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Resumo EAC – DOR 301 Introdução Tipos de Dor ➢ Duração • A dor aguda é uma resposta fisiológica aos estímulos térmicos, químicos ou mecânicos adversos caracterizado por curta duração e reversão total do fenômeno com a interrupção do estimulo. - Na maioria dos casos é acompanhada por mudanças no sistema nervoso autônomo (espasmos, sudorese, hipertensão arterial e taquicardia). • A dor crônica não apresenta função biológica igual a dor aguda, é uma dor que persiste no tempo. Atualmente, considera dor crônica quando essa apresenta uma duração superior a três meses. ➢ Fisiopatologia • A dor nociceptiva surge quando ocorre uma ativação fisiológica dos receptores da dor (nociceptores) na pele e tecidos moles devido a uma lesão. • A dor neuropática resulta da lesão direta dos nervos no sistema nervoso periférico ou central, com frequência é acompanhada por uma sensação de queimação ou de eletricidade. - A dor neuropática pode ser acompanhada por vários fenômenos tais como paresia, paralisia, vasodilatação, anosmia, cegueira, alodina e fasciculações. • A dor psicogênica é entendida como aquela que surge na ausência de qualquer processo lesional ou que permanece após a resolução do processo lesivo. O processo mais comum para essa dor resulta geralmente de uma disfunção neuropsíquica com ou sem psicopatologia associada (depressão, ansiedade). Glossário • Alodínea: resposta dolorosa a estímulos que normalmente não causam dor (não nóxicos), constituindo-se assim uma anormalidade qualitativa. Pode ser mecânica, térmica e aos movimentos. • Hiperalgesia: resposta dolorosa desproporcional a um estimulo doloroso, representando, portanto, uma alteração quantitativa. A hiperalgesia e alodínea normalmente coexistem em casos de lesão tecidual e inflamação. Em caso de estarem presentes dores crônicas representa um sinal patognomônico de DN. • Hiperpatia – caracterizada por reação dolorosa aumentada a estímulos repetitivos subliminares ou pós-sensações dolorosas prolongadas. • Hipoestesia: perda de sensação normal a estimulo doloroso • Hipoalgesia: perda de sensação a dor • Hiperestesia – é a sensibilidade aumentada a todos os tipos de estímulos (tato, pressão, dor, térmico). Escala de Dor • No processo avaliativo da dor existem elementos chaves aos quais é preciso dar extrema importância: localização, duração, descrição, intensidade, fatores de alivio e agravamento. • Existem métodos de avaliação unidimensionais e multidimensionais • As escalas unidimensionais têm o objetivo de medir a intensidade da dor mediante apenas a um valor qualitativo ou numérico. Exemplos de escalas: visual analógica, escala numérica de avaliação, escala de discrição verbal e a escala de faces. - A avaliação unidimensional é mais prática e realiza-se mais facilmente que a abordagem multidimensional que avalia muitos aspectos. • Exemplos de avaliação multidimensional: questionário da dor de McGill, questionário da dor de Dartmouth e o inventário multidimensional da dor. • As escalas mais utilizadas são: Escala Visual Analógica (EVA), Escala Numérica de Avaliação (ENA) e a Escala de Descrição Verbal (EDV) e a Escala de Faces de Wong-Baker. Fisiopatologia da Dor Transdução • O primeiro passo da sequência de eventos que originam o fenômeno sensitivo da dor é a transformação dos estímulos ambientais, físicos ou químicos intensos em potenciais de ação, que são transferidos, das fibras nervosas do SNP para o SNC. • Os nociceptores são terminações nervosas livres de neurônios sensoriais primários especializados que são ativados por estímulos nocivos capazes de realizar essa transformação do estimulo em potencial de ação. - Esses receptores estão distribuídos amplamente pelo corpo humano incluindo a pele, articulações e músculos. • Nociceptores apresentam três classes principais: (1) térmicos (2) mecânicos e (3) polimodais. 1) Nociceptores térmicos – ativados por extremos de temperatura, em geral mais que 45 graus ou menos que 5 graus. São terminais periféricos de axônios A-Delta de pequeno diâmetro e mielinizados. 2) Nociceptores mecânicos – ativados pela pressão intensa aplicada à pele. São terminais periféricos de axônios A-Delta de pequeno diâmetro e mielinizados. 3) Nociceptores polimodais – são ativados por estímulos de alta intensidade mecânicos, químicos ou térmicos. São encontrados em terminais de axônios C amielínicos de pequeno diâmetro. ➢ Observação dos aferentes primários • Os corpos celulares dos aferentes sensoriais primários localizam-se nos gânglios das raízes dorsais nos forames vertebrais. • O axônio aferente primário possui dois ramos: um projeta-se centralmente para a medula espinal e outro em sentido periférico para inervar os tecidos. • Os aferentes primários são classificados com base no seu diâmetro, grau de mielinização e velocidade de condução. 1) Fibras A-Beta e A-Alfa → Fibras de grande diâmetro, intensamente mielinizadas e com elevada velocidade de condução. Essas fibras respondem em grau máximo a estímulos de tato leve ou de movimento. Essas fibras não provocam dor normalmente. 2) Fibras C → Fibras de pequeno diâmetro, amielinizadas e com velocidade de condução inferior a 2 m/s. 3) Fibras A-Delta → Fibras de médio diâmetro mielinizadas e com velocidade de condução de 25 a 50 m/s. • As fibras A-Delta e C respondem em grau máximo a estímulos dolorosos, sendo essas fibras sendo definidas como nociceptores aferentes primários. • Existem dois tipos de dor ao ocorrer uma lesão devido aos tipos de aferentes primários (fibra C e fibra A-Delta). 1) Dor forte ou primeira dor – essa dor é forte e rápida transmitida pelas fibras A-Delta que levam informações de nociceptores danificados. 2) Dor lenta ou segunda dor – essa dor é transmitida pelas fibras C que transmitem sinais de nociceptores polimodais. Transmissão • Os neurônios aferentes primários conduzem o impulso nervo os neurônios do corno dorsal da medula espinal de maneira altamente organizada. • Neurônios aferentes primários que transmitem modalidades sensoriais distintas terminam em diferentes lâminas (denominadas lâminas de Rexed) no corno dorsal da medula espinal. - Assim, há uma forte relação entre a organização anatômica dos neurônios na coluna dorsal. • Os neurônios da lâmina I ou lâmina marginal respondem a estímulos nocivos transmitidos por fibras A-Delta e C, sendo assim são chamados de neurônios específicos a nocicepção. - Esses neurônios projetam-se para centros encefálicos superiores, principalmente o tálamo. • Os neurônios da lâmina II ou substância gelatinosa são interneurônios que respondem de maneira seletiva a impulsos nociceptivos, porém também respondem a estímulos inócuos. • Os neurônios da lâmina V respondem a uma ampla variedade de estímulos nocivos por meio das fibras A-Beta, A-Delta e C ( a fibra no C é devido aos dendritos que se estendem a partir da lâmina II). - Esses neurônios projetam-se para o tronco encefálico e para o tálamo. - Os neurônios da lâmina V recebem aferências de nociceptores dos tecidos viscerais, essa convergência de sinais de entrada nociceptivos somáticos e viscerais em um único neurônio nessa lâmina explica o fenômeno da dor referida. • Os neurônios sensoriais nociceptivos ativam os neurônios no corno dorsal da medula espinal por meio de duas classes principais de neurotransmissores: o glutamato e o neuropeptídios. ➢ Via Neoespinotalâmica • Trata-se da via clássica da dor e temperatura sendo constituída basicamente pelo trato espinotalâmico lateral e envolve três neurônios. • Essa via é responsável apenas pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do corpo derivando dos neurônios presentesnas lâminas I e V a VII. 1) Neurônios I - localizam-se nos gânglios espinhais situados nas raízes dorsais. O prolongamento periférico de cada um destes neurônios liga-se aos receptores através dos nervos espinhais. O prolongamento central penetra na medula e termina na coluna posterior, onde faz sinapse com os neurônios II. 2) Neurônio II - os axônios do neurônio II cruzam o plano mediano pela comissura branca e atingem o lado oposto constituindo o trato espinotalâmico lateral. Na ponte, as fibras desse trato se unem com as do espinotalâmico anterior para constituir o lemnisco espinhal que termina no tálamo fazendo sinapse com os neurônios III. 3) Neurônio III - localizam-se no tálamo (núcleo ventral posterolateral). Seus axônios formam radiações talâmicas que chegam à área somestésica do córtex cerebral situado no giro pós-central (área 3, 2, 1 de Brodmann). ➢ Via Paleoespinotalâmica • A via paleoespinotalâmica é constituída de uma cadeia de quatro neurônios, sabe-se que o terceiro neurônio situado na formação reticular projeta-se para amigdala contribuindo para o componente afetivo da dor. • Essa via não apresenta organização somatotópica, assim é responsável por um tipo de dor pouco localizada, profunda e tipo crônica. Pode corresponder ao tipo de dor chamada queimação. • Derivam dos neurônios presentes nas lâminas VII e VIII. 1) Neurônio I – localizam-se nos gânglios espinhais e seus axônios penetram na medula. 2) Neurônio II – situam-se na coluna posterior, seus axônios dirigem- se ao funículo lateral do mesmo lado e lado oposto. Esse segue cranialmente formando o trato espino-reticular, então, sobe na medula junto ao trato espinotalâmico lateral e termina fazendo sinapse com o neurônio III em vários níveis da formação reticular. 3) Neurônio III – localizam-se na formação reticular e dão origem às fibras reticulotalâmicas que terminam nos núcleos do grupo medial do tálamo, em especial nos núcleos intralaminares. 