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Farmacologia da diabetes mellitus Prof. Dra. Cristina Massocatto Diabetes mellitus (DM) Doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido pelas células β do pâncreas. proteínas transportadoras (GLUTs) GLUT-4 Músculo e tecido adiposo Classificação baseada na e0opatogenia do DM: DM 0po 1 (DM1) **DM %po 2 (DM2) DM gestacional (DMG) Outros 0pos de DM Diabetes mellitus • 5-10% dos casos; • Processo autoimune à Resultado da destruição das células beta pancreá<cas por um processo imunológico; • Presença de autoan<corpos em 85-90% dos casos de DM1; • Costuma acometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária. Diabetes mellitus ,po 1 (DM1) Dependentes de insulina exógena • Cerca de 90% dos pacientes diabé3cos; • Falta de sensibilidade dos órgãos-alvo à insulina à RESISTÊNCIA INSULÍNICA • Deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß • Prevalência com a idade; • Associado com a obesidade; Diabetes mellitus ,po 2 (DM2) Enquanto a doença evolui, a função das células beta diminui • Diabetes diagnos-cado durante a gestação. • Pode ser transitório ou não Placenta produz hormônios hiperglicemiantes (ex: cor-sol, estrógeno, progesterona e prolac-na) e enzimas placentárias que degradam a insulina à aumento na produção de glicose e na resistência a insulina – pode evoluir para disfunção da célula β Diabetes mellitus gestacional (DMG) Hiperglicemia Causas: Aumento da produção hepá4ca de glicose Diminuição da captação celular de glicose Consequências: Elevação da glicose urinária com diurese osmó4ca à perda de H2O, Na+, K+ e PO4-3 Desidratação celular Distúrbios do metabolismo protéico Gliconeogênese – Para cada 100 g de glicose formada, ao redor de 175 g de proteínas são destruídas. Consequências metabólicas do DM Distúrbios do metabolismo lipídico Es#mulação da lipólise e a liberação de ácido graxos para a circulação Aumento dos níveis de trigliceridemia Distúrbios ácido-base Ocorrência de acidose metabólica devido a cetoacidose diabé#ca. Os níveis de bicarbonato plasmá#co podem a#ngir valores abaixo de 5 mmol/L com pH de 6,8. Bicarbonato plasmá#co : (variação normal: 22 a 26 mmol/L) Consequências metabólicas do DM Sintomas TRATAMENTO DO DM • NÃO FARMACOLÓGICO • FARMACOLÓGICO Plano alimentar, a-vidade 0sica e educação terapêu-ca cons-tuem o alicerce de todo o tratamento da DM EXERCÍCIO FÍSICO HABITOS SAUDÁVEIS Tratamento não farmacológico Modificação do estilo de vida, incluindo modificações dietéticas e prática regular de atividade física. Tratamento farmacológico Tratamento farmacológico Hormônio proteico anabolizante produzido pelas células β do pâncreas, cuja principal função é controlar os níveis de glicose no sangue. Insulina Insulina formada pela cadeia A (21 aa) e cadeia B (30 aa) Insulina O pâncreas secreta a insulina de duas maneiras: Gotas con4nuas à Insulina basal à permanece em níveis baixos no sangue o tempo todo Grande quan<dades de insulina à Bolus à liberadas quando há aumento de açúcar no sangue, após as refeições Insulina e seus análogos INSULINA EXÓGENA à É administrada para subs-tuir a falta de secreção de insulina no DM1 ou para suplementar a secreção insuficiente de insulina no DM2. Classificadas em: Humanas recombinantes: insulina de ação intermediária (NPH- ação semelhante ao fornecimento basal) e insulina de ação rápida (regular – ação semelhante à bolus) à desenvolvida em laboratório a par-r da tecnologia do DNA recombinante Análogos de insulina humana: preparações de insulina que sofreram alterações na cadeia de aminoácidos para melhorias no tempo de ação. • A insulina usada por portadores de