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Kawanny Arruda, FITS. Sistem� nerv�� periféric� PROBLEMA 2, MÓDULO 2, ETAPA 3 - TUTORIA OBJETIVO 1) CONHECER O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO E OS SEUS COMPONENTES Consiste nos nervos cranianos e espinais e seus gânglios associados. ★ Esses nervos são compostos de feixes de fibras nervosas ou axônios → eles conduzem informações do SNC e para o SNC. ★ Eles são circundados por bainhas fibrosas, mas na passagem dos nervos por diferentes partes do corpo alguma região pode ser mais desprotegida e, assim, lesionada devido a algum traumatismo. Nerv� cranian� � espinai� Há 12 pares de nervos cranianos ⇒ deixam o encéfalo e atravessam os forames do crânio. Há 31 pares de nervos espinais ⇒ deixam a medula espinal e atravessam os forames intervertebrais na coluna vertebral. ❏ A denominação deles é segundo as regiões da coluna que eles estão associados. ❏ São 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. OS NERVOS ESPINAIS SE CONECTAM A MEDULA ATRAVÉS DE 2 RAÍZES: Anterior: são os feixes de fibras nervosas que vão conduzir impulsos para LONGE do SNC, por isso são chamadas de EFERENTES. As fibras eferentes que seguem para os músculos esqueléticos e induzem a sua contração são chamadas de FIBRAS MOTORAS. OBS: suas células de origem residem no corno cinzento anterior da medula espinal. ★ A porção eferente do SN periférico é subdividida em: sistema nervoso somático (fibras de neurônios motores que inervam a musculatura esquelética e sistema nervoso autônomo (fibras que inervam os músculos lisos e cardíacos, as glândulas e outros órgãos não motores) o sistema nervoso autônomo é ainda subdividido em: SN simpático e SN parassimpático. Posterior: são os feixes de fibras nervosas chamadas de FIBRAS AFERENTES, que vão conduzir impulsos nervosos para o SNC. As fibras aferentes envolvidas na condução de informações sobre as sensações de tato, dor, temperatura e vibração são chamadas de FIBRAS SENSITIVAS. OBS: os corpos celulares dessas fibras nervosas estão situados em uma tumefação da raiz posterior chamada de gânglio da raiz posterior. As raízes nervosas espinais ⇒ vão seguir pela medula espinal até chegar nos seus respectivos forames lá se unem e formam um NERVO ESPINAL, é quando as fibras 1 Kawanny Arruda, FITS. motoras e sensitivas se misturam. Por isso um nervo espinal é constituído de uma mistura de fibras motoras e sensitivas. Após surgir do forame intervertebral, cada NERVO ESPINAL vai se dividir em: Ramo anterior grande ⇒ se dirige anteriormente a fim de suprir os músculos e a pele do corpo anterolateral e todos os músculos e pele dos membros possui fibras motoras e sensitivas; ★ Os ramos anteriores se reúnem na raiz dos membros e formam os plexos nervosos complicados. O cervical e braquial são encontrados na raiz dos membros superiores, já o lombar e sacral na raiz dos membros inferiores. Ramo posterior menor ⇒ segue posteriormente ao redor da coluna vertebral para suprir os músculos e a pele do dorso possui fibras motoras e sensitivas. Gângli� Gânglios sensitivos dos nervos espinais e nervos cranianos: são tumefações fusiformes, ficam na raiz posterior de cada nervo espinal, próximo a junção da raiz com uma outra raiz anterior correspondente. Também são chamados de gânglios das raízes posteriores. Gânglios autonômicos: a maioria exibe formato irregular, ficam ao longo do trajeto das fibras nervosas eferentes do SNA ⇒ encontrados na cadeias simpáticas paravertebrais, em volta das raízes das grandes artérias viscerais no abdome e próximo, ou ficam embutidos nas paredes de diversas vísceras. OBJETIVO 2) COMPREENDER O PROCESSO DE NOCICEPÇÃO (FISIOPATOLOGIA) E NOCICEPTORES (VIAS) PROCESSO DE NOCICEPÇÃO Noc����ção é o conjunto de eventos neurais que DETECTAM os estímulos nocivos, CONVERTE-OS em impulsos nervosos e depois TRANSMITEM ele da periferia para o SNC. Em uma linguagem mais técnica, seria o processo neural de CODIFICAÇÃO e PROCESSAMENTO do estímulo nocivo. ★ No encéfalo, particularmente no cérebro, os estímulos associados à lesão real ou potencial são interpretados como dor. No me����s�o da no����pção, temos as TERMINAÇÕES RECEPTIVAS TRADUZINDO estímulos nocivos (estímulos ambientais físicos ou químicos) EM potenciais de ação. Esses potenciais de ação nociceptivos (também podem ser chamados de via aferente primária) são transmitidos por meio de 2 tipos de fibras nervosas aferentes: >> Fibras A-delta mielinizadas ⇒ são responsáveis pela primeira fase da dor ou dor rápida. ★ Elas possuem considerável velocidade de transmissão (transmite impulsos de 6 a 30 m/segundo) e intensidade, além de possuírem diâmetros maiores. São sensíveis/provocadas por estímulos mecânicos ou térmicos. 2 Kawanny Arruda, FITS. >> Fibras C amielínicas/não mielinizadas ⇒ são responsáveis pela segunda fase da dor que pode ser difusa e persistente, formando, na periferia, receptores de alto limiar para estímulos mecânicos e térmicos. ★ Ela também é chamada de dor de ondas lentas, pois é mais lenta no começo, porém dura mais. É provocada por estímulos químicos ou por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes; Quando a INTENSIDADE DOS ESTÍMULOS É BAIXA, ocorre ativação dos nociceptores (receptores da dor), porém eles não são percebidos como dolorosos. Porém, quando a INTENSIDADE CHEGA AO NÍVEL DE OCORRER UM DANO NO TECIDO, os estímulos nocivos são percebidos. ★ Para visualizar quando um estímulo pode ser considerado nociceptivo é só atrelar com o reflexo de retirada (é o que fazemos, retiramos automaticamente uma parte do corpo mediante a um estímulo que danifica os tecidos). Mediadore� d� medul� espinha� - VIAS NA MEDULA ESPINHAL Nessa região, a transmissão de impulsos entre neurônios nociceptivos e os do corno dorsal é mediada por neurotransmissores químicos que foram liberados de terminações nervosas centrais de neurônios nociceptivos. Dentre esses neurotransmissores químicos podemos citar: >> Aminoácidos, como o glutamato ⇒ é um dos principais do tipo excitatório a ser liberado. Ou derivados de aminoácidos, como a norepinefrina. >> Substância P, neuropeptídeo ⇒ é liberada no corno dorsal através de fibras C em resposta à estimulação nociceptiva ele causa potenciais excitatórios lentos no corno dorsal. Na medula espinhal existem basicamente duas vias ascendentes para a condução da dor até o cérebro: 1. Via neoespinotalâmica - espinotalâmica lateral : conduz a dor somática, bem-localizada, através