4) Neurônio IV – Os núcleos intralaminares projetam-se para o territórios muito amplos do córtex cerebral. Modulação ➢ Modulação Regulação Aferente • A dor provocada pelas atividades dos nociceptores também pode ser reduzida pela atividade simultânea de mecanorreceptores de limiar baixo (A-Beta), por exemplo, quando se massageia o local de uma contusão ou estímulos elétricos em locais com dor crônica. • A teoria do portão da dor explica esse fenômeno, pois sugere que alguns neurônios do corno dorsal são excitados por axônios sensoriais de grande diâmetro e por axônios não mielinizados (fibra C) • Esses neurônios do corno dorsal são inibidos por interneurônios que são excitados por axônios sensoriais calibrosos e inibido por axônios nociceptivos. • O neurônio do corno da medula pode alcançar excitação máxima pela atividade dos axônios nociceptivos e enviar a informação para o encéfalo. No entanto, se os axônios de mecanorreceptores (A-beta) dispararem conjuntamente, ocorrerá uma ativação do interneurônio que suprimirá a sinalização nociceptiva. ➢ Modulação Regulação Descendente • A ativação de vias descendentes que se projetam para o corno dorsal da medula espinal e que regulam a transmissão de informação para centro superiores provocam efeitos analgésicos internos. • Uma das principais regiões do tronco encefálico que produzem esse efeito está localizada na substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo (PAG). • Os neurônios da PAG enviam axônios descendentes para várias regiões como o núcleo parabraquial, núcleo da rafe, locus ceruleus e formação reticular bulbar. • Esses centros possuem uma rica gama de neurotransmissores e podem exercer tanto efeito facilitatório quanto inibitório nas atividades dos neurônios do corno dorsal. ➢ Opioides endógenos • Muitas categorias de opioides endógenos foram isolados do encéfalo, esses agentes são encontrados nas mesmas regiões envolvidas na modulação de aferentes nociceptivos. • Existem grupos principais: encefalinas, endorfinas e dinorfinas que estão presentes na substância cinzenta periaquedutal. Percepção • O tálamo contém vários núcleos de retransmissão que participam do processamento central da informação nociceptiva. • O grupo nuclear lateral recebe aferências através do trato espinotalâmico de neurônios nociceptivos específicos de neurônios localizados entre as lâminas I a V. - Acredita-se que o tálamo lateral seja responsável pelo processamento da informação sobre localização precisa de uma lesão. • O grupo nuclear medial talâmico compreende o núcleo lateral central do tálamo e o complexo intralaminar, apresentando principal entrada de aferências de neurônios das lâminas VII e VIII. • Recentemente, pesquisas sobre o processamento da dor compreenderam que a dor é uma percepção muito complexa cuja atividade é influenciada pelo contexto no qual o estimulo nocivo é apresentando, bem como a experiência individual, assim acaba envolvendo muitas áreas corticais e não somente o tálamo. • O giro cingulado forma parte do sistema límbico e acredita-se que esteja envolvido no processamento do estado emocional associado a dor. • O córtex insular recebe projeções direta do tálamo especificamente dos núcleos mediais. Os neurônios do córtex insular processam a informação sobre o estado interno do corpo e contribuem para o componente autônomo da resposta à dor. Hiperalgesia primária • Depois de um estimulo doloroso associado a lesão, estímulos na área apresentam um limiar de ativação dos nociceptores aferentes primários reduzido, assim ocorre o aumento da frequência de descargas para estímulos de todas intensidades. Ou seja, a região e a periferia ficam mais doloridas. Fenômeno conhecido como hiperalgesia, • A hiperalgesia primária é ocasionada devido a sensibilização periférica que resulta da interação dos nociceptores com as substâncias da sopa inflamatória promovendo uma maior sensibilidades dos receptores e dos canais iônicos. Sensibilização Central • A sensibilização central refere-se a um aumento da excitabilidade de neurônios no corno dorsal da medula espinhal após altos níveis de atividades dos aferentes nociceptivos. • O aumento da excitabilidade permite que níveis de atividades dos aferentes nociceptivos que eram subliminares antes do evento de sensibilização gerem potenciais de ação. • A exposição repetida ao estímulo nocivo resulta, assim, em mudanças a longo prazo na resposta dos neurônios da coluna dorsal por mecanismos que são similares àqueles envolvidos na potenciação de longa duração. Em essência, essas mudanças prolongadas na excitabilidade dos neurônios constituem uma “memória” dos sinais de entrada da fibra C. - Apesar da sensibilização central ser iniciada nos neurônios do corno dorsal pelas atividades dos nociceptores os efeitos se generalizam para outras entradas de nociceptores periféricos (hiperalgesia secundária) e de mecanorreceptores de baixo liminar. Assim, estímulos inócuos passam a ativar os neurônios de segunda ordem dando origem a sensação de dor (alodinia). • Diversos mecanismos diferentes contribuem para a sensibilização central, sendo que podem ser divididos em processos dependentes ou independentes de transcrição. • Uma forma de sensibilização central independente de transcrição é chamada de wind-up. ➢ Wind-Up • O wind-up envolve um progressivo aumento de taxa de disparos nos neurônios do corno dorsal em resposta à ativação repetida de baixa frequência de fibras C. • No wind-up apesar da intensidade do estimulo ser constante, a intensidade percebida do estimulo aumenta a cada apresentação do estimulo. • O mecanismo do wind up ocorre devido a uma despolarização sustentada dos neurônios do corno dorsal devido a ativação de canais de cálcio dependentes de voltagem tipoL e da remoção do bloqueio de magnésio de receptores NMDA. - Remover o bloqueio de magnésio aumenta a sensibilidade dos neurônios do corno dorsal ao glutamato, o transmissor nos aferentes nociceptivos. • A ativação dos receptores NMDA promove a formação de ácido araquidônico e induz a formação de prostaglandinas, além da formação de óxido nítrico. Ambas as substâncias contribuem para a liberação de aminoácidos que contribuem para a sensação dolorosa. Integração Sensibilizações • Em uma lesão corto-contusa, o local/região onde encontra-se a lesão apresenta hiperalgesia primária que é o fenômeno que resulta da sensibilização periférica. • Logo após a lesão, ocorre a liberação de uma serie de substâncias denominadas algiogênicas pelas células lesadas, células do sistema imunológico, pelo aferente primário e por terminações nervosas simpáticas. - As seguintes substâncias formam a chamada sopa de sensibilização: Íons H+ e K+, citocinas, histamina, bradicinina, norepinefrina, prostaglandinas, leucotrienos, neuropeptídios e substância. • Essas substâncias irão rebaixar o limiar de estimulo dos nociceptores e é responsável pela hiperalgesia primária. • O tecido circunvizinho à área da lesão que está integro e não lesionado sofrerá do fenômeno da hiperalgesia secundária que é resultado da sensibilização central e irá se tornar hipersensível a dor. • O estímulo doloroso intenso e mantido faz com que sejam ativados no corno posterior da medula espinhal os receptores NMDA (N-metil-D-Aspartato) normalmente mantidos inativados pela ligação com o íons magnésio. • O mecanismo do wind up ocorre devido a uma despolarização sustentada dos neurônios do corno dorsal devido a ativação de canais de cálcio dependentes de voltagem tipo L e da remoção do bloqueio de magnésio de receptores NMDA. • Remover o bloqueio de magnésio aumenta a sensibilidade dos neurônios do corno dorsal ao glutamato, o transmissor nos aferentes nociceptivos. • Apesar da sensibilização central ser iniciada nos neurônios do corno dorsal pelas atividades dos nociceptores os efeitos se generalizam para outras entradas de nociceptores periféricos (hiperalgesia secundária) e de mecanorreceptores de baixo liminar, assim, estímulos inócuos passam a ativar os neurônios de segunda ordem dando origem a sensação de dor (alodinia). - O segundo neurônio localizado no corno dorsal da medula recebe aferências dos nociceptores do local da lesão, mas também recebe aferência de nociceptores ou mecanorreceptores localizados no tecido integro. - Os nociceptores do local da lesão irão estimular esse segundo neurônio tornando hiperexcitado. Esse agora hiperexcitado irá sensibilizar e alterar a percepção dos nociceptores e mecanorreceptores que tem aferências ao mesmo. • Fim do Wind-Up • O wind-up é um mecanismo inicial para outros mecanismos de cronificação da dor, por exemplo, após o fenômeno do Wind Up, em alguns casos, pode ocorrer. 1) Ativação da enzima NO-Sintetase – responsável pela síntese do óxido nítrico que, uma vez formado difunde-se retrogradamente pela fenda sináptica e leva a liberação de mais glutamato. 