pedindo que lhe conte as 
“guerras famosas e excelentes”. 
Canto III 
▪ O poeta, consciente da grandeza da tarefa que lhe é pedida – narrar-, invoca Caliope, para que ela lhe dê a 
inspiração condizente com a narrativa da história de Portugal que vai encetar. Assim, ao longo deste e do 
canto seguinte, o plano da história de portugal é inserido na narrativa. 
▪ A narrativa de Vasco da Gama é longa e inclui bastante informação como a localização de portugal na europa, 
a descrição da europa, a história primitiva e lendária de Portugal... 
▪ O canto termina com uma reflexão, motivada pelo amor de D. Fernando por D. Leonor de Teles cujo tema é 
precisamente o poder do amor. 
Canto IV 
• Vasco da Gama continua a sua narrativa, relatando acontecimentos da segunda dinastia, como a crise após a 
morte de D.Fernando, a batalha de aljubarrota, o reinado de D.João I (...), até ao reinado de D. Manuel e os 
com destaque da explicaçãodos preparativos da viagem maritima à India. 
• O canto termina com o episódio do Velho do Restelo que culmina com uma reflexão sobre a ambição 
desmedida do Homem. 
Canto V 
• Este canto ocupa-se da narrativa da viagem da armada de Vasco da Gama de Lisboa a Melinde, em que o 
comandante luso conta ao rei de Melinde episódios dessa viagem, com destaque, para o encontro com o 
gigante Adamastor , durante o qual se destacam também as profecias dos desastrese naufrágios a ocorrer no 
cabo das tormentas e o escorbuto que atacou grande parte da tripulação. 
• Vasco da Gama conclui a sua narrativa e depois o poeta encerra o canto com uma reflexão que critica os 
portugueses, seus contemporâneos pelo desprezo pelas Letras. 
Canto VI 
• O peta recupera o estatuto de narrador, contando a saida da armada de Melinde a caminho de Calecute, 
orientada por um piloto melindano (de Melinde). Baco não se conforma com a iminente chegada dos 
Portugueses à Índia, desce ao plácio de Neptuno e é convocado um consilio dos deuses marinhos. Após essa 
acesa discussão, a decisão é apoiar Baco no seu capricho. Para tal, ordena Éolo que solte os ventos irados, com 
o objetivode destruir a armada portuguesa. 
• No mar ainda calmo, os marinheiros passam tempo a ouvir histórias como o episódio dos Doze de Inglaterra 
(*), contada por Fernão Veloso. 
• De repente surge de forma violenta uma tempestade. Vasco da Gama com medo do seu fim, dirige uma prece 
à Divina Guarda. Esta prece é ouvida por Vénus , que mais uma vez socorre os portugueses com a ajuda das 
ninfas, as quais, com o seu poder sedutor, acalmando os ventos. Vasco da Gama agradece a Deus o sucesso da 
viagem. 
• A finalizar o vanto, o poeta volta a refletir sobre o verdadeiro valor da glória. 
Canto VII 
• Com a armada em Calecute, o canto começa com uma reflexão do poeta: um elogio ao espirito de cruzada 
lusitano e uma critica severa às nações europeias que não seguem o exemplo de Portugal na sua expansão da 
fé cristã. 
• Descreve-se Índia. 
• Ao encerrar o canto, uma nova lamentação do poeta. Camões, ao invocar as ninfas do Tejo e do Mondego, 
queixa-se dos seus infortunios, criticando, também todos aqueles que oprimem e exploram o povo. Porém 
reconhece com ironia amarga que o não apreço pelo seu trabalho desencorajará futuros escitores. 
Canto VIII 
• Paulo da Gama, novo narrador, relata ao Catual alguns episódios da história de Portugal, destacando a 
coragem de alguns heróis miticos e/ou históricos. 
• Terminada esta analepse na estrutura do poema, Catual e seus companheiros abandonam a nau. 
• Entretanto os sacrifícios aos deuses, que o Samorim mandara fazer, vaticinam que "a nova gente" iria impor 
"eterno cativeiro" à Índia. Também Baco - agora pela última vez - aparece em sonhos a um sacerdote e em 
forma de "profeta falso" inspira-lhe ódio de morte contra os portugueses. O samorim que fora advertido por 
esse falso sacerdote, interroga Vasco da Gama. Este procura esclarecer a situação dizendo que passará pela 
troca de fazendas europeias por especiarias orientais. No entento o Catual opõe-se à decisaão e prende o 
capitão, e este só consegue regressar à armada após subornar o catual que, a troco de fazendas europeias, lhe 
permite regressar a bordo. 
• Camões termina o Canto fazendo pertinentes considerações moralistas acerca dos malefícios do ouro "no rico, 
assi como no pobre". 
 