de poucas sinapses; É A DA DOR AGUDA 2. Via palioespinotalâmica - via espinorreticulotalâmica: conduz a dor visceral, de localização precária, através de sinapses. É A DA DOR CRÔNICA Trat� espinotalâmic� latera� Iniciada por estímulos mecânicos ou térmicos; ★ Axônios com velocidade de condução rápida (12 a 30 m/s); ★ Dor aguda, em pontada, lacerante e bem localizada; Impulso transmitido da periferia do SNC ao córtex cerebral através de 3 neurônios: 3 Kawanny Arruda, FITS. Neurônio I: pseudounipolar, cordonal (longo). Prolongamento periférico: terminações nervos livres → nervos espinais → raízes dorsais → gânglios espinais. Prolongamento central: medula (divisão lateral da raiz dorsal no sulco lateral posterior). Coluna posterior da medula: faz sinapse com o neurônio II. Neurônio II: coluna posterior da medula, lâmina I de Rexed. Axônio cruza o plano mediano na comissura branca da medula → funículo lateral oposto = trato espinotalâmico lateral + trato espinotalâmico anterior (ponte) = lemnisco espinal. Tálamo, no núcleo ventral posterior (VPL): faz sinapse com o neurônio III. Neurônio III: tálamo, no núcleo posterolateral, a dor torna-se consciente. Radiações talâmicas → cápsula interna (perna posterior) → coroa radiata → córtex sensitivo do cérebro, no giro pós-central, área 3, 2, 1 de Brodmam. A partir do giro, aparecem as representações somatotrópicas, capazes de identificar a área cortical comprometida Trat� espinorreticulotalâmic� Iniciada por fatores químicos (produzidos pela própria lesão); ★ Axônios de diâmetro reduzido e velocidade de condução lenta (0,5 a 2 m/s) ; ★Dor crônica, mal localizada, difusa, contínua em queimação; Estímulo da periferia do SNC até o córtex cerebral através de 4 a 16 neurônios Neurônio I: pseudounipolar, cordonal (longo). Prolongamento periférico: terminações nervosas livres → corpo celular, nos gânglios espinais = prolongamento central → medula espinal (coluna posterior): faz sinapse com o neurônio II Neurônio II: lâmina V de Rexed, cruza o lado oposto pela comissura branca. Axônios → funículo lateral do mesmo lado ou do lado oposto = trato espinorreticular. Junta-se ao trato espinotalâmico lateral. Formação de todo o tronco encefálico, onde faz sinapse com os neurônios III, IV e V em vários níveis da formação reticular Neurônios III, IV, V, VI… : fibras reticulotalâmicas → núcleos intralaminares do tálamo (lâmina medular interna do tálamo), neurônio VI, com grande campo receptivo. Os neurônios fazem sinapse a partir dessa área do tálamo, com neurônios que se dirigem para áreas límbicas e núcleos da base, neurônios VII, VIII, etc. Neste nível, o estímulo doloroso ganha respostas automáticas e emocionais a estímulos nocivos, por entrar em contato com estruturas que fazem parte do sistema límbico (circuito de Papez). projetam-se a amplas áreas do córtex cerebral sensorial, neurônio IX, podendo chegar até XII NOCICEPTORES A dor é uma experiência em várias dimensões experimentada de forma desagradavel. Ela envolve não apenas um componente sensorial, mas também um componente emocional que vai se associar a uma lesão tecidular concreta ou potencial. 4 Kawanny Arruda, FITS. ★ A reação que o indivíduo exibe a um estímulo como forma de remover o gatilho que causou o disparo da estimulação nociceptiva. ★ Pode haver dor sem estímulo periférico ou sem lesão aparente? Sim, é a dor psicogênica. ★ Clinicamente é parte integrante dos sintomas de muitas doenças e auxilia no diagnóstico. O estresse provocado pela dor é MAIS INFLUENCIANDO a reação a ela do que a real intensidade dela. ★ Isso porque a forma de reação da pessoa a dor é influenciada por fatores diversos, como ansiedade, cultura, idade, experiências anteriores e expectativas sobre o alívio da dor; ★ A dor envolve estruturas anatômicas e comportamentos fisiológicos, além disso: fatores psicológicos, sociais, culturais e cognitivos. NA MAIORIA DOS CASOS, a dor vai resultar da ativação de NEURÔNIOS AFERENTES primários específicos, são os NOCICEPTORES ou ela pode resultar da lesão ou disfunção desses nociceptores ou do SNC. DOR NOCICEPTIVA: causada por uma excessiva estimulação dos nociceptores que ficam na pele, vísceras e outros órgãos. DOR NEUROPÁTICA: é a dor que resulta de uma disfunção ou lesão do SNC ou periférico. Ela é chamada de dor central caso a lesão se verifique no sistema nervoso central. Existe a dor que é fruto de estímulos cutâneos que geralmente não causam dor AL����I�; extrema sensibilidade a dor ⇒ hi����l�e���; inexistência de dor por estímulos que normalmente seriam dolorosos ⇒ an����si�. A dor evoca experiências e reações múltiplas, essas experiências podem ser divididas em: EXPERIÊNCIA SENSORIAL: dor rápida (percepção objetiva) + dor lenta (percepção subjetiva); RESPOSTA MOTORA: podem ser somáticas (reflexo de retirada, vocalização, expressão facial, posição anti-algica, choro) ou viscerais (sudorese, vasoconstrição periférica, náuseas, vômitos e outros); EXPERIÊNCIA PSICOLÓGICA: ansiedade, depressão (dor crônica) + sofrimento + alterações de comportamento. Estrutur� � �nçã� d� nociceptore� Nociceptores ⇒ neurônios do SNP que detectam e transmitem estímulos dolorosos. Sua estrutura: 5 Kawanny Arruda, FITS. ➔ Corpo celular ou pericárdio ⇒ fica nos gânglios das raízes dorsais da medula espinhal (GRD) ⇒ dele parte um prolongamento que se bifurca e origina um processo central e um prolongamento periférico, que constitui a FIBRA SENSITIVA. ➔ Terminações periféricas das FIBRAS SENSÍVEIS a estímulos inócuos (que não causam danos materiais) estão envolvidas por estruturas não neuronais ⇒ Essas estruturas formam os corpúsculos sensitivos. ➔ As fibras responsáveis pela transmissão dos impulsos dolorosos terminam sem qualquer tipo de especialização aparente, as chamadas terminações nervosas livres. De acordo com o diâmetro, mielinização e velocidade de condução das fibras sensitivas cutâneas, estas dividem-se em três grupos: Aβ, Aδ e C. Em condições fisiológicas, qualquer destes tipos de fibras podem transmitir informação inócua, mas apenas as fibras C e Aδ transmitem informação nociceptiva. >> Fibras A-delta mielinizadas ⇒ são responsáveis pela primeira fase da dor ou dor rápida. ★ Elas possuem considerável velocidade de transmissão (transmite impulsos de 6 a 30 m/segundo) e intensidade, além de possuírem diâmetros maiores. São sensíveis/provocadas por estímulos mecânicos ou térmicos. >> Fibras C amielínicas/não mielinizadas ⇒ são responsáveis