2) Ativação dos chamados genes de expressão precoce (c-fos e c-jun) que resultam na transcrição genica alterada, alteração quantidade e qualitativa de proteínas células, de receptores (mais receptores NMDA, inotrópicos e metabotrópicos) e alteração da plasticidade. Dor Visceral • A dor visceral é a dor nociceptiva decorrente da estimulação dos nociceptores viscerais. • As pesquisas clínicas demostram que nem todas as vísceras respondem à dor. Alguns locais como os parênquimas pulmonar, hepático e renal são praticamente insensíveis à dor, mesmo quando estímulos altamente lesivos são aplicados. • As vísceras ocas, tais como estômago, intestino, ureteres e bexiga, são em condições normais, praticamente insensíveis ao corte e à queimadura, mas são dolorosas quando ocorre distensão, isquemia ou inflamação • Os estímulos viscerais que desencadeiam queixas de dor podem ser classificados em quatro grupos principais: 1. Estímulos químicos secundários aos processos inflamatórios localizados; 2. Estímulos químicos secundários à isquemia; 3. Estímulos mecânicos desencadeados por processos compressivos e obstrutivos, que podem ser modificados por inflamação ou isquemia; 4. Estímulos “funcionais”, que são mecânicos ou químicos e ocorrem naturalmente; em geral, quando são avaliados, esses estímulos estão dentro da faixa fisiológica, mas por motivos desconhecidos causam desconforto intenso • A dor visceral geralmente apresenta localização difusa nas proximidades do órgão afetado ou mesmo à distância. - Isso pode ser explicado pelo fato que estímulos viscerais penetram em diferentes segmentos da medula espinhal, onde se juntam com fibras oriundas de outras estruturas somáticas. Assim, a dor visceral provoca um fenômeno de sensibilização dessas estruturas somáticas superficiais que resulta em hiperalgesia. • Dores viscerais são frequentemente descritas como de intensidade variável; em onda, com períodos de piora, seguidos de melhora. Esses períodos correspondem aos períodos de contração da musculatura lisa. • Ocasionalmente, uma doença que acomete uma víscera pode se alastrar, passando a acometer nervos somáticos (i.e., pleura e peritônio). Quando isso ocorre, a dor antes difusa, pode se tornar mais localizada. Tal fato provavelmente se explique pela existência de nociceptores silentes, os quais não se manifestam em situações normais, mas seriam ativados pela presença de substâncias químicas liberadas na região afetada quando ocorre sensibilização. Transmissão • Sabe-se que as vísceras apresentam receptores (aferentes) que se projetam aos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Alguns desses aferentes possuem função apenas regulatória (autonômica) enquanto outros geram respostas sensitivas, particularmente de dor. Esses aferentes são formados por fibras nervosas finas que podem ser Aδ ou fibras C. • A maior parte das fibras aferentes viscerais, antes de se dirigirem à medula espinhal, trafegam para gânglios simpáticos pré-vertebrais e paravertebrais. - Os gânglios pré-vertebrais são representados pelos gânglios celíaco e mesentéricos superior e inferior - Os gânglios paravertebrais são representados pelos gânglios cervicais superiores, médio e inferior, gânglio estrelado, gânglios toracolombares, gânglio sacral e gânglio ímpar coccígeo - Uma pequena parte dos estímulos dolorosos, entretanto, trafegam por nervos do sistema nervosa parassimpático. • As fibras aferentes viscerais são poucas e penetram no corno posterior da medula em vários níveis, o que justifica a pouca localização espacial dessas dores. - Na medula espinhal, as fibras se dirigem especialmente à lâmina superficial (lâmina I de Rexed) e a outras mais profundas (V e X). Daí, os estímulos são transmitidos pelas mesmas vias superficiais da dor. Mais comumente, cruzam a linha média e ascendem pelo trato espinotalâmico lateral até os núcleos ventrais do tálamo e daí ao córtex cerebral Causas da dor visceral verdadeira • Essencialmente, qualquer dor que se origine nas cavidades torácica ou abdominal é transmitida pelas fibras delgadas tipo C, portanto, só podem transmitir o tipo crônico-persistente de dor. • Isquemia: A isquemia causa dor visceral da mesma forma que causa dor em outros tecidos, presumivelmente, devido à formação de produtos finais metabólicos ácidos ou produtos degenerativos dos tecidos, como bradicinina, enzimas proteolíticas ou outras que estimulem as terminações nervosas para dor. • Estímulos químicos: Algumas vezes substâncias químicas nocivas escapam do trato gastrointestinal para cavidade peritoneal. Por exemplo, o suco gástrico proteolítico podeescapar por úlcera gástrica ou duodenal perfurada. Esse suco causa digestão disseminada do peritônio visceral, estimulando amplas áreas de fibras dolorosas. A dor geralmente é excruciante e grave. • Espasmo de víscera oca: O espasmo de porção da alça intestinal, da vesícula biliar, do ducto biliar, do ureter ou de qualquer outra víscera oca pode causar dor, possivelmente pela estimulação mecânica das terminações nervosas da dor. Ou o espasmo pode causar diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo, combinado com o aumento das necessidades metabólicas do músculo para nutrientes, causando dor grave - Em geral, a dor de víscera espástica ocorre na forma de cólicas, com a dor chegando a alto grau de gravidade e depois diminuindo. Esse processo continua de modo intermitente, uma vez a cada poucos minutos. Os ciclos intermitentes resultam de períodos de contração da musculatura lisa. • Distensão excessiva de víscera oca: O preenchimento excessivo de víscera oca também pode resultar em dor, presumivelmente, devido a extensão excessiva dos tecidos propriamente ditos. A distensão excessiva também pode interromper os vasos sanguíneos que circundam a víscera ou que passam por sua parede, talvez promovendo isquemia. • Com envolvimento de fibras nervosas da pleura, pericárdio e peritônio → Dor em facada, agulhada, cortante, aperto e câimbra. • Com envolvimento do intestino, ureteres, vesícula e canais biliares → Dor por cólicas. • Nos casos de obstrução vesical → Dor em queimação ou em aperto; o paciente pode referi-la como extrema e intolerável. Mecanismo da dor cardíaca • Acredita-se que os episódios isquêmicos excitem receptores locais sensíveis a estímulos químicos e mecânicos que, por sua vez, estimulam a liberação de substâncias algogênicas (adenosina, bradicinina e outras substâncias) que ativam as extremidades sensoriais de fibras simpáticas e vagais aferentes. • As fibras aferentes atravessam os nervos que se conectam aos cinco gânglios simpáticos torácicos superiores e às cinco raízes torácicas dorsais da medula espinal. • A partir daí, os impulsos são transmitidos para o tálamo. Na medula espinal, impulsos cardíacos simpáticos aferentes podem convergir com impulsos vindos de estruturas torácicas somáticas, e essa convergência pode ser a base para a dor cardíaca irradiada. • Ademais, fibra cardíacas vagais aferentes fazem sinapses no núcleo do trato solitário da medula oblonga e então descem para o trato espinotalâmico cervical superior, e essa via pode contribuir para a dor angiosa sentida no pescoço e na mandíbula. Dor Referida • A dor referida é a condição em que a dor sentida não é localizada na região da lesão, mas em local adjacente ou distante. • Frequentemente esse tipo de dor e a hiperalgesia associada são situadas pelo paciente nos músculos e nas regiões da pele do mesmo dermátomo do órgão lesado. • A dor referida aumenta com a intensidade e duração da estimulação nociva da víscera ou estrutura profunda aberta. Geralmente restringe-se a um mesmo segmento espinhal. ➢ Teoria dos Portões Convergentes • Teoria sugere que os axônios dos nociceptores procedentes da região lesada (víscera) e da referida (pele) convergem no mesmo neurônio de segunda ordem (WDR) no corno posterior da medula espinal • Visto que o tegumento apresenta um suprimento nervoso nociceptivo muito mais exuberante do que as estruturas profundas somáticas e viscerais, a representação talâmica e cortical dessas é muito menor do que a daquela. Por conseguinte, os impulsos provenientes de estruturas profundas seriam interpretados pelo cérebro como oriundos do tegumento e o paciente apontaria a dor nesse local. • Diversas evidências apoiam a ideia de que a dor referida depende da convergência de impulsos para medula espinal; (1) grande número de neurônios do corno posterior recebem impulsos de aferências viscerais e somáticas, o que suporta a teoria das projeções convergentes; (2) dados anatômicos e eletrofisiológicos demonstraram também que os neurônios de segunda ordem do corno posterior recebem aferências viscerais e somáticas, indicando haver convergência víscerosomática. Dor Irradiada • Caracteriza-se por ser sentida a distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou um nervo cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Lombalgia • Lombalgia – a dor fica limitada à região lombar baixa e às nádegas, sendo possível estender-se até a coxa. Há dois tipos de lombalgia: mecânica e inflamatória. • Lombociatalgia – a dor lombar é irradiada para o membro inferior, podendo chegar até os dedos (quando ultrapassa o joelho é um indicativo de lombociatalgia). - A lombociatalgias estão associadas a situações nas quais existem compressão radicular como hérnia de disco, estenose de canal medular e síndrome piriforme. Lombalgia Mecânica • A lombalgia mecânica é um termo que descreve a dor lombar decorrente de esforço físico e aliviada pelo repouso. • A dor tem características crônicas em peso e dor local. Geralmente piora no final do dia devido as atividades e aos esforços físicos. • Esse tipo de dor geralmente é provocada por distúrbios de músculos posteriores, tendões e ligamentos. • Nas lombalgias mecânicas pode ser bastante difícil esclarecer o processo etiológico subjacente e difícil localizar pontualmente a estrutura que ocasiona a dor. • O início é insidioso, o paciente apresenta-se sedentário, obeso, com fraqueza dos músculos abdominais, dos posteriores da coluna lombar e dos glúteos e encurtamento dos músculos isquiotibiais. Lombalgia Inflamatória • As espondiloartropodias provocam quadro de lombalgia tipicamente inflamatórios. • Os pacientes relatam rigidez matinal com mais de uma hora de duração. Em alguns casos a dor noturna ou em repouso