diabetes não pode ser tomada em pílulas ou cápsulas, pois os sucos diges1vos presentes no estômago interferem em sua eficácia. • Com o avanço das pesquisas na área, essa realidade talvez seja viável no futuro, mas, no momento, a única maneira de consumir insulina é injetando-a diretamente no tecido subcutâneo. • O local de aplicação mais comum é o abdômen, mas a parte traseira superior dos braços, as nádegas (quadrante superior externo) e a lateral exterior das coxas. h"ps://g1.globo.com/ciencia-e- saude/no6cia/2019/02/09/cien6stas-do-mit-criam-pilula-de- insulina-para-subs6tuir-injecao.ghtml * Ins&tuto de Tecnologia de Massachussets (MIT) https://g1.globo.com/tudo-sobre/mit/ Cuidados Farmacêuticos Descarte a seringa em recipiente com paredes rígidas, boca larga e tampa. Entregue no posto de saúde mais próximo. • INSULINAS LACRADAS à Devem ser conservadas em geladeira domés8ca, entre 2 e 8o C; • Não colocar na porta à VARIAÇÃO DE TEMPERATURA • Não deve ser congelada; se isso acontecer, precisa ser descartada • Dê preferência para a prateleira próxima a gaveta dos legumes, que fica na parte de baixo da geladeira, entre 2 e 8°C. • INSULINAS ABERTAS à podem ser man8das na geladeira (entre 2 e 8ºC), ou em temperatura ambiente (15 e 30ºC), em local fresco, ao abrigo da luz e de oscilações bruscas de temperatura. à 30 dias • Quando sob refrigeração, a insulina em uso deve ser re8rada da geladeira entre 15 e 30 minutos antes da aplicação, para evitar dor e irritação no local em que será injetada Cuidados Farmacêuticos Ação ultrarrápida à insulina asparte, lispro, glulisina Ação rápida à regular; Ação intermediária à NPH Ação lenta à insulina glargina e detemir As insulinas de ação ultrarrápida (asparte) e rápida(regular) proporcionam ação semelhante à bolus, necessária após as refeições. Já as injeções de insulina de ação intermediária (NPH) e lenta imitam o fornecimento basal natural do corpo (detemir e glargina). Insulina de ação ultrarrápida Insulina lispro, asparte, glulisina Início da ação: 5 a 15 minutos Pico: 30 a 60 minutos Duração: 3 a 5 horas Pode ser injetada 15 minutos antes de uma refeição ou logo ao término delas; Aproxima-se da quanFdade apropriada do bolus naturalmente fornecido pelo corpo. Deixa a corrente sanguínea rapidamente, minimizando o risco de hipoglicemia durante várias horas após a refeição à perfil do tratamento mais próximo do fisiológico Insulina de ação rápida Insulina regular Início da ação: 30 minutos Pico: 2 a 3 horas Duração: 3 a 6 horas Devem ser injetadas de 30 a 45 minutos antes das refeições Insulina de ação intermediária Insulina Protamina Neutra de Hagedorn- Insulina NPH Essa combinação com protamina forma um complexo que é menos solúvel, resultando em retardo na absorção e ação prolongada; Início da ação: 2 a 4 horas Pico: 4 a 12 horas Duração: 12 a 18 horas É usada para controle basal (jejum) nos DM1 e DM2; Deve ser administrada de duas a quatro vezes ao dia: àAntes do desjejum e ao deitar-se àAntes do desjejum, no almoço e ao deitar-se àAntes do desjejum, no almoço, no jantar e ao deitar-se Em geral administrada junto com a insulina de ação rápida Insulina de ação lenta/ prolongada Detemir Associa-se com albumina Início da ação: 1 a 2 horas Pico: 6 a 8 horas Duração: 6 a 23 horas dependendo da dose Uma ou duas vezes ao dia: antes do desjejum e/ou no jantar e/ou ao deitar-se ou Glargina Forma um precipitado no local da injeção Início da ação: 1 hora Pico: praFcamente sem pico Duração: 24 horas Uma vez ao dia (I) antes do desjejum, (II) no almoço, (III) no jantar ou (IV) ao deitar-se O programa de tratamento personalizado pode incluir mais de um Fpo de