pela segunda fase da dor que pode ser difusa e persistente, formando, na periferia, receptores de alto limiar para estímulos mecânicos e térmicos. ★ Ela também é chamada de dor de ondas lentas, pois é mais lenta no começo, porém dura mais. É provocada por estímulos químicos ou por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes; Em condições não fisiológicas, nomeadamente na presença de inflamação tecidular ou após lesão dos nervos periféricos, podem ocorrer alterações neuroquímicas e anatómicas dos neurónios Aβ, que podem provocar dor mediada por estes aferentes primários. >> Fibras beta: maior diâmetro e é mielinizada → maior velocidade de condução. Divisão dos nociceptores quanto a neuroquímica 6 Kawanny Arruda, FITS. Divididos em 3 grupos, mas todos eles possuem o neurotransmissor excitatório mais abundante do SN, é o GLUTAMATO. Porém, um grupo de nociceptores C peptidérgicos possui também neuropeptídeos, como a substância P (SP) ou o peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP), e dependem do factor de crescimento neuronal (NGF) para o seu desenvolvimento e sobrevida. Os nociceptores C não peptidérgicos não possuem peptídeos, dependem do factor neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF), e podem ser identificados pela presença de isolectinas específicas, receptores purinérgicos ou determinadas enzimas. Por fim, os nociceptores Aδ dependem da neurotrofina-3, e em parte do BDNF, e são facilmente identificáveis pela presença de determinados neurofilamentos específicos, como os identificados pelo anticorpo RT97. Os nociceptores sintetizam outras moléculas que podem contribuir para a transmissão ou modulação da informação nociceptiva para os neurónios do corno dorsal da medula espinhal, tais como prostaglandinas, ATP e óxido nítrico (NO)161. DOR NOCICEPTIVA É a dor causada por uma excessiva estimulação dos nociceptores que ficam na pele, vísceras e outros órgãos. Esses estímulos podem ser chamados de estímulos nociceptivos ou nóxicos, podendo ser classificados em: ★ Mecânicos: advindos de pressão intensa sobre a pele ou contração violenta ou estiramento extremo de um músculo. Extremo de calor e frio são capazes de estimular os nociceptores. ★ Térmicos; ★ Químicos: surgem de traumatismo tecidual, isquemia e inflamação. >> Mediadores químicos são liberados fruto do tecido lesionado ou inflamado, exemplo: íons hidrogênio, potássio, prostaglandinas, bradicinina e outros → eles vão sintetizar seus efeitos estimulando OU sensibilizando os nociceptores para os efeitos do estímulo nociceptivo. 7 Kawanny Arruda, FITS. ❏ Vão ativar e sensibilizar os nociceptores: bradicinina, histamina, serotonina e potássio. ❏ Vão sensibilizar os nociceptores através de outros agentes químicos (prostaglandinas): trifosfato de adenosina, acetilcolina e plaquetas. ❏ Ácido acetilsalicílico e outros medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINE) são eficientes no controle da dor, bloqueiam a enzima necessária para produção de prostaglandina. Subtip� d� dor nociceptiv�: Dor Somática: sensação dolorosa aumenta com o movimento (dor "incidental"). É aliviada pelo repouso, é bem localizada e variável, conformea lesão básica. Ex.: dores ósseas, pós-operatórias, dores músculo-esqueléticas, dores artríticas, etc. Dor Visceral: é provocada por distensão de víscera oca, mal localizada, profunda, opressiva, constritiva. Frequentemente associa-se a sensações de náuseas, vômitos, e sudorese. ➔ Muitas vezes há dores locais referidas, como por exemplo, em ombro ou mandíbula relacionadas ao coração, em escápula referente a vesícula biliar, e em dorso, referente ao pâncreas. Ex.: câncer de pâncreas, obstrução intestinal, metástase intraperitoneal, etc A função principal dos nociceptores é TRANSFORMAR a energia presente nos estímulos nociceptivos em impulsos nervosos, em potenciais de ação ⇒ é o processo chamado de TRANSDUÇÃO. E, depois de transformá-los, conduzi-los até a medula espinhal. Existem várias classificações dos nociceptores de acordo com a modalidade de estímulo a que são sensíveis: Nociceptores C: a maioria são designados como polimodais já que são sensíveis a estímulos térmicos, mecânicos e químicos. No entanto, alguns nociceptores C são sensíveis apenas a estímulos térmicos ou mecânicos, ou a estes dois tipos de estímulos. Nociceptores Aδ (a delta): Grupos de tipo I ⇒ são activados predominantemente por estímulos mecânicos em condições fisiológicas, mas podem responder a estímulos térmicos ou químicos de longa duração, ou após sensibilização. Tipo II ⇒ respondem predominantemente a estímulos térmicos e são insensíveis a estímulos mecânicos. Vários estudos concluíram que cerca de 10-20% das fibras C da pele, articulações e vísceras, não respondem a qualquer tipo de estímulo em condições fisiológicas ⇒ 8 Kawanny Arruda, FITS. São os chamados nociceptores silenciosos (mas se sensibilizados por mediadores químicos do tecido inflamado podem responder a estímulos). Os nociceptores podem CODIFICAR o tipo de estímulo, a sua INTENSIDADE e a sua LOCALIZAÇÃO. Localização: depende da distribuição somatotópica dos terminais dos nociceptores no corno dorsal da medula espinhal; Intensidade do estímulo: faz variar o número e a frequência dos potenciais de ação produzidos nos nociceptores, isto é, quanto maior a intensidade do estímulo maior é o número e/ou a frequência dos potenciais. Os mecanismos pelos quais um determinado estímulo dá origem a potenciais de ação nas terminações periféricas dos nociceptores, levando à consequente transmissão de impulsos nervosos até à medula espinhal, ainda não estão totalmente elucidados. No caso dos estímulos mecânicos três hipóteses são possíveis: 1. acção sobre canais iônicos sensíveis à distensão; 2. acção sobre proteínas membranares sensíveis a estímulos mecânicos, que ativam sistemas de segundos mensageiros intracelulares, que vão por sua vez influenciar a actividade de canais iónicos, nomeadamente baixando o limiar da sua activação, e/ou aumentando o seu tempo de abertura, e/ou diminuindo o tempo de inativação; 3. 3) activação pelo estímulo mecânico de células não neuronais, que por sua vez libertam substâncias pró-inflamatórias que irão actuar sobre os nociceptores. 