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INFLAMAÇÃO Reação dos tecidos a um agente agressor caracterizada morfologicamente pele saída de líquidos e de células inflamatórias do sangue para o interstício. • Componente da resposta imune (mecanismo de defesa), mas que pode também causar danos ao organismo. • Excesso x falta de inflamação. • Relação entre resposta imune (inata/adaptativa) – século XX: A reação inflamatória nada mais é do que a expressão morfológica da resposta imune. Tipos de agressores: De acordo com a ORIGEM: Endógeno e Exógeno De acordo com a NATUREZA: Físicos; Químicos; Biológicos; Infecciosos x não infecciosos (“histórica” , “tradicional”) Definição clássica (gregos/romanos - Cornelius Celsus): → sinais cardinais: calor, rubor, tumor, dor e alterações funcionais Séc 19 (Cohnheim)→ exsudação celular e alterações vasculares. Séc 20 (Barger, Dale e Lewis) → descoberta do 1° mediador, a histamina Final do século 20 → relação entre inflamação e resposta imune (inata e adaptativa). De maneira geral, a reação inflamatória se inicia com o reconhecimento da agressão/agente inflamatório através da ação de moléculas sinalizadoras que entram em contato com os receptores das células do sistema imune. Após o reconhecimento, ocorre a liberação de mediadores inflamatórios que promovem alterações da microcirculação permitindo a saída de plasma e leucócitos dos vasos para o interstício, induzindo no fim o reparo do tecido danificado. RECONHECIMENTO DA AGRESSÃO MOLÉCULAS SINALIZADORAS (ALARMINAS) COMO AS ALARMINAS “SOAM O ALARME” RECEPTORES DE ALARMINAS RESPOSTA IMUNE Possui receptores para reconhecer as moléculas do patógeno ou as moléculas sinalizadoras (alarminas) liberadas pelo organismo. As alarminas estimulam a produção de mediadores que agem na microcirculação, permitindo a saída de plasma e células inflamatórias com o intuito de eliminar ou neutralizar a agressão e reparar a lesão (‘inflamação’). Dividida em: - Inata (+ imediata, simples e limitada) - Adaptativa (+ demorada, complexa e específica) COAGULAÇÃO SANGUÍNEA & FIBRINÓLISE • Produzindo substâncias pró-inflamatórias (ex: proteases [Trombina] que participam do reconhecimento de alarminas e ativam células inflamatórias). • Reforçando as barreiras naturais que impedem a entrada de microorganismos (papel dos trombos/coágulos). • Favorecendo a cicatrização (fase de estabilização e dissolução do trombo: quimiotaxia e estímulo à proliferação de CML, endoteliais, fibroblastos → reparo/cicatrização). MEDIADORES INFLAMATÓRIOS O sistema imune reconhece agressões por meio de alarminas, que se ligam a receptores celulares, que induzem a síntese e liberação de moléculas de natureza variada (mediadores inflamatórios), algumas estimuladoras (próinflamatórias) e outras inibidoras (anti-inflamatórias) do processo inflamatório. Inclui citocinas, quimiocinas, mediadores lipídicos, aminas vasoativas, neuropeptídios, componentes da coagulação, fibrinólise e complemento. QUIMIOCINAS (CITOCINAS QUIMIOTÁTICAS) Caracterizam-se por possuírem resíduos de cisteína na extremidade N. Também atuam na embriogênese, carcinogênese e angiogênese. - Reconhecidas por receptores transmembrana acoplados a uma proteína G. Funcionalmente, podem ser: • induzíveis (inflamatórias) → secretadas após agressões, responsáveis pela regulação do tráfego, ativação e diferenciação de leucócitos na inflamação. • constitutivas (homeostáticas) → responsáveis pela migração de células nos órgão imunes. É reconhecida por um receptor privativo (diferente das induzíveis). FENÔMENOS DA INFLAMAÇÃO Independente da causa, a inflamação envolve uma série de etapas/momentos: 1) irritação (reconhecimento de agressão/agressor através de alarminas) 2) modificações vasculares locais (hiperemia) 3) exsudação plasmática e celular (edema e exsudatos) 4) Lesões degenerativas e necróticas (morte de microorganimos, células do tecido inflamado e células inflamatórias) 5) Eventos que abrandam ou resolvem o processo inflamatório (resolução) 6) Reparação (cicatrização, regeneração e recuperação funcional) Tais fenômenos não são isolados no tempo (geralmente se superpõem durante o processo inflamatório). Exemplos: Fenômenos vascular Exsudação plasmática Exsudação celular Necrose FENÔMENOS IRRITATIVOS FENÔMENOS IRRITATIVOS X MEDIADORES INFLAMATÓRIOS FENÔMENOS VASCULARES FENÔMENOS EXSUDATIVOS Saída de plasma e células do leito vascular para o interstício. Embora independentes, em geral a exsudação plasmática precede a exsudação celular (por que?); a predominância de uma ou de outra varia de acordo com os mediadores liberados. A exsudação de leucócitos é o elemento morfológico mais característico da inflamação. Células do exsudato inflamatório: MONÓCITOS/MACRÓFAGOS Os monócitos deixam a circulação guiados por quimiocinas e acumulam-se no local da inflamação e