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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL I POR NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES BIBLIOGRAFIA: DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Editora JusPODIVM, v. 1. COMPETÊNCIA 1) NOÇÕES GERAIS . Intimamente ligado a jurisdição. . Noção básica de jurisdição trazida por Carnelutti: a justa composição da lide. – Uma definição que hoje já não abrange a jurisdição amplamente. Primeiro porque atrela a função jurisdicional a resolução de uma lide, quando na verdade o fenômeno jurisdicional não se resume a resolver lides (pretensão resistida). . Atividade jurisdicional não somente para resolver lides, mas até mesmo para fixar parâmetros de comportamento. – Acontece por exemplo quando temos um precedente (norma geral para aquele caso concreto). . A jurisdição mudou com o tempo, isso é inegável. . Freddie Didier – passa a analisar a jurisdição como uma atividade que possui uma carga criativa feita por um terceiro imparcial e que, segundo ele, tem capacidade de fazer coisa julgada (capacidade de se tornar indiscutível, não ser revista por órgão estranho a estrutura em que foi criado). – CONCEITO GRANDE QUE ACABA POR TRAZER PARA A PRÓPRIA JURISDIÇÃO A ARBITRAGEM. . Não só o Estado-juiz presta a jurisdição (até por conta da própria arbitragem anteriormente citada), mas a própria atividade administrativa faz-se de criação de normas, seja num contexto concreto ou mais geral. . A competência vem a ser a medida de jurisdição. – TODO JUIZ/TODO O ÓRGÃO QUE DESENVOLVE ATIVIDADE JURISDICIONAL (processo de investidura = concurso, provas de títulos, indicações diretas, quinto constitucional etc.) POSSUI JURISDIÇÃO, O QUE VAI DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 VARIAR É A QUANTIDADE DE JURISDIÇÃO QUE ELE POSSUI. – A COMPETÊNCIA VEM A SER A QUANTIDADE DE JURISDIÇÃO QUE CADA ÓRGÃO QUE DESENVOLVE ATIVIDADE JURISDICIONAL POSSUI. . As normas lidam com a variação de competência para tentar otimizar a jurisdição. . Uma das funções das normas de competência é efetivar uma organização eficiente da atividade jurisdicional. . Não à toa temos várias normas modificando normas antigas que tratavam de outras competência de um respectivo órgão. . Nem sempre se consegue distribuir a competência de forma eficiente. . As normas de competência ligam-se também a um dos princípios mais caros daquilo que se deve chamar de DEVIDO PROCESSO LEGAL SUBSTANCIAL, pelo que se deve chamar de JUIZ NATURAL. . Princípio do Juiz Natural, que tem sede constitucional, e é um das grandes contribuições advindas do Devido Processo Legal Substancial, tem como centro/núcleo a ideia de que ninguém pode ter para si escolhido um juiz e ninguém pode escolher para si um juiz. . Jurisdição deve ser imparcial. . Não confundir imparcialidade com neutralidade. – NEUTRALIDADE É SABÃO, GENTE NÃO É NEUTRO. . O direcionamento que um juiz vá julgar um caso pode ser feito para beneficiar ou prejudicar as partes. – ISSO QUEBRA A IMPARCIALIDADE. . Juiz natural é o competente (não no sentido leigo de capacidade intelectual, mas sim aquele que teve uma norma de competência lhe atribuindo a competência para aquele caso em específico) e imparcial. . Princípio da perpetuação da jurisdição (perpetuatio jurisdictionis) – tudo a ver com o juiz natural. – ART. 43 DO CPC: uma vez distribuída a demanda (a ação concretizada = todos têm direito de ação pedir uma ação jurisdicional e a partir do momento em que DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 ele é concretizado tem-se uma demanda) fixa-se a competência. – Alterações de fato relativas aquele conflito não irão alterar a competência já fixada. . Demanda se concretiza na petição inicial. – PROPÕE-SE A DEMANDA = FIXA-SE A DEMANDA. . Existe uma série de normas que irão auxiliar os órgãos competentes (varas, foro etc.). Art. 43, CPC: Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. . A ideia de registro aparece no art. 43 para as varas que trazem competência geral (exemplo: cidades em que só há um juiz competente para uma matéria em específico). . Antigamente tinham “ações borboletas” – advogado entrava com uma ação e via que a vara não era boa, então ficava protocolando outras tantas ações idênticas encaixando partes que não eram partes e dentre outras coisas, esperando cair numa “vara boa” (assim que caía na vara boa, ele pedia desistência das demais). – FERIA AO JUIZ NATURAL. . Foro é a comarca, seção etc. – Foro competente de alguém é o domicílio do réu. . A alteração do domicílio posterior a propositura da ação não muda a comarca que já havia sido designada. – EXISTE RAZÃO DE SER PARA ISSO = INTRISICAMENTE LIGADO AO JUIZ NATURAL E A ATIVIDADE JURISDICIONAL. . Art. 43 do CPC traz algumas exceções necessárias: “salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta”. . Quando uma vara é extinta: (i) mantém-se o órgão em pé até que todas as demandas sejam julgadas, para que não se quebre o princípio do juiz natural = MORTE ANUNCIADA; (ii) redistribuir os processos para outros órgãos jurisdicionais. . Normas que tratam de competências podem ser absolutas ou relativas: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 . Relativa: pode ser modificada pela vontade das partes. – Exemplo: negócio jurídico processual = posso fazer um contrato com cláusula de eleição de foro (ainda que em regra o competente seja o domicílio do réu). 2) CRITÉRIOS PARA FIXAR COMPETÊNCIA: . São balizas/padrões para escolha das normas de competência. - Através de uma visualização prática e empírica de como as estruturas do judiciário se organizam, temos 5 critérios utilizados: . Critérios objetivos: ligados aos aspectos objetivos da demanda. - Elementos da ação. a)Pessoa: partes. – Exemplo: justiça federal comum são demandas que tem como parte a União (este é o primeiro corte para distribuição dessa demanda). b)Matéria: causa de pedir (tem-se as varas, juizados, etc. - possibilidade de fixar a competência a partir da matéria que ele vai julgar). c)Valor: pedido (toda demanda tem valor para a fixação de competências). .Critério territorial: Território onde a demanda produzirá efeitos, onde o conflito de interesses surgiu, onde uma das partes reside. - Deve levar em conta o tipo de demanda e o território. Mas, comporta exceções. .Critério funcional: Algumas vezes o legislador atribui a determinados órgãos jurisdicionais o papel de exercer determinada função no processo. – Temos que levar em conta que o processo não é um produto acabado desde o início, ele é um produto que se desenvolve ao longo do tempo. – Temos ao longo do processo um conjunto de partes menores que vão impulsionando-o. – Pode ser que nessa complexidade chamada processo, alguma função específica tenha que ser desenvolvida por outro juiz. - Ex: Julgamento de recurso (99% das vezes é feito por outro órgão jurisdicional que não proferiu a sentença). 3) A ORIGEM DAS NORMAS QUE ESTRUTURAM A COMPETÊNCIA: . Nós teríamos um modelo pré-fabricado pelo legislador federal (em sua maioria das vezes) de distribuição de competências. – Primeiro vetor de criação de normas de DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 competência (ligado a legislação infraconstitucional, tal qual o CPC). – VETOR NORMATIVO FEDERAL. . CPC traz várias regras a respeito disso (exemplo: art. 46 e seguintes). . Mas, também há espaço para que o regimento interno dos tribunaiscriem normas de competência, sem que com isso haja invasão de atribuição da União. – VETOR NORMATIVO ADVINDO DAS REGRAS DOS TRIBUNAIS. Art. 96. Da CF: “Compete privativamente: b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; d) propor a criação de novas varas judiciárias; a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos”; . O terceiro vetor seria um VETOR CONTRATUAL (partes disporem sobre foro etc.) – VETOR ADVINDO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS, com carga jurídica nova que permite que as partes possam criar modelos de competência em uma certa área específica com uma grande carga. . O quarto vetor seria o NORMATIVO CONSTITUCIONAL. . Exemplo: art. 102 da CF. 4) CONCEITOS IMPORTANTES: . FORO E JUÍZO: . FÓRUM é somatória de varas. . Foro diz respeito a circunscrição territorial. – FORO = LOCAL = TERRITÓRIO. . Exemplo: divisão em comarcas na justiça estadual comum. . Juízo remete a divisão administrativa. . Exemplo: Juízo da 1ª Vara Cível, da 5ª Vara do Trabalho, da 10ª Vara Penal etc. . Geralmente no mesmo foro existem diversos juízos. – Muito comum na capital. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 . Saber onde demandar através dos vetores. – Mas, para saber o juízo competente é preciso se atentar aos regimentos dos tribunais. . Existe a possibilidade de existir foros concorrentes: . Após analisar todos os vetores possíveis, se chegue a mais de um foro concorrente. – Exemplo: a estruturação da competência me permite escolher mais de um foro (isso pode acontecer por políticas das ondas de acesso à justiça OU até mesmo por erro). . Exemplo: causa de consumo – após esgotados todos os vetores, resta mais de uma opção . Fórum shopping liga-se claramente a ideia de foros concorrentes. - após esgotados os vetores, resta mais de uma opção para escolher um foro = o ato de escolher um deles caracteriza o foro shopping. . Fórum non conveniens: envolve a ideia de que apesar da ideia de foro shopping (foro concorrente), não é qualquer um deles que pode ser escolhido. – É A IDEIA DE VALORAÇÃO DO MELHOR FORO NO MOMENTO DE ESCOLHA DOS FOROS CONCORRENTES. – Fenômenos que não podem deixar de lado outros princípios, tais como de ampla defesa etc. (autor escolher o pior foro para dificultar a defesa do réu). – IDEIA DE ADEQUAÇÃO CORRETA DA ESCOLHA ADVINDA DO FENÔNOMENO DO FÓRUM CONCORRENTE E DO FÓRUM SHOPPING. – Alguns autores utilizam a terminologia de “competência adequada”. . TRANSLATIO IUDICII/IUDICIUS: . Aproveitamento dos atos praticados por um juiz incompetente. - O nosso sistema atual tem um conjunto normativo que permite que se aproveitem os atos praticados por juízes incompetentes: transportar os atos praticados por um juiz incompetente para um juiz competente. . Exemplo - Art. 64, parágrafo 4° do CPC: Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação. § 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. § 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. § 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente. § 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente. 5) COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA X COMPETÊNCIA RECURSAL: . Competência originária: aquela que atribui a um órgão o poder de proferir a primeira decisão sobre o tema. . Não vincular com o juiz de piso/de 1° grau, porque pode gerar confusão, já que existem tribunais que acabam por gozar desta competência. . Competência recursal: competência de julgar recursos. . Recurso é um meio de impugnar decisão judicial. – Acontece no mesmo processo em que a decisão fora proferida (INCIDENTAL). . Geralmente atribui-se essa competência para outro órgão distinto do que proferiu a decisão. – EXCEÇÃO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (é um recurso, mas por suas características o legislador atribuiu a competência de julgar o recurso para o próprio juiz que proferiu a decisão). . Absurdo falarem que Embargos de Declaração não é recurso. – TEM SIM NATUREZA RECURSAL. – Discute-se omissão, contradição, obscuridade, erro material = por este motivo se atribui para o próprio juiz da decisão a competência de julgar o recurso. – EXEMPLO: juíza disse que o dano moral estava configurado, mas não quantificou = omissão. 6) COMPETÊNCIA POR DEPENDÊNCIA: . Determina que a ação acessória será proposta onde seria proposta a ação principal (art. 61 CPC). - Sai do sorteio. - Evitar decisões conflitantes. 7) COMPETÊNCIA OU INCOMPETÊNCIA (RELATIVA OU ABSOLUTA): DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 . A competência absoluta é definida levando em conta a pessoa, a matéria e a função. - Já a competência relativa é definida com base no critério de valor e território. Critério muito utilizado, mas para o professor é equivocado. . A diferenciação ontológica é só uma: . Uma regra de competência é absoluta quando ela não pode ser modificada por vontade das partes, é predeterminada pelo legislador e as partes não têm nenhuma possibilidade de modificar aquele panorama predeterminado pelo legislador. . É classificada como sendo de competência relativa quando as partes podem modificar o que já estava predeterminado pelo legislador. - É definida quando o sistema permite que eu modifique o foro competência daquela definida. . ART. 63 do CPC: é o ponto de partida para a questão da competência relativa. . Art. 62, CPC: A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por convenção das partes. Serve de ponto de partida, mas há exceções. . A competência, para ser alegada, seja relativa ou absoluta, será em preliminar de contestação. Art. 64 § 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Art. 65. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a incompetência em preliminar de contestação. . A competência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo, já a relativa não. . O legislador fixa previamente regras de competência, a questão é que algumas podem ser modificadas e outras não. 8) RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA: . Em regra, seja de competência relativa ou absoluta, não extingue o processo. . O reconhecimento de incompetência não extingue processo, em regra, seja absoluta ou relativa (art. 64, § 3°). - Há exceções: os juizados, no mandado de segurança (porém existe flexibilização da jurisprudência). DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 9) FORMAS DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: . Se eu estou tratando de modificação da competência, óbvio que está se tratando de regras de competência relativa (quando admite modificação pelas partes) . Primeira grande forma de modificação é por omissão. – Quando existe um vício. - Imaginemos que o foro competente (art. 46) seria o domicílio do réu. Só que apesar disso o autor propõe no seu domicílio. Estudamos que o juiz não pode sozinho escolher, as partes devem se manifestar. O réu pode simplesmente ficar calado, omisso e com isso, a regra preestabelecida que seria o domicílio do réu acabou sendo modificada. -Ocorreu uma convalidação. . A INCOMPETÊNCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO. . Existe, e o CPC trata disso inclusive, outras formas de modificação de competência. . Demandas distintas podem se relacionar. . Conexão e continência são dois fatos jurídicos (fatos que têm consequências jurídicas) – Envolvem a análise de duas demandas distintas. . Conexão: . Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir. § 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado. § 2º Aplica-se o disposto no caput : I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico; II - às execuções fundadas no mesmo título executivo. § 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles. . Art. 55, CPC, define o que seria conexão: “reputam-se conexas, duas ou mais ações, quando lhe forem comum o pedido ou a causa de pedir”. . Não se exige identidade/igualdade de causa de pedir ou pedido. . Exemplo: causa de pedir e pedido iguais em uma ação de aposentadoria, ainda que se tratem de ações com partes diferentes em locais diferentes. – CONEXÃO = ações conexas. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 0 . Posso ter ações conexas quando eu não tenha a igualdade de causa de pedir e pedido, mas tenha uma relação comum entre o contexto fático ou causa de pedir. – Geralmente existe algum grau de relação. – Exemplo: ação de alimentos movida por Joãozinho X João (pai), e ação de reconhecimento de paternidade movida por João x Joãozinho (filho). – Há quem diga que se tem partes idênticas aqui, mas tem-se causa de pedir e pedido diferentes, mas que mantém uma relação fática. – HÁ O RISCO DE DECISÕES CONTRADITÓRIAS. . Parágrafo § 2° do art. 55 reconhece conexão quando existir relação de prejudicialidade entre as demandas = é o caso do exemplo de João x Joãozinho na demanda de paternidade E Joãozinho x João na ação de alimentos. = Existe prejudicialidade entre as demandas, uma vez que supondo que o juiz determine liminarmente a concessão dos alimentos obrigando Joãozinho a tal, mas depois na ação de paternidade descobre-se que ele não era o pai. . 1° efeito da conexão: reunião dos feitos. – Reunião dos feitos para decisão conjunta, SALVO se um deles já tiver sido sentenciado. – Súmula 235 do STJ. . Livro Didier - “diversos institutos processuais pressupõem conexão: cumulação de pedidos, litisconsórcio, reconvenção, modificação de competência etc.”. . OBS: questões incidentais, mesmo que envolvam matéria distinta do Juízo, podem ser resolvidas por estes (desde que de forma incidental, e não principal). - Ex: Ação discute justa causa de empregado porque ele teria furtado objeto da empresa. Ação penal discute exatamente isso (o furto). Elas são conexas? Sim. Podem ser reunidas? Não, porque não teríamos alteração da competência absoluta. Faz o que? Próximo efeito, suspensão do processo. . Suspensão do processo (art. 313, V, a, CPC): A suspensão não é eterna. Tem-se um prazo, §4º, art. 313, que não pode exceder 1 ano. Art. 313. Suspende-se o processo: V. quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 1 . O prazo de um ano é pouco, faz o que? §4º, art. 313. Quando excede um ano, o juiz do trabalho vai decidir a questão do furto de forma incidental, nunca de forma principal, só para efeitos trabalhistas. - O juiz trabalhista poderá decidir essa questão incidental do furto para efeitos meramente trabalhistas. . Livro Didier: “A conexão é fato jurídico que normalmente produz o efeito jurídico de determinar a modificação da competência relativa, de modo a que um único juízo tenha competência para processar e julgar todas as causas conexas”. . Livro Didier: “A conexão, para fim de modificação de competência, tem por objetivo promover a eficiência processual (já que semelhantes, é bem possível que a atividade processual de uma causa sirva a outra) e evitar a prolação de decisões contraditórias. A reunião de causas em um mesmo juízo é o efeito principal e desejado, exatamente porque atende muito bem às funções da conexão”. . Continência: . Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais. . EFEITOS DA CONTINÊNCIA - Exemplo: estou discutindo a validade de uma cláusula x. Depois de um tempo, move-se uma nova ação alegando invalidade em todo o contrato, incluindo-se aqui a cláusula x que foi causa de pedir do processo anterior. – LITISPENDÊNCIA. – NESTE CASO, O LEGISLADOR REÚNE OS PROCESSOS = reúne no juízo prevento (art. 59) = onde primeiro foi registrada a ação ou distribuída a petição inicial = neste exemplo, reúne o processo no juízo onde foi proposta a ação da cláusula x = isso irá ser extremamente valioso visando economia processual/celeridade etc. (uma vez que provavelmente o processo da cláusula x, que foi o primeiro, já teve andamentos processuais importantes). . Por outro lado, se a ação do contrato todo fosse proposta inicialmente, e só depois fosse proposto o processo tratando da cláusula X = A ÚLTIMA SERIA EXTINTA PELO JUÍZO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 2 . RESUMO DOS EFEITOS - art. 37, CPC: . Extinção da contida, quando for proposta após a continente. . Ou reunião dos processos quando a continente for proposta anteriormente. . Famosa cláusula do foro de eleição: . Negócio jurídico processual típico (art. 63, parágrafos 1° a 4°, CPC). . Abusividade não se presume = magistrado pode fazer controle de validade de negócio jurídico envolvendo a cláusula do foro de eleição = esse poder do juiz só vai até antes da citação em caso de cláusula abusiva. . EXCEÇÃO A NORMA QUE DIZ QUE O JUÍZ NÃO PODE SE MANIFESTAR EM CASO DE ERRO DE COMPETÊNCIA. – AQUI ELE PODE, DESDE QUE ISSO SEJA FEITO ATÉ ANTES DA CITAÇÃO. – PRECLUSÃO PARA O JUIZ. . Após reconhecida a abusividade, não haverá a extinção do processo, haverá a determinação de remessa para o juiz competente. . Possibilidade de modificação advinda de atos de cooperação judiciária: . Hipótese nova, pouco estudada. . Art. 67 a 69 do CPC. . Cooperação nacional, em linhas gerais, envolve a possibilidade de que juízes e tribunais cooperem entre si, fixem inclusive acordos de cooperação entre si. = TODOS ESSES ATOS PENSANDO NA MELHORIA DA ATIVIDADE JURISDICIONAL. . Órgãos do judiciário pactuem negócios jurídicos para melhor prática da atividade jurisdicional. . COOPERAÇÃO ENTRE SI PARA A PRÁTICA DE QUALQUER ATO PROCESSUAL (art. 68, CPC). . Exemplo: juiz trabalhista pedindo para penhorar valores depositados à disposição de juiz federal para pagar empregados (que haviam sido bloqueados). – COOPERAÇÃO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 3 . Passo a passo para identificar o foro competente: . Primeiro passo: definir se a demanda é afeta ou não as justiças especializadas. – ENVOLVE JUSTIÇA ESPECIAL (em nosso contexto são 3: justiça do trabalho, eleitoral ou militar) OU A COMUM (se subdivide em federal e estadual)? 10) JUSTIÇA FEDERAL: . “Justiça federal se liga diretamente a União” – isso é uma meia verdade, explica 90% dos casos, mas não todos. . Exemplo: art. 109 da CF: “Aos juízes federais compete processar ejulgar: § 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal”. . São hipóteses taxativas. . Qual a competência em razão da pessoa? . Art. 109, inciso I: “Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”. – EXCLUI-SE DAQUI AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA (não irá ser demanda na justiça federal). 11) COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: . O estado brasileiro pode julgar demandas que sejam propostas por pessoas estranhas ao país, que envolva pessoas que não tenham relação com o país. - Então quando falamos em competência internacional estamos tratando de situações sonde decisões jurisdicionais brasileiras poderão afetar estrangeiros. . Brasileiros podem ser julgados por fatos acontecidos fora do país, e pessoas que não residem no Brasil podem ser atingidas pela decisão proferida aqui. . Em algumas espécies de ações especificas, só valerão decisões proferidas pelo juiz brasileiro (regras de competência internacional exclusiva). DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 4 . Competência internacional concorrente: juiz natural nacional julgar, mas não afasta a possibilidade de um juiz estrangeiro julgar = concorrência de jurisdição. . Art. 21 e 22 do CPC. . DIDIER: “A sentença proferida no estrangeiro será eficaz no território brasileiro, desde que seja homologada pelo STJ, de acordo com vários critérios, tais como: não ofenda a soberania brasileira, tenha sido exarada por autoridade competente, seja eficaz no país em que foi proferida (art. 963, CPC). . (i) se o réu estiver domiciliado no Brasil, não importando a sua nacionalidade (art. 21, I, CPC). – DIDIER: “não há diferenciação entre nacionais e estrangeiros. Reputa- se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que tiver agência, filial ou sucursal no país”. . (ii) se no Brasil houver de ser cumprida a sua obrigação; não importa onde ela foi contraída (art. 21, II, CPC). . (iii) se a ação originar-se de fato ou ato ocorrido no Brasil (art. 21, III, CPC). . Art. 22, III, CPC – partes por força da liberdade do negócio jurídico escolhem o Brasil como fora de eleição internacional, ainda que não se enquadrem nas hipóteses dos incisos I e II do art. 22 do CPC. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 5 . Competência internacional exclusiva: sentença estrangeira proferida nestes casos, tal qual especifica o art. 23 do CPC, não produz qualquer efeito no território brasileiro, será ato sem importância = não há como homologá-la no Brasil. 12) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL: . Competência residual: é uma competência que vai ser analisada por fim, primeiro se analisa se aquela demanda não está afeta as justiça especializadas e depois se não é o caso da incidência das competências da justiça federal. = O que sobrar fica para justiça estadual. – O problema é que este resíduo é gigantesco. . Competência material da justiça comum estadual irá variar de acordo com as leis de organização judiciária de cada tribunal. . Regras gerais para determinar o foro aparecem no art. 46 do CPC. – Em regra, no foro de domicílio do réu. – Existem outras regras que complementam, mas são especializadas. Então, na falta de regra especializada, aplica-se a regra do art. 46. . Parágrafo 1° - E se o réu tem mais de um domicílio? O autor escolhe, pois o réu poderá ser demandado em qualquer um deles. Todavia, nada impede que no caso concreto seja analisado se não houve abuso da escolha, e em caso disso ser constatado, o Magistrado pode fazer a correção/escolha. – CABE AO RÉU ALEGAR, SE EVENTUALMENTE QUISER, SE A ESCOLHA FEITA PELO AUTOR FOI ABUSIVA/LESIVA E TROUXE PREJUÍZOS AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. . Parágrafo 2°- O réu tem domicílio tem incerto ou desconhecido. – Demandar no município do autor. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 6 . Parágrafo 3° - Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. . § 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. . § 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. . Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. . § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. . § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. . Por mais que essa regra é fixada com base no território, temos aqui um exemplo de caráter de competência absoluta dessa regra, no artigo 47. . OBS: Não é toda ação que envolva imóveis que tem que ser no foro da coisa, e sim a ação baseada em Direito Real. 13) FORO DAS SUCESSÃO MORTES CAUSA: . Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. . Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente: I - o foro de situação dos bens imóveis; DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 7 II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. . Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias. . Aqui no caso é quando o ausente é confirmado a sua morte, o foro competente será o seu último domicílio. . Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. . Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. . Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no Distrito Federal. . Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. . Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado. . Art. 53 - É competente o foro: . I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 8 c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; d) de domicílio da vítima de violência doméstica e familiar. . II - de domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que sepedem alimentos; . III - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício; . IV - do lugar do ato ou fato para a ação: a) de reparação de dano; b) em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; . V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves. 14) CONFLITO DE COMPETÊNCIA: . Juízes que se declaram competentes do mesmo caso (dois ou mais)- cabe ao tribunal em comum definir quem irá agir na ação. Já quando os juízes são ligados de tribunais distintos, o conflito de competência é resolvido pelo STJ. E se houver conflito com tribunais diferentes e superiores o STF é responsável em resolver. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 9 DO JUIZ PODERES E DEVERES DO JUIZ 1) INTRODUÇÃO: . O assunto não se resume a um análise do juiz em si. – É preciso perceber que o juiz age dentro de uma comunidade processual. – Na verdade existem diversos sujeitos que se relacionam no processo. . Há um equívoco muito grande em pensar o processo como uma única relação jurídica processual (autor x juiz x réu). – Existe uma ENORME DINAMICIDADE, com inúmeros atos e fatos que acabam por desembocar em uma verdadeira “dança das cadeiras”. – UMA VISÃO MUITO MAIS TRIDIMENSIONAL ENTRE OS SUJEITOS DO PROCESSO. . . Processo não envolve tão somente uma relação jurídica processual, mas sim um conjunto de relações/situações. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 0 . É uma relação tão dinâmica, que pode acontecer inclusive que o autor vira réu, e o réu vira autor. . Analisar não só a figura do juiz, mas também o que leva seus atos terem ou não validade. – Enxergar o papel do Magistrado, que não se resume a pronunciar solução para um caso em específico. . Categoria dos SUJEITOS DO PROCESSO: . Sujeitos parciais: partes, MP (em alguns momentos desenvolve a função de fiscal da ordem jurídica e necessita ser imparcial). . Sujeitos imparciais: na maioria do tempo os juízes estarão nesta zona (embora existam alguns momentos em que o juiz possa transitar na condição de sujeito parcial em algum incidente do processo, não necessariamente ferindo a ideia do juiz natural). 2) PODERES DO JUIZ: . O art. 139, inciso IV, CPC, trouxe um aumento de poder para o Magistrado (avançar em um campo que anteriormente era impossível). . O artigo 139 do CPC não consegue trazer para si todo o rol de poderes. – Existem outros, como os poderes instrutórios do juiz que não estão ai incluídos. . Há muita influência das normas gerais nesses poderes do Magistrado. – Exemplo: igualdade entre as partes. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 1 . É impossível a neutralidade, o que se pode ter é tratamento igualitário (garantido pelo sistema). – Exemplo: os prazos que a outra parte tiver, eu também vou ter. . Evitar atos nitidamente com intuito de procrastinar no processo. – Valendo-se da ideia de velar pela duração razoável do processo. . Magistrado não pode assumir a posição de espectador no processo, esperando que as partes movimentem o processo. – MAGISTRADO NÃO VAI AGIR PELAS PARTES, MAS ALGUNS ATOS ELE TEM COMO PROCEDER = ISSO NÃO AUTORIZA A ELE SER SENHOR DO PROCESSO = NÃO TEMOS MAIS QUE TER UMA VISÃO DE HIERARQUIA PROCESSUAL COM A SUPREMACIA DO JUIZ. . Indeferir atos nitidamente de caráter postulatório do processo. – ATUAÇÃO QUE DEVE SER FEITA COM MUITA CAUTELA. . V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; . Há nitidamente um ditame no CPC de resoluções de lide que não seja propriamente através de uma decisão judicial. – A cultura da caneta tinha que passa = começar a buscar outros meios alternativos de resolução de conflitos. . Mediação e conciliação não é dom, é técnica. . VI - Há uma fase instrutória, e a ideia de produção de provas não é engessada (existem provas típicas e atípicas). – Há então uma permissão para que o Magistrado proceda com uma alteração no modelo pré-estabelecido das provas, para melhor atender a efetividade do Direito. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 2 . Exemplo: prova pericial geralmente é ao final do processo, mas nada impede que ele ouça testemunhas antes para se convencer se precisa de fato fazer prova pericial (que é muito caro). . VII – poder mais administrativo para se garantir a segurança do Judiciário. . VIII – possibilidade de chamar às partes para esclarecimentos. – A parte pode ser ouvida em juízo por (i) depoimento pessoal (juiz convoca, e em caso da não manifestação = pena de confissão) ou (ii) para esclarecimentos do magistrado, transformando o processo em diligência e intimando a parte. . IX – princípio que valoriza a decisão de mérito. – O Magistrado ao identificar que existe vício processual sanável, deve intimar a parte para a procuração. . Vícios processuais que sejam SANÁVEIS = UM GRANDE DESAFIO ENTENDER QUAIS SÃO OS VÍCIOS SANÁVEIS OU NÃO. . X – Em vista de vários processuais individuais repetitivos, o Magistrado pode intimar quem tem legitimidade para propor ações coletivas. . Ações predatórias = A advocacia predatória é uma prática que infelizmente existe no nosso sistema de Justiça. Ela consiste no ajuizamento de ações em massa, através de petições padronizadas, artificiais e recheadas de teses genéricas, em nome de pessoas vulneráveis e com o propósito de enriquecimento ilícito. 3) Dever de julgar (art. 140, CPC): DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 3 . Tem seu artigo desenhado nos artigos 140, 141 e 492 do CPC. – Todo conjunto normativo que visa proibir e delinear o poder de julgar e não-julgar. . Temos uma ideia de que o nosso sistema veda o non liquet = o magistrado não tem o direito de não julgar = o magistrado não pode se negar a julgar. – Tratado no art. 5° da CF e repetida a mesma ideia no art. 140 do CPC. . O Magistrado não pode deixar de decidir sob alegação de inexistência de normal que regularize o tema. – O MAGISTRADO TEM O DEVER DE JULGAR, NEM QUE PARA ISSO ELE TENHA QUE CRIAR UMA NORMA PARA ESSA SITUAÇÃO. . Niklas Luhmann: “O Magistrado é livre para criar porque é preso para decidir”. – Liberdade a partir do aprisionamento. . Há uma grande crítica, muitas vezes baseado no senso comum, em torno do ativismo judicial. . O ativismo judicial que vem acontecendo hoje é bom ou ruim? – FICA A REFLEXÃO. . Temos um Legislativo que basicamente vive de referenciar medidas decisórias. – Acabou criando um vácuo, e quem ocupa esse vácuo deixado pelo Legislativo é a atividade jurisdicional. . Até onde pode ir um Magistrado a título de decidir? Como aplicar isso? Não há uma solução fácil. – Por padrão, Magistrado não pode decidir com base na equidade. Todavia, caso o sistema autorize, ele pode se valer dessa decisão de equidade. – MAS O QUE SERIA ESSA EQUIDADE??? Parágrafo único do art. 140 do CPC é muito criticado neste sentido. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES2 4 . Não confundir o discurso que vai contra a equidade com um discurso sobre automação do Direito. – Ninguém nega que o magistrado interpreta e dá sua noção de interpretação a decisão judicial. . Decisão baseada na equidade é perigosa – SAINDO DE UM CONTEXTO DE SEGURANÇA POSITIVISTA (QUE TEM NOÇÕES BOAS, NÃO É DE TUDO RUIM). – ISSO É MUITO ALÉM DO QUE SIMPLESMENTE UM PROBLEMA DE PROCESSO, MAS SIM UMA QUESTÃO DE ENTENDER O DIREITO. . O nosso sistema permite que as decisões baseadas em jurisdição voluntária, sejam baseadas em equidade. – ART. 723 DO CPC. . Art. 141 e 492 têm que ser interpretados em conjunto, porque trazem uma ideia de congruência entre o que foi pedido e o que foi decidido. - Magistrado não pode decidir fora do que foi pedido (extra petita – decisão diversa), além do que foi pedido (ultra petita) ou deixar de decidir (citra petita – eu pedi A e B, mas o magistrado só analisa A). – DECISÕES PROBLEMÁTICAS QUE PRECISAM CORRIGIR. – ESSES DOIS ARTIGOS, 141 E 492 CRIAM LIMITES PARA O PODER DE DECIDIR DO ART. 140 (QUE PARECE SER DEMASIADAMENTE AMPLO). . Art. 142 – traz um poder importante que vem sendo utilizado justamente em ações agressivas/agressoras/predatórias, que permite que o magistrado identificando que as DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 5 partes querem obter algo que não lhes é permitido através do processo, pode extinguir o processo sem julgamento de mérito. . O professor critica muito isso, pois diz que precisa ser mais debatido/aprofundado. . Exemplo: famosa lide simulada na Justiça do Trabalho. – O empregador demite o empregado, e diz “vá na justiça que lá eu te pago”. – O reclamante acabava sendo penalizado com multa por litigância de má-fé, o que traduz-se numa solução muito ruim. . Antigamente não existia divórcio no Brasil, e então era necessário uma ação de anulação de casamento, alegando problemas de fecundação etc. . O art. 143 vem como uma resposta para aqueles que pensam que “o juiz pode tudo”. – NA VERDADE, a pena/sanção administrativa máxima é a prevista neste artigo, mas isso não afasta sanções penais (exemplo: operação faroeste). . Primeiro tem que se demandar contra o Estado por eventual erro do Judiciário. – E o estado é quem regressa contra o juiz. . Contra o estado não se discute o elemento subjetivo. – Mas, quando o Estado regressar contra o Juiz, terá que ser comprovado se foi por dolo ou fraude. 