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Curso_ 202210 ead-29783170 06 - QUALIDADE DE VIDA, SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO - GR2944 4

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22/02/2022 06:28 Qualidade de Vida, Segurança e Saúde no Trabalho
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QUALIDADE DE VIDA,
SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO
CAPÍTULO 4 - VOCÊ SABE COMO
PROCEDER EM SITUAÇÕES DE RISCO E
DE EMERGÊNCIA NAS
ORGANIZAÇÕES?
Rafaela Carvalho de Oliveira
INICIAR 
Introdução
Acompanhando a tendência mundial, cada vez mais as organizações passam a
perceber o papel central (e fundamental) das pessoas que nelas estão inseridas.
Por isso, para garantir que essas pessoas possam trabalhar em um local seguro,
com atividades seguras, a segurança do trabalho se tornou o foco de atenção dos
gestores. Afinal, quais as condições de trabalho dessas pessoas que compõem as
organizações?
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Essa mudança gerou uma maior preocupação com as condições de trabalho e os
fatores ambientais, pessoais, físicos, sociais e psicológicos, trazendo à tona
questões como: de que forma a empresa pode garantir mais segurança para quem
realiza as atividades organizacionais? Como antecipar os riscos e prevenir os
acidentes dentro do ambiente organizacional?
Contudo, muitas vezes, mesmo com a prevenção e a gestão dos riscos, acidentes
acontecem e esses eventos imprevistos precisam ser geridos da melhor forma
possível pela organização, porque também trazem consequências. Dessa forma, o
objetivo desse capítulo é permitir que você compreenda como ocorre a gestão de
emergências, de que forma é possível intervir para evitar que os riscos se tornem
futuras emergências e qual o papel da segurança do trabalho neste contexto.
Assim, caso você esteja se perguntando, como devemos proceder em caso de
emergência? É possível controlar as consequências de uma emergência? Como se
faz isso? Existem meios de controlar o risco e evitar que as emergências ocorram?
Prossiga com seus estudos, porque essas e muitas outras questões serão
respondidas ao longo deste capítulo. Acompanhe!
4.1 Monitoramento de segurança
A segurança do trabalho é fundamental para a qualidade de vida no trabalho
(QVT). Por meio de atividades seguras, um ambiente com boas condições de
trabalho, um clima e uma cultura favoráveis, dentre outros fatores, os
colaboradores podem ter, dentro do ambiente organizacional, mais qualidade
para realizar suas atividades laborais.
Por mais que uma organização tenha preocupação tanto com a QVT quanto com a
segurança do trabalho, apenas isso não é suficiente. Além de ter uma gestão
voltada para a prevenção e com foco na segurança, para que seja possível afirmar
que um local ou uma atividade é seguro, é preciso monitorar essa segurança.
Confira no próximo item quais são os instrumentos que auxiliam nesse
monitoramento.
4.1.1 Instrumentos de monitoramento: indicadores, auditoria e
diagnóstico
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Para realizar o monitoramento da segurança, alguns recursos são fundamentais,
como os indicadores, a realização de auditorias e os diagnósticos. Contudo, antes
de aprofundarmos nosso estudo, é preciso entender que o grande perigo da
exposição dos trabalhadores às situações de risco é a possibilidade de o risco se
materializar em danos. Mas, afinal, o que é um dano?
Para Cardella (2016, p. 233), “dano é a alteração indesejável do estado do objeto
que resulta da ação de um agente qualquer. [...] pode ser produzido de forma
lenta, gradual e muitas vezes imperceptível ou abrupta, em fração de segundo”.
Os efeitos do dano podem ser classificados em reversíveis e irreversíveis. Contudo,
como existe o dano residual, na prática não é possível voltar ao status quo, ou seja,
retornar à situação da mesma forma que era antes do dano (CARDELLA, 2016).
Assim, um dano físico, como a perda de um dedo ao manusear determinada
máquina, será uma perda irreversível. Já um corte superficial será um dano
reversível, mas terá um dano residual, ainda que seja uma pequena e
imperceptível cicatriz, ou seja, não volta a ser como era antes de o dano acontecer.
Se o dano não gerar uma alteração significativa que possa modificar a
normalidade, ele é considerado como desprezível. Além disso, é preciso entender
que defeitos que acontecem ao longo dos processos não podem ser considerados
danos, da mesma forma que os desgastes naturais (CARDELLA, 2016).
Os danos podem ser classificados da seguinte forma:
Figura 1 - Classificação e descrição dos danos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA,
2016.
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É possível verificar que o dano pode ter mais de uma natureza. Além disso, existe a
possibilidade de uma determinada situação gerar mais de um tipo de dano; por
isso, é importante entender a complexidade de cada um deles para que seja
possível evitá-los adequadamente.
O monitoramento da segurança gerará indicadores (símbolos criados para a
representação da realidade), os quais podem ser “atributos do objeto monitorado
ou derivados por fórmulas, algoritmos ou correlações” (CARDELLA, 2016, p. 71). 
