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DESCRIÇÃO Apresentação da história da Osteopatia, com abordagem de seus princípios filosóficos e utilização das técnicas de thrust na reabilitação física. PROPÓSITO Compreender a história da Osteopatia, através de seu idealizador Dr. Andrews Taylor Still, abordando os aspectos filosóficos usados na avaliação e em sua abordagem terapêutica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer a história, os princípios filosóficos, os principais termos utilizados e a avaliação em Osteopatia MÓDULO 2 Descrever as principais técnicas osteopáticas MÓDULO 3 Identificar as aplicações da técnica de thrust INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a Osteopatia vem sendo cada vez mais difundida no Brasil e no mundo. Isto se deve ao sucesso dos resultados dessa extraordinária filosofia de avaliação e tratamento, desenvolvida pelo seu criador e idealizador Andrews Taylor Still. Esses resultados vêm atraindo cada vez mais os alunos que finalizam a graduação em Fisioterapia a ingressarem na especialização em Osteopatia. Hoje, diversas escolas nacionais e internacionais têm sede em diferentes estados do nosso país, facilitando desta forma o ingresso dos alunos. Neste tema, vamos aprender o histórico, os princípios, o significado do termo osteopatia, assim como entender a forma de raciocinar do osteopata diante de um paciente e suas principais formas de abordagem terapêutica. MÓDULO 1 Reconhecer a história, os princípios filosóficos, principais termos utilizados e a avaliação em Osteopatia O QUE É A OSTEOPATIA? A palavra osteopatia, desde a criação do método, causou dúvidas e confusão em sua definição. Deriva de duas palavras gregas: osteon, significando osso, e pathos, denotando doença/sofrimento ou influenciado por algo. A palavra pathos também pode ser empregada como “influenciado ou sensível a algo”. O real significado da palavra osteopatia, respeitando suas raízes gregas, seria: influenciado pelos ossos ou esqueleto. Esse nome aparentemente foi dado em contraste à Alopatia e à Homeopatia. Em grego, alopatia significa, em sua raiz, “influenciado pelo oposto” e homeopatia quer dizer “influenciado pelo mesmo ou pelo semelhante”. Fonte: Shutterstock.com HISTÓRIA DA OSTEOPATIA A Osteopatia é uma abordagem de saúde desenvolvida pelo médico Andrew Taylor Still em 1874, em Lee County, Virginia, nos Estados Unidos. Em 1875, ele se mudou para Kirksville, no estado de Missouri, onde viveu o resto de sua vida. Após a perda de pacientes e familiares em epidemias, passou a estudar a essência do ser humano e a observar as estruturas e o funcionamento do organismo humano como uma verdadeira máquina, onde todos os sistemas estão inter-relacionados. O Dr. Still passou a deduzir que as doenças, suas origens e tratamentos tinham início nos desequilíbrios funcionais, que poderiam repercutir sobre o corpo de maneira mecânica e neurológica. Segundo Still, estes desequilíbrios iriam influenciar de forma negativa o sistema nervoso e circulatório. Fundamentado em seus estudos e observações, criou um sistema inovador de diagnóstico e tratamento, que tem como base os princípios fisiológicos e naturais de cura. Esta experiência, que tem como origem os estudos detalhados da Anatomia e Fisiologia humana, foi se desenvolvendo à medida que novas ideias surgiram e acrescentaram em todo o raciocínio descrito por Still. Fonte: Autor desconhecido (coleção da Biblioteca do Congresso/Wikimedia commons/Domínio público Figura 1. Andrew Taylor Still. Com uma filosofia própria, possui métodos de avaliação e diagnóstico centrados na individualidade do paciente e na inter- relação de seus tecidos e de seus sistemas corporais, bem como na interação destes com o meio, o qual denominou alguns anos depois Osteopatia. A metodologia da Osteopatia é baseada no conhecimento aprofundado da Anatomia, Fisiologia e Patologia do corpo humano, o que permite ao osteopata identificar e tratar disfunções de mobilidade dos tecidos corporais, tais como articulações, ligamentos, músculos, nervos, vasos, vísceras, entre outros. Na Osteopatia, qualquer alteração de mobilidade tecidual pode, cedo ou tarde, comprometer a função não só deste tecido, mas também de todo o organismo que com ele interaja. Tanto a avaliação, como o tratamento osteopático são realizados com técnicas manuais específicas, elegidas pelo osteopata e voltadas para cada tipo de tecido, patologia e paciente, tornando-se, desta forma, um tratamento único e individualizado, assim como o ser humano. Embora, pedagogicamente, existam as disciplinas de Osteopatia Estrutural, Visceral e Craniana, é importante reforçar que esta divisão é estritamente didática. A verdadeira Osteopatia é aquela que respeita o princípio da unidade do corpo, onde todos os componentes da estrutura (articulações, músculos, fáscias, vísceras, sistema nervoso etc.) interagem e que a função ótima depende da interação completa, ampla, contínua e recíproca, em busca de homeostasia. Segundo o glossário de terminologia osteopática Educational Council of Osteopathic Principles, a filosofia osteopática: “É UM CONCEITO DE CUIDADO DE SAÚDE EMBASADO NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM EXPANSÃO QUE ENVOLVE O CONCEITO DA ESTRUTURA (ANATOMIA), E FUNÇÃO (FISIOLOGIA) DOS ORGANISMOS VIVOS” Em 1892, foi fundada a primeira escola de Osteopatia, a American School of Osteopathy, atualmente, denominada como A. T. Still University, na cidade de Kirksvill. Surgiu, nesse contexto, a necessidade de diferenciar a titulação de um médico “tradicionalista” com reconhecimento de M.D. (Medical Doctor) daquele com a formação osteopática. Passou a existir então a titulação de Diplomado em Osteopatia – D.O. Em 1900, formou-se um aluno de Still, John Martin Littlejohn, que foi responsável por fundar, em 1915, uma das escolas de Osteopatia mais reconhecidas e respeitadas da Europa até hoje, a British School of Osteopathy. A partir daí, ocorreu um processo de migração da Osteopatia para outros países da Europa e para o resto do mundo. As principais obras publicadas pelo Dr. Andrew Still foram: Autobiography of Andrew Taylor Still with a History of the Discovery and Development of the Science of Osteopathy, em 