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AULA 5 - Furto e roubo

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AULA 5 – ROUBO E FURTO
DIREITO PENAL 
ESPECIAL E EXTRAVAGANTE
Situação-problema:
Narra a denúncia que a vítima encontrava-se na carroceria do veículo Fiat/Strada, placas HAR82, estacionado em frente ao supermercado ABC, quando foi abordada pelo denunciado que, aos gritos, determinou-lhe que passasse todos os seus pertences. Intimidada, a vítima entregou ao acusado o seu aparelho de telefone celular, que se encontrava nas suas mãos (...) nas duas vezes em que a vítima foi ouvida ela relata que o apelante abordou-a gritando. Na fase policial, ela assinala que o autor não a ameaçou, não usou qualquer tipo de arma ou agressão física para a prática do furto, conforme já anteriormente destacado. (...) Não se extrai do evento que a vítima tenha sido reduzida à impossibilidade de resistência, até porque assinala que, antes mesmo que entregasse qualquer objeto ao meliante, este arrancou-lhe o celular e evadiu. (HABEAS CORPUS 117.819 MINAS GERAIS). A partir disso, é possível indagar: O Ministério Público, titular da ação penal nos crimes contra o patrimônio, receberá os autos do inquérito policial e, considerando que o indivíduo deverá ser acusado, irá indicar a figura típica atribuída no caso concreto. Indique qual deverá ser a capitulação penal prevista para esta conduta, furto ou roubo? Que elementos deverão ser levados em consideração para estabelecer a diferença entre esses crimes?
.
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I
DO FURTO
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
       
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.  
            
§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.     
.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:      
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional;      
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável.   
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.     
  
§ 6o  A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.     
    