 
 
Canto IX 
• Utrapassados alguns contrantempos, os portugues sempre ajudados por Monçaide, inicam a sua viagem de 
regresso à pátria. Vénus, permanentemente atenta, resolve preparar-lhes um surpresa, uma recompensa por 
todos os sacrificios passados. Cria uma ilha divina e maravilhosa, povoada por ninfas que se oferecerão aos nautas. 
Estes, viverão momentos de amor e de prazer que constituem um prémio merecido para quem tão alto fez subir o 
nome de Portugal. 
• Vasco da Gama encontra-se com Tétis no seu palácio e a ninfa explica-lhe que este repouso é a compensação do 
trabalho dos marinheiros. 
• O poeta explica a simbologia da ilha e termina tecendo considerações sobre a verdadeira forma de antigir a fama e 
a imortalidade. 
Canto X 
• Tétis e as restantes ninfas oferecem um banquete aos marinheiros durante o qual uma ninfa narra os feitos 
futuros dos lusitanos no Oriente, não sem antes, o poema ter de novo invocando caliope. 
• Tétis leva Vasco da Gama até ao alto de um monte e aí mostra a máquina do mundo e os locais por onde se 
estenderá o Império Português. 
• Por fim, os naegadores embarcam rumo a Portugal trazendo para a sua pátria e para o seu rei glória e titulos 
novos. 
• O canto encerra com um lamento do poeta pelo facto de o seu talento não ser recoenhecido sobretudo por 
aqueles a quem canta (para os portugueses). Exorta D.Sebastão a dar continuidade à glória dos portugueses 
oferecendo-se para servir o rei e a pátria. O poeta aponta ainda um caminho: o norte de África. 
 
2. Os 4 planos e a sua interdependência: 
a) Plano da viagem (plano central): a narração dos aconteciemntos ocorrido durante a viagem realizada entre 
Lisboa e Calecute: 
• Partida a 8 julho de 1497 
• Peripécias da viagem- destaque para a grande coragem e valor guerreiro dos marinheiros 
portugueses, para a tempestade, o escorbuto, as vitórias sobre traições entre outras. 
• Paragem em Melinde durante 10 dias. 
• Chegada a Calecute (Índia) a 18 de maio de 1498. 
• Regresso a 29 de Agosto de 1498. 
• Chegada da nau de Vasco da Gama a Lisboa em 29 de agosto de 1499. 
 A funcionalidade deste plano é conferir unidade ao poema. É, por isso, uma esécie de “esqueleto” da epopeia. 
b) Plano da História de Portugal (plano encaixado): relata factos marcantes da História de Portugal: 
• Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os principais acontecimento da nossa história. 
• Em Calecute, Paulo da Gama apresenta ao Catual episódios e personagens representadas nas 
bandeiras portuguesas. 
 A função deste plano é relatar e enaltecer a História de Portugal. 
c) Plano da Mitologia (plano paralelo): A mitologia permite e favorece a evolução da ação: os deuses assumem-
se como apoiantes (Vénus) ou como oponentes dos portugueses (Baco): 
• Os deuses apoiam os Portugueses: consílio dos deuses no Olimpo. 
• Consilio dos deuses marinhos. 
• Ilha dos Amores. 
 A função deste plano é conferir beleza, ação e diversidade ao poema, ajudando no processo de divinização dos 
Portugueses. 
d) Plano do poeta (plano ocasional): Considerações, criticas, lamentos e opiniões do poeta, expressas 
nomeadamente, no inicio e no fim dos cantos. 
 Este plano serve para o poeta transmitir as suas posições face ao mundo, aos outros e a si mesmo. 
❖ O plano da viagem e o plano da mitologia ocorrem em simultâneo . 
❖ A articulação entre o plano da viagem e da mitologia sai reforçada pelo estatuto que os Portugueses conquistam, após 
chegarem à Índia – estatuto de divindade, por terem concretizado algo de sobre-humano, como um prémio é-lhes 
oferecida uma recompensa digna de deus- Ilha dos Amores. 
❖ O plano da História de Portugal é um plano encaixado, que apresenta episódios de guerra e liricos. 
❖ O plano da história de Portugal funciona como analepse e prolepse. 
❖ O plano das intervenções ou reflexões do poeta será vital para o entendimento do pendor humanista da epopeia. 
 