9 Kawanny Arruda, FITS. DOR NEUROPÁTICA PERIFÉRICA É a dor que resulta de lesão ou disfunção do sistema nervoso central ou periférico. São vários os mecanismos que podem contribuir para o aparecimento de sintomatologia dolorosa associada a neuropatias periféricas. São eles: Nas condições fisiológicas, os potenciais de ação que vão percorrer os neurônios aferentes primários se originam nos terminais periféricos desses neurônios ⇒ eles estão dispostos localmente dos receptores e canais iónicos qualitativamente e quantitativamente apropriados , sendo de salientar, pela sua importância funcional na génese dos potenciais de acção, os canais de sódio dependentes da voltagem (VDNC). Estes canais iónicos, como a esmagadora maioria das proteínas neuronais, são sintetizados no pericário do neurónio e transportados para os terminais periféricos. Quando ocorre uma lesão da fibra nervosa, por exemplo uma secção traumática de um nervo periférico, seja ela de causa acidental ou no decurso de uma intervenção cirúrgica, o segmento distal das fibras nervosas degenera, enquanto a parte proximal, aquela que se mantém em contacto com o corpo celular, vai proliferar distalmente e formar uma massa de fibras nervosas pouco organizada designada por neuroma ⇒ Assim, os receptores e canais iônicos sintetizados no pericário, nomeadamente os VDNC, vão começar a acumular-se no neuroma, tornando-o particularmente sensível a estímulos externos, bem como à estimulação pelo sistema nervoso simpático. 10 Kawanny Arruda, FITS. Fonte: https://www.aped-dor.org/images/biblioteca_dor/pdf/Fisiopatologia_da_Dor.pdf https://pt.slideshare.net/jbtajra/anatomia-e-fisiologia-da-dor-53445405 OBJETIVO 3) COMPREENDER OS MECANISMOS CENTRAIS E PERIFÉRICOS DA DOR (TIPOS DE DOR) Mecanism� � via� d� dor Os me����s�o� de do� são muito complexos, e assim como outras formas de somatossensação, são compostos de neurônios de: >> Primeira ordem: juntamente com suas terminações receptivas vão detectar os estímulos ameaçantes a integridade de tecidos inervados. >> Segunda ordem: são os neurônios que ficam na medula espinal, são responsáveis por processarem informação nociceptiva. >> Terceira ordem: são os que projetam informações de dor para o encéfalo. Quem integra e modula a dor é o tálamo e o córtex somatossensorial, além da reação subjetiva do indivíduo a experiência da dor. CO�� � �OR ���G� A� ���SO �ÒR�E�? Através de 5 fases: 1. Transdução; 2. Condução; 3. Transmissão; 4. Percepção; 5. Modulação Fas� 1 - transduçã� É a conversão do estímulo nocivo em impulso elétrico. Exemplo: pisamos em um alfinete → estímulo nocivo gera o impulso elétrico. 11 https://www.aped-dor.org/images/biblioteca_dor/pdf/Fisiopatologia_da_Dor.pdf https://pt.slideshare.net/jbtajra/anatomia-e-fisiologia-da-dor-53445405 Kawanny Arruda, FITS. A dor nociceptiva começa com o estímulo dos nociceptores. No caso da pele, são as terminações livres ⇒ eles estão na nossa pele, articulações e órgãos, são chamados de receptores sensitivos primários. Fas� 2 - Conduçã� É a condução do impulso elétrico pelos axônios aferentes até chegarem na raiz dorsal da medula. ATÉ ESSA FASE NÃO SENTIMENTOS A DOR, ATÉ O MOMENTOS TEMOS SOMENTE A NOCICEPÇÃO. ★ Nocicepção: são os conjuntos de eventos neurais que detectam os estímulos nocivos convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia (do nosso pé) para o SNC (para a nossa medula). A condução varia a sua velocidade de acordo com o tipo de fibra: ❏ Fib��� t��o C: menor diâmetro, não é mielinizada. ❏ Fib��� de���: maior diâmetro em relação a fibra c, é mielinizada → impulso saltatório→ chega mais rápido a medula. ❏ Fib��� b��a: maior diâmetro e é mielinizada → maior velocidade de condução. Fas� 3 - Transmissã� É o impulso elétrico liberando neurotransmissores na raiz dorsal da medula → esses neurotransmissores se ligam aos neurônios da raiz → os estímulos fortes vão liberar neuropeptídeos (substância p) → Essa substância P (através da via neurokinina) gera forte resposta pós sináptica → o sinal progride para os centros mais altos, ou seja, chega ao tálamo. Fas� 4 - Percepçã� É quando a dor passa a ser percebida, ela ultrapassou o tálamo → ascendem para o córtex → ativa várias áreas do nosso cérebro. Fas� 5 - Modulaçã� é como o nosso cérebro vai escolher facilitar ou inibir a dor: ➔ Facilitação: ela é muito perigosa? então vamos facilitar pois o nosso corpo está em perigo ➔ Inibição: a dor não é perigosa no momento. 1) Terminações nervosas recebem a mensagem, nesse caso é um dedo queimado → 2) Ocorre liberação de substâncias para sensibilizar as terminações nervosas e ajudar a transmitir a dor do local da lesão para o encéfalo, são elas: substância P1, bradicinina e prostaglandinas → 3) O sinal de dor vai trafegar então como um impulso eletroquímico através do comprimento do nervo até o corno dorsal da medula espinhal, que é a área que recebe sinais de todo o corpo → 4) medula espinhal envia mensagem para o tálamoque envia para o córtex → 5) o alívio da dor surge com os sinais provenientes do encéfalo que desce para a medula espinhal 6) e lá se tem a liberação de substâncias químicas como a endorfina que diminui a mensagem da dor. 12 Kawanny Arruda, FITS. ÁRE�� ��TI����DA� ��L� �O� 1. Córtex motor; 2. Córtex cingulado; 3. Córtex pré-frontal; 4. Amígdala; 5. Córtex sensorial; 6. Hipotálamo/tálamo; 7. Cerebelo; 8. Hipocampo; 9. Medula espinal. PO���� AL����S �E�S��� �EN��� M�I�� ��R E ����AS �ÃO? PORQUE A DOR É MODULADA DE ACORDO COM A EXPERIÊNCIA DA PESSOA (UMA ENFERMEIRA QUE FEZ ERRADO), O PSICOLÓGICO (PESSOA DEPRIMIDA, DOENTE) E AS ATUAIS CIRCUNSTÂNCIAS. Mecanism� centrai� d� dor Está atrelada a transmissão dos estímulos nocivos por meio da medula espinhal que não é, inclusive, um processo passivo. O que ocorre é que os circuitos intramedulares possuem a capacidade de alterar o estímulo e, dessa forma, a resposta dolorosa. A interação que existe entre esses circuitos é que determinará quais mensagens chegaram até o córtex cerebral. Sistema da coluna antero-lateral: A) Trato espino-talâmico lateral (NEO): dor rápida e bem localizada ⇒ Via Neo espinotalâmica: >> Poucos neurônios (3); >> Conservação da somatotopia; >> Via núcleos talâmicos ventrais (PL); >> Dor rápida e grande resolução espacial; B) Trato espino-(retículo) talâmico (PALEO): dor lenta e difusa ⇒ Via Paleo espino-retículo-talâmica: >> Muitos neurônios; >> Projeção difusa; >> Vias núcleos intra-laminares; >> Dor lenta e difusa; >> Tronco encefálico: colaterais para a FOR e Substancia periaquedual cinzenta promovendo reações comportamentais e vegetativas da dor. >> Repercussão emocional: sofrimento http://www.nnc.ufmg.br/hp/neuromed/Aulas_pdf/Dor.pdf