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CURSO DE SERVIÇO SOCIAL COM FOCO EM TRIBUNAIS, MINISTÉRIOS PÚBLICOS E DEFENSORIAS PROF. WELBER GONTRAN FAMÍLIA: Fundamentos e Novas Configurações DESMISTIFICANDO CONCEITOS • A família não deve ser concebida enquanto instituição eterna cuja configuração/formato perpassa cada momento histórico alheia a transformações; • As relações e interações familiares são construções sociais e não um dado natural, isso significa que as atribuições (ser pai, ser mãe, etc.) devem ser historicamente contextualizados e relativizados; • A família não é necessariamente o lugar natural do cuidado e do afeto (concepção estereotipada), mas, o lugar da contradição e do conflito; • O termo “família desestruturada” traz em si um juízo de valor e a intenção de cristalizar um modelo ideal de família (Obviamente a partir do que a classe dominante impõe como paradigma) contrário as particularidades e diversidades dos arranjos familiares; BASE CONCEITUAL PARA DEFINIR FAMÍLIA • “unidade de convivência” que tem uma formatação histórica e mobiliza recursos afetivos, materiais e simbólicos, transmite valores e constrói uma vida em comum com uma pauta de negociação, além disso, é o espaço onde se aprende as formas comunitárias de vida e onde se aprende a “ser gente” (socialização primária). Para Mioto • São 3 os indicadores capazes de definir família: Domicílio Afetos Parentesco 01- (MPE/SC-FEPESE/ 2014) Segundo Mioto (2009), três indicadores importantes são apontados na sua definição sobre Família: a. ( ) Domicílio, parentesco, afetos. b. ( ) Cidadania, direitos, domicílio. c. ( ) Dignidade, liberdade, direitos. d. ( ) Parentesco, individualidade, afetividade. e. ( ) Moradia, condições econômicas, afeto. • A instituição família é “um fato cultural e historicamente condicionado”, quer dizer, a família possui uma dimensão social e histórica e sua configuração está diretamente ligada ao tipo de sociedade em que está inserida. TIPOLOGIA DE FAMÍLA FAMÍLIA NUCLEAR • Modelo padrão constituído pelo pai, mãe e filhos. De acordo com o IBGE, apesar de mudanças existentes nos arranjos familiares, este ainda é o modelo predominante na sociedade brasileira; FAMÍLIA MONOPARENTAL • Chefiada por um dos cônjuges em razão da ausência do outro devido a fenômenos sociais como divórcio, óbito, adoção entre outros; ATENÇÃO! • Segundo pesquisas do PNAD 2004 as famílias monoparentais femininas DAS CAMADAS POPULARES são em maior número se comparada com a classe média e alta vivenciando situações de vulnerabilidade social devido sobretudo a inserção desvantajosa da mulher no mercado de trabalho, quando se consegue inserção, além das atribuições tradicionalmente direcionados a mulher como promotora de cuidados. FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA • Modelo em que moram todos os membros juntos, ligados por vínculos consanguíneos. Ex. Avós, pais, irmãos, tios etc. RELAÇÃO FAMÍLIA E ESTADO • A relação entre família e Estado é uma relação contraditória por está relacionada ao controle do Estado sobre o comportamento dos indivíduos; • Dessa relação (Estado x família) resultam duas visões: Controle do Estado sobre a vida familiar tolhendo a liberdade; (VISÃO NEOLIBERAL) Possibilidade de emancipação dos indivíduos; • Desde a crise econômica dos anos 70 a família vem sendo descoberta como agente privado de proteção social. Isso deve ser analisado como parte do projeto de reação ao Estado de bem-estar social, visto que este desenvolveu uma série de ações voltadas ao empoderamento da família; TENDÊNCIA DA POLÍTICA SOCIAL BRASILEIRA EM RELAÇÃO À FAMÍLIA FAMILISMO: pluralismo do bem-estar • O "familismo", deve ser entendido como uma alternativa em que a política pública considera - na verdade exige - que as unidades familiares assumam a responsabilidade principal pelo bem-estar social. Justamente porque não provê suficiente ajuda à família, um sistema com maior grau de "familismo" não deve ser confundido com aquele que é pró família (protetiva). • Em uma perspectiva neoliberal a família