1897; Philosophy of Osteopathy (A filosofia da Osteopatia), em 1899; The Philosophy and Mechanical Principles of Osteopathy, em 1902 e Osteopathy Research and Practice, em 1910. Seguiu sua vida como osteopata clínico e professor, difundindo sua filosofia até sua morte, em 12 de dezembro de 1917, aos 89 anos. PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA A UNIDADE CORPORAL Segundo Andrew Taylor Still, não é a doença (sintoma) que é tratada e sim o ser humano como um todo. O homem é uma unidade: corpo, mente e alma. Este princípio diz também que o movimento de qualquer estrutura afeta o resto do organismo e essa noção de “globalidade” é determinada pelo sistema fascial, já que todas as estruturas do corpo são envolvidas e comunicadas umas com as outras através da fáscia. Sendo assim, as alterações de mobilidade de uma estrutura poderão influenciar no funcionamento de todo o corpo, onde uma restrição do tecido fascial produzirá a disfunção e, assim, a sintomatologia poderá estar distante de causa. O osteopata, portanto, considera não apenas o corpo, mas também o ambiente do paciente com todas as interações possíveis, incorporando na sua terapia aspectos psicoemocionais, condição física, nutrição, exercícios e relaxamento. Apenas a interação perfeita de todos os tecidos permite uma função equilibrada. A AUTOCURA Este princípio surge da constatação do Dr. Still de que nosso organismo é capaz de fazer a homeostase ou a autocura. Com isso, ao liberar as restrições mecânicas, o osteopata permite que o organismo recupere a homeostasia (equilíbrio interno) ou a autocura. Sendo assim, o equilíbrio entre os sistemas é de extrema importância para uma boa saúde. Após uma minuciosa avaliação, o osteopata deverá ser capaz de identificar o que está impedindo o corpo de realizar a autocura, que, geralmente, tem relação com restriçõesarticulares, musculares, fasciais ou viscerais. Essas restrições ou diminuição de mobilidade dessas estruturas poderão gerar estase venosa (congestão de líquidos), desnutrição tecidual e desintoxicação insuficiente das células, sendo o corpo incapaz de realizar o processo de autocura. Através dos ajustes manuais, o osteopata desenvolve uma estratégia de tratamento, liberando as restrições e, desta forma, estimulando que o organismo do paciente recupere a homeostase superando a doença e a dor. A ESTRUTURA GOVERNA A FUNÇÃO O corpo consiste em estruturas de tecido cuja forma e função estão diretamente conectadas. A restrição estrutural de determinado segmento modificará não só o funcionamento desta estrutura, pois outros sistemas também poderão ser influenciados. EXEMPLO Uma boa exemplificação desse princípio é quando temos uma restrição na coluna torácica. Esta diminuição de mobilidade (disfunção somática) não irá alterar só o funcionamento das articulações adjacentes (cervical e lombar). A coluna torácica também está relacionada com o sistema nervoso autônomo simpático, sendo assim, alterações no funcionamento visceral também poderão ocorrer. Portanto, quando uma estrutura está restrita, a função do corpo também muda. Dessa maneira, o desbloqueio estrutural deverá ser realizado pelo osteopata, para que a função seja reestabelecida e a sintomatologia dolorosa diminua. A LEI DA ARTÉRIA Dr. Still dizia que qualquer tipo de tecido só pode funcionar bem se estiver bem vascularizado. O que significa que um bom fluxo de sangue, livre de bloqueios que impeçam sua circulação normal, mantém os tecidos em harmonia e sua função normal e saudável. No pensamento osteopático, se o sangue circular de forma fluida e sem obstruções ou compressões, os nutrientes e o oxigênio chegam em quantidade suficiente às células e estas são a unidade fundamental do ser humano e de todos os seres vivos. Sendo assim, é de extrema importância que o osteopata avalie o sistema nervoso autônomo, pois este controla a perfusão sanguínea nos tecidos corporais. Fonte: Shutterstock.com Lembrando que o sistema nervoso autônomo tem origem na coluna lateral da medula, o sistema nervoso simpático se origina nos segmentos torácicos e lombares e o sistema nervoso parassimpático se origina no tronco cerebral e na medula sacral, segmentos S2, S3 e S4. Ambos os sistemas são responsáveis pela contração e relaxamento dos vasos sanguíneos. ATENÇÃO O corpo humano apresenta uma admirável capacidade de adaptação em relação aos meios (externo e interno). Quanto maior a quantidade de adaptações causadas por mecanismos disfuncionais, menor é a capacidade de defesa do indivíduo. OS PRINCIPAIS PENSADORES DA OSTEOPATIA Muitas pessoas contribuíram de forma significativa para o desenvolvimento e evolução da Osteopatia. Alguns desses personagens: JOHN MARTIN LITTLEJOHN Graduado pela Escola Americana de Osteopatia. Fundou a primeira escola de Osteopatia, em Chicago. Em seguida, mudou-se para Londres e participou de forma direta na fundação da B.S.O. (British School of Osteopathy), em 1917. WILLIAM GARNER SUTHERLAND Médico osteopata, foi aluno de Still. Em 1873, Sutherland desenvolveu os conceitos da Osteopatia craniana e foi o primeiro osteopata a perceber um movimento sutil entre os ossos do crânio. Depois de muitos anos de estudo, Sutherland fez uma surpreendente descoberta em relação ao “Mecanismo Respiratório Primário”. Segundo ele, foi a maior expressão vital e ainda hoje é um conceito considerado como um dos mais importantes para a Fisiologia humana. Esse princípio permite ao osteopata avaliar e tratar do organismo humano, tendo como ponto de partida o crânio. HARRISON FRYETTE Um dos grandes estudiosos da Osteopatia (1876-1960), formou-se na Escola Americana de Osteopatia, em 1903, onde estudou com o Dr. Littlejohn. Ele era respeitado pela abordagem técnica que trouxe para a Osteopatia e sua compreensão mecânica do corpo humano. Foi um dos primeiros osteopatas a ser considerado pioneiro no campo da pesquisa, estudando o movimento da coluna durante vários anos, começando com os estudos de Lovett, em 1905. ESTUDOS DE LOVETT O estudo de Lovett, de 1905, foi uma tentativa de investigar os movimentos normais da coluna vertebral humana e sua relação com a escoliose. javascript:void(0) FRED MITCHELL Desenvolveu importantes pesquisas em relação à mobilidade