também está presente. - Nesse grupo de doenças está: espondilite anquilosante, a síndrome de Reiter, artrite psoriática e artropatia enteropática. Espondilite anquilosante • Doença inflamatória sistêmica crônica que acomete as articulações do esqueleto axial, sendo a lesão da articulação sacroilíaca seu marco fundamental. • Apresenta etiologia desconhecida, porém postula-se que o contato com agentes ambientais possa deflagrar um descontrole do sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos. • Atinge geralmente adultos jovens (2ª e 4ª décadas), preferencialmente do sexo masculino. - Epidemiologia acompanha a distribuição do HLA-B27 (importante fator genético) • Pode evoluir com limitação funcional progressiva da coluna vertebral. Em casos graves, os pacientes adquirem a postura de esquiador que é marcado por cifose exagerada e perda da lordose lombar fisiológica. - Evolui de forma ascendente e com eventual ossificação dessas articulações no processo de anquilose óssea. ➢ Patogenia • Espondiloartropatias têm uma característica em comum: a entesite que é uma lesão que acomete as enteses. - Enteses são os pontos de junção (nos ossos) entre ligamentos, tendões, aponeuroses e capsulas articulares. • Ocorre reação inflamatória crônica com erosão do osso adjacente, seguida por outro processo crônico de reparo tecidual, durante o qual costuma haver neoformação óssea e evolução para anquilose • Articulação mais acometida é a de caráter “ligamentar”. A sacroilíaca é a mais precocemente envolvida, em seguida coluna lombossacra e, por fim, torácica e cervical (envolvimento ascendente e progressivo). ➢ Manifestações Clínicas • Primeiro sinal costuma ser dor lombar (pela sacroileíte) tipicamente unilateral, insidiosa e profunda, acompanhada de rigidez matinal ou após longos períodos de inatividade. - A rigidez melhora com atividades. • Passados alguns meses paciente pode evoluir com piora da dor de forma que elaseja bilateral e persistente, com exacerbação no período noturno de modo a obrigar o paciente a se levantar para aliviá-la. • Hipersensibilidade óssea - Nos locais acometidos a dígitopressão pode desencadear dor. • Observado também redução na amplitude de movimento da lombar especialmente nos planos anteroposterior e laterolateral devido à anquilose Síndrome Dolorosa Miofascial • A SDM é uma condição dolorosa do músculo, fáscias e junções ligamentares, caracterizadas pela presença de pontos de irritabilidade no músculo esquelético denominados pontos-gatilho. • Os pontos-gatilho se localizam em bandas tensas musculares e podem estar associados a fenômenos autonômicos, sensitivos e motores • A lesão aguda do músculo ou o esforço repetitivo são as causas mais comuns de SDM, porém, está comumente associada a outras condições dolorosas somáticas e neuropáticas. • Os PG causam dor espontânea em repouso e, quando estimulados, provocam dor referida. Além da dor, muitas vezes incapacitante, a restrição da amplitude de movimento e a fadiga do músculo envolvido podem caracterizar um grande prejuízo funcional para o indivíduo. • A hipersensibilidade dos PGs à palpação deve-se à excitação e à sensibilização dos nociceptores pelo acúmulo de substâncias algogênicas causadas pelas alterações biodinâmicas do traumatismo ou da crise energética e/ou pela inflamação neurogênica. A dor gera, reflexamente, espasmo muscular, e o espasmo agrava a condição original. Aspectos Clínicos • O diagnóstico de SDM depende exclusivamente da história e do exame físico. • A SDM é uma condição dolorosa muscular regional caracterizada pela ocorrência de bandas musculares tensas palpáveis, nas quais identificam-se pontos intensamente dolorosos, os PGs. • Os PGs podem ser palpados e geralmente estão associados à presença de banda tensa ou de nódulo muscular. • Ademais, os PGs são decorrentes de sobrecargas dinâmicas (traumatismos, excesso de uso) ou estáticas (sobrecargas posturais) ocorridas durante atividades da vida diária e ocupacionais. • A ocorrência de contração muscular visível e palpável localizada, ou seja, do reflexo contrátil localizado (RCL) ou twitch response, induzido pela palpação ou punção da banda muscular ou do PG, é característico da SDM. - Em alguns casos, a tensão e o encurtamento muscular geram inflamação no local da inserção dos feixes articulares, dos tendões ou estruturas ósseas, ocasionando entesites ou entesopatias. • Os pontos de gatilhos podem ser classificados em: 1) PG ativo: é um foco de hiperirritabilidade sintomático e muscular situado em bandas musculares tensas (contraturadas ou enduradas no músculo ou na fáscia) em áreas onde há queixa de dor e que, quando pressionado, gera dor referida em áreas padronizadas, reprodutíveis para cada músculo. A dor é espontânea ou surge ao movimento (ADM) e pode causar sensação de fraqueza muscular. 2) PGs latentes: são pontos dolorosos com características similares aos ativos, mas presentes em áreas assintomáticas; não se associam à dor durante as atividades físicas normais. Podem ser menos dolorosas à palpação e produzir menos disfunção que os PGs ativos. Diante de estressores físicos exógenos, endógenos ou emocionais, tornam-se ativos e geram síndromes dolorosas e/ou incapacidade funcional. 3) PGs satélites: desenvolvem-se em músculos situados na área de dor referida dos PGs principais ou na área de dor referida de uma afecção visceral, como infarto do miocárdio, úlcera péptica, colecistolitíase ou cólica renal, entre outras. • As características da SDM são: - Dor difusa em um músculo ou grupo de músculos; Dor regional em peso, queimor ou latejamento, surtos de dor e referência de dor à distância - Banda muscular tensa palpável contendo PGs; Reprodução das queixas ou alterações das sensações durante a compressão do ponto miálgico - Ocorrência de reação de contração local (RCL) durante a inserção de agulha ou palpação no sentido transversal do ponto hipersensível da banda muscular - Alívio da dor após estiramento do músculo ou após infiltração no ponto sensível - Possível limitação da amplitude de movimento - Encurtamento muscular ou estiramento passivo Etiologia • As causas mais comuns de SDM são traumatismos, sobrecargas agudas e microtraumatismos repetitivos de estruturas musculoesqueléticas. - Após lesão aguda, os PGs podem ser identificados em alguns indivíduo • A SDM pode também ter instalação gradual em decorrência de microtraumatismos repetitivos durante o trabalho, resultando em fadiga ou sobrecarga. • São fatores predisponentes à ocorrência de SDM: assimetria dos membros inferiores, malformações da pelve (hemipelve), posturas inadequadas e imobilismo prolongado, anormalidades nutricionais, endócrinas, reumatológicas, infecções crônicas virais ou bacterianas e infestações parasitárias Fibromialgia • A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor musculoesquelética crônica (mais que 3 meses) generalizada, em que há distúrbio de processamento dos centros aferentes, levando à dor. • É uma doença com natureza desconhecida (não autoimune e não inflamatória) e sem causa orgânica detectável. • Caracteriza-se principalmente pelo quadro de dor crônica difusa, e está associada com frequência a queixas de fadiga, distúrbio de sono e baixa tolerância aos exercícios físicos. Outros sintomas citados são sensação de adormecimento, pontadas, queimação ou câimbras. Etiologia • A etiologia da FM permanece desconhecida e ainda não é completamente entendida. Postula-se que a causa seja multifatorial. • Inúmeras variáveis parecem contribuir na predisposição para desenvolvimento da FM. Ademais, também podem estar relacionadas as variedades de intensidade e gravidade dos sintomas. Entre as mais conhecidas, podem ser exemplos: - Fatores psicológicos: traços de personalidade (perfeccionista ou abnegado), catastrofização e crenças negativas (a crença de que a dor não pode ser controlada), hipervigilância, preocupação exagerada com a dor, transtorno obsessivo-compulsivo, depressão e ansiedade. - Fatores biológicos: sexo feminino, herança genética (polimorfismos genéticos relatados na enzima catecol-O-metiltransferase, transportador e receptores da serotonina e de genes dos receptores D4 da dopamina), alterações no padrão de sono, resposta neuroendócrina ao estresse (diminuição da resposta aos hormônios liberador da corticotropina e fator 1 de crescimento de insulina- like (somatomedina-C) e desregulação autonômica (ortostase paroxística e síndrome de taquicardia). - Fatores familiares e laborais (insatisfação no trabalho, obesidade, sedentarismo) Aspectos Clínicos • O diagnóstico da FM é essencialmente clínico, baseado em anamnese adequada e exame físico criterioso. Nenhum exame laboratorial ou radiológico é necessário para o diagnóstico de FM. • Os principais sintomas da FM podem ser vistos como uma tríade que inclui: 1) Dor generalizada – nos lados direito e esquerdo do corpo, acima e abaixo da cintura e no esqueleto axial. A dor é de longa duração (maior que 3 meses). 