VOCÊ SABIA?
A Lei n. 6.514 (BRASIL, 1977) alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em
relação à segurança e medicina do trabalho. Perceba que essa preocupação com a
segurança vem crescendo gradativamente com o passar do tempo, mas ainda
temos um longo caminho a percorrer.
Nesse sentido, o atributo que mais nos interessa quando estudamos o
monitoramento da segurança é o risco. Não é possível determinar de forma
precisa o risco diretamente, isto é, por meio da observação. Nesse sentido,
Cardella (2016, p. 71) aponta que:
O risco resulta de duas forças contrárias, o perigo e a função segurança. Portanto, o
monitoramento deve ter indicadores de perigo, da função segurança e do risco. Os
indicadores de perigo incluem os de agressividade, capacidade agressiva,
mobilidade e expansividade, exposição e frequência de demandas; os da função
segurança incluem os de liderança, cultura organizacional, sistema de gestão e
sistema operacional de controle de riscos e de emergências; e os indicadores de
risco incluem os de ocorrências anormais, acidentes, danos e perdas.
As relações causais entre o risco e as ocorrências consideradas anormais
permitem ter mais conhecimento sobre o risco. Essas relações podem ser
determinísticas (quando um acontecimento é responsável pela ocorrência do
outro) ou probabilísticas (quando um acontecimento pode gerar uma
probabilidade maior de acontecer o outro) (CARDELLA, 2016).
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Mas, afinal, quais características os indicadores de monitoramento de segurança
precisam ter? Cardella (2016) destaca alguns pontos que precisam ser levados em
conta para os indicadores:
 
fidelidade: indicadores fiéis não são suscetíveis a distorções, ou seja,
estão de acordo com a realidade. Por exemplo: o número de acidentes
não é um indicador fiel, porque os colaboradores ou gestores podem
omitir registros;
sensibilidade: indicadores sensíveis possuem a qualidade de detectar as
variações na realidade organizacional, ainda que pequenas;
tempo de resposta: indicadores rápidos possuem um tempo breve para
que se apresente uma variação na realidade. Esse tempo é importante,
porque um indicador pode ter alta fidelidade e alta sensibilidade, mas
ser excessivamente lento.
 
Para a realização do monitoramento da segurança, precisam ser verificados
periodicamente os atributos de um determinado objeto. Essa verificação pode
acontecer de forma contínua (frequência pré-determinada) ou descontínua
(aleatória).
Além dos indicadores, o monitoramento pode requerer o uso de outros
instrumentos, como o diagnóstico e as auditorias.
Contudo, é preciso inicialmente discernir entre eles. Acompanhe o quadro a
seguir.
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Uma importante diferença entre a auditoria e o diagnóstico é que esta tem foco
nos procedimentos, que são mais facilmente modificáveis, por isso o alvo está no
sistema de gestão.
É importante destacar que existem três tipos de auditorias que podem ser
realizadas, segundo Cardella (2016):
 
setorial: realizada por uma equipe interna – do próprio setor, órgão ou
departamento;
corporativa: realizada por uma equipe formada por profissionais de
diferentes setores;
externa: realizada para cumprir uma legislação ou uma certificação.
 
Já o diagnóstico de segurança busca identificar problemas na cultura
organizacional e na liderança, o que faz com que seja necessário alterar crenças e
valores, que são muito mais difíceis de serem mudados (CARDELLA, 2016).
Tanto para a auditoria quanto para o diagnóstico, portanto, serão utilizados
indicadores para retratar a realidade do local, além de técnicas de análise de risco,
que buscam verificar se a situação observada é compatível com o padrão
esperado e se existem desvios (CARDELLA, 2016).
Figura 2 - Diferenças entre auditoria e diagnóstico da segurança. Fonte: Elaborado pela autora, baseado
em CARDELLA, 2016.
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Garantir a segurança para a realização das atividades laborais é fundamental para
manter os trabalhadores seguros, oportunizar melhor qualidade de vida, dar
continuidade à realização das atividades produtivas e, consequentemente, manter
a empresa competitiva (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2013).
O monitoramento é fundamental para que as operações organizacionais ocorram
com máxima segurança, mas nem sempre tudo acontece dentro do planejado:
situações indesejadas podem, infelizmente, vir a acontecer. Para saber como lidar
com essas situações, é preciso entender como funciona a gestão de emergências.
Vamos lá?
4.2 Gestão de emergências
Ainda que a segurança seja uma preocupação da organização e que ela seja
monitorada constantemente, eventos indesejados e que não foram programados
podem acontecer. Entre eles estão os perigosos, os quais configuram as situações
ditas de emergência. Assim, é possível afirmar que o risco representa a
possibilidade de que danos venham a ocorrer, enquanto a emergência é a
manifestação desse risco, ou seja, é o momento em que o risco se efetiva e passa a
gerar danos.