da região pélvica e suas relações com a postura corporal. Auxiliou o desenvolvimento das técnicas de energia muscular (T.E.M.). IRWIN KORR Fisiologista que passou vários anos ministrando aulas em escolas de Osteopatia, em Kirsville, Michigan, e no Texas. Descreveu em seus trabalhos os princípios neurofisiológicos das disfunções somáticas. Esses conceitos vêm sendo pesquisados continuamente até os dias atuais. LAWRENCE JONES Osteopata do estado de Oregon que desenvolveu as técnicas de tensão (strain/counterstrain). A técnica desenvolvida por Jones é uma técnica funcional, de aplicação muito suave. Aqui no Brasil, é chamada de “Técnica de Jones”. As manobras posicionais são passivas e atuam em uma posição de bem-estar. O objetivo desta técnica é diminuir a sintomatologia dolorosa ou anulá-la, através de posições em que serão inibidos os receptores sensoriais dos músculos estriados esqueléticos, responsáveis pelas disfunções e pela dor. AOA (AMERICAN OSTEOPATHIC ASSOCIATION) A Medicina Osteopática é um ramo distinto da prática médica nos Estados Unidos. A Filosofia Osteopática da Medicina vê uma unidade inter-relacionada em todos os sistemas do corpo, onde trabalham em conjunto para a cura de determinada doença. Fonte: Shutterstock.com Doutores em Medicina Osteopática (DOs) são médicos totalmente licenciados que atuam em todas as especialidades médicas. Os DOs avaliam e tratam além dos sintomas. Esses profissionais buscam entender o estilo de vida e os fatores ambientais que afetam o bem-estar de seus pacientes. Segundo a Associação Americana de Osteopatia, nos Estados Unidos, a profissão é um dos segmentos que mais cresce na área de saúde. Hoje, a cada quatro estudantes que se matriculam em uma escola tradicional de Medicina, um se matricula em uma escola de Medicina Osteopática. TERMOS OSTEOPÁTICOS HIPOMOBILIDADE E HIPERMOBILIDADE COMPENSATÓRIA ZONAS DE HIPERMOBILIDADE ZONAS DE HIPOMOBILIDADE Fonte: EnsineMe Figura 2. Hipomobilidade de L5 / hipermobilidade de L4. DISFUNÇÃO SOMÁTICA, FACILITAÇÃO MEDULAR E METÂMERO É a alteração funcional ou debilitada dos componentes relacionados ao sistema somático: ossos, articulações, o tecido fascial, os elementos vasculares, linfáticos e neurais relacionados. O raciocínio original de lesão osteopática ou disfunção somática (termo utilizado mais tarde) tem base na obstrução de circulação de fluidos corporais e especialmente se refere às estruturas ósseas e, mais precisamente, à coluna vertebral. Este termo foi sugerido pelo criador da Osteopatia, Andrews Taylor Still. Fonte: Shutterstock.com A disfunção somática é um distúrbio funcional reversível que afeta a mobilidade dos tecidos móveis. A mobilidade, normalmente, é alterada em um ou mais planos. Envoltórios de órgãos, suturas cranianas e as membranas cranianas também podem apresentar estes distúrbios. As disfunções somáticas apresentam características clínicas que podem ser observadas no diagnóstico osteopático. Estas características são denominadas pelo acrônimo da língua inglesa TART: T A javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) R T Quando uma articulação da coluna vertebral é afetada, origina-se um fenômeno neurológico chamado de facilitação medular, que é um aumento da atividade dos neurônios que compõem aquele segmento da medula, os neurônios sensoriais e motores. Tantos os somáticos quanto os viscerais são afetados por este distúrbio que acompanha a disfunção somática vertebral. Sendo assim, todos os tecidos que compõem este segmento medular, como a pele, osmúsculos esqueléticos, os ossos e as articulações, as vísceras e as artérias, serão afetados por este problema funcional que será reversível através das técnicas osteopáticas específicas para sua correção. Na Osteopatia, chamamos de metâmero um segmento vertebral – unidade funcional vertebral composta de duas vértebras mais seus elementos nervosos, vasculares, articulares etc. Ou seja, cada nível medular é responsável pela inervação de: periósteo – esclerótomo, músculo – miótomo, vasos – angiótomo e vísceras – viscerótomo (AACOM, 2011). AVALIAÇÃO OSTEOPÁTICA Na avaliação osteopática, é extremamente importante o conhecimento da Anatomia e da Fisiologia. Pegamos como exemplo um paciente que, ao chegar ao consultório, relata dores no ombro direto. Comumente, realiza-se uma avaliação onde será explorado, de uma forma minuciosa, o complexo articular do ombro. Na Osteopatia, a avaliação do ombro continua sendo valorizada, no entanto, outras estruturas também serão investigadas, como o estilo de vida, no qual iremos ressaltar os hábitos alimentares, o sedentarismo e o tabagismo. A avaliação do sistema nervoso autônomo também será de extrema importância, pois o osteopata irá estabelecer o prognóstico deste paciente a partir desta avaliação. Fonte: Shutterstock.com javascript:void(0) javascript:void(0) Seguindo o modelo acima, o fígado mantém uma relação importante com o ombro direito, pois este órgão tem uma cápsula que o envolve e esta estrutura é chamada de cápsula de Glisson. Esta cápsula é inervada pelo nervo frênico, que tem a sua origem no plexo cervical nas vértebras de C3, C4 e C5, esta última dará o início ao plexo braquial. O nervo frênico é um nervo misto, que leva de forma aferente as informações do fígado para o sistema nervoso. Sendo assim, em pacientes que relatam dores no ombro direito, é sempre importante a avaliação desta víscera, pois tendo o nervo frênico relação com C5, por exemplo, esta vértebra dá origem ao nervo subclávio que inerva o músculo subclávio. Uma disfunção nesta vértebra poderá gerar repercussões motoras nesta musculatura e, consequentemente, uma alteração de mobilidade (hipomobilidade) na articulação acrômio clavicular. Essa hipomobilidade terá como consequência uma hipermobilidade compensatória na articulação glenoumeral. O excesso de mobilidade (hipermobilidade) na articulação glenoumeral poderá gerar disfunções como artrose, lesão do lábio glenoidal e tendinites do manguito rotador. Fonte: EnsineMe Figura 3. Cápsula de Glisson x ombro direito. Vale a pena ressaltar que o fígado recebe inervação do sistema nervoso autônomo simpático, através do nervo esplâncnico torácico maior. Esse nervo é misto e se origina de