insulina, usados em diferentes momentos do dia, na mesma hora, ou até na mesma injeção. É usada para controle basal (jejum) nos DM1 e DM2 Reduzem a glicemia, a fim de mantê-la em níveis normais. Úteis principalmente no tratamento de pacientes com DM2; Pacientes que desenvolvem diabetes após os 40 anos de idade e tem a doença há menos de 5 anos tendem a responder melhor a esse tratamento; Pacientes mais antigos exigem uma combinação; Agentes an)diabé)cos Osagentes an)diabé)co podem atuar: Reduzindo a secreção hepá)ca de glicose • Biguanidas (Me,ormina) Incrementando a secreção pancreá)ca de insulina • Sulfonilureias • Glinidas Aumentando o uso periférico de glicose • Tiazolidinadionas/Glitazonas Reduzindo a absorção de glicose • Inibidores da α- glicosidase Agentes an)diabé)cos Agentes an)diabé)cos BiguanidasàMe+ormina Fármaco de escolha na DM2 à primeira opção de tratamento quando não existe contraindicação. Contraindicação: doença renal graveà excreção exclusivamente renal ↑ [Me@ormina] no sangueà acidose lácBca Efeito anB-hiperglicemiante à redução da produção hepáBca de glicose e ação sensibilizadora periférica mais discreta. Pode ser usada isoladamente ou em associação com outros fármacos de uso oral ou insulina Agentes an)diabé)cos BiguanidasàMe+ormina Farmacociné*ca Bem absorvida por via oral à A biodisponibilidade dos comprimidos é da ordem de 50-60%. A fração ligada a proteínas plasmá?cas pode ser considerada como insignificante; A meBormina é excretada, majoritariamente, por via urinária de forma inalterada e muito rápida; Apresenta uma taxa de biotransformação em torno de 10%, principalmente por reações de fase II, como a me?lação Agentes antidiabéticos BiguanidasàMe+ormina Farmacodinâmica No hepatócito à causa a inibição da gliconeogênesse Nos tecidos periféricos insulinodependentes (principalmente na musculatura esquelé;ca) à aumenta a captação de glicose provocando rápida redução da glicemia No TGI, diminui a absorção gastrointes;nal de glicose METFORMINA Diminuição da glicemia Aumento da u<lização da glicose (sem modificar a síntese de glicogênio do músculo esquelé<co). Redução da gliconeogênese (produção endógena de glicose) Redução da taxa de absorção intes<nal de glicose. Biguanidas à Me+ormina Efeitos adversos Contraindicada na disfunção renal, devido ao risco de acidose lác5ca; Seu uso prolongado pode interferir na absorção de vitamina B12; A me#ormina bloqueia a absorção intes5nal desta vitamina. Pode causar hipoglicemia quando associada à insulina ou secretagogos de insulina; Agentes antidiabéticos Na ausência de contraindicações, a me3ormina cons4tui o fármaco de 1a linha. Caso a monoterapia com a me3ormina não seja suficiente para o controle glicêmico, se deve associar mais 1-2 agentes orais ou injetáveis, Agentes an)diabé)cos Sulfonilureias: glibenclamida, glimepirida, glipizida Secretagogos de insulinaà • Diminuem a produção de glicose pelo 4gado e aumentam a sensibilidade periférica à insulina; • Es;mulação da liberação de insulina das células beta; Bloqueiam canais de potássio sensíveis ao ATP, resultando em despolarização, influxo de cálcio e exocitose de insulina; glibenclamida Agentes an)diabé)cos Secreção de insulina Para que a insulina armazenada nas vesículas seja liberada é necessário ↑[Ca2+]intracelular. A glicose extracelular entra na célula pancreáCca via GLUT2 e promove a produção de ATP. Agentes an)diabé)cos Secreção de insulina ↑[ATP]intracelular promove a ligação do ATP ao canal de potássio sensível ao ATP, bloqueando a saída do K+ da célula Ocorre acúmulo de cargas positivas no meio intracelular, alterando o potencial de membrana celular à abertura