Perceba que emergência é algo totalmente inesperado, fora da normalidade das
atividades da organização, como um acidente ou até uma sabotagem. Em um
cenário ideal, as emergências nunca aconteceriam, contudo, sabemos que nem
sempre será possível evitá-las integralmente.
Por isso, é necessário que você saiba como funciona uma política voltada para a
gestão dessas emergências. Acompanhe!
4.2.1 Política de gestão de emergência
Para que a gestão de emergências possa funcionar em uma organização, é preciso
que seja desenvolvida uma política em prol disso, de modo que todos os
colaboradores tenham ciência e compreendam o que é esperado deles e como se
espera que eles procedam nessas situações.
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VOCÊ SABIA?
Políticas são determinações das organizações sobre o comportamento desejado
em uma situação, devem ser facilmente compreendidas e sua redação precisa ser
clara. A gestão é responsável por defini-las (com ou sem a participação, de acordo
com o estilo de liderança da empresa), já os colaboradores devem segui-las,
questionar caso tenham dúvidas e contribuir para a elaboração quando solicitados.
Ao pensar na segurança a partir de uma visão sistêmica ou holística, Cardella
(2016, p. 78) propõe o seguinte exemplo de política voltada para a gestão de
emergências: “qualquer evento perigoso para pessoas, meio ambiente ou
patrimônio deve ser considerado o evento de maior importância naquele
momento, sendo a ele dirigidos os recursos necessários e as atenções da estrutura
da organização”.
Para que seja definida uma política de gestão de emergências na organização, é
preciso que essa construção esteja pautada em alguns princípios básicos, os quais
são apresentados por Cardella (2016, p. 77), como:
A velocidade de propagação da série de eventos perigosos é maior que a
velocidade com que o homem detecta, analisa e toma decisões.
Em situação de emergência, o homem apresenta elevada probabilidade de
cometer falhas. Essa probabilidade diminui se ele estiver adequadamente
treinado.
Não é possível elevar a confiabilidade dos sistemas a cem por cento. Quando o
último recurso mecânico-eletrônico falha, o controle passa a depender
totalmente da intervenção humana.
Tais princípios podem ser desdobrados em outras regras de ouro da gestão de
emergências (CARDELLA, 2016, p. 77), que são:
As emergências devem ser analisadas precisamente para que decisões críticas
sejam incorporadas ao plano de ação e as ações sejam executadas de modo
automático no momento da ocorrência.
As ações de controle devem ser executadas preferencialmente por equipamentos,
pois eles atuam muito mais rapidamente e com muito maior confiabilidade do
que o homem.
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As pessoas que atuam no controle de emergências devem ser treinadas em
detecção de falhas.
Além dos princípios, existem algumas diretrizes que norteiam a gestão de
emergências nas organizações, segundo Cardella (2016, p. 78):
Atuar prioritariamente para proteger e não colocar em risco a integridade das
pessoas, inclusive a integridade dos próprios componentes da organização para
controle de emergências;
Toda informação sobre anormalidades externas à organização, mas que possam
estar relacionadas com suas atividades, de ser prontamente averiguada;
Como forma de colaboração, a organização pode prestar apoio à comunidade em
emergências não relacionadas com suas atividades, desde que isso não
prejudique sua própria segurança;
As emergências com potencial para afetar áreas externas devem ser prontamente
comunicadas aos órgãos públicos (como órgãos ambientais e Defesa Civil).
Podemos perceber que, quando acontece uma emergência, o foco é sempre
preservar a vida e a integridade das pessoas, em sequência do meio ambiente e da
organização. Toda emergência precisa ser registrada para que se tenha um
histórico e se possa planejar soluções para evitar que ela ocorra novamente. A
organização precisa evitar a ocorrência de emergências, mas, quando elas
ocorrerem, precisa-se prestar suporte integral e buscar reverter a situação o mais
rápido possível.
Para conhecer um pouco mais sobre o universo das emergências e dos acidentes, indicamos o livro
“Acidentes industriais: o custo do silêncio”, escrito por Michel Llory. São apresentados o papel dos
operadores envolvidos, as complexidades dos acidentes, a negligência dos gestores, além dos riscos e
danos envolvidos com os acidentes (LORY, 1999).
VOCÊ QUER LER?
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A emergência é considerada um fenômeno “remoto, incerto e indesejável”
(CARDELLA, 2016, p. 78), ou seja, as pessoas sabem que pode ocorrer uma
emergência, mas não estão totalmente preparadas para isso. Um fenômeno certo,
imediato e positivo (como uma reunião pré-agendada) tende a regular mais o
comportamento das pessoas. Dessa forma, é preciso focar em eventos que
simulem as emergências, palestras demonstrativas que orientem e conscientizem
sobre a importância de controlar, agir rápido e minimizar os danos. O objetivo é
preparar e ensinar as pessoas para quando precisarem agir.