2) Fadiga 3) Distúrbios do sono • A dor na FM é generalizada, com intensidade variável ao longo dos dias, e é geralmente de caráter migratório. Pode ter início localizado, tornando-se, posteriormente, generalizada. • Cerca de 76 a 100% dos pacientes apresentam fadiga, que geralmente piora após esforço físico e, eventualmente, pode ser o sintoma mais incapacitante • A FM deve ser considerada em todos os pacientes com dor multifocal que não possa ser explicada por outras causas. Na maioria dos casos, a dor musculoesquelética é predominante; no entanto, é comum haver dor abdominal, dor pélvica, cefaleia e dor torácica. • Exemplos de comorbidades incluem os distúrbios de humor,que podem preceder o desenvolvimento da FM. Transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e transtorno bipolar estão presentes • O exame físico é essencial na avaliação da hipersensibilidade (alodinia e hiperalgesia). Ambas são comuns e podem coexistir no mesmo paciente. Dor Neuropática • Dor neuropática é definida como “ocorre devido a lesão primária do sistema nervoso periférico ou central”. • A dor neuropática também inclui: dor e sintomas sensitivos que persistem além do período de cura; presença de fenômenos sensitivos negativos ou positivos; presença de fenômenos motores positivos e negativos; fenômenos autonômicos. • Do ponto etiológico periférico, a dor neuropática pode ocorrer devido a neuropatias de diferentes causas (radiculopatias, plexopatias); devido a neuralgias de natureza idiopática ou disfuncionais. • A dor neuropática de origem central tem etiologia vascular, desmielinizante, traumática, tumoral, compressiva, malformativa e imunológica. ➢ Etiologia • As síndromes neuropáticas periféricas mais comuns e mais pesquisadas são a neuropatia diabética dolorosa, neuralgia pós-herpética, neuralgia do trigêmeo, dor persistente pós-trauma e pós-operatória, síndrome complexa de dor regional, neuropatia na síndrome da imunodeficiência, dor neuropática oncológica e dor pós-amputação. • As síndromes neuropáticas centrais mais comuns incluem a dor central pós-acidente vascular cerebral (AVE), dor pós-lesão medular e esclerose múltipla. ➢ Fisiopatologia • A fisiopatologia da dor neuropática é heterogênea e complexa, representa um estado de doença neural secundária a alterações da função e anatomia das terminações nervosas, troncos nervosos periféricos, unidades neuronais, vias de condução e de processamento central de informação sensitiva. • Ocorrem fenômenos de neuroplasticidade anormais ao longo de todo o sistema nervoso, que contribuem para manifestações dolorosas. • O termo sensibilização periférica indica alteração na excitabilidade do nervo periférico e do gânglio da raiz dorsal; e sensibilização central compreende as alterações dos neurônios da medula espinhal, sistema descendente modulador e fenômenos de neuroplasticidade. ➢ Mecanismos de sensibilização periférica • Esse tipo de dor é caracterizada por dor espontânea (não dependente de estimulo), hiperalgesia (dor exagerada a um estimulo normalmente pouco doloroso) e alodínea (dor em resposta a estímulos não dolorosos). - Algumas dessas características ocorre por alteração nos nociceptores e nervos periféricos lesionados. • A lesão dos nervosos periféricos determina redução importante do limiar de ativação neuronal, assim impulsos elétricos são desencadeados espontaneamente ou por estímulos normalmente não nocivos (alodínea e hiperalgesia). Ou seja, ocorrem descargas ectópicas. - As descargas ectópicas são constituídas de impulsos elétricos anormais espontâneos evocados e repetitivos a partir de locais incomuns e diferentes das terminações nervosas. • Essas descargas ectópicas são originadas do neuroma que é formado no coto proximal do axônio seccionado ou traumatizado por brotamento de novas fibras. - Ocorre o crescimento anormal (sprouting ou brotamento) com o aumento dos campos receptivos que alimentam a transmissão anormal da dor. - As descargas podem ser originadas em focos de desmielinização em fibras danificadas por traumatismos. • Além dos neurônios lesados, os neurônios íntegros passam a disparar, espontaneamente, mecanismo conhecido como transmissão efática. - A excitação cruzada efática é o processo fisiopatológico pelo qual, a partir de fibra nervosa danificada, há o desenvolvimento de curto-circuito elétrico por correntes iônicas com fibras nervosas adjacentes intactas. Outro fenômeno relacionado é a excitação cruzada “não-efática” por mediadores químicos difusíveis, o que pode ser a base da explicação do tie douloureux na neuralgia do trigêmeo • Ocorre a alteração da expressão dos canais de sódio e cálcio, pois os mediadores inflamatórios ativam sinais intracelulares dos nociceptores que provocam o aumento dos canais de voltagem. - O aumento dos canais de sódio determina o aumento exagerado das descargas espontâneas nas membranas neuronais e corpo neural, responsáveis pela perpetuação da dor. - Após, a lesão de fibras nervosas A-Delta e C surgem novos canais de cálcio que são estimuláveis aos mínimos potenciais sensoriais, com entrada de cálcio na membrana e consequente despolarização. ➢ Integração do Mecanismo • As lesões dos nervos periféricos levam a lesão por desaferentação. A desaferentação implica na perda do estimulo normal dos neurônios sensoriais primários. • Devido a desmielinização e a degeneração axonal o nervo na tentativa de se regenerar forma brotamentos, neuromas que passam a constituir focos ectópicos desencadeantes de dor. • Além disso os brotamentos favorecem a aproximação de outras estruturas nervosas levando a excitação cruzada, com despolarização repetida do brotamento para o neurônio vizinho permitindo assim o aparecimento de correntes efáticas. • Devido a desmielinização, na tentativa de regeneração ocorrem alterações quantidades e qualitativas nos canais iônicos principalmente dos de Na+ facilitando a geração de potenciais de ação aos mínimos estímulos. Neuropatia Diabética • As manifestações da dor neuropática podem ser divididos em fenômenos negativos, positivos e autonômicos. - Fenômenos Negativos ==> Perda sensitiva (tato leve, vibratória, térmica e dor) - Fenômenos Positivos - (1) Dor espontânea - contínua ou paroxística; (2) Dor evocada - Alodinia, hiperalgesia e hiperpatia - Fenômenos autonômicos ==> Vasomotora e Sudomotor • A neuropatia diabética é caracterizada pela degeneração progressiva dos axônios das fibras nervosos. • Parece existir uma ação desmielinizante pela hiperglicemia. A lesão axonal característica da neuropatia diabética tende a ser progressiva com o tempo, afetando os pacientes com pior controle glicêmico. • A principal alteração eletrofisiológica na neuropatia diabética parece ser uma diminuição na amplitude das respostas sensitivas e motoras dos nervos periféricos. • O quadro típico da neuropatia diabética é a dormência e dor em queimação na porção distal das extremidades inferiores que piora a noite (distribuição luvas e botas). - As fibras pequenas são acometidas mais precocemente do que as fibras grossas na neuropatia diabética. • Há diminuição da sensibilidade cutânea distalmente nos quatros membros e perda da sensibilidade profunda. • A perda de sensibilidade dolorosa contribui para o desenvolvimento de úlceras perfurantes nos pés e de artropatia neuropática. Herpes-Zóster • A herpes-zoster é uma infecção viral aguda que possui agente etiológico o vírus varicela-zoster. • O herpes-zoster é uma reativação do vírus varicela-zoster que habita a pele dos seres humanos, produzindo uma doença caracterizada por pequenas bolhas dolorosas arredondadas e no trajeto de um dermátomo cutâneo. Quadro Agudo – Herpes-Zóster ➢ Clínica • O herpes zoster é uma doença autolimitada, tendo um ciclo evolutivo de 15 dias. • Antes do surgimento das lesões na pele, ocorre no local, sintomas dolorosos ou parestésicos (formigamentos, pontadas, pele sensível ou queimação) devido a inflamação do nervo. • Essa infecção é marcada pelo aparecimento de vesículas arredondadas como forma de erupção cutânea dolorosa e de localização radicular unilateral. - As bolhas contém um liquido transparente ou amarelo seguindo o trajeto do nervo. Em alguns dias, as lesões secam e formam crostas que serão liberadas gradativamente deixando discretas manchas no local que tendem a desaparecer. • O surgimento da erupção é acompanhada de dor do dermátomonervoso. - Dor que pode persistir e aumentar depois do desaparecimento do rash cutâneo por longo tempo (anos). Esse fato é conhecido como neuralgia pós- herpética. ➢ Fisiopatologia da Dor (Neuropatia Periférica Aguda) • Os vírus herpes zoster que estava latente no gânglio da raiz dorsal, após baixa imunidade se replicam causando ganglionite. • Os vírus, então, se deslocam pelo trajeto do nervo periférico causando inflamação, destruição a mielina, necrose hemorrágica e degeneração axonal desencadeando alteração do potencial de ação e diminuição do limiar de dor. • Todo esse processo irá ocasionar a dor aguda determinada pela inflamação da própria fibra nervosa que tem localização dermatotomérica. Neuralgia pós-herpética ➢ Definição • A neuralgia pós-herpética (NPH) é uma dor persistente nos dermátomos afetados pelo vírus da herpes-zoster que tem surgimento após um mês ou mais depois do desaparecimento do rash cutâneo pela infecção. ➢ Fisiopatologia da Dor (Neuropatia Periférica Crônica) • A reativação do vírus varicela-zoster seguida de replicação do vírus nos gânglios e terminais nervosos periféricos induz a alterações neurais e inflamatórias no sistema nervoso (ganglionite), resultando em sensibilização e dor persistente. Dano Tissular → Atividade dos neurônios primários continua → → Atividade espontânea constante → Manutenção da dor com ausência de dano tissular. • As lesões dos nervos periféricos levam a lesão por desaferentação. A desaferentação implica na perda do estimulo normal dos neurônios sensoriais primários. • Devido a desmielinização e a degeneração axonal o nervo na tentativa de se regenerar forma brotamentos, neuromas que passam a constituir focos ectópicos desencadeantes de dor. • Além disso os brotamentos favorecem a aproximação de outras estruturas nervosas levando a excitação cruzada, com despolarização repetida do brotamento