§ 7º  A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.                
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Crimes contra o patrimônio
O conceito penal de patrimônio é mais amplo, abrangendo bens de valor meramente afetivo, constituindo-se, também, objeto material de crimes contra o patrimônio.
As coisas de ínfimo valor podem ser objeto de crime contra o patrimônio, muito embora se deva agir com extrema cautela nesse contexto, em face do princípio da insignificância. 
A tutela penal é exercida sobre: 
a) direitos reais; 
b) direitos obrigacionais ou de crédito.
Furto
1) Bem jurídico: patrimônio (posse ou propriedade).
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa, menos o proprietário. O condômino, coerdeiro ou sócio podem praticar furto de coisa comum (art. 156), desde que a coisa furtada ultrapasse o valor da quota parte pertencente de direito ao autor da conduta.
3) Sujeito passivo: a pessoa física ou jurídica, titular da posse, detenção ou propriedade.
4) Tipo objetivo: Subtrair a coisa do poder de fato de alguém, para submetê-la ao seu próprio poder de disposição. O agente não tenha a posse ou livre disposição da coisa, pois isto distingue o furto da apropriação indébita. A tutela penal recai sobre a coisa móvel, ou seja, toda substância corpórea, suscetível de apreensão e transporte, e a coisa deve ter valor econômico ou de afeição. As coisas abandonadas (res derelicta), as que não pertençam a ninguém (res nullius) e as coisas comuns (luz, ar, mar etc.), não podem ser objeto de furto, uma vez que não integram o patrimônio de outrem. Já com relação às coisas perdidas (res desperdita), há tipo específico (art. 169, § único, II, CP).
5) Tipo subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de subtrair coisa alheia móvel) e o especial 
fim de agir (vontade de apossamento do que não lhe pertence). Não existe a forma culposa.
6) Furto de uso: não há crime, se a intenção do agente é somente usar passageiramente a coisa, seguindo-se a reposição desta, intacta, sob o poder de disposição do dono.
7) Consumação e tentativa: atualmente, há duas correntes fundamentais sobre a consumação do furto:
a) ocorre no momento em que o objeto material é retirado da esfera de disponibilidade da vítima, ingressando na posse do autor, ainda que por breve momento;
Recurso repetitivo
 Tema 934/STJ – tese firmada: “Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.” REsp 1524450/RJ
b) é necessário que a coisa saia da esfera de disponibilidade do ofendido e fique em poder (posse mansa e tranquila) – mesmo que passageiro – do agente.
Os Tribunais Superiores têm adotado, de maneira geral, a tese da desnecessidade da posse mansa e tranquila sobre a coisa. Há, no entanto, decisões em sentido contrário. Haverá, ainda, tentativa punível se a ausência da coisa é apenas acidental (ex. ladrão encontra vazio o bolso do lesado), enquanto que haverá crime impossível quando inexiste a coisa que o agente pretendia furtar (ex.: a vítima deixou em casa todo seu dinheiro).
8) Ação penal: pública incondicionada, com exceção das hipóteses do art. 182 do CP, quando é condicionada à representação
Trata-se de questão controvertida, a subtração de coisa mediante arrebatamento das mãos (bolsa etc.), do pulso (relógio e joias) ou do pescoço (colares). 
Quando a vítima não sofre lesão corporal em decorrência da ação de arrebatar a coisa, caracteriza-se o furto. Se houver violência à pessoa, haverá roubo e, se houver rompimento de obstáculo, haverá furto qualificado.
Caso a vítima fique acidentalmente ferida, há divergência, uns considerando que há furto e outros que há roubo. 
A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o crime é praticado durante o repouso noturno. A lei não se trata de um critério físico-astronômico (noite), mas de critério psicossociológico (hora em que as pessoas descansam).