Mecanism� periféric� d� dor 13 http://www.nnc.ufmg.br/hp/neuromed/Aulas_pdf/Dor.pdf Kawanny Arruda, FITS. Existe uma sequência de eventos que origina o fenômeno doloroso, e o primeiro passo desses eventos é a transformação dos estímulos agressivos em potenciais de ação que são transferidos das fibras nervosas periféricas ⇒ para o SNC. No me����s�o da no����pção, temos as TERMINAÇÕES RECEPTIVAS TRADUZINDO estímulos nocivos (estímulos ambientais físicos ou químicos) EM potenciais de ação. Esses potenciais de ação nociceptivos (também podem ser chamados de via aferente primária) são transmitidos por meio de 2 tipos de fibras nervosas aferentes: >> Fibras A-delta mielinizadas ⇒ são responsáveis pela primeira fase da dor ou dor rápida. ★ Elas possuem considerável velocidade de transmissão (transmite impulsos de 6 a 30 m/segundo) e intensidade, além de possuírem diâmetros maiores. São sensíveis/provocadas por estímulos mecânicos ou térmicos. >> Fibras C amielínicas/não mielinizadas ⇒ são responsáveis pela segunda fase da dor que pode ser difusa e persistente, formando, na periferia, receptores de alto limiar para estímulos mecânicos e térmicos. ★ Ela também é chamada de dor de ondas lentas, pois é mais lenta no começo, porém dura mais. É provocada por estímulos químicos ou por estímulos mecânicos ou térmicos persistentes; Os nociceptores são sensibilizados por meio das substâncias químicas chamadas de AL����ÊNI���, elas estão presentes no ambiente tissular e são elas: ❏ acetilcolina, bradicinina, histamina, serotonina, leucotrieno, substância P, fator de ativação plaquetário, radicais ácidos, íons potássio, prostaglandinas, tromboxana, interleucinas, fator de necrose tumoral (TNFα), fator de crescimento nervoso (NGF) e monofosfato cíclico de adenosina (AMPc) 1 O estímulo provocou lesão tecidual → se tem desencadeamento de processo inflamatório e depois se tem a reparação. As células lesadas → liberam enzimas do seu interior para o meio extracelular, elas degradam os ácidos graxos de cadeia longa → eles vão atuar sobre os cininogênios e vão originar as CININAS ⇒ são pequenos polipeptídeos. A calicreína → enzima proteolítica ativada quando há inflamação ou outros efeitos (químicos ou físicos) no sangue ou tecido ⇒ a sua ativação permite que a α2 -globulina libere calidina (tipo de cininina) ⇒ ela é convertida em bradicinina por enzimas teciduais ⇒ ela tem a função de provocar grande intensidade arteriolar e aumentar a permeabilidade capilar ⇒ contribui para a propagação da reação inflamatória. Fosfolipase A → atua na membrana celular provocando liberação de ácido araquidônico, que é metabolizado por 3 enzimas principais: cicloxigenase (atua na síntese de prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas); lipoxigenase (provoca 14 Kawanny Arruda, FITS. produção de leucotrienos e lipoxinas) e citocromo P-450 (origina produtos da via da epoxigenase). Outros mediadores de caráter excitatório: hidrogênio, potássio, histamina, citocinas como interleucinas e fator de necrose tumoral alfa, substância P, ATP, glutamato e aspartato. Mediadores de caráter inibitório: beta-endorfinas, somatostatina, acetilcolina, encefalinas, glicina, GABA, norepinefrina e a serotonina. TIPOS DE DOR Dor aguda é o tipo de dor que é fruto de danos aos tecidos do corpo e também da ativação de estímulos nociceptivos no sítio do dano tecidual local. Ela serve como SISTEMA DE ALERTA ⇒ ela avisa que existe um dano real ou iminente aos tecidos e que devemos buscar resolver isso. ➔ Curta duração e apresenta resolução quando o processo patológico subjacente é resolvido; ➔ A localização (pode ser claramente localizada) , a irradiação, a intensidade e a duração da dor, bem como os fatores que agravam e aliviam, fornecem pistas essenciais para o diagnóstico. DOR AGUDA: VIA ESPINOTALÂMICA LATERAL (NEOESPINOTALÂMICA) Dor crônica é a dor que não está relacionada com um acometimento desencadeante. ➔ A intensidade não está relacionada com o estímulo desencadeante; ➔ Ela já perdeu a função de alerta ou proteção; ➔ Localização: nem sempre é localizada numa área concreta ois pode ter irradiações. DOR CRÔNICA: VIA ESPINORRETICULOTALÂMICA (PALEOESPINOTALÂMICA) Dor cutânea e somática profunda a cutânea surge nas estruturas superficiais, é uma dor aguda com caráter de queimação e possível início abrupto ou lento. Pode ser localizada com precisão. Já a somática profunda tem origem nas estruturas profundas do organismo, como os músculos, tendões e articulações. É mais difusa e pode ser produzida por diversos estímulos, como forte pressão sobre os ossos e isquemia muscular. 15 Kawanny Arruda, FITS. Dor visceral é aquela que se origina nos órgãos viscerais. É muito comum. Tipo de dano provocado: Fortes contrações, distensão ou isquemia que afetem as paredes das vísceras são capazes de induzir dor grave. Existe uma baixa densidade de nociceptores nas vísceras, em comparação com a pele. Aferentes nociceptivos viscerais do tórax e do abdome trafegam ao longo das vias dos nervos cranianos e da coluna vertebral do sistema nervoso autônomo. Durante muitos anos se acreditou que os tratos espinotalâmicos e espinorreticulares carregavam informação nociceptiva visceral. A identificação de novas vias muitas vezes é clinicamente importante para determinar novas técnicas de controle da dor. Dor referida é aquela que é percebida em um local diferente do seu ponto de origem, mas que é inervada pelo mesmo segmento da coluna vertebral. Isso porque os neurônios aferentes viscerais e somáticos convergem para os mesmos neurônios de projeção do corno dorsal, o que explica o fato de ser difícil para o encéfalo identificar corretamente a fonte original da dor. ★ A dor que se origina em vísceras abdominais ou torácicas é difusa e mal localizada, e muitas vezes observada em um local distante da área afetada. Por exemplo, a dor associada ao infarto do miocárdio é comumente percebida no braço esquerdo, pescoço e tórax, o que pode retardar o diagnóstico e o tratamento de uma condição potencialmente fatal. OBJETIVO 4) CONHECER OUTRAS NEUROPATIAS PERIFÉRICAS Ne�r��a���: conjunto de patologias que vão acometer o SNP ⇒ a neuropatia periférica afeta os nervos periféricos, que são os responsáveis pelo encaminhamento das informações do cérebro e da medulaespinhal para o restante do corpo. 