para o neurônio vizinho permitindo assim o aparecimento de correntes efáticas. • Devido a desmielinização, na tentativa de regeneração ocorrem alterações quantidades e qualitativas nos canais iônicos principalmente dos de Na+ facilitando a geração de potenciais de ação aos mínimos estímulos. • A destruição das fibras C e A-Delta por um mecanismo de neuroplasticidade induz uma reorganização sináptica dentro do corno da raiz dorsal levando a conexões diretas aberrantes. - A-Beta mecanorreceptores aferentes que normalmente terminam nas lâminas mais profundas (III e IV) passam a realizar aferências até a lâmina II para contatar diretamente as células neuronais sem aferências. Assim, as fibras A-Beta conduzem dor e provocam o fenômeno da alodínea. • A ativação repetida dos neurônios do corno posterior da medula geram a ativação dos receptores de glutamato tipo NMDA. - A ativação destes, a partir da atuação de mensageiros secundários, aumenta a expressão bioquímica de elementos receptores de transmissores excitatórios da dor, ampliando sua resposta normal e rebaixando o limiar de excitação provocando o fenômeno de hiperalgesia. ➢ Sintomas Dor Neuropática Central • A dor central, classificada como uma dor neuropática, é definida como uma síndrome dolorosa decorrente de lesão de estrutura do SNC. • Trata-se de uma das síndromes dolorosas mais complexas e de difícil tratamento, podendo se originar de qualquer tipo de lesão ao SNC, tais como, vasculares, acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico, infecciosa, desmielinizante (esclerose múltipla), traumática ou neoplásica. - No entanto, seu surgimento decorre, na maior parte dos casos, de AVC, EM e lesão na medula. • Essa dor resulta de anormalidades anatômicas e/ou estruturais nas vias espinotalamocorticais, estruturas do SNC, na integração e no processamento da informação nociceptiva e somatossensitiva do ser humano - A ocorrência de lesões nessas vias é considerada condição necessária para a ocorrência da dor central. Elas podem ocorrer em qualquer nível do neuroeixo, desde os tratos medulares, o tálamo centroposterior, as projeções talamocorticais, até o córtex somatossensitivo. ➢ Sinais e Sintomas • A dor central geralmente acomete amplas áreas corporais, como todo um hemicorpo ou sua metade caudal ou rostral. - Pode, contudo, limitar-se a segmentos restritos, como a mão ou pé, ou apenas um segmento da face. • As disestesias são os sintomas mais comuns as queixas de queimação, frio doloroso, formigamento, agulhamento, pontada, lancetada, facada, aperto, e sensação de constrição. - Soma-se ainda o prurido crônico na região, que é considerado um equivalente da dor • É caracterizada por um retardo de aparecimento após o estimulo ser aplicado, diferentemente das lesões periféricas quando a resposta é imediata. • O paciente pode referir dores musculares semelhantes a cãibras, ou constricção/aperto, hiperpatia e alodínea. • A DN central pode ser descrita ainda como contínua ou paroxística, pode ser espontânea ou evocada, ou pode se manifestar com uma combinação. • Em geral, a intensidade da dor central é menor que a periférica ou que a nociceptiva. • A dor central pode iniciar imediatamente após a lesão ou disfunção estrutural ou levar 2 a 3 anos para se manifestar. ➢ Mecanismo da Dor Central • A dor central encefálica repousa fundamentalmente em mecanismos talâmicos resultantes de atividade e reatividade neuronais aumentados ao longo das vias somatossensoriais e de decréscimo dos mecanismos inibitórios, envolvendo aminoácidos excitatórios e receptores NMDA. 1) Lesão das vias discriminativas somatossensitivas espinotalâmicas • Lesões na via neo-espinotalâmicas resultam na perda da atividade tônica inibitória exercida na via paleoespinotalâmicas provocando dor em queimação. 2) Desaferentação e Hipersensibilidade • Alterações ao nível talâmico, com incremento da atividade neuronal que representa as áreas desaferentadas no núcleo ventral posterior, envolvendo ação excitatória medida pelo aspartato e glutamato nos receptores NMDA. • Esses danos podem mudar a arquitetura neurológica do próprio tálamo, aumentando os canais de Na+ ocasionando hiperatividade. • Outra mudança envolve o brotamento de novas fibras excitatórias do tálamo, essas novas fibras podem fazer conexão aberrantes com vias ligadas aos mecanorreceptores (tato) produzindo alodínea. 3) Lesão nas vias inibitórias • Lesão das vias inibitórias descendentes provocam a expansão do campo receptivo dos neurônios localizados no corno dorsal da medula e sua hiperatividade. 4) Hiperatividade glutamatérgica e hipoatividade gabaérgica • O desequilíbrio entre a atividade glutamatérgica nos núcleos ventrais posteriores (zona de convergência das aferências somatossensitivas) e as unidades gabaérgicas intratalâmicas e corticotâlamicas exercem papel na dor neuropática central. • A modulação da aferência nociceptiva estaria condicionada ao equilíbrio entre a atividade glutamatérgica (excitatória) e gabaérgica (inibitória). Cefaleia • A cefaleia é um sintoma muito comum e pode ser classificada em cefaleia secundária que é causada por doença orgânica (faz parte do quadro sindrômico da doença) e cefaleia primária que a dor de cabeça é a doença (não há nenhuma alteração anatomopatológica que justifique a doença). • A maioria das cefaleias recorrentes é sintoma de cefaleias crônicas primárias. Migrânea • A migrânea é uma cefaleia primária comum e incapacitante e figura como a terceira doença mais prevalente no mundo. • A migrânea pode ser divida em dois subgrupos principais: migrânea sem aura e migrânea com aura. ➢ Migrânea sem aura • A migrânea sem aura é a mais comum e é uma cefaleia tipicamente unilateral, sem preferência por lado (alguns pacientes reportam como bilateral). • A dor é de caráter pulsante, de intensidademoderada a forte, incapacitante que piora com as atividades diárias. • Acompanhada de náuseas e eventualmente vômitos e, quando ocorre normalmente gera um alivio. Pode ser acompanhada de fotofobia e de fonobia. • A dor pode durar de 4 a 72 horas, muitas vezes, recorrendo nesse período após o uso de medicação analgésica. • Observação: as crises em crianças (abaixo de 18 anos) são geralmente bilaterais e frontotemporal e podem durar de 2 a 72 horas. A dor unilateral é predominantemente nos adultos. ➢ Migrânea com aura • A aura clássica consiste em sintomas visuais (frequente) e/ou sintomas sensoriais e/ou sintomas relacionados a fala. • Os sintomas visuais começam uma linha oscilante ou ponto luminoso em zigue-zague no centro do campo da visão afetando a visão central (espectro de fortificação) ou visão embaçada ou manchas escuras no centro da visão. - As alterações visuais podem se traduzir por escotomas, quadrantanopsias ou hemianopsias. • Os sintomas sensoriais afetam normalmente um lado do corpo e da face, tem início na mão progredindo no braço afetando a face e a língua. • Os distúrbios de fala são usualmente disfásicos e difíceis de caracterizar. • Os sintomas focais (aura) são reversíveis que geralmente desenvolvem-se em 5 a 20 minutos e que dura menos de 60 minutos. A dor de cabeça (quadro descrito pela migrânea sem aura) ocorre após o desaparecimento da aura. ➢ Estado de mal migranoso • O estado de mal migranoso é uma complicação severa da migrânea caracterizada por crises álgicas incapacitantes, perdura por períodos superiores a 72 horas e apresenta-se de maneira contínua sem remissão e não responsiva aos tratamentos habituais. • Critérios diagnósticos: 1) Episódio de cefaleia, preenchendo os critérios 2 e 3. 2) Ocorrendo em um doente com (a) Enxaqueca sem aura e/ou (b) enxaqueca com aura, semelhante a episódios anteriores, exceto pela duração e gravidade. 3) Ambas as seguintes características: (1) sem remissão em > 72 horas; (2) dor e/ou sintomas debilitantes associados ➢ Fase Clínica • A primeira fase da enxaqueca é a fase de pródromo que corresponde a sintomas premonitórios que antecedem dias ou semanas a fase de aura caracterizada por sonolência, irritação, hiperatividade, depressão, alteração do apetite ou tonturas. • A fase de aura que se caracteriza pela geração de sinais neurológicos focais associados a fenômenos visuais como cintilações, escotomas, hemianopsias, disestesias, parestesias, além de disfasias e alterações motoras geralmente aprecem em tempo superior a 4 minutos e possui como mecanismo fisiológico a depressão alastrante cortical, que é caracterizada por uma onda inibitória difusa e redução do fluxo sanguíneo cerebral associado a disfunção cortical e do tronco encefálico. • Em seguida a fase cefálica que é caracterizada por dor unilateral, intensa ou moderada. • Por fim, a fase de resolução com o desaparecimento da cefaleia e dos sintomas associados. ➢ Mecanismos Migrânea • A alteração genética do canal de cálcio (subunidade alfa-1) cerebral provoca estado de hiperexcitabilidade, tornando o SNC mais susceptível a estímulos externos (alimentares, luminosos) e internos (emocionais) e ao aparecimento da (depressão da atividade elétrica leva a expressão de c-fos, que é um marcador da atividade neuronal). • Áreas específicas do tronco cerebral são excitáveis e podem funcionar como centros da enxaqueca. Náuseas e vômitos surgem da excitação do núcleo do trato solitário. • O surgimento da depressão alastrante (pode causar enxaqueca sem aura) no córtex que ativa o sistema trigeminal, no tronco cerebral. • O tipo de aura depende das regiões corticais atingidas. • Com a ativação do sistema trigeminal são liberados CGRP e SP, que interagem com outras substâncias produzidas pelos vasos e por fibras