passam a ser chamados macrófagos. São ativados por citocinas pró-inflamatórias (macrófagos M1) → ↑ tamanho, n° grânulos, n° REG, capacidade de espraiamento, fagocitose e de liberar radicais livres. Durante a resolução da inflamação, sofrem ação de outras citocinas, PGD, lipoxinas e resolvinas (macrófagos M2) → produz citocinas anti-inflamatórias. Células do exsudato inflamatório: CÉLULAS DENDRÍTICAS Morfologia e capacidade fagocitária semelhantes a dos macrófagos. Em qualquer órgão, essas células fazem o processamento local de antígenos (fagolisossomo menos ácido – menos atividade de protease – digestão parcial) e se deslocam para os linfonodos regionais ou para o baço, onde apresentam os epítopos aos linfócitos T. Células do exsudato inflamatório: EOSINÓFILOS Formados na MO pelo estímulo de fatores produzidos por linfócitos T. Sai dos vasos pela ação de quimiocinas. Pequena atividade fagocitária. Quando ativados, têm grande capacidade de exocitose e ‘explosão respiratória’ → citotoxicidade mediada por anticorpos. Defesa de helmintos, presente em dermatites (urticária, pênfigo, etc.), processos alérgicos (asma, alergias alimentares, etc). Modulam reações anafláticas mediante vários mecanismos, como p/ex: (1) inativação da histamina pela histaminase (2) inativação de leucotrienos pela peroxidase (3) inativação da heparina pela proteína básica maior FAGOCITOSE 1) APROXIMAÇÃO → deslocamento dos fagócitos para reconhecer e fagocitar o agente estranho, guiados por estímulos quimiotáticos. 2) ADERÊNCIA (reconhecimento)→ A aderência/reconhecimento da partícula através de receptores de remoção (receptores SR), receptores TLR, integrinas e lectinas. Os receptores Fc de IgG (FcуR) favorecem a adesão e desencadeiam a ingestão. 3) ENGLOBAMENTO (ingestão)→ a partícula é envolvida por lamelipódios até ser incluída dentro de um vacúolo fagocitário ou fagossomo. A ingestão é rápida (10-30 s após o contato) e depende das proteínas contráteis. 4) DESGRANULAÇÃO→ As membranas do fagossomo e dos lisossomos do fagócito se fundem, possibilitando a eliminação de enzimas e outros produtos no vacúolo fagocitário, agora denominado fagolisossomo ou lisossomo secundário. 5) MORTE/DIGESTÃO → Todos os fagócitos possuem mecanismos microbicidas. (radicais livres, proteínas dos grânulos, NO) EXPLOSÃO RESPIRATÓRIA Consiste em um conjunto de alterações metabólicas em que ocorre grande ↑ no consumo de O2 . O fenômeno foi assim denominado pois pensava-se que o O2 consumido fosse utilizado na respiração mitocondrial para a síntese de ATP necessário para a endocitose. Entretanto o motivo é outro: o O2 consumido é transformado em metabólitos muito reativos, osquais originam água oxigenada (H2 O2 ) e radicais livres que reagem com outras moléculas gerando efeitos lesivos. A H2 O2 e radicais livres (superóxido O2 -, radicais hidroxila OH-) têm efeito microbicida. Basófilos Originado na MO, pouco numerosos no sangue (1% leucócitos). Desgranulação de basófilos → armazenam e liberam histamina e moduladores de linfócitos T. Linfócitos Células NK* (MHC I) Linfócitos T → migram precocemente em inflamações, atraídos por quimiocinas (n° menor do que neutrófilos/monócitos) → produzem citocinas que interferem nas outras células exsudadas. Linfócitos B → exsudados, podem se proliferar no local da inflamação e se diferenciar em plasmócitos, responsáveis pela produção de imunoglobulinas. ➢ células predominantes nas inflamações crônicas. FENÔMENOS ALTERATIVOS Degenerações e necrose Causado pela ação direta ou indireta do agente inflamatório e pode aparecer no início ou durante a evolução da inflamação. Ocasionalmente, pode representar o efeito imediato da ação do agente inflamatório, iniciando a irritação com liberação de alarminas e mediadores (ex: lesão por soda cáustica sobre a mucosa do esôfago). Resultam principalmente da atividade de produtos de células do exsudato, trombose ou fenômenos imunes. - Em algumas inflamações, a necrose é componente comum e importante na doença (ex: tuberculose). FENÔMENOS RESOLUTIVOS FENÔMENOS REPARATIVOS Uma inflamação pode provocar degenerações ou necrose, que devem ser reparadas após a resolução do processo por regeneração (retorno ao original) ou por cicatrização. (retorno parcial com fibrose e/ou metaplasia). A Reparação envolve proliferação e diferenciação celulares (regulados por quimiocinas, citocinas e fatores de crescimento. RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA A extensão da inflamação para todo o organismo se deve à disseminação do próprio agente inflamatório ou de alarminas a partir do local agredido. Independente da causa, as características gerais são semelhantes, denominada síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS). MEDICAMENTOS ANTI-INFLAMATÓRIOS MORFOLOGIA E NOMENCLATURA
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