Quando abordamos a gestão de emergências, não conseguimos mais evitar que o
risco efetivamente se concretize: agora o foco estáem tentar controlar e minimizar
as consequências. Como a ocorrência de emergências é totalmente indesejada
pela organização, é preciso planejar meios de controlá-las de modo eficaz e prever
suas possíveis consequências. Mas qual o objetivo de controlar a emergência? A
ideia é que a organização tenha o poder de conduzir e dominar a situação, de
maneira que se estabilize ou anule a ação dos agentes nocivos, evitando que
novas situações sejam geradas. Se for uma situação que envolva a existência de
vítimas, o controle envolve resgate, salvamento e atendimento médico adequado
(CARDELLA, 2014).
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É preciso que as organizações desenvolvam estratégias com o objetivo de buscar
controlar as situações de emergências. Esse é o foco do nosso próximo tópico.
Acompanhe!
4.2.2 Organização para controle de emergência
Figura 3 - Atendimento imediato das vítimas e controle da situação de emergência. Fonte: Shutterstock,
2018.
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Para controlar as situações de emergência, as organizações precisam predefinir
ações que serão realizadas e decisões que serão tomadas no momento necessário,
para controlar a situação quando o risco já tiver se tornado uma emergência e a
organização estiver na iminência de ter danos de qualquer natureza.
As empresas desenvolvem um sistema para gerir as emergências, que nada mais é
do que “o conjunto de instrumentos que a organização utiliza para planejar,
operar e controlar suas atividades no exercício da Função Controle de
Emergências” (CARDELLA, 2016, p. 77). 
Denzel Washington estrela o filme Unstoppable (Incontrolável), que narra os esforços de uma equipe de
ferroviários para tentar evitar um desastre em decorrência de um comboio desgovernado contendo
produtos químicos e altamente tóxicos. A gestão de riscos e a gestão de emergências são abordadas ao
longo da narrativa e influenciam a forma como a situação é conduzida (BOMBACK, 2010).
Ao definir as políticas, a organização já declara como deverá ser a postura do
trabalhador em uma situação de emergência. A função controle busca desdobrar
essa atividade em várias, determinando o monitoramento, os procedimentos e as
técnicas que precisam ser aplicadas quando necessário.
Isso quer dizer que não existirá uma tarefa única ou uma pessoa responsável no
momento de controlar a emergência, e sim vários envolvidos tentam atuar no
menor tempo possível, controlando o agente causador da emergência, os
alvos/vítimas e os efeitos colaterais/danos.
Um exemplo simples é um incêndio na organização: é preciso conter o fogo,
identificar o agente causador e eliminá-lo, evacuar o local para que ninguém se
fira, resgatar e socorrer quem já foi atingido pelo fogo. Tudo isso precisa ser
realizado simultaneamente, mas priorizando o atendimento às vítimas e a redução
do número delas.
VOCÊ QUER VER?
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Existem inúmeras situações de risco que são perigosas e precisam ser mapeadas e
planejadas para, caso evoluam para eventos que venham a provocar danos,
possam ser controladas com ações específicas. A esse conjunto de ações é dado o
nome de “Plano de Ação em Emergência (PAE), e cada evento perigoso associado
a determinadas condições de momento e local é uma hipótese emergencial”
(CARDELLA, 2016, p. 81).
O objetivo é que o PAE preveja as possíveis situações de emergência, tenha
recursos disponíveis e a definição de quais procedimentos devem ser realizados
para controlar a situação emergencial. A ideia é que todo plano de ação seja
simples e de fácil aplicação, podendo ser realizado rapidamente quando
necessário. Por isso que é tão importante treinar e realizar simulações com os
trabalhadores, a fim de que todos sejam capazes de aplicar o plano quando
necessário (CARDELLA, 2016).
Figura 4 - PAE é o Plano de Ação em Emergência, cujo objetivo é mapear os riscos de possíveis
emergências e trazer soluções mais rápidas. Fonte: Photographee.eu, Shutterstock, 2018.
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O PAE envolve quatro etapas para mobilização da organização: detectar,
comunicar, avaliar e mobilizar. Assim, ao perceber (detectar) a situação de
emergência, é preciso: comunicá-la para os envolvidos, superiores e órgãos;
avaliar a extensão e a complexidade da emergência; mobilizar pessoas para agir, a
fim de contornar e eliminar a situação.
Para que o controle de emergências possa ocorrer adequadamente, também é
importante ter uma Organização para Controle de Emergências (OCE), para
proteger e minimizar os danos decorrentes da emergência. Essa organização tem
como missão “atuar em situações de emergência provocadas pelas atividades da
organização, protegendo pessoas e atenuando danos ao patrimônio e ao meio
ambiente” (CARDELLA, 2016, p. 82).
Os acidentes e as emergências envolvem diversas pessoas: gestores, vítimas,
demais colaboradores, comunidade e profissionais envolvidos com o
resgate/transporte/atendimento. Por exemplo: um motorista cochilou e perdeu o
controle de uma máquina que estava operando externamente à empresa. Com
isso, acabou lesionando duas pessoas, além de si próprio. Na hora de deslocar as
vítimas para o hospital, o transporte via ambulância também pode envolver riscos.