O STJ entende que basta que seja realizado no período do repouso noturno,sendo irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como a vítima estar ou não efetivamente dormindo.
A jurisprudência tradicionalmente entendeu que furto noturno somente incide sobre o furto simples, mas há decisão recente, aplicando também ao furto qualificado.
Furto mediante arrebatamento: 
Furto noturno – art. 155, §1º
Furto privilegiado – artigo 155, §2º
Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. É direito público subjetivo do agente.
Por pequeno valor, deve ser entendido até um salário-mínimo vigente na época do crime.
O furto privilegiado se diferencia do furto de bagatela, pois enquanto naquele o valor da coisa subtraída é pequeno, no segundo é inexpressivo, juridicamente irrelevante, tratando-se de causa supralegal de exclusão da tipicidade material. 
A aplicação do princípio da insignificância não depende somente do valor da res furtiva, mas também devem ser analisadas as circunstâncias do fato e o reflexo da conduta do agende na sociedade.
A Súmula 511, do STJ, estabelece que é possível o reconhecimento do privilégio nos casos de furto qualificado.
Não deve ser confundida com o chamado furto necessitado ou furto famélico (estado de necessidade).
Furto qualificado
a) com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa: trata-se de violência contra a coisa, é preciso que o dano seja causado a um objeto, ao empecilho para se chegar à coisa;
b) com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
c) com emprego de chave falsa;
d) mediante concurso de duas ou mais pessoas: basta que duas pessoas concorram para o furto, uma como mandante outra como executora para que ocorra a forma qualificada.
Furto de veículo automotor 
A pena é de reclusão de 3 a 8 anos se a subtração for de veículo automotor que venha a ser efetivamente transportado para outro Estado ou para o exterior.
 Teorias sobre o momento consumativo do furto
“Quanto à consumação do delito, o réu teve a posse da res furtiva, ainda que por curto período de tempo, de modo que a ação criminosa consumou-se.
Segundo lição da eminente Ministra Jane Silva, no voto condutor do Agravo Regimental no Recurso Especial nº 859.952/RS – utilizando-se dos ensinamentos do eminente Ministro Moreira Alves –, há quatro teorias que explicam a consumação dos tipos penais do furto. Pela teoria da contrectatio, consuma-se o delito com o simples contato entre o agente e a coisa alheia. Pela apprehensio ou amotio, a consumação se dá quando a coisa passa para o poder do agente. Na ablatio, o momento consumativo se afigura quando a coisa, além de apreendida, é transportada de um lugar para outro e, finalmente, na illatio, a consumação ocorre quando a coisa é transportada ao local desejado pelo agente para tê-la a salvo.
Acerca da teoria adotada no Direito Penal brasileiro, o Superior Tribunal de Justiça consagrou a da apprehensio ou amotio, entendendo-se por consumado o crime de furto ou roubo quando a res subtraída passa para o poder do agente, mesmo que por um curto espaço de tempo, não se exigindo que a posse seja mansa e pacífica e nem que o bem saia da esfera de vigilância da vítima.” 
STJ
Consumação do furto – simples posse da coisa alheia
“1.  O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento, no julgamento do REsp  1.524.450/RJ, sob o rito dos recursos repetitivos, de que o delito e furto consuma-se com a simples posse da coisa alheia móvel subtraída, ainda que por breves instantes e seguida de perseguição ao agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada” . AgRg no AREsp 1546170/SP
STF
 Inversão da posse – desnecessidade de posse mansa e pacífica
 “A decisão ora questionada está em perfeita consonância com a jurisprudência desta Corte no sentido de que a consumação do furto ocorre no momento da subtração, com a inversão da posse da res, independentemente, portanto, de ser pacífica e desvigiada da coisa pelo agente. ”  HC 135674/PE
 