T5 a T10, sendo assim, acompanhando o mesmo raciocínio do ombro, disfunções de mobilidade (hipomobilidade) e dores na coluna torácica poderão também acontecer e, consequentemente, alterações de hipermobilidade compensatória na coluna cervical. A hipermobilidade na coluna cervical poderá afetar, por exemplo, todas os sistemas que estão relacionados com esta região, como o sistema nervoso e, mais especificamente, o sistema nervoso periférico através do plexo braquial. Dessa forma, novamente o ombro poderá ser afetado, pois o nervo supraescapular inerva os músculos supraespinhal e infraespinhal. Este nervo se origina no tronco superior do plexo braquial, que tem raízes de C5 e C6. ATENÇÃO Recuperar o suprimento neural (inervação) e vascular (vascularização) deverá ser o ponto de partida para uma boa abordagem terapêutica. Fonte: EnsineMe Figura 4. Plexo braquial – Nervo supraescapular. Outro exemplo será um paciente com uma congestão hepática. Essa congestão irá gerar transtornos no funcionamento do fígado, como por exemplo alterações no ciclo da ureia. Essa disfunção implicará no excesso de amônia na corrente sanguínea, que resultará no que chamamos de acidose metabólica. Essa alteração poderá gerar repercussões nos tendões e nos nervos periféricos, pois a amônia é uma substância tóxica para o organismo, podendo irritar os nervos periféricos. O excesso de amônia na corrente sanguínea poderá ter como resultado a síndrome do túnel do carpo, as recorrentes tendinopatias e mialgias (dores musculares). ATENÇÃO Vale a pena lembrar que a amônia é um produto do metabolismo da proteína, sendo assim, torna-se extremamente importante o encaminhamento desse paciente para um nutricionista e possivelmente para um médico hepatologista. Um paciente que não se alimenta de forma adequada, possivelmente, em determinado momento da vida, terá dores no sistema neuromusculoesquelético. A pergunta que devemos fazer é a seguinte: O QUE AS NOSSAS CÉLULAS IRÃO METABOLIZAR A PARTIR DA NOSSA ALIMENTAÇÃO? FASTFOOD? A resposta para estas simples perguntas provavelmente não serão as mais agradáveis para estes pacientes, pois os resultados destes exageros serão: as dores musculares, as tendinopatias, as disfunções do tecido neural, os tumores etc. E o equilíbrio emocional? É importante? Fonte: Shutterstock.com Normalmente, indivíduos estressados têm uma baixa qualidade do sono, interferindo de forma direta na recuperação de determinada lesão. Fonte: Shutterstock.com Isso se deve ao fato de que, no período da noite, existe uma predominância do sistema nervoso parassimpático, sendo este o momento ideal para que se ocorra a reparação tecidual. Fonte: Shutterstock.com Dessa forma, pacientes que não dormem bem não terão um bom prognóstico. Além disso, um desequilíbrio do sistema nervoso autônomo, em direção a um predomínio dos tônus simpático, pode repercutir negativamente na atividade visceral, como, por exemplo: Inibição do muco que protege a parede do estômago Aumento da liberação de glicose pelo fígado na corrente sanguínea Diminuição dos movimentos peristálticos no intestino Aumento da frequência cardíaca e contração dos vasos sanguíneos periféricos Quando esse desequilíbrio permanece por muito tempo, as dores e as doenças aparecerão. ATENÇÃO Vale a pena ressaltar que as inervações do estômago, do fígado, da vesícula, do duodeno, do pâncreas e do baço têm origem na coluna torácica (T6 – T10) e que essas disfunções viscerais poderão gerar alterações de mobilidade (hipomobilidade) nesse segmento. O osteopata também deverá ficar atento ao funcionamento do intestino. Isto porque este órgão, além de receber inervação do sistema nervoso autônomo simpático (T12 – L5), também receberá inervação do sistema nervoso autônomo parassimpático, através do nervo vago. Esse nervo é predominantemente sensitivo, onde alterações no intestino irão gerar importantes alterações no nosso organismo, como o aumento das bactérias ruins no intestino, a diminuição da absorção dos nutrientes provenientes dos alimentos, a diminuição da produção de serotonina (cerca de 80% é produzida no intestino) e alteração do humor e, como consequência, transtornos emocionais como a depressão. Fonte: Shutterstock.com SAIBA MAIS O nervo vago é o X (Décimo) par de nervo craniano, este nervo tem uma relação direta com o sistema límbico (Emoção) , sendo assim, alterações no intestino, através do nervo vago, irão repercutir no estado emocional do paciente. Fonte: Shutterstock.com As avaliações posturais também são de grande importância para o osteopata, pois alterações nos pés (captores podais) podem gerar disfunções em articulações do joelho, quadril e coluna vertebral, formando uma cadeia lesional ascendente. Testes musculares e palpação também serão de grande importância no momento da avaliação, onde músculos encurtados poderão repercutir de forma negativa para manutenção de uma boa postura. Um exemplo disso é o encurtamento do músculo psoas. O encurtamento deste musculo à esquerda, por exemplo, irá gerar uma falsa perna curta, porque o músculo psoas irá girar posteriormente o osso do quadril (retroversão). Com a rotação posterior, esse osso também irá se elevar (subir), gerando, dessaforma, uma falsa perna curta. A elevação deste osso elevará de uma forma geral o membro inferior esquerdo desse paciente. SAIBA MAIS O encurtamento dos psoas poderá também repercutir no intestino, pois o colón descendente do intestino passa por trás do músculo psoas esquerdo, resultando em alterações intestinais e no metabolismo em geral. Ao mencionarmos o osso do quadril, não podemos deixar de falar na articulação sacroilíaca. O osso sacro mantém uma íntima relação com o sistema nervoso. Isso se deve ao fato de a dura-máter se inserir em S2 e no cóccix, através do ligamento coccígeo. Alterações de mobilidade no osso sacro repercutirão na mobilidade da dura-máter e esta tem direta relação anatômica com o sistema nervoso central e com uma articulação, que talvez seja pouco comentada ao longo da graduação em Fisioterapia. Esta articulação é a Sincondrose Esfeno Occipital, ou simplesmente SEB, assim ela é chamada pelos osteopatas. Fonte: Shutterstock.com A SEB é cartilaginosa, do tipo sincondrose, porque entre as