juntamente com a sociedade é vista como substituta do Estado, essa transferência de responsabilidades do Estado para a família denomina-se NEOFAMILIARISMO (a família se torna refúgio contra a escassez de serviços promovidos pelo Estado). TENDÊNCIA “PROTETIVA” • A capacidade de cuidados e proteção da família está diretamente relacionada à proteção que lhe é garantida através das políticas públicas, como instância a ser cuidada e protegida. • Ex. EBES. ATENÇÃO! • A política social brasileira possui elementos de ambas as tendências, e por isso reforçamos o caráter dual e contraditório da matricialidade sociofamiliar no seio da política de assistência social, que pode tanto reproduzir estereótipos quanto se configura numa possibilidade de melhoria da qualidade de vida da população, ainda que com limites reais e objetivos 02- (MPE/SE-FCC/2009) Considere as afirmações relativas ao conceito de família na contemporaneidade. I. A família não deve ser entendida como um espaço de pessoas, constituído de maneira contínua, relativamente estável e não casual, com os mais diferentes arranjos. II. A família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, sustentabilidade e protagonismo social. III. A família nas políticas públicas, principalmente nos programas de transferência de renda, é entendida somente como unidade econômica. IV. As transformações societárias, as relações econômicas e sociais fragilizam as famílias, tornando-as vulneráveis. V. Uma das características das famílias pobres é sua configuração em rede. Está correto o que se afirma APENAS em (A) II, III e V. (B) II, IV e V. (C) I, II e III. (D) I, III e IV. (E) I, III e V. A FAMÍLIA NO CONTEXTO DOS PROGRAMAS SOCIOFAMILIAR • As transformações contemporâneas no mundo do trabalho e nas configurações do mercado desencadearam um processo de fragilização dos vínculos familiares, tornando as famílias mais vulneráveis, sobretudo aquelas com a presença de apenas um adulto (MONOPARENTAIS). • A capacidade de cuidado e proteção dos grupos familiares depende diretamente da qualidade de vida que eles têm no contexto social ao qual estão inseridos, fato que sinaliza para a imperiosa relevância das políticas públicas. • Tradicionalmente ao se pensar na relação Estado, sociedade e família se considerou esta como espaço natural de cuidados, sendo assim, apenas quando a mesma falhasse o Estado interviria; • Como consequência disso os programas de “cuidados a família” tem tido uma característica altamente ASSISTENCIALISTA e FOCALISTAS/RESIDUAIS, concentrando suas ações apenas em famílias que “faliram” no provimento do sustento, de suporte afetivo e de socialização de suas crianças e adolescentes • Objetivo da política social em relação a família não deve ser pressionar as pessoas para que assumam responsabilidades além das suas capacidades, mas oferecer alternativas de participação cidadã. 03- (TRT 3ª REGIÃO-FCC/2015) A concepção de família adotada, no âmbito das Políticas Sociais, na atualidade, remete a um processo dinâmico onde ela é construída e reconstruída cotidianamente, através das relações que se estabelecem entre seus membros e a destes com o Estado, sociedade, trabalho, mercado etc. Assim, podemos afirmar que além de uma unidade interna de cuidado e de redistribuição interna de recursos, (A) nela se estabelece a perspectiva relacional, pois as relações familiares estão circunscritas no âmbito do domicílio ou na rede primária. (B) ela ocupa posição secundária de intervenção das políticas sociais, apesar de ser alvo de ações, serviços, programas, projetos e benefícios. (C) ela é também um “refúgio num mundo sem coração”, que deve ocupar o lugar do Estado na atenção aos seus membros. (D) nela se estabelecemrelações de igualdade, onde as questões de classe, gênero e etnia não se manifestam. (E) ela é também uma construção pública e tem um importante papel na estruturação da sociedade em seus aspectos sociais, políticos e econômicos. DADOS SOBRE A FAMÍLIA BRASILEIRA NA CONTEMPORANEIDADE • De acordo com Potyara a família a partir dos anos 90 