Além dos envolvidos, os acidentes podem envolver outras potenciais situações de
risco de danos e que não seja o acidente em si. Isso reforça a preocupação em
buscar sempre a prevenção, quando possível (ZOCCHIO, 2002).
Com relação aos envolvidos na situação decorrente de uma emergência, podemos
afirmar que a OCE pode ter quatro tipos de “clientes”, que seriam as pessoas
atendidas pela organização (CARDELLA, 2016, p. 82):
Cliente-consumidor: conjunto de pessoas atingidas pela emergência;
Cliente-patrocinador: a própria organização que investe na implantação da OCE;
Cliente-comunidade: demais membros da organização que mantém a OCE,
contratados, visitantes e a comunidade.
Cliente-componente: atua diretamente na OCE, são os empregados que têm
dedicação exclusiva no controle de emergências, como e, também, os que atuam
em outras atividades, mas são convocados em situações emergenciais.
A OCE precisa estar em desenvolvimento constantemente e deve ficar sempre
preparada para agir imediatamente nas situações necessárias. Como em muitas
situações, a contenção e o resgate são perigosos e difíceis, sendo necessário
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manter sempre a atualização de estratégias, ações e recursos disponíveis. O
objetivo principal é que a OCE consiga liberar recursos para a ação mais rápida
possível, por isso, contar com uma equipe treinada é primordial.
A segurança e a saúde do trabalho e os riscos inerentes da realização das atividades cotidianas também
influenciam no psicológico das pessoas. Pensando nisso, Mota (2017) estudou e escreveu a obra
“Psicologia aplicada em segurança do trabalho: destaque nos aspectos comportamentais e trabalho
em equipe da NR-10”.
Conforme vimos, para o controle das emergências, é preciso que a emergência
seja detectada, mobilizada e, consequentemente, ocorra uma intervenção. E é isso
que estudaremos no próximo tópico. 
VOCÊ QUER LER?
4.3 Gestão de risco nas intervenções
Ao falar de intervenção, é preciso ter em mente que as ações de intervenção no
contexto organizacional atingem muitos componentes que se relacionem e
possuem interdependência: a cultura, a liderança e os sistemas de gestão.
Ao intervir para mudar a cultura organizacional em prol da segurança, busca-se
modificar crenças, valores e modo de agir dos colaboradores. Na liderança, a
intervençãoestá relacionada com a conscientização e aderência dos líderes para
que estes inspirem, motivem e passem confiança para os demais colaboradores. E,
por fim, nos sistemas de gestão, são desenvolvidos sistemas, diretrizes e
programas, determinados procedimentos, bem como são realizadas auditorias e
outras ações voltadas para intervir na organização, visando mais segurança no
trabalho.
As intervenções podem ser realizadas em áreas ou em sistemas com o propósito
de realizar visitas, inspeções, modificações ou alterações de processos e tudo isso
pode vir a gerar riscos para a organização, os quais precisam ser controlados de
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modo específico.
4.3.1 Objeto da intervenção
Quando a empresa muda, adapta ou altera uma situação existente por
necessidade imperiosa, podemos mencionar que essa ação seria uma
intervenção. Contudo, ao realizar uma ação, existe um risco e, caso ele se
concretize, pode haver um “efeito dominó ou cascata” que gerará uma emergência
em decorrência da intervenção realizada (CARDELLA, 2016). Por isso, é importante
estudarmos a gestão de riscos nas intervenções.
A intervenção é invasiva porque ela não é uma escolha, e sim necessária,
impactante e traz inúmeros efeitos positivos e/ou negativos. Por exemplo, ao
realizar uma reforma em um prédio que está com as estruturas ruins, os efeitos
positivos são as melhores condições estruturais e físicas, assim como a segurança.
Contudo, essa obra pode trazer efeitos negativos, como a degradação do solo.
Além disso, existe a probabilidade de os riscos advindos dessa manutenção se
tornarem reais, na figura de acidentes, por exemplo, trazendo efeitos negativos
também. Além de positivos e negativos, os efeitos das intervenções podem ser
imediatos ou retardados, ou seja, acontecem imediatamente ou, com o tempo,
eles passem a aparecer (CARDELLA, 2016).
A intervenção apresenta sete importantes elementos (CARDELLA, 2016):
interventor, objeto da intervenção, meio ambiente (ar, solo, águas, fauna e
flora), agentes impactantes (pessoas, animais, equipamentos, resíduos etc.), alvos
(pessoas, meio ambiente e patrimônio), impactos e efeitos.
