Prévia do material em texto
Medcurso 2021 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) Níveis médios de PA que conferem risco significativo de eventos cardiovasculares. • Primária: idiopática (90-95% dos casos) • Secundária: associada a uma doença adjacente (5-10%) Semiologia da PA 3-5 minutos em repouso Sentado, pés no chão Braço na altura do coração Bexiga vazia Sem: cigarro por 30 minutos, exercício por 60 minutos Sons de Korotkoff (1) Som nítido: PA sistólica (2) Som suave (3) Som amplificado (4) Som abafado (5) Som desaparece: PA diastólica Diagnóstico: (1) Média de 2 medidas em, pelo menos, 2 consultas: >= 140x90 mmHg (2) Monitorização Ambulatorial da PA (MAPA): • >= 130x800 mmHg (24h) • >= 135x85 mmHg (vigília) • >= 120x70 mmHg (sono) (3) Monitorização Residencial da PA (MRPA): média >= 130x80 mmHg. Geralmente realizado por 5 dias. (4) Lesão de órgão-alvo: diagnóstico de retinopatia hipertensiva, etc. OBS: HAS jaleco branco é o estado de ansiedade no momento da aferição da PA que provoca um falso-positivo. Deve ser afastada através de aferição fora do consultório. OBS²: HAS mascarada é o estado de tranquilidade no momento da aferição da PA que provoca um falso-negativo. Deve ser afastada através de aferição fora do consultório. Segundo a última diretriz norte-americana de HAS, PA >= 130x80 mmHg ou MAPA (>= 125x75 em 24h, >= 130x80 em vigília e >= 110x65 no sono) já configura HAS. O quadro clínico é usualmente oligossintomático, mas não as complicações. CLÍNICA Coração: coronariopatia, cardiopatia hipertensiva (HVE, insuficiência cardíaca) Cérebro: doença cerebrovascular, demência (microinfartos cerebrais) Retina: retinopatia hipertensiva* Rim: nefropatia hipertensiva (DRC) Doença arterial periférica: atrioesclerose de membros inferiores (claudicação intermitente, má perfusão) Classificação de Keith-Wagener para Retinopatia Hipertensiva* I- Estreitamento Arteriolar II- Cruzamento arteriovenoso patológico Alteração crônica Alteração crônica III- Hemorragia/Exsudato IV- Papiledema Alteração aguda (emergência hipertensiva) Alteração aguda (emergência hipertensiva) Classificação da Hipertensão Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) PA ótima < 120 < 80 PA normal 120-129 80-84 Pré-Hipertensão 130-139 85-89 HAS estágio 1 140-159 90-99 HAS estágio 2 160-179 100-109 HAS estágio 3 >= 180 >= 110 Tratamento Objetivo: PA < 140x90 para população de baixo risco e < 130x80 se risco cardiovascular elevado (DRC, diabetes, doença cardiovascular prévia ou escore de Framingham > 10%). Classificação Terapêutica Inicial Ótima/Normal Reavaliar em 1 ano Pré-HAS/PA elevada Tratamento não farmacológico* HAS estágio 1 Monoterapia HAS estágio >= 2 Associação de 2 drogas Exceções: 1) Baixo risco cardiovascular: pode tentar tratamento não farmacológico por 3 meses e reavalia. 2) Alto risco cardiovascular: início com 2 drogas. 3) Grande idoso (> 80 anos, frágil): início com 1 droga. Tratamento Não Farmacológico* Restrição sódica (< 1-1,5g de sódio) Dieta DASH (K, Ca, vegetais, frutas) Perda de peso Moderação do consumo etílico Exercício regular Tratamento Farmacológico 1ª linha: tiazídico, bloqueador de cálcio, IECA, BRA-II Associação proscrita de IECA + BRA-II 2ª linha: betabloqueador, alfa-bloqueador, clonidina, metildopa, espironolactona, hidralaina, alisquireno • Betabloqueadores para pacientes hipertensos só são realizados se o paciente tiver outra condição que necessite desse tratamento. Ex.: HAS + ICC. • A associação mais potente de medicamentos é a que só utiliza drogas de primeira linha. Ex.: diurético + bloqueador de cálcio + IECA ou BRA. Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona Redução da PA → Produção de Renina (Rim) → Estímulo a Angiotensina I → Conversão em Angiotensina II pela ECA (Pulmão) → Síntese de Aldosterona (Córtex Adrenal). • IECA age na ECA. • BRA-II age na Angiotensina II. • Espironolactona age na Aldosterona • Alisquireno age na inibição da Renina. Indicações Específicas dos Anti-hipertensivos de 1ª linha IECA / BRA-II “prils”/”sartans” Doença Renal Crônica, Diabetes (em especial com microalbuminúria), Insuficiência Cardíaca Tiazídico Hidroclorotiazida, indapamida, clortalidona População negra (redução da atividade RAA) Bloqueador de Cálcio Anlodipina, nifedipina População negra, Doença Arterial Periférica Principais efeitos colaterais IECA / BRA-II “prils”/”sartans” - IRA, HiperK (não usar se Cr > 3 ou K > 5,5 ou estenose bilateral de artéria renal) - IECA: tosse crônica por aumento de bradicinina Tiazídico Hidroclorotiazida, indapamida, clortalidona 4 HIPO: hipovolemia, hipoNa, hipoK, hipoMg 3 HIPER: hiperuricemia (contraindica), hiperglicemia (não contraindica), hiperlipemia (não contraindica) Bloqueador de Cálcio Anlodipina, nifedipina Edema de membros inferiores! Contraindicado em casos de ICC (reduz força de contração) HIPERTENSÃO RESISTENTE PA elevada apesar de 3 anti-hipertensivos diferentes, sendo um deles um diurético. • Excluir pseudorresistência: avaliar adesão e afastar jaleco branco (MAPA, MRPA). • Excluir HAS secundária. Tratamento Adicionar 4ª droga: Espironolactona HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA Causas Achados Diagnóstico Doença Renal Parenquimatosa Insuficiência renal, edema... USG renal, TFG Renovascular (estenose de artéria renal) Sopro abdominal, hipoK, alcalose AngioTC, angiografia renal, aldosteronismo (com renina) Hiperaldosteronismo Primário HipoK, alcalose Aldosteronismo (sem elevar renina) Feocromocitoma (catecolaminas) Crises adrenérgicas Dosagem de catecolaminas e metanefrinas (urinárias) Apneia Obstrutiva do Sono Ronco, sonolência Polissonografia CRISE HIPERTENSIVA PA >= 180x120 mmHg Emergência hipertensiva Urgência hipertensiva COM lesão aguda de órgão-alvo SEM lesão aguda de órgão-alvo Anti-hipertensivo IV: nitroprussiato (nipride), betabloqueador, nitroglicerina (tridil)... Anti-hipertensivo ORAL: captopril, betabloqueador, clonidina... LOA: cérebro (AVE), coração (IAM), aorta (dissecção), rim, retina (hemorragia/papiledema), eclampsia. OBS: o ritmo de redução pressórica deve ser de até 25% da PAM na 1ª hora de tratamento. Entre 2-6h, deve se aproximar de 160x100 mmHg. Alguns casos possuem particulares, como o AVE. PSEUDOCRISE HIPERTENSIVA Paciente hipertenso mal controlado e com queixas vagas que favorecem a elevação da PA. A conduta deve ser analgesia ou ansiolítico e orientação de retorno ao médico assistente. EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS ENCEFALOPATIA HIPERTENSIVA Hiperfluxo cerebral por elevação da PA que promove edema. Quadro clínico Tratamento Cefaleia, náusea, vômito, confusão mental. OBS: se sinal neurológico focal, afastar AVE com TC de crânio! Nitroprussiato IV (reduzir até 25% da PA em 1h) HIPERTENSÃO ACELERADA OU MALIGNA Alteração aguda (hemorragia, exsudato ou papiledema) de fundo de olho com ou sem lesão renal (comum nessa condição). Tratamento Nitroprussiato IV (reduzir até 25% da PA em 1h) DISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA Lesão vascular relacionada com a hipertensão arterial que provoca um deslocamento do fluxo sanguíneo por um “falso” lúmen. Quadro clínico Classificação Dor torácica intensa e súbita, com ou sem irradiação para o dorso. • Ascendente: coronárias (IAM, insuficiência aórtica). • Arco aórtico: vasos cervicais (diferença de PA entre membros superiores, síncope/AVEi). • Descendente: órgãos (isquemia mesentérica, isquemia renal). A propagação reduz o fluxo. Standford (mais comum): A- Aorta Ascendente (mais grave) B- Aorta Descendente DeBakey: I. Ascendente + descendente II. Aorta ascendente III. Aorta descendente Tratamento Tratamento clínico Quanto maior a FC e a PA, maior a extensão da dissecção. Por isso, o objetivo do tratamento inclui:FC < 60 bpm e PA sistólica =< 120 mmHg. • Betabloqueador (primeiro!) • Nitroprussiato em seguida. • Confirmação: ECO TE/Angio TC/Angio RM. Tratamento cirúrgico Standford tipo A: sempre! Standford tipo B: em casos complicados.