superfícies articulares temos cartilagem do tipo hialina. Essa juntura influencia de forma direta no retorno venoso do crânio. Essa articulação possui mobilidade, sendo que estes movimentos, também chamados de flexão e extensão, ou movimentos primários da SEB, quando estão normais, ajudam no bombeio do sangue venoso. A veia jugular interna é a grande responsável por este retorno, passando pelo forame jugular e, quando temos uma diminuição dos movimentos da SEB, este forame poderá sofrer uma diminuição do seu espaço, que afetará o retorno venoso. Como resultado da insuficiência venosa craniana, há dor de cabeça, do tipo “cabeça pesada”. Estudamos na Anatomia que a veia jugular interna e externa se anastomosam e estas se juntam com a veia subclávia, que desembocará na veia cava superior, que entrará no átrio direito, dando início à pequena circulação. ANASTOMOSAM Junção natural entre dois vasos sanguíneos. Assim como na Fisioterapia tradicional, o osteopata, em sua avaliação, irá seguir o modelo tradicional, através da inspeção, da palpação, dos testes de mobilidade, dos testes específicos (Exemplo: testes ortopédicos) , exames neurológicos e a avaliação dos exames complementares (Exemplo: radiografia) . Como podemos perceber através destes exemplos, o raciocínio do osteopata é baseado na Anatomia e na Fisiologia. Portanto, consideramos que essas matérias são extremamente importantes para o fisioterapeuta. Vale a pena lembrar que a Osteopatia é uma especialidade da Fisioterapia. Por isso, é importante o foco nos estudos de Anatomia e Fisiologia. javascript:void(0) AVALIAÇÃO EM OSTEOPATIA VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. CONSIDERANDO OS PRINCÍPIOS DA OSTEOPATIA, QUAL DELES FALA DA IMPORTÂNCIA DA VASCULARIZAÇÃO PARA QUE O ORGANISMO FUNCIONE DE FORMA HARMÔNICA?” A) A unidade corporal B) A autocura C) Lei da artéria D) A estrutura governa a função E) Lei do espasmo muscular 2. QUAL É A RELAÇÃO QUE EXISTE ENTRE A COLUNA CERVICAL E AS TENDINOPATIAS DE OMBRO? A) Não existe relação. B) A relação que existe é apenas venosa. C) O nervo vago é a relação. D) O tronco inferior do plexo braquial emite o nervo supraescapular, e este irá inervar todos os músculos do manguito rotador. E) O nervo supraescapular (C5-C6) é responsável pela inervação dos músculos supraespinhal e infraespinhal. GABARITO 1. Considerando os princípios da Osteopatia, qual deles fala da importância da vascularização para que o organismo funcione de forma harmônica?” A alternativa "C " está correta. O bom fluxo de sangue, livre de bloqueios que impeçam sua normal circulação, mantém os tecidos em harmonia e sua normal e saudável função. O sangue irá carrear os nutrientes e o oxigênio para que ocorra o metabolismo celular. Sendo assim, e tendo como base o estudo da Fisiologia, Still considerou a Lei da Artéria como um dos princípios da Osteopatia. 2. Qual é a relação que existe entre a coluna cervical e as tendinopatias de ombro? A alternativa "E " está correta. As raízes de C5 e C6 irão formar o tronco superior do plexo braquial. No tronco superior, tem origem o nervo supraescapular. Este nervo é responsável pela inervação dos músculos supraespinhal e infraespinhal. Sendo assim, uma disfunção neste segmento poderá gerar transtornos no complexo articular do ombro. É de extrema importância que, antes de se tratar uma tendinopatia de manguito rotador, a coluna vertebral seja avaliada. MÓDULO 2 Descrever as principais técnicas osteopáticas TÉCNICAS ESTRUTURAIS Trata-se de todas as técnicas, seja qual for o tecido afetado, que são realizadas contra as restrições de mobilidade. É importante lembrar que essas técnicas não deverão causar dor. O princípio da técnica é ir no sentido da restrição do movimento, ou em vários parâmetros restritos. A finalidade das técnicas estruturais é romper as aderências e regularizar o tônus muscular. Nestas técnicas, será adicionada uma força complementar pelo terapeuta ou pelo paciente, para que a função articular e a mobilidade sejam restauradas. As técnicas estruturais poderão ser divididas em: rítmicas ou thrust. TÉCNICAS RÍTMICAS Estas técnicas se caracterizam pelo controle do ritmo, assim como as repetições. Os movimentos serão realizados de forma passiva ou ativa, onde serão acompanhadas fisiologicamente dos reflexos de adaptação e inibição, incluindo os fenômenos de facilitação. Dentre as técnicas rítmicas, podemos destacar: stretching para músculos e fáscias, articulatórias para cápsulas e ligamentos, bombeios para fáscias e ligamentos, tensão mantida para músculos, inibição e energia muscular para músculos e os relaxamentos miofascial para as fáscias. Técnicas rítmicas de stretching: PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Fonte: EnsineMe Figura 5. Técnica rítmica de stretching – coluna cervical. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Fonte: EnsineMe Figura 6. Técnica rítmica de stretching – espinhais da coluna lombar. Técnicas articulatórias PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Fonte: EnsineMe Figura 7. Técnica articulatória. Técnicas de bombeio PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Técnicas de energia muscular javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Esta técnica foi desenvolvida pelo osteopata americano Fred Mitchell. PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Liberação miofascial A técnica poderá ser utilizada sobre músculos, fáscias e diafragmas corporais (escapular, costal/respiratório e pélvico). PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Fonte: EnsineMe Figura 8. Técnica de liberação fascial. Técnica neuromuscular PRINCÍPIOS AÇÃO OBJETIVOS Fonte: EnsineMe Figura 9: Técnica neuromuscular. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) TÉCNICAS ESTRUTURAIS COM THRUST Estas técnicas poderão ser realizadas de forma direta, indireta e semidireta; sua aplicabilidade será de forma rápida e com baixa amplitude. Este assunto será melhor abordado no módulo 3. CONTRAINDICAÇÕES Patologias que fragilizam o tecido ósseo, como: traumatismos (fraturas, entorses grau 3 e luxações), tumores ósseos, infecções (espondilodiscite), reumatismos inflamatórios (pelvespondilite anquilosante, artrite reumatoide, síndrome óculo- uretro-sinovial de Reiter), síndrome de Barré-Lieou, lesões vasculares (aneurismas, insuficiência vértebro basilar), doenças metabólicas (osteoporose importante), doenças congênitas (malformações dobradiça occipito atloidea, malformação de Arnold Chiari), síndromes hiperálgicas associadas a patologias neurológicas, e doenças psíquicas (histeria, neurose de angústia) e paralisia facial central. PRINCÍPIOS As técnicas com thrust não devem ser feitas fora dos limites fisiológicos das amplitudes de movimento. Se passarmos deste limite já não é Osteopatia, mas sim Ortopedia. Nas técnicas, se colocarmosuma velocidade suficiente, a separação das facetas articulares pode ser obtida dentro das amplitudes articulares, sem provocar traumatismos. Um thrust é aplicado paralela ou perpendicularmente ao plano articular, em uma das direções contra a barreira da articulação lesionada. Em Osteopatia, abrimos a faceta articular a 90 graus e existem também técnicas em deslizamento das facetas articulares. No corpo não existe linha reta, na natureza, tudo é espiral, portanto, no momento da manipulação, devemos buscar a passagem articular, sentir onde se movem as superfícies articulares. AÇÃO Trata-se de utilizar uma velocidade importante para realizar a técnica de maneira a surpreender os sistemas de proteção do músculo, então este se encontra estirado e os órgãos tendinosos de Golgi estimulados, o que inibe o músculo. A faceta articular se abre a 90 graus e a cápsula articular é estirada, ativam-se os corpúsculos de Ruffini e estes enviam uma mensagem à medula espinhal com o efeito de relaxamento muscular. Com o thrust, corta-se o circuito nociceptivo, os músculos espasmados relaxam e, portanto, se restabelece o jogo articular fisiológico. ÓRGÃOS TENDINOSOS DE GOLGI Os órgãos tendinosos de Golgi (OTG) são receptores sensoriais localizados na junção miotendínea e conectados em série com as fibras musculares (REVISTA NEUROCIÊNCIAS, 2006). CORPÚSCULO DE RUFFINI javascript:void(0) javascript:void(0) As terminações (corpúsculos) de Ruffini são terminações encapsuladas situadas na derme da pele, leito ungueal e cápsulas articulares. A cápsula de tecido conjuntivo que envolve cada um destes receptores está ancorada em cada extremidade, o que aumenta sua sensibilidade à distensão e pressão da pele e das cápsulas articulares. (GARTNER, L.P; HIATT, J.L., 2003) MECANISMO NEUROFISIOLÓGICO O estiramento da cápsula articular, durante a separação das facetas, estimula os receptores de Paccini e a informação sensitiva subirá pelas fibras aferentes até o corno posterior da medula espinhal; a este nível haverá inibição dos motoneurônios alfa e gama, portanto, uma inibição do espasmo muscular que mantém a disfunção articular. Estes receptores são os proprioceptores e estão localizados no sistema musculoesquelético. RECEPTORES DE PACCINI Os corpúsculos de Pacini são mecanorreceptores situados na derme e na hipoderme dos dedos das mãos e nas mamas, assim como no tecido conjuntivo das articulações e do mesentério. Estes mecanorreceptores são especializados para a recepção de pressão, tato e vibrações. TÉCNICAS FUNCIONAIS: TÉCNICA DE JONES É realizado nos pontos de gatilho dos músculos, ligamentos, tendões ou cápsulas. Os pontos-gatilho doem apenas ao palpar e causam a cronicidade do espasmo muscular. As técnicas deverão ser realizadas de forma suave. Ação Diminuir a hiperatividade gama dos músculos monoarticulares e aproximar as inserções, o que causa um estado de relaxamento do tecido. Objetivo Obter um "silêncio neurológico", normalizar a disparidade de comprimento entre as fibras intra e extrafusais. Técnica Procure com a mão o ponto de gatilho que causa dor à palpação e mantenha a pressão que desencadeia essa dor. Essa pressão deve ser mantida por 90 segundos, que é o tempo necessário para o sistema nervoso central diminuir o limiar de receptividade e o tônus muscular. A posição deve ser mantida sem nenhum movimento. Após esses 90 segundos, deve-se retornar à posição zero, de forma totalmente passiva pelo paciente. Se feito rapidamente, o circuito vicioso é criado novamente. É preciso explorar os diferentes planos do espaço onde a dor do ponto-gatilho desaparece completamente. Nesta posição, o ponto de gatilho não emite mensagens nociceptivas. Fonte: EnsineMe Figura 10. Técnica de thrust. javascript:void(0) TÉCNICAS FUNCIONAIS: TÉCNICAS DE HOOVER Essas técnicas são derivadas da Osteopatia craniana de Sutherland e são técnicas de agravamento da lesão, ou seja, técnicas funcionais. Essas técnicas são usadas para tratar o crânio. Ação Atua nos músculos espasmados, reduzindo a disparidade entre as fibras extra e intrafusais, graças ao encurtamento do músculo, e produzindo um "apagão" sensorial que permite o relaxamento muscular. Objetivo Reduzir a disparidade entre as fibras extra e intrafusais, suprimir a hiperatividade gama e, assim, reduzir a facilitação medular. Técnica Trata-se de ir na direção da lesão, portanto, na direção oposta à barreira do motor. Então, esse equilíbrio terá que ser mantido (para que relaxe os tecidos), nos três planos de espaço até que a articulação esteja liberada. A redução das tensões irá no sentido da diminuição de espasmo muscular. Pedimos ao paciente que respire para ajudar a oxigenação e relaxamento dos tecidos. APLICABILIDADE DAS TÉCNICAS VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAL DAS TÉCNICAS ABAIXO É REALIZADA DA FORMA SUAVE? A) Técnicas funcionais de Jones B) Técnicas de thrust C) Técnicas articulatórias D) Técnica de bombeio E) Técnica de energia muscular 2. DAS ALTERNATIVAS ABAIXO, MARQUE A OPÇÃO QUE APRESENTA DUAS CONTRAINDICAÇÕES PARA O THRUST: A) Malformação de Arnold Chiari e paralisia facial central B) Hipomobilidade torácica e paralisia periférica central C) Espondilite anquilosante e infecção na região de área a ser manipulada D) Tumores ósseo e artrose E) Infecção na região de área a ser manipulada e superioridade da segunda costela GABARITO 1. Qual das técnicas abaixo é realizada da forma suave? A alternativa "A " está correta. A Técnica de Jones é uma técnica funcional, de aplicação muito suave. Esta técnica foi definida como “uma manobra posicional passiva que situa o corpo em uma posição de máximo bem estar, suprimindo assim a dor, ao anular a atividade dos proprioceptores responsáveis pela disfunção”. 