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
Roubo
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
Bem jurídico: trata-se de crime complexo e tutela o patrimônio (a propriedade e a posse), a liberdade individual 
e a integridade física.
2) Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum), com exceção do proprietário.
3) Sujeito passivo: o proprietário ou o possuidor da coisa subtraída e a vítima somente da violência.
4) Tipo objetivo: a ação é a mesma do furto, mas a execução deve se dar por meio diferente (mediante violência à pessoa, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima). No caso de empurrão para praticar a subtração (trombadinha), os Tribunais vêm decidindo com maior severidade, reconhecendo o roubo.
5) Tipo subjetivo: dolo, ou a vontade de subtrair, com o emprego de violência ou grave ameaça, coisa alheia móvel, para si ou para outrem. 
6) Espécies de roubo
a) roubo próprio: violência ou grave ameaça utilizada como meio para alcançar a subtração (art. 157, caput).
b) roubo impróprio: a violência ou grave ameaça após ter o bem em suas mãos, tendo por finalidade assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa definitivamente (art. 157, § 1º). 
7) Consumação e tentativa 
a) roubo próprio: com a retirada da coisa da esfera de disponibilidade da vítima, ficando em poder tranquilo do agente. Haverá tentativa quando o agente, depois de ter praticado a violência ou grave ameaça, não conseguir, por circunstâncias alheias à sua vontade, obter a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo. A perda da coisa implica a consumação do crime, porque a objetividade jurídica é a inviolabilidade patrimonial, e não a vantagem pretendida pelo agente.
b) roubo impróprio: consuma-se com o uso da violência. Sobre a tentativa, há duas posições: 
pode haver tentativa quando o agente, apesar de ter conseguido a subtração, é detido por terceiros no instanteem que pretendia usar violência ou grave ameaça; 
não é cabível, pois ou agente utiliza a violência ou grave ameaça após a subtração, estando o crime consumado, ou então ele não a usa e o crime não será roubo impróprio, mas furto consumado, ou tentado (posição majoritária).
8) Roubo majorado: 
a) se a violência ou grave ameaça se dá com emprego de arma DE FOGO: 
o poder intimidatório da arma sobre a vítima acarreta uma maior periculosidade do agente e uma ameaça maior à incolumidade; 
arma é instrumento que se destina a vulnerar a integridade física, tanto no sentido próprio (arma de fogo), como impróprio (faca, canivete, machado, barra de ferro). 
Exige-se o efetivo emprego da arma e basta que um dos partícipes use a arma, e os outros tenham conhecimento disso. 
No caso de roubo com uso de arma de brinquedo ou com emprego de arma descarregada ou defeituosa, responderá o agente pela forma simples do art. 157, CP.
Ressalte-se que o STJ havia sumulado o tema, estabelecendo que, no crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autorizava o aumento da pena. Essa súmula, no entanto, foi cancelada pela Terceira Seção do STJ em 24/10/2001.
b) o concurso de duas ou mais pessoas:
Há divergências no que se refere à presença de todos os agentes na execução do crime. 
Para uns basta que o executor esteja presente, desde que haja um mandante por trás. 
Para outros, todos precisam estar presentes na execução do crime para haver esta causa de aumento. 
Caracteriza-se o crime majorado ainda que um dos componentes seja inimputável.
c) caso a vítima esteja em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância: a lei penal tutela, especialmente, o serviço de transporte de valores (dinheiro, títulos, joias etc.), e o agente deve ter conhecimento dessa circunstância.
d) subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
e) caso o agente mantenha a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade
9) Roubo qualificado pelo resultado: no caso de lesão grave ou morte, o § 3o prevê um crime 
qualificado pelo resultado.
 