 
3. Imaginário épico 
3.1. Matéria épica e sublimidade do canto 
 Como foi visto na proposição, a intenção do poeta ao escrever esta obra é cantor o “peito ilustre lusitano”, isto é, 
glorificar os feitos do povo português. Esses feitos dizem respeiro quer aos nautas quer a outras ilustre figuras históricas 
portuguesas. Por esta razão podemos dizer que a matéria épica de Os Lusiadas integra: 
→a viagem de Vasco da Gama à Índia – as descobertas; 
→os feitos históricos – apresentação por Vasco Da Gama ao rei de Melinde e por Paulo da Gama ao Catual. 
 A matéria épica só se torna verdadeiramente épica quando passa a estar subordinada ao mito, isto é, quando a sua 
interpretação passa a ser simbólogica. Nesse sentido, o própria herói é subordinado ao mito, ou seja, sofre um processo de 
mitificação. 
3.2. Mitificação do herói 
 Camões não escolheu um herói individual que motivasse o título da sua obra, mas procurou que a sua epopeia 
enunciasse a história de todo o povo da "geração de luso". A intenção em exaltar os portugueses levou Camões a torná-los 
verdadeiros heróis que se foram construindo, ao longoda obra, e que mereceram a mitificação. 
 Deste modo, estamos perante um herói colectivo, que é constituído pelas "armas e barões assinalados", pelos Reis, por 
"aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando" e pelos navegadores, que no seu conjunto formam "o peito 
ilustre lusitano". 
 Para que este se fosse construindo, vários elementos foram fundamentais, tais como: a inteligência, pois os 
portugueses fizeram grande parte da viagem sem que os Deuses se apercebessem; a coragem e a valentia, que demonstraram 
perante as ciladas de Baco e perante o Gigante Adamastor, símbolo do perigo e do inultrapassável, que permitiu 
a heroificação de Vasco da Gama, no momento de inversão. 
 Além disso, o episódio do Velho do Restelo, que simbolizando a contraposição e prenunciando vários perigos, mortes, 
tormentas e outros desastres, contribui para a formação do herói, que enfrenta estes obstáculos com coragem e esforço. 
 Depois de todas as etapas vencidas, os portugueses merecem descanso, que decorrerá na Ilha dos Amores, local 
concebido pelo épico, simbolizando a recompensa pela heroicidade, a satisfação dos sentidos e a harmonia no Universo. É aqui 
que os portugueses são mitificados e se tornam Deuses, como se verifica quando as Ninfas se entregam aos navegadores, 
alcançando a glória. 
 Finalmente, a viagem, mais do que a exploração dos mares, é a passagem do desconhecido para o conhecido, 
conseguida pelo esforço e motivada pelo amor, tendo como resultado a posse do conhecimento. 
 
4. Refleções do poeta 
 
 Luís de Camões, n´Os Lusíadas, não consegue calar a voz crítica da sua consciência nem a sua emoção. Então, 
interrompendo o tom épico, umas vezes, a sua palavra ganha uma feição didáctica, moral e severamente crítica. Outras vezes, 
expressa o lamento e o queixume de quem sente amargamente a ingratidão, ou os desconcertos do mundo. 
 Canto I (105-106) Limites da condição humana: Os perigos que espreitam o ser humano (o herói), tão pequeno diante 
das forças poderosas da natureza (tempestades, o mar, o vento...), do poder da guerra e dos traiçoeiros enganos dos inimigos. 
❖ Canto III Poder do amor: surge do tema do amor de D. Fernando por D.Leonor 
❖ Canto IV ambição desmedida do homem 
❖ Canto V (92-100) Desprezo das artes e das letras: O poeta lamenta o desprezo que os Portugueses valorizam as letras, 
pois apesar de serem de terra de heróis, não reconhecem o valor da arte. 
❖ Canto VI (95-99)Verdadeiro valor da glória: Nestas estâncias, o Poeta realça o verdadeiro valor das honras e da glória 
alcançado por mérito próprio. O herói faz-se pela sua coragem e virtude, pela generosidade da sua entrega a causas 
desinteressadas. 
❖ Canto VII (78-93) Lamento pelos infortúnios da vida: Camões elogia o Espírito de Cruzadas dos Portugueses, 
destacando-os de outros povos. O poeta, invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se da ingratidão de que é 
vítima. Ele que sonhava com a coroa de louros dos poetas, vê-se votado ao esquecimento e à sorte mais mesquinha, 
não lhe reconhecendo, os que detêm o poder, o serviço que presta à Pátria. 
❖ Canto VIII (96-99) o poder corrupto do ouro: Faz-se, nestas estâncias, uma severa crítica; o alvo é o poder corruptor do 
dinheiro e do «ouro». 
❖ Canto IX (93-99) verdadeiro caminho para atingir a fama: O poeta incita os homens a alcançarem a verdadeira glória e a 
fama, que não se conseguem pela cobiça, a ambição ou a tirania; mas pela justiça, a coragem e o heroismo 
desinteressado. 
❖ Canto X (145-156) lamentos pela falta de reconhecimento do povo: O poeta volta a referir-se à importância das Letras 
(Literatura) e desabafa que já está cansado de se dirigir a quem não quer escutar o seu canto, «gente surda e 
endurecida». Exorta o Rei a concretizar novas glórias. 
 