se tornou mais efêmera e heterogênea, assumindo diversas formatações; • Crescente inserção da mulher no mercado de trabalho; • Aumento de famílias sendo chefiadas por mulheres, consequentemente temos o aumento das famílias monoparentais; • Aumento de separações e divórcios; • Idosos chefes de família; • Queda substancial no tamanho das famílias; • Aumento do número de famílias unipessoais; O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL COM FAMÍLIAS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES • Para Mioto, os assistentes sociais no seu cotidiano desenvolvem algumas ações que podem ser diferenciadas pelas particularidades que apresentam. São elas: ações sócio-educativas, ações sócio-terapêuticas, ações periciais, ações sócio- assistenciais, ações de acolhimento e apoio sócio-institucional. Ações sócio-educativas • Estão relacionadas àquelas que, através da informação, da reflexão ou mesmo da relação, visam provocar mudanças (valores, modos de vida). Ações sócio-terapeuticas • Desenvolvidas diante de situações de sofrimento das famílias, expresso nas suas relações ou pelos seus membros, com a intenção de alterar esta situação. Ações periciais • São aquelas que, através do estudo e da avaliação das situações familiares, visam à emissão de um parecer social para outrem. Ações sócio-assistenciais • Se relacionam a toda ação de provimento e de sustentação para atendimento de necessidades das famílias usuárias. Ações de acolhimento • As ações de acolhimento e apoio sócio-institucional consistiria, como o próprio nome indica, no acolhimento e apoio e na articulação de recursos através da ativação, integração e modificação das redes sociais e de serviços para atender as demandas familiares. ATENÇÃO! • As ações profissionais com famílias se definem a partir de dois eixos, o da normatividade e estabilidade e o do conflito e transformação (Sepilli, 1998; Mioto, 2000) EIXO DA NORMATIVIDADE E ESTABILIDADE • Vinculadas às ações decorrentes de dois modelos clássicos de intervenção: o técnico-burocrático e o psicossocial-individualizante. • Presente no Serviço Social conservador. EIXO DO CONFLITO E DA TRANSFORMAÇÃO • Vinculadas as ações direcionadas às famílias, enquanto sujeitos sociais, objetivando a construção da cidadania e a defesa de seus direitos. 04-(TRT 3ª REGIÃO-FCC/2015) A família é historicamente privilegiada na intervenção profissional do Serviço Social. Sobre esse assunto, considere: I. Nos primórdios da profissão no Brasil, o alvo predominante do exercício profissional é o trabalhador e a sua família. II. O trabalho com famílias ganhou grande impulso e maior qualificação técnica no período de consolidação da profissão, através da utilização do método do Serviço Social de Caso. III. A perspectiva de orientação positivista/funcionalista presente nos processos de abordagem e intervenção junto às famílias esteve e está presente até os dias de hoje. IV. A perspectiva da teoria social crítica operou no Serviço Social uma nova forma de pensar e trabalhar a família, mais sistematizada e burocratizada. V. A família e as formas de intervenção do Serviço Social junto às mesmas não foram problematizadas e trabalhadas no início da apropriação por parte da profissão, do marco teórico marxista, o que vem dificultando o trabalho social com famílias. Está correto o que consta APENAS em (A) I, III e IV. (B) I, II e V. (C) II, III e IV. (D) II, III e V. (E) III e V. (TJ/SE-CESPE/2014) No que se refere a elaboração de propostas de intervenção na área social e ao trabalho com famílias, julgue os itens seguintes. 05 O trabalho social com famílias deve embasar-se na concepção de família estruturada e compreendida como uma unidade doméstica cuja função primordial consista em assegurar as condições materiais para o desenvolvimento de seus integrantes. SUGESTÃO BIBLIOGRÁFICA • Regina Célia T. Mioto (org.). FAMILISMO DIREITOS E CIDADANIA contradições da política social; • Mione Apolinário Sales (org.). POLÍTICA SOCIAL, FAMÍLIA E JUVENTUDE.
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