4) Poderes instrutórios: . Art. 370, CPC. – Tem muito a ver com imparcialidade. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 6 . O que seria mérito do processo? É composto de uma somatória da causa de pedir + pedido + os pontos colocados pelo réu. . É errado pensar que só o autor desenha o mérito. – Pois, o réu ao se defender pode trazer fato novo, que irá se somar na construção do mérito. . Para decidir o mérito, o magistrado precisa saber fundamentar suas decisões. – Formalmente será necessária a produção de prova. . Prova é um elemento de convencimento. – Aquele que alega tem um ônus de prova. . O CPC permite que o magistrado de ofício ou de requerimento da parte, determine as provas necessárias ao julgamento do mérito. 5) Atos do juiz: . Processo não se inicia e termina de maneira pré-estabelecida, ainda que existam etapas ideias a serem seguidas durante o desenrolar processual. . Fases processuais: . Fase inicial = oportunidade que se dá às partes de expor seus pontos. – Autor através da petição inicial, o réu pode contrapor. . Fase intermediária = busca de provas. – Prova não se liga a verdade de fato, é um suporte para a alegação feita. . Fase decisória = magistrado decide. . Essa separação ideal de fases é como o próprio nome diz, uma mera separação ideal. – Existem outros atos que distorcem essa ordem de fases ideais, como no caso da decisão do magistrado quanto a questão de competência/incompetência. – É UMA SEPARAÇÃO FLEXÍVEL. . O processo além das fases ideias, é composto por uma somatória de pontos menores = atos processuais. . Atos processuais – dividem-se em PRONUNCIAMENTOS e ATOS MATERIAIS. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 7 . Atos materiais: tudo o que não são pronunciamentos.- São todos os atos que não contém nenhum caráter de dizer algo sobre alguma coisa, seriam encarado como atos materiais, como exemplo: ouvir uma testemunha. . Pronunciamentos: são aqueles atos que contém uma manifestação do magistrado, poderíamos dizer que são atos voluntários dirigidos a uma finalidade. . Atos de PRONUNCIAMENTO: . Atos decisórios: . Em 1° grau (art. 203, CPC): o 1° grau seria o Juízo singular = geralmente é a porta de entrada p/ o Judiciário. . É possível, em 1° grau, se ter DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS e/ou SENTENÇAS. . É um erro gigantesco dizerem que o tribunal deu uma sentença. – SENTENÇA É ATO DE PRIMEIRO GRAU = JUÍZO SINGULAR. . Se o ato decisório pode pôr fim a uma das fases processuais em 1° grau = SENTENÇA. . Em 2° grau (art. 204, CPC): de uma forma mais resumida, o 2º grau diz respeito às atividades dos tribunais. . Analisa-se a composição subjetiva do órgão que proferiu a decisão. – Analisar se a decisão é um ato de um componente do tribunal singular ou coletivo/colegiado. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 8 . Despachos (art. 203, §3°, CPC): não contém nenhuma carga decisória. – Pronuncia-se o magistrado, mas nada decide. . Despachos, por não terem carga decisória, em regra não caberão recursos. - Isso porque, recurso é um meio processual de correção de decisões. Logo, em regra, um despacho não pode prejudicar ninguém. – Exceção: possibilidade que a doutrina permite de apresentar Embargos de Declaração contra despacho. 6) Impedimento e suspeição do juiz: . Pressupostos processuais ligados ao juiz: . De existência: investidura. . Concurso público de provas e títulos + experiência de 3 anos OU nomeação pelo Chefe do Executivo. . NÃO CONFUNDIR INVESTIDURA OU FALTA DE INVESTIDURA COM INCOMPETÊNCIA. . De validade: . Competência . Imparcialidade: pode ser ferida, produzindo decisão passível de nulidade. – O CPC trata dessas possíveis questões de imparcialidade no estudo dos chamados impedimentos e suspeições – “Juiz impedido” = há uma situação do ponto de vista objetivo que atinge a imparcialidade do juiz. . O sistema entende que uma hipótese de suspeição é menos grave do que uma hipótese de impedimento. – Se o juiz é impedido e decide, essa decisão pode ser objeto DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 9 de ação rescisória. Mas, se o juiz é suspeito e decide, existirá um prazo bem menor para pode se alegar isso, através de recurso, sob pena de preclusão. . Imparcialidade: . Premissas: . Neutralidade x imparcialidade: Não podemos confundir neutralidade com imparcialidade, neutro ninguém é, seria impossível obter uma neutralidade absoluta, agora o juiz ele não pode ser parcial, ele precisa ser imparcial com as partes. . Vícios relativos à imparcialidade: . Impedimento: hipóteses art. 144 do CPC. . Suspeição: hipóteses art. 145 do CPC. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 0 . Procedimento para arguição da parcialidade (art. 146, CPC): SUJEITOS PROCESSUAIS PARTES 1) Introdução: . Existem os sujeitos imparciais = a figura do juiz. . Existem outros sujeitos parciais, dentro os quais estão AS PARTES. . É necessário se desprender da ideia de que todo mundo que participa do processo é PARTE. – É um erro! DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIAOLIVEIRA RODRIGUES 3 1 . A doutrina tem um conceito de parte ligado ao direito material. – Interesse próprio no litígio. . Algumas pessoa definem como “aquele quem pede ou contra quem é pedido alguma coisa”. – Parte de uma concepção mais processual, mas também deixa de fora a atuação de alguns sujeitos, que não necessariamente fazem pedidos relacionados ao direito material (que não necessariamente pedem alguma coisa). . Padece da falha da incompletude. – Definições devem ser o mais completas possíveis do ponto analítico. . Didier amplia essa noção de um conceito puramente processual, tentando abandonar a ideia de pedido e interesse, para fazer uma análise macro. . Parte seria o sujeito processual que pode assumir direitos, deveres, ônus, obrigações, faculdades e poderes processuais, atuando com parcialidade. . Tão importante quanto conceituar quem é parte, é entender o que é terceiro. . Terceiro é sempre um conceito que se obtém por exclusão. 2) Capacidade de ser parte: . É a condição que alguém tem, em hipótese, de assumir o papel de parte no processo. . É um conceito que possui uma amplitude gigantesca, com base na ideia de que temos do acesso à justiça amplo (art. 5°, XXXIV, CF). . O próprio CPC no art. 70, traz também essa ideia ampla. . Todos que podem assumir a condição de sujeito de direito, tem capacidade de ser parte. – Art. 5°, XXXIV, CF. . Não vincular personalidade a capacidade de ser parte. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 2 . Temos inúmeros exemplos de não-pessoas que podem ser partes no processo. – Exemplo da massa falida, mesa do senado pode propor mandado de segurança etc. . Ainda que eu possa dizer que todos que tem personalidade possuem capacidade de ser parte. Mas, o inverso não é possível se dizer. . Para que o ato processual exista, praticado pela parte, ela tem que ter condições de ser parte do processo. – PRESSUPOSTO DE EXISTÊNCIA. . Deve-se analisar se o ato praticado pela parte é válido ou não. . A capacidade de ser parte envolve a ideia de poder acessar ao judiciário. – Quem pode assumir essa posição? Todos aqueles que podem ser sujeitos de direito (art. 70 do CPC e art. 5°, XXXIV da CF). . Envolve a investigação de quem pode acessar o judiciário. 3) Capacidade processual: . Em alguns momentos ela se desprenderá totalmente da capacidade material, e vice- versa. . A capacidade processual é uma condição específica. – Aquele que pode ser parte no processo, deverá por conta do ordenamento jurídico, se apresentar como em juízo? Algumas vezes poderá ir sozinho, outras vezes o legislador exige que seja assistido, representado (exemplo do art. 71, CPC). . Didier: “A capacidade processual é aptidão para praticar os atos processuais independentemente de assistência ou representação (pais, tutor, curador etc.), pessoalmente ou por pessoas indicas pela lei, tais como o síndico, administrador judicial, inventariante etc. . Didier: “A capacidade processual pressupõe a capacidade de ser parte”. . Didier: “Há uma estreita relação entre a capacidade processual e a capacidade material (capacidade de exercício), conforme demonstra a regra do art. 70 do CPC. No entanto, DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 3 são capacidades autônomas e distintas. O sujeito pode ser processualmente capaz e materialmente incapaz ou processualmente incapaz e materialmente capaz”. . Alguém processualmente capaz é materialmente incapaz – Exemplo: menor com 16 anos que pode ajuizar ação popular. . Réu revel: regularmente citado e que não se defendeu. . Um dos grandes efeitos da revelia, é que as alegações fáticas feitas pela outra parte serão presumidas como verdadeiras. . Citação por hora certa: o oficial de justiça vai até o endereço do réu, e desconfia (com provas) que o réu está tentando se esconder/fugir da citação. – O oficial tem que certificar isso em Juízo. – Ele pode avisar ao vizinho, ou qualquer pessoa que esteja ali, que voltará no dia x e hora y para completar a citação. O oficial de justiça retorna, e estando ou não a pessoa = se dá como citado. . Art. 72, CPC – situações da curadoria especial. . Curadoria especial = curadoria processual, limitada ao processo. – ISSO É DIFERENTE DA CURADORIA DO DIREITO MATERIAL, A QUAL PERMITE A ATIVIDADE EM ATIVIDADES OUTRAS QUE NÃO SOMENTE O PROCESSO. . Art. 73 do CPC – trata da atuação das pessoas casadas em juízo. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 4 . Didier: “O casamento é fato jurídico que repercute de forma bastante significativa no processo civil, mais especificamente em relação à capacidade processual das pessoas casadas”. . Consentimento do outro = NÃO É NECESSÁRIO QUE OS DOIS ATUEM EM CONJUNTO, BASTA O CONSENTIMENTO DO OUTRO. . E se o cônjuge não quiser dar o consentimento? Terei meu direito de ação cessado? – Aqui (no caput do art. 74, CPC) a pessoa casada está propondo a ação: . OBS: Litisconsórcio: . Fenômeno que envolve pluralidade de partes. . Pode ser classificado como ativo (quando envolve mais de um autor), passivo (quando envolve mais de um réu), misto (mais um de autor e mais de um réu). . Pode ser facultativo (depende da vontade das partes para sua formação) ou necessário (ocorre por questões normativas). DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 5 . Geralmente os litisconsórcios são facultativos. . Quando uma pessoa casada está no polo passivo na ação: . Ambos os cônjuges serão necessariamente citado. – AQUI O AUTOR TEM QUE PROPOR A AÇÃO CONTRA OS DOIS. – Art. 73, §1°. – Justificativas: (i) essa ação pode acabar reverberando no patrimônio do casal = preocupação com a entidade familiar (ii) ou pode envolver questão que diz de fato a respeito aos dois. . Inciso II do art. 73 – responsabilidade solidária. – Litisconsórcio passivo necessário = exigência normativa. . Inciso II do art. 73 – as dívidas contraídas por um dos cônjuges, pode reverbera no patrimônio comum do casal. – Pode ser que exista uma responsabilidade dos dois se comprovar que a dívida foi em prol da família = por isso exige-se a citação, para que se manifestem a respeito. . Inciso IV do art. 73 – novamente preocupação com o patrimônio comum do casal. . §2° - Nas ações possessórias a ideia do Art. 73 caput será utilizado aqui somente se caso a composse que é quando ambos os cônjuges assumiam uma posse, seja praticado tais atos em conjunto pelos cônjuge. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 6 . §3° - pensado num contexto de comprovação cartorária. . Ausência dos pressupostos: 4) Capacidade postulatória: . Não é um atributo da parte em si, mas sim de certos sujeitos que auxiliam a parte para complementar este pressuposto processual. . A parte que não seja formada em direito; que não seja inscrita regularmente nos quadros da Ordem; que não seja o MP; que não seja o defensor e nem a AGU, não possuem capacidade postulatória. – PRECISARÃO DE ALGUÉM PARA SUPRIR ESSA CAPACIDADE. . OBS: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 7 . Capacidade de ser parte: em hipótese, quem pode figurar no processo? Praticamente todos aqueles que podem ser sujeitos de direitos. . Capacidade processual/de estar em juízo: aquele que tem capacidade de ser parte, tem que se apresentar como em juízo? Investigo se ela pode se apresentar só, ou se necessita da figura do representante, assistente, curador especial etc. . Capacidade postulatória: esse que tem capacidade de ser parte e tem capacidade processual, pode praticar os atos sem ajuda de alguém? - DIZ RESPEITO APRÁTICA DIRETA DE ATOS PROCESSUAIS (como se produzirão os atos processuais? Uma investigação muito mais restrita). – Advogado, MP, defensor, AGU etc. = possuem capacidade postulatória. . A regulamentação da capacidade postulatória se dá pelo CPC e pelo Estatuto da OAB. . Existe uma área de interseção entre o CPC e o Estatuto da OAB. – O CPC praticamente repete alguns dispositivos do Estatuto da OAB = isso porque, infelizmente o Estatuto da Ordem na prática acaba sendo visto como algo coorporativo, que não é de fato seguido = buscou-se uma “eficácia-social maior”. . Em face desta interseção da OAB com o CPC, quem tem capacidade postulatória em nosso ordenamento? Em regra, advogados com inscrição regular na OAB; integrantes do MP (promotores, procuradores de justiça etc.); defensores públicos; advogados públicos, como a AGU. . Além desse arcabouço normativo, por exemplo, a Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95), a CLT e a CF (quando trata por exemplo do HC) = PODEM AUTORIZAR PESSOAS OUTRAS QUE NÃO AS ANTERIORMENTE CITADAS, ATRIBUINDO-AS CAPACIDADE POSTULATÓRIA. . No Juizado pode se ter qualquer pessoa postulando sem ajuda dos advogados em causas de até 20 salários-mínimos. . CLT – empregado pode também propor ação por conta própria. . CF – habeas corpus. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 8 . Nós temos até mesmo outros diplomas que permite também a outros sujeitos o acesso à justiça sem que para isso precise de alguém que goze de capacidade postulatória. . OBS: dica de leitura – “Acesso á Justiça” de Mauro Cappelletti = analisa os problemas de acesso à justiça, e um deles é o problema cultural. – Uma das grandes coisas das pessoas não acessarem a justiça é porque não conhecem os seus direitos. . É MUITO PERIGOSO SE ENTRAR NUM DISCURSO DE AMPLIAÇÃO DA CAPACIDADE POSTULATÓRIA = VIÉS DE DISPONIBILIDADE (CASO CONCRETO). – Quase sempre quando a parte acessa à justiça sem alguém que goze de capacidade postulatória = chances de perder são maiores. . Promotor é promotor após aprovado numa concurso de provas e títulos = advém a capacidade postulatória. – Defensor público e AGU também. . FORMA DE CONSTITUIÇÃO DO ADVOGADO PELO CPC: . Advogado faz o exame de Ordem, o que lhe confere uma capacidade postulatória ampla. Entretanto, para atuar em determinados processos, se fará necessário de um ato jurídico documentalizado. . Art. 104, CPC – EXIGE QUE O ADVOGADO APRESENTE PROCURAÇÃO (é um ato jurídico através do qual alguém outorga poderes a outra pessoa, para que faça determinado ato). . A procuração do art. 104 do CPC que permite atuar em juízo pode ser: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 9 . (i) Uma procuração genérica, também chamada de ad judicia, a qual dará aos advogados poderes mais básicos possíveis para atuar em juízo – art. 105 do CPC = praticar todos os atos do processo, EXCETO o que prever este artigo; . (ii) Procuração com poderes especiais, atos elencados no art. 105 que exigem procuração especial – citação (em regra só a parte, mas através da procuração especial dada ao advogado é possível); confessar (praticamente disponibiliza o direito = admito como verdadeiro um fato contrário ao interesse próprio – está no plano fático = admito que aquela alegação fática não é verdadeira); reconhecer a procedência do pedido (plano normativo = reconheço que aquela situação jurídica realmente tem que ser acolhida); transigir (fazer um acordo); desistir; renunciar o direito sobre o qual se funda a ação; receber; dar quitação (dizer “realmente foi como tinha que ser feito”); firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência econômica (possibilidade de pedir o benefício da justiça gratuita = um dos requisitos é que a parte declare = se o advogado quiser assinar isso, deverá ele ter poder especial). . OBS: problema da gratuidade da justiça = quase que inevitavelmente quem vai pagar por isso é o Estado = necessidade de repensar essa ideia de gratuidade da justiça como tão somente uma forma romantizada de acesso à justiça. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 0 . § 3° - a sociedade de advogados poderá também ser intimada, por isso a necessidade de informar. . Advogado pode sim postular em causa própria. – O professor não recomenda, pois acaba se “advogando com fígado” = muito emocional. . Optando o advogado por advogar em causa própria, deverá seguir o dito no art. 106 do CPC. . Art. 111 do CPC – ao fim do ato de outorga da procuração. . Pode o advogado renunciar aos poderes? Sim. – Deve provar que comunicou a parte, juntando no processo (essa comprovação é desnecessária quando a procuração tiver sido outorgada para vários advogados). – Fica vinculado a este processo durante 10 dias DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 1 seguintes, como tempo para que a parte constitua novo advogado e para que não se perca prazo. 