autônomas. Essas substâncias geram uma inflamação neurogênica. • Os estímulos chegam ao tálamo originando a sensação de dor. ➢ Tratamento Medicamentoso • O tratamento abortivo é realizado durante, ou de preferência, imediatamente antes da crise com o objetivo específico aliviar os ataques. Mas também como auxilio a regimes profiláticos que não controlam totalmente as dores de cabeça. - O mais adequado é a intervenção prematura (quando a dor ainda é leve, o que pode reduzir o tempo necessário para erradicação da dor). • Os fármacos utilizados no tratamento abortivo são divididos em duas categorias, inespecíficas e específicas. - Inespecíficas: paracetamol, anti-inflamatórios não esteroides (AINES), opioides e combinações analgésicas (paracetamol + aspirina). - Especificas: tartarato de ergotamina, dihidroergotamina (DHE) e os triptanos (almotriptano, naratriptano, sumatriptano). • A abordagem pode ser passo-a-passo ou estratificada: - No passo-a-passo, os episódios de dor são controlados inicialmente com fármacos mais seguros e de baixo custo enquanto os fármacos específicos para migrânea somente serão utilizados se o controle inicial falhar. - Na abordagem estratificada o tratamento inicial é baseado na avaliação da gravidade das crises e a incapacidade associada. Essa abordagem recomenda fármacos específicos para migrânea em caso de crises graves. • Nas crises fracas, primeiro devem ser tomadas médicas gerais como: repouso em quarto escuro, evitar barulhos e se possível conciliar com sono. Também são uteis bolsas de gelo e/ou compressão da artéria das têmporas. Caso a dor não responda a essas medidas, os fármacos que poderão ser utilizados são os analgésicos comuns. ➢ Tratamento Profilático • A abordagem não farmacológica e profilática inclui mudanças no estilo de vida, novos hábitos de dieta, atividades físicas, descanso, sono e a utilização de um programa cognitivo-comportamental. • O fármaco profilático é utilizado diariamente como o objetivo de reduzir a gravidade, duração e frequência dos ataques migranosos. São indicações de profilaxia: ocorrência de três ou mais crises por mês, grau de incapacidade importante, falência do fármaco analgésico e ineficácia da profilaxia não farmacológica. - Os melhores resultados na remissão dos sintomas foram obtidos quando a profilaxia foi mantida por dois anos após o paciente ter ficado sem dor. - O uso prolongado de uma combinação de fármacos parece agir em mais de um neurotransmissor, o que pode ser necessário para conseguir uma remissão prolongada. • Os fármacos profiláticos dividem-se em cinco grupos: betabloqueadores, antidepressivos, bloqueadores de canal de cálcio, antagonistas da serotonina e anticonvulsivantes. • Os medicamentos divalproato de sódio, valproato de sóidio, topiramato, metropolol, propranolol e timolol são efetivos para a prevenção da migrânea. • Os betabloqueadores (propranolol, atenolol, metoprolol) possuem como efeito adversos: hipotensão arterial, bradicardia, sonhos vividos, pavor noturno, insônia, astenia, impotência sexual, broncoespasmo e depressão. • Os antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, venlafaxina) são utilizados em casos resistentes. Os efeitos adversos dos tricíclicos são: sonolência, ganho de peso, constipação, secura das mucosas e retenção urinária. • Os bloqueadores de canal de cálcio (flunarizina) possui como efeito adverso sonolência, ganho de peso, depressão, astenia, dores musculares e parestesias. • O antagonista serotoninérgico (pizotifeno) é utilizado principalmente em crianças e seus efeitos adversos são sonolência, ganho de peso, boca seca, náuseas, vertigens e constipação intestinal. • Os anticonvulsionantes (topiramato, ácido valproico e divalproato de sódio) possuem como efeito adverso sonolência, parestesias, perda de peso, alterações cognitivas, anorexia. Cefaleia do tipo tensional • É a cefaleia mais prevalente em todos os estudospopulacionais. • A CTT é dividida em episódica (CTTE) e frequentemente (CTTF), porém a CTTE foi subdividida em infrequente (CTTEi) e frequente (CTTEf). Sendo tudo isso determinado pelo número de dias com crise por ano e por mês. • Na CTTEi haverá <12 dias por anos de dor, na CTTEf as crises ocorrem em >12 e <180 dias por ano. No caso da CTTC (crônica) com >180 dias. • A dor é tipicamente bilateral, com caráter em pressão ou aperto, de intensidade fraca a moderada e não piora com a atividade física. Não há náuseas, mas fotofobia ou fonofobia (somente uma) podem estar presentes. • A associação de dor muscular nesse tipo de cefaleia é detectado pela palpação manual, que deve ser feita com pequenos movimentos giratórios e uma pressão firme com o segundo e o terceiro dedos sobre o musculo frontal, temporal masseter, pterigoideo lateral, esternocleidomastóideo, esplênico e trapézio. Cefaleia em salvas • São crises de dor forte, estritamente unilateral, na região orbital, supraorbital, temporal, durando cerca de 15 a 180 minutos e ocorrendo desde uma vez a cada dois dias até oito vezes por dia. • A dor associa-se a um ou mais dos seguintes aspectos todos ipsilaterais a dor: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese na fronte e na face, miose, ptose e/ou edema palpebral e/ou inquietude ou agitação. • O termo salva reconhece a periodicidade como o principal achado clínico desta cefaleia. A crise significa uma crise individual dentro do período de uma salva. • Durante a salva, algumas crises podem ser mais sevares do que outras e a duração da crise também pode variar. Principalmente no início e no final da salva. • A idade de início da cefaleia é geralmente dos 20 aos 40 anos, sendo o sexo masculino mais acometido. • Na salva episódica as crises ocorrem em pequenos períodos que duram sete dias a um ano, separado por períodos assintomáticos que duram um mês ou mais. • Na salva crônica as crises ocorrem por mais de um ano sem remissão, ou com períodos durando menos do que um mês. ➢ Tratamento da salva • O tratamento pode ser divido em tratamento da crise e o tratamento profilático da salva episódica e da crônica. • Na crise pode-se utilizar oxigênio, sumatriptamo injetável e sumatriptano spray nasal. • Para prevenção para a salva indica-se: verapamil, melatonina, lítio e injeção suoccipital de esteroide nível B. Dor Oncológica • O termo “dor do câncer” não possui definição específica, inclusive porque o câncer não pode ser considerado uma única doença. • Os pacientes com câncer representam um grupo muito peculiar que apresenta ao mesmo os mais diversos tipos de dor. • A dor relacionado ao câncer deve ser entendida como um fenômeno complexo, dinâmico e multidimensional que envolve diversos mecanismos (inflamatórios, isquêmicos, neuropáticos e compressivos) em múltiplos locais de forma heterogênea e flutuante, sendo modificada pelo humor, expectativas, aspectos históricos, genéticos e culturais. • O paciente oncológico com frequência apresenta mais de um tipo de dor ao mesmo tempo. Em alguns tipos de dor podem ou não ter relação temporal direta com um evento desencadeante, outros surgem dias ou meses após um evento inicial e agravam-se com o passar do tempo, outros podem ser constantes, intermitentes. Síndromes da Dor Oncológica • As síndromes de dor aguda são frequentemente iatrogênicas relacionadas a exames ou tratamentos, mas também pode estar relacionadas a complicações. • As síndromes de dor crônica ocorrem principalmente em função dos efeitos diretos da neoplasias, mas algumas podem estar relacionadas aos tratamentos antineoplásicos. Dor pelo tumor ➢ Infiltração óssea • A infiltração óssea tumoral é a causa mais comum de dor no câncer, se manifestando localmente ou à distância, pelo mecanismo de dor referida. • As metástases ósseas mais comuns são as provenientes dos tumores de mama, próstata e pulmão. A dor óssea é comum em pacientes com mieloma múltiplo. • Ela ocorre por conta de estimulação nociva dos receptores do periósteo. O crescimento tumoral ou fraturas ósseas secundárias podem ocasionar lesão, compressão, tração ou laceração das estruturas ósseas, ocasionando a dor isquêmica, dor neuropática periférica ou dor mielopática. • Quadro clínico: Sensação de dolorimento constante, profundo, às vezes contínuo, e surge com o movimento (dor incidental). ➢ Compressão ou infiltração de nervos periféricos • A infiltração ou compressão de troncos, plexos e/ou raízes nervosas pelo tumor, linfonodos e/ou fraturas ósseas metastáticas pode determinar dor aguda de forte intensidade, resultando em plexopatia, radiculopatia ou neuropatia, ou seja, dor na distribuição da estrutura nervosa acometida, com apresentação de dor em queimação, contínua, hiperestesia, disestesia e perda progressiva da sensibilidade. • Plexopatia cervical. Geralmente associadas às neoplasias de cabeça e pescoço ou lesões metastáticas para os linfonodos cervicais. A dor se apresenta como local, lancinante com disestesia, irradiada para região da nuca ou retroauricular, ombro ou mandíbula. • Plexopatia braquial. Geralmente associado com tumores de mama, ápice de pulmão e linfomas (metástases axilares e supraclaviculares), ocasionando dor no ombro e braço no dermátomo das raízes nervosas de C8-T1. A síndrome de Horner pode surgir quando houver invasão ou irradiação da cadeia simpática cervical. ➢ Infiltração do neuroeixo • Pode ocorrer dor por infiltração tumoral na medula espinal, no encéfalo e suas meninges. • A dor radicular surge por compressão ou infiltração da medula espinal, com alteração motora, sensitiva e autonômica distais ao local da lesão. • Podemos observar a primeira manifestação do comprometimento