Existem quatro principais itens que podem ser objetos das intervenções
(CARDELLA, 2016):
 
agregado: conjunto no qual as propriedades do todo são deduzidas das
propriedades das partes. É a soma de suas partes. Não há interligação
adequada entre os componentes, não importa como as partes estão
organizadas, e as propriedades do todo são a soma das propriedades
dos componentes. A essência não muda se acrescentarmos ou
retirarmos algumas peças. Exemplos: conjunto de livros, monte de areia;
sistema: entidade composta de elementos inter-relacionados e
interdependentes que interagem entre si e com o meio ambiente,
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“desenvolvendo transformações a partir de estímulos recebidos do
exterior e com uma finalidade bem definida” (CARDELLA, 2016, p. 229).
As interações dos diversos componentes fazem surgir características
novas para o todo. A retirada de um ou mais componentes altera ou até
destrói a essência do sistema. No sistema, as relações são mais
importantes que as partes;
área: região do espaço delimitada por algum critério;
processo: conjunto de funções organizadas, ou seja, uma estrutura
formada por funções com relações bem definidas. Pode ser unitário
(constituído por uma única função) ou multifuncional (constituído por
duas ou mais funções). As funções são exercidas por componentes que
têm uma função básica e outras funções complementares. Para
caracterizar o processo, não bastam as funções e relações, sendo
necessárias as variáveis de processo – grandezas que determinam as
condições nas quais as funções são exercidas. Exemplos: temperatura,
pressão, vazão de fluidos, propriedades químicas, clima organizacional,
aderência.
 
Como os sistemas possuem diversas inter-relações e interdependências, a
intervenção realizada em um sistema é muito mais crítica e traz muito mais riscos.
Mas quais tipos de intervenção podem ser realizadas? Descobriremos no próximo
item. Siga com seus estudos!
4.3.2 Tipos de intervenção
As intervenções podem ser classificadas como intencionais (planejadas) ou
incidentais/involuntárias (demandas externas e de pouco controle). Além dessa
classificação, as intervenções intencionais podem ser de dois tipos (CARDELLA,
2016, p. 100):
De dentro para fora: ocorre nas áreas e nas atividades internas que compõem o
todo. Podem causar impactos no sistema maior, são de difícil controle porque
estão sujeitas a falhas de planejamento decorrente da visão restrita dos membros
do sistema menor. Por exemplo: a produção de ruídos.
De fora para dentro (ou intervenções propriamente ditas): normalmente é uma
intervenção controlada, monitorada, realizada por alguém externo que é
acompanhado por um membro da organização. Por exemplo: visitas, inspeções,
instalação e manutenção de equipamentos, modificação de processos etc.
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Agora que você já conhece os tipos de intervenções, é necessário descobrir como é
possível controlar os impactos e os riscos nessas intervenções. Para isso, alguns
elementos são cruciais. Veja: 
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Figura 5 - Elementos para o controle de riscos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em CARDELLA,
2016.
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As licenças também são elementos importantes para o controle de riscos. Em
empreendimentos, para evitar que os riscos apareçam apenas na etapa final (a
intervenção), deve-se buscar ter sistemas de controle de riscos em todas as fases
do empreendimento. Se os riscos estiverem dentro da tolerância, são concedidas
as autorizações e liberações para que possa prosseguir. No caso de unidades
industriais, são necessárias autorizações de órgãos públicos voltados para a
fiscalização ambiental (CARDELLA, 2016). 
Paulo Baraldi é um consultor brasileiro, especializado em gestão de riscos empresariais. Por ser um
escritor que pauta seus estudos no ambiente organizacional e nas suas experiências com a consultoria,
suas publicações são atuais, práticas e compatíveis com a realidade das empresas.
Como podemos perceber, a análise e o controle dos riscos são as melhores formas
de prevenir que eles se concretizem e possam gerar acidentes e emergências. Por
isso, no próximo tópico, focaremos os estudos dos meios para analisar e controlar
o risco.
VOCÊ O CONHECE?
4.4 Análise e controle de risco
A análise e o controle de risco são cruciais para que as organizações possam ter
noção da melhor forma de realizar suas atividades, intervenções e rotinas, de
modo a garantir a segurança dos seus trabalhadores e o menor impacto/dano ao
meio ambiente e ao patrimônio. Para isso, conheceremos o mecanismo de
produção de danos, as técnicas de análise de riscos, os fatores de risco, as técnicas
para analisar e como controlar os riscos, por meio do desenvolvimento de planos
de ação específicos.
Tanto a análise quanto o controle de risco são fundamentais, mas também
extremamente complexos. Por isso, dividiremos o estudo, iniciando pelo
conhecimento do mecanismo de produção de danos. Confira!
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4.4.1 Mecanismo de produção de danos
Antes de iniciar o estudo sobre a análise e o controle dos riscos, é preciso
compreender o papel dos danos. A produção de danos pode ser analisada com
base em dois modelos distintos (CARDELLA, 2016):
 
danos decorrentes“da relação agente agressivo x alvo: três fatores
concorrem para produzir o dano: agente agressivo, alvo e exposição. A
ação do agente agressivo sobre o alvo gera o dano” (CARDELLA, 2016, p.