16 Kawanny Arruda, FITS. ★ As causas para o aparecimento das neuropatias periféricas são inúmeras, e nem sempre é fácil pontuá-las. Então, a melhor forma de avaliá-la é realizar uma análise clínica sequencial e lógica para assim escolher uma conduta médica para o diagnóstico e tratamento. Para isso são combinados: quadro clínico + exame de eletroneuromiografia + exames laboratoriais. Ela é uma síndrome de perda sensorial, atrofia e fraqueza muscular. Além de decréscimos nos reflexos profundos, sintomas vasomotores, sozinhos ou em combinação Fibras nervosas: prolongamentos de neurônios que realizam condução de impulsos nervosos → se organizam em feixes e cada feixe forma um nervo. Cada fibra é coberta pelo endoneuro (TC frouxo produzido pelas células de Schwann, tem colágeno reticular tipo III e fibroblastos) e cada feixe é coberto por perineuro. O conjunto de feixes agrupados em paralelo formam o nervo - é envolto pelo epineuro. Existem 3 tipos de fibras nervosas: ❏ Fibras motoras: controlam movimentos → seu dano causa fraqueza, atrofia e fasciculações (contrações) e alterações dos reflexos osteotendíneos. ❏ Fibras sensitivas: transmitem sensações, dor, tato → seu acometimento gera alteração na sensibilidade. Fibras nervosas sensitivas → subdivididas em grossas (causa problemas na sensibilidade vibratória e tato de pressão) e fibras finas (dor e temperatura). ❏ Fibras autonômicas: inervação de órgãos e glândulas → acometimento gera hipotensão postural, disfunção erétil, gastroparesia e alterações na motilidade intestinal (constipação ou diarreia). Quadr� clínic� Alguns parâmetros devem ser considerados na avaliação e na classificação das NP, dentre eles, destacam-se: >> Velocidade de instalação que pode ser classificada como: ★ aguda, subaguda e crônica; >> Tipo de fibra nervosa envolvida: ★ motora, sensitiva, autonômica ou mista. >> Tamanho da fibra nervosa envolvida: ★ Grossa, fina ou mista. Os sinais e sintomas poderão revelar qual o tipo de fibra que foi acometida: Fibras GROSSAS ⇒ problemas na sensibilidade vibratória, no tato de pressão (protopático) e na propriocepção. Fibras FINAS ⇒ comprometimento da dor e da temperatura. Outro fator é a patologia, classificada quando: DEGENERAÇÃO AXONAL ⇒ não há modificações que indiquem degeneração. DESMIELINIZAÇÃO SEGMENTAR ou MISTA ⇒ há acometimento interno isolado ou múltiplo da bainha de mielina. 17 Kawanny Arruda, FITS. Padrão de acometimento nervoso: MO����UR����I� o� m��o���ri�� ⇒ só acomete um nervo periférico ou craniano. É um trauma localizado. A pressão é a causa mais comum → ciclistas horas com cotovelos apoiados na bicicleta → neuropatia do nervo ulnar → a área afetada pode formigar ou ficar dormente, e o músculo lesado pode perder sua força de modo significativo. Paralisia do sábado a noite: lesão do nervo radial. Tem esse nome porque se apresenta com frequência em pessoas que bebem em excesso geralmente no fim de semana e depois adormecem profundamente com o braço repousando sobre um balcão, pendurado nas costas da cadeira ou por baixo da cabeça do/a companheiro/a → ocorre enfraquecimento do pulso → mão em pêndulo. Síndrome do túnel do carpo: é a mononeuropatia mais comum ⇒ compressão do nervo mediano no túnel carpiano⇒ Pode ser unilateral ou bilateral. Resulta da compressão do nervo mediano na porção volar do punho, entre o ligamento transverso superficial do carpo e os tendões flexores dos músculos do antebraço. É comum em gravidez, hipotireoidismo e diabetes. Diagnóstico: Avaliação clínica + Exame eletrodiagnóstico, se o diagnóstico clínico for inconclusivo MO����UR����I� MÚL�I�L� ⇒ afeta alguns nervos, em geral, em diferentes áreas do corpo (não contíguos). Essas lesões ocorrem ao acaso e em diferentes graus de comprometimento. ★ Causas mais comuns: vasculites, DM, sarcoidose, hanseníase e doença de Lyme. Vasculites: causadas pela associação de infecções, medicações ou razão desconhecida. Pode ser sistêmica, está associada a outras doenças. E pode ser restrita ao SNP. Diagnóstico particular: vasculite é específica e depende do quadro sistêmico. Já o definitivo depende da biópsia do nervo, mostrando infiltrado inflamatório perivascular ou intramural. Sarcoidose: doença inflamatória, multissistêmica e não contagiosa. É caracterizada pelo crescimento de nódulos inflamatórios em regiões diversas do organismo, como o pulmão. É autoimune. Doença granulomatosa inflamatória → granulomas são uma resposta do sistema imune para defender o organismo do agente prejudicial. Diagnóstico: exame físico minucioso + exames laboratoriais + história clínica do paciente bem detalhada. Hanseníase: patologia crônica e transmissível. É de notificação compulsória. Ela acomete o nervo periférico e é causada pelo Mycobacterium leprae, primeiro aparece a pápula, que tem diminuição progressiva da sensibilidade que decorre da 18 Kawanny Arruda, FITS. ação do bacilo sobre os nervos cutâneos. A manifestação clínica é caracterizada pela resposta imune do hospedeiro. Dentre as formas: tuberculóide (provoca resposta celular com o aparecimento de grânulos e lesão no tecido), já a forma lepromatosa (provoca resposta imunológica que acaba ativando proliferação e consequente disseminação do agente). ★ O sintoma principal é decorrente do acometimento dos nervos cutâneos e mistos, causando a perda sensitiva, especialmente, a dor e a temperatura. ★ Diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame físico geral e dermato-neurólogico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. ★ O tratamento é realizado com sulfonas, sendo a dapsona a mais utilizada. Nas formas reacionais tipo I e II, os corticosteróides são empregados no tratamento da neurite. Doença de Lyme: infecção transmitida por carrapatos causada pela espécie Borrelia. Pode apresentar 3 estágios: erupção cutânea ao redor da picada + disseminação precoce de 2 a 10 semanas após a erupção + e tardia quando é mais de um ano após a erupção. A periférica acontece nos estágios precoce e tardio. ★ O meningismo é caracterizado pela tríade de rigidez na nuca, fotofobia e cefaleia. ★ O tratamento é realizado com antibióticos, que consiste no uso de penicilina ou ceftriaxone. Não há tratamento específico para os estágios mais avançados e o paciente apresenta polineuropatia distal e dor radicular. Diabetes Mellitus: quando há neuropatias focais e multifocais, mas é mais comum em polineuropatias. ★ Os nervos mais comumente afetados são: ulnar, mediano, radial, femoral, cutâneo lateral da coxa e fibular. PO����UR����I� Geralmente ela é consequência de uma alteração na função dos nervos periféricos de forma simétrica, distal e bilateral ⇒ nervos periféricos afetados de forma homogênea. Será chamada de polirradiculopatia quando se tem acometimento de alguma raiz espinhal ou raízes dos troncos dos nervos periféricos. ★ Auxiliam no diagnóstico: sintomas e sinais motores, sensitivos, reflexos e autonômicos. ★ Pode acometer as fibras finas e grossas. ★ CAUSAS MAIS COMUNS: Diabetes, álcool e HIV. ★ CAUSAS raras: Charcot-Marie-Tooth. Manifestações clínicas: atingiu fibra grossa? motoras, sensibilidade tátil, vibratória, pressão e propriocepção. Atingiu fibras finas? autonômicas, dor e temperatura ⇒ parestesia, hipoestesia térmica e dolorosa, dor espontânea. 