2. Das alternativas abaixo, marque a opção que apresenta duas contraindicações para o Thrust: A alternativa "A " está correta. A Malformação de Arnold Chiari é uma doença congênita na fossa posterior da base cerebral. Sendo assim, as manipulações/técnicas com thrust são contraindicadas, principalmente, na coluna cervical. Em paciente com paralisia facial central, as técnicas com thrust também serão contraindicadas, para que nenhuma estrutura relacionada ao nervo facial seja afetada. MÓDULO 3 Identificar as aplicações da técnica de thrust O THRUST O thrust ou manipulação articular é uma importante abordagem de tratamento utilizado pelo osteopata para tratar disfunções não apenas do sistema musculoesquelético, mas também das disfunções viscerais. Lembrando que as vísceras irão influenciar de forma importante os músculos, as articulações, a pele e até o sistema nervoso (central e periférico). As técnicas manipulativas exigirão do osteopata o uso de determinada força e de um impulso com certas condições, visto que a posição do terapeuta deve estar correta em relação ao plano articular, bem como à posição do paciente. O impulso é realizado por uma breve e explosiva contração do tríceps e peitorais do operador, ou por um body drop (deixar o corpo cair), sendo assim, o thrust é uma mobilização de pequena amplitude feita em alta velocidade após a barreira restritiva que restringe o movimento. Vale a pena lembrar que as manipulações articulares não deverão comprometer as estruturas anatômicas, ou seja, as articulações não serão luxadas e as manobras acontecem de forma indolor. GENERALIDADES SOBRE AS MANIPULAÇÕES COM THRUST Posicionamento do terapeuta: O terapeuta deve posicionar seu corpo no espaço para que ele esteja o mais próximo possível da articulação que será manipulada/ tratada. Seu centro de gravidade deve ser sistematicamente localizado acima da lesão. Posicionamento do paciente:Deve permitir a colocação das alavancas necessárias para normalizar a mobilidade da articulação. O paciente deve estar confortável. Não deve haver dor durante e após a manipulação. O plano articular: Será determinado pela anatomia. Vai permitir definir em que direção a força redutoradeverá ser aplicada. Como regra geral, a força redutora deve ser aplicada em forma de vírgula, em um plano curvo, para que possa haver o menor atrito possível durante as manipulações articulares. Alavancas: A redução da folga será obtida pela combinação de parâmetros de movimentos menores que serão deslizamentos laterais, anteroposterior e/ou compressão. Eles são usados sistematicamente em todas as técnicas osteopáticas para diminuir o número de parâmetros principais necessários. Eles também servem para diminuir a força necessária para reduzir a lesão = ajuste de slack. As alavancas poderão ser superior ou inferior no caso da coluna vertebral, onde poderemos utilizar apenas uma alavanca, ou ambas as alavancas no momento da manipulação. Amplitude do thrust: A amplitude do impulso deve ser o mais curto possível, a fim de reduzir estresse tecidual. Classicamente, usamos um impulso de pequena amplitude e alta velocidade. As técnicas com thrust poderão ser realizadas de três formas: Técnicas diretas Um contato é feito com o pisiforme ou com a eminência tenar, na direção e na junta que vamos manipular. O impulso deve ser o mais rápido possível. A técnica direta é muito eficaz devido ao seu efeito reflexogênico. A redução do slack consiste em colocar a tensão unicamente com os contatos e sem criar grandes alavancas. Técnicas indiretas Para realizar estas técnicas, a colocação em tensão e o thrust são realizados unicamente com a ajuda das alavancas superior e inferior. O impulso não é dado com contato direto na articulação tratada. Técnicas semidiretas São uma combinação das técnicas diretas e indiretas. Serão muito mais seletivas que as técnicas indiretas, pois permitem, ao mesmo tempo, ter todas as vantagens pela utilização das alavancas e de uma técnica direta. Nessas técnicas, se toma um contato direto com uma mão sobre a articulação que é manipulada. A colocação em tensão será dupla, uma pela alavanca inferior e a outra pelo contato direto. A manipulação é levada diretamente sobre a articulação no eixo do plano de redução e a força pode ser aumentada, se necessário, aumentando simultaneamente as alavancas. Fonte: EnsineMe Figura 11. Técnica de thrust para ilíaco anterior. AJUSTE DE SLACK/FOLGA ARTICULAR Na Osteopatia, nos referimos ao termo ajuste de slack quando reduzimos determinados parâmetros de uma articulação, antes de realizarmos a manipulação (thrust) em um segmento vertebral. Esta redução ocorre para que a manobra se realize de forma segura e indolor para o paciente. Exemplo: Ao avaliarmos o paciente, podemos chegar à conclusão de que existe uma disfunção articular (C5/C6), onde o segmento se encontra com parâmetros de extensão, Inclinação lateral à direita e rotação à direita. Neste caso, poderá existir um componente maior de rotação (parâmetro maior). Sendo assim, o osteopata, ao manipular esta vértebra, irá rodar este segmento para esquerda, no entanto, iremos inclinar o segmento para o lado direito, desta forma, manteremos o padrão da lesão (parâmetro menor). Quanto à extensão, o osteopata irá posicionar a cervical do paciente em posição neutra ou ligeiramente em flexão de cervical. Sendo assim, osteopata reduzirá o slack, ou seja, ajustando os tecidos relacionados deste segmento que está em disfunção, criando-se uma folga articular. Ao compararmos a uma corda de um barco ancorado, esta corda não deverá estar nem muito tensionada, para que ela não arrebente, nem muito frouxa para que o barco não tenha liberdade e fique à deriva. Devemos, desta forma, acharmos o ponto correto para que possamos realizar uma manipulação indolor e de forma segura para o paciente. Conforme mencionamos no módulo 2, os órgãos tendinosos do Golgi, os corpúsculos de Ruffini e os receptores de Paccini são classificados fisiologicamente como proprioceptores. Estes receptores estão localizados no sistema musculoesquelético e na pele. Ao realizarmos uma