108). Assim, o dano só ocorre se o alvo existir e estiver exposto à ação do
agente agressivo. Se algum dos elementos estiver ausente, não haverá
dano. Dessa forma, perceba que o controle pode ser realizado em
apenas um dos fatores (o dano) e eliminado. Assim, por exemplo, se há
um vazamento de gás (agente agressivo), existem pessoas no local
(alvos) e, se estas estão expostas (exposição), acontecerá o dano. Se um
dos fatores for eliminado, o dano será nulo;
danos decorrentes de “falhas dos sistemas que compõem a organização:
como a organização é composta por sistemas organizacionais (sistema
de gestão, cultura organizacional e liderança) e operacionais (sistema de
usinagem, de armazenamento, de transporte e elétrico)” (CARDELLA,
2016, p. 108) podem conter falhas. Quando a falha acontece em um
sistema organizacional, ela tem causas básicas; quando ocorre nos
sistemas operacionais, causa, imediatamente, danos.
 
O plano de ação para controle de risco “é um instrumento de intervenção e,
dependendo da dimensão dos riscos, dos sistemas e das organizações envolvidas,
pode ser muito simples ou bastante complexo. Pode conter ações de curto, médio
e longo prazos” (CARDELLA, 2016, p. 134). Ele será específico para cada um dos
modelos de mecanismo de produção de danos. Assim, quando o dano for
decorrente da ação agente agressivo versus alvo, o plano de ação pode focar no
agente (eliminar a fonte, reduzir a potência e/ou a nocividade do agente, reduzir a
frequência de falhas, combater agentes agressivos, reduzir ação de agentes
agressivos e nocivos), no alvo (reduzir susceptibilidade e/ou aumentar a
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capacidade dos sistemas de defesa dos alvos), na exposição (determinar
distâncias adequadas, sistemas de proteção, sistemas de isolamento, alarmes
sonoros e olfativos).
Quando o plano de ação é pautado no mecanismo de danos e perdas decorrentes
de falhas nos sistemas, há um leque maior de opções, sendo o controle voltado
para as variáveis organizacionais (definição de políticas e diretrizes, mudança na
cultura organizacional, mudança no papel e comportamento da liderança) ou
operacionais (treinamentos que tornem os trabalhadores mais hábeis, cursos,
experiências, melhorias e ajustes nos equipamentos, nos procedimentos etc.).
Com relação aos danos decorrentes de falhas dos sistemas que compõem a
organização, é preciso destacar o papel das demandas que:
são eventos que demandam pela ação de sistemas de controle de emergência para
que a sequência que leva aos danos não prospere”, as quais podem ser classificadas
em quatro tipos: inerentes ao sistema, decorrentes de falhas humanas, decorrentes
de falhas de equipamentos e decorrentes da ação de agentes externos (CARDELLA,
2016, p. 109).
Por exemplo, é inerente, quando faz parte do sistema, o profissional que atua em
uma atividade nítida de risco e se protege adequadamente; é uma falha de
equipamento quando um registro que se fecha ou falha humana quando o registro
é fechado por uma pessoa; por fim, é uma ação de agente externo se um vento
muito forte ou uma tempestade interfere no sistema.
No caso da ação de agente externo, muitas vezes, não é possível realizar o
controle, como no caso dos exemplos de eventos da natureza. Em outros, é
possível monitorar a intensidade e/ou frequência.
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É possível afirmar que, quando ocorre uma demanda e o sistema de controle de
emergência falha, ocorrem danos ou perdas; por isso, tanto as demandas quanto
as falhas dos sistemas são consideradas fatores de risco (CARDELLA, 2016). Para
conseguir apurar os mecanismos de produção de danos, é importante mensurar a
 Figura 6 - A demanda é
considerada inerente se não houver falhas ou ação de agentes externos. Fonte: Dmitry Kalinovsky,
Shutterstosk, 2018.
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frequência com que ocorrem as demandas, qual a probabilidade de os sistemas de
controle de emergência falharem, como são as falhas e por qual razão elas
ocorrem.
Outro ponto que merece destaque é o perigo, ou seja, é uma característica daquilo
que possa vir a gerar danos. Assim, “para identificar eventos perigosos
identificam-se agentes agressivos, fontes, possibilidades de liberação, alvos e
possibilidades de exposição” (CARDELLA, 2016, p. 110). A identificação desses
eventos perigosos é fundamental para a realização da análise de riscos, porque
permite associar a frequência de ocorrência e as consequências advindas.
Compreender o dano, os fatores de risco e o perigo é extremamente importante.
Mas, afinal, em posse dessas informações, como os riscos são analisados? Para
entender, siga com os estudos.