19 Kawanny Arruda, FITS. A alteração da função motora antecede a fraqueza muscular ⇒ ela pode ser decorrente de desmielinização segmentar, interrupção axonal ou destruição do neurônio motor ⇒ o grau da fraqueza é proporcional ao número de motoneurônios alfa-afetados. Deve ser feita investigação de outras doenças que podem estar associadas a polineuropatia, como: sintomas de patologias sistêmicas, infecções virais ou outras doenças infecciosas, exposição a toxinas. Algumas das polineuropatias se instalam de modo gradual, começando com sintomassensitivos e motores menos perceptíveis até ocorrer a progressão de modo simétrico e centrípeto. Um exemplo de neuropatia que não mostra esse padrão típico e possui evolução rápida ⇒ é a Síndrome de Guillain-Barré ou a exposição a toxinas. A neuropatia diabética se refere a várias formas de polineuropatia causada pelo diabetes. O diabetes também pode causar mononeuropatia e mononeuropatia múltipla, o que resulta em fraqueza. RA����LO����AS Pode atingir raízes motoras ⇒ radiculopatia motora; raiz sensitiva ⇒ radiculopatia sensitiva ; raíz motora + sensitiva ⇒ polirradiculopatía. Manifestações clínicas: dor, parestesia, fraqueza. ★ Causa mais comum: Herniação de disco: o disco extravasa e comprime o forame. É uma doença degenerativa da coluna. Objetivo 5) Entender a fisiopatologia da neuropatia diabética 20 Kawanny Arruda, FITS. É um grupo heterogêneo de manifestações que podem ser clínicas ou subclínicas que vão acometer o SNP como uma COMPLICAÇÃO do diabetes mellitus. Ela pode ocorrer em fibras nervosas proximais ou distais, podendo assumir a forma de: 1. Mononeurite ou ser ocasionada por compressão de fibras nervosas: só acomete um nervo. 2. Polineuropatia simétrica distal somática ou autonômica: os sintomas são geralmente dependentes do comprimento da fibra. Se as fibras grandes forem afetadas → têm-se a perda da sensação vibratória e propriocepção. Se as fibras pequenas forem acometidas → têm-se a dor, hipersensibilidade e temperatura. Ao ser feita biópsia da pele de indivíduos acometidos pela ND, visualiza-se redução progressiva nas fibras nervosas intraepidérmicas. Além disso, os sintomas geralmente vão afetar primeiro os pés e depois progridem proximalmente. Eles são predominantemente SENSORIAIS, é a: ★ parestesia, ardor, dor aguda e outros sintomas negativos, como perda sensorial, fraqueza. Se os níveis de açúcar no sangue (glicemia) dos diabéticos não forem bem controlados eles estarão mais propensos a desenvolver lesões nos nervos periféricos. Essas lesões são causadas pela DIMINUIÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO PARA OS NERVOS E PELOS ALTOS NÍVEIS GLICÊMICOS NO SANGUE. NEUROPATIA DIABÉTICA: complicação mais frequente do diabetes. Paradoxo: 50% dos diabéticos têm a ND, porém ela é a menos diagnosticada → não existe um marcador biológico para ela. O que vale para o diagnóstico da ND é o exame clínico neurológico do médico pelo menos uma vez por ano paciente portador de DM. Existem diversas formas de manifestação da neuropatia diabética, podendo elas serem divididas em: 1. Formas assimétricas ou focal e multifocal: mononeuropatias agudas + mononeuropatias compressivas crônicas + radicular plexo neuropatias (RPNP); 2. Formas simétricas ou difusas: neurite insulínica + neuropatia hipoglicêmica + polineuropatia pós-cetoacidose + neuropatia sensitiva dolorosa aguda + neuropatia associada a intolerância a glicose + neuropatia autonômica + polineuropatia simétrica distal (PSD). Pod� ser dividid� e�: NEUROPATIAS PERIFÉRICAS LOCAIS 21 Kawanny Arruda, FITS. Acomete mais os idosos, podendo ter uma recuperação parcial ou completa do déficit motor → pode ocorrer em nervos periféricos e cranianos. Mononeuropatia craniana: afeta o terceiro par craniano (gera oftalmoplegia - paralisia dos músculos dos olhos) e o nervo periférico envolvido é o mediano. Os pacientes podem ainda apresentar quadro de mononeurite múltipla com mais de uma neuropatia isolada no paciente. Tratamento: controle do diabetes. NEUROPATIAS PERIFÉRICAS DIFUSAS A) Motoras Próximais: principalmente em idosos. Pode ocorrer neuropatia motora proximal, também conhecida como amiotrofia diabética. SINTOMAS:dor, perda muscular, fraqueza muscular de membros inferiores (pode ser uni ou bilateral) e com comprometimento assimétrico. PERDA DE PESO DE ATÉ 40% ASSOCIADA. ★ Maioria dos casos: recuperação gradual que pode levar meses ou anos. B) Polineuropatia simétrica distal (PSD): FORMA MAIS COMUM DE NEUROPATIA PERIFÉRICA. A história é variável: extremamente dolorosa ou sem dor, mas se tem perda da propriocepção com aparecimento de úlceras neuropáticas não dolorosas. Utilizada como sinônimo de: NEUROPATIA DIABÉTICA. ★ SINTOMAS: apresentam curto intermitente com melhora e piora da dor. A destruição das fibras nervosas é progressiva, mesmo que se tenha melhoria dos sintomas. ★ A evolução natural obedece ao padrão comprimento dependente ⇒ ela afeta primeiro os axônios de maior comprimento localizados distalmente, ou seja, nos pés e depois os mais curtos, que são os proximais; ★ Sintomas iniciais: são sensitivos, localizados nos dedos dos pés → depois evoluem proximalmente e posteriormente → se chegarem a nível de joelho ela vai se distribuindo nos MMII com progressão para os MMSS, região central do abdômen e vértice ⇒ é o padrão chamado de “Meias, luvas e avental". OBS. Os sintomas distais dos membros inferiores são mais importantes que o dos superiores. Se ocorrer o inverso, temos uma neuropatia compressiva do nervo mediano e/ou ulnar ou uma radiculopatia. C) Neuropatias autonômicas: envolve muitos órgãos controlando diferentes funções corporais. O diagnóstico é de exclusão e as principais formas: sistema cardiovascular, hipotensão postural, aumento da FC e diminuição da FC com o exercício. 