técnica manipulativa, estimulamos a ação destes receptores através do mecanoceptores, responsáveis por detectar estímulos de movimento. Os mecanoceptores estão também localizados nos proprioceptores e, ao serem estimulados, a sintomatologia dolorosa diminui. A manipulação estimula os proprioceptores que adentram na medula através de fibras mielinizadas e, desta forma, inibem a dor. Sendo assim, a manipulação articular (thrust) estimulará os mecanoceptores que estão localizados nos proprioceptores. DIFERENCIANDO AS TRÊS FORMAS DE REALIZAR A TÉCNICA DE THRUST VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O QUE DEFINE UMA TÉCNICA DE THRUST DIRETA? A) O contato manual do osteopata ocorre de forma direta no segmento a ser manipulado, não são geradas grandes alavancas e o impulso deverá ser o mais rápido possível B) Para executar essas técnicas, o tensionamento e o impulso são realizados apenas com a ajuda da alavanca superior ou inferior C) Nessas técnicas, o contato direto é feito com uma mão na junta que vamos manipular. O tensionamento será duplo, um pela alavanca inferior e outro pelo contato direto. O impulso é realizado diretamente sobre a junta no eixo do plano de redução e a força pode ser aumentada se necessário, aumentando as alavancas simultaneamente D) Um contato é feito com o pisiforme, ou com a eminência tenar, na direção e na articulação que será manipulada, após ter realizado um aperto da pele (tração do tecido). Nesta técnica, ocorre a redução de slack. As mãos do terapeuta atuam com contatos diretos no segmento a ser manipulado. Criam-se grandes alavancas. O impulso deve ser o mais lento e suave possível. E) Um contato é feito com o pisiforme ou com a eminência tenar, na direção e na articulação que será manipulada, após ter realizado um aperto da pele (tração do tecido). Nesta técnica, ocorre a redução de slack. As mãos do terapeuta atuam com contatos diretos no segmento a ser manipulado. Criam-se grandes alavancas. O impulso deve ser o mais lento e suave possível. O tensionamento e o impulso são realizados apenas com a ajuda da alavanca superior. 2. EM RELAÇÃO AO POSICIONAMENTO TERAPEUTA/PACIENTE, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) O terapeuta deve posicionar seu corpo de forma que ele esteja próximo do segmento a ser manipulado. Seu centro de gravidade deve ser sistematicamente localizado acima da lesão. B) O terapeuta deve posicionar seu corpo de forma que ele esteja ao lado do segmento a ser manipulado. Seu centro de gravidade deve ser sistematicamente localizado longe da lesão. C) O terapeuta deve posicionar seu corpo de forma que ele esteja longe do segmento a ser manipulado. Seu centro de gravidade deve ser sistematicamente localizado longe da lesão. D) O terapeuta deve posicionar seu corpo de forma que ele esteja próximo do segmento a ser manipulado. Seu centro de gravidade não interfere. E) O terapeuta deve posicionar seu corpo de forma que ele esteja próximo do segmento hipermóvel. Seu centro de gravidade deve ser sistematicamente localizado atrás da lesão. GABARITO 1. O que define uma técnica de thrust direta? A alternativa "A " está correta. Nas técnicas de thrust diretas, o contato é realizado diretamente na articulação a ser manipulada. Não são criadas grandes alavancas e o impulso deverá acontecer o mais rápido possível. É importante também a retirada de tensão dos tecidos, para que ocorra a redução de slack. 2. Em relação ao posicionamento terapeuta/paciente, podemos afirmar que: A alternativa "A " está correta. Em geral, nas técnicas manipulativas, o terapeuta deve se posicionar o mais próximo possível do segmento a ser tratado e o seu centro de gravidade deve estar localizado sistematicamente acima da lesão. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A Osteopatia vai muito além das técnicas manipulativas, sendo uma filosofia em que o raciocínio é moldado na Anatomia e na Fisiologia humana. Durante a avaliação, o osteopata sempre leva em consideração que não existem segmentos isolados, portanto, todos os sistemas poderão ser avaliados e, se necessário, tratados.Existem diversas técnicas osteopáticas. Não podemos elencar a melhor e sim determinar a mais adequada para as diversas situações e objetivos. No entanto, para aplicá-las, é fundamental estar inteirado sobre suas contraindicações. Não podemos esquecer que é fundamental um aprofundamento dos conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, a fim de adequar a abordagem e reconhecer os mecanismos que desencadeiam e reduzem a dor. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AACOM. AMERICAN ASSOCIATION OF COLLEGES OF OSTEOPATHIC MEDICINE. Glossary of Osteopathic Terminology. AACOM, 2011. AMERICAN OSTEOPATHIC ASSOCIATION. What is osteopathic medicine? In: American Osteophathic Association. Consultado em meio eletrônico em: 15 jan. 2021. FRANÇOIS, R.; SALLÉ, J. Tratado de osteopatia. 3. ed. Madrid: Editora Médica Panamericana, 2010. FRANÇOIS, R. Tratamiento osteopático de las lumbalagias y lumbociaticas por hernias discales. 2. ed. Madrid: Medos, 2013. FRANÇOIS, R. Bases metodológicas da Osteopatia. Escuela de Osteopatia de Madrid. Madrid, 2014. FRANÇOIS, R. Seminário de Coluna Lombar. Escuela de Osteopatia de Madrid. Madrid, 2020. GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia em cores. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. MORAES, L. Diagnóstico e tratamento fisioterapêutico nos pontos-gatilho. In: Blog Fisioterapia, 2017. TANEDA, M.; POMPEU, J. E. Fisiologia e importância do órgão tendinoso de Golgi no controle motor normal. In: Revista Neurociências, 2006. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste tema: Conheça as influências que geraram o pensamento osteopático no livro Raízes da Osteopatia: Uma medicina de diagnóstico e terapêutica manual, de Maria Luísa Correia. Leia Osteopatia: manipulação e estrutura do corpo, de Leon Chaitow, que aborda o tema de forma bastante simples. Visite a página da Sociedade Brasileira de Osteopatia, na internet, e você enriquecerá ainda mais seu estudo. CONTEUDISTA Eduardo Monnerat Rodrigues da Silva CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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