dos canais de [Ca2+] à↑[Ca2+]intracelularà EXOCITOSE DE INSULINA 1. REPOUSOà célula polarizada Meio intracelular: - Meio extracelular: + 2. ESTÍMULO à célula despolarizada Meio intracelular: + Meio extracelular: - Agentes an)diabé)cos Sulfonilureias: glibenclamida, glimepirida, glipizida Farmacociné*ca Administrados por via oral; Ligam-se à proteínas séricas; Sofrem biotransformação hepá?ca; São excretadas pela bile e pelos rins; A duração de ação varia de 12 a 24 horas; Podem ser u?lizadas como 1ª escolha quando há teores glicêmicos mais elevados, indicando secreção insuficiente de insulina; Associação de 2° fármaco (maioria das pessoas com DM ?po 2) à caráter progressivo da doença. O acréscimo do segundo fármaco pode ser feito precocemente (4-8 semanas após o primeiro ter sido iniciado – MeVormina – e não se ter ob?do uma resposta sa?sfatória). Agentes an)diabé)cos Glinidas: repaglinida, nateglinida Secretagogos de insulina Es0mulam a secreção de insulina Nas células beta fecham canais de potássio sensíveis a ATP, resultando na liberação de insulina; Ação semelhante as sulfonilureias, porém atuam em sí0os de ligação diferente Em contraste com as sulfonilureias (ação hipoglicemiante prolongada), as glinidas tem ação de início rápido e duração mais curta (período pós prandial)à não devem ser associados Agentes antidiabéticos Glinidas: repaglinida, nateglinida Farmacociné*ca Devem ser tomadas antes da refeição; São bem absorvidas após administração oral; São biotransformadas a produtos ina8vos pela CYP3A4 no ?gado; São excretadas pela bile; Glitazonas: pioglitazona; rosiglitazona Podem ser usados como monoterapia ou em associação com outros hipoglicemiantes ou com insulina; Fármaco de segunda ou terceira escolha para DM2 São sensibilizadoras de insulina à Necessitam de insulina para sua açãoà Não promovem a liberação de insulina Agentes an)diabé)cos Glitazonas: pioglitazona; rosiglitazona Farmacociné1ca Bem absorvida por via oral; Extensamente ligadas à albumina sérica; Sofrem extensa biotransformação por diferentes bioenzimas; Maior parte do fármaco a@vo e dos metabólitos é excretada na bile e eliminada com as fezes; Hipoglicemiantes orais Glitazonas: pioglitazona; rosiglitazona Farmacodinâmica Diminuem a resistência periférica à insulina em músculo, adipócito e hepatócito Atuam como agonistas para o receptor nuclear PPARγ que regulam vários genes relacionados ao metabolismo; A a4vação de PPARγ regula a transcrição de vários genes responsivos à insulina, resultando em aumento da sensibilidade à insulina no tecido adiposo, no Cgado e no músculo esqueléDco; Agentes an)diabé)cos Agentes antidiabéticos Inibidores da α- glicosidase: acarbose, miglitol Usados no tratamento de DM2 Inibe as α-glicosidases intes7nais Retarda a digestão/ absorção intes7nal dos hidratos de carbono Agentes an)diabé)cos Inibidores da α- glicosidase: acarbose, miglitol Farmacodinâmica Localizadas nas células intes/nais intes/nal, as enzimas α-glicosidase hidrolisam carboidratos em glicose e outros açúcares simples que podem ser absorvidos; Inibem reversivelmente a α-glicosidase; Ingeridos no início da refeição, retardam a digestão de carboidratos, resultando em níveis mais baixos de glicose pós-prandial; Agentes an)diabé)cos Inibidores da α- glicosidase: acarbose, miglitol Farmacociné7ca Acarbose: • A acarbose é pouco absorvida; • É biotransformada primariamente pelas bactérias intes8nais; • Alguns de seus metabólitos são absorvidos e excretados na urina; Miglitol: • O miglitol é muito bem absorvido, mas não tem efeitos sistêmicos; • É excretado inalterado pelos rins;
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