4.4.2 Técnicas de análise de riscos
Para que seja possível analisar o risco, é preciso avaliar a frequência e a
consequência do evento perigoso, sabendo que tanto uma quanto a outra podem
ocorrer de três formas: qualitativa, semiquantitativa e quantitativa. Em alguns
casos, lança-se mão de técnicas e cálculos sofisticados; em outros, busca-se
trabalhar a visão holística da segurança, comportamentos e conhecimentos
relacionados à falha humana, sinalização, organização, limpeza e boas práticas
(CARDELLA, 2016).
A avaliação quantitativa da frequência (número de ocorrências na unidade de
tempo) pode ser realizada de duas maneiras: direta (dados históricos) ou
indiretamente (análise a partir da frequência e probabilidade de ocorrência de
eventos que, combinados, geram o evento). Esse tipo de avaliação melhora a
compreensão sobre o perigo (CARDELLA, 2016).
É importante destacar algumas técnicas para a análise de riscos. São elas:
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Figura 7 - Resumo das principais técnicas de análise de riscos. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em
CARDELLA, 2016.
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Além de compreender as técnicas de análise de riscos, é preciso ter noção sobre a
gravidade dos acidentes de trabalho que podem ser decorrentes da concretização
destes riscos. A gravidade dos acidentes de trabalho é expressa de duas formas
(CARDELLA, 2016):
 
taxa de gravidade: determina quantos seriam os dias computados em
um milhão de horas de exposição ao risco;
dias computados: indicam a perda provocada pelo acidente em dias de
trabalho. É realizada a soma dos dias perdidos ou de ausência ao
trabalho e dos dias debitados – quando há incapacidade permanente.
 
Esses indicadores medem a perda de capacidade produtiva em decorrência do
afastamento dos trabalhadores e da gravidade do evento danoso, contudo, não
levam em conta danos de outra natureza, como os físicos e psicológicos.
Assim, mostra-se necessário buscar indicadores que foquem nos outros danos
decorrentes do acidente, sejam físicos, psicológicos ou sociais, bem como sejam
danos à vítima ou às pessoas envolvidas, como os colegas e familiares. Essa
preocupação demonstra a evolução da gestão com base na visão dos
trabalhadores como seres humanos primordiais para o desenvolvimento e
crescimento das empresas, mas dotados de individualidade e importância como
ser. Isso é diferente da visão do trabalhador como um mero recurso que, ao se
acidentar, apenas trará prejuízo por reduzir a capacidade produtiva do negócio.
O objetivo é evitar que os riscos se concretizem em eventos danosos e que as
emergências ocorram; todavia, caso isso venha a acontecer e tenha vítimas, é
preciso lidar da maneiramais rápida, planejada e humana possível com a
situação. 
CASO
Uma empresa trabalha com gases tóxicos, que correm risco de vazamento. Contudo,
existe um padrão rigoroso de procedimentos para a realização das atividades,
consideradas perigosas, com normas e diretrizes que são seguidas por todos os
trabalhadores. Dentre elas, consta o uso de máscara durante todo o período laboral.
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Há uma grande preocupação, porque existe uma probabilidade alta de ocorrerem
eventos danosos relacionados ao vazamento de gás. Ao ocorrer o evento danoso
“trabalhador inala gás tóxico”, os gestores ficam apreensivos e sem saber como isso
pode ter acontecido. Contudo, ao analisar as informações, pôde-se perceber que o
evento danoso foi decorrente de eventos combinados que aconteceram
simultaneamente: um homem removeu a máscara e o gás vazou. Como a
probabilidade de o gás vazar era alta, no momento em que o trabalhador removeu a
máscara, ele aumentou a probabilidade de ter ocorrido o evento danoso, e o risco
passou a ser muito maior. Nesse caso, o trauma sofrido e/ou as lesões físicas não
seriam contados nos cálculos de dias computados ou na taxa de gravidade, apenas a
perda de capacidade produtiva deste trabalhador. 
Síntese
Chegamos ao fim do capítulo. Nele você pôde se aprofundar mais no estudo sobre
o monitoramento da segurança, questão crucial para evitar que os riscos se
tornem emergências. Foi possível verificar como trabalhar com a gestão de
emergências, bem como a gestão de riscos nas intervenções, na análise e no
controle de riscos.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender como realizar o monitoramento da segurança;
conhecer os instrumentos de monitoramento, discernindo entre
auditoria e diagnóstico;
entender como ocorre a gestão de emergências;
conhecer a organização para controle de emergências;
aprender sobre a gestão de risco nas intervenções;
entender como analisar e controlar os riscos.
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Bibliografia
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Century Fox et al. Estados Unidos: 20th Century Fox, 2010.
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(http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206
.514-1977?OpenDocument) Brasília: Casa Civil, 1977. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6514.htm>. Acesso em: 25/7/2018.
CARDELLA, B.  Segurança no trabalho e prevenção de acidentes:  uma
abordagem holística - segurança integrada à missão organizacional com
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2. ed. São Paulo: Atlas, 2016.
LIMONGI-FRANÇA, A. C.; RODRIGUES, L. A.  Stress e trabalho:  uma abordagem
psicossomática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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