raquimedular, a dor mielopática localizada e a dor-fantasma. • A compressão medular é uma urgência médica, se apresentando sinais de fraqueza dos membros inferiores, diminuição do tato e disfunção dos esfíncteres. • A cefaleia insidiosa e progressiva surge como manifestação das metástases encefálicas. Se há hemorragia pela lesão causal, a dor instala-se subitamente, agravando-se com decúbito horizontal, tosse ou espirro; piora durante o sono, melhora com postura ortostática e vem acompanhada de náuseas e vômitos. Com a progressão, podem ocorrer sonolência, confusão mental, convulsões e coma. ➢ Infiltração e oclusão de vasos sanguíneos • As células tumorais podem infiltrar e/ou ocluir os vasossanguíneos e linfáticos, ocasionando vasoespasmo, linfagite e possível irritação nos nervos aferentes perivasculares. • O crescimento tumoral nas proximidades dos vasos sanguíneos leva à oclusão desses vasos parcial ou totalmente, produzindo estase venosa ou isquemia arterial, ou ambos. • A estase venosa produz edema nas estruturas supridas por esses vasos, determinando distensão dos compartimentos faciais e de outras estruturas nociceptivas. A oclusão arterial produz isquemia e hipóxia com destruição celular ➢ Infiltração de vísceras ocas ou invasão de sistemas ductais de vísceras solidas • A oclusão de órgãos ocos dos sistemas digestório, urinário e reprodutivo produz obstrução do esvaziamento visceral e determina contratura da musculatura lisa, espasmo muscular e isquemia, produzindo dor visceral difusa (tipo cólica) constante, com sensação de peso ou pobremente localizada, referida nas áreas de inervação da víscera comprometida. • Órgãos sólidos como linfonodos, fígado, pâncreas e supra-renais podem vir a apresentar dor devido à isquemia ou distensão de suas cápsulas. Essas vísceras sólidas também podem apresentar quadro álgico por obstrução de seus sistemas ductais. Nos tumores de fígado, baço, rim e ósseos, o edema e a venocongestão ocasionam distensão das estruturas de revestimento e estruturas nociceptivas. Dorpelo tratamento ➢ Dor pós-cirúrgica • Determinadas intervenções cirúrgicas têm alta incidência para o desenvolvimento de dor aguda e crônica. - Na fase aguda, a dor decorre do processo infamatória traumático de cirurgias, como toracotomias, esternotomias, amputações e mastectomias. - Na fase crônica, a dor ocorre devido ao câncer recidivado localmente. • O trauma ocasionado em estruturas nervosas durante o procedimento cirúrgico, resulta, comumente, em dor persistente além do normal, chamada de neuralgia pós-cirúrgica; tem origem traumática em sua grande maioria e, em um menor número de casos, decorre de fibrose cicatricial ou compressões. • O tratamento intenso da dor aguda pós-operatória, tanto no procedimento anestésico cirúrgico, como no pós-operatório imediato, faz diferença para a dor crônica pós-cirurgia ➢ Dor pós-radioterapia • Apresenta-se comoexarcebação aguda de dor crônica relacionada ao posicionamento para terapia, queimaduras cutâneas, neuropatia actínica, mielopatia actínica, sinal de Lhermitté (desmielinização transitória da medula cervical ou torácica), mucosite bucal, esofagite, produção de tumores primários de nervos periféricos secundários a radiação, obstrução intestinal parcial e infarto ou isquemia intestinal. ➢ Dor pós-quimioterapia • A dor pode ocorrer por polineuropatias periféricas, causadas por drogas imunossupressoras, podendo ser de caráter transitório ou definitivo. Existem as mucosites (oral, faríngea, gastroduodenal e nasal) induzidas por leucopenia ou irradiação junto com a monilíase do sistema digestório e a esofagogastroduodenite. Podem ocorrer espasmos vesicais e a necrose asséptica da cabeça do fêmur, causados por corticoides. Diretrizes da WHO • Os princípios do controle da dor têm sidos sumariados pela WHO por meio de um método eficaz, podendo-se aliviar a dor do câncer em 80% dos casos. Esse método pode ser resumido em seis princípios: 1) Pela boca; 2) Pelo relógio; 3) Pela escada; 4) Para o indivíduo; 5) Uso de adjuvantes; 6) Atenção aos detalhes. ♣ Pela boca: A via oral é a via de escolha para a administração da medicação analgésica (e outras), sempre que possível. ♣ Pelo relógio: Medicação analgésica para dor de moderada a intensa, deve ser administrada a intervalos fixos de tempo. Escala de horário fixo assegura que a próxima dose seja fornecida antes que o efeito da anterior tenha passado, efeito de alívio da dor mais consistente, pois quando é permitido à dor que esta reapareça antes da próxima dose, o paciente experimenta sofrimento extra desnecessário e tolerância pode ocorrer, necessitando doses maiores do analgésico. ♣ Pela escada: A OMS desenvolveu uma escada analgésica de três degraus para guiar o uso sequencial de drogas, no tratamento da dor de câncer. ♣ Para o indivíduo: As necessidades individuais para analgesia variam enormemente. A dosagem e escolha do analgésico devem ser definidas de acordo com as características da dor de cada paciente. A dose certa de morfina é aquela que alivia a dor do paciente sem efeitos colaterais intoleráveis. ♣ Uso de adjuvantes: Para aumentar a analgesia (corticosteroides e anticonvulsivantes). Para controlar efeitos adversos dos opiáceos (antieméticos e laxativos). Para controlar sintomas que estão contribuindo para a dor do paciente, como ansiedade, depressão e insônia. ♣ Atenção aos detalhes: Dar ao paciente e cuidadores instruções precisas, tanto escritas quanto orientadas verbalmente, sobre os nomes dos medicamentos, sua indicação, dosagem, intervalo entre as tomadas e possíveis efeitos colaterais. Explorar a “Dor Total” do paciente, determinando o que o paciente sabe sobre sua situação, seus medos e crenças. Escada Analgésica da OMS • A OMS desenvolveu um modelo simples para alenta introdução e titulação de analgésicos que ficou conhecida como Escada Analgésica. • O princípio da Escada era que os analgésicos deveriam ser introduzidos de forma progressiva, começando com os não opioides, opioides leves e posteriormente os fortes, titulados de acordo com a intensidade da dor relatada pelo paciente. • O objetivo inicial era permitir que os pacientes ficassem tão confortáveis e interativos quanto possível durante a evolução de sua doença rumo à morte. • A Escada Analgésica da OMS recomenda o tratamento da dor com base na sua intensidade. 1) Dor leve deve ser trada com analgésicos não opioides (acetaminofeno ou anti-inflamatórios não esteroides) 2) Dor moderada deve ser tratada com opioides “fracos” (hidrocodona, codeína, oxicodona) 3) Dor intensa deve ser tratada com opioides fortes (morfina, hidromorfona, alta dose de oxicodona, fentanil e metadona). • Os coanalgésicos ou adjuvantes podem ser combinados com analgésicos para tratamento de dor de qualquer intensidade, dependendo do contexto e na natureza da dor. • Os agonistas opioides são os principais fármacos para o controle da dor associada ao câncer. Estabelecer o equilíbrio em analgesia e efeitos adversos é o grande desafio no gerenciamento da dor. • Dentro do contexto oncológico nem sempre é possível administrar fármacos por via oral. - A vira parental (venosa e subcutânea) pode incluir infusões intermitentes, infusões continuas e analgesia controlada pelo pacientes. - A via intramuscular não é recomenda por vários fatores: variabilidade de absorção da medicação administrada, da dor provocada por esta via e pela pouca massa muscular no local da administração. • Os analgésicos opioides são agonistas dos receptores Mu, e incluem a morfina, oxicodona, hidromorfona, fentanil transdêrmico e metadosa. - Na pré-sinapse, a ligação do opioide pode levar ao bloqueio dos canais de cálcio causando redução na liberação de neurotransmissores diminuindo a sinalização da dor. - Na pós-sinapse, a ligação aos opioides pode levar a uma maior condutância de potássio (saída de potássio da célula) ocasionando a hiperpolarização da celular e o torna menos sensível para disparar e transmitir o sinal de dor. Definições • Tolerância (aumento da dose necessária para produzir efeito farmacológico) aos efeitos dos opioides desenvolve-se em alguns dias, com administração repetitiva. A rotatividade de fármaco é frequentemente utilizada para superar a perda da eficácia. A tolerância provavelmente depende do nível do receptor. O grau de tolerância observado pode refletir o acesso à resposta eficácia do fármaco e a dose administrada. É resultado em parte da dessensibilização dos receptores opioides Mu e, em parte, a alterações adaptativas em nível celular sináptico e de rede. • A dependência física refere-se a determinado estado em que a retirada do fármaco causa efeitos fisiológicos adversos, ou seja, síndrome de abstinência. O homem costuma experimentar a síndrome de abstinência com agitação, coriza, diarreia, tremores e piloereção. A intensidade da síndrome varia, e raramente evolui para o hábito no qual a dependência psicológica é característica predominante. As vias noradrenérgicas que saem do Locus Ceruleus podem desempenhar importante função, pois sua taxa de disparo é reduzida com os opioides e aumentada durante a síndrome de abstinência. Esta síndrome também é reduzida com o uso de antagonistas de receptores NMDA. Os sinais de dependência são menos intensos se a retirada for gradual. • A dependência química é o “estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de comportamento e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos e, algumas vezes, de evitar o desconforto da privação. Pedro Lento Paredes Argotte Discente da Escola Superior de Ciências
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