a) Latrocínio (ou roubo seguido de morte)
pena vai de 20 a 30 anos, e é a pena mais alta prevista no CP.
latrocínio é crime hediondo (art. 1º da Lei 8072/90).
a violência pode ser produzida no titular do direito de propriedade ou em um terceiro.
se a motivação da morte for outra (vingança, por ex.), haverá homicídio em concurso material com roubo.
a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri, conforme a Súmula 603 do STF. 
 
b) Consumação e tentativa de latrocínio
como há duas condutas, a de subtrair e a de matar, houve divergência quanto à consumação e à tentativa.
O STF, em sua Súmula 610, decidiu que: “Há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vitima”.
Essa decisão gera quatro possibilidades:
homicídio e subtração consumados: latrocínio consumado; 
homicídio tentado e subtração tentada: latrocínio tentado;
homicídio tentado e subtração consumada: tentativa de latrocínio; 
homicídio consumado e subtração tentada: latrocínio consumado. 
No cenário normativo anterior, o roubo com emprego tanto de arma de fogo quanto 
de arma branca, como faca, canivete, estilete ou ainda quaisquer outros “artefatos” 
capazes de causar dano à integridade física, como por exemplo, uma garrafa de vidro quebrada, um garfo, um espeto de churrasco, uma chave de fenda etc, conduzia a elevação da pena em 1/3 (um terço).
Com o advendo da Lei n° 13.654/2018, o inciso I, do § 2°, do art. 157, do CP, acima comentado, foi revogado. Contudo, o legislador editou o novo § 2°-A que aumenta a pena do crime de roubo cometido com o emprego de arma de fogo em 2/3 (dois terços).
Dessa forma, a partir da vigência da Lei 13.654/2018, ao roubo realizado com emprego de arma imprópia não se aplica mais a majorante de pena, enquadrando-se tal conduta no caput do art. 157, do CP, configurando roubo simples, que pode ser majorado por outras causas, como o concurso de agentes, porém não mais pela utilização de arma branca.
“Sexta Turma aplica nova lei e afasta aumento da pena por uso de arma branca em roubo
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou a majorante pelo emprego de arma branca e reduziu a pena imposta a um condenado por tentativa de roubo. Para o colegiado, a nova lei que extirpou o emprego de arma branca como circunstância de aumento da pena no delito de roubo (Lei 13.654/18) deve ser aplicada ao caso para beneficiar o réu, cujo crime foi praticado antes de sua edição.
A Lei 13.654 entrou em vigor no fim de abril de 2018 e promoveu alterações para afastar a causa de aumento de pena pelo emprego de armas como facas nos delitos de furto qualificado e roubo circunstanciado.
“Há, em verdade, de se reconhecer a ocorrência da novatio legis in mellius, ou seja, nova lei mais benéfica, sendo, pois, de rigor que retroaja para alcançar os roubos cometidos com emprego de arma branca, beneficiando o réu (artigo 5º, XL, da CF/88), tal como pretende a ilustre defesa”, explicou a relatora do caso, ministra Maria Thereza de Assis Moura.”
AgRg no REsp 1867201 (ACÓRDÃO) Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO DJe 31/08/2021
Decisão: 24/08/2021 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
ROUBO MAJORADO. EMPREGO DE ARMA. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. VALORAÇÃO NEGATIVA. RECURSO EXCLUSIVO DA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE NO CASO CONCRETO. 
1. O afastamento da causa de aumento de pena no crime de roubo pelo uso de arma branca, em razão da novatio legis in mellius engendrada pela Lei n. 13.654/2018, não impede a valoração dessa circunstância
para o aumento da pena-base, desde que não importe prejuízo ao réu. Precedentes.
2. Agravo regimental desprovido
AgRg no HC 654133 (ACÓRDÃO) Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA DJe 26/04/2021
Decisão: 20/04/2021
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO. EMPREGO DE ARMA BRANCA (FACA) UTILIZADA PARA MAJORAR A PENA-BASE. POSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO QUE AGREGAM MAIOR DESVALOR À CONDUTA. REGIME FECHADO. EXISTÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL NEGATIVADA. MANUTENÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 
1. Embora o emprego de arma branca tenha deixado de configurar causa de aumento de pena entre a vigência da Lei n. 13.654/2018 e o advento da Lei n. 13.964/2019, a jurisprudência desta Corte é firme
no sentido de ser possível a utilização dessa circunstância para efeito de exasperar a pena-base.
Estudo de Caso:
A atuação do Poder Judiciário deve sempre estar atento à evolução social; do contrário, aplicar a lei abstrata sem consideração do meio social em que o indivíduo vive e se desenvolve, é não observar os anseios da sociedade. Com base nesse entendimento, a juíza da 3ª Vara Criminal da cidade fictícia de Natural, decidiu absolver um homem acusado de furtar o equivalente a R$ 200,00 em roupas, em uma rede de lojas de vestuário. O réu escolheu peças de roupa em uma loja e com auxílio de um alicate retirou os sensores de alarme. Em seguida, colocou os produtos em sua mochila e saiu sem pagar. Toda movimentação foi monitorada pelas câmeras de segurança do estabelecimento. Um funcionário da loja, acompanhado por um segurança, abordou o réu no estacionamento do local e encontraram os produtos em sua mochila. Ao analisar o caso, a juíza lembrou que a aplicação do Direito Penal somente se justifica quando todos os outros meios formais, disponíveis ao Estado e à sociedade, tiverem se mostrado ineficientes no atingimento da finalidade protetiva do Direito, e que a aplicação indiscriminada do Direito Penal conduziria à mesma ineficiência que atinge o Estado, e fustiga a sociedade, em sua atuação. Após todos esses argumentos, a juíza decidiu pela absolvição sumária do réu. Interposto recurso, a decisão chegou às suas mãos. Quais argumentos você utilizaria para reformar a decisão e condenar o réu?
Leitura Específica
Leia o artigode: - BITTENCOURT, Cesar Roberto. Alterações na tipificação dos crimes de furto e de roubo. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jul-07/cezarbitencourtmudancas-tipificacao-crimes-furto-roubo. Acesso em: 13 abr. 2021. 
- ROMANO, Rogério Tadeu. A Nova Lei Penal e os Crimes de Furto e Roubo. Porto Alegre: Síntese, v. 19, n. 115, abr./maio 2019 ? ESTUDOS JURÍDICOS, p. 169-203. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/68229/a-nova-lei-penal-e-os-crimes-de-furto-eroubo. Acesso em: 13 abr. 2021. 
- Leia a sentença: STJ admite a aplicação do Princípio da Insignificância ao crime de furto qualificado. STJ - HC nº 553.872/SP - 5ª Turma - Relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca - Julgamento em 11/2/2020 - Publicação em 17/2/2020 - Informativo nº 665). 
Disponível em: https://guilhermenucci.com.br/criminal-resumo-do-informativo-n-665-do-stj/. Acesso em: 13 abr. 2021. 
Material do Aprenda +
Assista o vídeo: - STJ Cidadão #16 - Princípio da Insignificância. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=K9x1pbrhRt0. Acesso em: 16 abr. 2021. - Documentário?Bagatela?. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dKoZAqP20Hg. 
Acesso em: 16 abr. 2021. - Documentário ?Toupeiras, a história do furto ao Banco Central?. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=r8pV16jLK4E. Acesso em: 16 abr. 2021
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Até a próxima aula

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