 Antiepopeia- a riqueza do poema está na vertente didática e interventiva, nesta capaciadade de Camões mostrar o 
outro lado da epopeia (antiepopeia). Na verdade, os momentos em que o poeta tece criticas aos portugueses ou quando deixa 
conselhos dos seus contemporâneos, a matéria épica e o canto sublime dão lugar à antiepopeia, isto é, ao reconhecimento e à 
condenação da vileza e da miséria humana. 
História trágico-maritima 
 
I. Caracteristicas 
 Esta obra narra breves episódios de naufrágios da época dos Descobrimentos. As histórias são verdadeiras e 
diretamente relacionadas com esse momento marcante. Relatam o lado trágico dos Descobrimentos como a destruição de 
embarcações, perda de mercadoria e de vidas humanas. 
• Função sociológica- saber noticias de parentes ou amigos que tinham partido em viagem. 
• Função didática-transmitir ensinamentos para as viagens futuras. 
• Função de exemplaridade- “demonstração exemplar da justiça divina”. 
 
II. Estrutura narrativa→ antecedentes – partida – tempestade – naufrágio – Arribana – Peregrinação – Retorno. 
 
III. Causas para os naufrágios: 
• Materiais- mau estado das embarcações; excesso de carga; partida com o tempo desfavorável (ventos, estado 
do mar) 
• Humanas- egoismo, ambição, desleixo. 
 
IV. Autores→ nem sempre constam autores precisos, mas a maior parte da narrativa apresenta autoria de alguns 
sobreviventes dos naufrágios. 
 
Capítulo V : As terriveis aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho 
Aventuras e desventuras dos Descobrimentos 
I. Inicio da Viagem: 
 Os primeiros paragrafos deste capitulo V menciona que esta história decorre num período em que o país se encontrava 
em decadência política, social e moral. A corrupção dos valores e a ganância dos portugueses são criticados de forma subtil 
através da viagem narrada, representando a nau Santo António uma metonímia de Portugal. 
 Os paragrafos 2-4 apresentam de forma sintética outros factos relevantes da vida e da infância do protagonista desta 
narrativa. 
 Segue-se um relato das suas ações, com vista a destacar as qualidades de guerreiro, bem como as qualidades morais, 
como preparação para a narração da viagem que Jorge de Albuquerque Coelho decide empreender da vila de Olinda até Lisboa, 
uma vez que a capitania estava pacificada. 
 A segunda parte do excerto é dedicada ao inico da viagem na nau “Santo António” sobre a qual nos é dito que ia 
“carregado de muita fazenda” e que saiu do “belo porto da vila de Olinda” no dia 16 de maio de 65. Esta narração está repleta 
de referências temporais ao longo do texto o que marca a sucessão dos acontecimentos. 
 Logo no inicio da viagem começam os contratempos. Com efeito, não tinham saido da barra, o vento conduziu a nau 
para um baixo. Foram socorridos por batéis, mas a nau só desencalhou quando cortaram os mastros, o que obrigou a regressar 
ao porto, onde foi examinada e novamente preparada e carregada. 
 Perante este incidente, é curioso observar as duas reações distintas: os amigos de Jorge de Albuuerque Coelho 
aconselharam-no a não embarcar; ele, pelo contrário, não deu ouvidos e embarcou com os outros passageiros. 
 No entanto, a viagem começou com novos obstáculos: a mudança do vento obrigou a atirar a carga ao mar, o casco 
acabou por abrir, um furacão partiu um mastro; ocorreram trovoadas. 
 Assim, a deterioração da nau (mastros cortados, logo na primeira viagem), o atraso na partida (a primeira viagem foi 
mal sucedida) e o excesso de carga (poucos dias depois da segunda partida, tiveram de deitar mercadoria ao mar) são as causas 
que fazem prever a tragédia que se avizinha. 
 
II. Ataque dos Corsários: 
 Este excerto tem como evento principal o ataque dos corsários franceses à nau dos Portugueses. 
 O relato mostra-nos : 
❖ A bravura, a determinação, o patriotismo de Jorge de Albuquerque Coelho que com apenas duas armas e sete homens, 
luta contra os corsários. 
❖ A traição, a fraqueza dos restantes tripulantes (exceto os 7 homens) que mal veem os corsários, decidem render-se; só 
não o fazem imediatamente porque Jorge de Albuquerque consegue dissuadi-los, numa primeira fase. 
❖ O contraste entre a nau dos franceses (superior) e a nau dos portugueses. 
❖ O

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