22 Kawanny Arruda, FITS. Anormalidade� encontrada� n�: TRATO GASTROINTESTINAL Anormalidade em motilidade, absorção e secreção do aparelho gastrointestinal. 2 problemas principais: gastroparesia diabética ⇒ náuseas, vômitos pós-prandiais; diarreia associada a neuropatia autonômica: constipação com diarreia noturna. APARELHO GENITURINÁRIO As duas manifestações principais são: 1) Disfunção erétil; 2) Disfunção da bexiga ou bexiga neurogênica: causa retenção urinária. Pacient� co� neuropati� diabétic� � hipertensã� arteria� A HAS no DM é causada pela reabsorção de água e sódio junto com a glicose que é filtrada nos rins. Isso se soma ao aumento da rigidez dos vasos sanguíneos (as artérias) → isso por conta da glicação (efeito de glicose) e também da aterosclerose (entupimento dos vasos). No paciente diabético, o adequado tratamento da hipertensão arterial é tão importante quanto o tratamento dos níveis elevados de glicose. A pressão alta aumenta o risco de doenças cardíacas e vasculares, tais como infarto do miocárdio, angina e isquemias, além de acelerar o processo de lesão nos rins e na retina, causados pelo próprio diabetes. P� diabétic�: É uma complicação que é fruto da perda de sensibilidade distal dos pés (hipoestesia) ⇒ existe uma sobrecarga na região plantar anterior do pé, fica visível na cabeça dos metatarsianos. 23 Kawanny Arruda, FITS. Neuropatia das glândulas sudoríparas ⇒ leva a redução da sudorese, ressecamento da pele e etc; Aumento do fluxo sanguíneo local (hipoatividade simpática) ⇒ leva a osteopenia (Condição que ocorre quando o corpo não produz um novo osso tão rapidamente quanto reabsorve o osso antigo). Item importante no tratamento: prevenção de ulcerações no pé diabétic ⇒ ocorre identificação das áreas plantares com maior pressão externa. Fazer exame dos pulsos (pedioso e peroneal) bilateralmente. Nos pacientes com diabetes, as lesões dos pés são atribuídas aos efeitos da neuropatia e da insuficiência vascular. Todos os pacientes com diabetes devem ter seus pés detalhadamente examinados ao menos uma vez por ano. Esse exame deve incluir uma avaliação da sensibilidade protetora, da estrutura e da biomecânica dos pés, das condições vasculares e da integridade da pele. A avaliação da função neurológica deve incluir um teste somatossensorial, que utiliza o monofilamento de Semmes-Weinstein, ou da sensibilidade vibratória. !!! A doença pode ser classificada como diabetes tipo 1, no qual há destruição das células β e deficiência absoluta de insulina; ou diabetes tipo 2, no qual há pouca insulina disponível ou sua eficácia está reduzida !!! �siopatologi� A fisiopatologia da neuropatia diabética envolve diversas VIAS BIOQUÍMICAS e NÃO BIOQUÍMICAS. Entre as VIAS BIOQUÍMICAS se encontram a via do sorbitol, que em diabéticosse encontra desregulada, o que resulta em um acúmulo de sorbitol (é um álcool de açúcar) e frutose AO REDOR DOS NERVOS PERIFÉRICOS ⇒ o problema é que esse acumulo promove nos nervos periféricos a DESMIELINIZAÇÃO e a redução do MYO-INOSITOL (ajuda no controle da quantidade de açúcar no organismo), os dois são fatores de grande importância na neuropatia periférica. Outra espécie de via seria a GLICAÇÃO NÃO ENZIMÁTICA ⇒ ela é marcada pela produção dos produtos de glicação avançada atrelados ao surgimento de uma série de patologias, como a microangiopatia, disfunção do processo cicatricial e neuropatia diabética periférica. Além dessas vias, ocorre também a redução da produção da proteína Na/k ATPase, a formação de radicais livres, um aumento na produção de óxido nítrico, a via da hexosamina e outras desordens neurotróficas, que são extremamente influentes no surgimento dessa disfunção nervosa periférica. 24 Kawanny Arruda, FITS. Dentre as VIAS NÃO BIOQUÍMICAS, a oclusão de vasos que nutrem os nervos (vasa nervorum) é o principal fator que culmina em uma redução da cadeia nervosa periférica. https://www.mastereditora.com.br/periodico/20201004_093818.pdf !!! A suplementação de dieta com mioinositol poderia reverter as lesões dos nervos periféricos em estágios iniciais dessa disfunção bioquímica, enquanto a modulação da aldose redutase continua sendo uma alternativa terapêutica para o tratamento da neuropatia diabética!!! Diagn�tic� Na PDS os achados de perda de sensibilidade, reflexos e força não é um diagnóstico difícil podendo ser confirmado pela ENMG, a qual mostra redução de amplitude e velocidade dos potenciais sensitivos distalmente consistentes com uma neuropatia axonal. Adicionalmente, a neuropatía diabética pode apresentar comorbidade (associações) com outras neuropatias como deficiência de B12, etílica, medicamentos etc. Uma vez que os sintomas sensitivos predominam nos membros inferiores, a presença de sintomas sensitivos importantes nos membros superiores, chama atenção para outros transtornos notadamente, síndrome do túnel do carpo, compressão do nervo ulnar no cotovelo e radiculopatia; estas associações são frequentes, notadamente as primeiras, podendo ser diagnosticada clinicamente e confirmadas pela ENMG. Exames complementares: ➔ Eletromiograma - estudo da atividade elétrica nos músculos); ➔ Testes da velocidade de condução nervosa e registro da velocidade na qual os sinais transitam pelos nervos. Fontes: http://nervomusculoedor.com.br/polineuropatia-diabetes-mellitus#:~:text=Polineuropatia%20sensitiva%20sim%C3 %A9trica%20distal%20(PSD).&text=Caso%20n%C3%A3o%20tratada%20a%20perda,de%20um%20d%C3%A9ficit%20lev e%20distal. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132016000500046&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt 25 https://www.mastereditora.com.br/periodico/20201004_093818.pdf http://nervomusculoedor.com.br/polineuropatia-diabetes-mellitus#:~:text=Polineuropatia%20sensitiva%20sim%C3%A9trica%20distal%20(PSD).&text=Caso%20n%C3%A3o%20tratada%20a%20perda,de%20um%20d%C3%A9ficit%20leve%20distal http://nervomusculoedor.com.br/polineuropatia-diabetes-mellitus#:~:text=Polineuropatia%20sensitiva%20sim%C3%A9trica%20distal%20(PSD).&text=Caso%20n%C3%A3o%20tratada%20a%20perda,de%20um%20d%C3%A9ficit%20leve%20distal http://nervomusculoedor.com.br/polineuropatia-diabetes-mellitus#:~:text=Polineuropatia%20sensitiva%20sim%C3%A9trica%20distal%20(PSD).&text=Caso%20n%C3%A3o%20tratada%20a%20perda,de%20um%20d%C3%A9ficit%20leve%20distal https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132016000500046&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
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