5) Legitimidade: . É diferente de qualquer uma das capacidades, e diz respeito a atos específicos. . Sempre que se faz um estudo de legitimidade = analisa-se a prática de atos específicos. . Questão de poder ou não pleitear em nome próprio a defesa de direito alheio. . Podemos classifica-la em duas grandes espécies: . Ordinária (art. 18, CPC): permite a parte pleitear em juízo em nome próprio a defesa de direito próprio. – ISSO NÃO SE CONFUNDE COM CAPACIDADE POSTULATÓRIA. – Exemplo: o fato de eu ser advogado e poder advogar para minha esposa, não quer dizer que estou postulando em meu nome um direito dela = na relação jurídica processual é ela que aparece como parte autora = ela apenas supre a ausência de capacidade postulatória através de um advogado = logo não há desrespeito a legitimidade ordinária. . Extraordinária (art. 18, CPC): figura do substituto processual = aquele que pode atuar em nome próprio um direito alheio = substitui a parte naquele processo, não precisando de procuração para tal. - O próprio art. 18 abre campo para que atuar em nome próprio por direito alheio = quando autorizado pelo ordenamento jurídico. – EXEMPLO: sindicato = quando está e em juízo não está defendendo direito dele, mas sim do grupo. . Durante muito tempo se afirmou que a legitimação extraordinária advinha tão somente da lei. – O art. 18 diz que advém do ORDENAMENTO JURÍDICO (pode se DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 2 outorgar, por exemplo, através de negócio jurídico processual = tem muita importância prática = Exemplo: nos juizados especiais não se admite que alguém vá a juízo quando incapaz, mas em muitas vezes a capacidade pode advir por exemplo de uma doença, então pode ser que a autora não possa ir até a audiência. Mas, diante da possibilidade de outorgar a alguém poder para em nome próprio atuar em nome da pessoa, resolve- isso (antes ficava-se postergando a audiência, agora com a possibilidade de outorgar a alguém isso muda). . Exemplo: habeas corpus – posso entrar em meu nome para pedir liberdade para qualquer pessoa que esteja em situação de prisão ilegal. – NÃO ESTÁ SE REPRESENTANDO ELA, QUEM ESTÁ COMO PARTE É QUEM PEDIU O HABEAS CORPUS. . Quem está em juízo não é incapaz, é capaz , MAS ESTÁ DEFENDENDO DIREITO DE OUTRO QUE NÃO O PRÓPRIO. – Há utilidade em pensar isso em face de negócio jurídico processual. 6) Litisconsórcio: . Fenômeno muito comum de acontecer em processo. . Vai envolver a noção de que é possível atuar em conjunto em processos. – A parte pode, seja como autora ou ré, ter ao seu lado outros autores ou réus. . PLURALIDADE DE PARTES – Noção fundamental para entender o litisconsórcio. . Nãoconfundir litisconsórcio com tutela coletiva (processos coletivos). . No processo/tutela coletiva, geralmente trata-se de direitos de muitos (assim como acontece no litisconsórcio). MAS, na tutela coletiva ocorre o fenômeno da legitimação extraordinária = quem vai em juízo pedir a tutela coletiva não são os titulares do direito (exemplo: não são todos os moradores da margem de um rio que foi poluído que irão a juízo pedir indenização por dano ambiental = seria inviável do ponto de vista prático = outorga-se para entes específicos, como MP e defensoria pública), mas sim entes específicos outorgados para ir à juízo (como MP, defensoria pública, ação popular, sindicatos, associações constituídas há mais de 1 ano etc.). – TEM-SE A ATUAÇÃO DE UMA PARTE E NÃO DE TODOS, apesar de se ter a defesa de direitos de DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 3 muitos (assim como acontece no litisconsórcio, mas isso não aproxima uma coisa da outra = tratamentos totalmente distintos). . Que situações jurídicas admitem litisconsórcio? – Hipóteses no art. 113, CPC: I – comunhão de interesses, exemplo: um mesmo autor contra 2 devedores solidários (sei que quando há obrigação solidária posso escolher cobrar de uma só pessoa, mas também posso entrar com processo contra todos). II – conexão de interesses (tem-se relações conexas, isto é, não necessariamente se tem a mesma causa de pedir e/ou pedido), exemplo: dois consumidores contra a mesma operadora de telefonia = são contratos distintos, em que ambos poderiam optar por escolher litigar individualmente, mas por conexão resolveram se unir, cujo objetivo é tentar traçar conexões entre as provas, economia processual etc. . Algumas situações deste caso, o litisconsórcio pode atrapalhar, criando a figura do litisconsórcio multitudinário. III – afinidade de interesses (é o elo mais tênue que temos), em que as demandas poderiam ser completamente distintas (não se tendo muita utilidade do ponto de vista probatório), mas ainda assim se permite que as partes se unam e litiguem. – Exemplo: um cidadão que tenha alugado diversos imóveis a inquilinos distintos, cada um com seu contrato, e esse proprietário tenha reajustado o valor dos contratos com índice ilegal/diverso do estabelecido = todos os inquilinos podem litigar individualmente em face desse proprietário, mas por afinidade escolhem o litisconsórcio (economia processual, facilidade na defesa de interesses etc.). DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 4 . §1° e §2° - OBS: litisconsórcio multitudinário – é aquele que por sua dimensão possa causar dificuldade no direito de defesa da outra parte ou dificultar a própria condução do processo pelo juiz. . Exemplo: 50/500/5000 empregados alegando insalubridade devida contra o mesmo empregador. – ISSO É MUITO DIFÍCIL SE PENSANDO NA CONDUÇÃO PROCESSUAL. . O juiz pode nessas situações fazer o desmembramento do processo. – ISSO NÃO SIGNIFICA EXTINGUIR O PROCESSO. – O MAGISTRADO VAI REDIMENSIONAR, E NÃO EXTINGUIR. – Essa ideia de limitação, redimensionamento, desmembramento pode ser requerido pela parte. . Classificações: . Quanto ao polo onde ocorre: . + de um ator = litisconsórcio ativo. . + de um réu = litisconsórcio passivo. . + de um ator e + de um réu = litisconsórcio misto. . Quanto ao momento da formação: . litisconsórcio formado já desde o início do processo (petição inicial) = litisconsórcio inicial. . litisconsórcio fruto das intervenções de terceiros, formado após o início do processo = litisconsórcio ulterior/posterior. – Existem alguns problemas relativos a esse tipo de litisconsórcio, principalmente no que diz respeito a lesão do princípio do juiz natural (exemplo: mandado de segurança de um servidor público contra o estado = nesta situação, suponha que esse mandado de segurança irá reverberar em outros servidores = o servidor que entrou com o MS consegue o que pediu = outros servidores pedem p/ entrar no processo e requerem extensão subjetiva para eles do direito concedido = lesão ao princípio do juiz natural, pois o servidor que formou o litisconsórcio ulterior/posterior “escolheu” o juiz que já havia julgado aquele processo concedendo o DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 5 direito que se almeja – DOUTRINA TEM DEFENDIDO QUE PARA QUE SEJA FORMADO LITISCONSÓRCIO ULTERIOR FACULTATIVO EM CASOS DE MANDADO DE SEGURANÇA, ISSO DEVE SER FEITO ATÉ ANTES DE EXISTIR UMA DECISÃO LIMINAR, PARA QUE SE EVITE ESCOLHER JUÍZES). . Quanto à obrigatoriedade de formação – Qual o motivo de algumas situações exigir-se a atuação conjunta de autores e/ou réus? Liga-se diretamente ao perigo jurídico de dar tratamento diverso àquelas partes que litigam em conjunto. – Exemplo: MP entra com ação de anulação de casamento = é natural que se pense que irá se entrar contra os dois cônjuges, porque correria o risco de se ter casamento anulado para um e não para outro. . Facultativo: não precisa ser obrigatoriamente formado. . Necessário: a lei exige. . Quanto à uniformidade de julgamento (art. 116, CPC): . Simples: as partes são tratadas de forma autônoma. – Exemplo: AUTOR 1 e AUTOR 2 litigando contra o mesmo réu = nada impede que ao final do processo se tenha o AUTOR 1 vencendo e o AUTOR 2 não. . Unitário: como se ambas as partes fossem uma só, dando-se tratamento jurídico como se fossem um só de fato. – Exemplo: toda prova do AUTOR 1 valerá/ajudará AUTOR 2; o recurso do AUTOR 1 ajuda o AUTOR 2 também etc. . Ausência de formação do litisconsórcio: . Constatando o juiz que o litisconsórcio não se formou, o art. 115, parágrafo único: (i) se for um caso em que o litisconsórcio era necessário, o juiz deverá intimar o autor para que ele requeira a intimação dos outros autores que devem integrar a lide, sob pena de extinção do processo (NÃO É O JUIZ QUE FAZ A INTEGRAÇÃO, UMA VEZ QUE ISSO NÃO É POSSÍVEL. O QUE ELE FAZ É DETERMINAR QUE A PARTE COMPLEMENTE/FAÇA A INTEGRAÇÃO). . Supondo-se uma situação em que decorra todo o processo sem que o juiz perceba que era necessária a integração dos demais autores, e proferiu decisão de que DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 6 a revelia de ter se formado litisconsórcio, o qual não foi formado. – O QUE OCORRE COM A DECISÃO? Se for litisconsórcio simples, a decisão será ineficaz para o litisconsorte que não foi integrado (o ato existe, é válido, mas só produz efeito para quem de fato está integrado no processo), tal qual aponta o inciso I do art. 115. - Por outro lado, se for litisconsórcio unitário, se terá a nulidade da decisão (não é mera ineficácia, mas sim a invalidade de fato), tal qual aponta o inciso II do art. 115. . Mesmo o juiz mandando fazer a integração, mas não fazem. - . Art. 116 do CPC define o que é litisconsórcio unitário. . Art. 117, CPC: . Caso de litisconsórcio unitário – MP x 2 cônjuges em ação de anulação de casamento. No curso do processo, 1 dos cônjuges deixa para lá, nada mais fazendo no processo = atos e omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. – Ocorre aproveitamento subjetivo dos atos de um p/ outro. . NO LITISCONSORTE SIMPLES É CADA UM POR SI. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 7 . Art. 118, CPC: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 8 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 1) Introdução: . Terceiro: universo MENOS os sujeitos do processo. . Todo mundo que não é sujeito do processo, para aquele processo ele é considerado terceiro.. Didier, pág. 557: Terceiro é conceito que se determina por exclusão ao conceito de parte. Afirma Barbosa Moreira: "é terceiro quem não seja parte, quer nunca o tenha sido, quer haja deixado de sê-lo em momento anterior àquele que se profira a decisão". Trata-se de conceito simples, decorrente da simples inatividade em relação ao processo. . São duas as premissas fundamentais da teoria da intervenção de terceiro: a) terceiros são todos os sujeitos estranhos a dado processo, que se tornam partes a partir do momento em que intervenham; b) o acréscimo de sujeitos ao processo, em qualquer hipótese de intervenção, não importa criação de processo novo - a presença de um sujeito a mais torna o processo mais complexo, mas ele é sempre o mesmo. . Há intervenção de terceiro espontânea, pela qual o terceiro pede para intervir (p. ex.: assistência e o recurso de terceiro), assim corno há intervenção de terceiro provocada, quando o terceiro é trazido a juízo (p. ex.: chamamento ao processo). . Sempre uma ideia relacional: analisar aquele processo. . Para longe de uma conceituação técnica, a intervenção de terceiros aparece como instrumentos que um terceiro adentre processo alheio (ideia de instrumentalidade). . Mecanismo trazido na lei que permite que aquele que não é parte do processo, torne-se sujeito processual. . Didier: A intervenção de terceiro é fato jurídico processual que implica modificação de processo já existente. Trata-se de ato jurídico processual pelo qual um terceiro, DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 9 autorizado por lei ou por negócio processual5 , ingressa em processo pendente, transformando-se em parte. . Interesse de agir: interesse do terceiro para compor/participar da lide. – VAI SER O PEDÁGIO QUE HÁ DE SER PAGO PARA CADA TIPO DE INTERVENÇÃO QUE TEMOS EM NOSSO SISTEMA. . Pode ser um interesse absolutamente genérico, como nos casos da intervenção chamada de assistência. – Seria como um pedágio bem pequeno. . Não são caminhos que devem ser tratados da mesma forma, porque o tratamento normativo é diferenciado diante de cada caso. . O MAGISTRADO É O RESPONSÁVEL POR FAZER ESSA ESPÉCIE DE CONTROLE DE ADMISSIBILIDADE. – Pode o Magistrado negar, admitir ou até mesmo alguém que já estava no processo. . OBS: processo incidente é aquele processo que produzirá efeitos sobre outro. . Incidente processual ocorre dentro do mesmo processo. Já o processo incidente não. – Isso ocorre pelos mais variados motivos, as vezes questões relacionadas à competência etc. . OBS: A inadmissibilidade ou admissibilidade de um terceiro não extingue processo, o máximo que pode acontecer é se deslocar a competência. – Exemplo: União pede para intervir, esse pedido desloca o processo para JF se estiver na JE, mas se chegar lá e o juiz falar que esse processo não é de interesse da União, o processo não será extinto, voltará para o foro estadual. . Na maioria das vezes, as intervenções de terceiros acontecem através de incidentes processuais, mas também existem situações em que essa intervenção pode provocar processo incidente (exemplo da chamada “oposição”, um procedimento especial, sendo solucionadas através de decisões interlocutórias, o que reverbera no sistema recursal, isto é, o terceiro poderá ou não propor recurso, qual tipo etc.). DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 0 . Didier: Processo incidente é um processo novo, instaurado em razão de um processo existente, que dele se desgarra, mas nele produz efeitos. É um processo filhote: nasce de um processo existente, mas adquire vida própria. Considera-se incidente esse processo, porque foi instaurado sempre de algum modo relacionado a algum processo pendente e porque visa a um provimento jurisdicional que de algum modo influirá sobre esse ou seu objeto. São exemplos: a) embargos de terceiro (arts. 674 e segs., CPC); b) oposição (arts. 682 e segs., CPC); c) reclamação (arts. 988 e segs., CPC); d) mandado de segurança contra ato judicial. . Didier: Incidente do processo é processo novo, que de modo não necessário surge de um processo já existente, e a ele se incorpora, tornando-o mais complexo. O incidente do processo é um galho novo, que o processo, como árvore, passa a ter. Por isso se diz que o incidente do processo é uma ramificação do processo originário. São exemplos: a) alegação de suspeição ou impedimento do juiz; b) incidente de resolução de demandas repetitivas (arts. 976 e segs., CPC); c) conflito de competência (arts. 951 e segs., CPC); d) incidente de arguição de inconstitucionalidade (arts. 948 e segs., CPC). . CADA INTERVENÇÃO SE LIGA A UM INTERESSE. – Exemplo: denunciação da lide se liga a ideia de regresso. – A assistência é a que tem um interesse mais fluído, se ligando a uma situação relacionada aos efeitos principais do processo sobre o terceiro. . Pode ser voluntária (onde o terceiro pede para ingressar) ou coacta (determinada pelo magistrado, geralmente solicitada pela outra parte). 2) Fundamentos para as intervenções de terceiros: . Didier: Todo processo, de alguma maneira, afeta a terceiro. Ora se trata de um reflexo emocional, ora econômico, ora jurídico. O Direito Processual Civil disciplina os casos em que se permite o ingresso de terceiro em juízo, em razão do vínculo que mantém com a causa. . Classicamente, os fundamentos para intervenções de terceiros, gravitam em torno de 2 grandes vetores: (i) efeitos de uma decisão judicial e (ii) a economia processual. DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 1 – O PROFESSOR PROPÕE INCLUIR UM TERCEIRO VETOR: o vetor relacionado a discussão do precedente judicial. . Efeitos de uma decisão judicial, e como isso pode ou não justificar a intervenção do terceiro no processo alheio? . Basicamente temos 3 efeitos relacionados as decisões judiciais: . Principais/diretos: relacionam-se com o conteúdo da decisão judicial. – Esse conteúdo pode ser simplificado em 3 espécies: (i) declaratório, em que o magistrado certifique (ou não) a ocorrência de um fato ou relação jurídica, como exemplo de uma ação de investigação de paternidade em que se declara que o sujeito é o pai, e o efeito dessa decisão declaratória é trazer a certeza; (ii) constitutivo, quando a decisão reconhece a existência e também implementa na prática o exercício de um direito potestativo, e o efeito será a modificação, extinção ou criação de uma nova relação/situação jurídica; e (iii) condenatório, se ligam ao campo das obrigações, em que o juiz reconhece a existência da obrigação, declarando-a como existente, e declarando também que é necessário cumprir a obrigação, permitindo que as partes peçam o cumprimento forçado da obrigação através de medidas executivas. . OBS: efeito de decisão declaratória e constitutiva, segundo o professor, não teriam como atingir um terceiro em uma visão geral, a priori/classicamente. Por outro lado, uma vez que as decisões condenatórias se ligam ao campo obrigacional que é completamente prático, isso implicará no atingir de terceiros no plano jurídico. . Anexos: são aqueles efeitos que são agregados à decisão pelo legislador. – Não decorrem diretamente do conteúdo. – Exemplo: correção monetária, arbitramento dos honorários advocatícios, aplicação de juros, hipoteca judicial = legislador agrega normativamente isto à decisão. . Reflexos: efeitos que decorrem da complexidade da tecitura social (das relações humanas). 3) Assistência: DIREITO PROCESSUAL CIVIL I – FBD – SALAZAR – 2021.2 NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 2 . Pessoa tem que ter interesse na causa para ser assistente. . Espectro de possibilidade de ocorrer muito grande. – Grande forma de terceiro intervir. . Assistência Simples – arts. 119 a
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